A DEFASAGEM DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO USO DE RECURSOS DE … · qualidade não teria os meios para...
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A DEFASAGEM DAS CIÊNCIAS SOCIAIS NO USO DE RECURSOS DE INFORMÁTICA PARA O ENSINO E A PESQUISA NO BRASIL
Ronaldo Baltar [email protected] A defasagem das ciências sociais no uso de recursos de informática para o ensino e Sociólogo, Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (1996), Supervisor do Sistema de Informações do Instituto Observatório Social (São Paulo) e Professor do Departamento de Ciências Sociais, Universidade Estadual de Londrina. Campus Universitário. Cláudia Siqueira Baltar [email protected] Demógrafa e Cientista Política, Doutora em Demografia pela Unicamp (2008). Pesquisadora do Núcleo de Estudos Populacionais – NEPO, Unicamp.
Resumo O artigo aborda a defasagem das ciências sociais no Brasil em relação à utilização de recursos de informática para a pesquisa e o ensino médio e universitário. Constata‐se um crescimento contínuo nos últimos dez anos do acesso a computadores e Internet nos domicílios e escolas. Este crescimento pressiona as escolas e universidades a reverem os métodos educacionais e de pesquisas para incorporar novos recursos, fontes de dados e formas de comunicação. As ciências sociais no Brasil não incorporaram os avanços da informática dos anos 70 e 80 e tendem a abordar este debate sobre a forma de “métodos informacionais” versus “métodos sociológicos”. O artigo apresenta a proposta de recuperação desta defasagem através da disseminação e capacitação do uso de fontes e recursos analíticos de disseminação de dados disponíveis online em instituições como o IBGE, IPEA, GapMinder e SatPlanet, entre outros.
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O potencial do uso de informática para o ensino e à pesquisa em ciências sociais Qual é o potencial que o uso da informática oferece ao ensino e à pesquisa em ciências sociais e das ciências humanas? Este texto pretende levantar alguns elementos para ajudar a responder a esta questão, baseado no resultado, ainda preliminar, projeto de ensino e pesquisa "Informática Aplicada ao Ensino e à Pesquisa em Ciências Sociais"1, com os seguintes objetivos:
• explorar o potencial de recursos de informática para a pesquisa e o ensino em Ciências Sociais (sociologia computacional);
• introduzir o uso software especificas para pesquisa quantitativa e qualitativa; • disseminar o uso da internet como fonte de dados para as Ciências Sociais; • capacitar estudantes para usar e desenvolver recursos na Internet como ferramenta de
auxílio ao ensino de Ciências Sociais.
A realização de um projeto como este, em um primeiro momento, é facilitada pelo uso já bastante disseminado de recursos de informática entre pesquisadores, professores e estudantes de ciências sociais. Diversos programas governamentais têm permitido o acesso e a “naturalização” do uso da informática por uma parte cada vez maior da população brasileira, sobretudo entre a parcela com menos de 30 anos. Segundo dados do IBGE, no Censo de 2000, apenas 10,27% dos domicílios brasileiros tinham computadores2. No Censo de 1991, este quesito não fazia parte do questionário. Em um estudo complementar da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (PNAD) de 2005, sobre o uso de Internet e posse de telefone celular, o IBGE constatou que 21% dos brasileiros haviam acessado a Internet nos três últimos meses anteriores à pesquisa. Destes, 50% acessaram de suas residências. Outros 39,7% acessaram do trabalho; 25,7% usaram a Internet da escola; 10% acessaram de telecentros gratuitos e 21,9% de telecentros (cyber‐café) pagos. Ainda outros 31,1% não identificaram o local de acesso 3. Em 2009, segundo a PNAD do IBGE, o número de domicílios com computadores no Brasil já superava 34%, sendo 27,39% com acesso à Internet, conforme o Gráfico 1.
1 Projeto realizado no Departamento de Ciências Sociais ‐ Centro de Letras e Ciências Humanas na Universidade Estadual de Londrina, coordenado pelo professor Ronaldo Baltar e com a colaboração da Profa Cláudia Siqueira Baltar. 2 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Censo 2000. 3 Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005.
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Gráfico 1 Existência de microcomputador, acesso à Internet, Domicílios particulares permanentes (Percentual) ‐ Brasil
Notas: 1 ‐ Até 2003, exclusive a população da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá; 2 ‐ A partir de 2007: a categoria Sem declaração não foi investigada. Fonte: IBGE ‐ Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Certamente há disparidades e desigualdades no acesso à informática no Brasil, conforme apontam Sorj e Guedes (2005) ao ressaltarem que a qualidade, o custo e o tempo de acesso são indicadores de inclusão digitais mais importantes do que a existência ou não de computadores nos domicílios. Da mesma forma, Mattos e Chagas (2008) argumentam que as diferenças cognitivas também são limitadores à inclusão digital. Segundo os autores, mesmo com acesso à informação disponível nos meios digitais, parcela da população excluída do sistema de ensino de qualidade não teria os meios para aproveitar todo o potencial da “nova era de informática”. Mesmo levando‐se em consideração estas ressalvas no que diz respeito à interpretação da “inclusão” digital no Brasil, o dado perceptível, é que o acesso à informática vem aumentando. Entre 2000 e 2009 o número de domicílios sem computador caiu de quase 90% para 65,31%. Estes números têm um impacto nítido nas Universidades Públicas brasileiras.
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Gráfico 2 ‐ Domicílios particulares permanentes (Percentual) com Microcomputador ‐ ‐ com acesso à Internet – por faixa de renda, Brasil
Notas: 1 ‐ Até 2003, exclusive a população da área rural de Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará e Amapá; 2 ‐ A partir de 2007: a categoria Sem declaração não foi investigada. Fonte: IBGE ‐ Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Conforme se pode observar no Gráfico 2, os dados da PNAD demonstram o crescimento de domicílios com computador e com acesso à Internet, principalmente na faixa de renda até 10 salários mínimos. Estes números, como ressaltado acima, se não indicam que há um processo de inclusão digital dos setores sociais tradicionalmente excluídas no Brasil, certamente permite identificar o avanço no uso de computadores entre estudantes universitários (faixa de renda familiar de 10 ou mais salários mínimos) tem sido rápido nos últimos 10 anos. Estes números são reforçados com impressões do dia a dia das Universidades. Entre os jovens com menos de 25 anos, não é raro encontrar quem vê o computador como uma extensão “natural” da vida doméstica ou do trabalho, tal como água encanada, luz elétrica e telefone. É comum o espanto quando ouvem relatos de professores ou colegas mais velhos que dizem ter crescido e estudado sem computadores, redigindo textos em máquinas de datilografia e trocando mensagens com colegas de outras cidades por carta, com envelope e selo. Estes dados sugerem que mesmo entre jovens que estão no ensino médio, o acesso à informática tem crescido no Brasil. De acordo com os dados da PNAD‐IBGE de 2005, entre os usuários com menos de 26 anos de idade, era expressivo o uso da Internet para atividades de ensino e aprendizagem.
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Gráfico 3 – Usos da Internet por média de idade, Brasil ‐ 2005
Fonte: IBGE ‐ Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, suplemento 2005. O uso de computadores e da Internet tem crescido e a sua utilização tem sido aproveitada para o ensino e a pesquisa acadêmica, sobretudo entre a população com menos de 27 anos (onde se enquadram a maioria dos estudantes universitários). Muitos alunos, desde novos, demonstram ter bastante familiaridade com o uso de computadores. Mas esta desenvoltura com o uso de informática aparentemente esconde o fato de que normalmente as habilidades aprendidas por jovens no uso diário da informática, voltam‐se mais para o entretenimento e relacionamento pessoal: emails, jogos, música, blogs, fotos, vídeos, acesso às diferentes redes sociais ou simplesmente leitura (“navegação”) de páginas na Internet. A atividade de educação, embora seja utilizada com freqüência, conforme os dados da PNAD, ainda precisa ser discutida com mais eficiência, sobretudo nas ciências sociais. Também boa parte dos professores − alguns com menos, outros com mais dificuldade – quando usam a informática para realizar tarefas além do entretenimento pessoal, não usam recursos muito diferentes do que se utilizava há 30 anos. O computador serve, em muitos casos, como máquina de escrever para redigir textos, para ler cartas e para ler notícias em jornais e revistas e para realização de atividades bancárias. Segundo estudo de Joly e Silveira (2003), sobre a aplicação educacional da tecnologia da informação, embora os professores reconheçam a relevância do uso de recursos de informática na educação, ainda não conseguem utilizá‐los efetivamente. Quando o computador entra em sala de aula, especialmente em cursos de ciências sociais (sejam universitários, seja no ensino fundamental ou ensino médio), normalmente aparece como substituto das enciclopédias. É a fonte de consulta rápida, através das várias fontes disponíveis
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na Internet, para ilustrar os temas abordados nas aulas. O aluno recebe como atividade extra‐sala (“dever de casa” no ensino fundamental e médio; ou “trabalho” na Universidade) a tarefa de “pesquisar” um assunto, tema ou período histórico. O aluno transcreve (ou simplesmente copia) o conteúdo (nas universidades a cópia é repreendida como plágio, mas no ensino médio é incentivada muitas vezes). Do mesmo modo se fazia décadas atrás, só que os alunos costumavam “pesquisar” o conteúdo das aulas nas enciclopédias impressas ou livros de referência. Alguns professores adotam uma atitude “crítica”, condenam o uso da informática e da Internet como um “empobrecimento” da formação do aluno, seja na universidade seja no ensino médio e fundamental4. Outros vêem a facilidade de acesso ao conteúdo como uma inovação e estímulo aos estudantes, reforçada pelo conceito de “inteligência coletiva” (Levy: 1998, p.127). Comum também é a suposição de que a informática é parte da formação cultural da geração de estudantes que entrou em sala de aula após a década de 90; e, assim sendo, é o meio de comunicação e de cognição ao qual escola e professores têm que se adaptar, sob o risco de não conseguirem mais transmitir os conteúdos e habilidades previstas nos currículos escolares (FERNANDES, 2004: 62). Se por um lado é discutível o uso que se faz da Internet e da informática como instrumento educacional, por outro é significativo o crescimento do número de computadores e de acesso a rede mundial nos domicílios brasileiros. Isso coloca em questão, sobretudo para as ciências sociais, os usos e impactos que a tecnologia da informação pode trazer para o ensino e à pesquisa em sociologia, antropologia, ciência política e demais áreas correlatas. Não só nos domicílios e entre os usuários privados têm crescido o uso de computadores e da Internet na última década. Resultado de vários programas de estímulo à modernização dos instrumentos de ensino, as escolas de ensino fundamental e médio no Brasil também vem aumentando a disponibilidade de computadores para professores e alunos, bem como introduzindo o acesso à Internet nas escolas.
4 Em 2007, por exemplo a Universidade Middlebury proibiu que os seus estudantes citassem a Wikipédia como fonte de consulta. A medida foi tomada após a constatação de um erro sobre história japonesa. Em entrevista ao jornal The New York Times, o fundador da Wikipédia, Jimmy Wales, concordou coma medida da Universidade, exemplificando que esta é a política da Wikipédia: não utilizar o conteúdo de enciclopédias (obra de referência, portanto sumária) para pesquisas aprofundadas sobre qualquer tema. O problema segundo Walles, não é a Wikipédia ou a Internet, mas o uso de enciclopédias (obras de referência) para a pesquisa escolar ou acadêmica. A mesma proibição deveria valer em todas as universidades e para todas as enciclopédias, tal como a Barsa ou a Britância, seja na versão digital ou impressa. Fonte: Wikipedia é banida como fonte escolar. Globo.com, 22/02/2007. Disponível em < http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL6971‐6174,00‐WIKIPEDIA+E+BANIDA+COMO+FONTE+ESCOLAR.html>, Acessado em 24 jun. 2010.
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Gráfico 4 ‐ Estabelecimentos do Ensino Fundamental com acesso à Microcomputador e Internet ‐ Brasil
Nota: 2006 ‐ número de escolas com acesso à Internet não disponível. Fonte: MEC/INEP, EDUDATABRASIL ‐ Sistema de Estatísticas Educacionais Conforme se pode observar nos gráficos 3 e 4, de acordo com os dados do INEP, o número de escolas do ensino fundamental e ensino médio com microcomputadores quase duplicou entre 1999 e 2006. O número de escolas com acesso à Internet aumentou mais ainda no mesmo período. Segundo a PNAD‐IBGE de 20055, do total de pessoas que acessavam a Internet no Brasil, 71% utilizava este recurso como fonte de ensino. Entre os estudantes, 91% acessavam a Internet para realizar trabalhos escolares.
5 IBGE, Suplemento da Pesquisa Nacional Por Amostragem de Domicílio (PNAD), 2005.
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Gráfico 5 ‐ Estabelecimentos do Ensino Médio com acesso à Microcomputador e Internet ‐ Brasil
Nota: 2006 ‐ número de escolas com acesso à Internet não disponível. Fonte: MEC/INEP, EDUDATABRASIL ‐ Sistema de Estatísticas Educacionais O uso de computadores e da Internet ainda é seletivo no Brasil (o número médio de anos de estudo entre os usuários da Internet era de 10,7 anos) e ainda reflete as desigualdades sociais e regionais no país (a maior parte dos internautas estava nas regiões Sul, Sudeste e Centro‐Oeste em 2005). Mesmo assim, pode‐se observar que o ritmo de crescimento do uso da informática nas escolas e nos domicílios brasileiros, ao longo dos últimos 10 anos, impõe desafios para o futuro da pesquisa e do ensino, sobretudo para as ciências sociais, que ainda está iniciando a reflexão sobre o impacto deste processo na formação, na pesquisa e na transmissão de conteúdos próprios no ensino médio e universitário. O dilema metodológico sobre o uso de informática para a pesquisa e o ensino de ciências sociais Não há ainda um conjunto de estudos sistematizados em ciências sociais no Brasil sobre o crescimento da tecnologia da informação nas escolas e nos domicílios do país e a formação acadêmica na área. Outras áreas, como a matemática, geografia, língua portuguesa, psicologia, medicina, enfermagem, é mais comum encontrar artigos e projetos de pesquisas voltados para aprimoramento do uso de recursos de informática no ensino e na pesquisa. Em ciências sociais, o desenvolvimento de ferramentas de informática, chamadas por alguns pesquisadores como "metodologias informacionais", ainda está envolto em um dilema metodológico, sobretudo para a sociologia. Esta questão se torna mais relevante na medida em
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que o ensino de sociologia tem se disseminado ano a ano no Brasil em todos os estados (Moraes, 2003). Discutir o uso de tecnologia da informação no ensino fundamental de ciências sociais requer uma reflexão sobre o uso de ferramentas de informática na pesquisa e na formação universitária. A utilização do potencial que a Internet e a computação oferecem para as ciências sociais torna necessário que os profissionais da área incorporem este tipo de instrumental entre os recursos analíticos necessários para interpretar e explicar os fenômenos sociais. Contudo, ainda é comum observar um misto de espanto, encatamento e temor nos artigos e apresentações sobre o uso de ferramentas de informática em sociologia. Muitos profissionais da área de ciências sociais demonstram ainda se impressionar com efeitos de apresentação de slide em datashow. Citam programas de computador (SPSS e NVivo são os mais comumente citados), como se houvesse no software alguma capacidade intrínseca de formulação de conhecimento, não como ferramenta. Temem o que desconhecem e por isso demonstram um receio ingênuo em relação a que consideram as "novas tecnologias" ou "novas metodologias informacionais" (SANTOS:2001) O ritmo acelerado de expansão do uso de informática nas residências, empresas e escolas, exerce uma pressão para uma adaptação metodológica das ciências sociais. Ao mesmo tempo, emerge entre boa parte dos cientistas sociais uma resistência, baseada no receio em se perder a "essência" da sociologia. O sociólogo da Universidade de Campinas ‐ Unicamp, Thomas Dyewer, ilustra este dilema com o título de uma palestra publicada na Revista Sociologias (do programa de pós‐graduação em Sociologia da UFRGS): "As tecnologias da informação: morte ou vida para as ciências humanas?" (DWYER, 2004). Segundo o autor, as ciências humanas podem "morrer" de duas formas. Ao não se adaptarem ao "novo" ‐ denominado de "novas metodologias informacionais" – poderiam se tornar obsoletas, defasadas. Por outro lado, ao se subordinarem à lógica dos "métodos informacionais" também poderiam morrer "por deixarem as "tecnologias" dominarem a disciplina ‐ "dominar a perspectiva que as pessoas têm sobre aquilo que elas devem fazer" (DYEWER, 2004). O alerta é importante, mas reforça uma interpretação que tem aumentado a defasagem das ciências sociais em relação em relação a outras disciplinas, sobretudo no uso potencial de fontes de dados e técnicas de análise baseadas nos avanços da informática nas últimas décadas. Este tipo de postura influencia não apenas a formação universitária e a pesquisa acadêmica, mas também se reflete no ensino de sociologia no ensino fundamental e básico. Sobretudo pela disseminação do receio de uma possível dominação da disciplina pelo uso de "métodos quantitativos", que seriam contrários à tradição humanista (crítica) e reflexiva (filosófica) das ciências sociais.
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O próprio termo "metodologias informacionais", cada vez de uso mais corrente, reforça este equívoco. Implicitamente supõe que os usos de técnicas de informática são em si um novo método, um novo "campo do saber" para a sociologia, como se pode observar na discussão elaborada por BAUMGARTEN e TEIXEIRA (2007) Não existem "metodologias informacionais", o que existe são programas, recursos ou ferramentas de informática que se aplicam à pesquisa ou ao ensino. Quando um pesquisador utiliza um programa como o SPSS ou R para avaliar um conjunto de dados, certamente utilizará estatísticas que foram criadas a mais de cinqüenta anos atrás. O programa não cria um novo método matemático. O pesquisador é que deve fazê‐lo. Da mesma forma, quando em uma pesquisa qualitativa se recorre ao recurso de codificação, cruzamento e recuperação de categorias (nós), utilizando um programa como o Nvivo, estão se implementando a mesma "técnica da caixa de sapatos ‐ shoebox" conhecida por cientistas sociais e psicólogos desde a década de 40. O método independe do uso da tecnologia. A informática pode tornar mais abrangentes, mais profundos, mais rápidos, mais eficientes determinados métodos. Mas não irá criá‐los. Os pesquisadores irão criar os métodos e, se para tanto tiverem capacitação, irão codificá‐los em programas de computador. Deve‐se ter claro também que o risco de deixar o método ou os conceitos genéricos e abstratos dominarem a pesquisa é o mesmo em abordagens qualitativas ou quantitativas, seja com ou sem o uso de informática. Diversas dissertações e teses que tratam de análise de conteúdo, por exemplo, ocupam mais páginas discutindo a supremacia metodológica de determinadas abordagens do que efetivamente aplicando adequadamente o método escolhido ao corpus da pesquisa. Também não é raro encontrar textos em ciências sociais que se detém na defesa teórica de determinado autor, mesmo quando em oposição clara à realidade a que se refere o estudo. Em ambos os casos, o problema de pesquisa, fica em segundo plano, a análise sociológica desaparece no meio da retórica ou da afirmação ideológica. Este risco não é maior nem menor por se utilizar métodos quantitativos, qualitativos ou que se chama de "pesquisa teórica". Também não é maior em pesquisas que se utilizam de ferramentas de informática em relação às que não utilizam tais ferramentas. É um risco inerente a uma sociologia despreparada e descomprometida em responder de forma científica os problemas que tem origem na realidade histórica, concreta. As ciências sociais, e a sociologia em especial, certamente correm sério risco de obsolescência. Mas este risco não se refere aos tipos de instrumentos utilizados para a pesquisa. Decorre de dois problemas: a) da própria falta de empenho e investimento dos departamentos e dos grupos de pesquisas em formar profissionais (sejam pesquisadores ou professores) capacitados para coleta, sistematização e análise de dados problemas concretos; b) da insistência em difundir como resultado de pesquisa sociológica um proselitismo recheado de conceitos "genéricos abstratos", totalmente desarticulados dos problemas que se demanda conhecimento especializado.
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Conforme já advertia Max Weber, no texto "A ética protestante e o 'espírito' do capitalismo", tendo em vista os objetivos metodológicos do pesquisador, "não se deve tentar enfiar a realidade em conceitos genéricos abstratos, mas antes procurar articulá‐la em conexões concretas" (WEBER, 2009:42). Para não tornar‐se obsoleta, a sociologia brasileira deve sair do século XIX e entrar no século XXI. Isso não significa apenas se apropriar dos recursos técnicos disponíveis para a pesquisa e o ensino. Antes e mais do que isso, é necessário romper com uma forma escolástica de pensamento que domina a produção sociológica. Da mesma forma, o pesquisador da Unicamp conclui sua em sua palestra: os fatos matam as ideologias. Na medida em que podemos ter mais fatos, acesso a mais informações para testar nossas hipóteses será tanto mais difícil para pessoas que têm uma visão essencialmente ideológica da ciência social sobreviverem, acho eu (DWYER, 2004).
Aprender a lidar com dados é fundamental para a sociologia. E do ponto do uso de técnicas disponíveis para a pesquisa, o atraso das instituições de ensino e pesquisa em ciências sociais no Brasil, em relação à algumas universidades norteamericanas, canadenses, francesas, inglesas e australianas é grande. O mesmo se dá em relação a outras áreas do conhecimento no Brasil, como já mencionado a matemática, língua portuguesa, psicologia, geografia, também já bem mais adiantas do que as ciências sociais na formação de pesquisadores capacitados a lidar com ferramentas de pesquisa mais sofisticadas (RABELO; CLAUDINO:2003). A Informática nas ciências sociais Apesar de todos os avanços da tecnologia de informática dos últimos quarenta anos, o uso de computadores nas Ciências Sociais não tem sido aproveitado em todo o seu potencial. Informática não é mais uma nova tecnologia para as ciências sociais. Desde os anos 60, com o surgimento do software SPSS (Statistical Package for Social Sciences), as ciências sociais já dispunham de ferramentas de informática para auxiliar a pesquisa e análise de dados, conforme já apresentado por Blank (1989) e Brent e Anderson (1990). O SPSS foi criado por três pesquisadores da Universidade de Chicago: o cientista social, Norman H. Nie; e dois cientistas da computação: C. Hadlai (Tex) Hull e Dale H. Bent. O software foi criado em 1968, no âmbito do National Opinion Research Center (NORC). Inicialmente foi um programa desenvolvido para auxiliar na elaboração da tese de Norman Nie. Nos anos 80, com a disseminação do uso de microcomputadores, novos software foram desenvolvidos e tornaram‐se acessíveis aos professores, pesquisadores e estudantes dos diversos ramos das ciências sociais. O SPSS, que antes era um programa para grandes computadores
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(chamados de mainframes, rondando o sistema operacional Unix), em 1984 foi comercializado em versão do sistema operacional DOS para computadores pessoais IBM. A partir daquele momento, não apenas grandes instutos de pesquisas ou empresas poderiam fazer uso deste programa, mas também pesquisadores individuais e estudantes. Neste mesmo período da década de 80, surgem os primeiros programas de computador para auxiliar a pesquisa qualitativa. Em 1980, o pesquisador australiano Tom Richards criou um programa para a codificação e análise de textos, chamado de Nud*ist. Em 1984, a empresa Qualis Research, sediada no estado do Colorado, Estados Unidos, lançou o Etnograph. Em 1989, Thomas Muhr, da Technical University de Berlin começou a projetar o programa Atlas.Ti, que trazia como novidade a possibilidade de codificar imagens e sons, além de textos. Quando começou a ser comercializado em 1993 pela empresa ATLAS.ti Scientific Software Development GmbH, pesquisadores de vários países começaram a incorporar métodos qualitativos mais apurados impulsionando estudos no campo da antropologia e a sociologia visual. A partir deste período, uma grande profusão de programas foram criados e vários tornaram‐se de acesso livro e código aberto. Este movimento, chamado de software livre e open source, não apenas dispôs para pesquisadores instrumentos de informática, mas sobretudo abriu a oportunidade para a formação de grupos abertos e comunidades de desenvolvedores colaborativos. O resultado foi a formação de uma geração de cientistas sociais, não só aptos para o uso de ferramentas de informática, mas também capacitados para o desenvolvimento técnico de programas de computadores cada vez mais adaptados à diversidade dos procedimentos metodológicos das ciências sociais. Um exemplo deste processo descentralizado e colaborativo é o pacote estatístico e linguagem de programação para análise de dados, chamado de R. Este software foi desenvolvido inicialmente na Universidade de Auckland, Nova Zelândia, em 1997 por dois pesquisadores especializados em estatística computacional: Ross Ihaka e Robert Gentleman. A intenção de ambos era criar uma versão open source do pacote estatístico comercial S (posteriormente S‐Plus), desenvolvido em 1977 por John Chambers, Rick Becker e Allan Wilks da empresa Bell Laboratories. Treze anos depois de iniciado, o projeto R é gerenciado pela Fundação R, que segue os princípios da GNU Foundation para disserminação software livre. Reúne uma comunidade composta de desenvolvedores e usuários que ultrapassou bastante a Oceania e está se tornando a linguagem padrão de análise de dados em todo mundo. Somente na Fundação R, são mais de 300 colaboradores de mais de 20 diferentes países. No Brasil, o projeto tem o suporte institucional da Universidade Federal do Paraná, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Universidade de São Paulo (USP) e ESALQ ‐ USP, Piracicaba através do CRAN ‐ Comprehensive R Archive Network. Para ciências sociais, são mais de 50 pacotes de funções específicas que cobrem uma grande diversidade de métodos, da análise qualitativa à análise qualitativa.
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Mas apesar da difusão de pacotes e software para análise de dados, o SPSS ainda é a referência para a análise quantitativa em ciência sociais, do mesmo modo que o NVivo (Nudist) e o Altas*ti são referências para a análise de dados qualitativos. Gráfico 6 – Porcentagem de Artigos Acadêmicos que citam a palavra “SPSS” em Revistas Acadêmicas indexadas Scielo por ano, 1995 a 2010
Série1
0
50
100
% artigos pub
licados
ano de publicação
Nota: Ano de 2010, dados até julho. Fonte: gráfico elaborado com resultados de consulta por palavra‐chave “SPSS” no sistema de indexação de periódicos online Scielo (http://scielo.org). Com o Gráfico 6, pode‐se observar que no Brasil e na América Latina (fontes que compõe a maioria dos artigos da base de periódicos do Scielo online), tem crescido ano a ano. Quando realizada uma busca por periódicos na base Scielo que contém em seu resumo a palavra SPSS, o resultado é um aumento de quase 100% entre 1995 e 2010. Este tipo de consulta de referência serve apenas como indicativo inicial da utilização de recursos analíticos de informática nos periódicos científicos. Uma pesquisa mais aprofundada deveria contemplar a identificação das palavras correlatas e também a busca no corpo do texto. Mesmo assim, a consistência do resultado por ano e por tema indica que a citação reflete o uso do software nas diferentes áreas de conhecimento. Ou seja, é possível inferir que, se não exatamente, ao menos há um indicativo de que nos últimos 10 anos tem aumentando a utilização do SPSS como fonte de análise de dados. Isso indica que os cursos estão preparando os pesquisadores e estudantes para manusear esta ferramenta e incentivando a disseminação de análises através dos periódicos das diversas áreas. Incluir na formação dos estudantes e pesquisadores a utilização de ferramentas de informática, como o SPSS, é um passo importante para a formação acadêmica de professores para o ensino
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médio, fundamental e de ensino superior com capacitação para desenvolver e aplicar didaticamente os recursos de tecnologia da informação. Quando os dados sobre o uso do SPSS, tomado aqui como exemplo de ferramenta de informática básica para a análise de dados (software com mais de 40 anos de uso), osbserva‐se (Gráfico 7) que é a área de saúde quem mais cita trabalhos de pesquisa com estas ferramentas. É importante ressaltar que o SPSS não é software padrão para as engenharias, geociências, agronomia, física, química, bioquímica e exatas de modo geral. Essas áreas foram incluídas apenas para demonstrar que mesmo não sendo padrão, há artigos que citam o uso deste software elaborado principalmente para uso em ciências sociais. Os artigos que citam o uso do SPSS em humanidades têm o mesmo número de citações em Agronomia e menos de 2% das citações em Saúde (área em que o software EpiInfo é de uso bem mais abrangente do que o SPSS). Gráfico 7 – Total de Artigos que citam a palavra “SPSS” em Revistas Acadêmicas indexadas no Scielo por área temática, 1995 a 2010
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Health Sciences
Agricultural Sciences
Human Sciences
Biological Sciences
Engineering
Applied Social Sciences
Chemistry
Exact and Earth Sciences
Geosciences
Linguistics, Letters and Arts
Mathematics
Physics
unkown
434
13
13
12
3
2
2
1
1
1
1
1
27
quantidade de artigos
área
do conh
ecim
ento
Fonte: gráfico elaborado com resultados de consulta por palavra‐chave “SPSS” no sistema de indexação de periódicos online Scielo (http://scielo.org). Ao olharmos com mais detalhes os 13 artigos que citam o SPSS na área de ciências humanas, são 10 artigos em revistas de psciologia; 2 revistas de economia e apenas uma de ciências sociais. Este mesmo padrão se reproduz ao se realizar esta consulta com as palavras NVivo, Atlas*Ti, que indicam o uso de
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software para análise qualitativa, ou ainda para termos como PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio do IBGE) ou outra base de dados oficial do Brasil. Um número muito pequeno de artigos em sociologia (um ou nenhum por palavra buscada) demonstra utilizar dados ou software de análise de dados. Conclusões Os usos de tecnologias da informação na pesquisa e no ensino de sociologia e ciências sociais no Brasil ainda podem ter muitos avanços nas quatro etapas básicas que envolvem a aplicação destas ferramentas: 1) na coleta sistematizada de dados (como por exemplo, as pesquisas de Emprego e Desemprego realizadas pelo Dieese/Seade); 2) na classificação, organização e armazenagem dos dados (como por exemplo, os dados do estado do Paraná organizados pelo Ipardes); 3) na aplicação de ferramentas para recuperação, análise e visualização dos dados (usos de software como R, SPSS, TabWin, TerraView, GapMinder, Sidra, StatPlanet, para estudos, aulas, artigos, teses e textos analíticos); e 4) no desenvolvimento de ferramentas para as etapas de 1 a 3 (como por exemplo, o desenvolvimento colaborativo do pacote R). O crescimento do acesso à informática no Brasil nos últimos dez anos tem estimulado diversas áreas do conhecimento a discutirem, desenvolverem e aplicarem recursos de tecnologia da informação no ensino e na pesquisa. Esta pressão decorre tanto da familiaridade com que alunos e escolas apresentam com os conteúdos digitais, quanto – no caso das ciências sociais ‐ pela necessidade de incorporar formas mais sofisticadas de análise do volume crescente de informações e dados disponíveis. As ciências sociais no Brasil estão defasadas em relação a outras áreas, ainda não foi incorporado o avanço tecnológico dos anos 70 e 80 na produção científica e não há aplicação de recursos recentes para o ensino de sociologia. Quando aparece nas ciências sociais, o debate sobre tecnologia da informação leva a um metodológico, sobre a natureza das ciências sociais, e não a um debate (este sim propriamente metodológico) sobre como adaptar os conteúdos e temas das ciências sociais aos recursos existentes de tecnologia da informação. Neste sentido, para orientar uma discussão sobre o uso de ferramentas de informática para o ensino e a pesquisa em ciências sociais, deve‐se iniciar pela disseminação de programas que demonstram que a informática pode ser útil à pesquisa e ao Ensino em Ciências Sociais de diversas maneiras. Entre inúmeras outras possibilidades, o conhecimento de ferramentas adequadas pode tornar mais fácil a tarefa de coletar, sistematizar e analisar dados. Pode também contribuir para estimular e auxiliar o ensino de temas, teorias, conceitos e autores relevantes para as Ciências Sociais.
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Um destes programas deve ser a capacitação para uso das ferramentas disponíveis pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O IBGE, é a principal instituição coletora e disseminadora de dados para estudos sobre questões sociais no Brasil, possui uma grande contribuição pública para a disseminação de ferramentas de informática colaborativas de acesso aberto. O SIDRA ‐ Sistema de Gerenciamento de Dados Agregados é uma fonte de dados de uso bastante importante e de grande potencial para o ensino e a pesquisa em ciências sociais. O IBGE e outras fontes governamentais, como o Ministério do Trabalho (Programa de Disseminação de Estatística do Trabalho), IPEA (IpeaData), Ministério da Saúde (DataSus), Senado Federal (Sicon), têm construído e tornado acessível ao público ferramentas online de acesso a dados e registros oficiais fundamentais para o estudo de diversas questões importantes para as ciências sociais. Outras iniciativas internacionais também têm colocado à disposição de professores, pesquisadores e estudantes de ciências sociais, ferramentas e dados relevantes para estudos comparativos em ciências sociais. O software GapMinder, disponível livremente na Internet, desenvolvido pelo epidemiologista Hans Rosling, apresenta de forma atraente um correlação de dados sócio‐econômicos e populacionais de diversos países que permitem comparações históricas de uso bastante interessante para a sociologia e ciência política. O software está disponível também no Google Public Data (http://www.google.com/publicdata/home). Outra iniciativa similar é o software StatPlanet. Desenvolvido por Frank van Cappelle inicialmente para difundir o uso de estatísticas sociais e econômicas na África e em países do terceiro mundo, o StatPlanet tornou‐se um programa de uso amplo, sobretudo em escolas e universidades. Uma abrangente compilação de fontes de dados internacionais disponíveis para os estudos em ciências sociais pode ser encontrada na área de dados do site das Nações Unidadas – UNData (http://data.un.org/Explorer.aspx). Para a América Latina, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) tem o serviço de coleta e disseminação de dados comparativos mais abrangentes da região, o CEPALSTAT (http://www.eclac.org/estadisticas/). Na Universidade Estadual de Londrina, o Departamento de Ciências Sociais, iniciou um programa de formação para o uso de tecnologia da informação para a pesquisa e o ensino de ciências sociais (http://www.uel.br/projetos/infosoc). Neste projeto, a disseminação e a capacitação têm como objetivo apresentar aos estudantes, professores e pesquisadores os possíveis usos de informática nas ciências sociais através dos recursos mencionados, disponíveis online. O projeto tem também o objetivo centrado no desenvolvimento de produtos aplicáveis ao ensino e à pesquisa em Ciências Sociais, que deverão servir como referência geral sobre as possibilidades da informática e seus usos metodológicos e didáticos em ciências sociais, bem como a elaboração e sistematização de tutoriais, apresentações, textos interativos e software que possam servir tanto como estímulo à formação e atualização metodológica de todos os interessados nos temas abordados pela Sociologia, tanto para o ensino universitário, quanto para o ensino médio.
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