A CRIANÇA EM SITUAÇÃO DE PERIGO: INTOXICAÇÃO...
Embed Size (px)
Transcript of A CRIANÇA EM SITUAÇÃO DE PERIGO: INTOXICAÇÃO...

*Bacharel em Enfermagem pela Universidade do Estado da Bahia. E-mail: [email protected] Artigo apresentado a Atualiza Cursos, como requisito parcial para a obtenção do título de especialista em Enfermagem em Emergência, sob a orientação da professora Cristiane Maria Carvalho Costa Dias. Salvador, 2013.
A CRIANÇA EM SITUAÇÃO DE PERIGO: INTOXICAÇÃO EXÓGENA
Carole Carvalho dos Santos*
RESUMO
A intoxicação exógena constitui um importante problema de saúde pública. As crianças representam um grupo que é muito acometido por este dano, principalmente de forma acidental, provocados por sua condição de explorador de ambientes e levar objetos e produtos à boca. Desta forma o objetivo do presente estudo é pesquisar na literatura as causas de intoxicação exógena em crianças. Para tanto foi feita uma pesquisa bibliográfica em bases de dados eletrônica de livre acesso nos idiomas português e inglês publicados entre os anos de 2000 e 2012. Diante da análise foi encontrado que crianças menores de 05 anos formam o grupo etário mais vulnerável, sendo que entre 02 e 03 anos o risco torna-se maior, os meninos estão mais propensos à intoxicação que as meninas. As crianças sofrem intoxicação principalmente através da ingestão oral de medicamentos, dormissanitários e pesticidas/inseticidas encontrados em locais de fácil acesso no próprio ambiente domiciliar. Para reverter os números de casos é importante que os responsáveis atuem para o estabelecimento de um ambiente seguro onde a criança possa se desenvolver sem riscos.
Palavras-chave: Intoxicação. Criança. Emergência.

2
1 INTRODUÇÃO
A intoxicação exógena ocorre quando qualquer substância externa, em
contato com o organismo, provoca alterações e estas resultam em sinais e sintomas
que necessitam de atendimento de urgência e/ou emergência devido ao risco à
saúde. 1,2
Este tipo de intoxicação é um importante problema de saúde pública devido a
sua alta taxa de prevalência. Dados do Sistema Nacional de Informações Tóxico
Farmacológicas (Sinitox) apontam que no ano de 2008 foram registrados 90.236
casos de intoxicação humana com 459 óbitos3 e em 2009 foram 101.0864 casos,
resultando em 409 mortes5.
Dados do ano de 2011 (sujeitos a revisão) do Sistema de Informação de
Agravo de Notificação (SINAN) mostram que no Brasil foram registrados 65.440
casos de intoxicação exógena, acometendo 28.144 pessoas na faixa etária de 20 a
39 anos, sendo esta a de maior incidência. Crianças entre 01 e 04 anos estão em
quarto lugar com um total de 7.756 intoxicados perdendo também para adultos de 40
a 59 anos com 11.758 casos e adolescentes entre 15 e 19 anos totalizando 8.260
vítimas. 6
As intoxicações em crianças ganham uma grande importância devido à sua
fragilidade orgânica quando comparado aos adultos, devido à imaturidade de seus
sistemas7, o que gera maior risco aos efeitos dos agentes químicos. Padula et al.8
em seu estudo sobre intoxicação por chumbo afirmam que “os sistemas nervoso e
digestivo da criança são especialmente suscetíveis a alterações [...]”. Entretanto elas
têm como importante aliado o seu alto poder de recuperação, fazendo com que seu
estado de doença converta rapidamente para o de saúde.
Além da imaturidade orgânica, outros fatores requerem atenção no tocante à
intoxicação na infância, dentre eles a criança estar em plena fase de crescimento e
aprendizagem. Estudos apontam que menores de cinco anos em seu processo de
desenvolvimento motor, tornam-se capazes de explorar o ambiente e assim alcançar
objetos, levando-os à boca para satisfazerem a sua curiosidade, resultando em
casos de intoxicações. 7 - 11
Como relatado, as crianças estão mais vulneráveis aos agentes intoxicantes
pela sua condição orgânica, bem como ao acesso que tem a eles. Os pais e

3
responsáveis não atribuem o devido risco à saúde dos remédios, produtos de
limpeza e inseticidas, deixando-os ao alcance das crianças. Em 90,5% dos casos
avaliados por Ramos at al9 o evento ocorreu no próprio domicílio e a criança
encontrou o agente tóxico no chão em 66,7% dos casos.
Com relação aos medicamentos, que também não são guardados de forma
adequada, há outro problema que é mais preocupante: o seu uso sem receita e
orientação médica e por consequência o desconhecimento sobre dose, posologia e
indicação. Esta prática acontece pela facilidade na aquisição dos medicamentos,
sendo este um dos fatores citados em trabalhos que abordam o tema7, 12 - 15.
É verdade que a maioria das exposições em crianças é de caráter acidental e
com baixa gravidade, devido principalmente a dose que tende a ser pequena e ao
atendimento breve12, 16. Esta brevidade é primordial para o reestabelecimento das
condições ideais de saúde, isto porque o atendimento em uma unidade de
emergência, que é caracterizado pela busca da estabilização das condições vitais do
paciente, exige agilidade e objetividade por parte dos profissionais de saúde com
ações que visem à minimização de sequelas17.
O setor de emergência é dotado de tecnologia avançada para atender as
ocorrências de diferentes complexidades e esta auxilia sobremaneira na
manutenção da vida dos pacientes. Entretanto é importante ressaltar que ele,
isoladamente, não garante a qualidade da assistência ao intoxicado, pois essa
depende da capacidade do profissional de saúde e da sensibilidade ao priorizar os
atendimentos17.
Mesmo sendo de baixa gravidade, não se pode negar o fato de que a
intoxicação exógena em crianças trás consigo uma importante causa de morbidade
aliado a custos hospitalares13, bem como repercussões emocionais e psicológicas
que poderiam ser evitados com medidas preventivas simples.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) considera como criança a
pessoa até doze anos incompletos. E mesmo sendo uma faixa temporal de apenas
12 anos – consideravelmente pequena quando comparada à quantidade de anos
que compreendem as demais faixas: adolescente, adulto e idoso - é um grupo etário
importante a ser pesquisado quando se trata de intoxicação exógena, isto porque
esta faixa vem apresentando número de casos elevados ano após ano estando
sempre nos primeiros lugares em incidência.

Assim o presente estudo tem por objeti
intoxicação exógena em crianças.
2 METODOLOGIA
O estudo foi desenvolvido
segundo Gil18 “[...] é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
principalmente de livros e artigos científicos.”
Para a pesquisa da bibliografia do presente estudo, ficou
intoxicação, criança e emergência seriam as palavras
realizada uma busca por artigos científicos em bases de dados eletrônicas
acesso cujos títulos contivessem as palavras
o termo intoxicação foram selecionadas. Vale ressaltar que 01 (um) artigo foi
incluído mesmo com a ausência do termo citado por ser de conhecimento prévio
deste autor e ter sido considerado importante para a elaboração do estudo, sendo
este artigo incluído na busca eletrônica.
Foram encontrados 61 trabalhos sendo selecionados
entre os anos de 2000 e 2012 nos idiomas português e inglês. Dos 57 tít
escolhidos 30 resumos, tomando por base àqueles que apresentavam discussões
sobre agentes intoxicantes e as formas de envenenamento. O critério para inclusão
dos textos integrais foi o de responder ao objetivo proposto par
utilizando-se então 14 ar
Fonte: Autor, estudos pesquisados em bases de dados eletrônica de livre acesso.
0
20
40
60
80
Assim o presente estudo tem por objetivo pesquisar na literatura as causas de
intoxicação exógena em crianças.
O estudo foi desenvolvido através de uma pesquisa
[...] é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
livros e artigos científicos.”
Para a pesquisa da bibliografia do presente estudo, ficou
intoxicação, criança e emergência seriam as palavras-chave. Em sequência foi
por artigos científicos em bases de dados eletrônicas
acesso cujos títulos contivessem as palavras-chave. As publicações que continham
o termo intoxicação foram selecionadas. Vale ressaltar que 01 (um) artigo foi
incluído mesmo com a ausência do termo citado por ser de conhecimento prévio
r e ter sido considerado importante para a elaboração do estudo, sendo
este artigo incluído na busca eletrônica.
Foram encontrados 61 trabalhos sendo selecionados 57 títulos
e 2012 nos idiomas português e inglês. Dos 57 tít
30 resumos, tomando por base àqueles que apresentavam discussões
sobre agentes intoxicantes e as formas de envenenamento. O critério para inclusão
dos textos integrais foi o de responder ao objetivo proposto par
artigos, conforme é apresentado no Gráfico
Fonte: Autor, estudos pesquisados em bases de dados eletrônica de livre acesso.
Base bibliográfica
Total de trabalhos
encontrados
Tabalhos selecionados
Resumos escolhidos
Artigos Utilizados
4
vo pesquisar na literatura as causas de
através de uma pesquisa bibliográfica, que
[...] é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído
Para a pesquisa da bibliografia do presente estudo, ficou-se definido que
chave. Em sequência foi
por artigos científicos em bases de dados eletrônicas de livre
chave. As publicações que continham
o termo intoxicação foram selecionadas. Vale ressaltar que 01 (um) artigo foi
incluído mesmo com a ausência do termo citado por ser de conhecimento prévio
r e ter sido considerado importante para a elaboração do estudo, sendo
57 títulos publicados
e 2012 nos idiomas português e inglês. Dos 57 títulos foram
30 resumos, tomando por base àqueles que apresentavam discussões
sobre agentes intoxicantes e as formas de envenenamento. O critério para inclusão
dos textos integrais foi o de responder ao objetivo proposto para este estudo,
tigos, conforme é apresentado no Gráfico a seguir:
Fonte: Autor, estudos pesquisados em bases de dados eletrônica de livre acesso.
Total de trabalhos
encontrados
Tabalhos selecionados
Resumos escolhidos
Artigos Utilizados

5
Com o intuito de expor definições, bem como apresentar números sobre
intoxicação exógena, também foram utilizados 02 (dois) livros que oferecem tópicos
sobre o tema proposto, 03 (três) tabelas confeccionadas pelo Ministério da Saúde e
dados da Estatística Anual dos Casos de Intoxicação e Envenenamento do ano de
2008, igualmente elaborada pelo Ministério da Saúde.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
É na infância que encontramos a maior vulnerabilidade à intoxicação
exógena, isto porque a criança tende a explorar o ambiente e assim aplacar sua
curiosidade e consequentemente tornar possível o seu desenvolvimento e
aprendizado. Entretanto não é somente a capacidade de explorar o ambiente que
torna a criança predisposta à intoxicação, outros fatores, tais como armazenamento
inadequado de produtos e uso de medicação sem orientação médica, unem-se a
este e aumentam os riscos para a criança.
Estudos apontam que as crianças do sexo masculino estão mais susceptíveis
ao envenenamento que as do feminino, e os menores de 05 anos a faixa etária de
maior risco, sendo que entre crianças de 02 e 03 anos este é ainda maior. É
demonstrado também que a boca é a principal via de exposição do agente
intoxicante, que por muitas vezes estão em locais de fácil acesso a estas crianças e
no ambiente domiciliar. Os principais causadores de intoxicações são os
medicamentos, dormissanitários e pesticidas, produtos encontrados facilmente em
qualquer casa.
3.1 CARACTERIZAÇÃO DAS VÍTIMAS
O ECA estabelece a faixa etária que caracteriza uma pessoa como criança.
Dentro desta classificação, estudos realizados sobre a intoxicação exógena, cuja
metodologia dividem esta faixa etária em sub-faixas, indicam que cada uma destas
pode ter diferentes causas. Importante ressaltar que nos estudos analisados
observou-se ausência de padronização tanto na determinação da faixa etária,
quanto nas sub-faixas utilizadas.

6
A incidência das causas variam de acordo com a sub-faixa analisada,
observando-se a tendência de quanto maior a idade, maior a probabilidade de o fato
causador ser intencional. Os estudos explicitam que aquelas crianças de menor
idade tendem a sofrer intoxicação acidental ocasionada, por exemplo, por acesso
facilitado a produtos de limpeza e/ou medicamentos, ao passo que as de maior
idade fazem uso de agentes intoxicantes com intenção suicida ou pelo abuso de
álcool e drogas16, 19 - 21.
Estudos11, 20 - 22 sobre intoxicação que estabelecem uma ampla população, ou
seja, que compreende desde crianças até idosos, apontam que na infância está a
maior vulnerabilidade à intoxicação exógena. Esta susceptibilidade é tão evidente
que em estudo realizado sobre intoxicação por Dapsona22, menores de 05 anos
representavam mais da metade da amostra (55,2%). Em outro estudo11 sobre
intoxicação por produto de limpeza doméstica, desinfetante e pesticida, este
percentual é ainda maior, representando 71,4% do total.
Quando a pesquisa faz uma análise sobre intoxicação nas diferentes fases da
infância, os menores de 05 anos ainda representam o grupo de maior risco10. Em
estudos sobre intoxicação medicamentosa em crianças e atendimentos em
emergência pediátrica por intoxicação exógena, esta faixa representa
respectivamente 77% e 65,4% do total7,23.
Vale salientar que dentro da faixa do 0 (zero) a 5 (cinco) anos, crianças de 02
a 03 anos estão mais propensos à intoxicação exógena, conforme estudo realizado
com 1.480 crianças menores de 05 anos, onde 676 tinham entre 02 e 03 anos, ou
seja, 45,67% do todo13, .
Estes achados coincidem com as fases de desenvolvimento da criança,
quando elas aprendem a andar e tornam-se mais hábeis e isto facilita para que ela
explore o ambiente ao seu redor e assim ficando exposta aos riscos. Presgrave et all
(2008)11, afirmam que “crianças menores de cinco anos de idade foram o grupo de
grande risco para o envenenamento não intencional, devido à sua curiosidade em
explorar seu ambiente e do contato mão-boca regular que é comum nesta idade”.
Outra situação deve ser considerada quando tratamos sobre intoxicação
exógena em crianças é a facilidade de acesso que elas têm aos produtos
intoxicantes que são guardados em locais inadequados e de fácil alcance.

7
Além do local inadequado para a guarda dos produtos, o recipiente em que
são armazenados também favorece o envenenamento. A reutilização de
embalagens pode confundir a criança e provocar intoxicação conforme afirma
Presgrave et all (2008)11 “crianças e adultos foram envenenados porque eles
ingeriram o alvejante estava em recipiente e tinham confundido ele com refrigerante
ou água”.
Quando se pesquisa sobre intoxicação, uma das variáveis analisadas é a do
sexo das vítimas. Neste quesito, nota-se uma tendência ao sexo masculino ser o
mais envenenado 7,9,13,20,21,23.
Uma explicação possível para que homens se acidentem com mais
frequência está na forma como estes são criados, uma vez que “[...] a sociedade
tende a permitir a criação do sexo masculino, pelas famílias, com menos vigilância
do que a criança do sexo feminino” 7.
Entretanto, esta tendência ao sexo masculino não é confirmada em todos os
casos. Alguns estudos22,24 mostram as mulheres sendo mais vitimadas por
intoxicação exógena. Estas pesquisas não explicam o porquê destes achados nas
crianças. Carrazza et al (2000)22, apontam em seu estudo, cuja população varia de
01 mês a 50 anos, que 94% da amostra tentou suicídio e que deste grupo, formado
prioritariamente por adolescentes e adultos, 71% era do sexo feminino, sem excluir
as crianças.
3.2 VIA DE EXPOSIÇÃO E AMBIENTE DE RISCO
A via de exposição é um importante item a ser investigado em um
atendimento de intoxicação exógena, pois a partir dela muitas condutas podem ser
adotadas no intuito de minimizar os danos, bem como reverter o quadro. Para
Rebelo et al (2011)21, “a via de exposição ao agente tóxico está relacionada à
gravidade da intoxicação”.
A via oral representa uma importante porta de entrada do intoxicante no
organismo. Prova disto é que ela é apontada como sendo a principal via de
exposição nos estudos8,9,11,16,20,21,23,24. Para Lourenço et al (2008)23, a via de
exposição oral esteve presente em 100% dos casos de intoxicação atendidos em
uma emergência pediátrica.

8
A criança tende a explorar objetos, levando-os a boca, este hábito de
exploração através do paladar faz parte da necessidade de atender a sua
curiosidade, sendo que aquelas que ainda não desenvolveram a capacidade de
engatinhar ou andar e assim levar objetos à boca, são intoxicadas por ação de seus
responsáveis, como descreve Scherz (1970) apud Lourenço et al (2008)23 quando
afirma que “na idade de zero a seis meses de idade, o recém-nascido comunica-se
com o mundo através do choro. Nesse período, as intoxicações são decorrentes da
administração de medicação ou outras substâncias por pais e/ou responsáveis.”
Uma via de exposição que não está tão presente, mas que deve ser
considerada é a transplacentária. Em casos como este, crianças com horas de
nascidas apresentam quadro de intoxicação. A preocupação não está somente
relacionada ao envenenamento do recém-nascido, mas também à qualidade no
acompanhamento da gestante no pré-natal bem como orientações para o período o
de amamentação25.
As crianças passam a maior parte do dia no domicílio. Este fato associado ao
descuido no armazenamento de agentes intoxicantes torna do ambiente doméstico o
mais favorável as intoxicações. Para Lourenço et al (2008)23 e Ramos et al (2005)9 a
casa é o local de maior número de ocorrências com registros que somam mais de
80% e 90,5% de eventos respectivamente. Quando o estudo amplia seu escopo e
sai da esfera de infância, esta característica se mantem chegando a 91% dos
casos21.
É importante atentar que uma casa insegura tem riscos em todos os
cômodos, mas existem aqueles onde o perigo é mais presente. Para Ramos et al
(2005)9 a sala de estar e o quarto são as principais áreas para a ocorrência de
envenenamento, cada um com 23,8% de chances. Creditamos isto ao fato de serem
os ambientes dentro da casa onde as crianças mais frequentam e assim elas têm
mais tempo para ter contato com o intoxicante. Outro fator que pode corroborar com
esses dados é que como não são áreas onde predominantemente há guarda de
agentes tóxicos, o grau de atenção diminui e consequentemente a percepção para o
perigo.
Outro cômodo que merece atenção especial é a cozinha, pois como
demonstrado por Lourenço et al (2008)23 ela foi mencionada em 30,8% dos casos no
estudo, seguida de perto pelo quarto (26,9%) e pela sala (23,1%). É neste ambiente

9
que encontramos os utensílios de cozinha, que estiveram relacionados a
envenenamentos, pois foram utilizados para diluir ou medir produtos de limpeza,
bem como para armazenamento destes e também usado para deixar raticida com o
objetivo de eliminar pragas.
3.3 AGENTES INTOXICANTES
Uma gama variada de produtos pode levar à intoxicação exógena. Saber qual
é o agente é de extrema importância para determinar o melhor tratamento e o uso
do antídoto correto. O conhecimento sobre quais intoxicantes mais provocam
envenenamento ajudam na adoção de medidas preventivas e por consequência na
redução do número de casos.
Os estudos apontam que dentre os possíveis agentes, os medicamentos,
dormissanitários e pesticidas/inseticidas são os principais intoxicantes. Prova disto é
que existem pesquisas que tratam exclusivamente de cada um deles, e mesmo
quando a pesquisa não aborda unicamente um produto, estes se apresentam com
os percentuais mais significativos.
Para Ramos et al (2005)9, os medicamentos totalizam 42,2% dos 593 casos,
seguidos de 15,7% dos dormissanitários e 13,5% do somatório dos
pesticidas/raticidas. Neste mesmo estudo, com a aplicação de entrevistas, os
medicamentos mantiveram-se como o principal agente tóxico em 23,3%dos
envenenamentos.
Corrobora com este estudo, os achados de Lourenço et al (2008)23 quando
demonstram que 50% das crianças se intoxicaram com medicamentos e 23,1% com
pesticidas e inseticidas, mesmo percentual aplicado aos casos envolvendo
dormissanitários. Moreira et al (2010)20 trazem que 60% das intoxicações foram
causadas por medicamentos, em segundo lugar o abuso de álcool (18%) e em
terceiro os inseticidas (8%). Vale ressaltar que esta última tem um escopo ampliado,
envolvendo não só crianças como adolescentes, adultos e idosos, grupo etário onde
o consumo do álcool é muito mais significativo, daí a inserção deste outro agente
tóxico.
Werneck e Hasselmann (2009)13 assinalam que dormissanitários,
medicamentos e pesticidas são os três principais intoxicantes, sendo a distribuição

10
em 39%, 35% e 15% respectivamente, assim neste caso os medicamentos
assumem a segunda posição quanto aos riscos de envenenamento.
Diante do exposto acerca dos principais agentes intoxicantes para as crianças
é fácil compreender o motivo pelo qual eles estão ocupando os primeiros lugares em
números de casos notificados. Quando falamos sobre medicamentos, uma série de
fatores pode levar ao envenenamento, o mais comum por ser praticado pela
população em geral e considerado inofensivo é a automedicação. Entretanto não se
pode atribuir a esta variável a responsabilidade por todos os casos. Situações onde
existe a orientação, porém não é bem compreendida, erros de prescrição, falhas no
cálculo da dose também colaboram para os casos de intoxicação. Deve-se
considerar que os casos de automedicação em crianças quase sempre são
promovidos por um adulto e esta atitude auxilia a perpetuar esta prática.
Já os dormissanitários estão presentes em todas as casas, sendo
armazenados em locais indevidos e/ou embalagens que não favorecem a
segurança, ora por estarem em recipientes indevidamente reutilizados ora porque os
invólucros próprios não trazem travas que dificultem a sua abertura por parte das
crianças.
A venda sem controle e fiscalização de pesticidas, inclusive o comércio de
produtos ilegais como o raticida conhecido por chumbinho pode apontar também
como um dos facilitadores para os casos de envenenamentos em crianças.
4 CONCLUSÃO
A pesar de ter índices de mortalidade baixos, a intoxicação exógena em
crianças traz repercussões de grande significado que vão desde questões
emocionais das crianças e adultos até financeiras envolvendo custos hospitalares,
abstenções no trabalho pelos responsáveis.
Quando se pensa em levar uma criança para ser atendida em uma unidade
de emergência, o fator custo hospitalar é só uma das variáveis a ser considerada,
que tem sua importância reduzida quando pensamos nas repercussões emocionais
e orgânicas que esta criança vem a sofrer. Agravos estes que podem ser evitados
com a adoção de medidas preventivas simples como guardar os produtos em locais
adequados.

11
Vale ressaltar que a criança não é o único a sofrer em uma situação como
esta. Os responsáveis também são vítimas, pois passam a conviver com o medo, a
angústia e também com o sentimento de culpa por não ter feito nada antes para
evitar este agravo.
É imprescindível que os responsáveis pelo cuidado às crianças estejam
atentos à capacidade deles em explorar o ambiente e assim estar em contato com
situações de risco. Daí a necessidade de sempre prever situações de perigo e
buscar o estabelecimento de um local seguro para que a criança possa desenvolver
sua curiosidade, crescer e aprender com segurança.
A adoção do uso de medicação com orientação por parte de um profissional
de saúde auxilia sobremaneira na redução dos casos de intoxicação exógena. A
prática da automedicação é um mal que deve ser combatido, pois além do tipo do
medicamento poder estar errado e ocasionar em malefícios, tem também a dose,
posologia e o tempo de tratamento equivocados que podem resultar não só em
intoxicação como em outros danos.
Importante também que o governo assuma sua responsabilidade através dos
órgãos de fiscalização para que adotem uma postura mais presente no controle e
venda de produtos que possam gerar danos, bem como a aprovação do Projeto de
Lei que cria a embalagem especial de proteção à criança, que tornará difícil a
abertura de embalagens de produtos que oferecem riscos.

12
A CHILD IN STATE OF DANGER: POISON EXOGENOUS
ABSTRACT
The exogenous poisoning is an important public health problem. Children represent a group that is very affected by this damage, mostly by accident, caused by his condition explorer objects and environments and bring products to the mouth. Thus the aim of this study is to investigate the causes of the literature exogenous poisoning in children. To do a literature search was performed in electronic databases of open access in Portuguese and English published between the years 2000 and 2012. Given the analysis found that children under 05 years form the most vulnerable age group, with between 02 and 03 years the risk becomes greater, the boys are more likely than girls to intoxication. Children suffer intoxication mainly through oral ingestion of drugs, dormissanitários and pesticides / insecticides found in easily accessible locations in their own home environment. To reverse the numbers of cases it is important that those responsible act for the establishment of a safe environment where children can develop without risks.
Keywords: Intoxication. Child. Emergency.

13
REFERÊNCIAS
1. SALLUM, A. M.C.; PARANHOS, W. Y. O Enfermeiro e as situações de urgência. 2. ed.,p. 735-743. São Paulo: Editora Atheneu, 2010.
2. SMELTZER, S. C.; BARE, B.G. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 9. ed., vol. 4, p. 1839-1842. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas - Sinitox. Estatística Anual dos Casos de Intoxicação e Envenenamento. Brasil, 2008. Disponível em: < http://www. fiocruz.br/sinitox_novo/media/analise_2008.pdf>. Acesso em 19 mar 2012. 4. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas - Sinitox. Tabela 1. Casos Registrados de Intoxicação Humana, de Intoxicação Animal e de Solicitação de Informação por Região e por Centro. Brasil, 2009. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/ sinitox_novo/media/Tabela%201%20-%202009%20-%20revisada.pdf>. Acesso em 19 mar 2012.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Sistema Nacional de Informações Tóxico Farmacológicas - Sinitox. Tabela 11. Óbitos Registrados de Intoxicação Humana por Agente Tóxico e Circunstância. Brasil, 2009. Disponível em: < http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/media/Tabela%2011%20-%202009.pdf>. Acesso em 19 mar 2012.
6. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Sistema de Informação de Agravo de Notificação. Intoxicação Exógena – Notificação registrada no Sinan Net: Notificações por Faixa Etária segundo UF Notificações. Brasil, 2011. Disponível em:< http://dtr2004.saude.gov.br/sinanweb/tabnet/tabnet?sinannet/ iexogena/bases/Intoxbrnet.def>. Acesso em 15 jan 2013. 7. ALCÂNTARA, D. A.; VIEIRA, L. J. E. DE S.; ALBUQUERQUE, V. L. M. de. Intoxicação medicamentosa em crianças. Revista Brasileira em Promoção da Saúde. Vol. 16, n. 1/2, 2003. Disponível em: < http://www.unifor.br/hp/revista_saude/ v16/artigo2.pdf>. Acesso 15 mar 2012. 8. PADULA, N. A. de M.R.; ABREU, M. H. de; MIYAZAKI, L. Y.; TOMITA, N. E. Intoxicação por chumbo e saúde infantil: ações intersetoriais para o enfrentamento da questão. Cadernos de Saúde Pública. Vol. 22, n. 1, Rio de Janeiro, jan 2006. Disponível em : <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102- 311X2006000100017&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
9. RAMOS, C. L. J.; TARGA, M.B. M.; STEIN, A. T. Perfil das intoxicações na infância atendidas pelo Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS), Brasil. Cadernos de Saúde Pública. Vol. 21, n. 4, Rio de Janeiro, jul/ago 2005. Disponível em:< http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102 -311X2005000400015&lang=pt>. Acesso em 14 mar 2012.

14
10. MATOS, G. C. de; ROZENFELD, S.; BORTOLETTO, M. E. Intoxicações medicamentosas em crianças menores de cinco anos. Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil. Vol. 2, n. 2, Recife, mai/ago 2002. Disponível em: <http://www. scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-38292002000200009>. Acesso 16 mar 2012.
11. PRESGRAVE, R. de F.; CAMACHO, L. A. B.; VILLAS BOAS, M. H. S. A profile of unintentional poisoning caused by household cleaning products, disinfectants and pesticides. Cadernos de Saúde Pública. Vol. 24, n. 12, Rio de Janeiro, dez 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X2008001200019&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
12. BUCARETCHI, F.; BARACAT, E. C. E. Exposições tóxicas agudas em crianças: um panorama. Jornal de Pediatria (Rio J.). Vol. 81, n. 5, supl. 0, Porto Alegre, nov 2005. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid= S0021-75572005000700012&lang=pt>. Acesso em14 mar 2012.
13. WERNECK, G. L.; HASSELMANN, M. H. Intoxicações exógenas em crianças menores de seis anos atendidas em hospitais da região metropolitana do Rio de Janeiro. Revista da Associação Médica Brasileira. Vol. 55, n. 3, São Paulo, 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-42302009000300023&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
14. SILVA, C. H. de; GIUGLIANI, E. R. J. Consumo de medicamentos em adolescentes escolares: uma preocupação. Jornal de Pediatria (Rio J.). vol. 80, n. 4, Porto Alegre, jul/ago 2004. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php? script=sci_arttext&pid=S0021-75572004000500014&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso 22 mar 2012.
15. BERBER, M. G.; ARAÚJO, L. M. de; OLIVEIRA, C. F.; TROSTER, E. J.; VAZ, F. A. C. Choque refratário e óbito após intoxicação por sulfato ferroso. Revista Paulista de Pediatria. Vol. 25, n. 4, São Paulo, dez 2007. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-0582200 7000400016&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
16. FERREIRA, A.; MAROCO, E.; YONAMINE, M.; OLIVEIRA, M. L. F. de. Organophosphate and carbamate poisonings in the northwest of Paraná state, Brazil from 1994 to 2005: clinical and epidemiological aspects. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Vol. 44, n. 3, São Paulo, jul/set 2008. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-9332200800 0300010&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
17. DAL PAI, D.; LAUTERT, L. Suporte humanizado no Pronto Socorro: um desafio para a enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem. Vol. 58, n. 2, Brasília, mar/abr 2005. Disponível em:< Suporte humanizado no Pronto Socorro: um desafio para a enfermagem>. Acesso em 05 dez 2012.
18. GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

15
19. OLIVEIRA, M. L. F. de; ARNAUTS, I. Intoxicação alcoólica em crianças e adolescentes: dados de um centro de assistência toxicológica. Escola Anna Nery. Vol. 15, n.1, Rio de Janeiro, jan/mar 2011. Disponível em: < http://www.scielo. br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452011000100012&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
20. MOREIRA, C. de S.; BARBOSA, N. R.; VIEIRA, R. de C. P. A.; CARVALHO, M. R. de; MARAGON, P. B.; SANTOS, P.L.C.; JÚNIOR, M. L. T. Análise retrospectiva das intoxicações admitidas no hospital universitário da UFJF no período 2000-2004. Ciência & Saúde Coletiva. Vol. 15, n. 3, Rio de Janeiro, mai 2010. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-812320100003 00031&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
21. REBELO, F.M.; CALDAS, E.D.; HELIDORO, V. de O.; REBELO, R. M. Intoxicação por agrotóxicos no Distrito Federal, Brasil, de 2004 a 2007 - análise da notificação ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica. Ciência & Saúde Coletiva. Vol. 16, n. 8, Rio de Janeiro, ago 2011. Disponível em: http://www.sciel o.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232011000900017&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
22. CARRAZZA, M. Z. N.; CARRAZZA, F. R.; OGA, S. Clinical and laboratory parameters in dapsone acute intoxication. Revista de Saúde Pública. Vol. 34, n. 4, São Paulo, ago 2000. Disponível em: <: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci _arttext&pid=S0034-89102000000400013&lang=pt>. Acesso em 14 mar 2012. 23. LOURENÇO, J. FURTADO, B. M. A.; BONFIM, C. Intoxicação exógena em crianças atendidas em unidade de emergência pediátrica. Acta Paulista de Enfermagem. Vol. 21, n. 2, São Paulo, 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/ scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-21002008000200008&lng=pt&nrm= iso&tlng=pt>. Acesso 16 mar 2012.
24. BUCARETCHI, F.; DRAGOSAVAC, S.; VIEIRA, R. J. Exposição aguda a derivados imidazolínicos em crianças. Jornal de Pediatria (Rio J.). vol. 79, n. 6, Porto Alegre, nov/dez 2003. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232010000300031&lang=pt>. Acesso 14 mar 2012.
25. LESSA, M. de A.; BOCHNER, R. Análise das internações hospitalares de crianças menores de um ano relacionadas a intoxicações e efeitos adversos de medicamentos no Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia. Vol. 11, n. 4, São Paulo, dez 2008. Disponível em: < http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S1415-790X2008000400013&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt >. Acesso em 16 mar 2012.

16
APÊNDICE A – FICHAMENTO DOS ARTIGOS UTILIZADOS
Revista/ano/ autor
Título Objetivo Resultados Conclusões
Revista brasileira de epidemiologia / 2008
Lessa, M. de A; Bochner, R.
Análise das internações hospitalares de crianças menores de um ano relacionadas a intoxicações e efeitos adversos de medicamentos no Brasil
Identificar as principais classes terapêuticas presentes nas internações de crianças menores de um ano relacionadas a intoxicações e efeitos adversos de medicamentos, registradas pelo Sistema de Informações Hospitalares do SUS nos anos de 2003 a 2005.
Antiepilepticos, antiparkissonianos, sedativos-hipnóticos (menores de 1 mês-15,2% e 1 a 11 meses-21,1%) Antibióticos (12,6% e 18,5%) Analgésicos, antitérmicos e anti-reumáticos não opiáceos (7,3% e 6,6%)
Menores de 1 ano foram internados por ação direta ou indireta de intoxicação medicamentosa ou efeito adverso. As intoxicações foram superiores aos efeitos adversos. Principais causas: erro de administração, PM inadequada, uso de medicamento sem orientação, abstinência e uso materno de medicação.
Ciência & saúde coletiva / 2010 Moreira, C. da S.; Barbosa, N. R.; Vieira, R. de C. P. A.; Carvalho, M. R. de; Marangon, P. B;Santos,P. L. C.; Júnior, M. L. T.
Análise retrospectiva das intoxicações admitidas no hospital universitário da UFJF no período 2000-2004
Caracterizar dados sobre a ocorrência de intoxicações admitidas no Hospital Universitário/UFJF, entre 2000 e 2004.
Selecionados 50 paciente De 0 a 5 anos – 24% (faixa mais acometida) Sexo masc. – 68% Via oral mais frequente – 63,3% Medicamento – 60% dos casos Psicotrópicos – principais agentes – 40%
Destaque para o número representativo de crianças vítima de intoxicação, o que demonstra a necessidade da guarda adequada das substâncias, bem como adoção e cumprimento de normas sobre embalagens especiais de proteção à criança.
Ciência & saúde coletiva / 2011 Rebelo, F. M.; Caldas, E. D; Heliodoro, V. de O.; Rebelo, R. M.
Intoxicação por agrotóxicos no Distrito Federal, Brasil, de 2004 a 2007 - análise da notificação ao Centro de Informação e Assistência
Sexo masc. – 51,2%; Domicílio – 91%; Via oral – 84%; Crianças de 1 a 4 anos – 30%; Adultos de 20 a 39 anos – 36%; Chumbinho – 35,1%; 18 casos levaram ao óbito (15 por
Alta taxa de subnotificação

17
Toxicológica suicídio e 3 acidental);
Escola Anna Nery / 2011
Oliveira, M. L. F. de; Arnauts, I.
Intoxicação alcoólica em crianças e adolescentes: dados de um centro de assistência toxicológica
Caracterizar as ocorrências toxicológicas em crianças e adolescentes com idade até 18 anos, hospitalizados por intoxicação alcoólica e notificados em um Centro de Controle de Intoxicação nos anos de 2003 a 2007.
Predominantemente no sexo masculino, finais de semana, período noturno e uso agudo de maior ocorrência.
Consumo do álcool cada vez mais precoce. Associação com casos de violência. Necessidade de ações de órgãos governamentais e sociedade.
Revista da associação médica brasileira / 2009
Werneck, G. L.; Hasselmann, M. H.
Intoxicações exógenas em crianças menores de seis anos atendidas em hospitais da região metropolitana do Rio de Janeiro
Descrever o perfil dos casos de intoxicações exógenas de crianças admitidas em hospitais de emergência da região metropolitana do Rio de Janeiro, durante três anos.
1.574 casos, sendo 40% por produto químico de uso doméstico, 35% por medicamento, 15% por algum pesticida (mais da metade: chumbinho).
Importância de se incluir as intoxicações exógenas no elenco de agravos objeto de ações de vigilância em saúde. Adoção da embalagem especial de proteção à criança. Fiscalização da comercialização e apreensão do chumbinho. Medidas educativas.
Revista brasileira em promoção da saúde / 2003 Alcântara, D. A.; Vieira, L.J. E. de S.; Albuquerque, V. L. M. de
Intoxicação medicamentosa em crianças
Identificar os medicamentos indutores de intoxicação exógena em crianças atendidas em um hospital de emergência, evidenciando idade e gênero prevalentes, bem como as reações apresentadas pelas crianças
77% dos casos entre crianças de 1 a 4 anos; sexo masc. – 54%; Antidepressivos, broncodilatadores e vitaminas os principais agentes; Principais reações: sonolência, agitação psicomotora, taquicardia e
Divulgação dessa morbidade para aumentar a percepção dos riscos inclusive de óbitos. Implementação e adoção da embalagem especial de proteção à criança.

18
intoxicadas. vômito. Revista brasileira de ciências farmacêuticas / 2008 Ferreira, A.; Maroco, E.; Yonamine, M.; Oliveira, M. L. F. de
Organophosphate and carbamate poisonings in the northwest of Paraná state, Brazil from 1994 to 2005: clinical and epidemiological aspects
Apresentar aspectos clínicos e epidemiológicos de 529 casos de intoxicação por organofosforados, ou carbamatos, no noroeste do estado do Paraná, Brasil, durante um período de doze anos (1994-2005).
105 dos 257 pacientes (40,8%) que tentaram suicídio foram admitidos em UTI, com um tempo médio de internação de dois dias. Os homens corresponderam a 56,4% dos casos de tentativas de suicídio e 16 pessoas morreram. 140 intoxicados devido à exposição ocupacional eram todos adultos jovens e 9 deles foram internados em UTI, com o hospital permanece média de 8 dias. Desses casos, 2 pacientes morreram. 124 pacientes intoxicados por exposição acidental foram principalmente crianças e teve uma estadia médio de internação de 4 dias. 20 pacientes foram internados na UTI, e 1 morreu. Complicações gerais incluíram insuficiência respiratória, convulsões e pneumonia por aspiração.
Exposição acidental em crianças: leve devido exposição pequena e atraso mínimo no reconhecimento. Baixa mortalidade.
Acta Paulista Intoxicações Descrever as Foram Campanha

19
de Enfermagem/2008
Lourenço, J.; Furtado, B. M. A; Bonfim, C.
exógenas em crianças atendidas em uma unidade de emergência pediátrica.
características epidemiológicas dos casos de intoxicações exógenas em crianças atendidas em uma unidade de emergência pediátrica do Recife (PE), no período de abril a setembro de 2006.
registrados 26 casos de intoxicação exógena acidental. Predominou o sexo masculino (65,4%) e a faixa etária dos menores de cinco anos de idade foi a mais acometida (65,4%). Os medicamentos estavam envolvidos em 50,0% dos casos.
pública sobre prevenção da intoxicação na infância. Importante papel do enfermeiro em educação em saúde e medidas preventivas.
Cadernos de Saúde Pública/2005
Ramos, C. L. J.; Targa, M. B. M.; Stein, A. T.
Perfil das intoxicações na infância atendidas pelo Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS), Brasil
Estabelecer perfil das intoxicações em crianças de 0 a 4 anos, registradas no Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS), Porto Alegre, Brasil, 2003.
Faixa – 1 ano; sexo masc.; via oral; agente localizado no chão da sala ou quarto; altura do imóvel menor q 30 cm; horário do ocorrido – entre 18 e 22hs; tempo p/ assistência menos de 30min; analgésico.
Definição do perfil permite orientar e incrementar campanhas de prevenção de acidentes tóxicos na infância.
Cadernos de Saúde Pública/2008
Presgrave, R. de F.; Camacho, L. A. B.; Villas Boas, M. H. S.
A profile of unintentional poisoning caused by household cleaning products, disinfectants and pesticides
Descrever o perfil epidemiológico das intoxicações não intencionais, que foi causada por produtos de limpeza doméstica e teve lugar no Rio de Janeiro entre 2000 e 2002, avaliando a distribuição por idade, sexo, via de exposição, produto envolvido
O grupo mais vulnerável: até 5 anos de idade. Meninos de até 10 anos foram mais intoxicados do que meninas. A partir dessa faixa etária, a distribuição foi invertida. Os centros de controle de intoxicação foram chamados principalmente por serviços de saúde no período de até duas horas após o envenenamento. As vias de exposição mais
A informação de baixa morbidade e letalidade pode ser consequência de subnotificação. Programas de conscientização e prevenção para aumentar a percepção dos riscos.

20
fatores de risco e os resultados.
frequentes foram ingestão (90,4%), inalação (4,3%), dérmica (2,4%) e ocular (2%). Os produtos envolvidos foram alvejantes, derivados de petróleo, raticidas e pesticidas. As principais causas foram: produto ao alcance de crianças, estocagem em garrafas de refrigerantes, uso de alimentos com raticidas, uso incorreto do produto, e utensílios de cozinha com produtos de limpeza. O desfecho mais frequente foi cura.
Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil/2002
Matos, G. C. de; Rozenfeld, S.; Bortoletto, M. E.
Intoxicações medicamentosas em crianças menores de cinco anos
Conhecer a magnitude das ocorrências de intoxicações em crianças menores de cinco anos, no Brasil.
151.000 casos de intoxicações humanas. Quase um terço - associado a medicamentos, sendo que cerca de 40.000 casos ocorreram entre crianças menores de cinco anos. O maior número de casos correspondeu aos descongestionantes nasais, analgésicos, broncodilatadores, anticonvulsivantes, anti-histamínicos e contraceptivos orais. Os descongestionant
Falta de um sistema único de classificação de medicamentos para coleta de dados e cruzamento das informações. Campanhas pelo uso correto das medicações.

21
es nasais, anticonvulsivantes, anti-histamínicos e expectorantes foram responsabilizados pelos óbitos. Conforme o SINITOX as principais circunstâncias dos eventos foram o acidente individual, o erro de administração e o uso terapêutico.
Revista de Saúde Pública/2000 Carrazza, M. Z. N.; Carrazza, F. R.; Oga, S.
Clinical and laboratory parameters in dapsone acute intoxication.
Determinar a gravidade da intoxicação aguda por dapsona (DDS) usando parâmetros clínicos e laboratoriais.
Sinal clínico mais prevalente: cianose (56,7% dos casos e 100% em menores de 5 anos)
O grupo 1 (menores de 5 anos) apresentou o menor consumo do medicamento – de 1 a 4 comprimidos.
Jornal de Pediatria(RJ)/2003 Bucaretchi, F.; Dragosavac, S.; Vieira, R. J.
Exposição aguda a derivados imidazolínicos em crianças.
Estudar a exposição aguda a derivados imidazolínicos em crianças com idade inferior a 15 anos, atendidas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 1999.
Atendidas 72 crianças de 02 meses a 12 anos. 51,4% dos casos eram do sexo feminino. Exposição em 46 casos foi por via oral. Não ocorreram óbitos.
Contra-indicação deste grupo de fármacos para menores de 02 anos. Rápida regressão dos sintomas.
Cadernos de Saúde Pública/2006 Padula, N. A. de M. R.; Abreu, M. H. de; Miyazaki, L. Y.; Yomita, N. E.
Intoxicação por chumbo e saúde infantil: ações intersetoriais para o enfrentamento da questão.
Contribuir para a discussão da complexa questão que envolve a saúde e o ambiente.
Detectadas 314 crianças com níveis de plumbemia igual ou superior a 10µg/dl. Contaminação ambiental.
Descontaminação e monitorização da área para evitar intercorrências futuras.