A criação de tudo.

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No começo, tudo era nada, e do nada surgiu o todo. Em toda a sua glória o caos reinou por incontáveis eras sem manifestar qualquer forma ou sentido que poderia ser definido ou mensurado. Até que um ponto fixo foi definido, a criação, e de imediato ela começou. Luzes que surgiam de dentro de outras e vindas do nada geraram o primeiro acorde da harmonia. Das energias definidas que se mesclavam em uma dança caótica e misteriosamente harmônica, o segundo. Das consciências que agiam sobre uma vontade além dos impulsos, o terceiro. E do ventre da criação surgiu as primeiras aspirações. Os primeiros pensares. E das primeiras ideias surgiram a matéria. Não tão solida quanto hoje, mas tão verdadeira quanto. As primeiras formas foram sendo criadas, mas para evitar o caos o quinto acorde foi cantado, onde tudo estaria sobre regras que não limitariam as consciências em suas criações e nem mesmo tomariam das Aspirações suas canções. Mas as formas duravam pouco, pois logo eram dispensadas e totalmente aproveitadas. As consciências pensaram e pensaram, tanto que uma nova Aspiração surgiu de seu desconforto, uma que pareceu desagradável de início, mas que logo viram nelas uma oportunidade. O sexto acorde foi tocado criando o princípio do espaço, e o começo da mítica existência. Logo criaram-se formas por trás de formas, cada uma mais complexa e tão mais limitada quanto possível. Até que alcançaram o impossível criando um ilusório sétimo acorde, onde o Vazio estava no todo, mas o todo era algo além do Vazio, porém, nunca superior. Das consciências surgiram mentes, e das mentes a experiência. Os criadores onipotentes e onipresentes pela primeira vez experimentaram o limite, embora suas regras ainda não os limitassem. Se afastaram tanto de si mesmos enquanto buscavam se conhecerem que chegaram a se sentir separados em meio a união. Essa foi a grande festa, o sucesso da experiência, porém, nunca foi cantado ou escutado o oitavo acorde além da criação das mentes. Criando o segundo mistério para os próprios criadores, que pararam em meio as Aspirações e observaram suas próprias mentes como crianças que não conhecem os calçados e nem como deveriam ser usados.

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Tudo foi criado de algum lugar. O universo e matéria não seriam uma exceção. Este é uma breve descrição do começo da mitologia de um jogo de RPG, que dependendo do leitor, pode ser interpretada como algo 'real'.

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No começo, tudo era nada, e do nada surgiu o todo. Em toda a sua glória o caos reinou por incontáveis eras sem manifestar qualquer forma ou sentido que poderia ser definido ou mensurado. Até que um ponto fixo foi definido, a criação, e de imediato ela começou. Luzes que surgiam de dentro de outras e vindas do nada geraram o primeiro acorde da harmonia. Das energias definidas que se mesclavam em uma dança caótica e misteriosamente harmônica, o segundo. Das consciências que agiam sobre uma vontade além dos impulsos, o terceiro. E do ventre da criação surgiu as primeiras aspirações. Os primeiros pensares. E das primeiras ideias surgiram a matéria. Não tão solida quanto hoje, mas tão verdadeira quanto.

As primeiras formas foram sendo criadas, mas para evitar o caos o quinto acorde foi cantado, onde tudo estaria sobre regras que não limitariam as consciências em suas criações e nem mesmo tomariam das Aspirações suas canções. Mas as formas duravam pouco, pois logo eram dispensadas e totalmente aproveitadas. As consciências pensaram e pensaram, tanto que uma nova Aspiração surgiu de seu desconforto, uma que pareceu desagradável de início, mas que logo viram nelas uma oportunidade. O sexto acorde foi tocado criando o princípio do espaço, e o começo da mítica existência. Logo criaram-se formas por trás de formas, cada uma mais complexa e tão mais limitada quanto possível. Até que alcançaram o impossível criando um ilusório sétimo acorde, onde o Vazio estava no todo, mas o todo era algo além do Vazio, porém, nunca superior.

Das consciências surgiram mentes, e das mentes a experiência. Os criadores onipotentes e onipresentes pela primeira vez experimentaram o limite, embora suas regras ainda não os limitassem. Se afastaram tanto de si mesmos enquanto buscavam se conhecerem que chegaram a se sentir separados em meio a união. Essa foi a grande festa, o sucesso da experiência, porém, nunca foi cantado ou escutado o oitavo acorde além da criação das mentes. Criando o segundo mistério para os próprios criadores, que pararam em meio as Aspirações e observaram suas próprias mentes como crianças que não conhecem os calçados e nem como deveriam ser usados.