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Editora Brasil Seikyo Terceira Civilização - Edição 513 - 14/05/2011 - Pág.56 - Entrevista
Impresso por Joana Pacheco Horta (723094-0) página 1
Terceira Civilização - Entrevista
A cultura de paz existe na vida do indivíduo
O Prof. Dr. Mohamed Habib nasceu no Egito e, desde os anos 1970, vive no Brasil. Graduou-se em 1964 na Universidade de Alexandria, Egito, e hoje é professor e pró-reitor da Unicamp (Universidade
Estadual de Campinas). Já publicou mais de duzentos trabalhos em periódicos científicos internacionais
e orientou mais de quarenta teses. Mohamed recebeu, entre outros, o título de “Grande Defensor da
Ecologia” e foi contemplado com a Medalha dos Direitos Humanos, pela Presidência da República.
Ele admira de longa data as ações da SGI, e já proferiu palestras por diversas vezes em eventos
promovidos pela BSGI. Nesta entrevista, ele analisa as questões mundiais e o papel da SGI: “Para nós,
ele [Dr. Daisaku Ikeda] é nossa voz quando entramos em desespero.
Atualmente, precisamos dele mais do que nunca”.
Construir uma cultura de paz é possível? Podemos imaginar que perseguir o sonho, o desejo
máximo, de construir uma cultura de paz seja missão impossível. No entanto, ao aplicarmos um pouco
da sabedoria popular, que representa a grande escola da evolução intelectual do homem, podemos
visualizar um caminho. Dessa sabedoria popular, aprendi alguma coisa com meu pai. Ele era um
homem muito simples, nunca sentou numa carteira escolar, mas aprendeu na escola verdadeira da
vida. Certa vez, perguntei-lhe: “Puxa pai! Essa matéria é muito difícil, só quero nota 5”. Ele me
respondeu: “Você nunca terá nota 5 desse jeito. Você deve objetivar a nota 10. Não vai conseguir 10,
porque imagina ser impossível. Contudo, 9 você acha muito difícil; 8 vai precisar de muito esforço, mas7 é garantido, pois você acredita que pode alcançar”. O que quero dizer com isso é que nunca devemos
abrir mão do nosso desejo máximo de construir uma cultura de paz. Há certa distância entre uma
coexistência harmoniosa e a cultura de paz, assim como entre a nota 7 e a 10. Por isso, não podemos
fazer da coexistência harmoniosa nosso desejo máximo, senão, nunca a alcançaremos. Embora
conscientes de que seja praticamente impossível, se fizermos da cultura de paz nosso desejo máximo,
isso fará a coexistência harmoniosa ser possível para nós.
Por que tendemos a acreditar que uma cultura de paz é impossível? Porque ela entra em choque
com vários componentes da natureza humana. Possuímos alguns componentes genéticos
responsáveis pela competição. Essa competitividade existe na natureza humana com o propósito de
beneficiar nossa espécie. Porém, transformamos esse espírito competitivo numa disputa de interesse
pessoal e imediatista. Essas questões não nos beneficiam. Não têm nada a ver com a preservação
sustentável da raça humana. O que vemos hoje, em vários setores, é essa disputa, que põe nossa
espécie em risco de desaparecer. Por exemplo, nas salas de aula, existe a disputa para premiar o
primeiro da classe. Esse modelo de qualificação dos indivíduos é questionável. Pois visa apenas
qualificar o indivíduo com um único objetivo de capacitá-lo profissionalmente, para exercer determinada
atividade. Essa competição que beneficia um ou outro dentro da espécie humana não é ética e deve
ser tirada do nosso cotidiano, porque leva a raça humana à ruína. A competição deve prevalecer
somente nas questões que sustentem e beneficiem a preservação da vida como um todo.
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Desse lado negativo da competição, qual exemplo demonstra o efeito prejudicial para a
humanidade? Um exemplo extremo do uso do talento humano contra a própria espécie é o da
tecnologia da morte. A indústria da morte depende de físicos, biólogos e químicos nota 10, entre outros.
Esses profissionais nota 10 são frutos do modelo educacional baseado no lado negativo da competição.
O ideal seria se existisse, com esse diploma dos jovens nota 10, outro certificado comprovando queesse indivíduo foi aprovado no contéudo da construção da cidadania. Isso demonstraria que ele é ético,
fraterno, solidário, tolerante. Ele deseja a seu semelhante o mesmo para si. Um cidadão com esse perfil
ético e com o conhecimento que acumulou para ser nota 10 em química, física, biologia será um
indivíduo comprometido com a competição que visa à preservação da espécie humana.
Algumas pessoas imaginam que a cultura de paz seja útopica, porque acreditam que ela seja
responsabilidade dos líderes mundiais e está fora do contexto de sua realidade. De onde esse indivíduo
pode agir para beneficiar a paz? A partir do cotidiano desse indivíduo. A cultura de paz deve existir
como um desejo no dia a dia das pessoas, para ser mais fácil de ser visualizada. Quando digo que me
contento que essa cultura seja o sonho máximo para tornar possível a coexistência harmoniosa, não
quero ser radical, e sim mostrar que a cultura de paz não se aplica somente quando falamos de
conflitos e guerras. Ela é com frequência associada erroneamente com a ausência de guerras, por isso,
para o cidadão comum, se torna um objetivo utópico. A paz não é o outro lado da guerra. O outro lado
da guerra é a não guerra. Vamos falar da harmonia no cotidiano da sociedade humana. A paz existe na
vida do indivíduo. Aquele que tem intelecto bem desenvolvido e possui a capacidade de dialogar não
tem por que matar ou morrer. Não devemos discutir regulamentos para a guerra, ela não deveria nem
mesmo existir. É essencial que se busque o grande sonho de uma cultura de paz e harmonia social no
cotidiano da sociedade humana.
O que seria essa coexistência harmoniosa no cotidiano da sociedade? Quando falamos do desejo
de construir uma sociedade harmônica, estamos nos referindo à conduta dos profissionais altamente
qualificados no dia a dia da sociedade, nas tecnologias que desenvolvemos, no alimento que
produzimos, na saúde que temos de cuidar, na habitação, na moradia. Estamos levando em conta as
condições mínimas para assegurar a dignidade humana. Estes são alicerces de uma cultura de paz;
sem isso, não tem o que discutir. Não posso fechar os olhos para a situação que a humanidade está
passando para olhar somente a questão da guerra. Estarei enganando não só a mim, mas a todos que
ouvem minha manifestação. A situação é muito mais complexa. E não me refiro apenas sobre a
exclusão social, entre pobres e ricos. Também incluo o sofrimento do rico. O modelo civilizatório é tãoperverso que o rico está sofrendo tanto quanto o pobre. Pois esse modelo nos faz buscar a riqueza
como única meta de vida e não oferece solução para dar fim ao sofrimento humano. Quando falamos
dos nossos sonhos de construir uma cultura de paz, o caminho é pensar no cotidiano e na aplicação
dos conhecimentos que acumulamos. Erramos ao acreditar que o conhecimento deve se conectar com
o capital para produzir um produto ou um serviço a ser vendido para ganhar dinheiro. Neste modelo
perverso, aquele que tem dinheiro sofre e o que não tem sofre do mesmo jeito.
Que exemplo teríamos da perversidade desse modelo civilizatório? Exemplo bastante claro é o do
recente acidente nuclear de Fukushima. Ali está um exemplo do uso equivocado do conhecimento. OJapão, que no passado sofreu com as bombas atômicas, deveria dar o exemplo e não permitir a
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construção de usinas nucleares. Um país que foi mordido pela cobra deveria passar a vida inteira com
medo de qualquer linguiça. Queremos gerar eletricidade. Ótimo! Precisamos de energia, ela é
fundamental. Mas construir usinas nucleares para gerar eletricidade, sem estar preparado para um
acidente nuclear e sem possuir a tecnologia capaz de desativar a radioatividade do lixo atômico, é
irracional. Basta um quilograma de lixo radioativo para causar câncer em todas as pessoas do planeta.Nós temos centenas de toneladas de lixo radiativo. Corremos o risco da extinção porque esse modelo
civilizatório prioriza lucros econômicos.
É urgente a solução para essa questão. Sim, por isso, gostaria de aproveitar esta entrevista para dizer
que precisamos de lideranças que alertem o mundo sobre os perigos da tecnologia nuclear. Estamos
sujeitos a países pobres que querem desenvolver essa tecnologia. Esses países não têm condições
mínimas de manter o funcionamento seguro das usinas, nem mesmo o Brasil, com as Usinas de Angra
dos Reis. Por milagre, não aconteceu um desastre radiotivo aqui. O Dr. Ikeda é referência mundial, por
sua competência, pelo sucesso que obteve na conquista de soluções pacifícas para diversas questões
que assolaram a humanidade. Gostaria que ele levantasse essa bandeira das fontes seguras de
energia. Vamos aprender com a natureza a buscar fontes seguras de energia.
O que podemos aprender com a natureza sobre fontes seguras de energia? Todos os dias a
natureza nos ensina, por meio do próprio exemplo, sobre o uso da energia. Basta aprender com ela. A
natureza usa fontes energéticas inesgotáveis, limpas e seguras. Inesgotáveis, para garantir a
continuidade do fornecimento; limpas, para preservar o ambiente; e seguras, para a saúde humana. O
Sol, as marés, o vento são fontes com esse tripé. A energia solar, por exemplo, estará disponível por
muito tempo, não deixa poluentes e sua utilização não prejudica a saúde. A cada amanhecer, essa
mensagem é dada pela natureza. E o homem, sem levar isso em consideração, vai à cesta de lixo, istoé, no fundo da terra, para extrair o carvão, que deveria permanecer por lá para não afetar o ar
atmosférico e não provocar o efeito estufa e o aquecimento global. As tecnologias para gerar energias
inesgotáveis, limpas e seguras podem ser mais caras, mas preservam vidas.
Qual é a questão a ser solucionada para o uso de fontes de energia com essas três qualidades?
A questão não é de onde vamos tirar a eletricidade. A questão é nos libertarmos do interesse
econômico-financeiro. O povo pode, pacificamente, exigir soluções e sensibilizar aqueles que detêm o
poder econômico a pensar no futuro de seus filhos, netos e descendentes. O mundo não é nosso. Ele
está sob nossa custódia e responsabilidade. Vamos construir o cotidiano, usando outros conceitos, enão apenas o econômico e financeiro. Essas fórmulas foram catastróficas para a humanidade. Vamos
inventar equações e fórmulas cujo resultado da multiplicação seja fraternidade com solidariedade; e o
do produto somado à tolerância seja igual a harmonia. Enfim, novas equações que temos de criar para
tornar a coexistência harmoniosa possível.
Qual é sua visão da proposta de revolução humana do presidente Ikeda como caminho para a
construção de uma cultura de paz? A revolução humana é a alternativa aos valores materialistas
fracassados que nos baseamos nos últimos séculos. Os valores que o Dr. Ikeda defende são valiosos
para a estabilidade da sociedade humana, pois respeitam a diversidade da raça humana. Ele nosensina que ser diferente não significa ser antagônico, mas sim alguém que completa, contribui,
complementa. Por exemplo, não há como construir um relógio com todas as peças iguais. Outro
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exemplo: nossos dedos são diferentes. Eles fazem da nossa mão um belo instrumento, que o homem
nunca foi capaz de reproduzir com perfeição.
Existe alguma contradição nos valores de igualdade e diversidade? Não há nenhuma contradição
entre diversidade e igualdade para manter uma sociedade em harmonia. Por exemplo, posso gostar de
cinema e você, de teatro. Essa diversidade é necessária para que o interesse pelo cinema e pelo teatro
continue na nossa sociedade. Devemos lutar pela igualdade dos nossos direitos, para nos mantermos
diversificados. Preciso ter o direito de estudar, de morar, de cuidar da minha saúde, viver seguro e
tranquilo quando andar à noite. A diversidade está no ambiente, na ecologia, nas nossas relações e nos
nossos hábitos e culturas. Diversidade e igualdade são fundamentais para nossa existência. São
valores que o Dr. Ikeda defende.
A Soka Gakkai é um exemplo de aplicação dos valores defendidos pelo presidente Ikeda. Como
o senhor analisa a SGI? Vou tratar desta questão como acadêmico. A SGI, em curto período, saiu do
Japão e se estendeu para 192 países e territórios. Esse feito comprova seu crescimento, comparado aoutras espiritualidades conhecidas em todo planeta há milhares de anos. O tripé que sustenta a filosofia
da SGI é formado pela educação, pelo meio ambiente e pelos direitos humanos. Norteada por esses
três pontos, a instituição liderada pelo Dr. Ikeda, alcançou 12 milhões de membros que acreditam nessa
ideia. Estamos falando de um projeto com enorme capacidade criado por ele. E creio que ele tenha
superado outras grandes personalidades. Por exemplo, comparamos o Dr. Ikeda com Gandhi e o Dr.
Martin Luther King Jr. Mas existe uma diferença entre eles. Apesar de Gandhi e King defenderem
princípios e valores universais, o interesse deles era geograficamente localizado. Já o Dr. Ikeda
defende os mesmos valores universais, mas numa dimensão global. Esta é a diferença. Comprovamos
isso ao admirarmos a foto de uma reunião da SGI. Ali, vemos a mistura de povos. Isso é maravilhoso! Éuma instituição que aplica internamente os valores da diversidade, antes de divulgar para a sociedade.
Isso é bonito. Como aquele famoso ditado que diz: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. A
SGI, ao contrário, é um exemplo de “faça o que eu faço.”
Qual é sua análise sobre a origem da força da SGI? Creio que essa força está no exemplo de
atuação comprometida do Dr. Ikeda e no empenho de seus membros que compartilham dos mesmos
valores. Desde a sua fundação, a SGI trabalha com valores fundamentais para a sobrevivência
harmoniosa da existência humana. O Dr. Ikeda empenha-se no trabalho dele; seu esforço é imenso. É
raro encontrar um homem no mundo com a energia dele em prol da paz. Ele trabalhou muito paradifundir essa missão entre os associados em 192 países. Vejam quantos “canteiros de valores” foram
cultivados, e esses “canteiros” estão em plena produção. A SGI é um projeto que possui todos os
indicadores de sucesso. A Organização cresceu graças ao conteúdo e às pessoas que acreditaram, se
tornaram membros e são multiplicadores de ideias. Sou grande entusiasta, e falo muito da SGI. O
mundo vai precisar dessa Organização. A realidade que estamos vivendo necessita muito de
instituições com esse perfil.
Qual é a análise que o senhor faz do impacto do Dr. Ikeda como líder religioso? Tento lidar com
essa questão, mantendo certo equilíbrio em minha fala. Pois, quero colocar como referência, emprimeiro lugar, o ideal; em segundo, a instituição; em terceiro, o líder. Uso o critério da perenidade, para
pôr certa ordem. O mais perene são os valores. Em seguida, vêm as instituições que divulgam tais
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valores. Depois, são as pessoas. Nós estamos de passagem, as instituições continuarão. E esses
valores existirão enquanto a humanidade existir. O Dr. Ikeda é instrumento dos valores criados durante
a evolução cultural da nossa espécie. Ele é um exemplo de ser humano que aplica esses valores. Ao
ensinar a importância deles, o Dr. Ikeda é um educador que lidera uma instituição cujo papel é divulgar
e convencer sobre a importância desses valores.
O senhor poderia exemplificar essa “escala” de perenidade? Usarei o exemplo da minha
espiritualidade. Há 1.400 anos, quando o profeta faleceu, os adeptos da religião islâmica ficaram
desesperados e desistiram do projeto. Eles não tinham mais o líder, e se sentiram desamparados. Um
velho sábio que viria a substituir o profeta como governante muçulmano disse: “Quem adorou o profeta
confundiu-o com Deus. O profeta morreu, podem ir embora. Fiquem apenas aqueles que o tratavam
como ser humano e adoravam a Deus. O ‘profeta ser humano’ morreu, mas nossa adoração a Deus
permanece, e o projeto continua”. Quem estava em desespero compreendeu que os valores eram mais
importantes que o profeta. Nós acreditamos no projeto, na instituição, e vivemos de acordo com osvalores. Essa lição, que é da minha espiritualidade, me leva a respeitar o Dr. Ikeda e o profeta da minha
religião como seres humanos. Eu os respeito. Mas aprendi com eles que tenho de pôr os valores como
ideais perenes. Como eu disse, o Dr. Ikeda é instrumento, embaixador da paz e ferramenta que
precisamos para ter voz em todas as instâncias na busca da convivência harmoniosa. Eu me
desesperei com o terremoto do Japão. Pensei: “Isso deve servir como alerta”. E quem nos alertaria? O
primeiro nome que veio à mente foi o do Dr. Ikeda
E a seu ver, de que forma ele faria isso? Por meio do tripé: educação, meio ambiente e direitos
humanos. Educação é o uso correto do conhecimento. O meio ambiente é nossa casa. Se ela for
destruída, não temos aonde ir. E quanto aos direitos humanos, temos de respeitar o outro. Isso vale
tanto para as pessoas hoje como para as gerações futuras. Em minha visão, o Dr. Ikeda é o homem
que não sofre nenhum tipo de opressão. Ele é livre para apresentar propostas mundiais, pois sua
instituição não depende de nenhum organismo internacional. Para nós, ele é nossa voz quando
entramos em desespero. Atualmente, precisamos dele mais do que nunca. As usinas nucleares no
Japão devem motivar uma nova proposta, em razão da urgência da situação. Suas prospostas, neste
momento de desespero, levam nossa voz até os organismos internacionais. Ele também pode propor
algo relacionado com o que vem acontecendo, por exemplo, no Oriente Médio. Foi decisiva a maneira
como o Dr. Ikeda trabalhou em relação ao preconceito contra os turcos e os muçulmanos. Sua voz é a
esperança para o Oriente Médio viver dignamente. O embaixador da paz e da harmonia social precisa
se pronunciar. Precisamos do Dr. Ikeda hoje, mais do que nunca.
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PALESTRA. Habib palestrou em abril na BSGI em
evento da Coordenadoria Cultural
PRESENÇA. Ao lado de outras personalidades, como o
músico Amaral Vieira, Habib visitou a Exposição Sutra de
Lótus no CCDI