A corrosão nos sistemas de redes eléctricas de terras
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Corrosão nos sistemas de Aterramento
Corrosão é uma palavra originada do latim “corrode”, que significa
destruição gradativa. O significado
do termo corrosão de metais, está
associado à degradação das suas
propriedades devido à ação do
meio. Todo metal tende a sofrer
um certo grau de corrosão, que é o
processo natural da volta do metal
ao seu estado primitivo. A corrosão
metálica consiste na transformação
do material metálico pela interação química ou eletroquímica num determinado
meio de exposição, resultando na formação de produtos de corrosão e na
libertação de energia. Nos sistemas de redes elétricas de terras a adoção de
uma ou mais formas de proteção contra a corrosão dos metais deve levar em
conta aspectos técnicos e economicos.
Os materiais tipicamente adotado nas instalações de sistema de
proteção contra descargas atmosfericas são o Cobre, Aço Inox, Aço
Galvanizado e Aço Cobreado. Cada um dos materiais apresenta diferentes
características relativas à facilidade de instalação, resistência à corrosão,
condutibilidade elétrica e custo.
Material Facilidade de instalação
Resistencia à corrosão
Condutibilidade
Custo
Cobre Muito bom Bom Muito bom Mau
Aço inox Médio Muito bom Médio Mau
Aço galvanizado
Médio Mau Médio Muito bom
Aço cobreado Médio Médio Bom Bom
Tabela1
Reação de corrosão
Para se realizar o processo de corrosão eletroquimica, é necessario a
presença de quatro elementos fundamentais:
Elétrodo anódico – Elemento que libera os seus íons positivos para o
meio eletrolitico, gerando um excesso de elétrons, isto é, ficando com
potencial negativo;
Elétrodo catódico – Elemento com potencial positivo, é o que não se
dissolve na reação eletroquimica, sendo o elétrodo protegido;
Eletrólito – Meio na qual se processa a reação de formação dos ions;
Ligação externa – Elemento que propicia a condução dos elétrons do
ânodo para o cátodo;
Com a circulação da corrente elétrica, o processo de corrosão sempre se
dará no anôdo, isto é, no polo negativo. O ânodo dissolve o seu material,
gerando elétrons e mantendo o seu potencial negativo. Os correspondentes
íons positivos são liberados no eletrólito, caracterizando a corrosão. A corrente
que circula é conhecida como corrente galvânica.
O uso de múltiplos materiais na instalação elétrica obriga a um cuidado
especial relativamente à corrosão galvânica, dado que, o contato elétrico entre
materiais diferentes resulta no processo corrosivo. A intensidade deste tipo de
corrosão será proporcional à distância entre os valores dos materiais
envolvidos de potenciais eletroquímicos apresentados na Tabela 2, exercendo
influência neste tipo de corrosão, a proporcionalidade entre as áreas anódica e
catódica. Tal proporção deverá ser menor possível com vista a obter a mínima
corrosão na área anódica aliada a sua uniformidade.
Material Potencia (volts)
Magnésio comercialmente puro -1,75
Liga de mg (6% Al, 3% Zn, 0,15% Mon)
-1,6
Zinco -1,1
Aluminio comercialmente puro -0,8
Aço estrutural (limpo e brilhante) 0,625
Aço estrutural (enferrujado) 0,727
Ferro fundido branco, chumbo -0,5
Aço estrutural no betão -0,2
Cobre, latão, bronze -0,2
Na pilha eletroquimica, pode-se generalizar que o elétrodo que sofrerá o
processo de corrosão será sempre o elétrodo que recebe elétrons da solução
eletrolítica, faltando qualquer dos quatro elementos mencionados (elétrodo
anódico, catódico, eletrólito, ligação externa), não haverá possibilidade de
circular a corrente galvânica, e o processo da corrosão não poderá existir.
Usando a corrente convencional, isto é, a contraria ao do fluxo de
elétrons, então, a corrosão se dará no életrodo que deixa a corrente
convencional sair para o meio eletrolitico.
Para minimizar a corrosão galvânica devem ser
adotados nas instalações elétricas ligadores bimetálicos
representado na Imagem 1, por forma a minimizar a
diferença de potenciais eletroquímicos.
Tipicamente o aço galvanizado apresenta em condições normais, uma
longevidade entre 5 a 20 anos enquanto para as mesma condições o aço
cobreado apresenta uma longevidade superior a 30 anos.
CORROSÃO NO SISTEMA DE ATERRAMENTO
Os sistemas de aterramento estarão sempre sofrendo o processo de corrosão.
Cabos, hastes e conexões enterrados no solo (eletrolítico), sofrerão os efeitos
da corrosão.
Pela própria característica do solo e do tipo de material empregado no sistema
de aterramento, a corrosão ocorre devido a varias causas, entre elas:
Heterogeneidade dos materiais que formam o sistema de aterramento;
Heterogeneidade dos solos abrangidos pelo sistema de aterramento;
Heterogeneidade do tipo e concentração de sais, e da umidade no
sistema de aterramento.
Heterogeneidade de temperaturas no sistema de aterramento;
Aeração diferencial;
Ação das correntes elétricas dispersas;
As ações acima, em separado ou combinadas produzem os mais diversos
efeitos de corrosão no material do sistema de aterramento.
De um modo ou de outro a corrosão no sistema sempre estará presente,
mas empregando algumas técnicas pode-se diminuir ou anular esta ação.
Com o objetivo principal de proteger os elementos principais dos sistemas
de aterramento, pode-se aplicar, dependendo do caso, algumas das técnicas a
seguir:
Construir todo o sistema de aterramento com um único metal;
Isolar do eletrólito o metal diferente do sistema de aterramento;
Usar ânodo de sacrifício para se obter a proteção catódica;
Usar corrente impressa ou forçada;
Dentre os mais usuais, os três últimos métodos, serão vistos a seguir:
Proteção por isolação de um componente
Para haver a corrosão, há a necessidade da presença das quatro
condições principais (elétrodo anódico, catódico, eletrólito, ligação externa). Na
falta de um deles, cessa a ação da pilha eletroquimica e consequentemente a
ação da corrosão. No sistema de aterramento é mais simples isolar o cabo de
descida do equipamento aterrado.
Proteção catódica por ânodo de sacrifício
Para que o metal do sistema de aterramento fique protegido, basta ligá-lo a
outro metal que tenha um potencial menor na escala de eletronegatividade da
tabela2.
Assim, o material protegido será o cátodo, e o outro será o ânodo. Como o
ânodo sofrerá a corrosão, ele é denominado de ânodo de sacrifício, tendo as
seguintes características.
Manter o potencial negativo praticamente constante ao longo de sua
vida útil;
Manter a corrente galvânica estabilizada, para que o processo de
corrosão se dê uniformemente;
Os íons positivos, dissociados na corrosão não deve produzir uma capa
diminuindo a área ativa da corrosão;
Os materiais que melhor satisfazem a essas condições são as ligas de
Zinco e Magnésio. Nestas ligas são colocados aditivos para melhorar a
qualidade do ânodo de sacrifício.
Os ânodos de sacrifício de Zinco são adequados para solos cuja
resistividade vai até 1000Ω.m. O ânodo de Magnésio é usado em solos
de até 3000Ω.m.
Os ânodos de sacrificio devem ter uma grande área, para produzirem
proteções catódicas adequadas. Pode-se utilizar um revestimento nas ligas de
Zinco ou Magnésio para aumentar o seu volume. Este enchimento é formado
por uma mistura a base de Gesso, Bentonita e Sulfato de Sódio, nas seguintes
proporções:
O enchimento tem as seguintes finalidades:
Aumentar a área de atuação, distribuindo a corrente galvânica;
Evitar o contato do metal do ânodo com os elementos agressivos do
solo;
Manter a região úmida, obtendo-se uma região de baixa resistividade;
Possui grande volume para aumentar a vida útil deste processo
Como está conectado ao sistema de aterramento, contribui também na
diminuição da resistência do aterramento.
Material %
Gesso 75
Bentonita 20
Sulfato de Sódio 5
Proteção por corrente Impressa
Não é possível fazer proteção catódica com ânodo de sacrifício em solos
com resistividade elevada. Por obter-se uma corrente galvânica muito baixa,
não se consegue obter uma eficiência desejada.
Para que a proteção seja eficiente, deve-se impor uma corrente continua
com uma fonte externa. Esta corrente é conhecida por corrente impressa ou
forçada.
Com este processo pode-se comandar e controlar o eletrodo a ser
corroído. A fonte de tensão externa força a circulação da corrente continua
convencional do elétrodo a ser corroído para o sistema de aterramento a ser
protegido. O eletrodo que liberar a corrente convencional no solo é o que
sofrerá corrosão.
A fonte de tensão que alimenta o processo por corrente forçada, é um
transformador conectado à rede local, juntamente com uma ponte retificadora,
que converte corrente alternada em contínua.
Com o objetivo é de proteger o sistema de aterramento, na há
necessidade da corrosão do elétrodo. Para manter a vida útil e a eficiência da
proteção por corrente forçada, deve-se usar um material altamente resistente à
corrosão no elétrodo a ser corroído.
Sendo conhecido como elétrodo inerte, tendo em sua composição os
seguintes materiais:
Grafite em solos normais;
Ferro-Silício em solos normais;
Ferro-Silício-Cromo (14,5%Si – 4,5%Cr) em solos com salinidade.
Como o elétrodo inerte está enterrado no solo, há necessidade de
envolve-lo com um enchimento condutor de coque metalúrgico moído,
adicionando as seguintes vantagens:
Diminui a resistividade elétrica da região que envolve o elétrodo inerte,
facilitando a passagem da corrente elétrica;
Diminiu o gasto do elétrodo inerte;
Aumenta a área de dispersão da corrente no solo;
Fonte: http://www.qenergia.pt/234/a-corrosao-nos-sistemas-de-redes-
electricas-de-terras.htm
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