A Contribuicao Da Neuropsicologia Tdah

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A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROPSICOLOGIA NO DIAGNÓSTICO E REABILITAÇÃO DO TDA/H: UM ESTUDO DE CASO MEDEIROS, Wandersonia Moreira Brito (Centro Universitário de João Pessoa- UNIPE) PIRES, Saulo de serrano e (Faculdade de Ciências Médicas) TRIGUEIRO, Aracelly Maria Marques (Centro Universitário de João Pessoa- UNIPE) INTRODUÇÃO O TDA/H é o distúrbio neuro-comportamental mais comum na infância, caracterizando-se por uma combinação de sintomas de desatenção, hiperatividade e Impulsividade. Pesquisas mostram que crianças com TDA/H, demonstram além de um padrão de desatenção, déficit nas funções executivas. O diagnóstico do TDA/H é clínico, seguindo os critérios diagnósticos do DSM-IV, porém a avaliação Neuropsicológica tem sido uma ferramenta de apoio importante para o diagnóstico. A neuropsicologia também auxilia no tratamento do Transtorno através da reabilitação neuropsicológica. OBJETIVO E MÉTODO RESULTADOS E CONCLUSÕES Na avaliação inicial, a criança apresentou coeficiente de inteligência dentro da média esperada, mas evidenciou déficit atencional percebidos através dos subtestes de aritmética e dígitos que estiveram abaixo da média comparados aos outros testes (ver gráfico1). Durante a avaliação apresentou comportamento hiperativo. Através do teste Winsconsin, ficou evidente o déficit de funções executivas, característica marcante no quadro do TDA/H. Seu desempenho de memória verbal inferior a média (provavelmente por sua desatenção) foi mantido na reavaliação, mas houve evolução da memória em recordação tardia. Após um ano de intervenção cognitivo-comportamental, estimulação neuropsicológica e medicação, o relato dos pais e escola é de uma evolução significativa dos sintomas apesar do resultado da escala preenchida pela professora demonstrar aumento nos níveis de déficit de atenção e dificuldade de aprendizagem. Na reavaliação neuropsicológica demonstrou melhora do nível atencional nos subtestes de dígitos e aritmética, e praticamente todos os subtestes do WISC-III apresentaram aumento do escore ponderado. Seu desempenho em memória verbal também evoluiu. Através do Winsconsin, percebemos que a dificuldade neste âmbito é ainda evidente, mas apresentou um menor número de respostas perseverativas. Através desta reavaliação, os profissionais puderam avaliar a eficácia das intervenções e planejar a continuidade do tratamento. Conclui-se com a análise deste caso a importância da neuropsicologia no diagnóstico, tratamento e monitoramento do TDA/H, juntamente com o acompanhamento médico. O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de caso de uma criança com TDA/H incluindo avaliação neuropsicológica, reabilitação e reavaliação após um ano. Os instrumentos utilizados na avaliação e reavaliação foram: WISC-III, Rey auditory, Winsconsin e escala de TDA/H para professores. ESTUDO DE CASO C.Q, sexo feminino, realizou a primeira avaliação neuropsicológica no ano de 2010, tinha na época 8 anos. Foi encaminhada pelo neuropediatra por apresentar sintomas de hiperatividade, déficit de atenção impulsividade que estavam causando prejuízos no ambiente escolar e também social. Não tem histórico de atraso neuropsicomotor, apenas um pequeno atraso na aquisição da linguagem que normalizou com fonoaudiologia. Quanto ao comportamento, desde muito pequena os pais perceberam que a criança era inquieta e muito ativa. Seus sintomas hiperativos persistiam recebendo assim muitas reclamações da escola. Demonstra também impulsividade, fazendo muitas vezes colocações inconvenientes e sem pensar antes de falar. Apesar de distrair-se facilmente, não apresentava dificuldades de aprendizagem, obtendo bom rendimento escolar. fazia amizades com facilidade mas brigava constantemente com as colegas O pai também é hiperativo. Após a avaliação, foi levantada hipótese diagnóstica de TDA/H, iniciou-se então tratamento medicamentoso e reabilitação com base na terapia cognitivo-comportamental e neuropsicologia. No processo de reabilitação neuropsicológica foram utilizadas técnicas de habilidades de auto-controle, estratégias de resolução de problemas, auto-monitoramento, orientação aos pais e escola e estimulação da atenção. Abaixo seguem as com os resultados da avaliação e reavaliação após um ano. 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 Com. Figu. Inform. Código Semel. Arranj Fig. Aritmética Cubos Compreen. Dígitos Avaliação 2010 Reavaliação 2011 Grafico 1 - Escores Ponderados dos subtestes do WISC-III (a média esperada é 10) ESCORE BRUTO ESCORE BRUTO PERCENTIL PERCENTIL CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO Nº categorias completadas 2 2 11-16 11-16 Abaixo Média Abaixo Média Percentual de erros 54 48 7 12 Dific. Leve Difc. Leve Perc Erros Perseverativos 37 8 4 88 Dif. Leve a moderada Acima da Média Percentual Respostas nível conceitual 32 39 9 13 Dif. Leve Abaixo da Média Tabela 2 Teste Wisconsin de classificação de cartas. Avaliação 2009 Reavaliação 2010 PONTOS PONTOS PERCENTIL PERCENTIL CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO Déficit de atenção 52 62 85 95 Acima da Média Probab. Transtorno Hiperatividade/ impulsividade 62 57 95 95 Probab. Transtorno Probab. Transtorno Problemas de aprendizagem 28 44 30 80 Dentro da média Acima da Média Comportamento anti-social 30 20 95 85 Probab. Transtorno Acima da Média Tabela 1- Escala TDA/H preenchida pelas professoras. Avaliação 2009 Reavaliação 2010 Lista B EV1 EV2 (20 min) Avaliação 2009 6 6 8 9 8 4 7 7 Média idade 8 anos 4 6 8 9 10 4 8 8 Reavaliação 2010 3 8 8 8 9 3 9 9 Média idade 9anos 5 8 9 10 11 6 9 9 Tabela 3 . Rey Audictory Avaliação 2009 Reavaliação 2010

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Page 1: A Contribuicao Da Neuropsicologia Tdah

A CONTRIBUIÇÃO DA NEUROPSICOLOGIA NO DIAGNÓSTICO

E REABILITAÇÃO DO TDA/H: UM ESTUDO DE CASO

MEDEIROS, Wandersonia Moreira Brito (Centro Universitário de João Pessoa- UNIPE)

PIRES, Saulo de serrano e (Faculdade de Ciências Médicas)

TRIGUEIRO, Aracelly Maria Marques (Centro Universitário de João Pessoa- UNIPE)

INTRODUÇÃO

O TDA/H é o distúrbio neuro-comportamental mais comum na infância, caracterizando-se por uma combinação de sintomas de desatenção,

hiperatividade e Impulsividade. Pesquisas mostram que crianças com TDA/H, demonstram além de um padrão de desatenção, déficit nas funções

executivas. O diagnóstico do TDA/H é clínico, seguindo os critérios diagnósticos do DSM-IV, porém a avaliação Neuropsicológica tem sido uma

ferramenta de apoio importante para o diagnóstico. A neuropsicologia também auxilia no tratamento do Transtorno através da reabilitação

neuropsicológica.

OBJETIVO E MÉTODO

RESULTADOS E CONCLUSÕES

Na avaliação inicial, a criança apresentou coeficiente de inteligência dentro da média esperada, mas evidenciou déficit atencional

percebidos através dos subtestes de aritmética e dígitos que estiveram abaixo da média comparados aos outros testes (ver gráfico1).

Durante a avaliação apresentou comportamento hiperativo. Através do teste Winsconsin, ficou evidente o déficit de funções executivas,

característica marcante no quadro do TDA/H. Seu desempenho de memória verbal inferior a média (provavelmente por sua desatenção)

foi mantido na reavaliação, mas houve evolução da memória em recordação tardia.

Após um ano de intervenção cognitivo-comportamental, estimulação neuropsicológica e medicação, o relato dos pais e escola é de

uma evolução significativa dos sintomas apesar do resultado da escala preenchida pela professora demonstrar aumento nos níveis de

déficit de atenção e dificuldade de aprendizagem. Na reavaliação neuropsicológica demonstrou melhora do nível atencional nos

subtestes de dígitos e aritmética, e praticamente todos os subtestes do WISC-III apresentaram aumento do escore ponderado. Seu

desempenho em memória verbal também evoluiu. Através do Winsconsin, percebemos que a dificuldade neste âmbito é ainda evidente,

mas apresentou um menor número de respostas perseverativas.

Através desta reavaliação, os profissionais puderam avaliar a eficácia das intervenções e planejar a continuidade do tratamento.

Conclui-se com a análise deste caso a importância da neuropsicologia no diagnóstico, tratamento e monitoramento do TDA/H,

juntamente com o acompanhamento médico.

O presente trabalho tem como objetivo apresentar um estudo de caso de uma criança com TDA/H incluindo avaliação neuropsicológica,

reabilitação e reavaliação após um ano. Os instrumentos utilizados na avaliação e reavaliação foram: WISC-III, Rey auditory, Winsconsin e escala de

TDA/H para professores.

ESTUDO DE CASO

C.Q, sexo feminino, realizou a primeira avaliação neuropsicológica no ano de 2010, tinha na época 8 anos. Foi encaminhada pelo neuropediatra

por apresentar sintomas de hiperatividade, déficit de atenção impulsividade que estavam causando prejuízos no ambiente escolar e também social.

Não tem histórico de atraso neuropsicomotor, apenas um pequeno atraso na aquisição da linguagem que normalizou com fonoaudiologia. Quanto ao

comportamento, desde muito pequena os pais perceberam que a criança era inquieta e muito ativa. Seus sintomas hiperativos persistiam recebendo

assim muitas reclamações da escola. Demonstra também impulsividade, fazendo muitas vezes colocações inconvenientes e sem pensar antes de

falar. Apesar de distrair-se facilmente, não apresentava dificuldades de aprendizagem, obtendo bom rendimento escolar. fazia amizades com

facilidade mas brigava constantemente com as colegas O pai também é hiperativo.

Após a avaliação, foi levantada hipótese diagnóstica de TDA/H, iniciou-se então tratamento medicamentoso e reabilitação com base na terapia

cognitivo-comportamental e neuropsicologia. No processo de reabilitação neuropsicológica foram utilizadas técnicas de habilidades de auto-controle,

estratégias de resolução de problemas, auto-monitoramento, orientação aos pais e escola e estimulação da atenção.

Abaixo seguem as com os resultados da avaliação e reavaliação após um ano.

0

2

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6

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10

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20

Com. Figu. Inform. Código Semel. Arranj Fig. Aritmética Cubos Compreen. Dígitos

Avaliação 2010 Reavaliação 2011

Grafico 1 - Escores Ponderados dos subtestes do WISC-III (a média esperada é 10)

ESCORE

BRUTO

ESCORE

BRUTO PERCENTIL PERCENTIL CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO

Nº categorias completadas 2 2 11-16 11-16 Abaixo Média Abaixo Média

Percentual de erros 54 48 7 12 Dific. Leve Difc. Leve

Perc Erros Perseverativos 37 8 4 88 Dif. Leve a

moderada

Acima da Média

Percentual Respostas nível

conceitual

32 39 9 13 Dif. Leve Abaixo da Média

Tabela 2 – Teste Wisconsin de classificação de cartas. Avaliação 2009 Reavaliação 2010

PONTOS PONTOS PERCENTIL PERCENTIL CLASSIFICAÇÃO CLASSIFICAÇÃO

Déficit de atenção 52 62 85 95 Acima da Média Probab. Transtorno

Hiperatividade/

impulsividade

62 57 95 95 Probab. Transtorno Probab. Transtorno

Problemas de

aprendizagem

28 44 30 80 Dentro da média Acima da Média

Comportamento

anti-social

30 20 95 85 Probab. Transtorno Acima da Média

Tabela 1- Escala TDA/H preenchida pelas professoras. Avaliação 2009 Reavaliação 2010

1ª 2º 3ª 4ª 5ª Lista B EV1 EV2 (20 min)

Avaliação

2009 6 6 8 9 8 4 7 7

Média idade

8 anos 4 6 8 9 10 4 8 8

Reavaliação

2010

3 8 8 8 9 3 9 9

Média idade

9anos

5 8 9 10 11 6 9 9

Tabela 3 – . Rey Audictory Avaliação 2009 Reavaliação 2010