A Conversão Do Adjectivo Em Advérbio Em Perspectiva_MartinHummel

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1 A conversão do adjectivo em advérbio em perspectiva sincrónica e diacrónica Martin Hummel (Universidade de Graz, Austria) versão corrigida do artigo publicado em Confluência 25/26 (2003): 175-192 A conversão do adjectivo em advérbio é um processo conhecido em todas as línguas românicas. No caso do português, frases do tipo Ela corre rápido são bem mais frequentes no português do Brasil do que no português de Portugal. O advérbio em –mente como em Ela corre rapidamente pertence à linguagem culta formal, sobretudo escrita, enquanto que o adjectivo adverbializado faz parte da linguagem informal (coloquial), sobretudo falada (v. Hummel 2002). Psicologicamente, esta repartição complementar é a consequência de os falantes considerarem o advérbio em –mente como mais correcto do que o adjectivo adverbializado. A frequência do advérbio em –mente aumenta portanto com o grau de formalidade que o falante quer dar ao seu discurso/texto. Em Portugal, a influência da norma culta é mais forte do que no Brasil, provavelmente por causa do maior impacto histórico da escolaridade sobre o comportamento linguístico dos falantes. No caso do Brasil, o adjectivo adverbializado é empregado com muita naturalidade, tanto na linguagem de falantes incultos como também na linguagem informal de falantes cultos. São estes os resultados de uma investigação que apresentei em Hummel, 2002. Pretendo mostrar, no presente trabalho, que o processo da conversão do adjectivo em advérbio não surgiu em época moderna, como se pretende por vezes. A conversão é, pelo contrário, o tipo de formação mais comum e mais tradicional de todas as línguas românicas. 1. Terminologia Existem vários tipos de advérbios: advérbios de tempo, de lugar, de modo, etc. O tipo de advérbio de que acabamos de falar corresponde aos advérbios de modo que funcionam como atributo de um verbo, isto é como entidade linguística que caracteriza o decorrer de um evento (cf. Perini, 1998, 339-40). Este evento é designado por um verbo do qual o advérbio de modo depende sintacticamente. A função atributiva constitui o traço funcional comum da classe dos adjectivos e da classe dos advérbios (de modo):

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1 A converso do adjectivo em advrbio em perspectiva sincrnica e diacrnica Martin Hummel (Universidade de Graz, Austria) verso corrigida do artigo publicado em Confluncia 25/26 (2003): 175-192 A converso do adjectivo em advrbio um processo conhecido em todas as lnguas romnicas. No caso do portugus, frases do tipo Ela corre rpido so bem mais frequentes no portugus do Brasil do que no portugus de Portugal. O advrbio em mente como em Ela corre rapidamente pertence linguagemcultaformal,sobretudoescrita,enquantoqueoadjectivoadverbializadofazparteda linguageminformal(coloquial),sobretudofalada(v.Hummel2002).Psicologicamente,esta repartio complementar a consequncia de os falantes considerarem o advrbio em mente como maiscorrectodoqueoadjectivoadverbializado.Afrequnciadoadvrbioemmenteaumenta portantocomograudeformalidadequeofalantequerdaraoseudiscurso/texto.EmPortugal,a influncia da norma culta mais forte do que no Brasil, provavelmente por causa do maior impacto histricodaescolaridadesobreocomportamentolingusticodosfalantes.NocasodoBrasil,o adjectivoadverbializadoempregadocommuitanaturalidade,tantonalinguagemdefalantes incultoscomotambmnalinguageminformaldefalantescultos.Soestesosresultadosdeuma investigao que apresentei em Hummel, 2002. Pretendo mostrar, no presente trabalho, que o processo da converso do adjectivo em advrbio no surgiuempocamoderna,comosepretendeporvezes.Aconverso,pelocontrrio,otipode formao mais comum e mais tradicional de todas as lnguas romnicas. 1. Terminologia Existem vrios tipos de advrbios: advrbios de tempo, de lugar, de modo, etc. O tipo de advrbio de que acabamos de falar corresponde aos advrbios de modo que funcionam como atributo de um verbo,istocomoentidadelingusticaquecaracterizaodecorrerdeumevento(cf.Perini,1998, 339-40).Esteeventodesignadoporumverbodoqualoadvrbiodemododepende sintacticamente. A funo atributiva constitui o trao funcional comum da classe dos adjectivos e da classe dos advrbios (de modo): 2 Atributo AdjectivoAdvrbio uma mulher altauma mulher fala alto Oadjectivofuncionacomoatributodeumsubstantivoeoadvrbiocomoatributodeum verbo.1 Nesta perspectiva, o sistema das classes (categorias) de palavras funcionaria, basicamente, a partirdeclassesprincipais(substantivoeverbo)edeclassessubordinadasatributivas(adjectivoe advrbio). Convm acrescentar quea categoria dos atributos admite tambm afuno de atributo de um atributo como em altamente importante ou em muito rapidamente, onde altamente e muito soatributosdeumadjectivooudeumadvrbiorespectivamente.Tambmnoexcluidoo emprego dos atributos como atributos de unidades frsticas. nomeadamente o caso dos chamados advrbios de frase do tipo naturalmente, curiosamente, etc. em frases como Naturalmente veio. So atributos da frase, ou de uma parte dela, que muitas vezes exprimem a opinio do falante sobre o evento descrito pela frase. Parece passar desapercebido que tambm os adjectivos podem funcionar comoatributosdafraseoudeumapartedela.Oschamadosadjectivosdestacadossoatributos que se referem a um substantivo como participante do evento descrito na frase: Cansada, a menina sefoiembora.Parece-meportantohaveralgumascaractersticasfuncionaisquejustificamo tratamento comum do adjectivo e do advrbio como subcategorias da categoria dos atributos. No diriaqueanicamaneiradeclassificarasclassesdepalavrasquenosinteressamaqui.Trata-se porm de uma perspectiva possvel que promete alguns resultados interessantes. 2. Os atributos do verbo (advrbios) do portugus na sincronia actual Nalnguaportuguesapodemosdistinguirtrstiposdeadvrbioquefuncionamcomoatributosde um verbo: Advrbio em -mente: bater fortemente, comer rapidamenteSufixao Adjectivo adverbializado: comer rpidoConverso2

1 Cf. Pottier, Lingstica moderna y filologa hispnica: 220-1. 2 No concordo com Perini que considera rpido como adjectivo: "[...] em (64) Ela escreve rpido. [,] rpido, que 3 Advrbio curto:comer bem, comer mal Forma prpria Os processos da sufixao e da converso so produtivos. Temos, alm disso, uma srie limitada de advrbioscurtoslexicalizadoscomobem,mal,depressa,devagar,etc.Deumpontodevista sincrnico,oadvrbiofortepoderiapertenceraosegundoouaoterceirogrupo(baterforte). Proponhonoentantoclassific-locomoadvrbiocurtotradicional,nospormotivoshistricos comotambmpelasuausualidadeactualquenopermiteafirmarqueoslocutoresaindatenham conscincia de ter convertido um adjectivo em advrbio quando utilizam forte como advrbio. Seja como for, as duas interpretaes so possveis, e no h motivo para excluir esta duplicidade, como tambmnohmotivoparaadmitirsumadasvariantesforteefortementeourpidoe rapidamente. Atradiogramaticalapresentaaformaodoadvrbiopelosufixomentecomonicaregra produtivadosistemadalnguaactual.Admite,almdisso,epormotivoshistricos,umasrie bastante limitada de advrbios curtos. Na sua nova gramtica, Evanildo Bechara admite a existncia do mecanismo da converso: Muitos adjectivos, permanecendo imveis na sua flexo de gnero e nmero,podempassarafuncionarcomoadvrbio(Bechara,1999,294).Seriaimportante,no entanto,indicartambmascaractersticasdiafsicasdosadvrbiosquepodemosresumirda seguinte maneira: Advrbio em -mente: Linguagem culta formalTendncia mais forte em Portugal Adjectivo adverbializado: Linguagem informalTendncia mais forte no Brasil Advrbio curto:Todos os registos Brasil e Portugal Ofactodeforteserumadvrbiorelativamentebemaceiteemtodososregistos,nosem portuguscomotambmemoutraslnguasromnicas,maisummotivoparaoclassificar preferencialmente como advrbio curto. 3. A produtividade do processo da converso No caso doBrasil, a produtividade daconversodo adjectivoem advrbio na linguagem informal nodeixadvida.Consideremososseguintesexemplosqueobserveieanoteiempoucassemanas

provavelmente deve ser considerado um adjectivo, est modificando um verbo (Perini, 1998, 342)." Chaves de Melo prope o termo "palavras adverbiadas" (1978, 105). 4 emdiscursosoraisdelocutoresbrasileiros.Podemosdistinguirquatrogruposdeadjectivos adverbializados, embora seja difcil delimit-los rigorosamente: A. Sintagmas lexicalizados passar batido dormir picado B. Srie de advrbios em oposio paradigmtica ligados a um verbo determinado jogar aberto/duro/pesado/sujo, etc. falar claro/gozado/errado/grave/suave/esquisito, etc. C. Advrbios usuais empregados com qualquer verbo engordar fcil preciso contar direitinho entrou direto trabalhar duro parar rpido comparecer urgente Pega leve, pelo amor de Deus! deslizar legal preciso de pessoas que pensam diferente ela tem medo de cobrar errado D. Adverbializao produtiva de adjectivos penso negativo [falante feminino] resolvi bem espontneo [falante feminino] faz mal comer nervoso o rim funciona acelerado comer escondido OgrupoAcontmexpresseslexicalizadascujosignificadolexicalligadoaosintagmanasua totalidade:passarbatidopassarmuitorapidamente,dormirpicadodormirdeumavez,sem despertar.Sintagmasdestetipoaparecemtambmnosegundogrupo(jugarsujo).Preferino entantoincluirestessintagmasnogrupoB.Estegrupocaracterizadoporverbosquefuncionam comobasedesriesnolimitadasdeadvrbiosqueseencontramemoposiolexical 5 paradigmtica.OsexemplosdosgruposAeBdeveriamaparecernosdicionriosdelnguacom duasentradas:umanoverboeaoutranoadvrbio.OsadvrbiosdogrupoCfuncionam praticamentecomoadvrbioscurtosdotipobem,mal,depressa,forte,etc.Soempregados livremente com qualquer verbo. possvel que os falantes j no tenham conscincia de que se trata deadjectivosadverbializados.Oltimogrupomostra,ameuver,queosfalantesbrasileiros utilizam a converso como mecanismo produtivo para formar advrbios a partir de adjectivos. Dada abaixafrequnciaouquasi-ausnciadosadvrbiosemmentecomfunodeatributosdeum verbonalinguageminformal(Hummel,2002),podemosatafirmarquesetratadomecanismo produtivodominantenacomunicaoinformal.Lembramosqueosnicosadvrbiosemmente comfunodeatributodeumverbomencionadosnaGramticadoportugusfalado3so calmamente,precocemente,completamente,rapidamente,globalmente,pausadamente, brabamente,permanentemente,exageradamente,seriamente,inteiramente,exclusivamente, diretamente, terminantemente, exatamente e categoricamente. A maioria destes advrbios pertence ao vocabulrio culto ou cuidado. Outros funcionam como intensificadores ou juntam esta funo funoatributivapropriamentedita.Poderamosentoavanarahiptesedequeaconverso constitui,nalinguagemdefalantesincultos,praticamenteonicomecanismodeadverbializao utilizado.Osfalantescultosoptariamnafalaformalpeloadvrbioem-menteenafalainformal peloadjectivoadverbializado.Emtermosestruturalistas,elembrandooesquemanopargrafo1, poderamosdizerqueaoposioparadigmticadasduascategoriasadvrbioeadjectivo neutralizadanoregistoinformalcoloquialdefalantescultosenafaladefalantesincultos.Esta neutralizao s se produz quando o advrbio funciona como atributo de um verbo, isto , dentro do sintagmaverbal.Seriaumahipteseaverificarnosvrioscorporadelinguagemfalada,cultae inculta,actualmentepreparadosemvriasuniversidadesdoBrasil.Otringuloacimadesenhado reduzir-se-iaaumacategorias:aarqui-categoriadosatributos.Teramos,aomesmotempo,um argumentoimportanteafavordosistemadeclassificaodascategoriasdepalavraspropostono tringulo. evidente, no entanto, que s uma verificao emprica, baseada em corpora da fala culta e da fala inculta, permitir dar uma resposta definitiva. 4. O carcter pan-romnico da converso 4.1. O francs

3 Castilho 1991, 95-7 e Ilari, 1992: 299-303. Mais pormenores em Hummel, 2002. Os autores no do frequncias exactas por categoria. Tambm no fornecem dados sobre o emprego de adjectivos adverbializados no corpus. Convm 6 Ofrancscostumaserconsiderado,hojeemdia,comoalnguaromnicamaismarcadapelo processo de estandardizao e normalizao como idioma nacional atravs de esforos seculares de gramticos,depolticosesobretudodaescolarizaoqueatingiupraticamenteatotalidadedos francesesapartirdefinaisdosculoXIX.Osprpriosfalantestmumfortesentimentdu correct.Costumamreferir-se,semprequesurgeumproblemalingustico,snormaspropostas pelas autoridades. No pragrafo seguinte, vou resumir os resultados de um estudo que dediquei ao adjectivo adverbializado francs (Hummel, em prep.). Nalinguagemcultapredominaoadvrbioemmentjuntocomumsrielimitadadeadvrbios curtoscomobien,mal,vite,etc.,empartedeorigemidnticadosadvrbioscorrespondentesdo portugus.Oadvrbioemmentpredominatantonoregistocultoformalcomonoregistoculto informal. O emprego do advrbio em ment caracteriza-se portanto por uma maior extenso que no casodoportugusdoBrasil.Existe,almdisso,oadjectivoconvertidoemadvrbio,emfrases comoJyvaisrapide.Osfalantescultostmumaconscinciaagudademudaremnosomentede registo como tambm de nvel de expresso quando recorrem a estes adjectivos adverbializados. S fazempartedodiscursodefalantescultos,namedidaemquemuitosdestesgostamdojogo lingusticoquepermiteaalternnciaderegistospertencentesadiferentesnveisdeexpresso.O registo que usam, quando recorrem ao adjectivo adverbializado, o do francs popular, hoje em dia consideradocomoargot,isto,umconjuntodegriaspopularesoumarginais.Soutilizadose voluntariamentepreferidosaosadvrbiosemmentnalinguagemjovem(ochamadoparler jeune) e noestilo de autores dalittrature dargot. Nos dois casos, osfalantes tm uma atitude rebeldeemrelaosnormaslingusticaspropostaspelaescola,pelospaisoupelosbonsautores. Utilizam o adjectivo adverbializado por anti-conformismo e para chocar. Aconversodoadjectivoemadvrbioocorretambmnosdialectosdofrancs(Deutschmann, 1959,6-21).Dadaaavanadamarginalizaodosdialectosfranceseshojeemdia,podemosdizer que o processo da converso existe, no caso do francs, somente em sectores bastante marginais da lnguafrancesa:oargoteosdialectos.Odenominadorcomumdestessectoresasuaexclusiva dependnciahistricadatradiooraleoseuafastamentodanormacultaimpostapelas autoridades. Podemos concluir que o adjectivo adverbializado francs tpico em todos os registos de tradio oral, incluindo os dialectos, enquanto que o advrbio em ment predomina nos registos onde a influncia da norma culta foi preponderante.

portanto analisar novamente o corpus sob estes aspectos. 7 O caso da Louisiana O caso da Louisiana, colonizada pelos franceses a partir de finais do sculo XVII, particularmente interessante por dois motivos. Os colonizadores eram camponeses que transportaram Louisiana o usooralruraldasprovnciasdeorigem.4Depoisdeinstaladosnanovacolnia,passaramaviver completamenteisoladosdaFranaeportantodasnormaslingusticasatransmitidaspelasescolas (Bolle, 1990, 760). Podemos portanto presumir que o francs de Louisiana conservou uma tradio oralruraldialectalcomorigemnosculoXVII.Noquedizrespeitoaosadvrbios,Deutschmann menciona os seguintes exemplos, no francs de Louisiana (Deutschmann, 1959, 19): an ll'a spr patienta gente esperou-o paciente i nous a oublis complet esqueceu-se completo de ns Conwell / Juilland escrevem na sua Louisiana French Grammar: "ManyLaF[LouisianaFrench]adjectivesmayfunctionadverbially,e.g.[...]a halaitlourd[...,]lesautresles fait diffrent [...,] il guettait content [...] (Conwell / Juilland, 1963, vol. I; 180)." Encontram-se,almdisso,frasesdotipomafemmeestjaloux,alistambmatestadasnofrancs popular nos finais do sculo XIX e incio do sculo XX (Bauche, 1920, 93, n.1). A hiptese do abuso moderno Naopiniodemuitosfalanteseestudiososdalnguafrancesa,omecanismodaconversoum abusodeorigemmoderna.Acabamosdeverquenofoiassim.Aprpriahiptesedoabuso moderno antiga. Os gramticos reagiram da mesma maneira quando, no sculo XIX, o romance moderno de mile Zola e outros comeou a utilizar o francs popular como fonte literria (Robert, 1886,109-111).Emais:nostextosmedievais,portantoanterioresaosgrandesesforosde normalizao da lngua,o adjectivo adverbializado abunda tambm(v. acolecode exemplos de Heise,1912).Trata-se,semdvidaalguma,deummecanismotradicionaldalnguafrancesa. portantomaisprovvelahiptesedequeatradiooralantigadaconversofoi,nodecorrerdos sculos, pouco a pouco marginalizada pela crescente influncia da norma escolar (norma culta) que deu preferncia ao advrbio em ment. 4.2. O espanhol

4 Os acadianos do Canada que se refugiaram na Louisiana no sculo XVIII no se distinguem, a este respeito, dos francfonos que tinham vindo antes para a Louisiana. 8 No caso do espanhol, o facto mais importante a alta frequncia dos adjectivos adverbializados nos pases hispanoamericanos em relao Espanha. Kany resume a situao da seguinte maneira: "Byanalogywithsuchrealadverbsasalto,mucho,bajo,recio,quedo,claro,cierto,andinfinito,etc.,American Spanishhascolloquiallytransformedotheradjectivesintoadverbs,which,inmanycasesatleast,wouldbe consideredincorrectinpeninsularstandardSpanish,thoughsomeofthemmaybeheardinpopularspeech(Kany, 1969, 228-9; cf. de Mello, 1992, 228-9 e Hummel, 2000a, 364-416)." A diferena tal que os adjectivos adverbializados chegam a ser considerados como americanismos por hispanofalantes europeus (Salvador Plans, 1990, 574). Encontramos portanto uma situao mais ou menos idntica que caracteriza o Brasil em relao a Portugal. AlinguagemfaladacultaealinguagemfaladaincultanaCidadedeMxico Numa anlise do corpus do espaol culto hablado em 10 cidades de Hispanoamrica e Espanha, de Mello observa uma maior frequncia dos adjectivos adverbializados nas cidades americanas (16 porcentonaAmricacontra11porcentonaEuropa(deMello,1992,229).5Masoquemais interessa aqui so os resultados obtidos na Cidade de Mxico onde existem dois corpora, um corpus dalinguagemfaladacultaeoutrodalinguagemfaladainculta.Nestacidade,afrequnciados adjectivosadverbializadosduasvezesmaisaltanahablaincultadoquenahablaculta. significativo o caso do adjectivo adverbializado mais frequente rpido: fala culta: rpido (69 ocorrncias)rpidamente (60 ocorrncias) fala inculta: rpido (24 ocorrncias)rpidamente (1 ocorrncia) Nocorpusdafalaculta,oadjectivoadverbializadorpidoocorre69vezeseaformaalternativa rpidamente60vezes.Nafalaincultaafrequnciaabsolutaderpidode24enquantoque rpidamenteocorresumavez(deMello,1992,231).Afrequnciaderpidamenteaumenta portantocomograudeculturaatingidopelosfalantes.Podemosatdizerqueofalanteculto escolhe entre dois tipos de advrbios, o adjectivo convertido e o advrbio em mente, ao passo que ofalanteincultoconhecebasicamentesotipodaconverso.Existeportantovariaodiafsica, no caso do falante culto, e limitao diastrtica, no caso do falante inculto. Nopargrafo3mostreiqueaconversodoadjectivoemadvrbioumprocessoprodutivono portugusdoBrasil.ConsideremosaesterespeitooquedizMorenodeAlbasobreasituao lingustica no Mxico:

5 Infelizmente, o autor inclui os adjectivos adverbais flexionados do tipo ela chega cansada no grupo dos adjectivos adverbializados. Trata-se no entanto de adjectivos e no de advrbios (v. Hummel, 2002). Podemos, apesar deste problema, considerar os resultados de De Mello como tendncias que caracterisam sobretudo os adjectivos adverbializados, na medida em que s 18 das 187 ocorrncias correspondem a adjectivos flexionados. 9 "La adverbializacin de adjetivos, aunque propia de toda la lengua espaola, se manifiesta con ms frecuencia en el espaol americano (camina rpido por camina rpidamente). En el caso de feo, adems de este cambio, se da la modificacin de significado: huele feo por huele mal. Ntese que algo semejante sucede con el adjetivo bonito enelespaoldeciertoshablantesdelaciudaddeMxicocuandodicen,porejemplo,quetevayabonito. Evidentementeallbonitonoesadjetivo,puesnomodificaaunsustantivo,sinoadverbioqueserefierealverbo vaya, y, por otra parte, el significado de bonito ('lindo, agraciado') se modifica y adquiere el del adverbio bien: que te vaya bonito (bien). (Moreno de Alba, 1996, 166)." Parecequeaprodutividadedaconversotalqueosadjectivosadverbializadoschegama substituir-seaosadvrbioscurtostradicionaiscomomalebiennafaladeciertoshablantes. Podemos pelo menos afirmar que o processo da converso chega a criar expresses alternativas para exprimir os significados 'bem' e 'mal'. Grundt menciona um emprego similar do fr. moche 'feio' no sentido de 'mal' no argot de Paris: a va moche (Grundt, 1972, 219). 4.3. O romeno O caso do romeno particularmente interessante porque a converso constitui o nico processo de formao de advrbios a partir de adjectivos nas falas culta e inculta: scrisul frumos 'a letra bonita'Adjectivo el scrie frumos'escreve bonito'Advrbio (Engel, 1993, 860-1) Ospoucosadvrbiosem-menteexistentesnalnguaromenasoemprstimosdofrans (completamente,realmente,totalmente;Engel,1993,866e873).Note-sequeestesadvrbiosno costumamfuncionarcomoatributosdeumverbomassimcomoatributosdeadjectivosoucomo advrbios de frase. 4.4. O italiano As gramticas do italiano apenas mencionam os aggettivi invariabili (adjectivos adverbializados) (v. Hummel, 2000a, 434-40). Migliorini escreve: "Si tratta, com' noto, del tipo parlar chiaro, rappresentato da una serie abbastanza numerosa di esempi, in italiano comenellealtrelingueneolatine.Mamentreperilfranceseabbiamolargheraccoltediesempieunaminuta discussione del fenomeno, per l'italiano, dove pure il construtto era stato asservato dai grammatici del Cinquecento e delSeicento,nosihannochebrevicennidellegrammatiche(Fornaciari,ecc.);mentresarebbedesiderabileuna monografia [...] (Migliorini, 1952, 113)." Cita exemplos como risponder secco, risponder netto, scrivere fitto, colpir sodo, mangiar pesante, bere grosso, tagliar corto, etc. 10 Comonocasodofrancs,aconversodoadjectivoemadvrbiolargamenteusadaemgrandes zonasdialectais.OsdialectosdosuldaItliaealnguasardautilizamoadjectivoondeoitaliano padro impe o advrbio em mente (Rohlfs, 1972, vol. III, 127 e Krenn, 1993, 311). O prprio do italiano a generalizao da flexo que muitas vezes inclui atributos nitidamente adverbiais, como noexemplocitadoporMeyer-LbkedoromanceIpromessisposideManzoni:lesuelagrime corsero pi facili (Meyer-Lbke, 1974, vol. III: 448). importante aqui observar que os dialectos dosuldaItliaeosardoresistiramaosufixoromnicomenteporquejdispunhamdeum mecanismo funcional e porque no foram obrigados a utilizar este sufixo imposto pelas normas da lngua padro. 4.5. Concluses 1.Aconversoonicomecanismocomumatodasaslnguasromnicas.Podemosportanto supor que este mecanismo j funcionou em latim vulgar, isto no latim falado inculto. No se trata portanto de um abuso moderno. 2.Aconversoomecanismodatradiooralnaslnguasromnicas.Tornou-seevidentequea conversotantomaisfrequente,hojeemdia,quantomenosfortefoiainflunciadanorma escolar (norma escrita culta): dialectos, fala popular, fala inculta. 3.AconversoomecanismoquemarcoufortementeaslnguasromnicasnoNovoMundo. PodemossuporqueoscolonizadorestrouxeramestemecanismoaoNovoMundo.provvel queoisolamentodemuitasreaslingusticaseascondiesdecontactolingusticonoBrasil tenham contribudo para favorecer a converso como mecanismo mais simples de formao de advrbios. 4.Afrequnciadosadvrbiosem-mentedependehistoricamentedainflunciadanorma lingustica e nomeadamente do grau de escolaridade atingido num pas. Esta influncia foi bem mais forte na Europa do que no Novo Mundo. Na Frana, onde a norma mais influncia teve, o mecanismo da converso limita-se aos dialectos e ao argot, quer dizer a espaos lingusticos que a norma culta pouco atingiu. 11 5.O portugus arcaico e medieval evidentequeosdocumentosescritostmvalorduvidosonumcasocomoonossoemquea tradio escrita culta parece ser o principal responsvel pela represso do mecanismo da converso. Poroutrolado,oscdigosoraleescritonoconstituemsistemasfechadas.Anormaoralaparece por vezes em textos escritos mesmo quando no idntica norma da escrita culta. Em cartas entre amigos,as normas docdigo oral tms vezesmais vigor que as do cdigoescrito. J mencionei que em textos franceses anteriores aos grandes esforos de normalizao a converso aparece com muita naturalidade. Podemos supor que se deveriam encontrar exemplos da converso de adjectivos emadvrbiosemtextosdoportugusarcaicoemedieval.Limitar-me-eiacitarasobservaesde alguns lingustas especializados. Segundo Jos Joaquim Nunes a converso j existiu na poca imperial, chegando a pr de ladoos processos de sufixao por -iter, -, etc.: "Estesprocessosdeformaoadverbial[conversodoadjectivo]herdouoportugus,comasdemaislnguas romnicas, do latim, especialmente o falado na poca imperial, segundo o testemunho dos gramticos, que censuram algumas das expresses em uso no seu tempo, mas, afora eles, ainda este conhecia outros, dos quais muitos deviam ascender ao seu perodo mais arcaico; tais eram o emprego de velhos acusativos em -im, como sensim, pedetentim, passim, certim, etc. e a adjuno dos sufixos -tus, -ter e ainda o -e do antigo ablativo-instrumental a substantivos e adjectivos,comoemradicitus,coelitus,constanter,firmiter,juste,probe,romanice,gallice,etc.Estasformaes, porm, foram postas de parte pela lngua popular, restando apenas da ltima alguns raros advrbios, como bem, mal, longe, tarde e poucos mais [...] (Nunes, 1960, 349)." Parece que j napoca imperial houvegramticos quecensuraram o tipopopular da converso. portantopossvelqueascrticasnormativasdirigidascontraaconversosotoantigascomoo processocriticado.Istoleva-nosacrerqueaconversosemprefoiummecanismocoloquial (popular).Nunesmencionaosseguintessintagmas:comprarcaro,comprarbarato,6morar prximo/junto/distante,falaralto/baixo,ficarcerto,andarligeiro,virprivado('depressa'),estar contino (arc. e pop.). (Nunes, 1960, 348). O estudioso alemo Huber menciona toda uma srie de adjectivos adverbializados: "MancheAdjektivableibenauchinadverbiellerVerwendungunverndert,d.h.imMask.:z.B.muit'aficadoCD. sehrinstndig,aguisadopassend,richtig,alegre(Euf.360),apostoCA.passend,mitAnstand,certoCD.gewi, dadogeschenkt,umsonst,festinho(CA.,CV.,CM.)eilig,fremosoCD.schn,nett,saborosoCD.angenehm, lieblich, sobejo CD. bermig, ber alle Maen (Huber, 1933, 147)."

6 Corominas indica para cast. barato a origem de bajo precio. Menciona ainda a forma comprar a barato. Poder-se-ia portanto explicar pela eliso da preposio a. 12 Citemos tambm o que Garca de Diego dizia sobre o galego: "De la misma manera que en los dems romances se han perdido en gallego los sufijos que el latn utilizaba para la formacin de los adverbios de modo [...]. Para compensar esta prdida nuestra lengua dispone de otros recursos: [...] b) Tomando como adverbio el mismo calificativo, de cualquier terminacin que sea: rigidu [>] rijo = rejo, bassu [>] baijo,invitusant.ambidos(aenvidosenlasCnt.,ant.cast.amidos[...]),'contrasuvoluntad',quietu[>]quedo, festinu [>] festynno en las Cnt., 'rpidamente' (festino en Hita, 509), vivace [>] viaz en las Cntl,'agilmente' bonu [>] bo [...] (Garca de Diego, 1909, 147)." Segundoesteautor,aconversofoiumdosmecanismosquepermitiramcompensaraperdados antigos sufixos. Verifica-se portanto a existnciado mecanismo da converso no portugus que se utilizavaquandocomeouaconquistadoNovoMundo.OCorpusdoportugusmedieval actualmenteconstituidoporumaequipadeprofessoresnaUniversidadeNovadeLisboasoba direco de Maria Bacelar do Nascimento permitir sem dvida maior clareza. 6. Do latim ao portugus: pistas para a investigao futura No pretendo, nesta pequena contribuio, descrever a histria do sistema adverbial romnico deste olatimathoje(maispormenoresemHummel,2000a,449-81).Omeuobjectivolimita-sea formularumahipteseacercadadiacroniadestesistemaadverbial,combinandodadosdiatpicos, diastrticosediafsicosobtidosempocasmaisrecentes.Queriamencionar,noentanto,queo mecanismo da converso j existiu no latim. Na norma culta do latim, o processo normal o da sufixao por uma srie de sufixos. Os sufixos mais frequentes so - e -iter: Regras principais:longus, longa, longum (adj.) long (adv.) fortis (adj.) fortiter (adv.) Em alguns casos existem duas formas: firmus (adj.) firm (adv.) e firmiter (adv.) humanus (adj.) human (adv.) e humaniter (adv.) Umapartedossufixos,entreelesosufixo-,soantigoscasos(instrumentalis)quejtinham perdidoestafunonapocadolatimclsico.Estaobservaopoderiaserimportante,namedida 13 emqueaconcepodoadvrbiocomomerocasodoadjectivoestbemmaispertodeuma converso que a concepo do advrbio como palavra formada a partir de adjectivos por sufixao. A converso parece existir a ttulo de excepo, ou seja, aparece como tal quando se estudam textos escritos. No caso da converso, no aparece a vogal longa - do suffixo mas a vogal corta -: Excepo:facilis (adj.) facil (adj. acc. sg. neutro) facil (adv.) Encontram-se mais exemplos, j na poca clsica: dulce ridentem Lalagen amabo, dulce loquentem (Hor., Carm. 1, 22, 23-24). (Dias, 1959, 66) O modelo latim foi imitado no portugus: Doce tanges, Pierio, doce cantas (Ferreira, egl. 2., ap. Moraes). (Dias, 1959, 65) Karlssonmenciona,almdisso,osseguintesadvrbios:brev,difficil,grav,celer,concord, dispar,dulc,fidel,grand,imman,immortal,impun,iug,lugubr,mit,perenn, perspicac, praecoqu, procliv, segn, sublim, vil (Karlsson, 1981, 17). Lembramosquefacildeuorigemaadjectivosnaslnguasromnicasquefazempartedos adjectivos frequentemente adverbializados e que mais penetrao tm nos textos escritos. o caso dopt.fcil,doesp.fcilydofr.facile,paramencionarapenasaslnguasromnicascujouso conheoporexperinciaprpria.umcasocurioso,namedidaemqueoesp.fcilnoprocede directamentedaformalatinaporque,nestecaso,seteriaperdidoaf-inicial.Serqueas propriedadessemnticasdesteadjectivotiveramumpapeldecisivoparaqueasuaconversoem advrbio chegasse a generalizar-se nas lnguas romnicas? Concluso:Nocabedvidadequeaconversojexistiunolatim,emborasejadifcil pronunciar-se sobre a sua frequncia na linguagem informal. Sabemos no entanto que no passou de serummecanismoocasionalemarginalnalinguagemescritaculta.Nopodemosafirmarnem rejeitarnenhumadasduashiptesesseguintes:1.Aconversocomoprocessopredominantejno latim informal de todas as pocas. 2. A origem da converso como processo predominante durante a formaodaslnguasromnicasapartirdeumlatimvulgarondeaconversoteriasidoum processo entre vrios. Temos algumas indicaes da existncia da converso no latim clsico. No deexcluirquesetratedeelementosdocdigooralinformalqueaparecemporvezesnocdigo escrito, como tambm acontence hoje. O mais provvel , a meu ver, a hiptese de que a converso foiummecanismoexistentemasbastantelimitadonolatimclsico.Nolatimvulgar,este mecanismoeconmicoconheceuumaexpansonaturalpelaperdadocdigoculto(escrito).A 14 prpriaperdadacategoriafuncionaldoscasos,quefezaparecermuitosadvrbioscomocasosde um adjectivo, poder ter contribudo para dinamizar o mecanismo da converso. 7. O carcter universal da converso e a explicao diacrnica O carcter universal de um mecanismo lingustico no pode nunca explicar uma evoluo histrica concreta. Se fosse esse o caso, todas as lnguas conheceriam somente o mecanismo da converso. O quepodeacontecer,sim,afavorizaodomecanismomaiseconmicoemdeterminadas contextos,comoporexemploocontactolingusticopermanentenoNovoMundo.Oquetema conversodeeconmicooudeuniversal?Ocarcteruniversaldaconversoexplica-se simplesmente pelo facto de cada falante saber que pode formar advrbios a partir de adjectivos, ou seja,queambasascategoriassofundamentalmenteamesma.Amarcaodascategoriaspor sufixosoucasosumrecursomorfolgicosuplementarqueserveparamarcaroquejest plenamentejustificadoapartirdafunodeatributo.Dapossvelmentearelativadebilidadedos sufixosadverbiaisnadiacroniadaslnguasromnicas,assimcomoasuamaiorfrequnciana linguagemformal.Aperdadeinflunciadanormacultalatinaeasdiversascircunstnciasde contacto lingustico no territrio conquistado pelos romanos poderiam ter favorecido o mecanismo econmico da converso, uma vez que no era desconhecido no latim. Concluso geral Mostreiqueomecanismodaconversodoadjectivoemadvrbioestlongedeserumabuso moderno. Trata-se, pelo contrrio, do nico mecanismo de formao de advrbios produtivo comum s lnguas romnicas examinadas aqui. o mecanismo da tradio oral que aparece principalmente noscdigosoraispoucoinfluenciadospelosesforosnormativos(dialectos,argot,linguagem popular,linguageminformal,etc.).Nocdigoformal,quecorrespondenormaculta(escrita), predominaomecanismodasufixaocom-mente,comexcepodoromenoquesconhecea converso. Do ponto de vista da teoria dos registos de linguagem, parece portanto pertinente a distino, pelo menosnasincroniaactualdaslnguasromnicas,entrecdigoformalecdigoinformal.Os diferentesregistospertenceriamaumdestescdigosouaosdoiscdigos(cdigoneutral).Os termosdeDistanzsprache(linguagemdedistncia)edeNhesprache(linguagemda 15 proximidade),propostosporKoch/Oesterreicher1990,parecemexprimirantesefeitospossveis daquilo que melhor seria chamado cdigo formal e cdigo informal. Esta abordagem explicaria, por exemplo,ofrequenteusodoadjectivoadverbializadonapublicidadedatelevisobrasileira. Compare-se, a este respeito, a frase publicitria autntica At o ferro desliza mais suave!, utilizada na televiso brasileira para descrever os efeitos de um detergente amaciador, com a frase alternativa Atoferrodeslizamaissuavemente!Podemosdizer,unindoaminhaabordagemcomade Koch/OestereichereadeBhler,queoadjectivoadverbializadopertenceaocdigoinformalque temcomofunosintomtica(Bhler,1982,28)adaproximidadeecomofunoapelativa (Bhler), no caso da publicidade, a da persuaso. At no caso do francs, conhecido pelo vigor das normasdocdigoformal,observa-seumfrequenteusodoadjectivoadverbializadonalinguagem publicitria, muitas vezes atribudo influncia do ingls e severamente criticado do ponto de vista da norma formal.7 Do ponto de vista da teoria das categorias ouclasses de palavras tornou-se evidentea utilidade da arqui-categoria dos atributos que se subcategoriza, essencialmente no cdigo formal, em adjectivos eadvrbios.Autilidadedestaabordagemconfirmou-setantonaperspectivasincrnicacomo tambmnadiacrnica,namedidaemqueaconversoapareceucomoumaneutralizaoda oposio adjectivo/advrbio dentro do sintagma verbal que s podemos explicar pela existncia de uma arqui-categoria: a dos atributos. Naperspectivadiacrnica,pareceevidentequetantooscolonizadoresfrancfonosdaLouisiana comooscolonizadoresdoNovoMundoluso-hispnicotrouxeramomecanismodaconversodo adjectivo em advrbio como processo produtivo quando chegaram ao novo continente. O contexto decontactolingusticoeainflunciabastantelimitadadanormaculta(escolaridade)favoreceram provavelmenteamaiordivulgaodomecanismoeconmicodaconversonoNovoMundo, enquantoquenaEuropaanormacultachegouamarginalizaraconverso,comexcepodo romenoqueficouisoladodorestodaRomnia.Noquedizrespeitoorigemdesteprocesso, limitei-me a esboar algumas pistas de investigao. Cabe futura investigao esclarecer-nos com maispormenorsobreaorigemdaconversonocasodaformaodosadvrbiosnaslnguas romnicas.

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