A CONTRIBUIÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA NA...

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  • Campina Grande, REALIZE Editora, 2012

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    A CONTRIBUIO DO ENSINO DE HISTRIA NA APRENDIZAGEM E NA

    FORMAO SOCIAL DO ALUNO.

    Andria de Sousa e Silva

    (Acadmica do curso de Pedagogia- UFPI)

    Sueli Lima Santos

    (Acadmica do curso de pedagogia- UFPI)

    RESUMO

    O presente texto tem por finalidade debater as influncias do Ensino de Histria na aprendizagem e

    sua contribuio na construo da identidade social do aluno, tendo como base as informaes

    fornecidas pelos PCNS (Parmetros Curriculares Nacionais) da disciplina de Histria e Geografia,

    sendo que o mesmo fornece subsdios fundamentais aos educadores do ensino fundamental no

    processo de ensino- aprendizagem, alm de propor que as escolas pblicas cumpram seu papel na

    formao pessoal e social do indivduo. Para ampliar nossas informaes realizamos uma pesquisa de

    campo com observaes e entrevistas semi-estruturadas que foram relevantes ao nosso estudo de caso,

    contudo, foi possvel perceber que o Ensino de Historia na maioria das vezes est centrado em uma

    aprendizagem mecnica e linear, sem uma reflexo a cerca das informaes construdas. Objetivamos,

    assim, analisar nesse artigo a importncia do ensino de Histria na construo do conhecimento de

    homem e de mundo, levando em considerao os valores sociais, tnicos, polticos e culturais.

    Partindo dessa ideia, compreendemos que o contexto social da educao, envolve os fatores

    cognitivos, afetivos e sociais, sendo esses essenciais para uma sociedade que busca construir a

    identidade scio-cultural do sujeito, enquanto ser histrico. Ressaltando, ainda a complexidade da

    educao na aquisio do conhecimento, principalmente no que se refere ao Ensino de Histria, no

    qual enfatiza aes passadas, presentes e futuras que esto intrinsecamente relacionadas ao homem.

    Diante dos aspectos abordados vimos que o Ensino historia tem muito a contribuir na formao social

    do aluno, desde que seja trabalhado de forma adequada ao contexto dos educandos.

    Palavras- chave: aprendizagem, identidade social, aluno, Ensino de Histria.

    1. INTRODUO

    Diante da complexidade do Ensino de Histria e da sua importncia no currculo

    escolar optamos por estudar A Contribuio do Ensino de Histria na Aprendizagem e na

    Formao Social do Aluno, com a finalidade de conhecer e refletir sobre como est sendo

    trabalhado o Ensino de Histria na escola e se existe uma relao com a realidade social do

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    educando. Partindo dessa reflexo buscaremos informaes a respeito, para que possamos de

    alguma forma contribuir significativamente no assunto mencionado.

    Concordamos com Nemi (2009), que no de hoje que o ensino de histria nas

    escolas, assim como a geografia so vistas como matrias decorativas, em que os alunos

    reproduzem mecanicamente os contedos repassados pelos professores. Com isso tentaremos

    indagar alguns conceitos que envolvem o ensino e a aprendizagem de histria com o intuito

    de compreender essa prtica do ensino na instituio escolar, porque existem professores que

    atuam na educao sempre com as mesmas metodologias, ou seja, ficam acomodados.

    Entende- se que a educao o fator primordial na formao do indivduo na sociedade, e

    essa muitas vezes no atende as necessidades de todos os indivduos, pois ela acaba sendo

    privilgio das classes dominantes.

    Diante desses questionamentos temos como objetivo conhecer a realidade

    sociocultural do espao escolar e de que forma os educadores atuam em meio a essa

    diversidade que reflete na educao. Com base nos autores como Saviani (1997), Pimenta

    (2006), Ribeiro (2001), Procuraremos tambm compreender qual o papel da escola em relao

    formao educacional do aluno se ela valoriza o contexto social do mesmo, trabalhando as

    diferenas das mais diversas maneiras para que possa envolver todos nas atividades propostas.

    Com isso, buscaremos observar se a escola est realmente contribuindo para uma formao

    social significativa, independente da classe social como questes tnicas, religiosas, polticas

    e culturais, porque o espao escolar deve formar cidados no apenas como mo- de- obra,

    mas sim como um ser pensante, capaz de desenvolver suas habilidades.

    Nossas indagaes tiveram como base um estudo de caso realizado em uma escola

    pblica de Parnaba-PI, na qual conhecemos sua estrutura fsica, setor administrativo e

    pedaggico, funcionrios, a metodologia de ensino de uma das professoras em relao

    disciplina de histria. O contato com essa instituio nos possibilitou mais informaes a

    respeito do nosso tema, em que realizamos entrevistas semi-estruturadas e observaes, alm

    de estudarmos algumas bibliografias relacionadas a essa temtica como Freire (2010), Nemi

    (2009), Demo (2009), possibilitando- nos um conhecimento mais amplo a fim de que

    possamos fazer uma relao do assunto abordado tendo um embasamento terico que nos

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    auxiliou nesse estudo, nos permitindo fazer reflexes pedaggicas que respondam

    concretamente as nossas indagaes.

    Na maioria das escolas o Ensino de Histria compreendido como o estudo do

    passado como o surgimento da escrita, os primeiros meios de comunicao, o modo de vida

    dos homens grafos e outros. No entanto, no devemos esquecer que o contexto histrico est

    sempre em transformao e que o homem o ser pensante que interage constantemente com

    seu tempo e espao. Concordando com Ribeiro (2001), o professor como mediador do

    conhecimento pode trabalhar partindo de um confronto entre o particular e o geral, o prximo

    e o distante, contribuindo para uma atividade docente que valorize primeiramente a realidade

    concreta, para posteriormente envolver as situaes abstratas.

    Debater sobre o ensino de Histria compreender sua contribuio na vida social do

    indivduo levando em considerao suas caractersticas prprias, sabe-se que o ambiente

    escolar um micro sistema da sociedade que envolve uma diversidade bastante complexa de

    pensamentos, costumes e ideais diversos, porm a escola tambm deve respeitar e valorizar a

    singularidade de cada ser humano, pois cada pessoa tem habilidades e capacidades diferentes

    e so essas diferenas que formam nossa sociedade com os mais diversos valores sociais. A

    respeito dessa temtica levantamos os seguintes questionamentos sobre o Ensino de Histria

    nas escolas. Qual a contribuio da histria para a realidade social dos alunos? Existe uma

    relao entre o antigo e o atual? A escola envolve a comunidade, valorizando suas

    caractersticas sociais, culturais, econmicas e polticas?

    Com isso, analisamos detidamente do geral ao particular nossas indagaes na

    tentativa de respond-las ao longo do nosso discurso que foi concretizado atravs de

    pesquisas, leituras, observaes, etc. Compreendemos tambm, que estudar a histria nos

    remete um estudo da nossa prpria realidade social, uma vez que a histria no se refere

    somente a acontecimentos passados, pois toda ao humana tem um valor histrico que pode

    e deve ser conhecido, valorizado e transmitido as futuras geraes.

    Quando nos referimos ao Ensino de Histria, percebemos que a escola deve atuar em

    parceria com a comunidade, famlia, educadores e principalmente com os alunos, porque eles

    so os mais interessados. Como afirma Hengemuhle (2010), Trazer nos projetos pedaggicos

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    das instituies uma reflexo coletiva sobre como o ser humano aprende e a partir de que ele

    se motiva parece- nos fundamental se queremos gerir uma escola para pessoas e no para

    cadeiras e carteiras. Logo, a educao deve ser voltada para os alunos, atendendo as suas

    singularidades, por isso as instituies devem elaborar seus projetos pedaggicos segundo a

    realidade e cultura do pblico a ser atendido, caso contrrio os discentes no sentiram

    estmulo em frequentar a escola, da no ter mais sentido a existncia do espao escolar.

    2. A EDUCAO E ALGUNS ASPECTOS HISTRICOS

    De acordo com Aranha (2006), os estudos sobre a Histria da educao enfrentam as

    mesmas dificuldades metodolgicas do Ensino de Histria. Cabe afirmar que desde o sculo

    XX a educao era tradicional, sendo o professor o centro, isto o detentor do conhecimento,

    logo esses conhecimentos eram repassados de maneira passiva aos alunos, Ser que desse

    modo a escola estava formando cidados crticos capazes de refletir sobre seus atos? Diante

    das anlises vimos que as pessoas estavam apenas reproduzindo o que lhes eram ensinados de

    forma mecnica.

    Portanto, observando a educao no sculo XXI afirmamos que no h muita

    distino, porque o setor educacional mantm um aspecto regressivo, pois o capital influencia

    na formao de pessoas capacitando os melhores e separando a classe dominante da menos

    favorecida de modo que a classe oprimida no consegue usufruir dos mesmos direitos como o

    ingresso no ensino superior, sendo que o maior nmero de vagas ocupado pelas pessoas que

    possui poder aquisitivo elevado. Com isso, Freire (1979) nos remete a uma reflexo que

    Uma sociedade justa d oportunidade s massas para que tenham opes e no a opo que a

    elite tem, mas a prpria opo das massas. Pautada nessa afirmao, compreendemos que o

    acesso a educao deve ser um direito de todos, embora as oportunidades sejam distintas a

    cada classe social, mas que os mesmos possam ocupar seu espao.

    Dessa maneira, a escola tem no apenas a funo de preparar os cidados para o

    mercado competitivo do trabalho, mas formar pessoas para a cidadania, ensinando os valores

    que permeiam na sociedade, sobre tudo quando se pensa em igualdade e justia social, o

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    professor tambm importantssimo nesse processo, por isso como um mediador de saberes

    ele precisa ter compromisso com sua profisso, trabalhar em conjunto com os demais

    educadores, para que se concretize de fato uma educao de qualidade, que avalie o aluno

    como ser pensante, sem desprezar seus conhecimentos prvios.

    Entretanto no devemos nos esquecer de refletir sobre as contribuies das tendncias

    pedaggicas na educao, a tradicional como j mencionamos anteriormente o professor era o

    centro, enquanto que na escola nova a relao professor-aluno era mais interativa, ou seja,

    havia um dialogo entre ambos, pois nessa tendncia o professor deixa de ser o centro e passa a

    ser o mediador do conhecimento. J na Tecnicista, a escola estava mais voltada para

    qualificao profissional, onde os alunos eram preparados para atuarem no mercado de

    trabalho. Desse modo podemos dizer que a educao hoje embora de forma atualizada, ainda

    apresenta caractersticas dessas tendncias. Segundo Saviani:

    Compreendida a natureza da educao ns podemos avanar em direo

    compreenso de sua especificidade. Com efeito, se a educao, pertencendo ao

    mbito do trabalhado nomaterial, tem a ver com idias, conceitos, valores,

    smbolos, hbitos, atitudes, habilidades, tais elementos, entretanto, no lhe

    interessam em si mesmos como algo exterior ao homem. (1997, p. 17).

    Quando o autor fala da especificidade da educao trata-se de compreend-la como

    um elemento de formao individual e social do sujeito, sendo que a escola deve contribuir

    para uma educao capaz de valorizar o contexto social do individuo levando em

    considerao a sua experincia de vida, pois cada pessoa possui seu prprio currculo, ou seja,

    o conhecimento que cada ser traz consigo, sendo esse fundamental na construo da

    identidade e autonomia do cidado.

    Outro ponto a ser discutido como os professores lidam com os alunos em sala de

    aula, logo fundamental a conscientizao de que no por est na posio de educador, que

    o mesmo deva desvalorizar aqueles que ainda se encontram na condio de educando.

    Concordando com Freire (1979): O educador no pode se colocar na posio do ser superior

    que ensina um grupo de ignorantes, mas sim na posio humilde daquele que comunica um

    saber relativo a outros que possuem outro saber relativo.

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    Partindo dessa afirmao, cabe dizer que o ato de ensinar est relacionado com o

    conhecimento do outro, pois no h conhecimento acabado ele est em constante

    transformao, logo na troca de informaes que o conhecimento construindo, portanto

    todos so aprendizes seja professor ou aluno ambos esto aptos a ensinar e aprender. Quando

    falamos de educao no nos referimos apenas prtica de ensino escolar porque a educao

    est presente em todos os ambientes sejam eles formais ou informais, com isso devemos saber

    que para uma boa educao necessrio uma motivao e isso nem sempre encontramos nas

    salas de aula, seja por parte do professor ou do aluno.

    3. A CONSTRUO DA IDENTIDADE SOCIAL DO ALUNO

    A educao por meio de seu carter formador consegue de certa forma dominar a

    sociedade, que est cada vez mais exigindo da populao qualificao, mas para que esses

    objetivos sejam alcanados fundamental que todos tenham acesso a essa educao e aqueles

    que j tm esse acesso no fique na mera reproduo desses conhecimentos. Desse modo

    torna- se necessrio que os profissionais, principalmente os professores dem continuidade a

    sua formao para que esses possam contribuir significativamente na formao do educando.

    Da leitura dos artigos e relatrios, verifica- se que se privilegia uma

    perspectiva construtivista na aprendizagem da didctica, o que remete

    para o papel do professor concebido no como mero transmissor do

    saber, mas como facilitador e gestor das aprendizagens e mobilizador

    dos recursos. Esta concepo exige dos alunos uma participao activa

    na construo do seu conhecimento, o que tem levantado algumas

    reaces iniciais. (ALARCO, 2006, p. 176).

    A autora faz referncia prtica pedaggica do educador transformador, que adota

    uma metodologia construtivista em sala de aula possibilitando aos alunos uma interao

    dialgica, favorecendo um ensino aprendizagem mais dinmico e inovador. Espera-se que o

    professor seja capaz de atribuir aos discentes um carter crtico e reflexivo a partir do seu

    papel individual e social.

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    Ressaltamos que para que acontea de fato uma aprendizagem satisfatria do Ensino

    de Histria devemos privilegiar o ser humano e sua complexidade como um aspecto relevante

    no processo educacional. Conforme Cato (1995) [...] a garantia da humanizao histrica,

    que no se verifica seno na comunidade, pois na histria o ser humano no se pode realizar

    sozinho, mas s se realiza como membro da comunidade, trazendo para a comunidade,

    especialmente para os mais jovens, as geraes futuras, a contribuio de sua prpria

    humanizao. Sob esse ngulo, afirmamos que o conhecimento histrico adquirido por

    todo e qualquer tempo ou espao que existam pessoas interagindo.

    Quando falamos da prtica de ensino sempre imaginamos o professor como aquele

    capaz de promover ao aluno uma aprendizagem significativa, e quando se trata do professor

    de histria sua funo torna- se bastante relevante na construo do conhecimento histrico

    para que a partir desse conhecimento o mesmo faa uma reflexo do seu contexto, sendo

    capaz de distinguir acontecimentos de aes passadas que contribuem ou influenciam no

    presente de forma concreta. O professor de histria deve compreender que o tempo vivido do

    aluno parte da sua prpria histria de vida, sendo que atravs desse aspecto o aluno deve

    ampliar seus conhecimentos. Como afirma Alves:

    Em oposio ao conhecimento- verdade encontrado e, portanto,

    cristalizado, afirmamos o conhecimento como formas diferentes de

    apreenso do real por sujeitos diferentes, como verdades buscadas e,

    portanto, em movimento. (2008, p. 76).

    Sob o prisma dessa reflexo, entende- se que a aquisio do conhecimento adquirida

    de formas distintas que variam no tempo e espao, no qual o sujeito vai se apropriando das

    informaes, e consequentemente construindo o seu modo de ser, pensar e agir enquanto ser

    social.

    Geralmente na escola a histria vista como acontecimentos passados que tiveram

    como marco histrico datas, heris, cidades, pases, sendo esses na maioria das vezes o foco

    central do ensino, onde so valorizadas aes passadas e que em determinados momentos o

    aluno no vem a ser questionado, porque os professores ficam presos aos contedos dos

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    livros, deixando de lado o conhecimento de mundo do aluno ao invs de trabalhar assuntos

    que envolvam sua realidade, relacionando-a com contextos passados.

    A formao do professor reflete muito no conhecimento do aluno, pois quando esse

    um educador atualizado ele de certa forma tem maior capacidade de oferecer uma educao

    mais adequada aos seus alunos, ensinar historia nos remete a uma reflexo das nossas prprias

    aes cotidianas sejam elas coletivas e individuais. Levando em considerao as ideias de

    Demo sobre o conceito de histria:

    O que acontece na histria historicamente condicionado, e por isso

    no se produz o totalmente novo que no tivesse condicionamento

    histrico, pois j seria um ato de criao, do nada, introduzindo na

    historia condies no histricas. (2009, p. 90).

    A partir dessa reflexo percebemos que a realidade do ensino de histria valoriza

    muitas questes passadas como nicos e verdadeiros acontecimentos histricos, deixando

    muitas vezes de construir o conhecimento concreto a partir do que j existe sem desvalorizar

    as informaes historicamente construdas. Contudo cabe afirmar que alguns professores

    acabam no utilizando desse conhecimento da forma adequada, isto no possibilitam ao

    aluno uma viso de mundo prpria do seu contexto.

    O professor deve trabalhar de acordo com a realidade social do aluno, levando em

    considerao o espao onde a criana vive sua cultura local, seus costumes, o tempo vivido e

    construdo, enfatizando os diversos tipos de profisses, moradias, costumes, cultura e

    economia atuais e antigas relacionando suas semelhanas e diferenas, alm de mostrar suas

    transformaes ao longo do tempo e como suas caractersticas se fazem presentes atualmente

    em meio a tantas mudanas que o mundo globalizado e capitalista acaba influenciando ou

    interferindo na sociedade direta ou indiretamente.

    Antes da existncia humana, existe a sociedade e a Histria sendo que ao entrarmos

    em contato com o mundo passamos a receber diversas instrues que so construdas ao longo

    do tempo. medida que o sujeito se desenvolve como ser no meio social ele passa a interagir

    consigo, com o outro e com o mundo onde capaz de intervir no espao em que vive levando

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    em considerao as diferentes pocas e locais, sendo que o aluno deve perceber as

    modificaes constantes no tempo e espao identificando suas semelhanas e distines. De

    acordo com Nemi:

    O conhecimento construdo a partir da internalizao dos conceitos

    aprendidos culturalmente por intermdio da interao com o outro.

    Por isso, a escola deve criar situaes de aprendizagem em que as

    crianas troquem experincias e, em seguida, com a coordenao do

    professor, sistematizem as trocas realizadas. (2009, p. 41).

    Valorizando esse aspecto, reforamos a importncia da mediao do professor como

    agente transformador do saber, que em conjunto com o aluno possa ampliar o conhecimento,

    seja ele informal ou formal no meio interno e externo do ambiente escolar. Quando a escola

    tem a capacidade de estabelecer uma relao entre o tempo vivido e historicamente

    construdo, desse modo bem provvel que o aluno compreenda o valor cultural, social e

    tnico, como valores essenciais a vida humana. Partindo dessa reflexo o professor pode

    promover ao aluno um conhecimento que vise apropriao do seu papel como ser social,

    apto a criar, expor e construir seus conceitos de mundo, interpretando cada situao histrico

    do seu meio.

    No mundo em que vivemos, torna-se cada vez mais comum a transformao da ao

    humana diante da sociedade, em relao s mudanas e necessidades enfrentadas pelo homem

    na luta pela sobrevivncia de uma vida melhor, que se aproxima ao patamar social da classe

    dominante. Segundo Nemi (2009), a trajetria dos homens na histria produziu diversas

    formas de vida e transformou-as medida que conhecimentos foram aprimorados e que

    surgiram novas dificuldades a serem enfrentadas. Essas alteraes, no entanto, nem sempre

    levaram a um progresso efetivo e a uma sociedade mais justa para todos.

    Partindo da ideia de que a Histria reflete tambm na formao do sujeito, ele vai

    progredindo em relao aos conhecimentos que aos poucos vo sendo modificados,

    possibilitando-os a transformarem sua vida, porm essas mudanas nem sempre influenciam

    em uma igualdade social justa e que favorea a sociedade coletivamente.

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    4. A HISTRIA NA VISO DOS PCNS (PARMETROS CURRICULARES

    NACIONIAIS)

    Com base nas informaes dos PCNS, os professores podem adquirir um conceito bem

    amplo da historicidade da histria, dentre os objetivos gerais do Ensino Fundamental

    destacamos um, que resume como deve ser trabalhado o ensino de Histria e Geografia pelos

    educadores. Dentre os objetivos escolhemos o seguinte:

    Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimnio sociocultural brasileiro, bem

    como aspecto socioculturais de outros povos e naes, posicionando-se contra

    qualquer discriminao baseada em diferenas culturais de classe social, de

    crenas, de sexo, de etnia ou outras caractersticas individuais e sociais. (PCN,

    1998, s/ p.).

    Existem vrias maneiras de compreender a histria, comeando pela a noo de identidade

    local, regional, nacional e internacional, onde o indivduo passa a interagir com o seu meio

    social. Sabendo da necessidade desse conhecimento que professores e alunos em uma

    relao dialtica podem construir um saber ser e saber fazer, relevante para uma identidade

    social historicamente construda diante de aspectos semelhantes e distintos dos diversos

    conceitos atribudos a sua realidade.

    Assim, alunos e docentes atravs das anlises dos contedos podem elaborar um saber

    que valorize as diferenas sociais, tnicas, polticas e culturais da sociedade em geral sem

    discriminar qualquer indivduo respeitando o modo de ser, pensar e agir de forma individual e

    coletivamente. Concordamos com Demo (2009) quando ele menciona que [...] Ligamos

    dialtica a historicidade da realidade social, o que implica compreend-la como metodologia

    prpria das cincias sociais.

    Ao entendermos que a dialtica o ato de valorizar o dilogo, atribumos que a

    histria de determinado grupo ao ser estudado faz parte da cincia que valoriza ou reflete atos

    do prprio convvio social daqueles indivduos que fazem parte da mesma populao. Uma

    vez que compreendemos a Histria como um dirio vivido por cada um de acordo com sua

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    realidade, pode-se dizer que a dialtica se faz presente em qualquer contexto no qual o

    indivduo esteja inserido.

    Diante da riqueza de informaes encontradas nos PCNS, difcil entender por que a

    maioria dos professores no faz uso do mesmo na sala de aula, da fazemos alguns

    questionamentos: Ser pela falta de acesso? a falta de conhecimento sobre esse documento?

    Ou simplesmente o receio de trabalh-los? Sabemos que os PCNS foram elaborados para

    uma realidade que no a do Nordeste, muito menos do Piau, mas cabe aos professores ter

    conhecimento desse recurso didtico e adequ-lo a realidade de sua escola com o intuito de

    ampliar o conhecimento da Histria do Brasil em relao a sua diversidade cultural, tnica e

    social.

    Os PCNS foram elaborados e enviados para quase todas as escolas pblicas do Brasil

    com o objetivo de orientar os educadores em sua prtica pedaggica fornecendo subsdios

    relevantes para que possam ser includos no currculo escolar, mas nem sempre os professores

    tm acesso ou caso tenha no faz uso dos mesmos, no sabemos o motivo exato o fato que

    quase sempre no so utilizados, seja por comodismo ou ausncia de conhecimento.

    5. CONSIDERAES FINAIS

    Diante dos estudos realizados, cabe relatar que na realidade escolar o ensino de

    Histria ainda permanece como uma disciplina decorativa que pouco enfatiza o meio social

    no qual o educando pertence, sem relacionar esses contedos com o espao em que vive e

    demonstrando a relao de fatos presentes, passados e futuros incentivando aos alunos a

    capacidade de refletir criticamente, tornando-os capazes de intervir em aes cotidianas.

    Entretanto, a Histria em que vivemos refere-se ao homem como agente transformador de

    uma sociedade mutvel, onde o sujeito passa a apropriar-se das instrues sociais de uma

    determinada cultura histrica.

    Em uma instituio escolar o ensino de Histria deve ser explorado de uma maneira

    simples e objetiva, pois o educador pode basear-se nas atividades propostas nos PCNS

    adaptando-as na sua realidade escolar, porque muitos docentes fazem uso do material didtico

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    adotado pelas escolas, mas costumam falar que os livros tm poucas informaes e fora da

    realidade dos alunos. Porm, vimos que alguns livros so bons, apresentam contedos que

    podem ser trabalhados de uma maneira criativa, sendo reelaborado para o pblico de acordo

    com sua especificidade.

    As aulas de Histria em seus aspectos gerais e especficos tm uma grande

    contribuio na formao humana, principalmente quando a escola apresenta na sua proposta

    pedaggica um ensino inovador que valorize o conhecimento prvio do aluno, embora que

    seja um conhecimento informal que pela mediao do professor esse saber tenha um

    progresso em relao a sua ampliao. Portanto, vimos que o ensino de Histria nas escolas

    pblicas vem sendo uma prtica simplesmente de decorar contedos que sero cobrados nas

    avaliaes bimestrais sem ter uma relao de apropriao pelo aluno, porque muitas vezes os

    assuntos no so contextualizados.

    O aluno no pode ser apenas um receptor de informaes, seus conhecimentos prvios

    devem ser levados em considerao, pois o papel da educao formar cidados crtico-

    reflexivos possibilitando sua interao na sociedade. Logo, o docente deve buscar uma

    aproximao com o aluno permitindo que ocorra dilogo entre ambos com o intuito de que

    haja troca de informaes, porque no existe saber acabado, ningum sabe de tudo nem

    mesmo o professor, alm disso, o conhecimento contnuo e relativo.

    O processo educativo esta relacionado aos conhecimentos individuais e coletivos,

    levando em considerao a realidade social do aluno na construo de um ensino

    aprendizagem qualitativa, a fim de proporcionar aos mesmos uma utilizao desses

    conhecimentos no seu cotidiano. Atividade docente requer do professor compromisso e

    reflexo de sua prtica, onde o mesmo faa uma relao entre conhecimento e realidade

    social do aluno, sabemos que a escola o principal ambiente de ensino sendo o professor o

    facilitador no processo educativo.

    Portanto, fundamental que a interao entre professor e aluno seja agradvel e com

    respeito mtuo, facilitando assim o desenvolvimento cognitivo das crianas respeitando o

    conhecimento que elas apresentam, fazendo com que os mesmos se sintam motivados a

    aprenderem de uma maneira dinmica e prazerosa. Sabemos que a educao ocorre de forma

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    conjunta, ou seja, escola, famlia, sociedade, pais, alunos e professores, todos devem

    contribuir na construo desse bem to essencial ao ser humano. Educar requer compromisso

    e responsabilidade, para que o verdadeiro objetivo seja alcanado, o de prover conhecimento,

    partindo de um saber social e historicamente construdo.

    6. BIBLIOGRAFIA

    ARANHA, Maria Lcia de Arruda. Histria da educao e da Pedagogia: Geral e Brasil. 3.

    ed. So Paulo: Moderna, 2006.

    ALVES, Nilda. Formao de professores: pensar e fazer. 10.ed. So Paulo, Cortez, 2008.

    SAVIANI, Demerval. Pedagogia histrico crtica: Primeiras aproximaes. 6.ed. So Paulo,

    Autores associados, 1997.

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