Harley Abrantes Moreira1 RESUMO Neste artigo, o leitor encontrará ...
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM ADMINISTRAÇÃO
CLIVERSON CHIARELLI
A DIFERENÇA É A ALMA?
A SUBCULTURA DE CONSUMO HARLEY-DAVIDSON
E UMA COMPARAÇÃO DO SIGNIFICADO DA MARCA
EM DIFERENTES CULTURAS DE CONSUMO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
BIGUAÇU
2015
CLIVERSON CHIARELLI
A DIFERENÇA É A ALMA?
A SUBCULTURA DE CONSUMO HARLEY-DAVIDSON
E UMA COMPARAÇÃO DO SIGNIFICADO DA MARCA
EM DIFERENTES CULTURAS DE CONSUMO
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Administração da Universidade do Vale do Itajaí, como requisito à obtenção do título de Mestre em Administração. Orientador: Prof. Dr. Ricardo Boeing da Silveira
BIGUAÇU
2015
AGRADECIMENTOS
À minha esposa, Tayana Cácia Emilio, pelo amor, exemplo, paciência e
dedicação a mim, renovando minhas forças e me ajudando nos momentos mais
críticos.
Ao meu querido pai, Prof. Ernesto Chiarelli, pelo apoio integral e paciência
dedicados a mim.
À minha querida Mãe. Prof. Odete Neves, pelo caminho que projetou e
construiu, para que eu atingisse este objetivo.
A meu querido irmão Giovanni Chiarelli, por me apoiar de diversas formas,
sempre precisei.
Ao Pablo Julier Marques, pelo apoio e comprometimento e contribuições a
este estudo.
Ao meu orientador e amigo, Professor Dr. Ricardo Boeing da Silveira, pelo
conhecimento, dedicação e profissionalismo dedicados à produção desta pesquisa.
À Professora Luciana Merlim Bervian, por confiar em mim, pela amizade,
companheirismo e pelas diversas contribuições à este estudo.
À minha querida amiga, Francine Neves Simas, pela companhia, conversas,
risadas e pelo apoio, durante o Mestrado.
Aos meus colegas de classe, pelo conhecimento compartilhado e por
passarmos bons momentos juntos.
A todos os entrevistados participantes do HOG Florianópolis Chapter, com
os quais, tive o prazer de conviver.
Ao Benetton, pela disponibilidade, simpatia e conhecimento demonstrados,
durante a entrevista, realizada em sua residência.
Ao Excelente corpo docente do Mestrado em Administração da UNIVALI e
pela excelência no ensino, recebida durante o Mestrado.
A Deus, por todas as anteriores!
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Brasão do HOG Florianópolis Chapter ....................................................... 53 Figura 2: Estrutura do emprego dos métodos do estudo .......................................... 56 Figura 3: Aplicação da metodologia Focus Group ..................................................... 64
Figura 4: Reunião para a entrevista do Grupo focal 2 ............................................... 66
Figura 5: Reunião para a entrevista do Grupo focal 3 ............................................... 66 Figura 6: Reunião para a entrevista do Grupo focal 4 ............................................... 67 Figura 7: Membro experiente Dauzelei Benetton ...................................................... 69 Figura 8: Dauzelei Benetton ...................................................................................... 69
Figura 9: Folder do evento Mc Dia Feliz. ................................................................... 80 Figura 10: HOGs, em seu encontro semanal, na concessionária HD de Florianópolis .................................................................................................................................. 82 Figura 11: Road Captain no momento do Briefing do passeio .................................. 84 Figura 12: Acolhidos pelo jovem casal de Road Captains, durante um lanche no McDonald’s ................................................................................................................ 85 Figura 13: Parada dos HOGs para um lanche no McDonalds................................... 86
Figura 14: Foto do Grupo em Canasvieiras - Florianópolis ....................................... 86 Figura 15: Anuncio do evento Harley Days 2014 ...................................................... 88
Figura 16: Formação dos bonde ao São Paulo Harley Days (2014) ......................... 90 Figura 17: São Paulo Harley Days (2014) ................................................................. 93 Figura 18: São Paulo Harley Days (2014) ................................................................. 94
Figura 19: Cartaz informativo sobre o Bate e Fica em Urubici .................................. 95
Figura 20: Motocicleta do pesquisador com bagagens e equipamentos para acampamento (2014) ................................................................................................ 96 Figura 21: Parada dos HOGs, no topo da Serra do Rio do Rastro (2014) ................ 97
Figura 22: Estilo e vestimenta dos membros da subcultura estudada (2014) ........... 97 Figura 23: Barraca usada por um casal de membros do HOG (2014) ...................... 98
Figura 24: Membros do HOG confraternizando (2014) ............................................. 99 Figura 25: Bolo de surpresa, dedicado pelos HOGs ao pesquisador aniversariante (2014) ........................................................................................................................ 99
Figura 26: Estilo e bom humor do HOG responsável pelos registros fotográficos do passeio (2014) ......................................................................................................... 100 Figura 27: Inclusão de crianças em eventos do HOG (2014) .................................. 100
Figura 28: Foto coletiva em frente a igreja de Urubici (2014) .................................. 101 Figura 29: Descontração para foto no retorno do Bate e Fica de Urubici (2014) .... 101
Figura 30: O que era esperado da marca Harley-Davidson antes da compra da primeira motocicleta ................................................................................................ 110 Figura 31: O que vocês fariam se não tivessem esse hobby .................................. 111
Figura 32: O sentimento no dia da compra ............................................................. 113 Figura 33: Os sentimentos quando está com a Harley-Davidson............................ 115
Figura 34: O significado da Harley-Davidson .......................................................... 117 Figura 35: O que sobra, no produto, ao retirar a marca Harley-Davidson ............... 119
Figura 36: Quais características são percebidas no produto sem a marca ............. 120 Figura 37: O que mudaria na percepção dos HOGs, ao ser colocada novamente a marca HD ................................................................................................................ 122 Figura 38: O sentimento em comparação aos motoqueiros do filme ...................... 124 Figura 39: Características que definem um legítimo HOG ...................................... 125
Figura 40: Como é o comportamento de um legítimo membro do HOG ................. 126 Figura 41: Como os HOG se comportam ............................................................... 127
Figura 42: O preconceito e a discriminação, em relação a um novo integrante do HOG ........................................................................................................................ 128 Figura 43: Quais foram as barreiras para entrada na cultura Harley-Davidson ...... 130 Figura 44: O papel do garupa nesta cultura Harley-Davidson ................................. 131 Figura 45: A participação de membros da família, em eventos do HOG ................. 132 Figura 46: HOGs desfilando em um comboio de motocicletas ................................ 133
Figura 47: Os prós e contras da prática de andar em comboio ............................... 135 Figura 48: Como são os passeios ........................................................................... 136 Figura 49: As pessoas e o passeio dos HOG.......................................................... 137 Figura 50: O sentimento sob os olhares dos espectadores deste passeio ............. 139 Figura 51: Os passeios promovidos por outras marcas de motocicleta .................. 140
Figura 52: Qual a vestimenta de um HOG .............................................................. 141 Figura 53: Os motoqueiros do filme usam roupas pretas e quentes ....................... 143
Figura 54:Vestimenta usada pelos atores do filme .................................................. 144 Figura 55: Encontro de Benetton com Peter Fonda “fotografia da fotografia” ......... 144 Figura 56: Qual a vestimenta da garupa membro do HOG .................................... 145 Figura 57: Quem decide sobre as compras de produtos Harley-Davidson ............. 147
Figura 58: Customização da Harley-Davidson ........................................................ 148 Figura 59: Customizações realizadas pelo membro experiente da HDSC estudada (2014) ...................................................................................................................... 150 Figura 60: As principais customizações praticadas pelos membros do HOG da Floripa HD ............................................................................................................... 151
Figura 61: O uso de peças não originais na customização de uma Harley-Davidson ................................................................................................................................ 152 Figura 62: Assim como no filme, muitos membros do HOG alteram o escapamento da motocicleta ......................................................................................................... 153 Figura 63: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson ................................................................................................................. 155 Figura 64: Cerveja sem álcool (2014) ..................................................................... 159
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Custos financeiros, referentes à coleta de dados, pelo uso de técnicas etnográficas ............................................................................................................... 51 Quadro 2: Símbolos e significados, utilizados nas transcrições das entrevistas ....... 68 Quadro 3: Sinalização utilizada para comunicação ................................................... 90 Quadro 4: Descrição dos eventos 2014 do HOG .................................................... 105 Quadro 5: Caracterização dos membros dos Grupos Focais .................................. 106
Quadro 6: Lista dos modelos utilizados pelos membros dos grupos focais pesquisados ............................................................................................................ 108
Quadro 7: Comparação dos resultados do estudo com os de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009) ......................................................... 173
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
HD Harley-Davidson
HOG Harley Owners Group – Grupo de Proprietários de Harley-Davidson
CCT Consumer Culture Theory – Teoria da Cultura do Consumo.
HDSC Subcultura de Consumo Harley-Davidson
RESUMO
Esta dissertação tem como objetivo analisar o significado da marca Harley-Davidson, pelo comportamento e percepção dos consumidores brasileiros. O Brasil é o maior consumidor da marca na América Latina e sede da única fábrica subsidiária da marca, fora dos Estados Unidos. O estudo foi fundamentado na Teoria da Cultura do Consumo, por responder questões referentes à forma como os consumidores pertencentes à diferentes culturas se comportam. Uma cultura de consumo pode ser compreendida pelo comportamento de seus consumidores, considerando os significados simbólicos e valores dominantes que estes têm acerca de uma determinada marca. Tais características são observadas com maior ênfase em subunidades, subgrupos ou culturas divididas. O estabelecimento destas subunidades culturais caracteriza a Subcultura de Consumo analisada neste estudo. Com o objetivo de compreender e identificar divergências e convergências nas percepções e comportamentos dos consumidores pertencentes a uma mesma Subcultura de Consumo, em diferentes Culturas de Consumo, os consumidores pesquisados foram analisados em seu ambiente natural de consumo, durante suas experiências com a marca Harley-Davidson. A análise objetivou uma maior compreensão acerca da forma como os membros do Harley Owners Group - HOG Florianópolis Chapter, identificam os atributos intrínsecos e extrínsecos desta marca. O método para a coleta dos dados fez uso de técnicas de pesquisa qualitativa. O pesquisador imergiu na Subcultura de Consumo, pela Observação Participante, observando por cinco meses os encontros semanais dos HOGs. Descreveu a percepção de membros-chave, dos grupos pesquisados pelo uso da entrevista Focus Group e por fim, compreendeu detalhes comportamentais e culturais, pela Entrevista em Profundidade, feita com o membro-chave, identificado com maior experiência nesta pesquisa. Os resultados obtidos com a análise destes dados, foram comparados pela técnica de pesquisa Cross-Cultural, aos resultados dos estudos anteriores de Schouten e McAlexander (1993,1995), que estudaram membros do HOG dos Estados Unidos com os do estudo de Schembri (2009), que estudou os australianos. Os resultados deste estudo demonstraram que várias características da Subcultura de Consumo Harley-Davidson, norte-americana, foram internacionalizadas de forma praticamente intacta, porém alguns aspectos demonstraram diferenças comportamentais e divergências de opinião, observadas durante a análise dos resultados do estudo com membros do HOG do Brasil, em relação aos anteriormente estudados.
Palavras-chave: Subcultura de Consumo, Atributos de Marca, Comportamento do
Consumidor, Harley-Davidson.
ABSTRACT
The aim of this research is to analyze the Harley-Davidson branding through the behavior and perception of Brazilian consumers. Brazil is currently the largest consumer of the Harley-Davidson brand in Latin America, and the headquarters of the only subsidiary factory outside the United States. This study is based on Consumer Culture Theory, as it addresses questions regarding the behavior of consumers belonging to different cultures. A consumer culture can be understood as the behavior of its consumers, considering their shared dominant values regarding a particular brand, and its meaning. These characteristics are seen with greater emphasis in subunits, subgroups or divided cultures. The establishment of these cultural subunits characterizes the Consumption Subculture analyzed in this study. In order to understand and identify differences and similarities in perceptions and behaviors of consumers belonging to the same Consumption Subculture in different Consumption Cultures, the surveyed consumers were analyzed in their natural consumption environments, during their experience with the Harley Davidson brand. The purpose of the analysis was to improve understanding of how the members of the Harley Owners Group – HOG, Florianopolis Chapter identify intrinsic and extrinsic attributes of the brand. The data collection method used qualitative research techniques. The researcher was immersed in the Consumption Subculture through Participant Observation, observing the weekly meetings of the HOGs over a period of five months. The study describes the perceptions of key members of the groups surveyed using Focus Group interviews, and finally, it addresses behavioral and cultural particularities through an in-depth interview with a key member, identified as the most experienced amongst the studied members. The results of these data analyses were compared, using the Cross-Cultural research technique, with the results of a previous study by McAlexander and Schouten (1993,1995), which studied US HOG members, and the results of the Schembri study (2009), which studied the Australian members. The results of this study indicate that several features of the Harley-Davidson Consumption Subculture in the United States have been internationalized in practically intact form; however, some characteristics demonstrated behavioral differences and divergences of opinion, observed during the analysis of the results of the study with HOG members in Brazil, in relation to those studied previously. Keywords: Consumption Subculture, Brand Attributes, Consumer Behavior, Harley-
Davidson.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ..................................................................................................................................... 15
1.2 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS DA PESQUISA ...................................................................................................... 20
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................................................ 20
1.2.2 Objetivos específicos .............................................................................................................................. 20
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................................... 21
1.4 APRESENTAÇÃO GERAL DO TRABALHO .......................................................................................................... 24
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................ 25
2.1 IDENTIDADE, ATRIBUTOS E EXPERIÊNCIA DE MARCA .................................................................................... 25
2.1.1 Identidade e Atributos de Marca ............................................................................................................. 27
2.1.2 Experiência de Marca .............................................................................................................................. 29
2.2 CULTURA E SUBCULTURA DE CONSUMO COMUNIDADE DE MARCA ............................................................... 31
2.3 COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR E ESTUDOS CROSS-CULTURAL .......................................................... 35
2.4 ESTUDOS SOBRE O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR PROPRIETÁRIO DE HARLEY-DAVIDSON ............... 40
2.4.1 Impactos no mercado de uma subcultura consumo: a mística Harley-Davidson ........................... 40
2.4.2 Subculturas de consumo: uma etnografia dos novos motociclistas. ................................................ 42
2.4.3 Reformulando a experiência de marca: o significado experiencial da Harley-Davidson. .............. 43
2.4.4 Comunidade de Marcas e os proprietários de Harley-Davidson de Belo Horizonte ...................... 46
2.4.5 Você tem uma moto ou uma Harley? .................................................................................................... 47 2.4.6 A Internacionalização sob a ótica da Cultural Nacional e Organizacional: Adaptabilidade ou
Submissão da Subsidiária? ............................................................................................................................... 48
2.4.7 Cocriação em uma empresa com uma marca forte: Harley-Davidson ............................................. 48
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 50
3.1 SUJEITOS DA PESQUISA .................................................................................................................................. 52
3.2 TÉCNICAS E INSTRUMENTOS PARA COLETA DE DADOS .................................................................................. 55
3.2.1 Observação Participante ......................................................................................................................... 58
3.2.2 Diário de Campo ....................................................................................................................................... 60
3.2.3 Focus Group .............................................................................................................................................. 63
3.2.4 Entrevista em profundidade .................................................................................................................... 68
3.2.5 Cross-Cultural ........................................................................................................................................... 71
3.3 VARIÁVEIS DE ANÁLISE ................................................................................................................................... 72
3.4 ANÁLISE DOS DADOS ...................................................................................................................................... 73
3.4.1 O uso do Atlas.ti no análise dos dados ................................................................................................. 74
4 RESULTADOS ....................................................................................................... 77
4.1 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE APLICADA À HDSC, NO HOG FLORIANÓPOLIS CHAPTER ............................. 77
4.1.1 Primeiro encontro com o HOG ............................................................................................................... 78
4.1.2 São Paulo Harley Days ............................................................................................................................ 88
4.1.3 Acampamento “Bate e Fica” em Urubici ............................................................................................... 94
4.2 ANÁLISE DOS GRUPOS FOCAIS .................................................................................................................... 106
4.2.1 Identificação dos motivos do consumidor ........................................................................................... 109
4.2.1.a Expectativas antes da compra ......................................................................................................... 109
4.2.1.b Motocicleta como um hobby ............................................................................................................. 111
4.2.1.c O dia da compra ...................................................................................................................................... 112
4.2.1.d Os sentimentos ao pilotar uma HD .................................................................................................. 114
4.2.2 Atributos da marca HD ........................................................................................................................... 116
4.2.2.a O significado da Harley-Davidson ..................................................................................................... 117
4.2.2.b Significados do produto, sem a marca Harley-Davidson .............................................................. 118
4.2.2.c Atributos do produto, considerando a marca HD ................................................................................... 121
4.2.3 Comportamento dos HOGs ...................................................................................................................... 123
4.2.3.a Impactos do cinema na percepção dos HOGs .............................................................................. 123
4.2.3.b Características de um legítimo HOG ................................................................................................ 125
4.2.3.c Comportamento de um legítimo membro do HOG ........................................................................ 126
4.2.3.d Comportamento dos HOGs, quando reunidos ................................................................................ 127
4.2.3.e O preconceito como barreira de entrada ......................................................................................... 128
4.2.3.f Barreiras à entrada na HDSC .................................................................................................................... 129
4.2.3.g O garupa na HDSC ............................................................................................................................. 131
4.2.3.h Inclusão da família nos eventos HOG .............................................................................................. 132
4.2.4 Os passeios ............................................................................................................................................. 133
4.2.4.a Desfile das motocicletas ..................................................................................................................... 133
4.2.4.b Prós e contras de andar em comboio ...................................................................................................... 134
4.2.4.c Percepções acerca dos passeios...................................................................................................... 136
4.2.4.d O público e o passeio dos HOGs ...................................................................................................... 137
4.2.4.e O sentimento sob os olhares dos espectadores ............................................................................. 138
4.2.4.f Passeios de outras marcas de motocicleta ...................................................................................... 140
4.2.5 Produtos HD ............................................................................................................................................ 141
4.2.5.a As vestimentas de um HOG .............................................................................................................. 141
4.2.5.b As vestimentas dos motociclistas do cinema .................................................................................. 143
4.2.5.c Vestimentas do garupa ....................................................................................................................... 145
4.2.5.d Decisão de compra ............................................................................................................................. 146
4.2.6 Customizações ........................................................................................................................................ 148
4.2.6.a Customizações do HOG Florianópolis Chapter .............................................................................. 148
4.2.6.b Principais customizações .................................................................................................................. 151
4.2.6.c Originalidade das peças ..................................................................................................................... 152
4.2.6.d Alteração do escapamento da motocicleta ...................................................................................... 153
4.2.7 O som do motor ...................................................................................................................................... 154
4.3 DISCUSSÃO ................................................................................................................................................... 156
4.3.1 A compra da liberdade ........................................................................................................................... 157
4.3.2 Barreiras de entrada à subcultura de consumo ................................................................................. 160
4.3.3 O espetáculo vai começar... .................................................................................................................. 161
4.3.4 Customização, Identidade e Liberdade ............................................................................................... 164
4.3.5 Que ronquem os motores ...................................................................................................................... 166
4.3.6 Respeitável público ................................................................................................................................ 166
4.3.7 A grande atração: A marca ................................................................................................................... 167
4.4 IMPLICAÇÕES TEÓRICAS ............................................................................................................................... 170
4.5 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ............................................................................................................................ 172
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 175
5.1 CONCLUSÕES ................................................................................................................................................ 175
5.2 LIMITAÇÕES DA PESQUISA ............................................................................................................................ 179
5.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................... 180
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 182
APÊNDICE 1 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA GRUPO FOCAL 1 ...................... 192
APÊNDICE 2 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA GRUPO FOCAL 2 ...................... 232
APÊNDICE 3 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA GRUPO FOCAL 3 ...................... 266
APÊNDICE 4 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA GRUPO FOCAL 4 ...................... 297
APÊNDICE 5 – TRANSCRIÇÃO ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE ................. 329
APÊNDICE 6 – ROTEIRO FOCUS GROUP HOG .................................................. 360
APÊNDICE 7 – ROTEIRO PARA ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE ................ 363
15
1 INTRODUÇÃO
Neste capítulo serão abordados os aspectos que contextualizam o tema
proposto, fornecendo subsídios necessários à elaboração da questão de pesquisa e
dos objetivos do trabalho.
1.1 Contextualização
Estudos sobre a cultura do consumo, demonstram perspectivas que
abordam as relações dinâmicas entre ações de consumo, mercado, e significados
culturais. Arnould e Thompson (2005) apresentaram o termo CCT (Consumer
Culture Theory), para a Teoria da Cultura do Consumo. Esta contribui para a
compreensão do consumo e do comportamento do mercado, se propondo unir
sistematicamente o nível individual, com outras estruturas de processos culturais.
Nesta linha, o termo “cultura”, por ser frequentemente usado em estudos Cross-
Cultural, não tem uma definição clara. Existem muitas variações teóricas do termo
cultura. A teoria cultural baseia-se no modo de vida que é formada pelas relações
sociais e tendências culturais ou socioculturais. Neste sentido, o termo “cultura”, é
definido como o conjunto de comportamentos sociais com significados comuns entre
os membros de uma sociedade ou grupo (SOJKA; TANSUHAJ, 1995).
O crescente aumento do número de produtos originou várias estratégias de
diferenciação (AAKER, 1998; SCHEMBRI, 2009). As Estratégias de Marca são
frequentemente utilizadas como fator de diferenciação no mercado, fazendo uso do
conhecimento acerca do comportamento do consumidor, da Cultura de Consumo em
que estão inseridos e da forma como estes percebem os atributos intrínsecos e
extrínsecos de uma determinada marca, ao mesmo tempo, em que se faz
necessário, reconhecer as relações culturais, políticas e sociais existentes, relativas
ao seu consumo. A marca não se limita a um logotipo ou etiqueta, mas um
significado, como um meio de vida, um conjunto de valores, atitudes, expressões e
conceito (VÁSQUEZ, 2011). Nesta linha, uma marca pode se tornar um ícone,
16
quando relacionada à percepção de quem a consome, vencendo seus concorrentes,
não apenas pela inovação, qualidade e serviços, mas por estabelecer conexões
culturais com seus usuários. A escolha da marca se dá por meio do significado que
esta traz à vida de seus consumidores (FOURNIER, 1998; HOLT, 2003).
Uma Cultura de Consumo, quando relacionada ao comportamento de
consumo de determinada marca, produto ou atividade, pode ser caracterizada como
uma Subcultura de Consumo. Esta caracterização se embasa em semelhanças
estabelecidas na adoção de valores e comportamentos dos consumidores, em
relação ao objeto de consumo. O estudo de Schouten e McAlexander (1995)
identificou a Subcultura de Consumo como um subgrupo que difere da sociedade.
Estes subgrupos se auto selecionam e se baseiam em um propósito comum, ou em
uma relação com determinado produto, marca e atividade de consumo, assim como
a análise da estrutura social, dos valores dominantes e dos comportamentos
simbólicos devem orientar os estudos, por meio da Subcultura de Consumo, para a
análise do mesmo. Solomon et al. (2006), descreveram que membros de grupos
subculturais têm um impacto significativo no comportamento do consumidor.
Os consumidores utilizam algumas marcas específicas de maneiras
diferentes para a construção do seu eu, para comunicar o que são (SCHEMBRI;
MERRILEES; KRISTIANSEN, 2010). Nesta linha, Rossi et al. (2006), os indivíduos
compram bens que representam a sua identidade, utilizam suas posses para
estender e entender o seu eu. Sendo assim, a personalidade de uma determinada
marca pode estabelecer influência, por diversas formas, na preferência do
consumidor. Aaker (1997) descreve que marcas com maior robustez, como a
Marlboro e a Harley-Davidson têm em sua dimensão, características de força e
masculinidade.
A Harley-Davidson é uma empresa que demonstra excelência em relacionar
sua marca a um estilo de vida. Sua excelência e qualidade podem ser percebidas
tanto nas motocicletas, seu principal produto, como nas peças, acessórios e roupas
comercializadas pela empresa. Estabelece fortes laços com seus consumidores,
promovendo a criação de verdadeiras comunidades desta marca. Alguns
consumidores a compreendem como parte de sua identidade, tatuando-a em alguns
casos extremos, em seus corpos. (SCHMITT, 1999; SCHEMBRI, 2009).
O estudo de Fournier (2009) descreve que em 1983, a Harley-Davidson
passou por uma grande crise, onde correu um grande risco de falência e após vinte
17
e cinco anos, ostentava uma marca global. O sucesso e a recuperação da empresa
se deram pelo compromisso com a construção de uma forte comunidade de marca.
A comunidade de marca supracitada é caracterizada neste trabalho, e
identificada pela sigla HOG membros do Harley Owners Group. Este grupo é
composto por membros ativos, proprietários de Harley-Davidson. Estrategicamente
criado como um programa de fidelização da marca, ao adquirir uma nova
motocicleta, o cliente se torna, automaticamente, um membro ativo com a primeira
anuidade gratuita (PINTO, 2011; CUNHA; ROSINI, 2013).
A entrevista de Malheiros (2012) relatou a fala do CEO, ou seja Diretor
Executivo da Harley-Davidson, Keith Wandell, em sua participação na inauguração
da montadora da empresa, localizada na cidade de Manaus, no Brasil. O CEO
destacou que a preocupação da montadora em estar atualizada com as demandas
mundiais e com todas as culturas locais onde cita “em cada região do mundo somos
muito bem aceitos”.
Malheiros (2012) ainda comenta que objetivando que a Harley-Davidson seja
uma empresa global, precisa primeiramente ser local e saber o que as pessoas de
cada lugar esperam de nossa marca. Todas as motocicletas montadas no Brasil são
projetadas e pensadas levando em consideração algumas características regionais.
Atualmente, a marca norte-americana Harley-Davidson apresenta um
crescente número de consumidores no Brasil. A empresa teve o maior crescimento
mundial nas vendas de suas motocicletas em 2013, em comparação ao ano anterior,
totalizando 13,1% na América Latina e 4,4% no mundo. O lucro da montadora
também cresceu 17,6%, totalizando um faturamento de US$ 5,9 bilhões e um lucro
de US$ 734 milhões em 2013. No Brasil, a empresa continua crescendo
(BRANDÃO, 2014).
Com dezenove concessionárias no Brasil, a empresa estabelece uma série
de interações e expressões com os seus consumidores e proprietários. A atribuição
de significados à marca, previamente pensados, necessita de materialidade, que
pode ser obtida por meio do contato e da aproximação com seus clientes. Nesta
linha de pensamento, uma marca pode ser entendida como um nome, termo ou um
ícone, ou pela combinação dos mesmos e tem como objetivo a diferenciação dos
bens e serviços de um determinado fabricante, em comparação aos seus
concorrentes. Aaker (2001) descreveu que seria uma falha tratar determinada marca
18
como um nome, na medida em que a grande dificuldade da definição desta, consiste
no desenvolvimento de um conjunto de significados à marca.
Criado em 1983, o HOG hoje é o maior grupo de motociclistas do mundo. O
HOG não é um moto clube, sendo assim seus membros não são submetidos às
rígidas regras comuns em motoclubes. O grupo é composto por uma Diretoria
voluntária, eleita ano a ano e escolhida em comum acordo com o concessionário
oficial Harley-Davidson de cada cidade ou região. Possui uma proposta bem definida
de cultivar e multiplicar amigos, rodando sempre juntos, desde um simples passeio,
às realizações de diversas ações sociais e filantrópicas. Para se tornar um membro
basta ser proprietário de uma motocicleta Harley-Davidson, sendo assim, no ato da
compra o cliente recebe uma carteira de associado, contendo vários benefícios em
qualquer parte do mundo, além de revistas com atualidades de interesse do mundo
HD, patches e pin para o colete (RIBEIRÃO PRETO HARLEY-DAVIDSON, 2015).
A empresa ainda agrega variados valores intrínsecos e extrínsecos a sua
marca. Alguns valores podem ser identificados pela observação das vestimentas de
seus usuários, comportamentos e características das motocicletas, que são
estereotipadas por clássicos personagens do cinema, referenciados por seus
consumidores. Como estratégia de agregação de valor à marca, as concessionárias
Harley-Davidson têm em suas dependências, uma pessoa responsável pelo HOG,
para o cadastramento dos membros, manutenção e informação sobre eventos e
passeios, assim como, a organização dos cafés semanais, realizados nas
concessionárias HD.
Juntamente aos seus mais de 110 anos de existência, a marca Harley-
Davidson é reconhecida por possuir variados atributos e significados aos seus
consumidores. No Brasil, iniciou sua expansão em 2010 com a fábrica de Manaus,
evidenciando a importância da produção de estudos acerca das expectativas e dos
significados da marca, pelos consumidores brasileiros. Ratificando o exposto, Kacen
e Lee (2002) defendem que a cultura afeta os produtos, a estrutura de consumo e a
tomada de decisão do indivíduo. Quando o consumidor adquire um produto, espera
obter: funções, forma e significado. Estas funções, em alguns casos, são
relacionadas à marca, que muitas vezes representa a identidade ou a segurança de
que tais expectativas serão atingidas.
Algumas características dos produtos, pouco se adaptam ao clima tropical
do Brasil, que demanda roupas mais leves e motocicletas com motores que não
19
causem tanto desconforto ao piloto, por produzir uma alta temperatura quando em
baixa velocidade. Estas, porém, são sobrepostas por um novo sistema de
referências e significados, advindos da Cultura de Consumo do país anfitrião da
marca (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993; SCHEMBRI, 2009).
No Brasil, cabe à Harley-Davidson cuidar dos detalhes existentes nas
diferenças, percepções e necessidades de seus consumidores, em comparação aos
pertencentes a outras culturas de consumo, para maior eficiência de suas operações
mercadológicas, customizando detalhes da operação de agregação de valor, sem
perder o foco na cultura e nas características que agregam valor à marca. Segundo
Tanure e Duarte (2006) deve-se seguir um modelo único de ação para trabalhar com
outras culturas. Existe uma característica da própria cultura que influencia na
negociação.
Destaca-se ainda, a relevância mercadológica da compreensão do
comportamento do consumidor brasileiro, acerca de uma marca específica.
Conforme Tanure e Duarte (2006), é preciso compreender as diferenças culturais
nos negócios, para se ter uma sensibilidade cultural. Esta é uma situação que
chama a atenção do pesquisador, para as diferenças culturais e ao impacto que
estas causam nas negociações.
O vice-presidente da Harley-Davidson declarou que o Brasil tem uma forte
cultura da motocicleta, demonstrando um grande potencial a ser explorado pela
empresa. O exposto explicita a importância de investimentos e estudos relacionados
à compreensão dos consumidores brasileiros (MALHEIROS, 2012).
Com base nos estudos anteriores Schouten e McAlexander (1993,1995),
com os HOGs norte-americanos e o de Schembri (2009), com os HOGs
australianos, estes estudos, por meio da abordagem de escopo Cross-Cultural, foi
fundamentado nas premissas de como os diversos grupos de consumidores
brasileiros, da marca Harley-Davidson, membros do HOG, se diferenciam e
interpretam esta marca, quando comparados aos membros do HOG, pertencente a
mesma Subcultura de Consumo em diferentes Culturas de Consumo.
Os resultados obtidos nos estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995)
e Schembri (2009) subsidiam uma melhor construção e gestão de marcas, a partir
do nível fundamental do que estas significam aos seus consumidores. Em termos
gerais, esta pesquisa foi desenvolvida, a partir da seguinte questão: qual é o
significado da marca Harley-Davidson, na experiência de marca do consumidor
20
brasileiro, em comparação aos estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e
Schembri (2009)?
1.2 Definição dos objetivos da pesquisa
Com o propósito de responder à questão de pesquisa do trabalho, foram
definidos os seguintes objetivos:
1.2.1 Objetivo geral
A. Analisar o significado da marca Harley-Davidson, na experiência de marca
do consumidor brasileiro, em comparação aos estudos de Schouten e
McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).
1.2.2 Objetivos específicos
B. Identificar os atributos da marca em análise, com base no trabalho de
Schembri (2009);
C. Avaliar as experiências dos consumidores brasileiros a respeito da marca
estudada;
D. Comparar os resultados obtidos na pesquisa aplicada aos consumidores
brasileiros, aos dos trabalhos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e
Schembri (2009).
21
1.3 Justificativa
Compreender a forma como diversos grupos se diferenciam da sociedade
em que vivem, ou como se relacionam com determinado produto, marca ou
atividade de consumo, justifica a escolha dos estudos de Schouten e McAlexander
(1993,1995) e de Schembri (2009), no estabelecimento das comparações desta
pesquisa.
A análise da estrutura social, dos valores dominantes e dos comportamentos
simbólicos, deve orientar os estudos por meio da subcultura de consumo, para a
análise da mesma. Neste sentido Schembri (2009), identificou a existência de
percepções e expectativas distintas de membros externos e internos de determinada
subcultura.
Schouten e McAlexander (1995), seguiram quatro compostos de ciclos de
vida para as subculturas, tais compostos são: articulação, expansão, corrupção e
declínio, e concluíram que a HDSC, (Harley-Davidson subculture of consumption)
subcultura de consumo Harley-Davidson, está beirando à corrupção e terá inevitável
declínio, porém ainda não há consenso sobre os ciclos de vida das subculturas e se
fazem necessários mais estudos.
Transcendendo as barreiras culturais entre países, a aplicação deste estudo
no Brasil, se justifica por identificar a existência de evidências na internacionalização
da HDSC, porém não se sabe exatamente qual é a natureza e o impacto desta
subcultura de consumo norte-americana, em outras culturas de consumo, assim
como o grau de influência da cultura de consumo brasileira, quando sobreposta pela
internacionalização de uma subcultura norte-americana. Nesta linha, Schouten e
McAlexander (1993) identificaram algumas evidências na internacionalização da
HDSC, indicando a realização de novos estudos para a identificação de sua
natureza, alcance e da longevidade da mística desta marca, em outras culturas de
consumo, fora dos Estados Unidos. Os autores ressaltam a importância do
entendimento de como os símbolos básicos desta cultura são usados, interpretados
e alterados, quando sobrepostos a uma cultura não norte-americana.
Corroborando com o exposto, Roth (1995) afirma que a cultura de um país
influencia o comportamento do consumidor. Santos (2003) defende que a imagem
22
do país de origem pode influenciar os consumidores, onde os produtos destes
países, são melhor avaliados, com uma imagem positiva.
Boeing (2012) realizou um estudo sobre semelhanças e diferenças no
comportamento dos consumidores do Brasil e dos Estados Unidos, baseado na
estratégia de posicionamento de produtos em filmes, evidenciando a importância de
estudos Cross-Cultural, para melhor decisão gerencial.
No Brasil, muitas evidências da internacionalização desta subcultura são
percebidas pela observação das vestimentas e da forma como alguns proprietários
de Harley-Davidson customizam suas motocicletas, demonstrando grande
similaridade às características norte-americanas. Todavia, esta subcultura é
sobreposta por um novo sistema de referências, advindo da cultura do país anfitrião
da marca (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1995; SCHEMBRI, 2009).
Quanto às contribuições para a área do marketing, primeiramente destaca-
se a utilização do método e de técnicas de pesquisa etnográfica, como um
diferencial, pelo recente uso em pesquisas mercadológicas, especificamente em
estudos de comportamento do consumidor. Ikeda, Pereira e Gil (2006) citam que,
este método se mostrou adequado às pesquisas do comportamento do consumidor
em marketing, pois fornece explicações holísticas com profundidade no contexto
principal.
Pelos métodos utilizados na construção desta pesquisa, a integração do uso
do método de pesquisa Cross-Cultural, com técnicas etnográficas, comparando os
resultados obtidos em estudos anteriores, evidencia a originalidade desta pesquisa,
pelo caráter inovador da estrutura metodológica utilizada neste estudo, em busca de
obtenção e análise dos dados. Ou seja, apresenta uma importante contribuição às
pesquisas de cultura de consumo e subcultura de consumo. Porém, é importante
destacar, que devido às restrições de equivaler o tempo da coleta de dados,
utilizado na pesquisa de Schembri (2009) e de Schouten e McAlexander (1995), o
presente estudo não se caracteriza como uma etnografia, todavia, fez uso de
algumas técnicas etnográficas para a coleta dos dados. Mesmo com estas
restrições, Ikeda, Pereira e Gil (2006) descrevem que este método contribui para
compreender o comportamento do consumidor, pois identifica características que
não são observadas nas pesquisas quantitativas tradicionais, em pesquisa de
marketing.
23
O fato de algumas implicações interculturais da subcultura de consumo
ainda não serem conhecidas e de existir uma tendência em transcender barreiras de
nacionalidade, etnia, gênero e geração, explicitam a necessidade de pesquisas
adicionais, e caracterizam as lacunas encontradas nos estudo de Schembri (2009).
Além disso, compreender como os consumidores se comportam e percebem
determinadas marcas, subsidia a tomada de decisão dos gestores de marketing, no
que tange às questões mercadológicas relacionadas às decisões de compra de
produtos, por membros de uma subcultura, que foi sobreposta a uma cultura de
consumo, estabelecida pelos costumes de uma região ou país, reforçando a
relevância deste estudo. Corroborando com o exposto, Louro (2000) cita que
atrelada à marca estão as subculturas de consumo, estas influenciam a decisão de
compra dos consumidores.
Devido a um entrave legal e por receber benefícios fiscais para operar na
Zona Franca de Manaus, todas as motocicletas da empresa, produzidas em
Manaus, podem ser vendidas somente no Brasil. Sendo assim, esta restrição
evidencia a importância de estratégias que acelerem a demanda dos produtos
montados e distribuídos pela empresa de Manaus, com objetivo de otimizar a
capacidade produtiva dos recursos instalados. Malheiros (2012) descreveu que o
diretor da HD Brasil declarou que a empresa não opera em sua capacidade máxima,
trabalhando com apenas um turno, mas poderia abrir um segundo, caso se fizesse
necessário. O Diretor ainda comenta que se o mercado demandar, a empresa
produzirá mais, finalizando com a seguinte frase: ”Não posso precisar quanto,
porque é o mercado que vai definir”. Portanto, a indicação é de que, se a empresa
tem capacidade ociosa na produção de motocicletas, objetiva crescimento e por uma
restrição legal, só pode vender seus produtos aos consumidores residentes no
Brasil. Acelerar a demanda, pela agregação de valor à marca a estes consumidores,
pode ser uma boa solução. Nesta perspectiva, justifica-se a produção de estudos
que contribuam com o aumento do conhecimento acerca das percepções dos
consumidores brasileiros a esta marca, objetivando o aumento da utilização dos
recursos ociosos da empresa (MALHEIROS, 2012).
No Brasil, o estudo de Almeida (2014), entrevistou 10 membros de nove
motoclubes, incluindo o HOG de Belo Horizonte. Os resultados demonstraram que,
em relação aos aspectos intrínsecos das comunidades de marca. Entre as
24
limitações do presente trabalho, destaca-se o baixo poder de generalização, devido
ao caráter exploratório do estudo.
1.4 Apresentação geral do trabalho
A presente pesquisa foi organizada em cinco capítulos. O primeiro,
apresenta a introdução, os objetivos e a justificativa do trabalho. No segundo
capítulo, foi realizada uma revisão teórica dos temas: Identidade, Atributos e
Experiência de Marca; Cultura e Subcultura de Consumo; Comportamento do
Consumidor em estudos Cross-Cultural e estudos sobre o Comportamento do
Consumidor proprietário de Harley-Davidson. O terceiro capítulo, descreve a
metodologia utilizada. No quarto, foram apresentados os resultados e as discussões
da pesquisa. No quinto, foram apresentadas as sugestões para futuras pesquisas,
as considerações finais, conclusão e limitações da pesquisa. Por fim, foram
apresentadas as referências bibliográficas utilizadas e os apêndices.
25
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No presente capítulo serão abordados quatro constructos pertinentes aos
objetivos propostos neste trabalho: Identidade, atributos e experiência de Marca;
Cultura e Subcultura de Consumo; Comportamento do Consumidor em estudos
Cross-Cultural; Estudos sobre o comportamento do consumidor proprietário de
Harley-Davidson.
2.1 Identidade, Atributos e Experiência de Marca
O estudo de Urdan e Nagao (2004) descreve que o consumidor avalia um
produto por seus atributos intrínsecos, como a cor ou textura, e seus atributos
extrínsecos, a marca e a embalagem, como exemplos. No mesmo sentido, Espinoza
e Hirano (2003) ressaltaram que nos atributos intrínsecos estão as características
funcionais, como o design e nos atributos extrínsecos, que não fazem parte
fisicamente do produto como o preço e a marca.
Os padrões de comportamento do consumidor, muitas vezes, são
influenciados pelas conexões que estes estabelecem com seus grupos sociais.
Segundo Schouten e McAlexander (1995), a subcultura do consumo reconhece que
as atividades de consumo, as categorias e também as marcas podem servir para a
interação social. Neste sentido, Mosley (2007) defende que foi a reavaliação dos
conceitos da marca que levou à mudança de cultura e a gestão da experiência do
cliente.
Existem vários níveis de consciência do consumidor em relação à marca.
Sendo assim, os consumidores expostos à publicidade podem recordar mais
facilmente da marca. O reconhecimento de uma marca, também chamado de
evocação auxiliada, não é suficiente para que o consumidor faça sua escolha,
quando este não gera uma imagem à marca. O consumidor deve reconhecer uma
marca como uma opção de compra em potencial (PITTA; KATSANIS,1995).
26
Em Solomon et al. (2006), os consumidores podem reconhecer marcas e
cantar seus jingles, mesmo para produtos que não utilizam. Esta ação caracteriza
uma aquisição involuntária e casual de conhecimento, também conhecida como
aprendizagem incidental. As experiências das pessoas são formadas pelos
feedbacks que recebem, a exemplo dos consumidores que respondem às marcas de
perfumes, jingles e a outros estímulos de marketing, com base nas conexões que
foram aprendidas durante a vida.
Boeing (2012) realizou um estudo sobre semelhanças e diferenças no
comportamento dos consumidores do Brasil e dos Estados Unidos, baseado na
estratégia de posicionamento de produtos em filmes, demonstrando a inexistência
de diferenças significativas entre os consumidores destes países. Sendo assim, o
posicionamento de produtos tem chamado a atenção dos profissionais de marketing,
para uma forma alternativa de comunicação, habitualmente identificada em filmes,
seriados, músicas, jogos de vídeo game e novelas.
O posicionamento da marca se dá quando esta pode ser identificada e
comparada com outras concorrentes e categorias que ocupam o mesmo espaço. Em
marcas de atuação global, elas têm o desafio de se posicionar para diferentes
gostos do público. O posicionamento ajuda consumidores a diferenciar produtos e
empresas dos demais concorrentes, possibilitando a escolha daqueles que têm o
maior valor percebido. (SERRALVO; FURRIER, 2004; TOLEDO; HEMZO, 1991).
Alguns homens constroem sua masculinidade através do consumo diário,
idealizando um herói, sendo dois modelos proeminentes identificados: o que traz o
sustento da família e o rebelde, evidenciando que a personalidade da marca,
identificada pelo conjunto de características humanas associadas a mesma,
influenciam o comportamento do consumidor (AAKER, 1997; HOLT; THOMPSON,
2004).
Chernatony, Dall’Olmo e Harris (1998) defendem que os principais critérios
de sucesso, baseados no consumo de uma marca e discutidos na literatura são três:
a associação da marca; vantagem diferencial percebida e o valor acrescentado. A
característica importante desses critérios é a percepção dos consumidores em
relação à concorrência, além da orientação de longo prazo.
Outros fatores de diferenciação da marca podem influenciar o consumo de
determinada marca. Keller (1993) cita em seu estudo que uma brand equity,
baseada no cliente, deve ser definida como o efeito diferencial do conhecimento da
27
marca na resposta do consumidor à sua comercialização. O termo brand equity
significa o valor da marca, ou seja, o valor que a marca agrega ao produto. Foram
incluídos três conceitos importantes em sua definição: efeito diferencial;
conhecimento da marca e resposta do consumidor de marketing. O estudo também
defende que uma marca com uma imagem positiva à percepção da mesma, estará
aumentando a probabilidade de ser escolhida, além de ser mais consumida e obter
maior lealdade e redução nas ações de marketing da concorrência. A lealdade se dá
quando ocorre um comportamento de repetição da compra.
As constantes mudanças, adaptações e evoluções do mercado demandam
uma maior compreensão das necessidades dos consumidores, promovendo uma
melhor experiência com as compras, aumentando as possibilidades de retenção e
fidelização. No conceito de Aaker (1997), se grande parte dos clientes de uma
marca estão dispostos a pagar o seu preço, não há nenhum benefício em rebaixar
toda a marca a um valor abaixo do mercado, com o objetivo de atrair novos clientes.
As empresas irão apenas negociar um grupo de clientes para outro, nesse caso, os
gestores devem considerar uma submarca como sendo, uma marca com nome
próprio, sustentada pelo uso da sua marca-mãe. O papel das submarcas é o de
ajudar os gerentes a diferenciar novas ofertas de marcas, ao utilizar o patrimônio da
marca-mãe para influenciar os consumidores.
Nos debates de Chernatony, Dall’olmo e Harris (1998), sobre os critérios de
sucesso de marcas, o lucro tem sido muitas vezes, considerado como uma
mensuração do sucesso do negócio. Sendo assim, torna-se importante à gestão e à
construção da identidade de uma determinada marca, bem como, conhecer a forma
como os consumidores percebem e avaliam os produtos e serviços, considerando
seus atributos e como estes contribuem com a criação de valor e aumento dos
lucros.
2.1.1 Identidade e Atributos de Marca
Em Espartel e Slongo (1999), os atributos podem ser propriedades
intrínsecas ao produto, que representam características físicas, importantes para a
28
escolha do produto e podem ser avaliadas como a performance do produto, pelos
consumidores entre as marcas.
No estudo de Tibola, Vieira e Sanzovo (2004), o produto é identificado pelo
atributo, pelo que possui e pelas suas propriedades, que juntas formam um conjunto
de atributos de identificação do produto. Também são considerados atributos do
produto, a marca, a embalagem e a qualidade entre outros. Sendo assim, o estudo
de Louro (2000) conceitua a marca como um objeto vivo com que consumidores se
relacionam e podem ter atributos como: reais ou ilusórios, racionais ou emocionais,
tangíveis ou intangíveis e que geram satisfação.
Quando o consumidor avalia um produto ou serviço, este considera a cor ou
textura, como atributos intrínsecos ao produto e a marca ou embalagem como
atributos extrínsecos. Conhecer estes atributos torna-se importante ao comprador e
às orientações referentes as decisões dos administradores de marketing. No estudo
de Urdan e Nagao (2004), foi evidenciado que tanto os atributos extrínsecos, quanto
intrínsecos, exercem influência nas avaliações da qualidade realizada pelos
consumidores.
A marca não se limita a um logotipo ou etiqueta, mas um significado como
um meio de vida, um conjunto de valores, atitudes, expressões e um conceito.
Vásquez (2011) defende que o consumidor vincula a marca com as qualidades
físicas e também com o conjunto de emoções que a marca transmite. O consumidor
usa uma marca porque ele se identifica com as sensações que esta lhe proporciona
e pelo que esta representa.
A identidade da marca contribui para estabelecer um relacionamento com o
cliente, envolvendo benefícios funcionais, experiências e simbólicos (BACHA, 2005).
No mesmo sentido, Bacha (2005) diz que a identidade da marca resulta nos signos
que são traduzidos na imagem. A imagem da marca são associações mentais
projetadas, de maneira física ou emocional. Nesta linha Khauaja, Jorge e Perez
(2007) distinguem a identidade da marca como sendo uma concepção que a marca
tem dela própria, para eles a imagem da marca é a interpretação feita pelo público.
Respostas comportamentais observadas por meio de estímulos, quando
relacionadas a uma determinada marca, demonstram parte da identidade desta. A
experiência da mesma, é formada pelas dimensões que envolvem as sensações de
sentimentos, de cognições comportamentais. Sendo assim, a experiência com a
marca, está ligada à satisfação, lealdade direta e indireta e ao impacto da
29
experiência do consumidor, na sua fidelidade. (BRAKUS; SCHMITT;
ZARANTONELLO, 2009; ISMAIL; MELEWAR; WOODSIDE, 2011).
A importância da identidade da marca está em transmitir uma mensagem
clara, que demonstre suas competências fundamentais. A identidade desta
caracteriza-se como fator de sucesso, como por exemplo, a Volvo, cujo slogan da
marca é "A segurança para a vida”, ou no caso da Nokia, "conectando pessoas". Os
seres humanos têm uma tendência de usar formas fáceis e breves na descrição e
comunicação. Para a marca manter uma comunicação consistente, busca alinhar a
identidade com a sua cultura interna. Esta pode ser definida como um conceito,
também a singularidade da marca, significado, propósito, valores e individualidade
(KARJALAINEN, 2003; JANONIS; DOVALIENE; VIRVILAITE, 2007)
A percepção dos consumidores, acerca dos atributos e da identidade de
uma marca, pode sofrer alterações, quando estes são submetidos a uma
experiência com a referida marca. A relação do consumidor com esta experiência de
marca, revela a necessidade do entendimento de suas emoções. A seguir serão
apresentadas algumas contribuições teóricas sobre o tema.
2.1.2 Experiência de Marca
A experiência de marca pode influenciar no aprendizado dos consumidores
pela publicidade. Hoch e Ha (1986) descobriram que a publicidade, da mesma forma
em que se aprende com pais e professores, ensinam a consumir, porém supõe-se
que os consumidores acreditam nos anúncios. Entretanto algumas publicidades não
têm grande credibilidade como, por exemplo, as políticas e partidárias. Os
consumidores reconhecem que a publicidade lhes fornece algumas informações,
mas querem ter alguma prova antes de aceitar um pedido feito por algum
anunciante. Neste sentido, as experiências também podem ocorrer indiretamente,
por exemplo, quando os consumidores estão expostos à publicidade e ao marketing
de comunicação (HOCH; HA, 1986; BRAKUS; SCHMITT; ZARANTONELLO, 2009).
Porém, em contra posição ao estudo de Hoch e Ha (1986), Heath, Brandt e
Nairn (2006) demonstram que o termo Relacionamento de Marca, iniciou sua
30
expansão a partir da década de 1990, para desenvolvimento da satisfação do
consumidor, o que levou a se pensar que as relações da marca, não têm muito a ver
com a publicidade e só existirão quando o produto ou serviço estiver sendo utilizado.
Conforme Sherman, Mathur e Smith (1997), tratam das emoções dos
consumidores e sua influência resultante do comportamento destes, com o seu
comportamento de compra. Assim, conceitua-se experiência de marca como
subjetivas, respostas internas de consumo (sensações, sentimentos e cognições) e
respostas comportamentais evocadas por estímulos relacionados com marcas que
fazem parte do projeto da marca e identidade, embalagem, comunicação e
ambientes. Neste sentido as emoções dos consumidores podem ser um fator de
mediação do processo. (SHERMAN; MATHUR; SMITH, 1997; BRAKUS; SCHMITT;
ZARANTONELLO, 2009).
O estudo realizado por Brakus, Schmitt e Zarantonello, (2009), identificou
que os estímulos relacionados à marca aparecem como parte do projeto de sua
identidade, tais como sua identidade visual, embalagem e ambiente onde é
comercializada. Os estímulos relacionados à marca representam a maior fonte de
respostas aos consumidores internos, a qual chama-se de Experiência de Marca.
Para maior compreensão da experiência de marca, utiliza-se o marketing
experiencial, cujo fundamento, é o processo de identificação e satisfação das
necessidades dos clientes e de suas aspirações de forma lucrativa. Algumas
mudanças do marketing experiencial resultaram no desenvolvimento de três
ambientes de negócios simultâneos. O primeiro é a onipresença da tecnologia da
informação, que atualmente impulsiona os negócios; o segundo, refere-se à
supremacia da marca com os avanços na tecnologia informação, onde todas as
informações referentes à marca estão disponíveis global e instantaneamente; por
fim, a onipresença das comunicações e entretenimento, pois se tudo está se
tornando uma marca, tudo pode ser transformado por meio de comunicação e
entretenimento (SCHMITT, 1999; SMILANSKY, 2009).
Brakus, Schmitt e Zarantonello (2009) descrevem que a experiência da
marca é conceitualmente distinta de outras construções da marca como atitude,
envolvimento, fixação, satisfação e personalidade. Esta se define pelo juízo de valor
não geral sobre a marca. Na experiência de marca são considerados alguns fatores
como, sentimentos, cognições e respostas comportamentais, percebidos no
comportamento dos consumidores, quando submentidos à experiência de marca.
31
A experiência de marca não ocorre somente após o consumo de
determinado produto, mas sempre que há uma interação do consumidor, de forma
direta ou indireta, com determinada marca. Estes tendem a perceber e adotar
características humanas em determinada marca, constituídas em cinco dimensões:
sinceridade, emoção, competência, sofisticação e robustez (AAKER, 1997;
BRAKUS; SCHMITT; ZARANTONELLO, 2009).
Encerrando os assuntos sobre identidade, atributos e experiência de marca,
destacou-se a importância da compreensão da percepção dos diversos
consumidores, quando submetidos à experiência com a marca, que pode sofrer
alterações quando analisada em diferentes culturas de consumo. Sendo assim, faz-
se necessária uma abordagem mais aprofundada acerca dos temas, cultura e
subcultura de consumo.
2.2 Cultura e Subcultura de Consumo comunidade de marca
A compreensão da forma como os consumidores organizam suas vidas e
suas identidades e o reconhecimento da forma de consumo, categoria de produtos e
marca, contribui no sentido da busca de solução de muitas questões referentes ao
comportamento do consumidor de uma determinada marca.
A Teoria da Cultura do Consumo demonstra perspectivas teóricas que
abordam as relações dinâmicas entre as ações de consumo, o mercado, e os
significados culturais. Arnould e Thompson (2005) ofereceram o termo CCT
(Consumer Culture Theory), à Teoria da Cultura do Consumo, que contribuiu para o
conhecimento acerca do consumo e o comportamento do mercado. A CCT se
esforça para unir, sistematicamente, o nível individual com outras estruturas de
processos culturais, lembrando que o consumo é uma prática sociocultural que
emergiu das estruturas e dos imperativos ideológicos de mercados dinâmicos.
Entretanto, o estudo realizado por Souza et al. (2013) descobriu que a CCT
aborda os aspectos do consumo, a maneira que as pessoas criam e modificam os
significados simbólicos presentes nas propagandas, mercado, marcas e produtos,
para expressar suas características pessoais e sociais. O mesmo autor ainda
32
descreve que a teoria do comportamento do consumo é relativamente recente,
porém é possível notar um crescimento destes trabalhos na área de marketing e no
meio acadêmico brasileiro.
O conceito de cultura de consumo é referenciado ao modo dominante de
consumo, que é estruturado pelas ações coletivas das empresas, nas suas
atividades de marketing. Para o melhor funcionamento, o capitalismo necessita de
uma relação simbiótica entre as prerrogativas do mercado e fatores culturais que
informam como os consumidores enxergam e se envolvem com as ofertas de
mercados. Esta estruturação cultural do consumo, mantém o apoio para o sistema
de mercado, ampliando os mercados e lucros da indústria (HOLT, 2002; ARNOULD;
THOMPSON, 2005).
O estudo de Schouten e McAlexander (1995) identificou que a análise da
estrutura social, dos valores dominantes e dos comportamentos simbólicos, deve
orientar os estudos, por meio da subcultura de consumo, para a análise do
consumo. Os autores descrevem de que forma como os diferentes grupos sociais se
organizam, diferem e selecionam seus membros, definindo a subcultura de consumo
como um subgrupo que difere da sociedade. Estes subgrupos se auto selecionam e
se baseiam em um propósito comum, por sua relação com determinado produto,
marca ou atividade de consumo.
As expectativas de membros externos de um determinado grupo, em relação
a uma subcultura de consumo, são observados, neste estudo conforme Schembri
(2009), que existem percepções e expectativas distintas de membros externos e
internos de determinada subcultura.
Os produtos podem fazer da cultura material, algumas categorias de
pessoas, divididas entre idade, sexo, classe e ocupação. Estas podem ser
representadas por meio das mercadorias, assim como espaço, tempo e ocasião. As
mercadorias complementam a fundamentação da ordem da cultura. Nesta linha, o
termo "cultura de consumo" é utilizado para conceituar um determinado sistema
interligado, que produz imagens, textos e objetos, cujos grupos específicos usam
para a construção de sobreposição, contraditórias práticas, identidades e
significados para fazer sentido coletivo dos seus ambientes e orientar seus membros
em suas experiências e vidas (MCCRACKEN, 1986; KOZINETS, 2001).
No caso das culturas masculinas, espera-se que os homens sejam
ambiciosos, com posições firmes, se preocupem com dinheiro e admirem o que é
33
grande e forte. Já nas culturas femininas, espera-se que homens e mulheres se
preocupem com o relacionamento e gostem do que é pequeno e fraco e não sejam
competitivos. Em culturas individualistas, as pessoas se preocupam primeiro com
seus interesses e o da sua família. Na coletivista, as pessoas tendem a permanecer
como membros de grandes grupos, unidos pela proteção que o grupo gera e pela
competição com outros grupos. Culturas nacionais no marketing globalizado,
possuem traços de identidade que são expressões na cultura em diferentes níveis
de profundidade, como valores, símbolos, rituais e heróis (ROSSI; SILVEIRA, 2002).
Nas subculturas, os membros não somente se inscrevem na comunidade,
mas também em suas próprias hierarquias e definições. A subcultura também é
expressa como subunidades, subgrupos, culturas divididas, culturas dentro de
outras culturas, teorias, pluralismo cultural e multi culturas. Nesta perspectiva, a
cultura possui três partes: a cultura, a subcultura e a classe social, onde todos estão
incluídos em muitos grupos subculturais menores. A subcultura se divide em quatro
tipos: nacionalidades, religiosos, grupos raciais e regiões geográficas. Muitas
subculturas podem se tornar referência para decisões de marketing para atender as
demandas. (CHANG; CHUANG, 2005; LEIGH; PETERS; SHELTON, 2006)
O entendimento de como os consumidores, ou determinado grupo de
consumidores reagem e consomem um produto, exalta a importância do
conhecimento desta subcultura de consumo. O estudo de Kozinets (1997), relata a
existência de uma subcultura de consumo, de fãs de uma série televisiva, com uma
cultura baseada no compartilhamento de gostos que consomem símbolos
relacionados a esta série. Em 2001, o mesmo autor demonstrou o impacto cultural e
comercial de uma série televisiva e a importância dos meios de comunicação de
massa, na vida cultural contemporânea.
Outra abordagem mercadológica da subcultura de consumo, pode ser
identificada no estudo de Clark (2003), que retrata o movimento Punk como uma
subcultura de consumo, pois esta se tornou favorável à comercialização, onde o
marketing se atentou para o fato desta se servir para venda de músicas, veículos,
roupas, cosméticos entre outros produtos.
Em subculturas não comerciais, como as do surf, cosplay e de gêneros
musicais, a marca não tem um papel central, já nas subculturas comerciais, as
marcas são uma forma de comunicação e autenticidade. Nesta, os praticantes de
esporte, exibem as marcas mesmo sem as estar praticando. Neste sentido a marca
34
comercial acaba tendo uma influência mais comercial do que esportiva. Conforme
Schwarzenberger e Hyde (2013) o papel de marcas esportivas, em uma subcultura
de nicho esportivo, consiste na percepção dos atletas em relação às marcas,
fazendo uma comparação entre subculturas comerciais, que se originam por meio
de uma marca, enquanto as subculturas não comerciais evoluem de forma livre.
Nesta perspectiva, os consumidores, muitas vezes se reúnem, trocam informações e
se organizam em torno de uma determinada atividade ou produto, formando
verdadeiras comunidades de marca.
Sendo assim, a comunidade de marca é especializada, embasada em um
conjunto estruturado de relações estabelecidas entre os consumidores de uma
determinada marca. O termo Comunidade de Marca (brand community), foi
introduzido, por Muniz e O’Guinn (2001) como sendo uma comunidade
especializada, sem limitação geográfica, baseada em um conjunto estruturado de
relações sociais entre os admiradores de uma marca. Nas comunidades de
consumo, apesar do consumo em comum não ser uma ideia nova, seus membros
enfatizam um tipo de produto a ser consumido, como comida e bebida, para fazer
parte vivencial em comum, podendo ser uma celebração, ritual ou tradição (MUNIZ;
O’GUINN, 2001). Corroborando com o exposto, Almeida (2014) descreve que o
HOG pode ser considerado uma comunidade de marca.
O estudo de Almeida (2014) identificou que dos nove motoclubes estudados
pelo autor, somente os Águias de Aço e HOG aceitam apenas membros
proprietários de uma única marca de motocicleta, a Harley-Davidson e por este
motivo são os únicos que se caracterizam como uma comunidade de marca. O
estudo descreve que a comunidade de marca, a partir de uma perspectiva
experimental, pode ser estabelecida entre, o cliente e a marca, o cliente e a
empresa, o cliente e o produto utilizado e com outros clientes. Para Mcalexander,
Schouten e Koenig (2002) entre estas, todas as coisas que podem ser
compartilhadas ou não, são: comida, bebida, informações e suporte moral.
Entre os fatores que parecem ser compartilhados, estão a criação e a
negociação de significado. Nas pesquisas sobre consumo e comunidades de marca,
são identificadas várias dimensões que se diferem, incluindo a concentração
geográfica, o contexto social e a temporalidade. Atualmente o termo Comunidade de
Marca, é utilizado de várias formas. Este serviu como assunto para pesquisas, para
explicar o coletivo de consumo focado na marca, mas ressalta que o termo
35
comunidade de marca está sendo utilizado em excesso. (MCALEXANDER;
SCHOUTEN; KOENIG, 2002; THOMAS, 2011).
Similaridades e divergências comportamentais podem ser observadas em
diferentes subculturas de consumo pelo uso de estudos Cross-Cultural, pois o
comportamento do consumidor pode ser afetado por membros de grupos da
sociedade. Para Solomon et al. (2006), estes grupos são conhecidos como
subculturas, no qual seus membros dividem crenças e experiências em comum,
cujas características os diferencia de outros. Membros de grupos subculturais, têm
um impacto significativo no comportamento do consumidor. Algumas subculturas
são mais influentes que outras. Neste sentido, uma subcultura de Consumo pode ser
baseada em semelhanças como idade, raça, etnia, local onde reside, até mesmo
com forte identificação com atividade ou arte.
A forma como os membros de uma determinada subcultura se comportam,
quando esta é sobreposta por outra Cultura de Consumo, como no caso da Harley-
Davidson no Brasil, salienta a importância de pesquisas Cross-Cultural sobre o
Comportamento do Consumidor desta marca, aos gestores de marketing.
2.3 Comportamento do Consumidor e estudos Cross-Cultural
A competitividade associada ao crescente número de produtos e serviços
com características semelhantes e ao aumento do número de novas marcas,
demonstra a evolução do comportamento do consumidor e explicita as mudanças
dos fatores determinantes na sua decisão de compra.
Pinto e Lara (2007) descrevem uma crescente importância do tema, aos
estudiosos da área. Sua evolução iniciou na década de 50 por meio do
entendimento de três áreas distintas: as determinantes psicológicas, as
determinantes sociais e a tomada de decisão do consumidor. Na década de 60 os
esforços se concentravam em lealdade à marca, métodos para experimento em
campo, teoria do risco percebido e teorias compreensivas. Em 1970 os estudos se
focaram no comportamento de compra industrial, de serviços públicos, de compra
familiar, na atitude e comportamento e no processamento de informação. A década
36
de 80 evoluiu para o conhecimento de temas como simbolismo, comportamento de
fantasia e experimentação e o impacto da religião no comportamento do
consumidor. A partir de 1990, os conhecimentos referentes ao marketing de
relacionamento, foram o foco das atenções e após o ano 2000 a atenção dos
estudiosos se voltou para a evolução do conceito de marketing experiencial.
São vários os fatores emocionais que podem influenciar de forma direta ou
indireta, a decisão de compra. O julgamento que o consumidor faz acerca dos
atributos percebidos em determinada marca, a forma e a intensidade de suas
emoções e algumas combinações mais complexas que podem ser estabelecidas por
meio de experiência da marca, são o objeto de estudo dos pesquisadores do
comportamento do consumidor. As emoções e os julgamentos de satisfação do
consumo ocorrem no pós compra e compara as inter-relações entre os dois, para
identificar os padrões de respostas emocionais com as experiências dos produtos.
No estudo de Westbrook e Oliver (1991), foram descobertos cinco padrões de
discriminação de experiência afetiva, baseados em três dimensões independentes:
hostilidade, agradável surpresa e interesse.
A satisfação e insatisfação do pós compra, pode ser atribuída a uma relação
de experiências diárias como a tristeza, perdas financeiras e emocionais e ao prazer
pelo desempenho de um produto. Faz-se analogia dos atributos e a soma de
experiências positivas e negativas dos produtos. Desta forma, a situação como o
humor deve influenciar o consumidor à escolha da marca. O consumo de emoção se
dá por meio de um conjunto de respostas emocionais que ocorrem durante o uso ou
consumo de produtos, conforme as categorias de experiência emocional e
expressão ou pelas categorias emocionais subjacentes. O consumo ainda pode
envolver outras experiências afetivas mais complexas, com a combinação de várias
emoções comuns (BELK, 1975; WESTBROOK; OLIVER, 1991; OLIVER, 1993).
O estudo de Arndt (1976), definiu o comportamento do consumidor em cinco
estágios. Primeiro: o estágio mental e também ações físicas; segundo, o estágio
onde indivíduos ou grupos organizados se envolvem num consumo em comum;
terceiro, o relacionamento com a aquisição e a utilização ou até mesmo a
eliminação; quarto, o estágio dos produtos e serviços e por fim o estágio onde o
serviço pode ser tanto público quanto privado. O autor ainda ressalta que o consumo
é uma ação em que as pessoas utilizam os objetos de consumo de várias maneiras.
37
Sua pesquisa descreveu as diferentes maneiras como os consumidores consomem,
ou as práticas de consumo.
Alguns consumidores se relacionam e percebem alguns produtos, atribuindo
a estes, a possibilidade da obtenção de status em relação a alguém ou a algum
grupo. Solomon et al. ( 2006), defendem que não existe um conceito concreto para a
satisfação. Os consumidores baseiam suas compras também em outras pessoas,
tendo como principal motivação, a exposição dos produtos, mais do que apreciá-los
para mostrar aos outros que podem pagar, assim os produtos funcionam como
símbolo de status. O autor examinou as experiências dos consumidores na
apreciação dos objetos de consumo, como avaliar e apreciar os objetos e como
determinar a satisfação do consumidor, comentando que em cada uma destas
práticas, os consumidores não criam suas experiências novamente, utilizando
estruturas interpretativas para o consumo dos objetos.
Sendo assim, a compreensão das formas como o homem significa aquilo
que o rodeia, contribui para o entendimento de como os consumidores se
relacionam com determinada marca. Allen e Torres (2006) descrevem que as teorias
psicológicas sugerem que os alimentos são avaliados de acordo com as
experiências positivas ou negativas que tiveram anteriormente, com o alimento.
O estudo de Schembri, Merrilees e Kristiansen (2010), demonstra que os
consumidores utilizam algumas marcas específicas de maneiras diferentes para a
construção do seu eu, para comunicar quem são.
Em relação aos grupos sociais informais, o estudo de Stafford (1966)
identificou que estes influenciam na preferência de marca de seus membros. Notou-
se que anteriormente o marketing tinha admitido que fatores sociais como
aculturação, classe social e grupos étnicos, desempenham alguma função na
tomada de decisão do consumidor. Os grupos de referência influenciam o
comportamento do consumidor de duas maneiras. Primeiro por aspiração, em
segundo lugar a influência por tipos de comportamento. Estes tipos de influência
envolvem recompensas psicológicas e punição.
Quanto ao entendimento do comportamento do consumidor quando
relacionado a sua classe social, Hill e Stephens (1997) defendem que o consumidor
empobrecido, tem três características inter-relacionadas, em primeiro lugar,
restrições cambiais que limitam sua capacidade de adquirir bens e serviços
necessários e desejados; em segundo, como consequência destas restrições, a
38
alienação da cultura de consumo da classe média, e o sentimento de perder os
aspectos do consumo de sua vida e em terceiro, que os consumidores pobres
fantasiam sobre bens importantes e entram em atividades legais e até ilegais para
gerar renda para adquirir os produtos.
A influência de fatores culturais no comportamento do consumidor foi
estudada por Kacen e Lee (2002), que estabeleceram uma correlação entre os
comportamentos de compra impulsiva, influenciados por fatores culturais, e do
individualismo e do coletivismo. A cultura afeta os produtos e também a estrutura de
consumo e a tomada de decisão do indivíduo. Quando o consumidor compra um
produto, espera obter função, forma e significado.
A lealdade e a satisfação do consumidor acontecem apenas quando este
tem suas expectativas atendidas de maneira consistente. Assim como o sabão em
pó tem a função de limpar a roupa, os alimentos possuem formas e texturas,
podendo ter um significado familiar e religioso. Um determinado produto pode ter
função e formas diferentes, em outras culturas. O contexto cultural do consumidor
define o significado de qualidade na função do produto (ENGEL; BLACKWELL;
MINIARD, 2000).
Em relação à relevância do entendimento do comportamento dos
consumidores, quando relacionado ao país ou região onde determinado produto é
fabricado, o estudo de Guilhoto (2001), defende que os consumidores são
influenciados e avaliam os produtos, também pelo país de origem fabricante do
produto. Os produtos são avaliados com base em informações intrínsecas
(referentes às características físicas) e extrínsecas (externas ao produto).
O mesmo autor também defende que por não ser sempre possível, para os
consumidores, analisar a qualidade real dos produtos antes da compra, estes
poderão utilizar da imagem do país de onde vem o produto como fator de decisão de
compra. A informação sobre o país de origem é considerada extrínseca, ou um
atributo intangível. A imagem de um país pode mudar ao longo do tempo, a exemplo
do Japão. Anteriormente seus produtos eram vistos como produtos de baixa
qualidade. Atualmente os produtos de fabricação japonesa são classificados entre
os de melhor qualidade no mundo (GUILHOTO, 2001).
Reforçando os resultados da pesquisa de Guilhoto (2001), o trabalho de
Javed e Hasnu (2013), descreve que o país de origem exerce uma influência
significante e positiva nas decisões de compras de alguns produtos. O estudo
39
realizado no Paquistão demonstrou que alguns produtos de fabricação nacional são
privilegiados no que tange a percepção dos consumidores, como o tecido que tem
melhor avaliação para os produtos paquistaneses. Estes são a primeira escolha,
enquanto produtos eletrônicos ocupam a quarta posição na escolha dentre cinco
países. Os produtos eletrônicos apresentaram maior grau na intenção de compra de
produtos com produção japonesa e cosméticos, aos produtos com produção nos
Estados Unidos.
Sojka e Tansuhaj (1995) informam que as pesquisas Cross-Cultural
começaram a surgir nos anos de 1970, tanto em quantidades de pesquisas quanto
em número de países, sendo a França o país mais estudado, seguida da Inglaterra e
do Japão. Este estudo identificou que os pesquisadores de consumo foram além de
seus campos de pesquisa para incluir outras culturas, além da própria.
Estudos Cross-Cultural podem ser feitos para definir como os diversos
grupos culturais se diferenciam. O interesse do pesquisador está nas diferenças ou
semelhanças existentes em cada uma das culturas pesquisadas. Sojka e Tansuhaj
(1995) defendem que o desafio para os pesquisadores de consumo tem maior foco
nas semelhanças, do que nas diferenças identificadas entre as culturas, de modo a
generalizar culturalmente as teorias do comportamento do consumidor. Diferentes
linhas de pesquisas transculturais enfrentam um dilema entre os conceitos e os
modelos universais para abranger adequadamente as peculiaridades que cada
cultura possui (MCCARTY, 1989; CARVALHO; BORGES, 2012).
Alguns estudos sobre o comportamento do consumidor baseiam-se na
cultura de consumo em que este está inserido. A seguir serão apresentados os
trabalhos anteriores encontrados, para a realização do estudo Cross-Cultural.
Algumas informações importantes foram consideradas e descritas com o objetivo de
fundamentar as principais características dos comportamentos do consumidor em
cada cultura estudada, para posteriores comparações entre as diferentes Culturas
de Consumo.
40
2.4 Estudos sobre o comportamento do consumidor proprietário de Harley-
Davidson
O trabalho de Schembri (2009) confirmou e ampliou os resultados do estudo
de Schouten e McAlexander (1993,1995). Estes Três trabalhos são informativos
sobre a experiência da marca, o comportamento dos consumidores e a subcultura
de consumo Harley-Davidson, por identificarem que a experiência com esta marca,
quando observada em seu uso coletivo e no ambiente em que é consumida, tem
características pós-modernas de liberdade, onde a imagem rebelde da moto e da
marca é percebida por seus consumidores. O estudo destaca a forma como a
Harley-Davidson, juntamente com seus consumidores, participam da construção da
experiência de marca e de seus atributos.
O conhecimento adquirido pelos consumidores, acerca do significado da
marca, possibilita aos gestores de marketing, um melhor gerenciamento dos fatores
que motivam a aquisição dos produtos desta marca.
Os três trabalhos apresentados nos itens 2.4.1, 2.4.2 e 2.4.3, foram usados
como base para a comparação entre diferentes culturas de consumo. Porém, outros
trabalhos foram utilizados conforme itens 2,4.4, 2.4.5, 2,4,6 e 2,4,7, por terem
identificado outros atributos e percepções, pelos consumidores, à marca estudada.
2.4.1 Impactos no mercado de uma subcultura consumo: a mística Harley-Davidson
O estudo de Schouten e McAlexander (1993), “Impactos no mercado de uma
subcultura consumo: a mística “Harley-Davidson” descreveu, por meio de uma
revisão etnográfica, uma série de características, padrões e comportamentos dos
consumidores americanos, da marca Harley-Davidson. Foram descritos neste item,
seus principais resultados e contribuições.
Os autores afirmam que a existência de uma subcultura de consumo se
justifica, por meio da existência de vários segmentos de mercado, unidos por um fio
condutor, que se caracteriza por terem um compromisso com determinado produto,
41
com o seu simbolismo e com os valores, que este representa aos seus
consumidores.
Sua pesquisa identificou que um dos fenômenos mais interessantes
observados entre os proprietários de Harley-Davidson consiste em uma tendência
em desenvolver estilos em sua motocicleta, customizações e vestimentas,
contribuindo com o desenvolvimento tecnológico da empresa.
Schouten e McAlexander (1993) observaram que membros mais leais à
cultura Harley-Davidson são justamente aqueles que mais se aproximam do núcleo
desta subcultura. Estes, em sinal de lealdade, muitas vezes usam tatuagens da
marca, adesivos em outros veículos e o uso de roupas originais da marca.
Algumas características referentes ao design na produção e customização
das motocicletas, ditam o estilo adotado pelos membros presentes no núcleo de
uma subcultura Harley-Davidson, que incluem garfos alargados, guidões altos, apoio
avançado para os pés, encosto para o carona e muitas peças cromadas e de couro.
O uso de roupas originais Harley-Davidson também sugere este estilo. As
vestimentas como botas, coletes de couro, em cor preta, é praticamente um
uniforme (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993; PINTO, 2011).
Schouten e McAlexander (1993) comentam que alguns produtos, utilizados
por subculturas de consumo em grupos de contracultura, como os motociclistas fora
da lei, podem ser observados pela sociedade com medo ou admiração. As pessoas
podem ter respostas positivas e negativas de forma simultânea ao entrarem em
contato com esta contracultura (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993).
A lealdade à marca Harley-Davidson é posta a prova, quando em primeira
análise, a customização da motocicleta, implica na substituição de peças originais da
marca por outras. Um exemplo é a substituição dos escapamentos originais pelos da
marca Screaming Eagle. (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993; SCHEMBRI, 2009)
Alguns pesquisados no estudo de Schouten e McAlexander (1993)
informaram não possuir nenhum grau de lealdade à marca, citando atributos
intrínsecos da marca como desempenho, em discordância aos informantes leais,
aqueles que se declaram fiéis à marca, apontando a herança americana da
produção da marca e o som reproduzido pelo motor de uma Harley-Davidson.
42
2.4.2 Subculturas de consumo: uma etnografia dos novos motociclistas.
O estudo etnográfico de Schouten e McAlexander (1995), “Subculturas de
consumo: uma etnografia dos novos motociclistas” descreveu uma série de
características, padrões e comportamentos dos consumidores americanos, da marca
Harley-Davidson e seus principais resultados e contribuições foram descritos neste
item.
A estrutura de uma subcultura reage às interações sociais e culturas de seus
membros. A estrutura social de alguns subgrupos de consumidores da marca
Harley-Davidson, adotam um padrão de vestimenta, usando couro, jeans e botas.
Neste sentido, uma subcultura de consumo baseada na série televisiva onde os
membros dedicados que usam os uniformes e fantasias acabam sendo vistos como
insanos ou imaturos, mas que fazem parte desta subcultura. Esta estigmatização
limita a entrada na comunidade, agindo como uma barreira que quando conquistada
acaba incentivando um envolvimento mais profundo (KOZINETS, 2001;
SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1995).
Os estudos de Schouten e McAlexander (1995), Almeida (2014) e Pinto
(2011) identificaram que a maioria dos membros do HOG é composta por
aposentados, semi aposentados e pessoas de meia idade. A socialização
estabelecida pelos HOG transforma seus membros e isto implica no
desenvolvimento dos motivos para o estabelecimento do grau de comprometimento
com a subcultura do grupo. Nesta linha, é correto afirmar que membros que
investem tempo suficiente para determinada subcultura, podem assumir seus
valores, tornando-se um membro experiente e central, na subcultura de consumo.
(SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1995; PINTO, 2011).
Os autores Schouten e McAlexander (1995), ainda comentam que a Harley-
Davidson, se compromete com seus novos consumidores, por meio do fluxo de
informações aos novos membros, fornecendo uma vasta opção de vestuário,
acessórios e serviços, apostando em um maior envolvimento destes, para a redução
das barreiras de entrada e criação de barreiras de saída da subcultura Harley-
Davidson. Sendo assim, o comerciante fornece os objetos necessários para a
existência da subcultura e contribui no sentido da socialização de seus membros,
43
facilitando o fluxo de informação entre os membros, patrocinando eventos para as
atividades da subcultura.
Para aumentar o tamanho do seu mercado, os profissionais de marketing,
podem criar uma subcultura marginal que tenha maior facilidade e acessibilidade
aos seus membros. Da mesma forma, a cultura de consumo de um povo não se
define somente pelas construções sociológicas, por se relacionarem com outras
pessoas por meio de objetos, estabelecendo sua posição no mundo social
(SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1995).
2.4.3 Reformulando a experiência de marca: o significado experiencial da Harley-Davidson.
O estudo etnográfico de Schembri (2009), “Reformulando a experiência de
marca: o significado experiencial da Harley-Davidson”, com os HOGs australianos,
tomou como base o estudo de Schouten e McAlexander (1995), que descreveu o
significado marca Harley-Davidson nos EUA, por meio da experiência da marca e do
comportamento dos consumidores.
Em seu estudo Schembri (2009) identificou que o HOG se apresenta, no
ambiente Harley-Davidson, como uma janela para um movimento dominante. O
sentimento de fraternidade é traduzido em um código social por meio de uma
poderosa conexão, em que seus membros se protegem uns aos outros, apesar de
sua identidade de gênero, dentro e fora da estrada, respeitando um credo não dito.
O número de membros do sexo masculino é evidente nesta Subcultura de
Consumo. No HOG australiano muitas mulheres se encorajam a andar de Harley-
Davidson. O HOG australiano é incondicional nos critérios para adesão de um novo
membro, por supor que os seus aceitem os valores designados pelo grupo, bem
como o respeito mútuo. A liberdade existente na experiência em andar com o HOG
ocorre concomitantemente com a regulação e organização do HOG, que prioriza a
segurança de seus membros (SCHEMBRI, 2009; PINTO, 2011).
Schembri (2009) aponta que alguns aspectos relacionados à formação do
comboio, quando em passeio coletivo, demonstram um método organizado e seguro
para a locomoção segura do grupo. Quando algumas regras são violadas, durante
44
os passeios, ou identificação de atitude inconveniente é publicamente reprimida com
a ridicularizarão do ato, ou suave humilhação, comunicando, de forma indireta, aos
que os assistem à repressão, a seguinte mensagem: “você também pode fazer parte
desta cena”.
Várias motocicletas, em um passeio do HOG, criam espetáculo incomum às
pessoas que observam, muitas vezes assustador, por meio do som grave de seus
motores, com a substituição de seus escapamentos originais por tubos esportivos da
marca norte-americana denominada Screaming Eagle. Os usuários defendem que a
substituição dos escapamentos originais por escapamentos esportivos, com maior
produção de ruído, justifica-se por serem mais facilmente percebidos pelos outros
motoristas quando se aproximam destes. Além desta, outras personalizações são
feitas na motocicleta, como pintura e a inclusão e a substituição de peças,
personificam simbolicamente os seus consumidores (SCHOUTEN;
MCALEXANDER,1995; SCHEMBRI, 2009; PINTO, 2011).
Em seu estudo, Schembri (2009) salienta que por ter mais de 100 anos de
tradição, a compra de uma motocicleta representa a realização de um sonho para
muitos membros do grupo, tornando o papel desta marca, desta maneira, mais que
funcional. O autor também identificou que a ritualística observada no cuidado com
sua motocicleta, foi observada no polimento das peças cromadas e na minuciosa
lavação destas.
Schembri (2009), descobriu que os membros do HOG australiano, usam a
bandeira da Austrália em sua motocicleta, e defendem sua nação, quando se
referem ao uso da marca americana, alegando que a Austrália não produz
motocicletas. Estes se preocupam com o grau de influência percebido, na
internacionalização desta subcultura de consumo norte-americana, na subcultura de
consumo Harley-Davidson australiana.
No entanto, apesar da identificação de algumas resistências à cultura norte-
americana, que se apresentam dominantes em suas características, estéticas e
comportamentos, algumas sutis distinções e adaptações patrióticas podem ser
observadas, como o uso da bandeira australiana, ao invés da americana, como
ornamentação das motocicletas. A importância do entendimento da forma como
símbolos externos desta subcultura são transferidos, ao analisar proprietários de
Harley-Davidson de outros países e culturas, como vestimentas e customização da
45
motocicleta, quando articulados a um novo sistema de referencia cultural do país
anfitrião (SCHOUTEN; MCALEXANDER,1995; SCHEMBRI, 2009).
O estudo de Schembri (2009) descreve que para se tornar um HOG
australiano ativo, algumas características são adotadas, tais como: uma vida social
intensa e senso de camaradagem. Alguns membros optam por incluir familiares no
grupo, enquanto outros preferem não incluir, estabelecendo assim um mecanismo
de escape.
Em relação à classe social de seus membros, o estudo de Schembri (2009),
descreve que apesar de serem, em sua maioria, ricos ou bem estabelecidos
financeiramente, todos defendem que a subcultura Harley-Davidson australiana seja
perene e sem classes. Estes arrecadam dinheiro para várias instituições de caridade
assim como nos HOGs da América do Norte.
A experiência desta marca surge principalmente de dentro do contexto social
criado pelo HOG. Seus membros criam conexões sociais com outros membros em
um estilo de vida que permeia o consumo de produtos Harley-Davidson. Estas
conexões contribuem com a coconstrução da marca (SCHOUTEN;
MCALEXANDER, 1995; SCHEMBRI, 2009; CUNHA; ROSINI, 2013).
Para Schembri (2009), o espetáculo criado pelos consumidores da marca,
quando reunidos em um de seus passeios, contribui com o que cada participante
considera como sendo a sua realidade naquele momento. Sua percepção acerca de
sua imagem, como ator do espetáculo criado, ajuda a construção da auto imagem
simbólica com a experiência Harley-Davidson e de sua construção dentro grupo
social. Assim como o piloto e a motocicleta têm significados e mostram esta
subcultura de consumo, o modo como os expectadores significam a moto, o grupo, e
o espetáculo, pode ser diferente dos consumidores com a experiência Harley-
Davidson. Nos próximos itens, serão apresentadas algumas contribuições teóricas
importantes, de trabalhos sobre consumidores de Harley-Davidson, à comparação
com os resultados deste estudo.
46
2.4.4 Comunidade de Marcas e os proprietários de Harley-Davidson de Belo Horizonte
O estudo de Almeida (2014), intitulado: Comunidade de Marcas e os
proprietários de Harley-Davidson de Belo Horizonte, aponta que a marca HD
representa aos entrevistados as sensações de liberdade, realização de um sonho,
estilo e filosofia de vida, tradição, entre outros. Também obteve respostas como:
independência, poder, conforto, segurança, ícone universal, alegria, regozijo e gozo.
O autor se limitou a estudar os proprietários de motocicletas membros de
motoclubes que podem constituir uma comunidade marca. A pesquisa se embasou
no artigo de Schouten e McAlexander (1995) e analisou dez membros pertencentes
a nove motoclubes de Belo Horizonte.
Nos resultados, o autor descreveu que as comunidades estudadas são
compostas por membros com diferentes características intelectuais, profissionais,
porém compartilham interesses pessoais entre si. Os motoclubes Águias de Aço e
HOG foram os únicos pesquisados, cujos critérios permitem somente membros
proprietários de uma única marca de motocicleta, a Harley-Davidson. Por este
motivo são os únicos que se caracterizam como uma comunidade de marca. As
demais comunidades pesquisadas, apesar de apresentarem a mesma organização
estrutural, não se caracterizam como uma comunidade de marca, por aceitarem
membros que utilizem outras marcas de motocicleta.
Os motoclubes pesquisados pelo autor demonstraram buscar em suas
comunidades, a possibilidade de conhecer novas pessoas e um estilo de vida que os
liberte da árdua rotina da vida cotidiana, por meio de aventuras em grupo.
As mulheres não têm aceitação em todos os motos clubes, ou não são
totalmente aceitas, como por exemplo, na administração da comunidade. Em
outros, as namoradas, filhos e esposas são membros ativos. Ele ressaltou o
comentário de um entrevistado que disse: “[...] no HOG a mulher tem toda
liberdade”.
47
2.4.5 Você tem uma moto ou uma Harley?
A pesquisa de Pinto (2011), denominada Você tem uma moto ou uma
Harley?, analisou os membros do HOG, da cidade São Paulo, pela utilização da
combinação das técnicas etnográficas de observação participante, entrevistas e
análise de fotos, buscando identificar as relações que se formam entre seus
membros. Identificou que o pertencimento ao Grupo se embasa em vários
elementos comportamentais, incluindo a customização e estilização da motocicleta e
do piloto, além de expressar certo envolvimento emocional com a marca Harley-
Davidson.
Nesta direção, o proprietário passa a se definir a partir da marca, como um
legítimo harleyro. Cada piloto cria seu estilo com total liberdade à personificação,
porém, segundo um repertório de produtos e sinais distintivos do grupo. Afinal, o
sentimento de pertencimento ao grupo é estabelecido pelo olhar dos seus membros.
Outra observação feita neste estudo foi que alguns atributos da motocicleta
que se referem à potência do motor, sua robustez e beleza, são denominados pelo
autor como “atributos móveis” por serem transferidos do veículo ao piloto e
novamente ao veículo.
Na pesquisa de Pinto (2011), o piloto chama atenção com sua moto,
brilhante, com peças cromadas e com o som barulhento e peculiar do escapamento.
Quem chama a atenção não é o piloto e sim a motocicleta, que acrescenta ao
proprietário algumas características e aspectos ao usar a motocicleta.
O autor comenta, nesta pesquisa, que os motociclistas alteram o
escapamento, banco, guidão, a própria pintura, paralamas, entre outras peças.
Personalizam a motocicleta para expressar sua personalidade, identificando que as
primeiras customizações são feitas nas manoplas, pedaleiras, peças cromadas,
escapamentos, sissy bar e bolsas laterais.
Em relação aos expectadores de um comboio de motocicletas em um
desfile, o estudo descreve que ao ouvirem o ronco barulhento dos motores da
motocicletas Harley-Davidson, as pessoas paravam para assistir ao comboio. A
maior parte das crianças aplaudia e gritava e os proprietários de Harley-Davidson,
48
denominados harleyros, retribuíam acenando e buzinando aos expectadores
(PINTO, 2011)
2.4.6 A Internacionalização sob a ótica da Cultural Nacional e Organizacional:
Adaptabilidade ou Submissão da Subsidiária?
O estudo de Uchoa, Floriani e Ramos (2014), intitulado “A
Internacionalização sob a ótica da Cultural Nacional e Organizacional:
Adaptabilidade ou Submissão da Subsidiária?”, buscou identificar se a cultura do
país de origem, da empresa matriz, tem influência na formação da cultura
organizacional da empresa subsidiária, mais fortemente, que a cultura nacional do
país hospedeiro. O autor identificou conflitos existentes na internacionalização desta
empresa, estudando alguns fatores culturais na internacionalização da empresa
subsidiária Harley-Davidson de Manaus, em relação à norte-americana.
Uchoa, Floriani e Ramos (2014) descrevem que na implantação da fábrica
da Harley-Davidson no Brasil, a estrutura organizacional da empresa foi adaptada ao
Brasil, passando por uma “tropicalização”. Conforme sua pesquisa, o americano
tem uma forte ligação com sua cultura, mas que precisou fazer mudanças para
adaptar à realidade brasileira. Algumas normas, slogans e procedimentos, quando
associados às crenças e valores do país de origem da marca, são intensos. Sendo
assim estes são explorados pela cultura coorporativa da empresa, atendendo à
cultura nacional da matriz sob as subsidiárias.
2.4.7 Cocriação em uma empresa com uma marca forte: Harley-Davidson
A pesquisa de Cunha e Rosini (2013), denominada “Cocriação em uma
empresa com uma marca forte: Harley-Davidson” buscou uma abordagem analítica
do processo de cocriação e a agregação de valor à marca. Afirma que o empenho
49
dos proprietários com a marca é a base para a implantação de processos de
cocriação. Os donos de Harley-Davidson sente-se orgulhosos em fazer parte deste
universo. Os proprietários colocam a marca nas suas roupas, anunciam nas redes
sociais e participam dos eventos e de grupos de motociclistas.
Os autores ainda defendem que compreender e trabalhar os desejos dos
clientes faz parte das estratégias da empresa. Uma ferramenta usada com este
objetivo, pode ser estabelecida pela possibilidade de construir uma motocicleta
customizada. Identificou que a Harley-Davidson, por um lado promove as ações em
grupos e direciona seus esforços na criação da possibilidade e da ideia de que cada
proprietário pode ter uma motocicleta única, que reflita algumas características de
sua personalidade.
Identificaram ainda, que a empresa investe na comunicação de
características da marca, com ênfase ao sentimento de liberdade, por meio de seu
site na internet, cuja estratégia aumenta o contato com o cliente, incentivando os
novos a participarem dos eventos promovidos pela empresa.
Concluindo esta abordagem, os trabalhos expostos neste item, foram
usados como fundamentos à presente pesquisa corroborando com os resultados
obtidos pelo emprego de técnicas e métodos de pesquisa qualitativa em resposta
aos objetivos deste estudo. A seguir serão apresentados os aspectos metodológicos
utilizados na obtenção e tratamento dos dados, a análise Cros-Cultural e a estrutura
do emprego dos métodos deste estudo.
50
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
Nesta pesquisa, procurou-se adaptar dados coletados, ao método e técnica
mais convenientes à obtenção dos resultados do estudo. Como o objetivo geral foi
analisar o significado e o papel da marca Harley-Davidson, na experiência de marca
do consumidor brasileiro, em comparação aos estudos anteriores, optou-se pela
utilização de métodos qualitativos. Sendo assim, esta pesquisa classifica-se como
exploratória, descritiva e de abordagem qualitativa.
Para maior compreensão das variações do comportamento do consumidor,
estudar detalhadamente como este se comporta e qual sua percepção acerca de
determinada marca, o método de pesquisa qualitativa se apresenta como mais
adequado para maior profundidade e detalhamento dos resultados da pesquisa.
Teixeira e Pacheco (2005) defendem que a investigação qualitativa, se esforça no
resgate das produções teóricas ou do conhecimento que já foi produzido sobre os
problemas a serem analisados.
Os procedimentos adotados para a coleta de dados se utilizam de um diário
de campo, que são as anotações de campo sobre o comportamento e atividades
registradas pelo pesquisador. Para as entrevistas qualitativas, o pesquisador pode
realizar a entrevista por telefone, face a face ou em entrevistas de grupos focais de
seis a oito entrevistados. A investigação qualitativa emprega diferentes formas de
conhecimento, estratégias de investigação e métodos de coleta e análise de dados,
e se baseiam em dados obtidos de texto e imagem. (CRESWELL, 2007).
Alguns métodos e técnicas de pesquisa qualitativa, frequentemente
utilizados em etnografia, foram empregados. Nesta análise, valeu-se do método de
pesquisa exploratória para a obtenção dos dados qualitativos do fenômeno estudado
e pesquisa descritiva para identificar as características comportamentais dos
consumidores da Harley-Davidson (SABATES; BORBA, 2005). Sendo assim, apesar
deste trabalho não se caracterizar como uma etnografia, por restrição de tempo, a
coleta dos dados, feita pelo uso de técnicas etnográficas.
O pesquisador imergiu na Subcultura de Consumo Harley-Davidson, com o
objetivo de compreender detalhes do comportamento de seus membros e identificar
situações inéditas. O estudo de Vieira (2002) descreveu que a pesquisa exploratória
ajuda o pesquisador a ter uma familiaridade com o objeto do estudo, tornando um
51
problema, algo mais explícito. Sampaio e Perin (2006) defendem que o pesquisador
investigue conceitos preliminares, ou inéditos.
A pesquisa descritiva revela as características de uma determinada
população ou fenômeno, sem a obrigação de explicá-las. Este tipo de pesquisa
permite informar sobre as situações, fatos, opiniões ou comportamentos da
população analisada. (VIEIRA, 2002; SAMPAIO; PERIN, 2006). Nesta linha todos
os encontros com os membros da subcultura Harley-Davidson foram descritos, pela
anotação em diário de campo.
Os custos financeiros referentes à coleta dos dados qualitativos, pelo uso de
técnicas etnográficas, foram apresentados em reais (R$) e em dólares (US$). Os
valores foram expressos nestas moedas, objetivando maior facilidade na conversão,
para futuras pesquisas. Sendo assim, variações cambiais e possíveis
desvalorizações da moeda não distorceriam os dados apresentados no Quadro 1.
Conforme Myers (1999) e Lourenço, Ferreira e Rosa (2008), afirmam que a
pesquisa etnográfica costuma ter elevado custo financeiro devido ao tempo
necessário para permanecer em campo, ou para imergir na cultura do grupo em
pesquisa.
Custos à entrada na HDSC (duas pessoas) Quantidade Valor em R$ Valor em US$
Motocicleta (mod: Fat Boy Special - zero km) 1 R$ 56.700,00 $ 18.529,41
Jaquetas originais HD 2 R$ 5.000,00 $ 1.633,99
Luvas originais HD 2 R$ 450,00 $ 147,06
Botas originais HD 2 R$ 1.400,00 $ 457,52
Capacetes 2 R$ 3.000,00 $ 980,39
Acessórios (alforges/escapamento) 1 R$ 6.400,00 $ 2.091,50 Total (entrada na HDSC) R$ 72.950,00 $ 23.839,87
Custo com a coleta dos dados qualitativos (duas pessoas) Quantidade Valor em R$ Valor em US$
Combustível 361 litros R$ 1.200,00 $ 392,16
Revisões 2 R$ 2.350,00 $ 767,97
Pedágio 0 R$ - $ -
Hospedagens 4 R$ 830,00 $ 271,24
Alimentação 26 R$ 1.850,00 $ 604,58
Jantares Focus Group 3 R$ 2.100,00 $ 686,27
Entrevista em profundidade 1 R$ 180,00 $ 58,82
Coletes e tags 2 R$ 700,00 $ 228,76 Total (coleta dos dados) R$ 9.210,00 $ 3.009,80
Total Geral R$ 82.160,00 $ 26.849,67
Quadro 1: Custos financeiros, referentes à coleta de dados, pelo uso de técnicas etnográficas Fonte: Elaborado pelo pesquisador
O Quadro 1 foi dividido em duas partes. A primeira, denominada Custos à
entrada na HDSC, apresenta os custos referentes ao investimento inicial necessário
à compra de uma motocicleta de valor mediano, assim como das vestimentas e
52
acessórios, para o piloto e o garupa, fundamentais à participação na HDSC. Os
valores referentes ao custo de compra de uma motocicleta, HD variam de R$
34.900,00 até R$ 126.500,00, nos modelos comercializados em 2015, no Brasil. A
segunda parte, representa os custos referentes à coleta de dados para a pesquisa.
Alguns passos foram seguidos, para a coleta de dados, incluindo o
estabelecimento da delimitação do estudo. Sendo assim, Creswell (2007) orienta
que a coleta das informações de uma pesquisa qualitativa pode ser feita pela
observação, entrevista, documentos e materiais de áudio visual, bem como pelo
estabelecimento do um sistemático registro de informações da pesquisa.
No que se refere aos sujeitos da pesquisa, o objetivo de delimitar o estudo a
um grupo específico, visou contribuir e facilitar o tratamento dos dados e reduzir os
custos financeiros referentes à aplicação de técnicas etnográficas.
3.1 Sujeitos da pesquisa
Para melhor comparação dos resultados da pesquisa, pela Cross-Cultural,
usada neste estudo, optou-se por analisar os comportamentos, percepções e
experiências dos membros do HOG Florianópolis Chapter, quanto à marca Harley-
Davidson, em relação aos HOGs norte-americanos e australianos, pesquisados
anteriormente, em outros estudos. Schouten e McAlexander (1995) Chapter é a
unidade local da organização em HOG, que são organizados em capítulos locais.
A Figura 1 demonstra o Brasão do HOG Florianópolis Chapter,
frequentemente encontrado em motocicletas, carros e coletes dos HOGs, para
identificação do grupo.
53
Figura 1: Brasão do HOG Florianópolis Chapter Fonte: Página do HOG no Facebook (2015)
Criado em 1983, o HOG – Harley Owners Group, hoje é o maior grupo de
motociclistas do mundo. O HOG não é um motoclube, sendo assim, seus membros
não são submetidos às rígidas regras comuns em motoclubes. O grupo é composto
por uma Diretoria voluntária, elegida ano a ano e escolhida em comum acordo com o
concessionário oficial Harley-Davidson de cada cidade ou região. Possui uma
proposta bem definida de cultivar e multiplicar amigos, rodando sempre juntos, seja
um simples passeio ou a realizações de diversas ações sociais e filantrópicas. “Este
é o espírito”! Para se tornar um membro basta ser proprietário de uma HD. No ato da
compra de sua Harley-Davidson, o proprietário recebe uma carteira de associado,
contendo vários benefícios em qualquer parte do mundo, além de revistas com
atualidades de interesse do mundo HD.
No Brasil, as concessionárias Harley-Davidson têm em suas dependências
uma pessoa responsável pelo HOG da região. Essa é responsável por cadastrar e
manter os membros do HOG informados sobre eventos e passeios. Florianópolis,
por se tratar de uma cidade turística, com muitos membros de outras cidades e
estados, a pesquisa ganha maior consistência por explorar uma subcultura de
consumo que não se restringe a um grupo local, submetido aos mesmos estímulos
cotidianos, adquirindo assim algumas similaridades comportamentais, que podem
minimizar a relevância dos resultados obtidos com o estudo. Conforme a Motonline
(2014), o HOG possui mais de um milhão de membros associados em todo o mundo
e cerca de quinze mil no Brasil.
54
Os membros do HOG se reúnem semanalmente, nas manhãs de sábado,
para confraternização, troca de experiências e para tomarem um café da manhã,
oferecido pelo HOG, em parceria com a concessionária Harley-Davidson. Esta
estratégia se dá em todas as concessionárias Harley-Davidson do Brasil.
O HOG é composto por uma Diretoria voluntária, composta por: Diretor,
Diretor assistente, Primeiro Capitão de estrada e os auxiliares do Capitão de
Estrada. Estes membros são eleitos anualmente em comum acordo com cada uma
das concessionárias oficiais Harley-Davidson, de cada cidade ou região do país.
Na compra de uma nova motocicleta Harley-Davidson, automaticamente o
consumidor se torna parte deste clube, por ganhar uma anuidade do HOG. Este,
também receberá, em aproximadamente 60 dias, um kit com a carteira de
associado, um pingente e um patch do HOG, para adornar sua jaqueta ou colete. O
cliente também recebe, em seu endereço, um guia denominado Adventure Guide,
que explica sobre o HOG e seus benefícios e o Touring Book, com rotas de viagens
nos EUA e no mundo. Após o prazo de um ano, o membro precisa renovar sua
carteira de membro do HOG, pelo pagamento da anuidade.
Todas as concessionárias autorizadas Harley-Davidson no Brasil têm em
suas instalações a administração do HOG com uma secretária exclusiva,
responsável pelos assuntos exclusivamente relacionados ao HOG.
O HOG do Estado de Santa Catarina é constituído por aproximadamente
1260 membros, sendo aproximadamente 280 frequentadores. Neste sentido, os
sujeitos deste estudo são representados pelos 280 membros frequentadores da
concessionária Harley-Davidson, denominada Floripa Harley-Davidson, localizada
na cidade de Florianópolis, responsável pelo cadastramento e manutenção de todos
os associados do HOG do Estado de Santa Catarina.
O fato de o pesquisador residir em Itajaí, Santa Catarina, localizada a 100
km da cidade de Florianópolis, capital do mesmo estado, viabilizou maior facilidade
de acesso à concessionária Floripa Harley-Davidson, para obtenção dos dados do
estudo.
Desta forma, os sujeitos de pesquisa deste estudo foram os membros ativos
e frequentadores do HOG Florianópolis Chapter. A escolha destes sujeitos também,
se justifica por facilitar as comparações com os resultados obtidos nos trabalhos
anteriores selecionados.
55
Os dados foram coletados semanalmente, durante quatro meses, nos
passeios com o grupo, com as entrevista dos grupos focais e com a entrevista em
profundidade, feita com o membro chave da subcultura de consumo Harley-
Davidson. A seguir serão demonstrados as técnicas e os instrumentos de coleta dos
dados da pesquisa.
3.2 Técnicas e instrumentos para coleta de dados
No presente estudo levou-se em consideração que o método etnográfico,
utilizado nos estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009),
se constitui na utilização de diferentes instrumentos de pesquisa qualitativa, que
visam proporcionar, por meio da ênfase na observação e descrição, maior
compreensão de aspectos da vida social de maneira específica e incorporada no
cotidiano das pessoas. Este estudo não se caracteriza como uma etnografia, pelo
tempo de permanência do pesquisador na subcultura de consumo estudada.
Todavia, foram selecionados alguns métodos e técnicas de pesquisa qualitativa,
comumente aplicados em etnografia, objetivando uma melhor correlação entre os
resultados deste trabalho com os de trabalhos anteriores, assim como novas
descobertas.
Pesquisas qualitativas utilizam algumas técnicas para obtenção de
informações e dados. Neste estudo utilizou-se, Observação Participante; Entrevista
em Profundidade; Focus Group e Cross-Cultural. Coforme Martins e Theóphilo
(2009) e Creswell (2010) na pesquisa qualitativa as informações são coletadas
pessoalmente pelo pesquisador, por documentos, entrevistas e observação de
comportamento. O pesquisador utiliza múltiplas fontes de dados, ao invés de confiar
em uma única fonte, para isso, o pesquisador precisa estabelecer contato direto com
o ambiente onde o fenômeno está inserido.
Com o objetivo de identificar convergências e divergências nas percepções,
pelo comportamento do consumidor brasileiro, em relação à marca Harley-Davidson,
quando comparadas às dos consumidores de estudos anteriores. A Figura 2
56
demonstra o fluxograma do emprego das técnicas etnográficas adotadas e suas
relações com os objetivos deste estudo.
Figura 2: Estrutura do emprego dos métodos do estudo
Fonte: Elaborado pelo pesquisador
57
Na Figura 2, o fluxo do emprego das técnicas etnográficas do estudo, foi
ilustrado com diferentes cores e formas. As cores indicam o objetivo específico que
está sendo respondido por determinado método. Sendo assim, observa-se que
alguns métodos estão coloridos com duas cores, indicando que estão atendendo a
mais de um objetivo da pesquisa. Já as formas diferenciam, métodos, resultados e
objetivos. Por fim, todos os resultados convergem para o objetivo (C), pela pesquisa
Cross-Cultural. Deste modo, o estudo inicia com a observação participante, que fez
uso das ferramentas de diário de campo, fotografia e vídeo, para a identificação dos
atributos da marca e o relato da experiência dos consumidores com a marca
estudada.
Concomitantemente ao emprego da observação participante, os grupos
focais foram selecionados, entrevistados e transcritos. Os dados foram inseridos no
software Atlas.ti, para posterior organização dos resultados e resposta aos objetivos
específicos (A) e (B).
Com o objetivo de identificar os atributos da marca em análise, com base
nos trabalhos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), o
presente estudo registrou todos os fatos relevantes, referentes ao comportamento
dos consumidores, membros do HOG Florianópolis Chapter, considerando as
variáveis de análise apresentadas no item 3.3, estudadas por Schouten e
McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).
Os dados foram coletados durante os encontros semanais do grupo, no
período de 16/08/2014 a 06/12/2014. As coletas ocorreram em treze encontros
denominados Bate e Volta, durante os cafés e passeios, promovidos pelo HOG
Florianópolis Chapter, em dois Bate e Fica, durante as viagens e acampamentos e
nos três encontros promovidos para a realização das entrevistas com os grupos
focais 02, 03 e 04, visto que o Focus Group 01 ocorreu durante o Bate e Fica à
cidade de Urubici (SC). A etapa da coleta de dados, totalizou dezenove encontros e
6.296 km percorridos pelo pesquisador, em companhia dos membros da subcultura
de consumo estudada.
58
3.2.1 Observação Participante
A observação participante possui raízes em estudos antropológicos, onde o
pesquisador estuda os costumes e práticas de sociedades que se pretende
conhecer. Com o objetivo de identificar as percepções dos consumidores brasileiros,
a respeito da experiência com a marca estudada, o pesquisador participou dos
encontros semanais dos HOGs, realizados na Floripa Harley-Davidson, durante o
período estipulado para pesquisa de campo.
Nesta etapa, usou-se a técnica de Observação Participante e os dados
foram registrados, por meio de um diário de campo, contendo gravações de vídeos e
de voz, fotos e registros escritos de fatos e comportamentos dos HOGs, observados
pelo pesquisador. Schembri (2009), gerou conhecimento etnográfico a partir de seu
trabalho de campo, acompanhando os HOGs australianos. Seu estudo incluiu
observação participante e entrevistas informais não estruturadas, utilizando uma
filmadora de mão para registrar os comportamentos relevantes para sua pesquisa.
A Observação Participante objetivou uma análise da rotina dos HOGs,
durante o consumo de produtos na concessionária e durante os passeios. Conforme
descrito em Creswell (2010), as características da pesquisa qualitativa têm o
ambiente natural como fonte de coleta de dados, sendo o pesquisador o instrumento
chave.
Ao iniciar a observação participante, especificamente no primeiro encontro
com os membros do grupo, o pesquisador se filiou ao HOG e conheceu os membros
do grupo, responsáveis pela segurança e boa condução dos passeios do HOG, pela
experiência com o motociclismo, treinamentos promovidos pelo HOG. Estes
membros são denominados Road Captains. Nesta ocasião o pesquisador já possuía
a motocicleta, porém não conhecia a concessionária da Floripa Harley-Davidson e
nem os HOGs estudados.
Neste dia o pesquisador entrou na comunidade, pela filiação no grupo e
participação dos eventos promovidos e solicitou a autorização para iniciar a
pesquisa com os HOGs, que foi concedida pela concessionária e pelo funcionário
responsável pelo HOG estudado.
59
O estudo de Kawulich (2005) demonstrou que neste tipo de trabalho de
campo, o pesquisador precisa entrar na comunidade, selecionar informantes chave e
participar das atividades. O uso da Observação Participante favorece a pesquisa,
reduzindo o tempo necessário para um novo membro compreender quem são os
membros marginais e os chave de determinado grupo.
Todas as saídas de campo, acompanhando os membros do grupo, em seus
passeios semanais, viagens, grupos focais e na entrevista em profundidade, foram
fotografadas e gravadas. Tais registros foram feitos, objetivando posterior análise do
comportamento dos membros da HDSC. Sendo assim, Lacono, Brown e Holtham
(2009) defendem que a gravação deve ser feita enquanto se está observando. Para
o pesquisador há os desafios da entrada e de seu papel no ambiente estudado, mas
tem a oportunidade de conseguir uma observação exclusiva do grupo.
Durante as observações participante, o pesquisador interagiu intensamente
com os membros do grupo. Houve conversas e troca de informações referentes às
motocicletas, suas customizações, entre outros assuntos referentes às
particularidades e ao cotidiano de cada um. Sendo assim, foi estabelecido um
ambiente amigável e agradável e prazeroso à coleta dos dados. Wallendorf e
Arnould (1991) citam que a observação participante registra a experiência de ação
no trabalho de campo, as conversas e o contexto. Em um ambiente naturalista,
fornece uma perspectiva em ação, ao invés de uma perspectiva de ação, como na
entrevista em profundidade. Na observação participante, o pesquisador encontra
ambas as perspectivas se movimentando entre o registrar as ações e fazendo
questionamentos sobre a ação.
Já no primeiro encontro com os membros da HDSC, o pesquisador se
apresentou como tal, comunicando aos membros chave do grupo, as intenções e
objetivos do estudo, que foram aceitas imediatamente. Além de aceitarem tais
objetivos, os membros chave, representados pelos Road Captains, se
disponibilizaram em contribuir com a coleta dos dados e com a identificação dos
membros chave para cada Focus Group aplicado neste estudo. Todos os membros
do HOG, participantes dos encontros promovidos pelo HOG Florianópolis Chapter
foram comunicados sobre a pesquisa, sem demonstrar objeção. Lacono, Brown e
Holtham (2009), comentam que na observação participante os informantes devem
saber o motivo da investigação e o alcance. O pesquisador precisa avaliar os efeitos
de sua presença, porque os participantes podem estar sendo influenciados. Os
60
informantes tanto podem estar relutantes, quanto podem querer agradar, lançando
suas impressões e preconceitos.
Nesta pesquisa, a técnica de observação participante se deu pela imersão
do pesquisador nos encontros semanais do HOG, nos passeios realizados pelo
grupo, e em maior profundidade, nos eventos denominados Bate e Fica na cidade
de Urubici e outro para à cidade de São Paulo. Tais eventos proporcionaram a
possibilidade de maior tempo de convívio com os membros do HOG e imersão na
HDSC.
Objetivando maior consistência nas análises dos resultados obtidos nesta
etapa, os dados foram articulados à teoria presente nos constructos Identidade,
Atributos e Experiência de Marca; Cultura e Subcultura de Consumo;
Comportamento do Consumidor em estudos Cross-Cultural e Estudos sobre o
Comportamento do Consumidor Proprietário de Harley-Davidson, para posterior
comparação com os de pesquisas anteriores.
Entre as técnicas utilizadas, para anotações e registros das atividades,
imagens e comportamentos observados em campo, o pesquisador fez uso intensivo
do diário de campo.
3.2.2 Diário de Campo
Registrar os fatos relevantes à teoria do comportamento do consumidor,
durante os encontros com os HOG, foi fundamental aos resultados deste estudo, por
possibilitar uma melhor análise e comparação posterior destes comportamentos.
Esta técnica etnográfica foi aplicada ao longo dos dezenove encontros com o grupo
pesquisado. Os registros escritos e de imagens de alguns comportamentos
relevantes, foram analisados posteriormente. Algumas entrevistas informais foram
gravadas e posteriormente transcritas.
O Diário de campo se caracteriza como uma ferramenta etnográfica eleita
para registro e posterior análise dos acontecimentos e comportamentos observados.
Para Cavedon (1999), os registros são feitos em um diário de campo, onde o
61
pesquisador descreve todos os dias, os acontecimentos que ocorrem, incluindo as
expressões próprias do grupo estudado e também os sentimentos do pesquisador.
Todas as entrevistas deste estudo, incluindo os grupos focais, foram
integralmente registradas e transcritas, conforme demonstrado nos apêndices 1 a 5.
Em contribuição, Piccoli (2009) descreve que em sua pesquisa etnográfica, sempre
que fazia contato com o núcleo, e quando ocorreram as entrevistas e observações,
fazia as anotações no diário de campo. Weber (2009) acrescenta que o diário de
campo é parte do instrumento que o etnógrafo produz durante toda a pesquisa, com
base na observação dos comportamentos culturais de um grupo social. O autor
também relatou o uso de três tipos de diários. O diário de campo, específico para
etnografia, que representa uma ferramenta para anotar as observações sobre as
entrevistas, relacionando eventos, análise e o posicionamento dos entrevistados.
Um segundo, o diário de pesquisa, que serve para a reflexão sobre a experiência.
Por último, o diário íntimo que são anotados o humor e também as emoções do
autor.
Os comportamentos e ações relevantes de cada saída de campo foram
registrados pelo pesquisador por meio de uma câmera fotográfica. Creswell (2007) e
Hall (2009) defendem o uso destas ferramentas, para o registro diário dos
acontecimentos e comportamentos observados em campo. Outra ferramenta muito
útil é o uso de equipamento de áudio e visual. Uma categoria final de coleta de
dados para uma pesquisa qualitativa, consiste em material de áudio e visual, que
podem ser fotografias, vídeos, objetos de arte ou qualquer forma de som. Neste
sentido, a fotografia tem inúmeras vantagens sobre outros métodos de pesquisas,
como manifestações locais e visuais, e de processos mais amplos que podem não
ser tão aparentes em outros métodos. Além disto, a fotografia revela o próprio ponto
de vista do pesquisador no estudo.
O uso de uma câmera como ferramenta etnográfica, pode ser útil à coleta de
dados, por meio do registro de fotos e vídeos, no entanto, algumas representações
mais sensíveis podem ser um pouco mais difíceis de serem capturadas. Em muitos
casos, os pesquisadores optam relacionar texto e imagem, onde cada um
complementa o fenômeno estudado, fornecendo um comentário sobre o outro. A
câmera é utilizada de forma participativa, não somente para enriquecer o texto, mas
para mudar o papel ferramental na pesquisa de marketing. Nesta perspectiva, ajuda
a compreender o indivíduo e suas experiências de consumo. Com a mediação da
62
câmera, o pesquisador leva o espectador às experiências vividas pelos pesquisados
(BANKS, 1995; DION, 2007).
Quando utilizada como técnica etnográfica, a gravação de vídeos,
demonstra uma evolução da etnografia tradicional. Neste sentido Shrum, Duque e
Brown (2005) argumentam que o vídeo digital, além de uma nova maneira de
apresentação, é também um novo jeito de fazer a pesquisa de campo, sendo em
algum sentido uma variação da etnografia tradicional para as mais recentes
condições sociais.
Os dados gravados em vídeos oferecem oportunidade única para
compreender o comportamento humano. Os pesquisadores podem analisar os
dados gravados de varias maneiras que de outra forma seria impossível, além de
criar a oportunidade de discutir as cenas e as interpretações ou divergências
estabelecendo maior confiabilidade. Na gravação, nada é manipulado ou encenado,
o pesquisador tem que descrever e analisar a cena como ela é e tem propriedades
únicas que permitem aos pesquisadores capturar e refletir sobre fenômenos
complexos, por várias perspectivas (MORSE; POOLER, 2002; SPIERS, 2004).
Neste estudo, alguns dados foram coletados por meio do uso da internet. Ao
ser aceito como membro de grupos privados, formados no Whatsapp e no
Facebook, algumas informações relevantes ao estudo foram utilizadas como fonte
para a coleta de dados. Em Creswell (2010), o pesquisador poderá coletar
documentos qualitativos, podendo ser documentos públicos como jornais, ou
documentos privados como diários pessoais e e-mails. São utilizados também para
os dados qualitativos os materiais audiovisuais, que podem ser fotografias, objetos
de arte e vídeos.
Muitas questões foram respondidas pelo uso desta técnica de pesquisa
qualitativa e outras com as entrevistas realizadas com os grupos focais, objetivando
o direcionamento das respostas para cada uma das variáveis de análise,
representadas pelos atributos percebidos na marca Harley-Davidson, nos resultados
dos estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).
63
3.2.3 Focus Group
Um grupo focal pode ser um grupo que interage com outros indivíduos com
interesses em comum. Um moderador usa a interação para obtenção de
informações focalizadas. Este se apresenta como uma ferramenta mais adequada
para algumas questões de pesquisa, tanto para a moderação do grupo focal, quanto
para interpretar os seus dados (BYERS; WILCOX, 1991; MARCZAK; EWELL, 2006).
Para a realização de entrevista Focus Group, nesta pesquisa, o pesquisador
proporcionou quatro encontros, em diferentes dias, com o intuito de proporcionar um
ambiente agradável e de liberdade de expressão. Após as entrevistas, foram
servidos, jantares e almoços, aos participantes de cada grupo focal.
Cada um dos quatro grupos focais foi composto, respectivamente, 8, 5, 5 e 6
membros. Um grupo focal é tipicamente composto entre 6 a 10 indivíduos que se
relacionam com o tema (BYERS; WILCOX, 1991; MARCZAK; EWELL, 2006). Para
Creswell (2007), nas entrevistas qualitativas, o pesquisador pode realizar a
entrevista por telefone, face a face, ou em entrevistas de grupos focais com 6 a 8
entrevistados. Sendo assim, faz-se importante explicar o motivo de os grupos focais
2 e 3 terem somente 5 integrantes. Para este grupo foram selecionados 6 membros
chave da HDSC, representados por seis Road Captains (grupo focal 2) e suas
garupas (grupo focal 3), que por motivo de saúde na família, um dos casais não
pode comparecer.
Para a realização de entrevista Focus Group nesta pesquisa, o pesquisador
organizou quatro encontros em diferentes dias. Com o intuito de proporcionar um
ambiente agradável e de liberdade de expressão, em algumas das entrevistas foram
oferecidos, aos participantes de cada grupo focal, jantares e almoços que foram
servidos ao final da entrevista, conforme orientações de Guidelines for Conducting a
Focus Group (2005).
Ao chegar para a entrevista, cada membro do grupo focal já tinha seu lugar
demarcado por uma folha de papel, posta sobre a mesa onde seria realizada a
entrevista, contendo um breve questionário. A Figura 3 representa o breve
questionário, elaborado para caracterização dos respondentes e compreensão da
disposição espacial da entrevista. Esta caracterização tem como principal objetivo,
informar ao pesquisador, durante o tratamento dos dados e discussões dos
64
resultados, alguns detalhes, no sentido de relacionar um determinado padrão de
resposta com as características de determinado grupo.
Figura 3: Aplicação da metodologia Focus Group Fonte: Elaborado pelo pesquisador
O primeiro Focus Group aconteceu em 15 de novembro de 2014, às
17h30min, durante o passeio Bate e Fica em Urubici, no qual o HOG passou uma
noite em acampamento. A entrevista aconteceu na residência da senhora
proprietária do camping, que gentilmente nos cedeu o espaço. Os relatos e o debate
estabelecidos naquela noite, por quatro casais do HOG da Floripa HD, foram
esclarecedores e descontraídos. A coleta das informações foi feita por meio de
gravação de áudio, com a duração 1h42min44seg.
Em retribuição, foram servidos chocolates, salgadinhos, amendoins, água e
refrigerantes aos participantes antes e durante a realização do Focus Group. Todos
se mostraram muito dispostos em contribuir e falavam muito, durante suas respostas
e contribuições ao tema proposto.
Em 19 de novembro de 2014 foram realizados o segundo e o terceiro Focus
Group. Para esta entrevista, foi preparada uma recepção acolhedora, tendo em vista
que os entrevistados se deslocariam por mais de 100 km, da cidade de Florianópolis
(SC) à Itajaí (SC), numa quarta-feira, após respectivos horários de trabalho. Na
65
chegada dos entrevistados, foi oferecido um coquetel de acolhida, para início das
entrevistas. A gravação desta entrevista teve duração de 1h38min4seg no grupo 02,
e 1h38min54seg para o grupo 03.
Os entrevistados foram organizados em dois grupos focais, que neste
estudo foram denominados como grupos focais 02 e 03. Estes grupos foram
separados por gênero, para que não fossem influenciados pelas respostas uns dos
outros. Esta separação teve como objetivo compreender a existência de diferentes
respostas para cada questão, com base no gênero do respondente.
O Focus Group é um tipo de entrevista realizada em grupo, objetivando sua
interação. Os entrevistados acabam influenciando uns aos outros, tanto com suas
respostas, com a colocação de suas ideias. Na ciência social as principais técnicas
de coleta de dados qualitativos são a observação participante e a entrevista
individual. A entrevista com o Focus Group correlaciona elementos dessas duas
abordagens (OLIVEIRA; FREITAS, 1998).
As entrevistas feitas com cada um dos grupos focais duraram
aproximadamente 1h35min. Após a coleta dos dados, os entrevistados foram
retribuídos com jantar e vinho.
Com o grupo focal 04, a entrevista foi realizada no dia 23 de novembro de
2015, também na cidade de Itajaí, SC, na residência do pesquisador. Todos os
entrevistados são integrantes do HOG Florianópolis Chapter e frequentadores de
outro motoclube denominado Carpe Diem.
Este grupo focal foi composto por seis entrevistados, sendo três do gênero
feminino e três do gênero masculino, representado por três proprietários de
motocicletas da marca Harley-Davidson e seus respectivas esposas “garupas”,
também consumidoras de produtos da marca Harley-Davidson. Ao longo da
entrevista, foram oferecidos, alguns aperitivos, água e refrigerantes, e ao final da
coleta dos dados foi servido almoço e vinhos, em retribuição à disponibilidade e
contribuição à pesquisa. O tempo de gravação deste grupo focal foi de
1h20min6seg.
Sheppard e Jones (2013), concluíram em seus estudos, que os grupos
focais foram considerados significativamente mais agradáveis do que outros
métodos. Estes permitiram a contribuição e liberdade de expressão. Desta forma, os
entrevistados tiveram a capacidade de ouvir outras opiniões e confrontar com as
suas, permitindo assim respostas mais amplas.
66
A análise dos dados obtidos com esta técnica possibilitou a identificação de
vários atributos intrínsecos e extrínsecos, assim como algumas particularidades no
comportamento e na percepção dos pesquisados, possibilitando maior identificação
dos diferenciais da marca em análise. As Figuras 4 e 5 mostram, respectivamente
momentos da entrevista Focus Group, realiada com membros Chave da HDSC e
suas esposas “garupas”.
Figura 4: Reunião para a entrevista do Grupo focal 2 Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.
Figura 5: Reunião para a entrevista do Grupo focal 3 Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.
A Figura 4 retrata o momento da realização do grupo focal 02. É possível
observar a descontração dos Road Captains no momento da entrevista. O papel à
frente de cada entrevistado, refere-se ao questionário inicial. Cada entrevistado foi
identificado com um número, neste caso de 1 a 5. Antes de expor suas ideias, cada
membro deveria falar em bom tom o número correspondente a sua posição. A
67
estratégia foi utilizada no sentido de facilitar, posteriormente, a análise de uma
resposta pela compreensão da categorização de quem a respondeu. A Figura 5
representa a imagem das esposas do Road Captains, que compunham o grupo focal
3, que contribuiu com informações importantes à algumas questões deste estudo
com a mesma descontração e alegria. A Figura 6 apresenta a imagem do grupo
focal 4, representado por quatro casais pertencentes aos HOG e a outro grande e
importante motoclube denominado Carpe Diem. Neste grupo, um dos integrantes é
diretor regional do motoclube Carpe Diem.
Figura 6: Reunião para a entrevista do Grupo focal 4 Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.
A Figura 6 mostra um momento de descontração. Finalizada a entrevista, foi
servido para o almoço, em retribuição à disponibilidade e tempo investido no estudo,
um churrasco mediterrâneo com Salmão, Meca e camarões. Para beber foram
servidos: espumante, vinho e água.
Durante as transcrições das entrevistas dos grupos focais e da entrevista em
profundidade, alguns aspectos importantes como emoção, risos, aumento do tom,
pausas, entre outros, foram identificados por símbolos, conforme o modelo utilizado
por Piccoli (2009), seguindo o método proposto por Brown e Yule (1993), e pelo
método de Marcuschi (1986). Sendo assim, durante as transcrições, foram utilizados
alguns símbolos anteriormente utilizados por Piccoli (2009) e outros foram
introduzidos e adaptados, pelo pesquisador, conforme demonstrado no Quadro 2.
68
Símbolo Quando ocorrem:
(...) Expressão não compreendida ou identificada
++ Pausa longa
[[ Falas simultâneas, de dois ou mais entrevistados quando falam ao mesmo tempo.
MAIÚSCULA Quando a palavra é pronunciada com ênfase
{texto} Quando o entrevistado fala um trecho, rindo.
Texto {} Quando tem risos no final da fala, de um ou de outros entrevistados.
... Entrevistado não conclui, ou não consegue terminar a fala. Quadro 2: Símbolos e significados, utilizados nas transcrições das entrevistas Fonte: Adaptado de Piccoli (2009) e Marcuschi (1986)
Os nomes dos entrevistados foram substituídos pelas siglas “E”
(entrevistados), seguido pelo número do membro, por exemplo, para identificar o
membro 1 do grupo focal 3, na transcrição, este será identificado por “E1:G3”, e o
pesquisador como “P”. Creswell (2010) comenta que por questões éticas e para
proteger a identidade dos entrevistados, na pesquisa qualitativa os nomes devem
ser trocados por nomes falsos ou pseudônimos. Estas siglas também foram
utilizadas na entrevista em profundidade aplicada ao membro chave, mais
experiente na HDSC. Sendo assim, no próximo item serão apresentados os
assuntos relacionados aos emprego da técnica de pesquisa qualitativa de entrevista
em profundidade. Na entrevista em profundidade, o nome do entrevistado foi
divulgado com sua autorização, por representar um importante e reconhecido
membro da subcultura estudada.
3.2.4 Entrevista em profundidade
Nesta pesquisa, foi realizada 01 entrevista em profundidade. Benetton, o
entrevistado que aparece nas Figuras 07 e 08, é experiente e antigo membro da
HDSC, sendo reconhecido nacionalmente e internacionalmente dentro desta
subcultura. A entrevista foi organizada com o uso de um roteiro, conforme Apêndice
7 e realizada no dia 18/12/2014, no apartamento do entrevistado. Foram
autorizadas, pelo pesquisado, a divulgação de sua identidade e das imagens
gravadas durante a entrevista em profundidade.
69
Figura 7: Membro experiente Dauzelei Benetton Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Figura 8: Dauzelei Benetton Fonte: Diário Catarinense (2013)
A entrevista se deu em 1h24min48seg e inicialmente permitiu-se que o
entrevistado falasse à vontade sobre experiências e paixão que o envolve nesta
subcultura. Apresentou a personalização de seu apartamento, fotografias, coleções,
motocicletas e relatos históricos em relação as suas experiências com a marca
Harley-Davidson. Milena, Dainora e Alin (2008), comentam que a entrevista em
70
profundidade é eficaz para as pessoas falarem de seus sentimentos, opiniões e suas
experiências, concluindo que os métodos de entrevista em profundidade e grupo de
foco são os mais utilizados.
Nesta linha Berent (1966) defende a necessidade do informante estar
sozinho com o entrevistador para que se obtenha o sucesso desejado. Pois a
simples presença de outra pessoa pode distrair ou inibir o informante, e alterar a
realidade do que o entrevistado fala. Cita que a entrevista em profundidade tem
como objeto fazer o informante se expressar de maneira livre sem interrupção. O
entrevistador deve ser um ouvinte interessado e nunca interromper, devendo apenas
intervir para manter o informante falando.
Veiga e Gondim (2001) citam que a entrevista é uma técnica onde o
pesquisador coleta os dados e o interlocutor é a fonte das informações. Estas
entrevistas buscam explorar o conhecimento das pessoas sobre o que elas sabem,
no que elas creem, o que esperam, sentem e desejam. A entrevista em
profundidade pode ser realizada tanto com os formadores de opinião como
jornalista, professores, empresários, quanto com pessoas comuns, com o objetivo
de identificar as estruturas cognitivas das pessoas.
O estudo de Milena, Dainora e Alin (2008), também demonstrou que a
entrevista em profundidade tem como objetivo a obtenção de uma imagem nítida
sobre a perspectiva do participante sobre o tema pesquisado. Nas entrevistas em
profundidade, o entrevistado é considerado como perito, e o entrevistador é o aluno.
Nesta técnica de entrevista, o pesquisador quer aprender tudo que o participante
compartilha.
Deste modo, foram obtidos muitos dados, por meio de gravação de voz,
vídeos e fotografias, com o intuito de captar o máximo das informações e emoções
do entrevistado. Para isso, foram utilizadas como ferramentas de diário de campo a
fotografia, filmagem e registro dos relatos do entrevistado. Ao final deste processo o
pesquisador utilizou um questionário com o intuito de captar outras informações que
ainda não haviam sido apresentadas ao longo da entrevista.
O próximo item irá apresentar o método de pesquisa Cross-Cultural,
objetivando demonstrar características do uso desta técnica e a forma como foi
aplicada neste estudo.
71
3.2.5 Cross-Cultural
Os dados coletados nesta pesquisa, com o intuito de Identificar
convergências e divergências no comportamento dos consumidores da HDSC do
HOG, foram comparados aos resultados dos trabalhos de Schouten e McAlexander
(1993,1995) e Schembri (2009), pela técnica de pesquisa qualitativa Cross-Cultural.
Os autores destes estudos realizaram estudos etnográficos, para a coleta dos dados
de sua pesquisa.
Schouten e McAlexander (1995) identificaram que a análise da estrutura
social, dos valores dominantes e dos comportamentos simbólicos, orienta os
estudos, por meio da subcultura de consumo, para a análise do consumo. A forma
como os diferentes grupos sociais se organizam, diferem e selecionam seus
membros, é estudada pelos mesmos autores, que definiram a subcultura de
consumo como um subgrupo que difere da sociedade. Estes subgrupos se auto
selecionam e se baseiam em um propósito comum ou em uma relação com
determinado produto, marca e atividade de consumo.
Observar as pessoas no seu comportamento natural é diferente da pesquisa
de opinião, onde os entrevistados generalizam seus comportamentos. Nesta linha, a
pesquisa etnográfica, descreve eventos de um grupo com enfoque nas estruturas
sociais (ARNOULD; WALLENDORF, 1994; GODOY, 1995b). Sendo assim, a cultura
se torna o conceito mais importante na realização do trabalho etnográfico,
interpretando o mundo social, para aprender sobre as causas sociais e materiais das
pessoas, em suas experiências, visão e histórias, salientando que esta é a maneira
ideal de captar a realidade, onde o pesquisador participa e analisa o ambiente
(GODOY, 1995a; RITCHIE; LEWIS, 2003). Ao relacionar a cultura com as
expectativas de membros externos de um determinado grupo, a uma subcultura de
consumo, observa-se, conforme Schembri (2009), que existem percepções e
expectativas distintas de membros externos e internos de determinada subcultura.
Por fim, os resultados obtidos nesta pesquisa, por meio da aplicação dos
métodos de Observação Participante, Entrevista em Profundidade e Focus Group,
foram comparados com os de estudos anteriores, pelo método Cross-Cultural.
As comparações estabelecidas entre os comportamentos dos consumidores
pertencentes a mesma Subcultura de Consumo em diferentes Cultura de Consumo,
72
partiram dos atributos de marca, percebidos pelos consumidores observados em
estudos anteriores. Sendo assim, estes atributos foram caracterizados, nesta
pesquisa como variáveis de análise.
3.3 Variáveis de análise
As variáveis analisadas desta pesquisa foram representadas pelos atributos
identificados no estudo de Schembri (2009) à marca Harley-Davidson. Para maior
compreensão dos pontos convergentes e divergentes, nas percepções dos
consumidores, abaixo relacionados:
A. Liberdade: Para compreensão do grau de sentimento de liberdade percebido
pelos pesquisados em relação à marca Harley-Davidson;
B. Confiança: O entendimento de quão seguros estão os membros do HOG no que
tange à sua confiabilidade em relação à motocicleta, marca, peças, pós-vendas,
roupas, acessórios e demais produtos e serviços ofertados pela marca Harley-
Davidson;
C. Fraternidade: Para a compreensão da percepção que os consumidores,
membros do HOG, têm acerca do tratamento fraternal existente entre seus
membros;
D. Rebeldia: Refere-se à compreensão de quão rebeldes seus membros se sentem
ao usarem a marca em análise;
E. Respeito: Compreender o nível de respeito que os membros têm à marca e a
sua percepção quanto ao respeito alheio a partir da aquisição de um bem da
marca Harley-Davidson;
F. Vestuário: Conhecer como se sentem, se identificam e se relacionam quando
devidamente paramentados com a vestimenta de um legítimo HOG;
G. Coletividade: Compreender os motivos e as emoções que influenciam os
consumidores, quando submetidos a uma experiência coletiva com a marca;
H. Espetáculo: Entender como os consumidores se percebem em um desfile de um
bonde. Bonde é o nome dado à organização das motos para um desfile, que se
73
dá pela disposição das motocicletas em filas duplas ou simples, com
espaçamentos marcados e intercalados entre elas;
I. Som do motor: Identificar detalhes da percepção dos estudados em relação ao
som emitido pelo motor de uma legítima motocicleta Harley-Davidson.
Sendo assim, o entendimento do comportamento dos consumidores
brasileiros, em relação a estas variáveis, devem suportar as comparações
necessárias ao estudo de Schembri (2009).
3.4 Análise dos dados
Primeiramente as entrevistas dos quatro Focus Group e da entrevista em
profundidade foram transcritas, para posterior inserção dos dados no Atlas.ti. O
programa identificou o número de vezes que as respostas se relacionavam com as
variáveis de análise estudadas. O fluxograma gerado pelo software, demonstra as
relações existentes entre os padrões de resposta dentro de um mesmo grupo focal
(homogêneo), assim como convergências e divergências existentes entre as
respostas dos quatro grupos focais (heterogêneos), subsidiando o tratamento dos
dados e a discussões dos resultados da pesquisa.
Por conseguinte, os dados coletados com a Entrevista em Profundidade
assim como, com os grupos focais, foram analisados de forma concomitante para
cada variável de análise, para posterior comparação com os estudos de Schouten e
McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).
Nesta pesquisa o uso do software Atlas.ti, facilitou a análise dos dados e a
geração das considerações a respeito dos resultados, contribuindo com a análise
sistemática de fenômenos complexos escondidos em dados não estruturados, como
texto e material multimídia. O programa ofereceu ferramentas que permitiram a
codificação e registro dos dados coletados.
74
3.4.1 O uso do Atlas.ti no análise dos dados
O software Atlas.ti permite encontrar fenômenos complexos que não seriam
possíveis identificar apenas com a leitura de textos. O software possibilita a analise
e o gerenciamento de diferentes documentos, ou instrumentos utilizados na coleta
dos dados, como: respostas de questionários, relatórios e qualquer tipo de textos e
arquivos de áudio, permitindo codificar os dados, com base nas palavras-chave, ou
renomear ou juntar os códigos existentes sem alterar o restante do texto. Também
gera visualizações de códigos emergentes e a relações com o outro, tornando
possível acompanhar a evolução das análises, pois registra automaticamente as
mudanças de codificação, (ZHANG; WILDEMUTH, 2009; QUEIROZ; CAVALCANTE,
2011).
Este Programa consolida grandes volumes de documentos e mantém o
controle de todas as notas, anotações, códigos e memorandos em todos os campos
que requerem estudo atento e análise de material primário consistindo de texto,
imagens, áudio e vídeo. Segundo Klüber (2014), o software Atlas.ti foi desenvolvido
para análise qualitativa em grandes quantidades, objetivando o tratamento de uma
grande quantidade de dados.
Um dos principais dados a serem tratados foram as entrevistas dos grupos
focais e da entrevista em profundidade. Estas entrevistas foram gravadas em áudio
e transcritas para um documento de texto. Para fazer estas transcrições, foi preciso
ouvir as gravações de áudio e escrever os diálogos no documento de texto (Word).
Para estas transcrições, foram gastos em média 5 minutos para transcrever cada 1
minuto de áudio, no total foram cerca de 8 horas de transcrição para cada entrevista.
Devido ao grande número de informações obtidas com as entrevistas, o
software Atlas.ti foi utilizado na criação dos mapas contendo a síntese das respostas
de cada grupo focal, indicando similaridades, pelo estabelecimento de ligações.
Os resultados desta etapa foram apresentados pelo software, em imagens.
Estas imagens representaram esquemas gráficos, objetivando melhor compreensão
e visão sistêmica das várias respostas dos diversos grupos, assim como a relação
existente entre várias respostas destes. Sendo assim, as respostas foram dispostas
em seis grupos de questões e selecionadas de acordo com as variáveis de análise
75
estudadas. Para o tratamento dos dados, por meio do software Atlas.ti, foram
adotados alguns procedimentos.
No primeiro, foi criado um novo projeto, denominado pelo software como
“unidade hermenêutica”. A unidade hermenêutica, contempla todas as informações,
codificações, dados e documentos a serem tratados.
O segundo procedimento, consiste na importação do documento com os
dados a serem tratados, denominados como “documentos primários”. De acordo
com Bandeira de Mello e Cunha (2003), documentos primários consistem nos dados
primários coletados, podendo ser transcrições de entrevistas e notas de campo e de
checagem. No software, estes aparecem como “Px”, onde “P” representa o
documento primário e “x” o número da ordem em que foram importados, seguido
com o nome do documento.
O terceiro procedimento foi a codificação, após a importação dos quatro
documentos primários, cada um correspondente à transcrição de uma entrevista.
Estas entrevistas foram interpretadas e codificadas. Esta parte exige a interpretação
do pesquisador para a codificação. Para Bandeira De Mello e Cunha, (2003) e
Klüber (2014), os codes são gerados pela interpretação do pesquisador. Nesta linha,
para cada pergunta feita aos grupos focais, foram obtidas diversas respostas. Sendo
assim, a codificação foi utilizada para marcar palavras-chave que respondem ao
questionamento, considerando a interpretação do pesquisador na seleção de
palavras que descrevam determinado sentimento ou significado, naquela resposta.
No quarto passo, foram organizadas as codificações, entre os diferentes
grupos. Nesta etapa se utilizou a ferramenta Network View, com esta é possível criar
uma representação gráfica ou mapa conceitual dos codes, facilitando a interpretação
e a visualização das ideias de cada grupo, servindo como uma imagem. Klüber
(2014) defende que estas representações são esquemas gráficos, que contribuem,
auxiliando com a visualização do desenvolvimento da teoria. Por este motivo, foi
criado um esquema gráfico para cada pergunta, possibilitando que as respostas de
todos os grupos fossem analisadas simultaneamente, para cada questionamento
feito.
No entanto, em resposta aos questionamentos, para cada pergunta feita aos
grupos focais, algumas citações foram interpretadas e codificadas. Sendo assim,
todos estes codes, foram importados pelo campo import nodes. Nesta etapa, as
codificações foram automaticamente ligadas por setas, ao seu documento primário,
76
por meio do Network View, facilitando a interpretação, com base no número de
respostas com o mesmo conteúdo.
Por último, para quantificar os dados já codificados, pode se extrair um
relatório detalhado da unidade hermenêutica, no campo Codes-primary Documents
Table, pela abertura de um contador de citações, onde é possível selecionar quais
famílias (neste caso, cada pergunta foi considerada como uma família, ou
agrupamento dos codes), juntamente com os documentos primários (cada
documento primário foi considerado como sendo um grupo), para gerar uma planilha
com as quantidades de citações feitas, por cada grupo focal.
Todos os dados tratados pelo Atlas.ti foram representados na forma de
imagem, para a interpretação e descrição de cada resposta obtida na transcrição do
Focus Group.
A próxima seção apresenta os dados coletados nesta pesquisa, bem como
suas análises.
77
4 RESULTADOS
A apresentação dos resultados da pesquisa em questão inclui,
primeiramente, a aplicação da técnica de pesquisa Observação Participante,
aplicada à HDSC, no HOG Florianópolis Chapter, descrevendo ações e observações
acerca do comportamento dos consumidores, durante os encontros do pesquisador
com o grupo pesquisado.
Na segunda etapa, as respostas dos grupos focais foram analisadas, pela
interpretação das imagens geradas pelo software Atlas.ti, objetivando atender,
parcialmente, aos objetivos específicos (A) e (B) deste estudo.
A terceira etapa se deu, pela transcrição de informações relevantes e por
análises feitas pelo pesquisador, baseadas nos dados obtidos com a entrevista em
profundidade, feita com o membro mais antigo e experiente da HDSC da região de
Florianópolis.
A análise Cross-Cultural foi feita juntamente com a primeira, segunda e
terceira etapas. Sendo assim, cada variável de análise identificada em cada
observação, grupo focal e na entrevista em profundidade, foi comparada com os
resultados dos estudos anteriores selecionados.
Por fim, uma análise geral foi realizada, contemplando os resultados obtidos
com na aplicação de cada técnica, objetivando maior aprofundamento do assunto e
ampliação das contribuições do estudo.
4.1 Observação Participante aplicada à HDSC, no HOG Florianópolis Chapter
O aumento da compreensão do comportamento torna-se evidente quando o
pesquisador observa e participa da experiência de marca juntamente com o grupo
estudado. A coleta de dados ocorreu no ambiente natural de consumo dos
observados, desta forma estes passaram a ser tratados como parte da interação e
não somente como dados de um estudo.
78
Em diário de campo, foi anotado a descrição dos comportamentos dos
HOGs, assim como as emoções observadas e sentidas pelo pesquisador, durante
coleta de dados, pelo uso da técnica de observação participante. Estas ações
explicam a forma como o pesquisador descreveu suas emoções e percepções
durante a aplicação do método. O exposto se embasa na teoria de Serva e Jaime
Júnior (1995), que defendem que na Observação Participante, o pesquisador e os
observados situam-se numa relação face a face e a coleta de dados ocorre no
ambiente frequentado pelos observados, podendo, o pesquisador, se envolver
emocionalmente com o ambiente e com os observados, já para Weber (2009), o uso
do diário íntimo, durante a observação, serve para anotar o humor e também as
emoções do autor.
4.1.1 Primeiro encontro com o HOG
O primeiro encontro com os membros do HOG Florianópolis Chapter foi em
30/08/2014. O dia ensolarado indicava um bom momento para sair de casa com a
moto. As expectativas eram elevadas em relação aos resultados que seriam obtidos
com este primeiro contato. Pretendia-se encontrar muitos membros do HOG na
concessionária, porém se temia a aceitação da pesquisa pelo grupo, por acreditar
que seus membros estariam ali, em um momento de descontração e não se
sentiriam à vontade, se soubessem que estavam sendo observados, fotografados ou
filmados.
Os equipamentos de segurança foram preparados (jaquetas, capacetes,
botas e luvas) e os de Diário de Campo (agenda, gravador de voz e filmadora), para
seguir a Floripa Harley-Davidson e iniciar a coleta dos dados desta pesquisa. O
pesquisador partiu da cidade de Itajaí (SC) às 7 horas e 45 minutos e chegou às 9
horas e 8 minutos, percorrendo os 94 km, correspondentes à distância da residência
do pesquisador ao concessionário HD, em 1h23min.
Durante a ida, tudo ocorreu de forma muito tranquila, até a chegada.
Portanto, já próximo a concessionária HD, a tensão do pesquisador aumentou, por
verificar que vários Harleyros haviam chegado com antecedência. Suas motocicletas
79
estavam devidamente limpas e posicionadas. Naquele momento, quanto mais
próximo, maior a sensação de fazer parte do filme Wild Hogs (2007) sem ser
convidado.
Por medo de cometer algum erro, ou pela possibilidade de se comportar de
maneira que não fosse bem aceita ou mal interpretada pelos Harleyros ali presentes,
o pesquisador não teve coragem de estacionar a motocicleta em frente a loja. Ao
chegar, ainda havia algumas vagas para estacionar a motocicleta em frente a loja,
junto às demais motocicletas HD presentes. Por insegurança, foi decidido parar
adiante, em outro estabelecimento comercial, próximo à concessionária.
Observou-se na concessionária, que muitos motociclistas estavam eufóricos,
falando alto, sorrindo, cumprimentando os demais colegas. Muitos admiravam as
motocicletas estacionadas, tecendo longos comentários sobre vários assuntos
acerca dos detalhes de cada veículo. Dentro da loja da concessionária da Floripa
HD, da mesma forma, foi observada a mesma euforia. As pessoas se abraçavam
fraternalmente e conversavam em pequenos grupos por toda a área dedicada à
venda de motocicletas, peças, roupas e acessórios.
Entrando, na loja, o pesquisador e o garupa, não foram abordados por
funcionário algum ou HOG presente. Todos os vendedores da empresa estavam
muito ocupados atendendo seus clientes, que represtavam um número maior do que
a capacidade de atendimento da empresa, naquele momento. Mesmo assim,
ninguém parecia ter a mínima pressa em ser atendido. Muito pelo contrário,
pareciam muito satisfeitos com o atendimento oferecido e com o simples fato de
estarem ali, reunidos em torno de uma série de produtos da Marca Harley-Davidson.
Estes encontros acontecem semanalmente, aos sábados, onde a
concessionária oferece gratuitamente, um café em suas instalações, servido das 9
às 11 horas aos presentes naquele momento. Esta estratégia contribui no sentido de
reunir os HOGs ainda no início da manhã nas dependências da concessionária,
onde iniciam os rituais de confraternização entre os membros.
Nestes cafés, os consumidores da marca são expostos à comparação de
suas motocicletas e acessórios, assim como à oferta e negociação de compra,
venda ou troca de motocicletas novas e usadas, acessórios e roupas da marca
Harley-Davidson.
Neste dia, os Road Captains se apresentaram como responsáveis pela
condução do comboio de motocicletas que participaria do passeio daquele dia,
80
denominado de Bate e Volta, por ter o objetivo ir e voltar no mesmo dia. O início do
passeio foi marcado para às 11 horas, com destino ao bairro Canasvieiras, na
cidade de Florianópolis, objetivando prestigiar o 20º Encontro do Veteran Car Club,
no Kartódromo do Sapiens Park.
Os HOGs passariam primeiramente no McDonalds da Avenida Beira- Mar-
Norte, no centro de Florianópolis, para contribuir com uma campanha em prol da
Casa de Apoio Vovó Gertrudes, conforme demonstrado na Figura 9.
Figura 9: Folder do evento Mc Dia Feliz. Fonte: Página do HOG no Facebook (2014)
Ainda na concessionária, em uma área no andar superior da loja, reservada
ao departamento administrativo do HOG o pesquisador conheceu todos os Road
Captains do HOG Florianópolis Chapter, que o cumprimentaram de forma cordial e
atenciosa, enquanto se apresentava como pesquisador.
Foi muito interessante perceber a facilidade de acesso a esses membros,
visto que nos estudos de Schouten e McAlexander (1995) e de Schembri (2009),
relatavam certa dificuldade e tempo para compreender quem eram os membros
81
chave da subcultura de consumo, assim como o acesso a estes. Neste mesmo dia o
pesquisador filiou-se ao HOG Florianópolis Chapter.
Em Schouten e McAlexander (1995), o processo de aculturação de um novo
membro, decorre da transição de fora para dentro da HDSC. É preciso ter uma
motocicleta da Harley-Davidson, que é o pré-requisito mais importante para fazer
parte desta subcultura. Nesta linha Schembri (2009) descreve a aculturação de um
membro marginal, passando por vários estágios de aprendizagem e imersão na
HDSC, até ser designado um membro do núcleo do HOG, podendo atuar como guia
dos passeios.
Naquele dia, todos os Road Captains presentes, estavam acompanhados
dos passageiros “Garupas”, representados nesta pesquisa, pelas esposas dos
HOGs que acompanham seus maridos durante os eventos, na posição posterior na
motocicleta. Neste dia, o pesquisador e sua garupa foram convidados, para
acompanhá-los no passeio à Canasvieiras.
Em determinado momento, na parte central do saguão principal, um sino foi
tocado por um dos Road Captains. As pessoas iniciaram um movimento de retirada
das motocicletas, posicionadas em frente à concessionária, levando-as ao outro lado
da loja conforme demonstrado na Figura 10. Com as motocicletas posicionadas em
fila indiana dupla, um dos Road Captains, passou as instruções referentes ao
passeio daquele sábado.
82
Café
Sino
Figura 10: HOGs, em seu encontro semanal, na concessionária HD de Florianópolis Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Na Figura 10 é possível observar os HOGs em um de seus encontros
matinais de sábado. Enquanto alguns observam, testam, analisam e provam roupas
e acessórios, disponibilizados à venda pela concessionária, outros, à esquerda,
tomam o café oferecido pela empresa. Na viga central, de cor laranja, é possível
observar o sino que é tocado pelo Road Captain para comunicar o início dos
preparativos do passeio.
O Road Captain responsável pela segurança do grupo convidou o
pesquisador e sua garupa, para naquele dia, ocupar uma posição no início da fila
que formaria o bonde do passeio. Foi informado que estando naquela posição,
poderia nos instruir e supervisionar, visto que nunca havíamos acompanhado um
bonde de motocicletas. Sendo assim, os organizadores alegaram que ali estaríamos
mais seguros. O Road Captain responsável pela segurança do Grupo ainda solicitou
que participássemos do briefing que ele passaria em minutos a todos os membros
do bonde. O briefing é uma pequena reunião que acontece momentos antes da
saída do bonde, na qual o Road Captain informa o trajeto a ser percorrido e reforça
as regras de segurança de acordo com o percurso.
83
O tratamento especial prestado pelos Road Captains impressionou o
pesquisador e o garupa. Estas atitudes tornaram a pesquisa com os HOGs, ainda
mais agradável, logo no primeiro dia.
Com um apito, um dos Road Captain, emitiu um sinal aos motociclistas que
prontamente se aproximaram, formando uma roda, para traçar a rota a ser
percorrida, bem como as características do percurso e o trânsito previsto. Algumas
informações referentes às sinalizações de segurança e comunicação, específicas do
grupo, foram apresentadas aos novos membros e relembradas aos veteranos.
Entre outras informações o responsável pela segurança explicou alguns
gestos que deveriam ser feitos com as mãos, informando que deveriam ser iniciados
pelo Road Captain que se posicionou à frente do bonde e deveriam ser repassados,
do primeiro ao ultimo membro do bonde. Lembrando, que estes gestos devem ser
reproduzidos, com a mão esquerda, pelo condutor da cada motocicleta durante o
passeio.
Apesar de Valladares (2007) comentar que o pesquisador não sabe com
antecedência onde está entrando, desconhecendo algumas ligações que marcam a
hierarquia e a estrutura social, logo, foi observado que os Road Captains do HOGs
da Floripa HD, eram membros chave ou estavam muito próximos ao núcleo desta
subcultura de consumo.
A receptividade e o tipo de tratamento, foram as primeiras diferenças
percebidas no comportamento de alguns membros do HOG, em relação aos dos
HOGs pesquisados nos estudos de Schouten e McAlexander (1995) e de Schembri
(2009).
Depois de receber as informações referentes ao percurso, segurança,
formação do bonde, distância, paradas e horários, conforme Figura 11, todos
retornaram às suas motocicletas, já devidamente posicionadas à formação do
bonde. Neste momento todos os motores foram ligados para a partida.
84
Figura 11: Road Captain no momento do Briefing do passeio Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
A Figura 11 retrata o momento em que um dos Road Captains comunica aos
demais membros do passeio, algumas informações importantes sobre a segurança
dos membros do grupo. Neste momento todos deixam suas motocicletas
posicionadas e se aproximam para receber as informações.
Quando o som gerado pelo motor de uma motocicleta se mistura aos de
outros motores HD, a comoção criada com o poderoso som produzido pelo conjunto
de motores, ligados simultaneamente, demonstra que este coletivo emociona os que
têm sob o controle de suas mãos, uma Harley-Davidson. Segundo Schembri (2009),
o barulho produzido por diferentes motores de Harley-Davidson atrai muita atenção,
combinado com a vibração do motor e da experiência de andar de Harley, acaba
submetendo para um local de paz.
Olhar para frente e se imaginar fazendo parte de um bonde com mais de 40
Harleys, foi emocionante. Os HOGs desfilavam sob os cuidados dos Road Captains
e dos olhares curiosos dos adultos e crianças, encontrados ao longo do caminho,
assim como em Schembri (2009), ao descrever um comboio de motocicletas em um
passeio do HOG como uma imagem que impressiona, relatando que o som gera
uma grande presença na estrada.
Neste passeio, o pesquisador ocupou a terceira posição do bonde. A
primeira e a segunda posições de um bonde HOG são ocupadas por Road Captains.
A visão mais privilegiada de um motociclista que ocupava as primeiras posições
85
daquele comboio era a do espelho retrovisor da motocicleta, que refletia a enorme
fila, colorida pelas diversas motocicletas Harley-Davidson.
Ao chegar ao McDonald´s, que foi a primeira parada prevista do Bate e
Volta, o pesquisador e sua garupa foram convidados para sentar à mesa, junto de
um jovem casal de Road Captains, para um lanche, conforme Figura 12. O casal
prontamente nos acolheu como membros e se disponibilizou em contribuir com este
estudo, indicando os membros chave para cada uma das questões desta pesquisa.
A relevância deste evento ao estudo é fundamentada por Valladares (2007), que
reconhece que as informações obtidas em sua pesquisa, dependerão do
comportamento do pesquisador e das relações criadas com o grupo pesquisado.
Figura 12: Acolhidos pelo jovem casal de Road Captains, durante um lanche no McDonald’s Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
A imagem coletiva, fotografada após o lanche daquele encontro, mostra o
entusiasmo e a alegria dos HOGs. A bandeira do HOG Florianópolis Chapter foi
exposta no centro grupo. Uma grande descontração pode ser percebida ao observar
vários membros sentados no chão, em frente ao McDonald’s, para a foto, conforme
demonstrado na Figura 13.
86
Figura 13: Parada dos HOGs para um lanche no McDonalds Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Ao sair do McDonalds, o bonde partiu para o último destino do passeio, uma
exposição de carros antigos em Canasveiras, na cidade de Florianópolis. Após
algumas horas de visitação e confraternização com os HOGs, através de um apito,
os Road Captains comunicaram aos HOGs que a formação do bonde seria feita para
o retorno do passeio. Novamente algumas informações foram passadas e uma foto
coletiva foi tirada, como de costume, exibindo a bandeira do HOG Florianópolis
Chapter, conforme Figura 14.
A partir deste momento, aparentemente, o encontro se deu por encerrado,
uma vez que, os membros se dispersaram, cada motociclista optando pelo seu
próximo destino. Uma pequena parte do grupo retornou com o bonde e ainda
acompanhado dos Road Captains que mantiveram sua posição de segurança até
todo o bonde se dissolver completamente ao longo do caminho, ou seja, cada
motociclista seguindo o seu destino de volta para a casa.
Figura 14: Foto do Grupo em Canasvieiras - Florianópolis Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
87
O primeiro encontro com os membros da subcultura de consumo Harley-
Davidson da Floripa Harley-Davidson, foi muito interessante e produtivo. Evidenciou-
se neste contato inicial, uma série de similaridades no comportamento e na
percepção dos consumidores brasileiros, membros do grupo estudado, quando
submetidos à experiência de marca, em relação ao dos americanos e australianos,
encontrados nos estudos anteriores.
Este encontro se fez importante, por constatar a relevância da utilização da
Observação Participante neste estudo. Esta técnica de pesquisa qualitativa amplia a
compreensão acerca do comportamento dos consumidores, a vista da possibilidade
de observar e participar da experiência de marca juntamente com o grupo estudado.
Foi muito importante identificar alguns comportamentos relatados em
estudos anteriores, que tangem à emoção percebida pelos membros da subcultura
Harley-Davidson, ao participarem dos passeios em grupo. O pesquisador sentiu, por
meio da Observação Participante, uma série de emoções. Tais emoções se
caracterizaram por alguns atributos extrínsecos à marca Harley-Davidson com
similaridade e outros em divergência à forma como os HOGs americanos e
australianos, anteriormente estudados, a perceberam.
O primeiro atributo percebido neste momento inicial com os HOGs da
Florianópolis Chapter, foi o da beleza e emoção geradas com a formação do coletivo
das belas e coloridas motocicletas Harley-Davidson, que compunham o bonde.
O segundo, pela emoção comum, gerada com som coletivo, dos potentes
motores das motocicletas HD. Em Schembri (2009), os espectadores podem fazer
suposições sobre a moto e o coletivo, e o espetáculo que esta representa, mas este
pode ser diferente da realidade dos proprietários de Harley-Davidson.
O terceiro, por sentir-se, naquele momento, um verdadeiro membro de um
grupo organizado e alegre, que fazia coisas interessantes todas as semanas e por
ser bem recebido pelos membros chave da HDSC.
O quarto, se deu pela segurança e pelo sentimento de proteção percebidos,
quando convidado a ocupar uma das primeiras posições do bonde, para maior
segurança de todos, diferentemente dos relatos de Schouten e McAlexander (1995),
o pilotos com maior experiência vão mais à frente e os pilotos mais novos ou não
membros, ficam na traseira, assim como em Schembri (2009), os membros mais
novos andam mais no final da fila, junto com o responsável pela segurança.
88
4.1.2 São Paulo Harley Days
Entre os dias 16 e 18 de outubro de 2014, foi realizado o Bate e Fica, para o
evento denominado São Paulo Harley Days. Trata-se de um evento internacional da
Harley-Davidson, tradicional em países como Espanha, Croácia e Alemanha. No
Brasil, já ocorreram duas edições, em 2011 e 2012, ambas no Rio de Janeiro.
A divulgação e organização do bonde desta viagem foi feita pelo HOG
Florianópolis Chapter. O processo para a participação do evento iniciou com a
compra dos ingressos. Em seguida foi comunicado aos Road Captains, a
participação do pesquisador e de sua garupa no bonde do evento. Deste momento
em diante, as comunicações se deram pelo uso de um grupo no Whatsapp (o
Whatsapp é um aplicativo para smartphones, de troca de mensagens de texto e
áudio, troca de vídeos, etc.). Foi por esta ferramenta de comunicação, que todos os
integrantes do bonde para São Paulo se comunicaram antes e durante o evento.
Foram divulgados, o roteiro do bate fica, contendo paradas para
abastecimentos e lanches, distâncias dos trechos a serem percorridos entre outras
informação relevantes aos participantes. Por fim, os Road Captains compartilharam
um vídeo contendo as instruções referentes às sinalizações de segurança, com o
objetivo de padronizar os gestos e ações de todos os participantes.
Figura 15: Anuncio do evento Harley Days 2014 Fonte: Página do HOG no Facebook (2014)
É chegado o tão esperado dia 16 de outubro de 2014. A motocicleta já
abastecida e equipada com as bagagens aguardava o piloto e sua garupa para mais
89
uma inovadora experiência, rumo ao sudeste do Brasil, integrados ao de um bonde
da Harley-Davidson composto por 54 motocicletas.
A saída aconteceu às 6 horas da manhã do dia 16, partindo de Florianópolis.
Ao longo do caminho outros motociclistas esperavam para agregar-se ao bonde. O
pesquisador e sua garupa aguardaram o bonde na cidade de Piçarras. Juntando,
aos poucos, outros motociclistas das cidades próximas. Enquanto aguardavam o
bonde, observou-se que os motociclistas buscavam socialização entre os presentes,
por meio da observação dos detalhes e das customizações da motocicleta do outro.
Trocavam informações sobre modelo, ano, até chegar em assuntos relacionados
aos acessórios que personalizavam cada motocicleta.
Por volta das 7 horas, ouviu-se o som do bonde se aproximando.
Aproximadamente trinta motocicletas Harley-Davidson entraram no pátio do posto
onde aguardávamos para seguir viagem. Esta foi a última parada para acolher os
integrantes do bonde. Parada esta marcada pelo barulho produzido pela euforia dos
HOGs e pelas motocicletas. As pessoas chegavam eufóricas, alegres e falantes.
Cumprimentavam-se sorridentes, abraçando, desejando boa viagem aos demais
motociclistas.
Passado o período de cumprimentos, o briefing para seguir viagem foi
realizado. Neste momento os Road Captains se apresentaram e iniciaram as
instruções gerais, sobretudo de segurança. Destacou-se nesse momento a
exigência da sinalização padrão do HOG, que havia sido encaminhada por vídeo
semanas antes do passeio.
Foi possível observar uma preocupação entre os Road Captains do bonde,
pela diversidade de sinalizações existentes entre os motociclistas, proprietários de
HD, pertencentes a diversos motoclubes, com diferentes regras de sinalização.
Sendo assim, tornou-se fundamental para a segurança de todos, padronizar as
sinalizações naquela ocasião.
Ao chegar o tão esperado momento de pegar a estrada, os Road Captains
posicionaram-se para a partida e consequentemente, os demais motociclista
organizaram-se em meio a uma agitação de roncos para tomarem as suas posições.
A partir deste momento todos se tornaram responsáveis por sua segurança e dos
motocicletas a sua volta. As motocicletas foram posicionadas de forma intercalada,
em duas filas, ocupando aproximadamente um espaço de quinhentos metros, ao
90
longo da rodovia BR 101. A Figura 16 demonstra o momento da formação do bonde
para, momentos após o briefing.
Figura 16: Formação dos bonde ao São Paulo Harley Days (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
O bonde foi seguido por um veículo de apoio disponibilizado e custeado pela
concessionária de Florianópolis. As sinalizações de: perigo na pista, virar à esquerda
ou direita, acelerar ou reduzir velocidade, eram iniciadas pelos Road Captains e se
propagavam ao longo do bonde através da continuidade dos gestos feitos pelos
motociclistas, conforme demonstrado no Quadro 3. Qualquer falha nessa
comunicação poderia provocar um acidente.
Arrancar: segui o
Road líderParear ao lado
Parada para
descanso
Organizar
formação do
grupo
Saída da estrada
Encosta pararPisca ligado
Sinalização de
perigos, lado
direito/esquerdo
Diminuir
Marcha/Velocidade
Abastecer
combustível
Troca de posição
Autorização de
ultrapassagem
Aumentar
Marcha/Velocidade
Aproximação
de posto
policial
Quadro 3: Sinalização utilizada para comunicação Fonte: blog.htmototurismo.com.br adaptado pelo pesquisador
91
Paradas a cada 180 km, para abastecimento e lanche foram programadas
ao longo dos 710 km percorridos até o destino final da viagem. Esta quilometragem
para abastecimento, foi calculada baseando-se na menor autonomia de um dos
modelos de motocicleta da marca HD. Sendo assim, todos abasteciam em todas as
paradas programadas.
Havia regras na formatação das motocicletas, para as chegadas nos postos
de combustível, que contemplavam o posicionamento destas próximas e de frente
às bombas de abastecimento, permitindo que o maior número de motocicletas fosse
abastecida de forma rápida, sem atrapalhar o fluxo do estabelecimento. Destaca-se
aqui a preocupação da equipe organizadora com o bem estar de todos os usuários
do estabelecimento priorizando a segurança e boa imagem do grupo.
As paradas nos pedágios também tinham o mesmo objetivo, e para isso, um
Road Captain antecipava-se do bonde e seguia para a guarita do pedágio e
autorizava passagem dos demais. Inicialmente havia a passagem do segundo Road
Captain que era o responsável por reorganizar o bonde após o pedágio. Em seguida
os demais motociclistas foram passando até que o último Road Captain,
denominado Cerra Fila passasse. Enquanto este efetuava o pagamento de todos os
motociclistas, custeado pela loja Floripa HD, era dado o sinal, para que todos os
motociclistas seguissem sua viagem. Mesmo com toda esta organização, a
passagem de cada pedágio durava aproximadamente 5 minutos.
O maior desafio do bonde ao longo da viagem, era o calor. A cada
quilometro percorrido, a temperatura aumentava e as roupas de couro tornavam-se
insuportáveis. A cada parada o grupo tirava as jaquetas, luvas e capacetes,
objetivando combater o calor excessivo. Embora estivessem com a aparência
abatida, resultante do cansaço e do calor, saiam de suas motocicletas em êxtase,
eufóricos e sorridentes.
O bonde chegou em São Paulo às 17 horas, em meio ao caótico trânsito da
Avenida Marginal Tietê no dia mais quente da cidade de São Paulo, registrado nos
últimos oitenta anos.
Tensão foi o sentimento compartilhado entre os integrantes do bonde na
chegada à cidade de São Paulo, provocada pela preocupação dos integrantes com a
possibilidade de uma separação do grupo, pela interrupção da longa fila que o
bonde formava e com a segurança durante a passagem entre os veículos parados
no congestionamento da cidade.
92
Porém, nem o calor, nem o trânsito tiraram o brilho da chegada ao hotel. As
motocicletas expressavam pelo som de seus motores a alegria da chegada de seus
motociclistas. Na entrada do hotel, outros motociclistas vindos de outras cidades do
Brasil festejavam a chegada do grupo. Motociclistas que nem se conheciam
vibravam com a chegada do outro, cumprimentavam-se, abraçavam-se e
celebravam com uma taça de vinho ou um copo de whisky ou cerveja, nas mãos.
O São Paulo Harley Days 2014 foi um evento organizado pela Harley-
Davidson no Sambódromo do Anhembi, com infraestrutura para receber cerca de 20
mil motociclistas de todo o Brasil conforme Figura 17. No local havia exposições de
motocicletas, roupas, além de serviço de bar, restaurante e shows de Rock’n Roll,
no período noturno.
Observou-se que o evento propôs, em sua programação, um concurso de
customização, sendo assim, os proprietários expunham suas motocicletas
customizadas, para eleição e premiação, pelo evento. O concurso foi classificado em
cinco categorias: Café Racer, Bobber, Chopper e Pintura Especial. Faz-se
importante destacar a categoria OEM (Original Equipment Manufacturer), ou seja,
motos personalizadas apenas com equipamentos produzidos pela Harley-Davidson.
Observou-se no evento a presença de empresas de customização
renomadas na cultura do motociclismo, estúdio de tatuagem, além da presença e
apresentação do corpo de motociclistas do Exército Brasileiro, da Polícia Rodoviária
Federal e da Polícia Militar. O evento contou com os patrocinadores: Petrobras,
Bradesco, Jagermeister, Casa Valduga, Jack Daniel’s e Old Spice.
93
Figura 17: São Paulo Harley Days (2014) Fonte: Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
No dia 17 de outubro, sábado, o evento promoveu o tradicional desfile
Harley-Davidson que aconteceu na Avenida Paulista e contou com a presença de
três mil motocicletas, apesar do intenso calor, proporcionaram um belo espetáculo.
Porém os motociclistas que integravam o bonde do HOG Florianópolis Chapter,
demonstravam-se insatisfeitos com o evento, comunicando seu descontentamento
com a infraestrutura de lojas de motocicletas, roupas e, sobretudo com a acolhida
aos HOGs. Acreditavam que o evento deveria organizar uma acolhida especial aos
membros regulares, dos diversos Chapters. Alguns integrantes afirmaram que não
retornariam no ano seguinte.
Na Figura 18 algumas imagens importantes explicam alguns detalhes do
evento como o carro de apoio, criança caracterizada de Harleyro e algumas imagens
dos participantes.
94
Figura 18: São Paulo Harley Days (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
No dia 18 o bonde se organizou para o retorno a Santa Catarina. Os
procedimentos e encaminhamentos de segurança foram os mesmos e a despedida
foi calorosa. Colegas motociclistas que ficaram, funcionários do hotel e pessoas que
estavam no caminho acenavam e admiravam a alegoria dos motociclistas que
passavam.
4.1.3 Acampamento “Bate e Fica” em Urubici
Muitas situações descritas no primeiro encontro com os HOGs, foram
evidenciadas em outros encontros, umas de forma mais intensa, como no caso do
Bate e Fica à cidade de Urubici (SC), quando destacou-se o envolvimento de
95
familiares dos integrantes do HOG e no Bate e Fica de São Paulo. Neste último
passeio, observou-se a integração motociclistas durante o percurso, membros e não
membros do HOG, alguns pertencentes a outros motoclubes. Porém todos eram
portadores de HD.
Embora possuíssem sinalizações e códigos específicos de comunicação
entre os membros de seus grupos, por conta da segurança de todos, passaram a
adotar a comunicação do HOG Floripa. Estes códigos de comunicação foram
encaminhados com antecedência a todos os participantes da viagem, via e-mail,
para maior segurança e conhecimento de todos pelos Road Captains do HOG aos
membros inscritos no passeio.
Outro momento importante na observação participante, para a compreensão
do comportamento dos consumidores estudados, foi o acampamento de dois dias na
cidade de Urubici (SC). Conforme demonstrado na Figura 19, este foi um dos
passeios cujo retorno não aconteceu no mesmo dia da partida, denominado pelos
membros do HOG como “Bate e Fica”, tal denominação comunica que o participante
devera pernoitar.
Figura 19: Cartaz informativo sobre o Bate e Fica em Urubici Fonte: Página do HOG no Facebook (2014)
O bonde, composto por 42 motocicletas, partiu a Urubici às 9 horas, com as
motocicletas devidamente abastecidas. Naquele dia, as motocicletas deveriam
transportar, além dos passageiros e da bagagem, câmera fotográfica e capa de
chuva para duas pessoas, uma barraca contendo: cobertor, colchão inflável,
aparelho de ar comprimido para inflar o colchão.
Parecia impossível transportar tanta coisa em uma única motocicleta. Foi
preciso certo desprendimento e uma visão minimalista e lógica para colocar cada
96
coisa num devido lugar, visto que as roupas, a barraca e o colchão deveriam suprir
as necessidades de duas pessoas naquele encontro, conforme demonstrado na
Figura 20. Carregar somente o que é de extrema necessidade, ou pelo menos ter
que pensar sobre isso, já foi por si só, desafiador.
As sensações, que variavam entre preocupação e liberdade, geradas pelas
restrições de espaço em uma motocicleta, contribuíram para a compreensão da
importância que os motociclistas dão para o desprendimento para deixar o que é
supérfluo para trás e seguir viagem com mochilas transportando o mínimo
necessário.
Figura 20: Motocicleta do pesquisador com bagagens e equipamentos para acampamento (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Todos estavam eufóricos e felizes por compartilhar aquele momento.
Durante o percurso de ida a Urubici, o grupo fez uma parada em um dos mirantes da
Serra do Rio do Rastro para que os HOGs pudessem fotografar e contemplar a
paisagem maravilhosa, conforme demonstrado na Figura 21.
97
Figura 21: Parada dos HOGs, no topo da Serra do Rio do Rastro (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Outra parada foi, ainda na Serra do Rio do Rastro, para o almoço, conforme
Figura 22, que demonstra parte do comportamento e do estilo dos HOGs estudados.
Figura 22: Estilo e vestimenta dos membros da subcultura estudada (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Chegando ao destino do Bate e Fica, os HOGs iniciaram a montagem de
suas barracas. Observou-se que conforme terminavam, muitos membros se
disponibilizavam no sentido de ajudar os que ainda não haviam finalizado a
montagem, enquanto outros já iniciavam os preparativos para o jantar. A Figura 23
demonstra uma pequena barraca montada com a ajuda dos HOGs.
98
Figura 23: Barraca usada por um casal de membros do HOG (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Tal observação demonstrou que a ajuda mútua e o companheirismo, são
comportamentos que acontecem, neste grupo, e também na estrada. Havia sido
marcada a realização do primeiro Grupo Focal da pesquisa para o primeiro dia do
acampamento. Devido ao cansaço da viagem, a expectativa era de que nada mais
seria feito além da montagem das barracas e do jantar e que a reunião do Grupo
Focal seria postergada.
Surpreendentemente o grupo focal já estava organizado. O Road Captain já
havia se encarregado de selecionar e convidar alguns motociclistas. Os oito HOGs
estavam muito empolgados em participar e alguns já estavam aguardando pelo
início da entrevista.
Todos os integrantes dos quatro casais participantes do Focus Group
daquele dia contribuíram significantemente com o estudo, demonstrando interesse e
abertos a falar sobre assuntos referentes à marca Harley-Davidson e sobre o HOG,
mesmo cansados e em momentos de lazer.
Naquela noite, os HOGs foram dormir tarde. Confraternizavam-se, na área
destinada ao local para as refeições dos campistas. Os HOGs cantavam juntos,
várias canções, ao som do violão de um animado membro do grupo, demonstrando
um entrosamento fraterno entre os presentes, conforme demonstrado na Figura 24.
99
Figura 24: Membros do HOG confraternizando (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.
Um fato interessante, no que tange o comportamento dos HOGs estudados,
foi o de descobrirem dois aniversariantes entre os presentes, sendo um deles, o
pesquisador. Fizeram um bolo surpresa para cada aniversariante, com o emblema
da marca Harley-Davidson com as informações da data de nascimento e o
sobrenome de cada um, escritos na cor laranja, conforme demonstrado na Figura
25.
Figura 25: Bolo de surpresa, dedicado pelos HOGs ao pesquisador aniversariante (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
100
O uso do diário de campo e do registro de imagens por fotos foi muito
importante naquele encontro. A bela paisagem, o dia ensolarado e o bom humor dos
HOGs contribuíram para uma série de registros comportamentais relevantes à
pesquisa, naquele encontro demonstrado pela Figura 26.
Figura 26: Estilo e bom humor do HOG responsável pelos registros fotográficos do passeio (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Sobre a participação de membros da família nesta subcultura, ao longo
deste encontro observou-se que alguns membros desta subcultura de consumo
incluem familiares em seus encontros. Na Figura 27 observa-se a presença de
familiares, que calorosamente foram acolhidos pelos demais integrantes do passeio.
Figura 27: Inclusão de crianças em eventos do HOG (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
101
Um comportamento ritualístico, identificado neste e em os outros passeios,
foi a parada para foto coletiva dos HOGs, com a exibição da bandeira do HOG
Florianópolis Chapter, que neste encontro aconteceu em dois momentos, conforme
Figuras 28 e 29.
Figura 28: Foto coletiva em frente a igreja de Urubici (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
Figura 29: Descontração para foto no retorno do Bate e Fica de Urubici (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador
A Figura 29 explicita um clima alegre e descontraído, com os HOGs
sentados no asfalto quente junto de seus familiares, que acompanhavam o passeio,
demonstrando um forte laço de afetividade e felicidade por estarem reunidos.
Por fim, o Quadro 4, demonstra os 15 eventos de 2014, em ordem
cronológica, em que o pesquisador esteve presente, para a coleta dos dados na
etapa Observação Participante. Os demais encontros não foram descritos por
representarem passeios Bate e Volta. Estes apresentaram menor relevância ao
102
estudo pelo tempo reduzido de cada encontro. Sendo assim, observou-se que os
encontros Bate e Fica, por serem mais longos e demandarem maior disponibilidade
de tempo e convívio entre os membros, foram mais reveladores e produtivos ao
estudo.
103
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
38 252
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
29 250
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
25 226
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
12 363
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
53 190
Conforme descrito no item 4.1.1, o Bate e Volta a Canasvieiras,
representou o primeiro encontro do pesquisador com os HOGs,
no dia 30/08/2014.
No dia 06/09/2014, os HOGs participaram do Bate e Volta ao
Sul da Ilha, na cidade de Florianópolis.
No dia 13/09/2014, foi servido um almoço, no condomínio de
família Moreira, próximo à concessionária.
O Bate e Volta ao Santuário de Santa Paulina, ocorreu no dia
20/09/2014.
O encontro dedicado ao Dia da Crianças, para arrecadação de
alimentos não perecíveis, ocorreu dia 04/10/2014, nas
dependências da concessionária Floripa Harley-Davidson.
continua...
104
continuação...
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
26 365
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
26 349
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
54 1788
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
23 582
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
25 480
O Bate e Volta a Criciúma (SC) ocorreu em 01/11/2014.
No dia 09/11/2014, os HOGs participaram de um bate e volta à
cidade de Blumenau (SC).
O dia 17/10/2015, foi marcado pelo Bate e Fica ao evento São
Paulo Harley Days, em São Paulo (SP), conforme descrito no
item 4.1.2.
Em 11/10/2014, os HOGs se reuniram para o Bate e Volta a
Garopaba (SC).
No dia 15/10/2015, o HOGs participaram do Bate e Volta a
Balneário de Camboriú (SC).
continua...
105
continuação...
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
42 520
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
64 190
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
28 269
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
35 254
Número de Motocicletas Distância percorrida (Km)
46 218
No dia 29/11/2014, o HOG participou da macarronada, que foi
servida no sítio de um de seus membros, na cidade de Antônio
Carlos (SC).
O Bate e Volta, Caravana de Natal, ocorreu no dia 06/12/2014,
em um desfile noturno, acompanhando o caminhão da Coca
Cola, pelas ruas de Florianópolis,
No dia 22/11/2014, a concessionária Floripa Harley-Davidson
ofereceu um café da manhã especial, denominado Choripan.
Neste dia muitos HOGs se reuniram na concessionária, que
ocorreu no dia 22/11/2014.
Conforme descrito no item 4.1.4o Bate e Fica em Urubici (SC),
ocorreu no dia 15/11/2014.
Bate e Volta Novembro Dourado, dia 23/11/2014.
Quadro 4: Descrição dos eventos 2014 do HOG Fonte: Página do HOG no Facebook (2014) adaptado pelo pesquisador
106
4.2 Análise dos Grupos Focais
O método de pesquisa, Focus Group, foi aplicado com quatro grupos de foco
em diferentes momentos, selecionados pela homogeneidade de seus membros com
base em algumas de suas características evidenciadas, pelo Quadro 5.
Gru
po
Núm
ero
do
Mem
bro
Gênero
Idade
Membro
do
H.O.G.
(anos)
Modelo da
motocicleta
H.D.
Ano do
modelo
da H.D.
Profissão
Frequência
que vai aos
encontros
do H.O.G. Tatu
agem
H.D
.
Part
icip
a d
e
outr
os m
oto
clu
bes
Inclu
são d
a
fam
ília
1 F < 41 1 CVO Breakout 2014 Advogada Sempre Não Não Sim
2 M < 41 1 CVO Breakout 2014 Advogado Sempre Não Não Sim
3 F < 41 0,5 1200 2014 Representante Esporádico Não Não Sim
4 F 51-60 0,3 Fat Bob 2013 Analistade de sistemas Sempre Não Não Sim
5 M 51-60 2 Dyna Fatboy 2013 Empresário Sempre Não Não Sim
6 M < 41 1 1200 2014 Gerente serviços Esporádico Não Não Sim
7 F < 41 1,5 1200 2014 Veterinária e Vendedora Esporádico Não Não Sim
8 M < 41 1,5 1200 2014 Representante Esporádico Não Não Sim
1 M < 41 1 Ultra Classic 2014 Consultor Sempre Não Não Sim
2 M 51-60 2 Ultra Classic 2014 Corretor de Imóveis Esporádico Não Não Sim
3 M 51-60 3 Ultra Limited 2014 Representante Sempre Não Não Não
4 M 51-60 3 Ultra Limited 2014 Empresário Sempre Não Não Sim
5 M < 41 2 Ultra Limited 2014 Professor Sempre Não Não Sim
1 F < 41 1 Ultra Limited 2014 Publicitária Sempre Não Não Sim
2 F < 41 1,5 Ultra Limited 2014 Func Pública Sempre Não Não Sim
3 F 51-60 2 Ultra Limited 2014 Representante Sempre Não Não Sim
4 F < 41 4 Ultra Limited 2014 Administradora Sempre Não Não Não
5 F 51-60 2 Ultra Limited 2014 Empresária Sempre Não Não Sim
1 M 51-60 1 Ultra Glide 2011 Professor Sempre Não Sim Sim
2 M 51-60 3 Ultra Limited 2014 Mecânico Esporádico Não Sim Sim
3 F 51-60 3 Ultra Limited 2014 Professora Esporádico Não Sim Sim
4 M < 41 2 Street Glide 2012 Empresário Esporádico Não Sim Sim
5 F < 41 1 Ultra 2011 Financeiro Sempre Não Sim Sim
6 F < 41 1 Street Glide 2012 Contadora Sempre Não Sim Sim
3
2
1
4
Quadro 5: Caracterização dos membros dos Grupos Focais Fonte: Dados primários do estudo. Elaborado pelo pesquisador
O denominado Grupo 01, foi composto por oito membros, sendo quatro do
gênero masculino e quatro do feminino, demonstrando homogeneidade por ser
composto por jovens casais, membros recentes do HOG. Os Grupos 02 e 03 foram
compostos por cinco integrantes cada, separados por gênero. Estes grupos
demonstraram homogeneidade, por serem representados, respectivamente pelos
Road Captains e seus garupas e por terem maior tempo e experiência com a
subcultura de consumo Harley-Davidson, em comparação aos demais. Por fim, o
Grupo 04 foi composto por três membros do gênero masculino e três do feminino,
totalizando seis integrantes. Este grupo foi selecionado pela homogeneidade, por
107
serem membros de outro motoclube, além do HOG e pela experiência ampliada em
relação à subcultura do motociclismo, em relação a dos membros do Grupo 01.
A Harley-Davidson produz uma série de modelos de motocicletas, tendo em
vista maior adaptação às necessidades e objetivos de seus clientes. O Quadro 6 foi
construído com a pretensão de exibir os modelos utilizados pelos membros dos
grupos focais, de acordo com o Quadro 5, bem como as motocicletas de menor e
maior custo, comercializadas pela empresa, no Brasil, e o modelo V-Road, que é
descriminado pelo comportamento e forma de pilotagem dos consumidores que
optam por este modelo.
108
Imagem do modelo Modelo Categoria. Valor em Reais.Valor em
Dollar US.
Iron 883
Sportster
"motocicleta de menor
custo e baixa autonomia
de combustível"
R$ 34.900,00 US$11.009
1200 Custom Sportster R$ 38.400,00 US$12.114
Fat Bob Dyna R$ 47.800,00 US$15.079
Fat Boy
Special
Softail
“modelo utilizado pelo
pesquisador”
R$ 56.700,00 US$17.886
Night Rod
Special
V-Road
“modelo descriminado
por alguns HOGs”
R$ 60.100,00 US$18.959
Estreet Glide
Special
Touring
“modelo mais utilizado
na HDSC estudada”
R$ 76.900,00 US$24.259
Ultra Limited Touring R$ 87.200,00 US$27.508.
CVO Breakout CVO R$ 98.700,00 US$31.136
CVO Limited CVO R$ 126.500,00 US$39.905
Quadro 6: Lista dos modelos utilizados pelos membros dos grupos focais pesquisados Fonte: Harley-Davidson (2015) adaptado pelo pesquisador
As Figuras de 30 a 63, foram construídas a partir do processamento das
transcrições das entrevistas dos quatro grupos focais, pelo software Atlas.ti, muito
109
útil à obtenção dos resultados, por quantificar, organizar e relacionar, palavras e
expressões chave.
4.2.1 Identificação dos motivos do consumidor
A fim de identificar os fatores e atributos, motivadores da compra da marca,
as quatro questões que compunham este item relacionavam-se às expectativas e
sentimentos dos consumidores no dia da compra da motocicleta. A marca não se
limita a um logotipo ou etiqueta, mas um significado como um meio de vida, um
conjunto de valores, atitudes, expressões, e um conceito. Vásquez (2011) defende
que o consumidor vincula a marca com as qualidades físicas e também com o
conjunto de emoções e sociais que a marca transmite.
4.2.1.a Expectativas antes da compra
Para compreender quais eram as expectativas dos consumidores no dia da
compra da primeira motocicleta HD, a questão inicial objetivou identificar atributos
percebidos e esperados pelos consumidores, desta marca, antes mesmo de sua
compra. A Figura 30 demonstra padrões de resposta neste questionamento, para
cada grupo focal e suas relações e convergências, pelas ligações estabelecidas pela
figura, produzida pelo Atlas.ti.
110
Figura 30: O que era esperado da marca Harley-Davidson antes da compra da primeira motocicleta Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Foi possível identificar que membros dos grupos focais 2 e 3, tinham “o
sonho de ter uma Harley”, já os grupos focais 3 e 4, esperavam conforto. As
respostas dos entrevistados foram diversificadas. As expectativas em relação ao
produto eram variadas tais como: segurança, realização de um sonho, ideia de
liberdade, conforto, novo hobby, entre outros, conforme demonstrado na Figura 30.
Para os entrevistados, a expectativa de “ir muito longe”, justificou-se pela
potência, e conforto que a moto proporciona quando comparada ao modelo das
motos esportivas, estas características limitam as distâncias percorridas devido ao
desconforto das motocicletas, percebido principalmente pelo passageiro garupa. Ao
descrever como realização de um sonho, a aquisição dos produtos da marca HD, é
atribuída à possibilidade de fazer parte de um grupo restrito aos proprietários de
motocicletas desta marca.
Segundo o entrevistado E4:G2 “a Harley é uma realização de sonho, e você
só consegue essa realização quando você atinge um patamar [...]”, já o membro
E2:G2 “porque as pessoas não sonham em ter uma moto custom, elas sonham em
ter uma Harley”, o E4:G2 define sua expectativa como “a realização de um sonho” e
E1:G4 “A Harley-Davidson pra mim é até uma coisa nova, mas ela é mais um estilo
de vida, uma coisa mais do que tu ter uma moto só, uma motocicleta [...] ela é
praticamente um sonho, um sonho de consumo de muitos”. E3:G2 “Nos tínhamos
uma Drag Star (marca de motocicleta), a gente achava impossível chegar numa
Harley, isto era um sonho muito distante”.
111
A imagem da marca eminente à sua história e os diferentes contextos
comportamentais em que a mesma é retratada em filmes e fatos épicos mundiais,
como guerras e o seu uso pelas forças armadas de diferentes países, além do
elevado custo econômico para a aquisição de uma motocicleta, imprimem à marca a
ideia de poder e conquista. Portanto, foi possível identificar entre os entrevistados,
além do habitual sentimento de liberdade apresentado pelos motociclistas em geral,
o orgulho de ser o proprietário de uma Harley-Davidson e sobretudo fazer parte de
um grupo restrito da marca, geram a sensação de conquista e sucesso em seus
consumidores.
4.2.1.b Motocicleta como um hobby
Esta questão objetivou compreender as pretensões dos entrevistados em
relação à obtenção da motocicleta como um hobby. A Figura 31 demonstra o
esquema gráfico gerado pelo software Atlas.ti. Nesta pergunta o grupo focal 1 não
contribuiu com nenhuma resposta relevante ao estudo.
Figura 31: O que vocês fariam se não tivessem esse hobby Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Os membros entrevistados dos grupos focais 2, 3 e 4, apresentaram
similaridades em suas respostas. Foi possível observar que sete das respostas
apresentadas, demonstram que os entrevistados optaram por um hobby que lhes
112
proporcionasse maior atividade, dinamismo e possíveis experiências de aventura no
seu tempo livre, enquanto que, três respostas apresentadas demonstraram que os
entrevistados não teriam um hobby e que estes continuariam com uma postura
sedentária de vida.
Com base em tais observações entende-se que a busca por um hobby e o
perfil do hobby procurado por um consumidor da Harley-Davidson, não está
diretamente ligado ao HOG. Os grupos entrevistados têm em comum o produto da
marca Harley-Davidson, mas os fatores que os levaram a adquiri-lo e fazer parte
desta subcultura, emergem de diferentes objetivos e interesses, como a busca por
aventura, para alguns, enquanto que outros buscam fazer algo que os tire do
sedentarismo, em seu tempo livre.
À vista disto, este questionamento, demonstrou que os entrevistados
buscavam na marca, a possibilidade de terem maior dinamismo e aventura em suas
vidas. Segundo o membro E2:G4 “Eu não considero a Harley-Davidson hoje, para
mim, como hobby. Eu considero uma opção de vida, no qual eu encontro lazer,
encontro conhecimento, encontro novos desafios, porque nem tudo na Harley
também é só alegria”. Entende-se que os membros buscam, além da manter a
juventude, para E2:G2 “a gente luta, por se manter jovem, porque eu não me sinto
velho, mas eu acho que a marca e o grupo me mantém, me ajuda a me manter
jovem”
4.2.1.c O dia da compra
A Figura 32 demonstra o esquema dos conceitos acerca dos sentimentos
dos entrevistados no dia da compra da primeira motocicleta da marca HD.
113
Figura 32: O sentimento no dia da compra Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
As respostas deste questionamento demonstram que a aquisição da
motocicleta HD foi resultado do desejo de ter uma motocicleta desta marca, foi por
algum tempo, o sonho de vários motociclistas entrevistados. Estes descreveram os
mais diversos sentimentos como: euforia; emoção e realização pessoal, conforme
descrito pelo membro E3:G2 “Eu me senti igual a uma criança pequena, numa loja
de brinquedos, escolhendo um brinquedo, embora tivesse na mente já, cor, modelo,
tudo [...]”. Em contrapartida, a aquisição foi de contra gosto para a maior parte das
garupas. Todas as garupas fazem parte do HOG e são esposas de proprietários de
motocicletas da marca HD. A maioria destas relatou em suas respostas, insatisfação
no dia da compra.
Outro atributo não identificado em trabalhos anteriores e percebido pelos
HOG brasileiros, o sonho de ter uma motocicleta da marca. Sendo assim, a
insatisfação das garupas, justifica-se num primeiro momento, pela aquisição de um
produto que representa a realização de um sonho que não é seu. Segundo o
membro E4:G3 “[...] um susto, duas moto em casa é um absurdo, e só uma pessoa
que dirigia”, e para E1:G3 “[...] eu confesso que eu fiquei bem revoltada [...]”.
Durante a entrevista em profundidade, o membro experiente comenta “[...]
Harley-Davidson é uma coisa assim extraordinária, por que ++ obviamente, quando
tu compra uma Harley-Davidson, tu não só compra uma moto, tu já compra uma
família”.
114
Uma passagem interessante, que traduz a paixão de alguns motociclistas
pela marca, foi no momento em que Benetton, durante sua entrevista, descreveu o
dia da compra de sua primeira HD:
[...] eu comprei em Curitiba em 99, eu dormi três dias dentro da loja da Harley esperando ela chegar, três dias, isso aí, nacionalmente até internacionalmente eu fiquei conhecido, eles me prometiam a moto que ia chegar, que ia chegar, já tinha feito o pagamento a reserva tudo, e, foi a primeira, a primeira que saiu pra qualquer país do mundo, 1450 cilindradas, o motor antes dela era 1340 Evolution, e aí em 1999, mudou pro motor 1450 Twin, com injeção eletrônica, e essa moto não podia sair prá país nenhum do mundo. A única que saiu foi a minha, que veio pro Brasil, por causa de uma compra que eu fiz aqui na loja da Harley. Eles não poderiam ter vendido essa máquina pra mim. Essa máquina tinha feito um número X primeiro pros americanos. Quem entra na fila eles respeitam, e ++ aqui eu tinha comprado esta moto! Eles não poderiam ter me vendido e eu exigi que fosse essa máquina. Eles acabaram tendo a interferência do Willie Davidson prá me entregar essa moto. Eu fui pra loja da Harley e eu disse que só ia sair de dentro da loja da Harley quando essa moto tivesse chegado, e eu passei o Natal dentro da loja da Harley {}”.
4.2.1.d Os sentimentos ao pilotar uma HD
A Figura 33 objetivou identificar os sentimentos dos entrevistados, no
momento em que estão pilotando suas motocicletas HD.
115
Figura 33: Os sentimentos quando está com a Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Os quatro Grupos Focais foram compostos por doze entrevistados do
gênero feminino e doze do gênero masculino, pertencentes à faixa etária de
quarenta a sessenta anos, casados e profissionais de diversas áreas. Todos são
recentes consumidores da marca, quando comparados aos consumidores
pesquisados em estudos anteriores. Possuem motocicletas HD há três anos, e o
principal modelo consumido pela maioria dos entrevistados é a Harley-Davidson
Ultra. Este modelo é o mais completo e de maior custo da marca no Brasil.
Os entrevistados eram casados e participavam dos eventos juntamente com
seus cônjuges. Foi possível identificar que a maioria dos entrevistados buscava um
novo hobby quando adquiriram a sua motocicleta Harley-Davidson. Esta decisão
está tomada, na maioria dos casos, pelo gênero masculino dos entrevistados.
Considerando que os entrevistados dos quatro grupos eram casais e que a
maioria dos integrantes da Floripa Harley-Davidson é composta por casais, pode-se
concluir que o desejo ou sonho de posse de um produto Harley-Davidson, pelo
gênero masculino, tem maior influência no consumo de produtos Harley-Davidson
que no feminino.
Observa-se também que na medida em que o garupa ou cônjuge passou a
integrar a cultura Harley-Davidson, sua percepção da marca e a imersão na cultura
116
aumentou. Nesta linha, os estudos de Brakus, Schmitt e Zarantonello (2009) e de
Ismail, Melewar e Woodside (2011) identificaram que a experiência com a marca
está ligada com a satisfação e lealdade direta e indireta por meio da associação e
personalidade da marca e o impacto da experiência do consumidor na fidelidade à
marca.
Nos resultados do estudo de Almeida (2014), a marca Harley-Davidson
representa para os entrevistados as sensações como liberdade, realização de
sonho. Nesta questão, o sentimento de liberdade foi citado por seis membros E1:G4
“[...] não é liberdade é alguma palavra que eu não, não consegui achar ainda [...]”.
“[...] acho que o sentimento é este, que você faz parte da paisagem, se isso é
liberdade, ótimo, então é liberdade, mas você faz parte daquilo ali, sabe, muito
diferente que tu estar dentro de um carro [...]”, E2:G4 “[...] uma sensação até extra
corpórea[...]”. O sentimento de liberdade apareceu em meio aos sentimentos de
medo, desafio e realização. O membro E5:G4, resume comentando que, ao pilotar
sua HD sente “[...] prazer de estar em qualquer lugar[...]”.
O membro experiente comentou durante a entrevista em profundidade,
sobre o que sente quando está com sua Harley-Davidson disse que “[...] é um
paraíso, uma orquestração de motores tocando, uma coisa assim sensacional, uma
terapia e uma higiene mental. Eu desafio em todos os momentos a medicina a me
provar que existe algo melhor”. Esta fala demonstra o grau de envolvimento e
satisfação, atribuídos à marca, pelo entrevistado. Segundo Louro (2000) define a
marca como um objeto vivo, que os consumidores se relacionam, e podem ter
atributos reais ou ilusórios, racionais ou emocionais, tangíveis ou intangíveis, que
geram satisfação.
4.2.2 Atributos da marca HD
Durante a entrevista com os quatro grupos focais, quatro questionamentos
foram realizados com intuito de identificar atributos intrínsecos e extrínsecos
relacionados a marca Harley-Davidson, percebidos pelos consumidores da HDSC,
do HOG Florianópolis Chapter. Urdan e Nagao (2004) lembram que tanto os
117
atributos extrínsecos quanto intrínsecos exercem influência nas avaliações da
qualidade realizada pelos consumidores.
Neste item serão apresentados os resultados obtidos com os grupos focais,
pela análise das figuras geradas pelo software Atlas.ti.
4.2.2.a O significado da Harley-Davidson
Objetivando a forma estudada, como os membros da HDSC estudada, se
comportam e significam à marca Harley-Davidson. A Figura 34 apresenta as
respostas dos quatro grupos focais e as relações estabelecidas entre os grupos.
Figura 34: O significado da Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Liberdade, amizade, realização de um sonho e família, foram as variáveis
mais presentes nas respostas dos integrantes dos quatros grupos focais. Outras
respostas aparecem na Figura 34, como segurança, ronco, marca, grupo e estilo de
vida, no entanto, com menor representatividade em relação ao número de respostas.
As variáveis de análise apresentadas pelos entrevistados foram em sua
maioria relacionadas a atributos extrínsecos da marca, tais como, sonho, amizade e
liberdade e com menor destaque, relacionadas à atributos intrínsecos, como marca
118
e ronco, representados pelo som do motor da motocicleta, e a segurança percebida
pela qualidade dos produtos da marca HD.
Os entrevistados que atribuíram à marca, a variável sonho, compõem grupos
que na sua maioria são compostos pelo gênero masculino, jovens e que possuem a
motocicleta num período máximo de três anos.
Atribuir à marca à variável amizade, corresponde ao perfil dos entrevistados
que, na sua maioria, pertencem ao gênero feminino, representado pelo Grupo 03, ou
por casais, que compunham o Grupo 04. Desta forma entende-se que o
relacionamento estabelecido dentro do HOG tem forte influência nesta interpretação.
A variável liberdade se destaca entre as respostas e se considerando que a
mudança no modo de vida é intrínseca à liberdade da escolha, pode-se afirmar que
a variável liberdade está presente nos quatro grupos entrevistados, assim como nos
estudos do Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).
4.2.2.b Significados do produto, sem a marca Harley-Davidson
As Figuras 35 e 36 apresentam as respostas dos grupos focais, para a
identificação da forma como estes consumidores percebem o produto sem a marca
HD. A estratégia utilizada foi a de comunicar aos pesquisados a retirada da marca
do produto, para compreender o que permanece na percepção destes em relação
aos atributos intrínsecos da marca em análise.
119
Figura 35: O que sobra, no produto, ao retirar a marca Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Entre os entrevistados dos quatro grupos focais identificou-se que a marca
Harley-Davidson faz parte do valor do produto tendo em vista que pelo menos onze
repostas desqualificaram o produto na ausência de sua marca.
Assim como na pergunta anterior, o atributo amizade se destaca entre as
respostas. Aparentemente, as relações sociais estabelecidas a partir da aquisição
de uma Harley-Davidson podem ultrapassar as barreiras do hobby comum entre os
integrantes, estendendo-se a outros âmbitos de relacionamento social.
Na interpretação de umas das respostas, E2:G2 “[...] as pessoas não
sonham em ter uma moto custom, elas sonham em ter uma Harley [...]”, identifica-se
que o conceito da marca, acaba sendo mais importante que o produto. Sendo assim,
para estes consumidores, sem a marca, a motocicleta que restou representa apenas
mais um produto comum.
O exposto evidencia que os consumidores estudados, percebem e valorizam
mais os atributos extrínsecos, decorrentes do processo de agregação de valor à
marca, que os intrínsecos ao produto. A agregação de valor à marca na HDSC,
construída com base na cultura de consumo norte-americana é influenciada pela
cultura do país anfitrião. Nesta Perspectiva, Schouten e McAlexander (1995)
descrevem que a cultura do consumo não se define de acordo com construções
sociológicas, mas pelas atividades, objetos e relações que dão significado à vidas
dos consumidores. São os objetos e os bens de consumo, que estabeleceram um
120
lugar no mundo social. Os consumidores se relacionam e julgam os interesses e os
valores compartilhados, por meio de objetos.
Objetivando extrair o máximo de informações dos pesquisados, acerca dos
atributos intrínsecos percebidos na marca Harley-Davidson, os entrevistados foram
questionados quanto as características percebidas no produto sem a marca,
conforme apresentado na Figura 36.
Figura 36: Quais características são percebidas no produto sem a marca Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Ao descreverem o produto sem a marca Harley-Davidson, a maioria dos
entrevistados não descreve os atributos do produto, igualando a motocicleta em
análise, às de outras marcas, desqualificando o produto como sendo, segundo o
entrevistado E4:G4 “[...] simplesmente um transporte [...]” e no comentário do E2:G4
“[...] tirando a marca Harley, da minha moto hoje, sobraria nada, e como não
sobraria nada, eu não teria moto”.
Observa-se que os consumidores aqui entrevistados não percebem muitos
atributos no produto na ausência da marca Harley-Davidson. A marca, a história, o
estilo e o grupo, apresentam maior valor na percepção destes consumidores. Estes
atributos estão relacionados aos atributos extrínsecos à marca. Nesta linha,
Almeida, Tavares e Teixeira (2013) analisam em sua pesquisa com proprietários de
Harley-Davidson, o significado que a marca de suas motocicletas representa para
estes. Ele escreve que, os membros responderam sentir a sensação de liberdade, a
realização de um sonho, o estilo, filosofia de vida, tradição e história.
Alguns atributos intrínsecos podem ser percebidos na descrição de poucos
entrevistados. Segundo o membro E2:G2 “[...] eu tenho confiabilidade, quando eu tô
121
em cima do equipamento”, já segundo o membro experiente, enquanto descrevia
uma de suas conversas com outros motociclistas, dizia que “[....] se tu não quiser
gastar dinheiro tu compra uma Harley! Os caras queriam me esganar ++ . Mas
Benetton a Harley é a mais cara que tem. Eu disse, pois é, mas a Harley tu compra
uma e acabou. Por isso que eu te falei no inicio que a Harley não é uma motocicleta,
ela é um trator. Ela dura a vida inteirinha. Entendeu?”.
Relacionando a percepção dos consumidores ao custo dos produtos Harley-
Davidson, o membro E3:G1 falou que “[...] quer dizer, é tudo muito caro na Harley,
mas é aquele negócio, conforto, acho que só a Ultra, que não me deixaram colocar
meu traseiro lá ainda”. Sendo assim, a percepção acerca do conforto dos produtos,
pode ser distorcida da média, pelo fato de quatorze dos vinte e quatro participantes
dos grupos focais possuírem motocicletas Harley-Davidson do modelo Ultra. Este
modelo, conforme exposto pelo membro E3:G1 e apresentado no Quadro 6,
representa o modelo mais confortável e de maior valor comercializado pela empresa,
no Brasil.
Outro atributo percebido neste estudo, não relatado nos estudos de
Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), foi o do status. O
entrevistado E1:G3, descreveu que, quando se refere ao status, comenta “[...] e
quem ta de fora, acha que quem tem uma Harley [...] tá em outro nível, não a gente
não tá em outro nível”. Pinto (2011) descreveu a fala de um de seus pesquisados,
“ter uma Harley funcionaria como um atestado de que a pessoa é bem-sucedida
financeiramente e que isso proporcionava certo respeito diante dos pares e gerava
status junto àqueles que ainda não faziam parte do grupo de proprietários da
marca”.
4.2.2.c Atributos do produto, considerando a marca HD
Esta questão foi criada, objetivado identificar o que mudaria na percepção
dos consumidores estudados, ao atribuir- se novamente à marca Harley-Davidson
ao produto. A Figura 37 apresenta o esquema criado pelo Atlas.ti, com as respostas
de cada membro e suas relações entre os grupos.
122
Figura 37: O que mudaria na percepção dos HOGs, ao ser colocada novamente a marca HD Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
As respostas dos entrevistados podem ser relacionadas a três
predominantes atributos. Cinco respostas valorizam a marca e a história da Harley-
Davidson à sua percepção sobre os produtos. Outras cinco, relacionam a marca à
percepção de orgulho, vaidade, admiração, por quem está fora do grupo,
apresentado pelos grupos 2 e 3. Conforme Schouten e McAlexander (1993), se
vestir com roupas licenciadas da marca Harley-Davidson, para um HOG, é um
símbolo visível de inveja aos que estão fora deste grupo. O comentário do membro
E4:G2 “[...] nós somos os objetos de desejo, nós somos os sonhos de muita gente”
reafirmando o exposto, e enquanto quatro respondentes dos grupos 1 e 4 percebem
a marca HD como estilo de vida, história e união de pessoas.
Comparado este padrão de respostas ao Quadro 5, foi possível perceber
que o consumidor que relaciona a marca ao destaque, em meio aos que não
possuem, ou seja, a inveja conforme Schouten e McAlexander (1993), são todos
proprietários do modelo Ultra. Este modelo se destaca por sua beleza e elevado
custo dentro da Marca.
O atributo “estilo de vida” esteve presente nas respostas dos entrevistados
que possuem o modelo de motocicleta de custo inferior ao modelo Ultra,
consequentemente menos equipada em relação ao conforto, tecnologia e estética,
conforme Quadro 6. Estes modelos têm muita similaridade com os modelos
utilizados em imagens históricas da HD, em filmes como Easy Rider, Motoqueiros
123
selvagens e o Exterminador do Futuro. Como observado por Boeing (2012), o
posicionamento de alguns produtos em filmes, como forma de comunicação.
Sendo assim, ao considerar vários fatores que influenciam a decisão e a
percepção dos consumidores, no que tange aos atributos e à construção de uma
marca, observa-se grande complexidade na gestão desta marca. Fournier (1998) e
Holt (2003), afirmam que as relações culturais, políticas e sociais existentes,
relativas ao consumo da marca, são fundamentais à sua estratégia. Estas relações
são estabelecidas por meio do significado que traz à vida de seus consumidores.
Por fim, foi possível perceber que os atributos, liberdade e estilo de vida,
analisados na HDSC, assim como nos estudos anteriores, têm um importante papel
na estratégia da marca Harley-Davidson. Seus consumidores, movidos por um
sentimento de liberdade, são regidos por um apego à marca, seguindo e
obedecendo algumas regras e usando os produtos disponibilizados pela Harley-
Davidson para a construção de seu estilo de vida. Sendo assim, segundo Sheth,
Mittal e Newman (2008) os proprietários de Harley-Davidson, o apego pela marca
vai além de suas motocicletas, eles se vestem com acessórios da Harley, seguem
um estilo de vida que acaba sendo quase todo definido pela marca.
4.2.3 Comportamento dos HOGs
O comportamento do consumidor, neste estudo foi feito, pela observação e
análise dos membros do HOG Florianópolis Chapter. Neste item, serão
apresentadas seis questões relacionadas ao comportamento dos HOGs estudados.
4.2.3.a Impactos do cinema na percepção dos HOGs
A Figura 38 pretendeu descrever o sentimento dos HOGs estudados, em
comparação aos motoqueiros do filme Wild Hogs (2007) Motoqueiros selvagens.
124
Figura 38: O sentimento em comparação aos motoqueiros do filme Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Identificar-se com os personagens dos filmes foi quase unânime entre os
entrevistados. Alguns descreveram claramente que sair da rotina é um dos critérios
para esta identificação. Mais que as motocicletas e vestimentas, em comum entre os
personagens, os entrevistados se identificaram com os motivos pelos quais os
personagens saíram em viagem, em uma motocicleta, além da relação de amizade
entre os personagem, as dificuldades encontradas ao longo do caminho, bem como,
as motivações individuais de cada personagem.
O sentimento de liberdade é relacionado ao estilo do motociclista,
proprietário de Harley-Davidson, estereotipado pelo cinema em filmes dos anos 60,
70 e 80. Schouten e McAlexander (1995), descrevem que a Harley-Davidson foi
marcada pelo significado “fora da lei”, ligados aos motociclistas, na mente do
público. Esta imagem envolve o estereótipo do proprietário de Harley e a criação de
grupos com características, socialmente marginalizadas, pela imprensa
sensacionalista e pelo cinema.
A mudança do estilo de vida e da rotina foram citadas durante a discussão
dos grupos focais. O membro E1:G2 relatou “[...] me identifico totalmente com isso,
não tenho problema nenhum em dizer, eu, é, eu comprei a moto porque eu fiquei
doente e tal. E escutei do médico dizer pra mim, cara se você quiser ver sua filha
crescer, tem que mudar seu estilo de vida e a moto me proporcionou isso né! A
125
Harley me proporcionou isso. Então eu me identifico totalmente com a questão de
sair da rotina [...]”. Assim como no filme, a Harley-Davidson é relacionada a um
“escape” da rotina, para o membro E5:G2, que diz “[...] me desliga de qualquer
situação do trabalho. De qualquer situação de preocupação. Talvez seja um escape.
Talvez seja um escape, é++, daquilo eu queira momentaneamente esquecer. Se a
ideia é sair da rotina, então eu vou subir na moto e vou rodar”.
4.2.3.b Características de um legítimo HOG
Tendo em vista, identificar quais características definem um legítimo
membro do HOG, a Figura 39 apresenta as respostas dos quatro grupos focais.
Figura 39: Características que definem um legítimo HOG
Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
As respostas descrevem um legítimo HOG a partir do comportamento social
do indivíduo. Interessante destacar que nenhum dos entrevistados relacionou o
comportamento de um legítimo HOG às vestimentas ou outros acessórios do grupo
ou da marca, mas sim, à postura e ao comportamento.
Os entrevistados definiram um legítimo HOG a partir de atitudes como,
respeito, cordialidade, simplicidade, parceria e organização. Segundo o membro
126
E9:G1 “[...] as pessoas abrem mão do conforto, pela convivência mútua, dos
membros do HOG”, Sendo assim, o relacionamento amistoso entre os integrantes,
permite que o grupo se organize em diferentes tipos de encontros, para o qual será
necessário disponibilidade destas atitudes.
4.2.3.c Comportamento de um legítimo membro do HOG
A Figura 40 apresenta algumas características dos comportamentos dos
HOGs, pela discussão dos grupos focais.
Figura 40: Como é o comportamento de um legítimo membro do HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015).
Os entrevistados repetem algumas definições da pergunta anterior quando
descrevem o comportamento de um legítimo HOG, prevalecendo o respeito e
segurança como atitudes primordiais dos membros e com menor ênfase, em
humildade, companheirismo e comprometimento. Entretanto, para o membro E2:G4
[...] nunca li o estatuto de norma de conduta do HOG. Mas eu acredito que se você
for um cara educado e souber respeitar os outros, não tem problema [...]” e para o
membro E5:G4 “Eu acho que na verdade existe o bom senso né, todo mundo
respeita [...]”.
127
Sendo assim, foi observado a auto regulação dos membros, no que tange ao
comportamento de um HOG, o que para Schembri (2009), a experiência de
liberdade ocorre através da regulação e organização.
4.2.3.d Comportamento dos HOGs, quando reunidos
A Figura 41 apresenta algumas características dos comportamentos dos
HOGs, quando reunidos, pela discussão dos grupos focais.
Figura 41: Como os HOG se comportam Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
No geral, os participantes não encontram pontos negativos no
comportamento. Quando algum membro se comporta de maneira inadequada ou por
uma condução perigosa, ele é repreendido.
Entre as respostas apresentadas, novamente a postura respeitosa entre os
integrantes é a que prevalece. Aparentemente é esta postura que permite a
percepção dos demais atributos tais como: respeito, liberdade, solidariedade,
companheirismo, disciplina, dedicação e harmonia. Em divergência às demais
128
respostas, somente o membro E4:G4 comentou “[...] eu creio que, como é grupo
sempre há elementos que fogem ao padrão”.
4.2.3.e O preconceito como barreira de entrada
A presença do preconceito, como registrado em trabalhos anteriores, pode
tornar-se uma barreira à entrada de um novo membro à HDSC estudada.
Objetivando compreender o grau de preconceito existente para a entrada nesta
subcultura de consumo, a Figura 42 apresenta as respostas dos grupos focais a este
questionamento.
Figura 42: O preconceito e a discriminação, em relação a um novo integrante do HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Nos diferentes grupos entrevistados declarou-se que não é percebido ou que
não acontece preconceito em relação aos novos integrantes. No grupo focal 3, ainda
foi mencionado que o HOG tende a estabelecer uma estratégia de acolhida para os
novos integrantes e que ainda faz uso das redes sociais para aproximar os novos ao
HOG. Vale destacar que o grupo focal 3, foi composto por membros chave, ou hard
core, da subcultura de consumo da Harley-Davidson, representado pelos Road
129
Captains. Estes integrantes do HOG assumem diferentes responsabilidades dentro
do grupo, tais como: acolhida, divulgação e segurança.
O único caso de preconceito relatado na entrevista, foi um caso isolado da
presença de dois motociclistas portadores de HD do modelo V-Road, conforme
demonstrado no Quadro 6. Alguns indivíduos conduziram suas motocicletas de
maneira inapropriada em um dos passeios do HOG, comprometendo a segurança
de parte dos integrantes do grupo. A infração foi registrada também no diário de
campo, durante o evento do São Paulo Harley Days. No entanto, os entrevistados
referem-se aos pilotos, a partir do modelo de suas motocicletas, devido ao
estereótipo que este propõe.
A V-Road é um modelo que destoa dos demais tradicionais modelos da HD,
com o intuito de atrair consumidores da subcultura da bike ou moto esportiva. Sendo
assim, o consumidor deste modelo, traz consigo posturas e atitudes de outra
subcultura, que não são aceitas ou não pertencem a subcultura HD. Sendo assim,
este consumidor se adapta ao novo processo, ou, conforme percebido pelo
pesquisador, terá dificuldades de aceitação no grupo.
4.2.3.f Barreiras à entrada na HDSC
O trabalho de Schembri (2009) descreveu que encontrou entre os HOG
australianos, uma série de barreiras à entrada na subcultura de consumo. A Figura
43 apresenta as respostas de dois HOGs neste questionamento.
130
Figura 43: Quais foram as barreiras para entrada na cultura Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Entre as dezesseis respostas apresentados na Figura 43, sete afirmam que
não houve barreiras à entrada na HDSC. Duas respostas relacionam a questão
financeira como barreira que, corroborando com outras três respostas, afirmam que,
ao possuir a motocicleta, acessórios e a disponibilidade de tempo, a entrada é
automática.
Em relação à adesão ao grupo, Schouten e McAlexander (1995) comentam
que, como o recém chegado é ignorante em muitas nuances da subcultura, pode ter
sua socialização facilitada, de forma oportuna, por meio dos esforços de marketing.
Schembri (2009) defende que o HOG acolhe, incondicionalmente, a todos, por
adesão, supondo que seus clientes serão membros de bons costumes e aceitarão
os valores e regras da HDSC. Fortalecendo esta informação, Benetton, o membro
experiente da HDSC comenta “[...] o HOG é o seguinte o HOG quando tu comprava
uma motocicleta, tu já te associava automaticamente”.
Observa-se entretanto, que uma das respostas descreve que a entrada do
gênero feminino torna-se um pouco mais difícil. Vale destacar que, atualmente,
poucas mulheres são proprietárias de motocicletas HD e pertencem ao HOG
Florianópolis Chapter, sendo que estas motociclistas já faziam parte da subcultura
como garupas dos integrantes do HOG.
131
4.2.3.g O garupa na HDSC
Com um importante papel nas decisões e na dinâmica da HDSC estuda, a
Figura 44 apresenta os comentários dos grupos focais acerca do garupa.
Figura 44: O papel do garupa nesta cultura Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
A familiaridade identificada nas respostas ao longo da pesquisa, fundamenta
as respostas desta questão. Percebe-se que a presença do garupa é parte
integrante da identidade do HOG, influenciando como fator de aceitação dentro
grupo, uma vez que todos os pesquisados são casados e suas esposas são garupas
assíduas na HDSC.
Os garupas representam uma companhia fundamental às atividades desta
subcultura, agindo como incentivadoras da integração do piloto com o grupo e até
mesmo na escolha e decisão de consumo de produtos da marca. Relatos como
E2:G2 “Não teria moto, e não me proporia a entrar grupo, investir na aquisição de
uma moto, se minha esposa não tivesse comigo” e E4:G2 “talvez eu tivesse uma
moto e não uma Harley”. O exposto explicita a importância da garupa nas decisões
de consumo e comportamento na subcultura HD.
132
4.2.3.h Inclusão da família nos eventos HOG
A observação de famílias participando dos eventos do HOG demonstrou a
importância de compreender como esses consumidores se comportam em relação
ao tema. A Figura 45 apresenta as discussões dos grupos focais sobre o
questionamento.
Figura 45: A participação de membros da família, em eventos do HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Embora os grupos 3 e 4 não tenham respondido a esta pergunta, apenas
dois entrevistados afirmaram não incluir a família nos eventos do HOG.
Observando o padrão de respostas, é possível perceber que os eventos do
HOG são familiares, permitem que integrantes da família participem e convivam com
o grupo, embora alguns entrevistados identifiquem o HOG como sendo um ambiente
para desfrutar do seu exclusivo hobby e com seu cônjuge segundo E2:G2 “[...] eu
acho que o HOG, é o meu grupo e da minha esposa”. E3:G2 “[...] eu evito
envolvimento da família porque eu acho que moto é muito perigoso {}”.
Schouten e McAlexander (1995) o HOG salienta a participação da família e
dos valores familiares. Schembri (2009) descreve, que ser um membro ativo da
comunidade do HOG australiano, envolve uma vida social agitada e um forte
elemento de camaradagem.
133
4.2.4 Os passeios
Os passeios promovidos pelo HOG Florianópolis Chapter fazem parte das
estratégias de marketing da Harley-Davidson. Para compreender as percepções de
seus consumidores acerca destes eventos e da forma como estes se percebem e
acreditam serem percebidos pelos espectadores de cada passeio, este item
apresentará cinco questionamentos e suas discussões.
4.2.4.a Desfile das motocicletas
A Figura 46 apresenta os comentários dos entrevistados, porque é comum
observar membros do HOG desfilando em um comboio de motocicletas.
Figura 46: HOGs desfilando em um comboio de motocicletas Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
O padrão das respostas demonstra que o passeio em comboio é de
aprovação unânime entre os entrevistados, porém se observa diferentes percepções
sobre o evento. Muitos aprovam este tipo de passeio por conta da segurança, uma
134
vez que existe uma equipe que organiza e conduz os motociclistas ao longo dos
trajetos. Existe uma sinalização padrão para que todos colaborem com a proteção
do outro. Sendo assim, andar em comboio torna-se uma forma de proteger o
motociclista dos demais veículos que utilizam as rodovias, uma vez que o grupo de
motocicletas é melhor observado, tornando o passeio mais seguro.
Outro motivador do desfile em comboio é a beleza, através da participação
de um “espetáculo”. O comboio ou bonde como é chamado pelos integrantes do
HOG, chama a atenção de todos ao longo do caminho e dos próprios motociclistas
do grupo. A beleza das motos, o barulho proporcionado pelo “ronco dos motores”, a
caracterização dos motociclistas e de suas garupas se destacam ao longo do
caminho, atraindo a atenção dos espectadores.
Para o integrante do HOG esta prática estimula a vaidade dos motociclistas,
por se sentirem parte de um objeto de desejo dos espectadores, pelo despertar da
“inveja” (SCHOUTEN; MCALEXANDER, 1993), segundo afirma o E2:G1 “[...] a gente
tá onde todo mundo gostaria de estar, tocante a liberdade, estilo de vida e status,
enfim”.
Para os entrevistados o desfile em comboio é uma prática cultural da marca,
conforme E1:G4 “[...] um dos estilos da Harley não é andar muito sozinho, é andar
em grupo [...]”. Não se identifica esta prática em grupos de outras marcas, segundo
E7:G1 “[...] prá quem busca isso é a única opção de marca que te dá isso, mas
nenhuma outra marca vai te dar esta questão de comboio [...]”, o que acaba atraindo
consumidores que desejam o mesmo. Por fim, novamente, os laços de amizade
aparecem como motivadores das atividades realizadas entre os consumidores da
marca Harley-Davidson que participaram desta entrevista.
4.2.4.b Prós e contras de andar em comboio
Objetivando conhecer a percepção dos membros do HOG acerca dos prós e
contras da prática de andar em comboio, a Figura 47 apresenta os questionamentos
dos grupos.
135
Figura 47: Os prós e contras da prática de andar em comboio Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Os pontos dos prós e contras são na maioria em relação à segurança, ao
mesmo tempo que alguns sentem um risco maior no comboio, por conta dos riscos
de um acidente coletivo, conforme lembra E3:G2 “[...] uma queda coletiva, né, existe
o medo de andar com pessoas, menos experientes e menos atentas [...]”. Já, outros
se sentem mais seguros, em relação ao suporte do grupo e amigos e com maior
visibilidade. A questão da beleza desta formação também foi ressaltada.
Antes de iniciar viagem, o Ride Captain anuncia a rota, e o outro,
responsável pela segurança, reforça a necessidade de andar de forma segura
seguindo em uma formação escalonada. Esta consiste em uma disposição de duas
136
filas, onde cada piloto segue com a seguinte orientação, o tamanho de uma
motocicleta de distância da outra, e posicionados alternamente nas filas. Nunca os
pilotos lado a lado, pois isso aumenta o risco, caso um piloto cair e derrubar outros.
4.2.4.c Percepções acerca dos passeios
A Figura 48 apresenta as discussões sobre a organização dos passeios
planejados pelo HOG Florianópolis Chapter.
Figura 48: Como são os passeios Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Organização é uma característica fortemente evidenciada pelos
entrevistados, no que se refere aos passeios realizados pelo HOG, que se
complementa com a programação apresentada antecipadamente. Como resultado
dessa organização, os envolvidos nos passeios sentem-se mais seguros e relatam
suas boas experiências. E2:G1 afirma que para ele “[...] são os melhores momentos
da minha vida ++ eu adoro, espero a semana inteira o passeio de sábado, e se der
algum problema na moto ou outro compromisso profissional que eu não posso ir,
chego a ficar com urticária [...]”
137
Os grupos focais 2 e 4 evidenciaram o fato de tudo ser programado com
antecedência, conforme E7:G1 “[...] os passeios eles são organizados, tu sabes a
hora que vai chegar e a hora que vai voltar, os passeios são seguros[...]”. Sendo
assim, este atributo é percebido de forma positiva pelos HOGs.
4.2.4.d O público e o passeio dos HOGs
A Figura 49 expõe as respostas sobre a forma que os HOGs acreditam que
as outras pessoas percebem os seus passeios.
Figura 49: As pessoas e o passeio dos HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Este questionamento apresentou variadas respostas relacionando a
percepção dos espectadores do passeio, desejo, liberdade, curiosidade, espetáculo.
Schembri (2009) descreveu que um comboio de motocicletas em um passeio do
HOG, é uma visão impressionante. O som das motocicletas, gera uma forte
presença na estrada.
Algumas contribuições foram obtidas nos dados coletados. E1:G2 diz que
“[...] quando a gente passa, as pessoas param e abrem um sorriso, e o pai mostra
pro filho mostra pra criança” e E4:G1 “[...] vejo sorriso, no rosto das pessoas quando
138
a gente passa, as crianças dando tchau”, entende-se com isto que os HOGs
acreditam que seu passeio gera um espetáculo aos que observam sua passagem.
Outros relacionam os olhares dos espectadores com o sentimento de
liberdade, conforme E2:G1 descreve “[...] o espírito de liberdade, que eu acho que o
grupo transparece, todo mundo olha pra ti e quer estar ali onde você está [...]”.
Alguns também relacionam os curiosos olhares com a vontade de fazer parte do
bonde, independentemente de gostarem de motocicleta, conforme E5:G2 diz
“Mesmo os que não gostam de moto, teriam vontade de estar ali, porque é muito
bonito, é muito organizado” e com o status da marca pelo membro E2:G1 aponta
que “[...] todo mundo olha pra ti e quer tá ali onde você tá. E entra um pouco do
status da marca, entra um pouco. Então a gente tá onde todo mundo gostaria de
estar, tocante a liberdade, estilo de vida, status enfim”.
Quando argumentado sobre como acredita que as pessoas percebem um
comboio de motocicletas Harley-Davidson, o membro experiente da HDSC, Benetton
responde, “é só ficar de costa e imaginar que está se aproximando um grande
temporal, uma trovoada grande, BROOOOOOOO, lá está vindo um comboio de
Harley-Davidson”, ao referir-se ao som produzido pelos motores HD.
4.2.4.e O sentimento sob os olhares dos espectadores
Objetivando compreender como os consumidores se sentem, sob o olhar dos
espectadores de um comboio, a Figura 50 exibe as contribuições dos entrevistados.
139
Figura 50: O sentimento sob os olhares dos espectadores deste passeio Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Schembri (2009) descreveu que a produção do espetáculo, socialmente
constrói o que cada participante considera, naquele momento, a sua realidade.
Embora os espectadores possam fazer certas suposições sobre a moto, o grupo e o
que o espetáculo simboliza, este pode ser diferente da realidade dos pilotos donos
de HD.
As figuras 49 e 50 demonstram a interpretação do entrevistado sobre a
percepção do espectador de um comboio, em relação ao próprio comboio e sobre o
motociclista.
Conforme Schembri (2009) este espetáculo não é uma visão comum e,
talvez, até mesmo assustador para alguns, dado o legado da lenda. Notavelmente
parte do couro preto coordenado e uniforme jeans (preto fosco) e capacete aberto
Em ambos os questionamentos percebe-se a relevância da vaidade nas
respostas. Visto que os entrevistados fazem forte referência ao fato de ser ou estar
numa posição de desejo do expectador. Acreditam que parte dos espectadores
apreciam suas motos, seus comportamentos e seu estilo de vida, ao ponto de
desejarem o mesmo para si. Este sentimento alimenta o ego do entrevistado que
desperta os mais diferentes sentimentos de glória e realização pessoal, revela
E3:G3 “[...] a gente sente assim, o máximo né, a gente sente importante [...]”.
A percepção de alguns membros apontou para o despertar da inveja nos
espectadores, conforme E3:G3 “Nos somos o objeto de desejo de muitas pessoas
140
[...]”. Nesta linha o estudo de Schouten e McAlexander 1993 confirma que um
componente importante da mística Harley é a criação de inveja entre os proprietários
não-Harley.
4.2.4.f Passeios de outras marcas de motocicleta
A Figura 51 traz as repostas sobre como são os passeios promovidos por
outras marcas de motocicleta.
Figura 51: Os passeios promovidos por outras marcas de motocicleta Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Os participantes dizem não conhecer passeios de outras marcas. Existem
encontros de motociclistas, mas de marcas variadas, e nos grupos de motos
esportivas. Também são vistos grupos que andam de BMW, mas são grupos
pequenos de 3 a 5 motos. Segundo E3:G3 “[...] o comentários é que não existe,
algumas pessoas, que foram tentar comprar outra marca, acabaram voltando pra
Harley [...]”. Corroborando com o exposto, Schembri (2009) defende que, ao
contrário de outros grupos de motociclismo, a Harley-Davidson é uma marca
lendária, repleta de significado com uma imagem rebelde.
141
4.2.5 Produtos HD
Para compreender como os consumidores se relacionam e se comportam
em uma subcultura de consumo, sobreposta a uma cultura de consumo, quando
relacionamos sua percepção aos produtos de uma determinada marca, este item
demonstra quatro questões referentes ao tema.
4.2.5.a As vestimentas de um HOG
A Figura 52 descreve a vestimenta dos HOGs da HDSC, pelas respostas
dos membros dos grupos focais.
Figura 52: Qual a vestimenta de um HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Segundo os entrevistados, as vestimentas do HOG não diferem muito dos
demais motociclistas do estilo custom. São camisetas pretas, calça jeans, coletes e
jaquetas pretas. Não há customizações nas vestimentas que caracterizem o grupo
HOG a não ser o colete que nem todos usam. Em seu estudo Schouten e
142
McAlexander (1995) descrevem que para os aspirantes à HDSC, usar produtos
como, vestuários da marca, demonstram o seu compromisso com o conceito Harley-
Davidson e filiação com a subcultura de consumo.
O que diferencia os integrantes do HOG das demais marcas de custom é o
uso de roupas específicas da marca Harley-Davidson, que são vendidas nas lojas da
Harley-Davidson e que acabam formatando o padrão de vestimenta. Conforme
E2:G2 “[...] eles não reinventam a roda, eles vão na loja, compram aquilo que tá
escolhido e não passam disso. Não customizam, é fácil de identificar”. Sendo assim,
as roupas são usadas na forma e modelo comercializados pela empresa, sem
customizações.
Uma das identificações de um HOG está no conhecimento da subcultura.
Apropriar-se dos modelos de motocicleta da marca, conhecer os acessórios e
qualidades e defeitos das motocicletas, é pré-requisito para que, em uma conversa,
o indivíduo se identifique como um motociclista HD.
Este tipo de vestuário, caracterizado pela marca Harley-Davidson, muitas
vezes é adotado pelo consumidor como estilo próprio de vestuário e comportamento,
transcendendo o seu uso para o dia a dia e no ambiente de trabalho, fazendo parte
da identidade do indivíduo. Sendo assim, o membro E9:G1 comenta “[...] eu até
mudei, o estilo de barbear, deixando um estilo mais Harley. A gente acaba invadindo
a nossa vida pessoal, profissional e misturando com esse estilo de vida Harley né”.
Já em Schouten e McAlexander (1995), para alcançar a empatia, a identidade e o
espírito de um motociclista, os autores compraram Harleys e roupas apropriadas
para pilotagem, o que significaria viver partes de suas vidas, no trabalho e também
no lazer vestidos com jeans, botas pretas e jaquetas de couro pretas.
Por fim, Benetton tece um comentário acerca dos olhares dos espectadores,
sobre sua vestimenta de Harleyro “[...] tem pessoas que ainda te julgam,
simplesmente por um olhar, entende, lamentavelmente tem isso, e se tu não cair na
graça dela, tu passa a ser um extra terrestre, ou coisa dessa natureza, agora se tu
tiver oportunidade de conversar dois minutos com ela, ele já vai sair abraçado
contigo”, caracterizando o preconceito de algumas pessoas referindo-se ao seu
visual.
143
4.2.5.b As vestimentas dos motociclistas do cinema
A Figura 53 apresenta a percepção dos entrevistados acerca dos motivos do
uso de roupas pretas pelos personagens do cinema, em filmes envolvendo
motociclistas.
Figura 53: Os motoqueiros do filme usam roupas pretas e quentes Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Segurança e identidade são os valores mais percebidos pelos entrevistados
no que se refere à padronização do vestuário dos HOGs e que é representado no
filme Motoqueiros selvagens e Easy Rider. Os quatro grupos focais entrevistados
atribuem ao uso da cor preta e do couro, ao símbolo de rebeldia e sobretudo
identidade da subcultura do motociclismo custom, comentando sobre a contra
cultura daquela época. E3:G2 aponta que “[...] preto acaba sendo um símbolo de
rebeldia, ele remete a rebeldia, porque, quando se começou usar preto, era
justamente pra ir contra o que tava se usando naquela época né, que era tudo muito
colorido nos anos 40, 60 e 50”.
A Figura 54 apresenta a vestimenta dos atores do filme Wild Hogs (2007).
144
Figura 54:Vestimenta usada pelos atores do filme Fonte: Filme Wild Hogs (2007)
Nesta linha, o membro E3:G2 comenta, “[...] o preto acaba sendo um
símbolo de rebeldia [...]”. Schouten e McAlexander (1995) confirmaram que a
motocicleta e roupas de couro preto, parecem transmitir uma sensação de poder,
por causar medo e invulnerabilidade para o motociclista.
Durante a entrevista em profundidade, Benetton comentou “[...], eu sou mais
extravagante que do que o Peter Fonda, mais exagerado, entendeu. O Peter Fonda,
todo esse ícone nosso, maior ícone do motociclismo, mas ele é bem ponderado, no
máximo usa uma calça de couro [...]”, ao se referir à vestimenta do ator Peter Fonda,
no filme Easy Rider (1969). Corroborando com o exposto, o membro E2:G2 diz “[...]
eu acho que, a roupa preta tá intrínseca à marca, eu relatei lá no início, Easy Rider,
pronto”. A Figura 55 apresenta o encontro de Benetton com Peter Fonda, pela
fotografia de um quadro, exposto na residência do pesquisado.
Figura 55: Encontro de Benetton com Peter Fonda “fotografia da fotografia” Fonte: Dados primários, Fotografado pelo pesquisador
145
Apenas duas das respostas dos grupos focais 3 e 4, relacionam as
vestimentas típicas à segurança. Segundo o membro E4:G3, “quando me perguntam
se o couro preto é quente eu respondo, [...] não é quente, ele é protetor”.
Mesmo com temperaturas elevadas, foi observado que os HOGs usam as
roupas pretas e quentes, disponibilizadas pela Harley-Davidson, à venda nas
concessionárias autorizadas. No estudo de Schouten e McAlexander (1995), alguns
símbolos da subcultura, como o modo de vestir e a customização das motocicletas,
são transferidos de forma quase intacta, no processo de internacionalização da
marca.
4.2.5.c Vestimentas do garupa
Objetivando expor algumas características descritas pelos grupos focais, a
Figura 56 apresenta o esquema de suas respostas.
Figura 56: Qual a vestimenta da garupa membro do HOG Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Os três grupos focais que responderam aos questionamentos, foram
unânimes na descrição de que o garupa veste-se de acordo com a subcultura
146
Harley-Davidson. Todas as resposta foram de encontro de que as vestimentas são
caracterizadas com a marca HD, assim como as dos motociclistas do gênero
masculino. Porém, em relação ao estilo, ao se apresentarem com tais vestimentas,
foi possível observar diferentes padrões de respostas entre os grupos focais 1 e 4.
O grupo focal 1, descreve que os garupas de uma Harley-Davidson precisam
se identificar fazendo uso dos acessórios e vestuários da marca, argumenta, E9:G1
“[...] a gente acaba meio que o preto e tal, todo mundo se padroniza, acabam se
padronizando, mas acho que é por aí, cada um tem um estilo mas padroniza”,
descrevendo que o fazem, de forma aparentemente descomprometida, sabendo que
a manutenção da aparência não é fácil, quando se está viajando em uma
motocicleta.
Já o grupo focal 3 descreve que o garupa de uma Harley-Davidson, embora
faça o uso dos acessórios e vestuários da marca, o faz com mais investimento na
estética, com investimento na produção tais como: maquiagem, salto alto e destaca
a qualidade estética das roupas da marca, afirmando que outras marcas não
oferecem tamanhas opções e artigos de alto padrão estético.
O grupo focal 3 destacou ainda que o elevado custo das roupas da HD, tem
relação com a segurança que o produto proporciona. Com relação às cores, o grupo,
que é formado por integrantes femininas, descreve que o preto predomina entre
seus acessórios, embora despertem o desejo por vestimentas com cores rosa e
branco, mas ainda não as adquiriram por conta da dificuldade de manutenção e
pouca tradição destas cores em relação à marca.
4.2.5.d Decisão de compra
A Figura 57 exibe informações sobre as decisões de compra de produtos da
marca Harley-Davidson.
147
Figura 57: Quem decide sobre as compras de produtos Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Notou-se dois padrões de respostas. Observou-se que nos quatro grupos
focais entrevistados, o piloto tem maior poder de decisão da compra de uma
motocicleta Harley-Davidson e dos acessórios. Porém, parte dos entrevistados,
principalmente os pertencentes aos grupos focais 1, 2 e 3, descrevem que os
garupas têm elevada influência nas decisões de consumo, opinando sobre modelos
de motocicletas, cores e até na decisão final da compra. Adverte, E2:G3 “[...] opina e
bastante, tanto que na troca da moto, no meu caso, o maior conforto seria para a
garupa. Eu acho que opinou bastante”. De forma irônica, descontraída e entre risos
uma daos garupas comentou E1:G4 “Quem decide é o limite. São os dois mais o
limite do cartão {}”.
Outra parte dos entrevistados, predominantemente dos grupos 2 e 4, relata
que os garupas não influenciam nas decisões de compras, sendo as escolhas e
decisões exclusivas do piloto. O membro E5:G4 comenta, “A gente sempre dá
opinião, mas quem decide é o piloto”. Sendo assim, a opinião do cônjuge, neste
caso, o garupa, pode influenciar nas decisões de compra.
148
4.2.6 Customizações
A identidade com a marca, em um motociclista da HDSC, pode ser
identificada em suas vestimentas e nas customizações que estes fazem em suas
motocicletas. Este item apresenta o resultado dos quatro questionamentos sobre o
tema, feitos aos grupos focais e ao membro experiente.
4.2.6.a Customizações do HOG Florianópolis Chapter
Com o objetivo de conhecer como os pesquisados customizam suas
motocicletas, a Figura 58 apresenta as principais contribuições, acerca do tema.
Figura 58: Customização da Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
A maioria dos entrevistados customiza suas motocicletas, no entanto, os
motivos que os levam a customização divergem entre si. A maioria das respostas do
149
grupo focal 1, relaciona a customização de suas motocicletas ao aumento da
segurança e do conforto.
O grupo focal 1 é representado por proprietários de motocicletas Harley-
Davidson, cujos acessórios e customização, em relação ao conforto, são
necessários, principalmente quando se trata do transporte de garupas. Faz-se
importante ressaltar, que o grupo 1, em sua maioria, é proprietário de modelos de
motocicletas que oferecem, em seu modelo básico, menor número de acessórios
relacionados ao conforto que os modelos dos integrantes dos grupos focais 2, 3 e 4.
Sendo assim, estes entrevistados possuem modelos confortáveis e bem
equipados. Entende-se que, por este motivo, suas respostas relacionaram a
customização com a estética e com o fortalecimento da identidade da marca, uma
vez que customizar motocicletas é uma característica dos modelos custom, como a
Harley-Davidson.
Segundo Schmitt (2004) futuramente, qualquer negócio terá que não só
conquistar novos clientes, mas retê-los, para vender mais produtos e serviços.
Sendo assim, a Harley-Davidson dispõe de uma gama de produtos para a
customização das motocicletas. Conforme observação participante, muitos
acessórios e roupas são vendidos na concessionária, aos sábados, nos encontros
semanais, durante o café e posterior passeio, com o objetivo de reter seus clientes,
por meio de sua manutenção com o HOG.
Pilotos e garupas se cumprimentam e analisam novos produtos e compram
suas roupas, acessórios, customizações e motocicletas como os demais membros
da HDSC. Conforme descrito por Schembri (2009), cada motocicleta representa a
assinatura do proprietário, pelas customizações, e estilo, ressaltando que alguns
HOGs consideram sua Harley-Davidson uma obra de arte sobre rodas.
Em relação à quantidade de customizações, considerando os custos
referentes à aquisição de acessórios para customização, o membro E2:G1fala “[...] o
máximo que o dinheiro permite”. Schembri (2009), comenta que os australianos não
só compram motos, mas também milhares de dólares em acessórios, com altas
margens cobradas pelo varejo.
Uma contribuição importante foi feita pelo membro E3:G2 “lá na frente eu
vejo que a customização, não a personalização, vai se tornar uma coisa muito mais
forte, muito mais presente em toda a cultura Harley-Davidson, por que? Porque as
pessoas vão começar a querer se diferenciar desses novatos que estão entrando, e
150
isso é um processo meio que natural, isso a gente vê nos Estados Unidos”. Sendo
assim, esta afirmativa confirma algumas diferenças existentes em uma subcultura
madura, sobreposta a uma cultura de consumo com pouco mais de três anos.
No exposto, Benetton, membro experiente da HDSC, comentou, em relação
as customizações, “[...] então eu comecei a observar que tinha essa disponibilidade
no mercado, aí eu comecei a botar, e aí vai tu, vai evoluindo, aí, não só botar os
acessórios, mas também trocar a pintura, fazer outra pintura e personalizar moto,
como a tua cara”,
Assim, como os HOGs mais hard core, de HDSC maduras, Benetton revela
customizações diferentes da média observada entre os HOGs estudados “[...] a
turma me chama de doido falando, Benetton, uma moto dessas, zero quilômetro, a
coisa mais linda do mundo, o cara vai desmanchar a moto, vai pintar, vai, tu é doido
rapaz?{}”.
Figura 59: Customizações realizadas pelo membro experiente da HDSC estudada (2014) Fonte: Dados primários, fotografado pelo pesquisador
Na figura 59 é possível identificar algumas customizações hard core desta
subcultura, como pintura personalizada, vários acessórios cromados, pedaleira em
forma de uma garra de águia, escapamento modificado, faixa branca no pneu,
tampas do tanque e primária (peça decorativa da motocicleta) com os dizeres “Live
151
to Ride” (viver para pilotar, em tradução livre), buzinas alteradas e cromadas, entre
outras modificações e customizações.
4.2.6.b Principais customizações
A Figura 60 mostra as principais customizações, praticadas pelos HOGs,
segundo os membros pesquisados.
Figura 60: As principais customizações praticadas pelos membros do HOG da Floripa HD Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
É comum observar algumas customizações, a troca da tampa da primária, o
encosto do garupa, denominado Sissy Bar; os bancos, a tampa do combustível. No
caso das motocicletas do modelo Ultra, os protetores das malas laterais e os
escapamentos. A troca do escapamento foi o principal item de customização dos
HOGs, observado em treze respostas, seguido por customização dos bancos e
pedaleiras.
152
4.2.6.c Originalidade das peças
Com o objetivo de compreender o grau de importância e uso de peças
originais Harley-Davidson utilizados pelos HOGs, para a customização de suas
motocicletas, a Figura 61 apresenta as respostas obtidas.
Figura 61: O uso de peças não originais na customização de uma Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
As maiorias das respostas apresentadas demonstram que a prática do uso
de peças não originais é pouco aceita entre os membros da subcultura, por se tratar
da descaracterização do produto, perda da identidade da motocicleta ou possíveis
futuros problemas com a mesma.
Em contrapartida, alguns entrevistados, sobretudo dos grupos focais 1 e 2,
relacionam o uso de produtos não originais ao elevado custo, pouca qualidade ou
escassez de alguns produtos da marca HD. Neste sentido, o membro E8:G1
descreve “[...] eu comprei o sissy bar, o banco eu mandei fazer fora, porque não
tinha do jeito que a gente precisava, pra nossa necessidade, eles não tinham lá, tive
que fazer fora. O sissy bar, esse eu poderia ter comprado lá, mas só que o preço,
153
custou cinco vezes mais barato, aí é muita diferença, se fosse o dobro eu ainda eu
ainda pagaria [...]”
Para se obter um som marcante da HD, o proprietário adquire escapamento
de outras marcas. A substituição dos escapes da Harley, pelos escapes Screaming
Eagle, por ser mais barulhentos. Esta troca é também uma prática comum dentro
dos HOGs australianos. Nesta linha, Schembri (2009) identificou que alguns pilotos
justificam esses escapes fora do padrão, como mais seguros, dados os altos
decibéis. Considerando que, o estrondo alto e distinto da Harley, auxilia outros
usuários da estrada estarem cientes da presença de uma Harley.
4.2.6.d Alteração do escapamento da motocicleta
A Figura 62 demonstra os motivos para a alteração dos escapamentos
originais e legalizados, por outras marcas.
Figura 62: Assim como no filme, muitos membros do HOG alteram o escapamento da motocicleta Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
Segundo os entrevistados, as motocicletas Harley-Davidson são
identificadas pelo som de seus escapamentos. Este som faz parte da identidade da
154
marca, com base em seis respostas apresentadas. Também está relacionada à
potência do motor, conforme duas respostas. Para eles, espera-se que o motor seja
condizente com o poderoso barulho que a motocicleta proporciona.
Dez respostas demonstram que o consumidor das motocicletas HD alteram
seus escapamentos, assim como os personagens do filme Wild Hogs, por conta da
vaidade, pelo fato do som chamar a atenção e, por proporcionar a fácil identificação
de um proprietário de uma HD.
No Brasil, estas alterações não são legalizadas dado o elevado nível de
decibéis produzido com o uso destes escapamentos. Nesta linha, Schouten e
McAlexander (1995) descrevem que em muitos estados, dos Estados Unidos, não é
permitida a alteração dos escapamentos, porém os silenciadores existentes no
modelo original não atingem o ronco que os proprietários de Harley desejam. Já em
termos de segurança, Schembri (2009) comenta que os escapamentos fora do
padrão são mais seguros, por marcarem presença na estrada, ao produzirem maior
barulho. Este barulho é comentado por Benetton durante a entrevista em
profundidade, diz entusiasmado que:
[...] é um ronco magnífico é um ronco maravilhoso, que a turma dizem as vezes né, as pessoas que não têm tanto conhecimento, e, tanta proximidade assim com a motocicleta que as vezes tu passa com o cano da descarga um pouco aberto e coisa tal, pô, o cara passou ali com uma moto barulhenta pra caramba, ele tá totalmente equivocado, o cara passou ali, com uma sinfonia, tocando uma sinfonia, porque o barulho a Harley não faz barulho, aquilo ali é um sinfonia, aquilo ali é a coisa mais maravilhosa que tem, é uma agressão falar que é um barulho, entende.
4.2.7 O som do motor
Ao comprar uma nova motocicleta Harley-Davidson, o som dela geralmente
não é o esperado pelo consumidor, por ser original de fábrica. Neste momento, o
consumidor inicia um processo de customização, para dar identidade a sua
motocicleta, ou seja, ao adquirir a motocicleta, o consumidor passa a adaptá-la ao
padrão do estereótipo da marca.
A motocicleta é vendida num padrão básico, não contemplando a
expectativa de muitos consumidores, sendo assim, passa adquirir acessórios,
155
modificando pedais, bancos, tampa de combustível, tampa de primária e sobretudo o
escapamento. Objetivando compreender a percepção dos consumidores
pesquisados acerca do tema, a Figura 63 representa os comentários registrados.
Figura 63: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson Fonte: Elaborado pelo pesquisador com Atlas.ti (2015)
A aceitação e admiração pelo som do motor da motocicleta foram unânimes
entre os entrevistados. O membro E4:G3 comenta que:
[...] a beleza e, pra quem gosta da moto aquele, aquela sincronia do ronco da moto todas juntas, ela te causa uma emoção, não tem se você, você tá em cima da moto e você passa num comboio organizado, e você vê a sensação da pessoa do lado, olhando assim que fica admirada, eu já fiz o inverso, eu já fiquei do lado de fora observando, e ela é mágica, a gente pára pra olhar [...]
Observa-se que alguns membros, mais puristas e radicais no sentido da
ligação do som do motor com a história da marca, preferem o som produzido pelos
motores carburados, visto que as motocicletas atuais tem injeção eletrônica,
diferenciando seu som pelo aumento da rotação do motor. Segundo E3:G2 “[...] a
maioria deve ter esse sonho. Ter uma segunda moto, que não teria injeção
eletrônica. Com certeza seria carburada, com aquele motor quase parando [...]”.
156
O ronco do motor é uma característica que muitos admiram e tem prazer em
ouvir. As Harley-Davidson mais antigas, com carburador, tem o som ainda mais
original, e isto leva os usuários a trocarem os escapamentos por este motivo, para
deixar o som mais parecido com de uma Harley antiga, com o ronco potente.
Durante a entrevista em profundidade, ao referenciar-se ao som do motor de
uma HD, Benetton comentou, referindo-se ao ronco, categoricamente:
[...] o ronco é uma coisa. É uma orquestra, uma sinfonia. Não faz barulho! Nunca diga que uma Harley faz barulho! Entende? É uma coisa assim que desperta o interesse. Tu imaginar que tá saindo aquele ronco de um motor em “V”, entende? Aquela batida. Aquela equalização. É uma coisa impressionante né ++. Eu sou suspeito em falar nisso e é só eu que sei isso né. Chegaram a ter a iniciativa de querer patentear o motor, o barulho né. Então isso diz tudo, né. O barulho tu conhece de longe [...].
4.3 Discussão
O uso do método de observação participante possibilitou ao pesquisador,
imergir na HDSC, por sua filiação e participação do HOG, para maior entendimento
do comportamento e das percepções dos seus consumidores.
Um dos objetivos deste trabalho, foi Identificar os atributos intrínsecos e
extrínsecos à marca Harley-Davidson, com base nos estudos de Schouten e
McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009). Os atributos, identificados nos
trabalhos destes autores, representaram as variáveis de análises desta pesquisa.
Visando demonstrar as experiências e percepções dos consumidores
brasileiros a respeito da marca estudada, em comparação as anteriormente
encontradas, nos estudos realizados em outras culturas de consumo. Por
conseguinte, foi possível apontar alguns atributos intrínsecos e extrínsecos à marca,
que posteriormente foram comparados e relacionados aos resultados obtidos, pelo
emprego de dois métodos de Focus Group e Entrevista em Profundidade, para
subsequente discussão dos resultados do estudo. Este item expõe algumas análises
à respeito dos resultados obtidos nos itens 4.1, 4.2 e na entrevista em profundidade,
conforme Apêndice 1 a 5.
157
4.3.1 A compra da liberdade
Assim como em Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009),
um dos atributos identificados com a pesquisa de observação participante foi o
sentimento de liberdade. A identificação deste atributo foi factível, pela imersão do
pesquisador na subcultura estudada. Os dias dedicados a coleta dos dados, pela
observação participante, que se iniciavam com o ritual de um portador de uma
Harley-Davidson, eram diferentes. A cada acessório e vestimenta colocados e o
preparo da motocicleta para a viagem, caracterizavam-se pela saída de uma rotina
semanal. As roupas, o meio de transporte diferente e o “sentir o vento”, reportavam
ao sentimento de liberdade relacionado, neste estudo, ao motociclismo.
Por conseguinte, liberdade foi um dos atributos extrínsecos à marca, mais
percebido pelos integrantes do HOG Florianópolis Chapter, nos relatos da entrevista
em profundidade e nas pesquisas com os grupos focais. Do mesmo modo Schouten
e McAlexander (1995) descrevem que praticamente todos os motociclistas
identificam fortemente a moto como um símbolo de liberdade, que contrasta com os
carros, comparados à gaiolas ou caixões, como um símbolo de confinamento.
O sentimento de liberdade e a relação da fraternidade por conta do
envolvimento de pessoas com o mesmo ideal são fortemente relacionados à marca
quando analisado os relatos da Entrevista em Profundidade. O entrevistado tem em
sua residência uma vasta coleção de produtos da marca e em suas vestimentas e
comportamento que se destacam pelo simbolismo do tradicional motociclista Harley-
Davidson desprendido ou livre de costumes sociais, tradicionais. No entanto, por
frequentemente viajar sozinho, o mesmo acredita ter maior liberdade, por não ter
que seguir algumas regras propostas pelo HOG.
Na complementação destes atributos, estão as variáveis de análise do
estudo, representadas pelos atributos extrínsecos à marca como, coletividade,
inclusão de familiares e fraternidade. Durante as entrevistas de Focus Group, ao
serem questionados sobre a sua percepção acerca da marca Harley-Davidson e
sobre o HOG, a relação destes atributos, como a liberdade e amizade, foi
estabelecida. Os mesmos resultados também foram identificados durante a
Observação Participante.
158
No Focus Group e na Observação Participante, identificou-se que a relação
de amizade entre os integrantes do HOG, contribui com o clima de fraternidade,
respeito e companheirismo, o que gera maior segurança entre os motociclistas desta
HDSC. Por conseguinte, relatou-se que optar por viagens com o HOG, é uma forma
de sentir-se seguro, pela certeza de que, em qualquer situação de emergência
haveria outros motociclistas, para se amparar.
Nos vários eventos do HOG, em que o pesquisador participou, foi observado
o envolvimento de familiares e um bom relacionamento destes com os motociclistas.
Já em relação a estes eventos, as esposas ou garupas, relataram que era um
hobby, onde as famílias poderiam participar (com os maridos). Mesmo, seguindo-os
com outro veículo de transporte, todos se envolviam com a ritualística. Sendo assim,
HOGs e familiares, vestiam-se de Harley-Davidson.
Conforme observado nas respostas dos grupos focais deste estudo,
gradativamente o consumidor vai imergindo na subcultura de consumo Harley-
Davidson. A compra da motocicleta é só o começo de uma história de relação de
consumo e admiração pela marca, que geralmente ocorre por uma escolha do
gênero masculino, revelam os dados.
A princípio, esta escolha é pouco aceita por suas esposas ou garupas. À
medida em que estas, passam a participar dos encontros e passeios do HOG, suas
percepções acerca desta subcultura é alterada, tornando-se também consumidoras
e entusiastas do estilo de vida Harley-Davidson.
Os integrantes do HOG que participaram desta pesquisa, se relacionam de
forma direta com esta subcultura, a um período máximo de três anos. O exposto
possibilita perceber que a Harley-Davidson está cada vez mais presente no seu
cotidiano, ao relatarem que suas vestimentas diárias passaram a ter a presença da
marca, quando a sua imagem nas redes sociais está diretamente atrelada à Harley-
Davidson e quando seus eventos passaram a ter a presença de novas amizades,
cultivadas no HOG.
Embora a liberdade seja um dos atributos mais evidentes, no que se refere à
marca Harley-Davidson, este sentimento é norteado por regras dentro do HOG
Florianópolis Chapter. Nesta subcultura de consumo, Road Captains e os demais
pilotos primam pela segurança de todos, uma vez que a facilidade de entrada no
grupo dificulta a seleção por motociclistas mais experientes. Neste sentido, cursos
de pilotagem, são promovidos, para a padronização das regras de sinalização
159
internas do bonde, orientando e denunciando a conduta inadequada dos pilotos.
Outros moto clubes se diferenciam desta facilidade à entrada, pela exigência da
aceitação do novo membro pelos demais.
O consumo de bebidas alcoólicas, assim como o descumprimento das
regras internas do HOG Florianópolis Chapter, em um bonde como, velocidade
excessiva, ultrapassagens não autorizadas, troca de posições, têm como
consequência uma advertência dada ao piloto, que geralmente é feita de forma
discreta e individualizada, por um dos Road Captains. A Figura 64 demonstra a
imagem dos HOGs, durante o almoço consumindo cerveja sem álcool.
Figura 64: Cerveja sem álcool (2014) Fonte: Dados primários da pesquisa, fotografado pelo pesquisador.
A reincidência nessas infrações, resultam na exclusão silenciosa do infrator,
sendo assim o grupo passa a ignorar o membro e suas atitudes. Nos grupos
australianos, como observado por Schembri (2009), estas exigências e advertências
também existem, no entanto de forma menos discreta, ao “estilo australiano”.
160
4.3.2 Barreiras de entrada à subcultura de consumo
Quando questionados sobre as dificuldades de entrada no HOG e sobre
discriminação ou preconceito entre os integrantes, os entrevistados dos grupos
focais, de forma unânime, negam a existência destas barreiras à entrada nesta
subcultura. Relatam que sempre há alguém do grupo, durante os cafés na
concessionária, que de forma gentil, acolhe os novos, pois foi assim que foram
acolhidos.
Tamanha receptividade foi percebida pelo pesquisador, desde que o
motociclista tenha protagonismo para identificar os HOG presentes, no café da
concessionária e em seguida apresentar-se e relatar o seu desejo de participar dos
passeios. A partir desta manifestação o motociclista passa a ser acolhido por todos,
sua garupa é apresentada a outras garupas e ambos recebem orientações sobre o
passeio e a saída do bonde daquele dia.
Estabelecido este primeiro contato, como novo integrante do HOG, o
motociclista tem suas primeiras experiências recebendo atenção especial durante o
deslocamento do bonde. O novo membro é orientado pelos Road Captains a
assumir posições mais seguras ao longo de todo o trajeto e comunicado quanto a
sua velocidade e postura na estrada. Durante as paradas, o motociclista é envolvido
nas conversas, assim como sua garupa.
Os integrantes do HOG deixam claro, durante suas brincadeiras e
comentários, a não aceitação do modelo de motocicleta V-Rod, apresentado no
Quadro 6. Este modelo tem uma ciclística diferente das motocicletas tradicionais
Harley-Davidson, demandando uma diferenciação no estilo de pilotagem, por
apresentar maior tecnologia relacionada à potência do motor.
Em muitos casos a diferenciação deste estilo de pilotagem desagrada muitos
membros, conforme relatado pelo Road Captain “[...] estas ultrapassagens
desnecessárias oferecem risco ao bonde”, referindo-se aos proprietários deste
modelo, em vários momentos, na viagem, ao evento São Paulo Harley Days.
Alguns comentários ainda apontavam que estes consumidores geralmente,
para permanecer no grupo, logo migravam para outros modelos, mais tradicionais,
com maior conforto, adequados às longas distâncias. Com base no exposto,
percebe-se o motociclista de um modelo V-Rod, poderá encontrar barreiras para
161
entrar na subcultura Harley-Davidson, até que troque a sua motocicleta por um dos
clássicos modelos da marca.
Nesta mesma situação, além do comportamento as vestimentas também
diferenciavam estes motociclistas dos demais integrantes do bonde do HOG
Florianópolis Chapter. Os mesmos não utilizavam roupas da marca Harley-Davidson,
sendo que um deles usava roupas comuns, sem segurança para uma viagem deste
porte. Observou-se que estes motociclistas, além de serem pouco aceitos no grupo,
por conta de seus comportamentos, ainda não haviam aderido às ritualísticas do
HOG e facilmente podiam ser identificados como elementos novos no grupo, por
suas vestes. O exposto evidencia a força das vestimentas e de um comportamento
padrão como símbolos de identidade e aceitação nesta subcultura de consumo.
Observou-se que, possuir as vestimentas adequadas da marca Harley-
Davidson também é um fator seletivo para integrar o grupo de passeio do HOG. Não
que o grupo exclua um membro por este motivo, mas torna-se desconfortável
possuir a motocicleta e não estar devidamente vestido como os demais. O grupo
ostenta suas jaquetas, coletes, camisetas, botas, calças e outra vestes originais, da
marca Harley-Davidson. Estas vestes tem um elevado custo financeiro,
representando uma barreira à entrada ou aderência ao HOG.
Durante a Entrevista em Profundidade, o entrevistado descreveu a
importância do HOG, para a entrada de um novo membro na subcultura Harley-
Davidson. Entre os desejos de quem adquire uma Harley-Davidson, observou-se a
aquisição de alguns significados e atributos, entre eles, andar em grupo. Benetton
atribui a missão de formação do grupo, ao HOG e descreve que esta é uma
estratégia da marca HD, para conquistar seus consumidores, pela exposição de
seus produtos na vestimenta e motocicletas dos HOGs, objetivando atrair novos
consumidores à marca.
4.3.3 O espetáculo vai começar...
Fazer parte de um bonde é uma situação que já foi sonhada por muitos dos
integrantes de um HOG E8:G1 “[...] as pessoas passam filmando, e nós, a nossa
162
vida toda a gente fez isso, passava de dentro do carro filmando, quando passava as
motos. E hoje a gente tá aqui. Muito legal [...]”, esta foi a fala de um dos
entrevistados ao final de uma passeio, em que um bonde, com 48 motocicletas,
subiu a Serra do Rio do Rastro, um dos pontos turísticos naturais mais procurados
para visitação, no estado de Santa Catarina. Durante sua passagem pela serra, o
bonde teve a acolhida, admiração e os cumprimentos de vários turistas que lá
estavam.
Por alguns minutos, a beleza natural deixou de ser a atração principal
daqueles espectadores e cada HOG, em sua motocicleta, pode experimentar a
sensação de fazer parte daquela paisagem, segundo E1:G4 “[...] fazendo uma
viagem, tu tá em cima duma moto, tu sabe, tu vive, [...] você faz parte da paisagem”.
Para sentir-se um integrante deste bonde não basta o investimento
financeiro com a compra da motocicleta, roupas e acessórios. É necessário aderir a
uma ritualística iniciada na escolha da vestimenta, que leva em consideração as
variações climáticas, a distância e o roteiro. Participar dos cafés da manhã,
semanais, promovidos pela concessionária e comportar-se como um HOG, também
faz parte deste ritual.
O preparo e limpeza das motocicletas dos integrantes do HOG Florianópolis
Chapter é uma ritualística de grande visibilidade dentro do grupo. As mesmas eram
apreciadas com certo respeito, observava-se e comentava-se cada detalhe, cada
customização, perguntava-se, contava-se histórias, no entanto, ninguém tocava na
motocicleta do outro sem o consentimento do proprietário. Esta regra
comportamental é implícita, nem mesmo na loja não há placas proibindo tocar nos
objetos, mas não tocar nas motocicletas, seja de quem for, parece já fazer parte da
ética desta subcultura.
Da mesma forma, o estudo de Schouten e McAlexander (1995) descreve
que, entre os HOGs estudados na subcultura Harley-Davidson norte-americana, era
estritamente proibido tocar na motocicleta de outra pessoa sem sua permissão. Os
autores também comentam que a sacralidade da motocicleta podia ser observada
em seu ritual de limpeza e manutenção, onde nenhum ponto de sujeira poderia ser
esquecido e os cromos deveriam estar limpos para os passeios do dia.
Acompanhada às belas motocicletas, estão as vestimentas e por
consequência a caracterização dos motociclistas. Vestir-se de Harley-Davidson é só
umas destas características, os acessórios fazem parte do estilo Harley, que envolve
163
o corte de cabelo, o tipo da barba e o comportamento que estão diretamente ligados
a esta subcultura e da sua ritualística “[...] a vestimenta, traveste a alma deles” disse
uma das entrevistadas do Focus Group, referindo-se ao seu marido e aos demais
motociclistas.
As roupas são pouco customizadas, os integrantes do HOG consomem as
vestimentas oferecidas pela marca Harley-Davidson da forma como são vendidas,
mas as adquirem em diferentes lojas do Brasil e do mundo. Os entrevistados
atribuem a proteção, tradição e principalmente identidade às vestimentas de cor
preta, produzidas em couro. As cores preta e laranja e o couro, são características
na marca Harley-Davidson fortemente identificada por estes consumidores. Em
contrapartida, proprietários mais antigos parecem demonstrar maior autonomia em
suas escolhas, personalizando suas vestimentas e, muitas vezes, tornando-se em
reconhecidas personalidades por conta disso, como é o caso dos membros mais
antigos da subcultura desta pesquisa.
Em relação às vestimentas dos garupas ou motociclistas, embora haja a
reclamação da manutenção de um penteado, as roupas dos integrantes do HOG
Florianópolis Chapter têm sua sofisticação. As entrevistadas descrevem que as
mulheres da subcultura Harley-Davidson pertencentes ao HOG, vestem-se de forma
diferente das demais mulheres pertencentes a outros motoclubes. [...] andam com
botas de salto alto, [...] mais bem vestidas, [...] usam maquiagem, [...] proteção para
o cabelo, [...] anéis, pingentes, mas sempre bem caracterizadas com a marca
Harley-Davidson. Conforme as falas das entrevistas durante o Focus Group.
Para o público feminino, a marca Harley-Davidson tem inserido no mercado
roupas com a identidade da marca com as cores rosa, branca e outras cores que
fogem ao tradicional laranja e preto. Quando questionadas sobre o uso destes
modelos, as entrevistadas não apresentaram objeções e demonstraram o interesse
em adquirir, mas que devido ao custo das vestimentas, optavam pelas roupas de
cores e modelos tradicionais. De outra forma, durante a observação participante, foi
identificado que ainda há resistência quanto ao uso de outras cores além do
tradicional, sobretudo o rosa. Aparentemente, o garupa ou motociclista que faz uso
de roupas com a cor rosa não aderiu a subcultura.
164
4.3.4 Customização, Identidade e Liberdade
A customização é um atributo intrínseco à marca Harley-Davidson. Estética,
vaidade, conforto, segurança ou pelo desejo de imprimir a identidade pessoal à
motocicleta, são os diferentes motivos mais evidenciados.
A customização mais realizada entre os membros do HOG Florianópolis
Chapter é a troca do escapamento, afirmação quase unânime entre os
entrevistados. Esta prática é seguida pela obtenção de acessórios, para o conforto
dos motociclistas e do garupa, como bancos mais confortáveis e o encosto para o
passageiro garupa, denominado como Sissy Bar. Posteriormente os acessórios de
estética, como tampa da primária, tampa de combustível e pedaleiras, têm menor
representação entre as customizações identificadas. Estes acessórios são
disponibilizados pela marca Harley-Davidson que oferece algumas linhas
padronizadas. O consumidor escolhe a que quer seguir ou a simbologia que melhor
se identifica. Vale destacar que os integrantes do HOG Florianópolis Chapter não
personalizam estas peças, fazem uso das mesmas conforme é comercializada.
A customização relacionada à pintura da motocicleta, à substituição do
guidão por modelos mais altos, assim como os adereços que identificam o seu
proprietário, é uma prática ainda rara ou sutil entre os integrantes do HOG
Florianópolis Chapter, diferentemente dos motociclistas norte-americanos descritos
por Schouten e Mcalexander (1993,1995) e Schembri (2009) e do membro mais
antigo na Subcultura de Consumo estudada. O elevado custo financeiro na obtenção
de peças originais, pode ser um dos fatores limitantes desta prática entre os
membros do HOG, como descrito ao longo das entrevistas.
Conforme identificado na Observação Participante, as motocicletas
customizadas diferem uma das outras de forma muito sutil, feitas por meio de peças
originais padronizadas. Este padrão demonstra que alguns membros podem ser
desencorajados a praticar algumas customizações mais radicais e diferenciadas
como pinturas e alterações estruturais, supõe-se por destoar da média do grupo.
Os consumidores dos produtos Harley-Davidson citados nesta pesquisa são
recentes consumidores da marca e suas motocicletas estão entre as de maior valor
financeiro oferecido pela Harley-Davidson. Embora esta seja uma diferença
marcante entre estes membros pesquisados, quando comparados aos membros do
165
HOG dos demais trabalhos citado, seus investimentos buscam a internacionalização
da imagem dos motociclistas norte-americanos, inspirados pelos personagens de
filmes clássicos, que caracterizam detalhes desta subcultura.
Cultivam o desejo de pilotar por clássicas rodovias norte-americanas, como
a Rota 66 e quando o realizam, fixam em seus coletes, um tag desta rota. Incluindo,
uma das customizações em vestimentas se dá por meio da exibição dos “troféus” em
forma de tags, fixadas nos coletes padronizados do HOG. A cada rota cruzada, ou
categoria do curso Rider Safety, mais um tag é adicionado ao colete. O colete de um
HOG é personalizado com a demonstração das conquistas, desafios e experiências
do motociclista. Para Schouten e McAlexander (1995), o uniforme de um motociclista
da HDSC emerge da combinação do jeans, botas pretas, camiseta e jaqueta de
couro preto e um colete que pode transportar as insígnias de filiação ao clube.
As vestimentas também internacionalizam a subcultura norte-americana,
sendo muitas vezes incompatíveis, como o uso de roupas pretas e de couro em
condições climáticas brasileiras, sobretudo da quente região do litoral sul do país.
Estas vestimentas, em sua maioria, são fabricadas pela marca Harley-Davidson em
outras localidades, seguindo os padrões da subcultura norte-americana e são
utilizadas pelos motociclistas do HOG Florianópolis Chapter, conforme o mix de
produtos ofertado pela marca.
Algumas peças de vestuário já sofreram uma tropicalização no que tange o
tecido usado na sua confecção, a exemplo das jaquetas e luvas de verão,
disponíveis em cores mais claras. Porém, a aderência às vestimentas tradicionais da
subcultura norte-americana é muito maior entre os membros estudados, conforme
descrito por Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).
As vestimentas customizadas, observadas durante a pesquisa, foram as
camisetas com a marca Harley-Davidson customizadas com o nome da
concessionária, assim como camisetas do próprio HOG, que também confecciona
algumas vestimentas para eventos específicos do grupo, sem a identificação da
marca Harley Davidson, no entanto, com as cores que a identificam.
166
4.3.5 Que ronquem os motores
Outro item inerente à Marca estudada, selecionado como variável de análise
é o som produzido pelos motores das motocicletas. O referido som proveniente do
lendário motor V-twin, com dois cilindros em “V” e inclinação de 45º entre os cilindros
é inconfundível entre os HOGs, descrito pelos mesmos, como a identidade desta
marca, além de caracterizado como algo prazeroso de ser ouvido, comparado com a
música de sua preferência.
Potencializar o som da motocicleta não está somente atribuído à identidade
de um HOG, mas, sobretudo a sua vaidade. Os entrevistados declaradamente
afirmaram que gostam deste som potencializado devido à [...] sensação de poder,
[...] chamar atenção e porque [...] as pessoas esperam ouvir este som de uma
Harley-Davidson.
A mesma emoção ainda é descrita por proprietários mais antigos como
Benetton que ao referenciar saudosamente ao som produzido pelas motocicletas
carburadas, disse “[...] o cara passou ali, com uma sinfonia, tocando uma sinfonia,
porque o barulho a Harley não faz barulho, aquilo ali é uma sinfonia”.
O som é potencializado e modificado, pela troca dos escapamentos
originais. A necessidade de potencializar o som do motor é evidenciada nas
respostas dos grupos focais. Embora estes tenham afirmado não aceitar o uso de
peças não originais, o fazem ao substituir o escapamento original de suas
motocicletas, uma vez que a Harley-Davidson não disponibiliza um modelo de
escapamento para a customização.
4.3.6 Respeitável público
Motocicletas customizadas, motociclistas e garupas “vestidos de liberdade”,
prontos para pegar a estrada juntamente com outros iguais. Está formado o bonde,
modo organizado de um grupo de motociclistas pilotar ao longo das rodovias,
garantindo a segurança e a beleza da alegoria. Distância entre as motocicletas,
167
controle da velocidade em grupo e respeito à sinalização, são posturas de
segurança cada vez mais difíceis de manter em detrimento da formação de um
longo bonde.
A manutenção das motocicletas em duas filas, intercaladas e mantendo igual
distância entre elas, é fundamental para a manutenção da beleza do espetáculo.
Somado a isso, o ronco dos motores compõe a trilha sonora de um filme que passa
nas mentes de cada motociclista ao longo da estrada. Os entrevistados dizem que,
E2:G1“[...] são os melhores momentos da minha vida”, E7:G1 “[...] esse aqui é o meu
momento”, E4:G2, E2:G1 “[...] um sonho realizado”. O bonde encanta a quem faz
parte dele e quem está de fora, o espectador.
É muito comum a acolhida calorosa, com acenos, fotografias e, sobretudo o
acompanhamento dos olhares, por onde um motociclista ou um bonde passa. Pode-
s e perceber que todos que participam desta prática, um dia desejaram isso e
acreditam que os observadores compartilham do mesmo desejo. Entende-se que
viajar em um bonde está relacionado a uma série de significados de um estilo de
vida, tais como liberdade, união, amizade, desejo e conquista, conforme foi descrito
pelos entrevistados. Os mesmos percebem-se influenciando o espectador, notam a
inveja e o despertar do desejo de consumo por uma das motocicletas, afirmando
E5:G3 “Nós somos o objeto de desejo de muitas pessoas”, E5:G2 “Uma boa parte
dos que observam, teria vontade de estar ali”.
4.3.7 A grande atração: A marca
A marca não se limita a um logotipo ou etiqueta, mas a um significado como
um meio de vida, um conjunto de valores, atitudes, expressões e um conceito.
Vásquez (2011) defende que o consumidor vincula a marca às qualidades físicas e
ao conjunto de emoções e funções sociais que esta representa.
Os atributos intrínsecos e extrínsecos do produto são atrelados à diferentes
percepções do consumidor. Sendo assim, três perguntas realizadas durante as
entrevistas com os grupos focais, foram de suma importância, para evidenciar os
168
valores da Marca Harley-Davidson, quando relacionados às informações presentes
nos questionamentos anteriormente relatados.
Ao tirarmos a marca Harley Davidson da motocicleta, roupas e acessórios, o
que resta pra vocês? Quais características você percebe no produto sem a marca?
Estas duas perguntas permitiram evidenciar parte dos atributos dos produtos Harley-
Davidson percebidos pelos consumidores, pertencentes ao HOG Florianópolis
Chapter.
Ao descrever o produto sem a marca Harley-Davidson, a maioria dos
entrevistados não percebe valores diferenciados no produto, igualando a motocicleta
às motocicletas de outras marcas da mesma categoria, desqualificando-a, quando a
descreve como sendo E4:G4 “[...] apenas um meio de transporte”. Os consumidores
entrevistados pouco perceberam as qualidades do produto na ausência da marca
Harley-Davidson. A marca e a sua história é o que de mais admirado há em seus
produtos.
Foram atribuídos aos produtos a equivalência da qualidade da motocicleta
em relação às de marcas concorrentes e a baixa qualidade no conforto, sobretudo
aos garupas, demonstrando que a marca Harley-Davidson atribui valor aos produtos
comercializados pela empresa. Alguns entrevistados, por já terem tido experiências
com outras marcas de motocicletas, identificam os atributos extrínsecos à marca,
tais como, ritualística da subcultura, amizade e status, como sendo um diferencial
que acompanha a marca e não o produto.
Para identificar os atributos intrínsecos à marca, os entrevistados foram
questionados quanto à presença da mesma nos produtos. Perguntou-se então, se
colocarmos novamente a marca HD em sua motocicleta, o que mudaria na sua
percepção?
As respostas dos entrevistados, representadas nas Figuras 36 e 37,
destacaram importantes atributos como, credibilidade e história da marca, orgulho,
vaidade e inveja, conforme grupos focais 2 e 3, e estilo de vida destacado pelos
grupos focais 1 e 4.
Comparando este padrão de respostas, ao perfil dos entrevistados, foi
possível perceber que o consumidor que relacionou a marca ao destaque em meio
aos que não a possuem, ou seja, ao atributo inveja conforme Schouten e
McAlexander (1993) são todos proprietários do modelo Ultra, que se destaca por sua
beleza e elevado custo financeiro.
169
Estilo de vida esteve presente nas respostas dos entrevistados que possuem
o modelo de motocicletas de custo inferior ao modelo Ultra, consequentemente
menos equipada em relação ao conforto, tecnologia e estética, conforme Quadro 6.
Estes modelos são referência em imagens históricas da Harley-Davidson em filmes
como, Easy Rider, Motoqueiros Selvagens e Exterminador do Futuro e personagens
que quebram regras sociais. A atribuição destes modelos a estas figuras pode ter
forte influência na percepção do consumidor, quanto a relação da marca ao atributo
estilo de vida. O apego pela marca vai além de suas motocicletas, eles se vestem
com acessórios da Harley, seguem um estilo de vida que acaba sendo quase todo
definido pela marca (SHETH; MITTAL; NEWMAN, 2008).
O relacionamento social, sobretudo a amizade entre os membros do HOG,
foi o forte atributo relacionado à marca. O mesmo atributo foi fortemente citado
durante a Entrevista em Profundidade, neste caso, destaca-se que as amizades
ultrapassam as fronteiras e são consolidadas nas estradas percorridas ao longo da
vida.
Fazer parte da subcultura Harley-Davidson proporciona novos
relacionamentos, que perpassam ao HOG e consequentemente aos costumes,
interesses, vestimentas e estilo de vida. Estes relacionamentos acompanham em
outros ambientes e situações, e assim como o comportamento do motociclista,
passa a ser interiorizados pelo consumidor, trazendo, desta marca, significados para
a sua identidade.
É desta forma que a subcultura perpetua-se e atrai novos adeptos. No HOG,
Florianópolis Chapter é possível acompanhar o “apadrinhamento” dos novos
consumidores. Pessoas amigas de membros do HOG que por observar e conhecer
a subcultura passam a desejar seu ingresso neste grupo. Muitos destes, ao
adquirirem sua primeira motocicleta são acolhidos pelo HOG com a surpresa da
entrega da motocicleta em suas casas ou acolhida por alguns membros, na
concessionária.
170
4.4 Implicações teóricas
Os resultados do estudo corroboram com os de Almeida (2014), que
identificou entre os pesquisados, a atribuição de liberdade, realização de um sonho,
estilo, filosofia de vida e liberdade à marca Harley-Davidson, ratificando, diferenças
culturais, nesta subcultura de consumo, a partir da análise Cross-Cultural com os
estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), realizados em
outros países.
Tibola, Vieira e Sanzovo (2004), descrevem que o produto é identificado pelo
atributo que possui e pelas suas propriedades. Neste estudo, os resultados
demonstraram que em algumas subculturas comercias, os atributos extrínsecos à
marca, são mais relevantes ao consumidores, que os intrínsecos, ao relacionarem à
marca, a uma série de emoções. Vásquez (2011) defende que o consumidor
vincula a marca com as qualidades físicas e também com o conjunto de emoções
que a marca transmite.
Atualmente o termo Comunidade de Marca, em relação à forma, está sendo
utilizado de várias maneiras, servindo como assunto para pesquisas, para explicar o
coletivo de consumo focado na marca, mas ressalta que o termo comunidade de
marca está sendo utilizado em excesso. (MCALEXANDER; SCHOUTEN; KOENIG,
2002; THOMAS, 2011). Nesta linha, Muniz e O’Guinn (2001), a descrevem como
sendo uma comunidade especializada, sem limitação geográfica, baseada em um
conjunto estruturado de relações sociais, entre os admiradores de uma marca. Em
seu estudo, Almeida (2014) descreve que o HOG pode ser considerado uma
comunidade de marca, já Schouten e McAlexander (1995), defendem que estes
subgrupos ou subculturas, se auto selecionam e se baseiam em um propósito
comum, por sua relação com determinado produto, marca ou atividade de consumo.
Este estudo identificou que, o HOG caracteriza-se como uma “subcultura
comercial”, por atuar em torno de uma comunidade de marca, uma vez que
Schwarzenberger e Hyde (2013) descrevem que o papel de marcas esportivas, em
uma subcultura de nicho esportivo, consiste na percepção dos atletas em relação às
marcas, fazendo uma comparação entre subculturas comerciais, que se originam
por meio de uma marca, enquanto as subculturas não comerciais evoluem de forma
livre. Nesta linha, a presente pesquisa estudou a subcultura de consumo do
171
motociclismo, restringindo sua amostra aos consumidores de uma única marca de
motocicleta, a Harley-Davidson. Sendo assim, uma determinada comunidades de
marca, pertencente a uma subcultura de consumo, caracteriza conforme este
estudo, uma Subcultura Comercial.
Nos resultados obtidos com as entrevistas, identificou-se que customizações
mais ousadas, em roupas e na motocicleta, como as realizadas pelo membro
experiente da HDSC, não foram observadas entre os demais HOGs, indicando a
existência de imaturidade nesta subcultura, quando relacionada à outras. Nos
estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), observa-se
uma maior imersão, pela uso de customizações mais radicais como mudanças
estruturais da motocicleta, pinturas customizadas e tatuagens, entre os membros
estudados. Assim como nas motocicletas, a inexistência de customizações nas
vestimentas foi observada. Os HOGs estudados usam roupas originais da marca
HD, como um código de reconhecimento e aceitação do grupo. Sendo assim, o
baixo nível de customização pouco contribui, entre os HOGs estudados, com a
coconstrução da marca HD, por ser consumida sem alterações relevantes.
Nesta linha, Kozinets (2001), Schouten e Mcalexander (1995), citam que
uniformes e fantasias acabam sendo vistos de forma insana ou imatura, esta
estigmatização limita a entrada na comunidade, agindo como uma barreira que,
quando conquistada, acaba incentivando um envolvimento mais profundo. Já em
Schouten e McAlexander (1995) a estrutura social de alguns subgrupos de
consumidores da marca Harley-Davidson, adotam um padrão de vestimenta. Neste
sentido os estudos de Schembri (2009) e Cunha, Rosini (2013) defendem que estas
conexões contribuem com a coconstrução da marca.
Neste estudo utilizou-se as técnicas de Observação Participante; Entrevista
em Profundidade; Focus Group e Cross-Cultural. Coforme Martins e Theóphilo
(2009) e Creswell (2010), na pesquisa qualitativa as informações são coletadas
pessoalmente pelo pesquisador, que utiliza múltiplas fontes de dados, ao invés de
confiar em uma única fonte, já em Wallendorf e Arnould (1991), a Observação
Participante registra a experiência de ação no trabalho de campo, as conversas e o
contexto. Assim sendo, os resultados deste estudo obtiveram contribuições
complementares pelo uso de métodos múltiplos de pesquisa qualitativa.
A Entrevista em Profundidade gerou informações sob a ótica do membro
chave pesquisado, os Focus Group forneceram informações do ponto de vista do
172
grupo, conforme Sheppard e Jones (2013), permitiram a contribuição e liberdade de
expressão, sofrendo influências indiretas, de membros formadores de opinião, que
direcionavam as respostas durante as discussões. Para Oliveira e Freitas (1998), os
entrevistados acabam influenciando uns aos outros. Por fim a Observação
Participante, forneceu informações sob a ótica do pesquisador, objetivando ratificar
algumas informações descritas durante as entrevistas e identificar detalhes
presentes no comportamento “inconsciente” dos pesquisados. Tais informações
subsidiaram as análises Cross-Cultural.
4.5 Implicações gerenciais
Os resultados do presente estudo trazem contribuições aos profissionais de
marketing, por ampliar os conhecimentos, acerca de aspectos comportamentais dos
consumidores desta Subcultura de Consumo. Identificando que estas percepções
podem sofrer alterações quando sobrepostas por diferentes subculturas de
consumo.
Aos gestores de marketing, contribui com informações e resultados que
subsidiam a gestão e a manutenção de marcas detentoras de comunidades de
marca, por compreender pela CCT, como estes percebem os atributos e significados
de determinada marca.
À empresa Harley-Davidson, contribui com o entendimento de fatores
transculturais e de seus impactos na internacionalização da marca, na perspectiva
de seus consumidores mais fiéis e comprometidos, informando aos gestores de
marketing da empresa, as tendências de mudança comportamental de seus
consumidores, pela análise e comparação com subculturas de consumo,
estabelecidas a mais tempo, como as estudadas por Schouten e McAlexander
(1995) e Schembri (2009).
A comunidade de marca, objetiva transmitir uma mensagem clara, que
demonstre suas competências fundamentais, caracterizando-se como fator de
sucesso, a exemplo da marca Volvo, cujo slogan é "A segurança para a vida”, no
caso da Nokia, "conectando pessoas" (KARJALAINEN, 2003). No caso da Harley-
173
Davidson “Soul: That is the Difference”, “Alma: essa é a diferença” (MOTONLINE,
2012), conforme o título deste estudo. Segundo Janonis, Dovaliene e Virvilaite
(2007) estes apresentam formas fáceis e breves na descrição e comunicação,
definindo a marca com singularidade, como um conceito, com significados,
propósitos, valores e individualidade.
O Quadro 7, apresenta as variáveis de análise pesquisadas, assim como os
novos atributos percebidos entre os HOGs estudados, não identificados nos estudos
de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).
Variáveis Schouten e McAlexander (1995)
Schembri (2009) HOG Brasil
Liberdade Sim Sim Sim
Fraternidade Sim Sim Sim
Rebeldia Sim Sim Não
Vestuário roupas pretas e de couro
Sim Sim Sim
Coletividade Não Sim Sim
Espetáculo Não Sim Sim
Som do motor Sim Sim Sim
Customização Sim Sim Sim
Ritualística Sim Sim Sim
Família Sim Sim Sim
Filantropia Não Sim Sim
Substituição dos escapes Sim Sim Sim
Machismo Sim Não Não
Mulheres que pilotam Sim Sim Sim
Sonho Não Não Sim
Status Não Não Sim
Confiança Não Não Sim
Conforto. Não Não Sim
Respeito Não Não Sim
Posição dos novatos no comboio
Ultimas posições da fila
Ultimas posições da fila
Primeiras posições da fila
Quadro 7: Comparação dos resultados do estudo com os de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009) Fonte: Elaborado pelo pesquisador
174
Conforme demonstrado no Quadro 7, os resultados do estudo realizado com
os HOGs da Harley-Davidson Florianópolis Chapter, não identificados nos estudos
anteriores de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009), foram:
sonho, status, confiança, conforto e respeito.
175
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste capítulo são apresentadas as conclusões, limitações da pesquisa,
envolvendo todas as dificuldades encontradas no seu desenvolvimento, desde a
elaboração do instrumento, até a coleta dos dados, assim como as recomendações para
trabalhos futuros.
5.1 Conclusões
O significado da marca Harley-Davidson, foi pesquisado em diferentes culturas de
consumo, pelo comportamento e percepção dos consumidores brasileiros, pertencentes à
HDSC, em comparação aos norte-americanos e australianos, com base em estudos
anteriores, para identificação da existência de convergências e divergências, nas
percepções destes. Os resultados demonstraram as experiências dos consumidores
brasileiros, por meio da adoção de técnicas de pesquisa qualitativa.
Os resultados obtidos possibilitaram análise e interpretação (a) das anotações do
diário de campo; (b) do material de audiovisual “áudio e vídeo”; (c) das anotações acerca
das emoções e percepções do pesquisador, contidas no diário íntimo (WEBER, 2009); (d)
das discussões dos grupos focais; (e) dos esquemas gráficos gerados pelo software
Atlas.ti; (f) das opiniões do membro experiente, pela entrevista em profundidade; e (g) dos
diferentes significados da marca, pela abordagem Cross-Cultural, em diferentes culturas
de consumo. Os métodos usados foram selecionados, objetivando contribuições
complementares ao cumprimento dos objetivos do estudo:
O diário de campo foi fundamental nas discussões e comparações com os
resultados das entrevistas, pelos registros de fatos importantes à pesquisa. As anotações
foram feitas durante a etapa da observação participante, possibilitando maior apropriação
do pesquisador, acerca do tema pesquisado, para maior confiabilidade e fundamentação
nas análises dos resultados obtidos com o emprego das técnicas aplicadas
posteriormente.
176
O uso intensivo de material de audiovisual possibilitou análises visuais
simultâneas aos demais resultados do estudo, oferecendo maior consistência e
fundamento.
Muitos foram relacionados às emoções dos pesquisados. Cada variável de
análise foi referenciada a um atributo extrínseco. Sendo assim, o diário íntimo propicia ao
pesquisador, registrar suas próprias emoções, acerca destes atributos, quando submetido
à experiência de marca.
As entrevistas com os grupos focais ampliaram os resultados por promover
discussões entre membros de grupos homogêneos, evoluindo o tema proposto a um nível
superior na compreensão do comportamento em grupo.
Os esquemas gráficos gerados pela unidade hermenêutica, que contempla todas
as informações, já codificadas no software Atlas.ti, foram relevantes no sentido da
obtenção de visão sistêmica das respostas e discussões dos grupos focais.
A entrevista em profundidade com um membro chave e em uma abordagem
individual possibilitou maior imersão no tema, respondendo lacunas existentes nas
discussões dos grupos focais, por compreender alguns aspectos da HDSC, sob a
perspectiva de um membro experiente.
O método de pesquisa Cross-Cultural estabeleceu a comparação dos significados
da marca em diferentes culturas de consumo, a partir da análise de todos os resultados
obtidos com o uso das técnicas anteriormente citadas.
A revisão da literatura abrangeu aspectos relacionados à identidade, aos atributos
e à experiência de marca, assim como a cultura e a subcultura de consumo, o
comportamento do consumidor em estudos Cross-Cultural. Por fim foram revistos os
estudos anteriores, sobre o comportamento do consumidor, proprietário de Harley-
Davidson, para posterior fundamentação das análises feitas nas comparações entre
culturas, acerca dos significados da marca Harley-Davidson.
Os resultados que demonstraram as experiências dos consumidores a respeito da
marca se deram pela análise do comportamento dos proprietários de motocicletas Harley-
Davidson, pertencentes ao HOG Florianópolis Chapter, assim como pelos relatos do
consumidor mais experiente nesta subcultura. Ambas experiências e percepções
mostraram-se diretamente relacionadas ao sentimento de liberdade conquistado ao
adquirir a Harley-Davidson.
Os objetivos específicos foram simultaneamente atendidos, no capítulo 4, com a
identificação dos atributos da marca em análise, com a demonstração da experiência dos
177
consumidores brasileiros e, por fim, com a comparação destes resultados com os de
estudos anteriores.
O atributo liberdade foi percebido entre os HOGs, de forma evidente, nas
entrevistas com os grupos focais e na entrevista em profundidade. O mesmo foi notado
pelo pesquisador durante a observação participante. O estudo de Almeida (2014),
realizado no Brasil, descreve que a marca Harley-Davidson, representa para os
entrevistados, a sensação de liberdade, assim como em (SCHOUTEN; MCALEXANDER,
1993, 1995; SCHEMBRI, 2009; ALMEIDA, 2014).
As roupas, o meio de transporte diferente e o “sentir o vento”, reportaram neste
estudo, ao sentimento de liberdade relacionado ao motociclismo. Este sentimento e a
relação de fraternidade, por conta do envolvimento de pessoas com o mesmo ideal, são
fortemente relacionados à marca. Embora a liberdade seja um dos atributos mais
evidentes, no que se refere à marca Harley-Davidson, este sentimento é norteado por
padrões éticos e regras comportamentais, identificadas no HOG Florianópolis Chapter.
No entanto, foi observado que o membro experiente, por acreditar obter maior
liberdade não seguindo as regras e roteiros propostos pelo HOG, frequentemente viaja
sozinho. Este sentimento passa pela crença da capacidade de ser o que se deseja ser,
vestindo-se e comportando-se sem as amarras de um padrão social pré-estabelecido, em
um forte desejo de internalizar tal liberdade. Porém, desta referida “liberdade” surgem
regras, que estabelecem normas aos padrões comportamentais, ao acompanhar o HOG.
A amizade, retratada no respeito e no ambiente familiar, assim como a segurança
percebida pelos integrantes, ao longo do convívio, são atributos muito valorizados pelos
membros dessa HDSC.
A valorização da mudança do estilo de vida como fuga do cotidiano, pode ser
percebida de forma gradual, com a observação de mudanças no visual dos iniciantes na
subcultura. Em muitos casos, o comportamento transcende à vida social, com o uso de
roupas e adesivos, fora da experiência de marca.
Muitas garupas se mostraram insatisfeitas com a aquisição da primeira
motocicleta HD, justificando que a compra do produto representa a realização de um
sonho que não era propriamente o seu. Ao imergirem na HDSC, entretanto, a percepção
acerca da marca modifica o sentimento inicial de insatisfação, tonando-se assíduas
frequentadoras dos eventos e ritualísticas do HOG. O exposto evidencia a importância da
compreensão destas consumidoras, pela crescente presença de mulheres no grupo,
como motociclistas. Porém, a maior influência se dá enquanto garupas.
178
Igualmente, decisões quanto à aquisição de novas motocicletas, customizações e
escolha das vestimentas do casal motociclista, muitas vezes são influenciadas pelo
passageiro garupa. Motociclistas do gênero feminino e garupas, atuam ativamente na
organização dos eventos filantrópicos do grupo, diferindo dos HOGs estudados por
Schembri (2009), que apresentou barreiras à entrada do público feminino, em uma
subcultura machista.
A HDSC estudada apresentou alguns atributos, valorizados por seus membros e
percebidos em seus comportamentos e atitudes - respeito, cordialidade, simplicidade,
segurança, parceria, companheirismo, comprometimento e organização. O único caso de
preconceito descrito nas entrevistas foi a presença de dois motociclistas proprietários de
motocicletas HD do modelo V-Road, pelos seus comportamentos de pilotagem e
vestimentas.
Não foram encontradas barreiras à entrada do pesquisador na HDSC estudada,
uma vez que todas as informações necessárias à participação dos eventos, promovidos
pelos organizadores, eram transmitidas a todos os membros, regularmente filiados pelo
site oficial do HOG. Assim sendo, o pesquisador criou várias conexões sociais e laços de
amizade com alguns membros do grupo, pelo convívio, identificação e imersão na HDSC.
Algumas características da subcultura norte-americana, observadas durante a
pesquisa, foram preservadas na internacionalização desta subcultura, a exemplo da
vestimenta e do uso de roupas quentes em dias de extremo calor. Outras características,
como customizações mais radicais com o alongamento dos garfos da motocicleta;
aumento do tamanho do guidão; personalizações na pintura e repintura da motocicleta
entre outras alterações estruturais do veículo, são pouco percebidas entre os membros
estudados e comuns em HDSC mais antigas e maduras, conforme Schembri (2009).
Sojka e Tansuhaj (1995) defendem, que o desafio para os pesquisadores de
consumo tem maior foco nas semelhanças do que nas diferenças identificadas entre as
culturas, de modo a generalizar culturalmente as teorias do comportamento do
consumidor. Sendo assim, alguns pontos convergentes e novos atributos foram
identificados, pela análise da percepção dos consumidores brasileiros, acerca da marca
HD. Nesta linha, o sonho e o status social de ter uma motocicleta da marca HD, foi
intensivamente citado pelos pesquisados. Estes foram atributos não identificados nos
estudos de Schouten e McAlexander (1993,1995) e Schembri (2009).
Aos HOGs pesquisados, assim como em Schembri (2009), o som gerado pelo
motor de uma HD é parte integrante da identidade da motocicleta, bem como seus
179
acessórios, vestimentas e comportamento. Diferentes sensações positivas foram
descritas tais como a relação de poder, o fato de ser percebido e admirado, ao poderoso
som do motor. Sendo assim, é comum entre os entrevistados, a substituição do
escapamento original da motocicleta por modelos esportivos de outras marcas.
Os atributos, liberdade e estilo de vida, analisados na HDSC, assim como nos
estudos anteriores, têm um importante papel na estratégia da marca Harley-Davidson.
Seus consumidores, movidos por um sentimento de liberdade são regidos por um apego à
marca, mesmo sendo submetidos a algumas regras e padrões comportamentais da
HDSC. Usam os produtos disponibilizados pela empresa Harley-Davidson, para a
construção de seu estilo de vida e fuga da rotina. Nesta linha de pensamento, Sheth,
Mittal e Newman (2008) descrevem que entre os proprietários de Harley-Davidson, o
apego pela marca vai além de suas motocicletas. Eles se vestem com acessórios da
marca e seguem um estilo de vida, que acaba sendo quase todo definido pela Harley-
Davidson.
Por fim, foi possível perceber que a identificação de muitos atributos extrínsecos e
poucos intrínsecos à marca HD, pelos HOGs da Harley-Davidson Florianópolis Chapter,
evidencia que no caso da Harley-Davidson, “A alma é a diferença”.
5.2 Limitações da pesquisa
A descrição e a análise dos significados da marca, pelo comportamento do
consumidor, voltadas à identificação e comparação de seus atributos, quando
analisados em diferentes culturas de consumo, conduziram a uma reflexão sobre as
limitações encontradas nesta pesquisa, para a condução de investigações futuras.
Quanto aos instrumentos para a coleta dos dados, o uso de vários métodos
qualitativos, demonstraram eficiência nos resultados. A adoção de mais de um
método de pesquisa qualitativa, objetivou cobrir possíveis lacunas na obtenção dos
resultados, porém, sugere-se também o uso de métodos quantitativos para maior
generalização dos resultados, transcendendo as perspectivas comportamentais de
um único grupo.
180
Outra limitação encontrada foi a do tempo disponível para a coleta de dados,
pelo uso da técnica de Observação Participante. Um maior período viabilizará
identificar alguns aspectos acerca do amadurecimento de um membro, por
mudanças percebidas ao longo do convívio, assim como o elevado custo financeiro
decorrente da aplicação das técnicas etnográficas do estudo, caracteriza-se como
uma limitação.
Nas entrevistas com os grupos focais, o fato do moderador ser do gênero
masculino, pode ter influenciado no padrão das respostas obtidas com os grupos
focais compostos exclusivamente por gêneros distintos.
Algumas análises foram dificultadas durante a abordagem Cross-Cultural, à
fim de evidenciar divergências e convergências, entre as percepções e
comportamentos de membros de uma mesma subcultura de consumo, em diferentes
culturas de consumo. Sendo assim, as limitações consistem no fato da subcultura
analisada, ser muito jovem, por existir a pouco mais de três anos. Assim sendo, os
membros do HOG Florianópolis Chapter, ainda assumem e admitem muito do que
lhes é imposto pela marca, pelo HOG e por alguns aspectos adotados, com a
internacionalização da marca. Desta forma, como exemplo, aceitam todos os
iniciantes sem barreiras à entrada, diferentemente dos estudos de Schouten e
McAlexander (1995) e Schembri (2009), realizados em subculturas, com maior grau
de maturidade.
5.3 Sugestões para trabalhos futuros
Para futuras pesquisas, sugere-se que os estudos sejam realizados
novamente, daqui a alguns anos, com o mesmo grupo pesquisado. Com a
subcultura mais madura, haverá maior possibilidade de identificar o surgimento de
barreiras à entrada de novos membros. Estas barreiras podem ser reforçadas com
maturidade e com o “endurecimento” dos membros chave da HDSC.
O estudo realizou uma pesquisa em profundidade, com o membro
experiente da HDSC. Sendo assim, objetivando conhecer uma visão totalmente
181
nova, sugere-se pesquisar os significados da marca, pela percepção de seus
espectadores.
No Brasil, sugere-se a produção de estudos com o objetivo de identificar a
existência de subculturas de consumo e comunidades de marca, no sentido de sua
caracterização e do nível de imersão de seus membros, assim como, compreender
sua maturidade pela análise da estabilidade do padrão comportamental de seus
consumidores. Este estudo subsidiaria a produção de outros, acerca dos temas
propostos.
Os métodos selecionados neste estudo, podem ser aplicados a outros
Chapters do HOG, no Brasil, objetivando identificar diferenças culturais, em um
mesmo país, na internacionalização da marca. Acredita-se também, que a utilização
de métodos de pesquisa mista, possam trazer novos resultados aos estudos de
marketing.
182
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Filmografia
MOTOQUEIROS SELVAGENS (Wild Hogs). Direção de Walt Becker. Intérpretes: Martin Lawrence; John Travolta; Ray Liotta; Marisa Tomei; William H. Macy; Tim Allen. Roteiro: Brad Copeland, 2007. (100 min.), DVD, son., color. SEM DESTINO (Easy Rider). Direção: Dennis Hopper. Intérpretes: Jack Nicholson; Dennis Hopper; Peter Fonda; Antonio Mendoza; Luke Askew. Roteiro: Peter Fonda, Dennis Hopper, Terry Southern, 1969. (95 min), son., color.
192
APÊNDICE 1 – Transcrição Entrevista Grupo Focal 1
Entrevista focal, Grupo 01. Identificação G1.
Local: Urubici – SC, data: 15/11/2014- sábado as 17:30 horas, tempo total de
gravação= 1hora42min44seg.
Membro Descrição
P:
Gostaria de saber para onde vocês iriam de férias se vocês estiverem com
grandes restrições orçamentárias, ou sem dinheiro, com a sua Harley
Davidson?
E4: Eu iria até as praias de Florianópolis, circularia o litoral ali nosso que é lindo e
maravilhoso.
P: Por quê?
E4: Por que sem dinheiro era só a gasolina, da tempo de voltar pra casa pra fazer a
refeição, pra dormir né. To vendo lugares maravilhosos, to sentindo a natureza
to sentindo a liberdade.
P: Alguém mais iria para algum outro lugar?
E8: Eu iria para a casa de algum parente, fora dali,
P: Com a tua HD?
E8: É seria.
E2: Eu iria frequentar mais o litoral norte, tocante a Balneário Camboriú, Itajaí,
porque eu gosto do agito e ficaria fácil também de voltar no mesmo dia.
P: Balneário Camboriú, é bom pra quem não tem dinheiro?
E2: Não no sentido de não ter o Dinheiro, mas para passear, o visual é você
consegue ter vário atrativos, praia gente, sem precisar gastar, só pra passar.
E7: Eu viria pra Serra, porque agente tem bastante família aqui, e porque eu, eu
193
acho que a praia agente já vive no dia a dia, quando eu penso em descansar eu
não penso muito em ficar nas praias lá , eu penso em vim pra lugares que a
gente não é muito habituado a vim, então agente iria procurar lugares diferentes.
Família agente em, em tudo qualquer canto.
E3: Eu e meu marido, eu não dirijo né, mas meu marido com certeza nos iríamos
também pra Serra, mas lá me campo Alegre, que é perto de Joinville, eu tenho
onde ficar, mesmo tendo barraca, leva a barraca e tudo, então agente se ajeita
tranquilo.
P: Então da pra se divertir com a harley, mesmo sem dinheiro, não é isso?
E3: Com certeza. Com pouco dinheiro, sem dinheiro completamente não dá né.
E5: Eu também ia pra montanha, com minha Harley, feliz da vida.
E6:
Gostaria de constatar que são passeios que agente vai com frequência, Campo
Alegre ou Blumenau, com que a agente tem família, né, agente já tem o costume
de fazer isto, sai no fim de semana, não quer gastar muito, tem onde ficar, é
perto, vai e volta.
P: O que é a Harley-Davidson pra vocês?
E4: Pra mim se tornou, uma grande família, onda a gente aprendeu, né, dinovo a
fazer amizades, que já estava assim defasada e também se tornou o nosso, o
nosso refúgio, né, porque bem quando o meu marido ficou doente, ele comprou
a Harley, né, e isso motivou a gente, né, até cuidar da nossa vida melhor, é
juntar nossa família, que as nossas filhas também participam com a gente, então
pra mim a Harley, se tornou assim uma família.
P: E hoje o que ela é depois deste momento hoje ela esta como, ele serviu
para isto, hoje ela é o que?
194
E4: A continuidade disso, companheirismo, né, na família companheirismo que se
tornou, não só entre um casal, mas entre os casais, né, que hoje inclusive eu
escutei alguém dizer assim a eu não vinha antes porque eu achava difícil de me
enturmar", eu disse pronto, tu já tem cinco aqui para se enturmar, resolvesse
todos os teus problemas, já estais no grupo, o próximo vem conosco.
E7: Pra mim e pro Dani, a Harley tem uma história bem antiga, porque a gente faz
uns 9 anos que a gente tem um sonho de comprar moto e a moto fez parte de
nossa história, e a gente pensou um monte antes de comprar, qual moto, qual
marca né, e aí pra gente foi muito engraçado, a gente tava voltando da nossa lua
de mel, e eu sempre quis que a gente pegasse a Harley, e o Dani ainda estava
meio assim com a esportiva, assim né, aí a gente entrou no avião pra voltar da
lua de mel, quando eu olhei pro lado tinha um casal todo equipado da Harley,
camiseta boné, falei é agora, aí eu peguei e puxei assunto com o cara, falei a o
senhor é motoqueiro? Aí ele assim “não sou motociclista", aí ele começou a
falar, e dai o Dani, saiu daquele avião disposto a ir pelo menos na loja{}. Falei aí
que bom, então assim pra gente, juntou tudo isso, que a Silvana falou também,
eu sempre pensava em ter moto, mas tinha receio da moto, da questão, de a dai
vamos comprar moto, o cara vai comprar moto vai sair sozinho, porque a gente
sempre vê né, grupo de motos e muitos homens sozinho, você não vê muitas
mulheres, é, pois sabe a gente vai ter filhos de dai aí não, e não via com bons
olhos, e na Harley eu falava sempre pra ele, eu acho que é o único grupo de
motos que é diferente é a Harley, porque a gente sempre vê a família, a mulher
os filhos, ta sempre, muita família junta assim, depois que a gente entrou, a
gente também percebeu isto. Pra mim hoje é um ambiente que é uma extensão
da nossa casa, que tem pessoas que a gente convive.
E8: Resumindo, sonho, não um sonho de consumo, sonho de vida mesmo, é
diferente, sonho de vida não sonho de consumo. No nosso casamento o nosso
boneco do bolo, éramos nós em uma moto, e nós não tínhamos a moto ainda. O
sonho de vida de estar nos grupos.
P: Não era uma speed?
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E8: No começo era, e daí quando a gente começou a procurar, ver, e fomos para a
lua de mel já com o pensamento, eu acho que vai ser Harley pela marca né, pois
e falava em moto custom, moto estrada, se pensava sempre na Harley.
P: O que te levou a pensar em Harley?
E8: Porque antes da viagem, porque quando a gente pensava em moto estrada,
conforto, pensava numa Harley, mesmo sem nunca ter feito um test drive. Aí
quando nos voltamos da lua de mel, que encontramos este casal, nos
convenceu, ele começou a contar a história dele, de viagem, de amigos, de
grupo, eles são de São Paulo, mas o que a gente vivencia aqui, agora a gente
sabe que é a mesma coisa que ele vivencia lá, nessa questão de novas
amizades, e amizades que são, que esta iniciando e parece que é amigo há
muito tempo já né, então é impressionante. Nossa família quando fala da gente,
só imagina a gente em cima de uma moto.
E1: Pra mim quando alguém fala Harley, me remete a marca. Aí a Harley tem os
desmembramentos dos grupos, mas quando alguém fala pra mim Harley eu
penso marca, pensou moto camisetas, outras coisas, agora quando fala em
HOG, aí eu penso no grupo da Harley, fora isto quando alguém fala pra mim
Harley eu penso só na marca, não tem outro pensamento quando tu fala Harley,
não vem nenhuma moto específica nem nada pra mim é a marca, eles vendem
uma marca, que eu entendo seja o que for desta marca. Agora o que eu acho o
diferencial da marca Harley, é o desmembramentos, tem grupo, tem passeios,
tem todo um "abraço" da marca, mas fora isto é como eu vejo a Harley.
E2: Eu vou seguir na mesma linha do 8, é a realização de um sonho, mas queria
explicar que é diferente do teu, eu tenho moto desde os 14 anos, que não fique
consignado ao ato ilícito de pilotar antes, e até o ano passado, eu tinha Bike,
tinha moto de velocidade, sofri um acidente, eu tenho um filho de 11 anos, ta
aqui no campi, e eu disse que nunca mais teria moto, nunca mais vou ter moto, e
nisso um pouco mais de um ano e meio que eu fiquei sem moto, eu sentia falta
196
de alguma coisa, e eu me sentia até um pouco mais triste de vida, por não
conseguir mais pensar em ter moto, por deixar meu filho, por questão de
acidente, tudo que passava na minha cabeça quando eu tinha as outras motos,
e um belo dia comecei a frequentar a loja da Harley, encontrei por coincidência,
que todos devem conhecer a Tatiana que é vendedora, ele era vendedora da
Kawasaky e vendeu a minha ultima moto, a ultima Ninja que comprei, peguei
com ela, falei pó esta aqui agora, e ela começou a me apresentar a Harley e eu
comecei a frequentar, fui vários finais de semana na Harley. Não convencido,
não queira assim, olhava e não me via em nenhuma das motos, e dizia assim,
não é meu estilo, não vou me adaptar e eu nunca tinha ido num sábado, até que
de tanta insistência dela, ela dizia vem num sábado na loja, eu fui o primeiro
sábado aonde eu conheci os meus membros do HOG, o pessoal saindo pra
passear e eu falei, poxa bacana. Nesse termos eu teria uma moto, nesses
termos eu voltaria a pilotar, e eu vim pra Harley, exatamente nesse aspecto, a
realizar o meu sonho, e voltar a pilotar uma moto, mais com um pouco mais de
segurança, e com um grupo de pessoas que na estrada te proporcionam maior
visibilidade, então hoje eu faço parte do HOG e frequento os passeios por isto,
opção de passeio com segurança, e a minha realização de sonho, pode pilotar
ter a moto e curtir isso.
E6: Pra mim assim, a vontade de ter moto é a coisa que sempre tive, la em casa
quando discutia, era moto entrando de um lado, e a esposa saindo do outro. E a
Harley veio como m dois pontos, uma que foi uma questão comum dos irmãos,
tem toda a história de comprar a Harley aí quando a gente começou a falar de
Harley, lançando uma ideia de uma viagem conjunta de eu e meus dois irmãos,
que esta por acontecer ainda. E entrou muito como uma válvula de escape do
dia a dia, preso que consome dentro e fora de horário, e hoje penso
principalmente na Harley, e remeto a moto é mesmo o momento que eu pego e
saio.
P: Mas até aí qualquer marca te tiraria do estresse, a Harley especificamente?
197
E6: Entrou muito por conta dos meus irmãos, eu sempre quis ter uma moto, falava
em ter, sempre teve esta questão, aí meu irão gêmeo comprou uma custom,
mas não era uma Harley, era uma Yamaha, aí na época eu falei ah, começo a
aceitar a ideia de ser uma destes estilo, uma deste estilo pode mais de qual
deste estilo. Aí esse mesmo irmão trocou por uma Harley, e aí dessa troca que
começou a vir à questão. Tanto que dai o outro comprou, que é de Florianópolis,
depois eu comprei na sequencia, já com esta ideia inicial de fazer uma viagem
com os três irmãos.
E5: Tem dois elementos muito importantes nisso daí, da onde surgiu tudo isso, eu
morei muitos anos fora, morei por doze anos nos Estados Unidos, e teve uma
época difícil lá, e crise depois do Bin Laden lá o meu negócio foi pro vinagre e eu
tinha que fazer alguma coisa, e aí virei caminhoneiro dos Estados Unidos, fiquei
morando dentro do caminhão dois anos e meio, então eu convivi muito de perto
com esta tribo da Harley-Davidson, é la fora, e aas vezes eu parava, final de
semana era dentro de um posto de gasolina, e eu parava alie ficava "viajando",
falei, caramba eu ainda quero fazer parte de uma tribo dessa porque, pelo fato
daquele povo barbado, mas o estilo de união, o pessoal dando uma força um pro
outro, entendeu. E isto acaba acontecendo agora, é minha primeira moto, eu
tenho minha habilitação de moto, comprei minha moto e não tinha nem
habilitação, entendeu. Depois fiquei enrolando para tirar a moto lá da Harley-
Davidson, e ainda falei pra ela, olha deixa lá que eu vou pegar daqui a pouco,
“mas porque que você não vai pegar, porque que você não vai pegar”, depois
tive que falar né pô, não tenho habilitação, e ela jogou a dela na mesa, "deixa
que eu vou pegar a tua moto", falei não, não vai não. Tipo assim, mais, quando
eu comecei a confrontar com este cenário todo aqui, é tipo assim, o estilo que eu
sou assim, não gosto de dar muita satisfação benção pra nada, pra ninguém,
entendeu. Eu gosto de ter minha liberdade, da minha forma de ser, e aí, o que é
legal aqui que eu vejo, um pessoal focado na mesma intenção, um dando apoio
pro outro onde quer que seja, se um tropeçou, o outro esta do lado na hora, não
importa se o cara é diretor, se o cara é empresário, se o cara é um auxiliar de
escritório, se cara é um Juiz, não importa o que seja, não importa que ta todo
mundo nivelado na mesma ideia, com o mesmo objetivo, e essa união esse
198
estilo de vida né, não precisa dizer muito, só você andar na estrada se quantos
carros emparelham do teu lado pra ficar curtindo a tua liberdade, isto é exemplo
que você vê todo o dia na estrada, onde se passa todo mundo para, para tirar
foto, todo mundo vem conversar com você, por quê? Porque isso é muita gente
quer "cavar" este ambiente pra vida delas, e a gente graças a Deus, tem a
condição de ter este alcance então este é um, um algo mais vamos dizer assim.
P: Nos estamos falando aqui da Harley-Davidson, e vocês relacionam muito
as pessoas, relacionam outras coisas à marca.
E4: É que eu acho que as pessoas estão fazendo a Harley, as pessoas estão
fortalecendo a marca Harley, dessa forma de união, porque quando meu marido
comprou a moto, ele comprou sem eu saber, eu fiquei muito brava, muito muito
brava mesmo, e eu disse pra ele, TA PENSANDO O QUE? que vai chegar
sábado e o domingo, tu vai sair de moto e eu vou ficar com as crianças em
casa?" que eu achaca, dizia assim pra ele, não, nos temos que andar de carro
em família, e aí ele comprou a moto, enfim. Hoje eu ando com ele a gente tem a
nossa liberdade de vir aqui pra um campi no final de semana, quando as viagens
são mais próximas, as crianças vão, elas adoram, as duas, nos temos duas
meninas, nove e dez anos, elas ficam lá na Harley no sábado curtindo aquele,
“aí mãe vamo passear, vamo passear com o pessoal da Harley”. Elas adorariam
estar aqui hoje, então a visão que eu tinha, era aqueles motoqueiros assim que
iam sair, e a liberdade, iam sair de casa e aquela coisa toda. E agora a minha
visão, eu mordi a língua né, porque mudou completamente, por isso que eu digo.
Mudou assim, as crianças, a Harley, a moto, a marca, as pessoas não
separaram a gente, não levaram só ele o motociclista. Eu vou na carona dele, e
as minhas filhas vão de carro conosco atrás dele, nos passeios. Então a gente
brinca assim, de carro de apoio.
P: A Harley permite isso?
E4: Permite, permite que a gente vá em família, tanto é que hoje tem crianças aqui.
199
E2: Falando de Harley, eu acho que ela remete muito a status, pra mim hoje, das
outras marcas, a que melhor objetiva aonde a pessoa quer chegar. As outras
marcas vai, sempre de escalonado, muitas pessoas acabam passando por uma
custom de Yamaha, uma custom da Honda, e chega, um dia eu vou ter um
Harley, quantas vezes eu ouço isto, um dia eu vou ter uma Harley, é onde eu
chego. Mas a observação de falar mais da marca e menos das pessoas, eu
convive brevemente alguns finais de semana com o pessoal da Harley, do HOG
Brasília, Rio e São Paulo, e entre os três, comparando a gente é uma cois muito
diferente, e eu conversando com o pessoal mais experiente aqui, ou mais antigo
do HOG de Florianópolis, Rex Eagle, Zuninho, Alexandre, especificamente eles
apontaram exatamente isto, o nosso HOG, enquanto muitos outros são somente
um pós venda, o nosso ele tem um Q de moto clube. E eles não sabem se um
dia vai mudar, isto, se um dia a gente vai vir a ser só um pós venda da
concessionária com é em outros estados, ou se esta característica, ficou tão
enraizada, aonde tem a união das pessoas que vai conseguir dissociar isto
novamente. Só pra completar, porque que as pessoas falam tanto, eu acho isto
muito...
E7: Só para complementar, eu acho que quando tu fala da Harley, a primeira coisa
que vem na cabeça pra mim é segurança, isto é a primeira coisa, por isto eu
acredito que muitas mulheres incentivam os maridos a comprarem Harley. Se
querem comprar moto, que seja Harley, que é uma moto que te transmite
segurança, porque eu acho que o principal medo da mulher é além desta
questão do marido sair e ela ficar em casa sozinha, é muita questão da
segurança também, porque o cara pode ir e voltar cedo, mas e se ele se matar
na estrada? Por isso que tem que ser uma coisa que te da segurança, acho que
isso é o principal da marca, o resto vem junto porque, como tem muitas
mulheres com este mesmo objetivo de família de tar junto, acaba que se une pra
tentar viabilizar que seja legal pra eles, mas que também a gente também se
divirta, aí une né, mas o principal é a segurança, que é o que te faz vir. O que
eu estava falando com o Dani, logo quando a gente comprou, eu não sentia me
divertindo, porque era um sonho nosso, mais assim a moto em sim, como a
gente não pilota, não é tão emocionante pra gente quanto é pra quem pilota, isto
200
é óbvio. Mas a estrutura que tem pro traz , faz divertir, entendeu. A moto em si é
legal, a estrutura das pessoas, as motos são muito bonitas, eu pelo menos me
divirto vendo os modelos das motos, os roncos das motos, o estilo das pessoas
as roupas, acho muito divertido, isso é uma coisa legal, sabe, que acaba te
divertindo e não só a moto.
E8: Se a minha moto não pudesse ter o ronco que ela tem, eu não teria a Harley.
Além dessa pessoa que indicou a moto e falou um monte pra gente, meu primo
o Geraldo foi a entrega, eu acho que todo mundo já ouviu falar da entrega dele
em São Joaquim, que foi num passeio, num bate fica, e ele não sabia que ia ser
um bate e fica, e quando entregaram a moto ele saiu pra dar uma volta pra
testar, tinha essa galera assim, 30 a 40 motos e entraram, esperando ele, e aí
ele mandou o vídeo pra mim, eu falei cara, isso existe? Que é a questão do
HOG, o HOG ajuda a vender Harley, ele me trouxe pra marca.
P: O HOG ajuda a vender Harley ?
E8: Ajuda, vou te falar porque, ele nos ajudou a comprar Harley, o Valdivino Mouse,
outro casal que ta aqui, ele foi num sábado num churrasco la em casa, na
segunda feira ele foi lá comprar a moto dele, depois que eu falei sobre a marca
pra ele. O meu irmão hoje, ta aqui com a gente, ia comprar uma BMW, ele falou
quero uma BMW, ele foi dar uma volta com a minha moto e voltou, "cara, agora
acho que eu to convencido" além de todo, ele já estava gostando do contexto
que ele falou que é diferente, foi dar uma volta na moto, "e cara gostei muito". E
tem mais uma amiga nossa que, quer comprar uma moto custom, e veio
perguntar pra gente, falei, cara compra Harley. "A mais eu vou comprar primeiro
uma Shadow" falei, não não, espera, junta mais dinheiro então e vai direto pra
Harley, e eu tenho certeza que ela também vai pra Harley. Então são as
pessoas, vai falando bem, as pessoas vê, eu acho, o brilho no teu olho né. Acho
que é isso, mais ou menos isso elas vê o brilho no olho, quando a gente fala da
Harley.
E2: Toda vez que tu vai conversar com qualquer um que não seja harleiro, não
consegue parar o assunto né, vai falar da Harley, vai e não consegue parar
201
.
P: Como as pessoas percebem isto, lutam contra ou a favor, ou aceitam a tua
opinião ?
E2: A família de um modo geral, ela repudia num primeiro momento. E depois eles
te ouvem falando um pouco mais e eles se apaixonam, meu pai e minha mãe
são veemente contrário a moto, tenho um irmão que se acidentou, e eles
aceitaram plenamente a ideia quando eu falei que era um Harley e falei que
andava em grupo. E os outros consumidores, eu to com um amigo na mesma
situação do Tavares, esta comprando uma moto e não tem carteira, de tanto que
eu falei incentivei, falei compra cara compra e ele ta negociando...
E4: Eu percebi aqui na nossa conversa, que assim né o pessoal fala, a tem a marca
Harley-Davidson, tem a moto e tem o HOG, né, então eu só conheço
Florianópolis, só que agora eu tive uma experiência que a gente foi á Blumenau
nosso grupo de Florianópolis, que claro vem o pessoal de Itajaí, vem de
Blumenau que acompanha, que já esta ali né, que conhece o grupo o HOG
então. E aí nos fomos a Blumenau e aí ele falou em segurança, é entrou um
jovem "vocês vão pra Camboriú?" vamos " eu vou junto com vocês". Só que
aquele jovem, não por ser jovem que eu não sei o nome dele, que entrou no
nosso grupo, é ele não entrou com o espírito do grupo, ele não desenvolveu
igual o grupo, ou seja, nos andamos sem pressa, nos andamos com segurança,
o carro quer ultrapassar que ultrapasse, que entrar no meio, entra no meio do
bando, depois ele vai sair, vai dar um jeito de sair, e esse moço ele
simplesmente entrou, eu acho que ele tava pensando que ele estava em uma
moto esportiva, porque ele simplesmente ultrapassou a gente, pegou a
esquerda, tinha um carro nós meio e foi. Ou seja quando chegou lá em
Camboriú no café, o grupo não conseguiu dar atenção pro moço.
E4: É como se ele não estivesse ali, deu um gelo, eu acho que ele sentiu, ele foi
embora mais cedo inclusive não quis ficar, ele não ficou mais tempo como o
grupo.
202
P: Existe uma auto regulação do grupo ?
E4: Existe, existe um povo dizer assim, fez alguma coisa errada, vai ser chamada a
atenção de alguma forma.
P: Daqui pra frente nos seremos mais objetivos, porque sei que vocês querem
sair daqui apouco sair daqui, duvido que vai encontra outro focus group de
novo assim, porque o brilho nos olhos e a emoção que quem ta sentindo
aqui sou eu, daqui a pouco vou começar a chorar.
E8: Choramos em vários, momentos, pedi pra ela, quero ir atrás, eu sempre vou na
frente, eu pedi quero ir atrás hoje, porque? porque eu quero ver. Eu sabia que ia
ser muita moto.
P: Vocês choraram, nº 8 e 7? Porque vocês choram?
E8: A emoção, justamento porque alguém falou aqui que as pessoas passam
filmando, e nós, a nossa vida toda a gente fez isso, passava de dentro do carro
filmando quando passava as motos e Hoje a gente ta aqui. Muito legal.
E1: Eu falei pra ele, eu ainda quero, agora conhecendo o grupo e andando de moto
com ele , eu ainda quero, falei pra ele que eu ainda quero andar lado a lado, sair
um pouco da carona, e futuramente comprar uma pra andar lado a lado com ele.
E3: Posso falar? É pouca coisa, mas eu acho que assim que todo mundo já falou é o
que eu também vou dizer, que é a parte assim, é o que o nº 6 falou é
exatamente isso, quando ele queria ter moto eu sempre dizia, entrou a moto eu
vou sair, a moto entrou numa porta eu vou sair na outra, porque eu sempre,
nunca fui a favor de moto, mas quando eu conheci a Harley, conheci também o
grupo o HOG e tudo, então assim, me convenceu demais, porque eu achei muito
mais seguro, a segurança em primeiro lugar.
P: Como que você conheceu?
203
E3: Eu fui apresentada através do meu cunhado, que nos levou né, e aí a gente
conheceu as pessoas, e foi o que me convenceu assim, eu vi as motos e aí a
gente participou de um encontro, mas aí ele ainda não tinha a moto, mas enfim a
gente já participou conheceu a turma, eu vi que era bem família, e aí depois a
gente, até eu queria fazer uma surpresa pra ele, de dar a moto pra ele de
presente não deu certo, porque o banco não deixou eu liberar{}, não liberou
porque ele é o titular da conta, não consegui fazer, mas aí deu certo, no dia do
aniversário dele, entregaram a moto dele lá em Joinville. Enfim então acho que
ele viu que ele, que a Harley me conquistou. Então assim, hoje eu to bem feliz,
não ando ainda de moto que ainda tenho muito medo, mas ainda pretendo
perder este medo, vou de carro atrás bem feliz, e eu vejo assim é o que vocês
falam, hoje eu ainda to ali filmando, tirando fotos, mas também me emociono
muito quando vejo a turma toda passando assim, o "bonde" passando, bem
emocionante.
E1: Mas acho que o auge da nossa experiência foram o desfile, das bandeiras em
São Paulo, que foram cinco mil motos fechando a avenida Paulista, cada vez
que passava no túnel, o ronco das motos, eu falei pra ele , essa eu chorei, não
tinha como, era muita gente.
P: Chorou com o ronco das motos?
E1: É assim com a emoção de todo mundo ta demonstrando assim, as motos e todo
mundo tava no mesmo pensamento.
P: E o que você sentia, com o ronco das motos?
E1: Sei lá, um extasie assim, de que eu falei pra ele, eu quero ter a minha, eu
preciso ter a minha, virou meio que o objetivo de vida, mais pra frente pra poder
andar com ele.
P: Ao tirarmos a marca Harley-Davidson, de sua moto, roupas e acessórios, o
que resta pra vocês?
204
E5: Um simples vento no rosto
E2: Uma outra moto qualquer
P: Ela não tem qualidade nenhuma ?
E2: Tem qualidade, mas ela não se vende só por isso, a gente compra todo o resto
junto, a gente ta ali pra todo o resto, a ideologia de vida, os valores que passam
por tudo.
E6: Vira uma, como se fosse uma moto, uma motocicleta como uma outra qualquer.
P: Roupas, tudo que tem na Harley-Davidson, produto a parte física, não resta
nada as roupas... ?
E6: Tira a roupa e joga fora, falando por exemplo, pegando a própria questão que a
gente vê, de malha, tem umas citações específicas, até minha esposa trabalha
com malha, tu vê que não é uma malha de qualidade. Algumas coisas assim,
não é que a moto é uma moto ruim, não é só uma marca, mas assim tem outras
motos boas, tem outras, equipamentos de qualidade. Se pegar as conversas, eu
tive contato com meu irmão, ele teve uma da Yamaha, nunca deu problema a
moto também, assim como a minha Harley até hoje nunca deu. Então vamos
dizer assim "é uma qualidade superior", se tirar todo este restante, eu
particularmente não...
E7: Eu particularmente, quando a gente comprou a moto, eu acho que algumas
coisas deixam um pouco à desejar na máquina em si. Por exemplo, a gente tem
a 1200 custom, se a gente não tivesse condições, de customizar o banco, eu
não andaria com a moto. Então eu acho que deixa muito a desejar, eu acho que
no momento da venda, na loja, as coisas deveriam ser mais claras, minha
opinião. Porque assim, se tu não tem um aparato financeiro, para comprar aquilo
que vai deixar ela confortável, você não vai andar na moto, porque ela não é
205
uma moto boa, principalmente pra garupa, eu acho que eles só pensam no
motociclista, a garupa precisa vim todo numa questão financeira confortável, pra
ti deixar ela pra ti. Eu a primeira vez que andei na nossa moto, quando eu sai da
moto eu chorei, falei Daniel eu acho que a gente vai ter que devolver, eu não
consigo andar com esta moto. Então a gente gastou mil reais pra deixar ela boa
pra mim, que uma pessoa que só tem o dinheiro pra moto, tá ferrada, neste
ponto eu me decepcionei um pouco.
E4: É, quanto custa a Fat Boy? Quarenta e quatro mil Reais numa moto, pra um
banco de carona, cujo o limite operacional da bunda feminina é 150 quilômetros.
Gente, dói demais, dói demais, então, só que agora nos estamos numa dúvida
né, ou ele fica coma Fat Boy e a gente compra uma outra moto pra mim que
piloto, e vou junto, ou a gente compra uma Ultra, mas ele não se vê numa Ultra,
eu disse pra ele pô, entre comprar outra moto , trocar por uma Ultra, que tal a
gente trocar de banco ? Mas eu acabei dar uma olhada por aí, é uns mil que
quinhentos Reais, pra botar um confortinho bundál{}. Então quer dizer, é tudo
muito caro na Harley, mas é aquele negócio, conforto conforto, acho que só a
Ultra, que não me deixaram colocar o traseiro lá ainda. Aí assim, eu prefiro
assim, vamo trocar de banco por enquanto, mas eu digo pra vocês assim, tipo,
malha como ele esta falando, se for falar de marca aí, e acessórios essas coisas
todo, marca tu vê as marcas dos Estados Unidos, e as marcas aqui de
Florianópolis, pelo amor de Deus, aqui de Florianópolis, dá 3, 4 lavadas numa
preta, na máquina, ela já deixa de ser preto, agora tu compra lá fora, oh, vai na
máquina, ++ vai e ta sempre nova. As roupas que eu comprei lá fora são muito
melhores e duram mais do que as roupas que eu comprei aqui em Florianópolis.
As roupas da Harley
P: Mais alguém pessoal, em relação ao que fica, tirando o emblema?
O som, só fica o ronco
P: Se colocarmos novamente a Marca Harley-Davidson em sua motocicleta, o
que mudaria na sua percepção?
206
E4: Estilo e status
E7: Tu suportaria, porque ta em cima de um Harley
P: Como característica
E7: Porque tu compra porque te venderam o que é bom, então tu acredita que é
bom. Se ta doendo mas é bom né.
E8: Se eu tivesse feio o test drive nessa moto eu não teria comprado ela.
E5: Eu trago uma história, com um tanque foi desenhado em mil novecentos e lá vai
bolinha, com aqueles dois pistãozao deste tamanho batendo e tremendo pop
pop pop pop, é isso.
P: O que vocês esperavam da marca Harley-Davidson, antes da compra da
primeira motocicleta?
E2: Eu não esperava quase nada. Eu esperava o que qualquer outra marca fosse
me dar antes da compra, e logo após a compra, logo após o primeiro passeio, eu
descobri um mundo que eu jamais pensei que fosse possível, e hoje digo que
com as outras marcas não tem, com a Harley eu tenho.
E1: Eu esperava segurança, de andar na moto.
E5: Eu esperava uma união em grupo network, e eu consegui.
P: Quais os foram os fatores que mais te motivaram na aquisição de uma
Harley-Davidson ?
E5: A história.
207
E7: Segurança.
E6: Foi meus irmãos, comprei muito pela insistência, conversa, ideia deles mesmos,
depois que fez a compra vem o todo resto, e você descobre o mundo que tem
por traz disso.
E6: Com relação à questão da Harley, a questão da moto com certeza, é muito mais
do que eu esperava, eu esperava que fosse algo, que fosse trazer essa união
entre eu e meus irmãos. Tanto hoje como mora cada um em um canto a gente
se vê pouco, então seria pra juntar os três, e hoje se mostrou muito ais do que
isso.
P: Qual foi o sentimento de vocês no dia da compra, da primeira motocicleta?
E5: Tenso
E8: Euforia
E2: Ansiedade, euforia. Ainda mais que a minha levou 15 dias pra chegar e eu tava
justamento indo viajar para os Estados Unidos, ficar mais 15 dias fora, eu quase
cancelei a viagem, pra pegar a moto se não chegasse, não cancelei, mas a
vontade deu, chegou a pensar sobre isso.
E4: Senti uma raiva, uma raiva, o marido tinha comprado escondido de mim, muita
raiva
P: E pra reverter isto, levou muito tempo?
E4: Não, não levou, inclusive Assis, quando ele enche muito o "saco" assim, quando
ele esta estressado, eu digo assim, vai dar uma volta de moto, aí ele volta
bonzinho, bonzinho.
208
P: Quais foram as barreiras que vocês encontraram, na entrada da cultura
Harley-Davidson ? Para entrar na cultura Harley-Davidson, pode haver
alguma barreira, vocês encontraram alguma barreira?
E2: Eu acho que a barreira que aperta as vezes é a financeira, tudo é muito caro,
seja o banco para fazer, uma roupa pra você usar ou pra ter, eu comprei alguma
coisas fora, porque o custo pra mim aqui é inviável.
P: Vocês sentiram alguma momento dificuldade de acesso as informação, pra
onde o grupo ia, o que fazer como fazer, ou tentaram conversar com
alguém, foram excluídos, ouve algum preconceito?
[[ Não
E6: Muito pelo contrário, a receptividade sempre foi muito boa, isso que é o que mais
impressiona, chegar se ser muito bem recebido por pessoas que até tu então
nunca conhecia. Eu obviamente tive um fato que me ajudou, que é o fato de meu
irmão já estar ali dentro, mas mesmo assim de primeiro encontro que a gente foi
de conversar com pessoas que nem tava próximo, que nem foi ele que me
apresentou e conversava muito bem interagia muito bem, então neste sentido
barreira ++, com exceção obvia essa, uma questão de adaptação nossa de
tempo, assim hoje por não estarmos em Florianópolis a gente acaba tendo que
fazer um esforço pra conseguir participar, a gente tem um acordo em casa de
pelo menos uma vez ao mês de tentar ir pra Floripa pra participar desse grupo, e
isso, e a outra essa questão financeira que impacta de fato, qualquer coisa que
tu vai fazer ali dentro, seja uma adaptação na moto, seja uma roupa, uma
revisão acaba impactando.
E7: Eu acho que mulher é um pouco mais difícil, porque o homem, como ele pilota
ele conversa com os outros, geralmente o assunto começa pela moto, daí depois
vem outros é mais fácil de tu fazer conexão, nós como a gente vai na garupa, é
difícil tu ter assunto, mas assim, vai muito da pessoa também, da pessoa se
esforçar e tentar se enturmar, mas eu acho que pra mulher talvez seja um pouco
209
mais difícil entrar, depois também...
E4: Eu pensava assim que, na Harley só tinha mulherada rica, fresca... Eu não
conhecia a Harley, então o primeiro encontro que ele me levou lá no sábado, eu
disse assim, elas vão encontrar só mulherada entojada, sou muito simples, sou
de boa e tal né, e aí eu já cheguei lá e já tinham duas novas, que já chegaram
"oi tudo bem" meio tímida e já fomos conversando, aí depois já veio a mulher do
Poeta (membro do HOG, da diretoria do HOG), já abraçou, já beijou, veio
conversar comigo, inclusive hoje pra mim, assim eu me divirto vindo, tanto de
moto quanto de carro com as crianças, e hoje é a primeira experiência que eu
tive, a Carmem e o Poeta, a mulher do Zunino que são da diretoria do HOG,
elas me ofereceram carona, eu vim de carona com elas, e aí em Tubarão
pegamos mais uma, no meio do caminho teve outra que tava com enxaqueca
que é a primeira vez que ela veio num lugar assim, e entrou no carro também e
aí uma já deu remédio, a outra também já deu remédio, e aí ela disse "aí gente
que coisa boa, eu nunca vim porque eu não conhecia ninguém eu achava que
era muito difícil, era minha dificuldade", pronto acabaram suas dificuldades,
Silvana, Cirlene, Carmem, Raia, e aí a gente se apresentou e estamos aqui
super bem.
E2: Queria completar uma outra dificuldade que lembrei, só a Ultra tem o radio PX
pra conversar. Eu queria ter um rádio na minha pra conversar com todo mundo
também, não tem e não tem opção de comprar, a gente ta tentando ver um rádio
mas não tem.
P: Porque é comum observar vários HOGs, desfilando em um comboio de
motocicletas?
E2: Eu vou usar a resposta do 5 no primeiro momento, o espírito de liberdade que eu
acho que o grupo transparece, todo mundo olha pra ti e quer ta ali onde você tá.
E entra um pouco do status da marca, entra um pouco ++ Então a gente tá onde
todo mundo gostaria de estar, tocante a liberdade, estilo de vida status enfim.
210
E8: O ronco da minha moto já é bom, imagina de quarenta junto, muito melhor. No
túnel, foi assim sensacional, entrando no túnel, muito bom.
E5: A coordenação, a organização como a gente roda, isso é singular.
E7: Eu acho que, tem muito mais pessoas que tem Harley do que pessoas que
andam no HOG. Eu acho que o HOG reúne pessoas que tem esse perfil que
querem grupo, mas também tem gente que tem a sua moto, a sua Harley e não
gosta, acha uma nóia ficar andando em comboio, é porque a gente juntou, que
são pessoas que foram pra Harley, buscando isso. Então pra quem busca isso é
a única opção de marca que te da isso, mas nenhuma outra marca vai te dar
esta questão de comboio, passear todo mundo junto, e acho que é por isto que é
comum tu ver né, que é a única marca também que a gente vê fazendo no nível
que a Harley né, de organização.
P: Quais são os prós e contras desta prática, em andar em comboio, com o
HOG?
E8: Nem todas as pessoas que andam em comboio, tem experiência, primeiro de
estrada independente de moto ou carro, são pessoas muitas vezes que
trabalham dentro do escritório e só andam de moto no final de semana, e muito
pouco. Então tem a questão da pratica mesmo, então tem pessoas que a gente
vê que tem uma dificuldade muito grande, e isso pode vir a causar algum
acidente, acho que é o ponto negativo. Ponto positivo é que essas pessoas
sempre são ajudadas pelos mais antigos, sempre são orientadas, meu primeiro
passeio, o Chiquinho e o Poeta que eu não conhecia, nunca tinha visto ele na
vida, eles me pegaram como se eu fosse um irmão deles, filho, se vai entrar na
minha frente, um se vai entrar em tal lugar, se vai entrar do meu lado, e o tempo
todo na viagem, olhando perguntando se ta tudo legal se ta tudo certo. Então o
ponto negativo é que pode causar algum acidente com pessoas inexperientes, e
o positivo é que os outros ajudam essas pessoas que...
E2: Concordo com ele também.
211
P: Como os integrantes do HOG, se comportam entre si, quando reunidos?
E2: Agindo da melhor maneira possível, e dentro daquilo que se pode esperar de
um grupo desses. Só pra pontuar, nunca vi uma discussão entre os membros.
E7: Eu e o Dani, a gente sempre foi bem atuante da igreja, católica, a gente durante
sete anos participamos de um grupo de jovens, que a gente era bem ativo bem
atuante. E a gente até estava conversando sobre isto na semana passada,
dentro do nosso grupo da Igreja, a gente não encontrava as atitudes que a gente
encontra na Harley, que não é nada, ninguém sai pregando nada, ninguém sai
falando da religião de ninguém, ninguém ta dando lição de moral, ninguém esta
estudando a bíblia, mas as atitudes das pessoas é mais Cristã do que as vezes
você tá la dentro de uma igreja rezando o final de semana inteira e quando sai
de lá, como a gente teve experiências de sair de lá e as coisas não serem bem
assim. Acho que quem busca a Harley já são pessoas com esse objetivo, e
quem não é assim, ela é excluída automaticamente, a pessoa não se sente bem
no HOG.
P: Alguém discorda disso, em algum nível?
E3: Eu quero complementar, eu acho a Harley como família como já foi várias vezes
falado, acho que é um aconchego, um acolhimento muito gostoso, que a gente
se sente seguro.
E4: O grupo, ele age com muita liberdade, com muita naturalidade, não ficam
grupinhos fechados, panelinha fechadas, eu que sou novata, digamos assim que
estou aqui participando do grupo a um ano, eu tenho liberdade pra chegar lá no
Zunino, quando ta com o Poeta, o grupo da diretoria do HOG, estão numa
mesinha, eu tenho liberdade pra chegar lá e "dá licença, eu queria ver isso ++" e
eles atende a gente, param tudo eles atendes, é tudo como muita naturalidade,
liberdade e é gente do bem.
P: E os passeios como são?
212
E8: Maravilhosos, perfeitos, bem organizados, seguros, todas as paradas
programadas são bacanas, enfim.
E7: Eu acho que a medida que a gente vai ficando mais velho, falei isso pro Dani, e
a gente ainda não tem filho, que a hora que a gente tiver filho é mais ainda, a
gente fica com a nossa vida muito restrita a vida familiar, pai, mão e filho né,
irmão, não tem essa vida fora, eu acho que a Harley é um, os passeios são um
momento de tu dizer assim, "não opa pera aí, esse aqui é meu momento",
porque os passeios eles são organizados, tu sabes a hora que vai chegar e a
hora que vai voltar, os passeios são seguros, então se você tiver filhos pode ficar
tranquilo deixar na casa de alguém que tu sabe a hora que tu vai chegar, sabe
que vai chegar com segurança, e é uma maneira de tu ter vida, principalmente
do casal, mesmo depois que casa, que tenha filhos, continuar com a cabeça
jovem né.
E4: Só um detalhe, que eu achei muito interessante que é assim, além dos passeios
organizados pelo HOG, existem um que tem mais afinidade com outro, ah hoje u
vou numa pizzaria, fulano vamos? Ciclano vamos?. E aí a gente, quando a gente
é convidado a gente vai, e chega lá assim, " não trouxeram as meninas porque
?". Sabe, ainda tem aquela cobrança da gente, da família," a gente ta com
saudades das meninas", isto é muito gostoso de ouvir de pessoas que você
recém conheceu, pessoas que tem ++ não precisa gostar de mim, goste dos
meus filhos das minhas filhas que esta tudo bem.
E2: Os passeios pra mim são os melhores momentos da minha vida ++ Eu adoro,
espero a semana inteira o passeio de sábado, e se der algum problema na moto
ou outro compromisso profissional que eu não posso ir, chego a ficar com
urticária em casa, ou trabalhando esperando o próximo semana que vem.
Inclusive fui fazer o discurso do Road Cap foi terrível né, que tu não pode
participar do passeio né, que agonia que dá isso.
213
E8: Por muito tempo, a muitos anos eu não tinha mais esta expectativa de chegar o
sábado, que as pessoas, chegam no domingo a noite " ah a amanhã é segunda"
eu não, sempre gostei muito de trabalhar, graças a Deus eu trabalho em algo
que eu gosto, então eu tenho prazer, trabalhar então, não fica aquela coisa
assim, vai chegar sábado ++ agora não, da quinta feira já começa, amanhã eu
vou dar um jeito de rodar com ela, aí já pego na sexta pra visitar um cliente, pra
dar uma volta, lavar, encher o tanque, torcendo pra chegar ao sábado pra poder
rodar.
P: Como vocês acreditam que as pessoas, os expectadores, percebem os
passeios do HOG ?
E8: Já foi falado bastante, mas é a sensação de liberdade que a gente passa pra
eles
E5: União
E4: Eu vejo sorriso, no rosto das pessoas quando a gente passa, as crianças dando
tchau.
E8: Desperta o desejo neles
P: Com você se sente, sobre os olhares dos expectadores desse passeio ?
E5: Uma estrela
P: E os passeios promovidos por outras marcas de motocicletas, como são ?
E2: Existe ?
E8: Que eu já ouvi falar, enquanto que a gente sai da concessionária, passa no
pedágio, todo mundo passa sem se preocupar em ficar catando dinheiro que é
ruim isso, é chato pra quem ta de moto, porque é pago pelo HOG, e tudo com
214
conforto, nos outros grupos, eles apostam corrida pra quem chegar por ultimo no
pedágio, pagar, não vejo diversão nisso.
P: Filme Wild HOGs, Motoqueiros selvagens, um clássico dos cinemas, revela
a aventura de quatro motociclistas Norte-Americanos, cansados de sua
rotina, como você se sente enquanto integrante do HOG, em comparação
aos motoqueiros do filme ?
E2: Me sinto um deles.
E8: Ainda não, porque teria que ter coragem também, de largar, abandonar...
E4: Se meu marido fosse sozinho eu ia me sentir a mulher de um deles
P: Porque Vocês acham, que os motoqueiros do filme, usavam roupas pretas,
e quentes ?
E2: Pelo mesmo motivo que a gente usa, por ser característico da Harley
P: Quais são os motivos?
E2: Status, identificação do grupo, identificação com a marca, segurança também,
uma grande, resistência à “brasileiridade". E o estilo também.
E8: Pela estética, que combina mais o preto com a moto, com o estio de moto
E7: E também são as opções né
E9: Gente assim, o bacana disso aqui é o seguinte, esta situação do preto, tal e tal,
é a mesma coisa da simbologia da caveira né, todos somos iguais, então esta
questão da roupa preta e todo mundo, tem esta simbologia de dizer, aqui a
gente, somos um grupo de motos mas todos somos iguais, não existe classe
social, não existe diferença, existe sim, um grupo de amigos pra se divertir,
então acho que isso é um ponto muito importante.
215
E7: também as opções né, talvez se existisse mais opções de compra de outras
cores talvez eles teria mais cores, mas a maioria das coisas que a gente vê de
moto é preto.
E3: Primeira vez que eu fui num encontro da Harley, eu fui de rosa, me senti um
peixe fora d'água.
E1: A minha jaqueta é branca, assim, eu fujo um pouco do padrão, meu lenço é
roxo, a jaqueta é branca, mas pra mim tranquilo, eu não me importo muito não
P: Tu já estas, quanto tempo na cultura, HOG ?
E1: Agosto (4 meses).
E4: Tá vindo e eu gosto muito do cinza, que também esse eu acho que pegou um
pouco mais do que o rosa, já que é pesquisa de marketing né?
P: A BMW usa muito o cinza né?
E4: É, vou trocar
P: Assim como no filme, porque muitos membros HOG, alteram o
escapamento de sua motocicleta ?
E8: Pela emoção que passa o som, você não precisa nem subir na moto, você liga
ela e acelera, você já se emociona.
E9: Sensação de poder, eu acho que a partir daquele ronco ali entra na gente ali,
sente poderoso, quem ta na rua te vê, então eu acho que linka esse, o povo que
fora e a gente que ta dentro da a sensação de poder.
E5: É como você escutar um rock pesado do bom, com o volume no mínimo.
216
E7: Eu acho também que é uma questão de, customizar a moto, porque pelo ronco
da moto, que tu coloca, tu meio que se identifica também né. Eu as vezes o Dani
ta chegando eu já sei que é ele, e as vezes ta passando outra moto, eu sei que
não é ele, porque já identificou, então acho que isto tem muito a ver, que tu
cosegue achar um ronco...
E8: E pessoas que não tem Harley, que não conhecem tão bem, muitos não sabem,
que a moto não vem com aquele ronco ali. Todos eles acham, que o ronco é
original, vários amigos meus, o que eu mais gosto da Harley é o ronco né, eu
nem falo.
P: Comente sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como nos
filmes norte-americanos?
E2: Faz parte da vestimenta, faz parte de tudo
E3: Cultura
E4: Conforto também né, porque o lencinho aqui ele de dá, o conforto protege.
E7: Necessidade, porque a gente, pelo menos a mulher porque a gente já sai
vestida meio homenzinho, se tu não bota nada, nem um lencinho, nem um
negócio, pelo amor de Deus, não da pra olhar.
E9: inclusão de grupo, eu acho que essa identificação como eu falei daquela vez lá
de todo mundo estar de preto e tal, e ta tu se sentindo igual, acho que o uso das
tatuagens enfim qualquer tipo de identificação que faz a, a incorporação do
grupo, faz a gente se sentir junto na fantasia, na união, então acho que isso faz
muito parte, dessa sensação aí do HOG.
P: Alguém usava antes de comprar algum desse lenços, acessórios,
tatuagens, usavam alguns desses, antes da Harley ?
217
E8: Não
E5: Só tatuagem
E3: Não
E7: Não
P: E hoje em dia usam?
E3: Sim
E2: Sim
E5: Sim
E6: Não
E9: Sim
E4: Nos passeios, só.
P: Alguém tem tatuagem Harley-Davidson ?
E5: Ainda não.
E8: Ainda não.
E9: Ainda não.
P: Muitos HOGs, costumam andar acompanhados de uma pessoa em sua
garupa. Qual é o papel da garupa nesta cultura, da Harley-Davidson?
218
E9: Companheirismo
E4: Concordo.
E8: Companheirismo, e faz parte do meu sonho, o meu sonho não era andar
sozinho.
E2: Incentivo.
E7: Eu sempre falo pro Dani, eu acho muito bacana, quando eu vejo mulher
pilotando. Mas eu ainda sou garupa, eu não sinto a necessidade de andar lado a
lado, porque pra mim a emoção é ele estar no controle e eu tar acompanhando,
isso pra mim é o que é o, é o que é o legal assim não, não tenho a essa
necessidade de, pra mim a minha diversão é essa, bem definido.
P: Quem decide sobre as compras de produtos HD? O garupa de alguma
forma, opina ?
E7: Só o garupa.
E7: Quando eu conheci o numero 2, o 2 tava lá na concessionária, com a moto sem
sissy bar, dizendo que não ia colocar o sissy bar, porque ia ficar muito feio. Hoje
a moto dele tem sissy bar, porque será que é né ?
E9: Agora eu acho que, como se anda em grupo né, com a esposa ou namorada,
enfim, eu acho que a influência é bastante direta Primeiro assim porque, a gente
se torna uma família, acho que isso é a essência do HOG, todo mundo tá aqui,
mais a gente vê como, o encontro que a gente foi lá em São Paulo no Harley
days, tudo mundo lá da maneira, cabelo cortado, isso , tatuagem isso e aquilo,
enfim, da tribo que fosse, na realidade, na hora que tu vai ti misturar como o
pessoal, tu vê que não é nada daquilo, né daquela primeira ++ impulso negativo
que se tem, mas pensei pô, é tudo pessoa gente boa, que trabalha, que tem
aquilo ali como lazer, como diversão, então isso é um ponto bem importante
219
assim, de ressaltar.
E7: É porque eu falei, as vezes eu e o Dani, a gente participou durante sete anos de
grupo de igreja, que é ao contrário, que tu entra num grupo, que só porque é
igreja tu pensa que tu tá, pra santo né, vai dar tudo certo, daí tu vê, que tu vai
num grupo, que tu olha assim pô, só tem bandido...
E9: Os bandidos também amam e são bonzinhos{}.
P: Como é a vestimenta, de uma legítima garupa do HOG ?
E7: Descabeladérrima
P: É diferente de um HOG motociclista, ou de uma HOG, quem tá atrás, se
veste diferente?
E8: Não.
E9: Eu acho que a cultura é a mesma, todos iguais, aquela situação que eu volto
esse foco aqui, eu penso o seguinte, que cada um tem uma maneira de se
identificar e de se expor né. Mas a gente acaba meio que o preto e tal, todo
mundo se padroniza, acabam se padronizando, mas acho que é por aí. cada um
tem um estilo mas padroniza.
E4: Eu amo meu marido, porque ele deixa assim, igualzinho ele, ele compra colete
pra mim, assim de presente de aniversário amanhã, ele manda borda, ele me
inscreveu no HOG. Então assim, eu chego em casa, e ele ta com surpresa pra
mim de aniversário, pra eu vir hoje aqui, um colete, mandou na costureira,
mandou borda, e tudo pra eu ficar com ele, ele tem o dele ele quer que eu tenho
o meu. É muito fácil ir na loja, e comprar uma camisa uma camiseta, comprar
um próprio colete, agora dispensar um tempo pra ir lá na costureira, fazer uma
surpresa, pregar os brochezinhos e tal, e levar lá, esse tempo vale muito, é
220
amor mesmo, que a gente vê pra ser cada vez mais companheiro.
E7: Mas é tão bonito, que até quem vai de carro, isso que me encantou, até quem
vai de carro vai do mesmo jeito. É muito engraçado, pois até quem vai de carro é
influenciado. A pessoa sai do carro "meu Deus ela tá de carro, ou tá de moto?",
já sai na panka assim, é muito legal.
P: Quem vai de carro no encontro, também vai com a roupa do HOG, quem vai
de carro utiliza algum acessório da motocicleta no carro, da marca no
carro? Tipo adesivo?
P: Quem é que tem adesivo no carro?
E3: TEM
E4: TEM
E4: Hoje vim de carro, vim de colete cheio e broches, vim de lenço no pescoço a
viagem inteira, e ainda participei de todas as fotos oficiais.
P: Comente sobre a participação dos membros da família. De membros não
HOG em encontros do HOG.
E5: Ficam encantados.
E2: Concordo, inclusive meu filha tá aqui hoje.
E1: O filho dele, hoje veio de carro, daí ele " quando eu vou andar de moto, quando
que eu vou participar, quando que eu vou entrar".
P: Quais são as características que definem, um legítimo HOG ? Em relação a
vestimenta, o que define, vocês conseguem visualmente identificar quem
esta entrando na cultura, quem é um HOG quem não é um HOG, quem está
221
no núcleo, só olhando? As mulheres devem ter um percepção superior eu
acredito.
E7: O que mais mudou em mim foi a simplicidade, apesar da marca, ser um marca,
a moto ser uma moto cara, as pessoas são simples. É ao contrário porque eu
trabalho maquiada a semana inteira e chegar o final de semana, e eu as vezes
ah vou me maquiar sábado, putz. E aí hoje, eu nunca saia de casa com a cara
limpa, hoje eu vou andar de moto, e, aí que bom, que é um dia que eu sei que
eu não preciso ficar passando base né.
E8: Os outros grupos que a gente participa, fora da Harley e do HOG, que teriam a
mesma, vamos compara com classes sociais e financeiras, parecidas com estes
que estão aqui hoje, nenhuma pessoa viria pra um campi, então aí já muda.
E9: Eu acho que as pessoas abrem mão do conforto, pela convivência mútua, dos
membros do HOG, acho que talvez, poderia estar num hotel cinco estrelas ou
não, "não vamos todo mundo pro campi, vamo", mas porque, porque, ta em
grupo, vamos curtir a história...
E1: Eu nunca acampei na minha vida, é minha primeira vez, eu falei pra ele, seu
sempre me recusei a acampar, não é meu estilo ++ Mas eu falei, bom, vamos
com o grupo, vamos de Harley, então vamos.
P: Qual é a vestimenta de um HOG?
E2: Vestimenta de Harley.
E8: Calça jeans, camisa geralmente preta, colete ou jaqueta, preto colete do HOG,
boton.
P: E como que é o comportamento desse membro? Como é o comportamento
genérico de um membro do HOG?
222
E9: Queria colocar que inclusive, acrescentar na anterior, que eu até mudei, de
barbear, deixar no estilo mais Harley, a gente acaba invadindo a nossa vida
pessoal e profissional também, e misturando com esse estilo de vida Harley né,
eu acho que isso é um ponto importante.
P: De onde vem o estilo barba na Harley, de onde tu importou essa
característica, essa relação, como tu relaciona a barba com Harley-
Davidson ?
E9: Eu penso o seguinte, que a partir do momento que tu precisa ter uma
identificação diferente dos demais, e tu acaba criando um estilo, pô eu vou ter
um estilo de vida, acho que essa situação da Harley, traz muito o estilo de vida.
E9: Eu quero contar uma história minha, específica, eu fiz a rota 66 em 2012, lá de
costa a costa, e quando eu percebi durante essa travessia lá no deserto e tal e
tal, o estilo de vida dos americanos, que os caras tinham a barba maior ou o
cabelo, eles não estavam nem aí pra aparência, mas sim um estilo em estar
levando com leveza a sua vida, realmente tendo a própria satisfação de ter uma,
o que a gente leva na vida, é só o dinheiro é só e aquilo, não, tem que ter a
satisfação do que tu vive. Então acho que esse ponto, é o ponto principal que
me fez vim também pro HOG, participar e os amigos, o estilo de vida, e também
passou pela característica até de ter a barba e tal, acho que isso foi uma coisa
que modificou.
P: A barba esta diretamente relacionada ao fato de não precisar se barbear
todos os dias. Mas isso não vem importado um pouco, o estilo a forma de
fazer, o cavanhaque e tal, não tem um pouco de importação, da
internacionalização da cultura norte-americana?
E9: Tem, como a marca é norte-americana, a gente acaba muito focando no que o
americano tem de bom, e a gente gostaria de ter no Brasil, então como a marca
esta investindo muito forte aqui, a gente acaba meio que sofrendo essas
influências e vendo o que poderia ser melhor.
223
E4: A barba tudo bem, mas não precisava importar a barriguinha também né.
P: Mas inclusive a Harley-Davidson faz colete P, M, G e GG, que não fecham
na maioria das barrigas, mas ela vende o extensor, então ela é conivente
ou até complacente com essa. Então eu acredito que faz parte do estilo
Harley-Davidson, nossos principais Road Captain utilizam a...
E9: Eu quero até colocar um negócio, eu sempre andei de esportiva durante vinte
anos da minha vida, sempre andei de tudo conter tipo de moto, roda Brasil... E
agora estou no HOG em função dessa viagem que eu fiz lá nos Estados Unidos,
e aí me apaixonei pela Harley, pelo estilo de vida, por tudo isso. Engordei quase
dez quilos, nesses últimos seis, sete meses, em função que eu tinha aquela vida
saudável de corrida, isso e aquilo, e a Harley acaba que, relaxando. Aquela ah
não vou com os amigos é de moto, então tu acaba, vou fazer bicicleta ou corrida,
a não, vou de moto, tu para já bebe cerveja...
P: Com base nisso Harley-Davidson te reporta a algo insalubre?
E9: Acho que sim, nesse sentido corporal sim, é insalubre porque te deixa mais
malandro no sentido de, que tudo quer fazer mais devagar, aproveitando,
observando, tu acaba deixando de lado algumas...
P: Comportamentalmente a cultura te reporta, a uma ociosidade.
E9: E eu até estou mudando esse meu comportamento, já prometi pra mim mesmo
que eu vou perder esses dez quilo que eu ganhei, e já estou trabalhando pra
isso, mas nãoé fácil.
E2: Eu não concordo com essa observação, eu acho que nós, na verdade
aprendemos ter uma outra visão da vida, aonde o meu corpo, seja porque vou
reencarnar um dia ou porque eu não vou durar pra sempre, não preciso cuidar
tanto dele, preciso cuidar um pouco da higiene mental, psicológico do estilo de
224
vida e liberdade, então você dá valor pra isso, ao estar no grupo , ao estar
andando de moto, e não tanto por manter o padrão de rígido de atividade física,
alimentação saudável e 100% saúde né.
E7: Eu acho que, a moto, não só a Harley, a moto te deixa mais suscetível à se
descuidar, por causa desde as roupas que tu usa, até os tipos de passeio que tu
faz, tu acaba descuidando um pouco da tua aparência, porque aquilo que o Dani
falou, qualquer grupo que a gente for, que não seja na Harley, a gente vai
sempre, muita mais arrumado, do que tu vai num passeio de moto. É maquiada,
é salto, a roupa mais curta, agora no passeio de moto, tu já vai um pouco mais a
vontade, então ++, e também assim, a atividade física, muito tu faz, por exemplo,
aí dá um dia de sol, se tu não tem moto, da um dia de sol, ah vamos dar uma
caminhada, eu e o Dani, a gente era "rato de praia", nessa época a gente já teria
ido na praia umas vinte vezes, desde quando começou o verão, a gente não foi
na praia nem um dia ainda. Porque da um dia de sol a gente quer rodar, então é
isso.
E8: O pessoal que teve esportiva sabe, que o pessoal de esportiva anda todo
bombadinho, de camiseta regata, e aí bota a sua esposa, ou mulher, namorada.
Bombada também "panicat".
E9: Quando eu andava de esportiva, eu tinha cuidado com a alimentação, bábábá
++, eu 100% tá. Então assim, eu fazia academia e tal, não que eu não faça hoje,
mas eu tinha uma preocupação estética muito maior. E aqui já na Harley, já não,
a gente tem uns roteiros mais gastronômicos, foi isso que eu percebi.
E4: Só quero ter uma observação, já que é pesquisa e esta sendo gravado, que o 9
disse, a gente come deve ser, veja, uma coisa muito importante que eu gosto de
dizer, quando o passeio é bate e fica, o pessoal toma cerveja, quando é um
passeio bate e volta, o pessoal toma cerveja sem álcool, ou na volta.
P: Como é visto um HOG, que toma cerveja com álcool, num evento bate e
volta?
225
E9: É reprovado
E1: É comum na verdade, o 7 já falou, ele é automaticamente excluído, ou alguém
vá chegar e falar né.
E2: Eu vi pessoas tomando cerveja em bate e volta, e teve chamada a atenção por
outros membros, dizendo que no meio do grupo não, porque ele coloca não só a
vida dele em risco, mas a dos outros.
E9: Todos os passeios que eu fiz até hoje, quando eu fui beber, sempre deixei a
moto no hotel, fui de taxi ou de van, voltei e no outro dia, sóbrio, já tomado café
tal, tranquilo, embarquei na moto, então esse negócio, sempre a gente teve essa
cautela, acho que isso é um negócio bem interessante que a Harley prega
bastante.
P: A Harley-Davidson, disponibiliza uma série de acessórios e peças, para a
customização de sua motocicleta, como você, customiza a sua HD?
E2: O máximo que o dinheiro permite.
E9: Eu penso o seguinte, que todo mundo que compra a sua Harley, ele pensa em
sempre melhorar e colocar alguma coisa, a gente acaba gastando 20 ou 30%,
esse é meu cálculo, do custo que a gente investiu na moto em acessórios, talvez
não seja imediato, talvez seja num prazo de 3, 4 anos, mas quando ele acaba de
customizar ele vende e começa outra.
E8: Agente customizou, pensando no conforto também, no nosso caso.
E6: Eu acho que, são exatamente as duas coisas, primeiro a questão do conforto,
que a moto ela vem seco, eu comprei a moto recente, já tem uma lista das coias
que eu quero fazer, metade dessa lista é voltado para o conforto de uma viagem
longa que eu quero fazer, a primeira viagem longa que eu fiz, já vi cara, a moto
226
não é pra isso, tem que customizar pra conseguir fazer rodar mais tempo. E
segundo pensando em estilo, dai você também olha a moto e fala pô, mas
pedaleira não vai te trazer um conforto, mas, tem uma que é mais bonita,
manopla, não vai te trazer tanto conforto, mais é mais bonita, acho que é são as
duas vezes que acabam levando a vontade de customizar, estilo e conforto.
E7: Na realidade esse já é o objetivo que a gente reclama, mas acho que aí vem a
marca, eu acho que a Harley já sacou isso, então ela sabe que ela não ganha na
moto, ela vai ganhar naquilo que você vai ser obrigado a colocar pra conseguir
rodar...
E9: Ganha na moto e na customização.
E7: Mas eu quero dizer assim, tipo se tu, é uma questão de necessidade entendeu?
Tu customiza não só porque tu quer, mais também porque tu precisa, senão tu
não roda, se não customizar.
P: Como vocês veem o uso de peças não originais, Harley-Davidson, na
customização de uma legítima HD?
E5: Totalmente inaceitável.
E9: Também não vejo eu comprar nada fora do original.
E8: Discordo, eu comprei o sissy bar, o banco eu mandei fazer fora, porque não
tinha do jeito que a gente precisava, pra nossa necessidade, eles não tinham lá,
tive que fazer fora. O sissy bar, esse eu poderia ter comprado lá, mas só que o
preço, custou cinco vezes mais barato, aí é muita diferença, se fosse o dobro eu
ainda eu ainda pagaria, mas cinco vezes, e a descarga, o escapamento que eu
coloquei lá, não era original, eu botei lá dentro, e não era original, não dá pra
dizer que é tudo original, porque eu coloquei lá, depois eu descobri que não era
original.
227
P: O número 5 comentou que é inaceitável, teria algo pra comentar em relação
a isso?
E5: Sim, pontualmente no meu caso, pra mim é inaceitável, eu não me vejo
colocando por exemplo, uma pedaleira customizada do mercado geral numa
Harley-Davidson, eu não colocaria, eu selecionei um tema pra minha moto que é
Skull, e é o que eu coloco, eu sigo essa linha, entendeu ?
E2: Eu concordo com o 5, eu só colocaria uma coisa não original, como no caso do
Daniel, por não ter a opção, por não conseguir pôr por uma razão, senão só
original.
E6: Eu acho que assim, vai muito do item que esta sendo adquirido, quando você vai
pra um item que envolve identidade da moto, no caso de uma pedaleira, uma
manopla, tende-se a buscar algo que seja original, pra manter a identidade com
a marca, com a Harley como estilo. Quando você vai pra algumas outras coisas
que envolvem conforto, a própria questão do escape, o escape não tem né, não
existe um escape Harley, tem o Screamin Eagle que é difícil você achar, na
própria Harley vende o Custumer, que não é Harley. Banco, os bancos originais
também não são confortáveis, inclusive tem empresas renomadas fazendo
banco pra Harley, porque o original não é confortável.
P: Quais são as principais customizações feitas pelo pessoal da Floripa
Harley-Davidson?
E7: Banco.
E8: Escapamento.
E9: Eu acho muito fraco o da Floripa Harley-Davidson a questão de acessórios,
sinceramente, eu no meu trabalho acabo viajando muito pra fora, acabo
trazendo de fora, dos Estados Unidos que é muito barato, chega a ser 5, 6 vezes
mais barato todas essas questões, então assim, tipo o escapamento, agora, vou
trazer agora em dezembro tive vendo lá US$ 389,00. nós estamos falando em
228
torno de R$1000,00, pô aqui eles querem R$ 2800,00 pra minha moto, mesmo
escapamento, então acaba fugindo muito da realidade né, tipo uma tampinha da
primária pô eles querem R$300,00, lá custa US$36,00, então acho que essa
discrepância de preço, é muito grande, e o mercado interno a gente, enfim, por
acabar comprando a moto, tendo a paixão pela marca, a gente acaba investindo
em coisas que talvez nem, tivesse uma função muito mais estética do que
funcional, pela beleza do negócio, mas é um negócio que realmente que na
minha opinião é muito caro, e que deixa muito a desejar essa parte de
acessórios da Floripa HD, eu por exemplo, só comprei a moto, não consegui
comprar um acessório lá dentro até agora, por questão de preço primeiro, e por
questão de muitas coisas de estar la dentro não ser originais e não pagaria pelo
valor que eles estão me cobrando.
E7: Eu acho que, existe uma questão de posicionamento, as peças, existe uma
questão de tudo que vir por Brasil, ser mais caro, porque eu trabalho numa
empresa que é multinacional, e é visto que, tudo aqui é mais caro pela questão
do país em si, mas existe também, um abuso porque a pessoa vai pagar, ou a
pessoa não tem mesmo condições, e como não tem muito giro, eles também
não trazem muita coisa porque não vende, não adiante eles trazerem, pra cobrar
o "olho da cara" se aquilo ali vai ficar parado, então não acaba sendo
interessante né.
E9: Eu queria até acrescentar, eu antes de comprar a minha moto, eu fiz uma
pesquisa em oito concessionárias Harley-Davidson no Brasil, em função do meu
ramo ser também automóvel, tem muita gente que sei que são proprietários de
Harley, tem o cara lá que ele foi meu parceiro de negócios, liguei pra ele que ele
falou "Fernando, te dou o capacete, te dou a jaqueta, mais não te dou um real de
desconto na moto", enfim, liguei pros oito, basicamente a política foi essa assim,
existe uma política muito fechada da Harley no Brasil, que não deixa ter disputa
de preços, e isso é ruim pro consumidor nosso, nos consumidores acabamos
perdendo com isso, muito claro, e a margem de lucro fica sendo muito grande,
pelo produto que oferece. Por exemplo meu ramo automotivo, é de 2 a 3% o
markup dum carro, enquanto uma Harley, pra quem não sabe, o markup chega a
ser de 15% . então eu acho que é uma discrepância, claro que vou dizer o
229
volume e tal, uma série de coisas, mas assim, uma marca que vende acessório
que vende roupa, então se esta faltando a organização de alguém, é deles e não
de nós consumidores, então acho que essa base teria que ser repensada.
E7: Existe um mercado hábito pra comprar, eu acho que o consumidor ele existe,
mas nem todo mundo hoje pode, a pessoa faz esforço pra comprar uma Harley é
isso que eu digo. Todo mundo que compra uma Harley, é um esforço familiar, a
não ser quando a pessoa tem uma condição financeira muito bom, mas na
média ele exige um esforço familiar pra se comprar, e que isso te limita no
restante das coisas, então tu acaba não comprando né.
E7: Se tu paga dez reais numa blusa e ela rasgar na primeira semana, tu vai ficar
com raiva? Não porque tu sabe que tu pagou dez reais, agora tu pagar quarenta
mil numa moto, e ter que ir a Curitiba pra customizar um banco, pra mim na
minha opinião é o fim, porque tu não tá falando de uma moto, de uma CG, mas
tu sabe que existe uma limitação. Eu to com ela porque não fiz teste drive, se eu
tivesse feito Test Drive eu não estaria com ela. Provavelmente compraria uma
mais cara, mas assim, eu repensaria muito na minha compra, eu fiquei durante
quinze dias, muito insatisfeita, muito insatisfeita, e foi porque a gente foi nesse
Peninha Bancos lá em Curitiba é porque ele deu jeito, porque eu acho que eles
deixam muito a desejar neste sentido, e ninguém vai pagar quarenta mil pra sair
com a bunda doendo.
E2: Eu acredito que o item que mais customizam é o escapamento, praticamente
todos ou o maior percentual é o escapamento é uma das primeiras coisas que o
pessoal troca.
230
P: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson
promove dupla interpretação na percepção dos diversos consumidores de
motocicleta. Existe alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao
tema? O som do motor, de uma Harley-Davidson.
E4: Tem muita gente que acha que por causa do barulho eles são arruaceiros, eu no
nosso Whatsapp no grupo, eu achei a atitude do cara lá da pedra furada, que ele
tava achando assim, não vou mandar quarenta e poucos arruaceiros subir aqui e
vim fazer barulho na minha pedra, que a pedra não é dele, ou seja vai subir três
de cada vez, sabe, então assim a aquela visão lá do...
P: O visual do grupo, roupa preta, isso passa pra quem não conhece a cultura
uma visão.
E4: De arruaceiros
E2: De bandido.
E5: Só que a gente tem que levar em consideração, hoje nós tivemos um exemplo
claro disso aí, quando nos estávamos parado ali antes de atravessar, ali, lá na
ponte nova, tão fazendo ali em Tubarão, nos estávamos tudo ali alinhado
organizado no "bonde" veio outro grupo, passa atropelando, não respeitando
guia, não respeitando meio fio, não respeitando acostamento, sai fazendo
lambança, isso são no meu ponto de vista, um bando de idiota, só que essa
turma, acaba trazendo uma associação negativa pra quem é organizado,
entendeu, basicamente isto acontece muito, as vezes a gente é taxado ou
rotulado, aí que, grande elemento surpresa, as pessoas "pô mas você Harley-
Davidson tal, vocês andam com aqueles cara", não perai.
E7: Mas é igual a CG né, a gente acha que moto é perigoso, eu sempre falo isso,
meu pai quando a gente tava falando em comprar moto, meu pai surtou, aí um
dia eu cheguei pra ele e falei assim, o pai, então tá senta aí, tu gosta de andar à
cavalo né, "gosto", sabe quantas pessoas perdem a vida, ficam paralítico por
causa de um tombo de cavalo? É que o problema da moto é que as pessoas
associam, moto, perigo CG, tu não vê uma pessoa numa moto grande se
231
acidentando, uma pessoa que tem experiência se acidentando.
E9: Eu tenho um amigo meu, que é cirurgião de coluna, famoso lá em Florianópolis,
e que ele coloca duas coisas, o que, que é um motociclista e um motoqueiro né.
Ele falou que em trinta anos de carreira dele, ele pegou um de moto grande, que
foi esportiva, motociclista, e os outros 99% foram o dia a dia, o "CGzeiro" dos
dezoito aos trinta anos, é o cara acelerando lá, totalmente inconsequente.
E2: Voltando a pergunta que era do som. O melhor som de rock que eu já ouvi, eu
tenho prazer em ouvir o escape da minha moto, em acelerar, a história de entrar
no túnel em São Paulo pra quem foi no Harleys Day, todo mundo acelerando
aquilo, foi de arrepiar, a minha namorada chorou, eu chorei, a gente disse, pô é
uma emoção muito grande, sai de casa, do condomínio uma sema de festa,
porque não consigo entrar na garagem e não acelerar minha moto, eu não
consigo ligar minha moto na garagem, e não acelerar pra ouvir o barulho, assim
o barulho dela pra mim é 50% da moto, metade da minha moto é barulho.
E7: Aí eu acho que é a questão que ele tá falando, é interpretado porque é uma
coisa invasiva, isso a gente não pode dizer que não é, porque é. Eu sempre falo
isso pro Dani, a gente precisa respeitar o ambiente em que se tá, vai pegar a
moto num lugar que a garagem esta fechada, tem gente que mora em cima que
não precisa ouvir o teu barulho, e nem todo mundo gosta e as pessoas não são
obrigadas a gostar. Dai eu acho que entra isso também, tipo quem tem, tem que
saber a hora certa de acelerar, tu tá no meio de um grupo que todo mundo
gosta. Porque ele falou que é duplo, e tem muita gente que não se toca, que
chega lá tipo, imagina o Dani vai na casa da minha vó, vai chegar na frente da
casa da minha vó e "ERRRRR", não pô, minha vó pessoa de oitenta anos ta lá
dentro, aí pega fama, entendeu, porque tem gente sem noção que...
E9: É o poder, o poder da satisfação, o poder da alegria e o poder da força.
232
APÊNDICE 2 – Transcrição Entrevista Grupo Focal 2
Entrevista focal, Grupo 2. Identificação G2.
Local: Itajaí – SC, data: 19/11/2014- Quarta Feira as 17:30 horas, tempo total de
gravação= 1hora38min4seg
Membro Descrição
P:
Para onde você iria com a sua Harley-Davidson, se você estivesse de férias
com pouco dinheiro?
E3: Eu iria para uma estrada com bastante curva.
P: Por exemplo, tem alguma por aqui?
E3: É, Gramado
P: Gramado, por quê?
E3: Porque eu gosto de andar em dupla, dupla que eu digo com garupa, lá é um
lugar que ++, que atende as duas.
E1: Eu andaria pelo litoral.
Pelo visual, pra curtir o visual, já que não dá pra gastar {onde ir}, pelo menos da
pra curtir o visual
P: E dá pra curtir sem dinheiro com a Harley, sem muito dinheiro?
E3: Eu acho que não.
P: Por que número 3?
E3: Porque hoje agente tá num grau de satisfação assim é ++ mais apurado assim,
agente entrou, entrou na Harley, só que a gente entrou com uma carga de ++
uma carga de sonhos, que nos reme à coisas boas, entende, usufruir de coisas
boas, apesar de saber que Harley tem também a ver com simplicidade.
E2: Eu que gastar com a Harley, e gastar dinheiro com lazer, são duas perguntas.
Depois que você fez o investimento de uma moto Harley, mais barata, pra nosso
233
custo, brasileiros, você consegue aproveitar a moto não gastando muito. Eu acho
que uma experiência legal que agente teve, foi uma experiência barata e
gratificante, pra todos nós, foi o final de semana em Urubici.
P: Pra vocês, então nesse sentido, nisso que nós estamos falando, o que é a
Harley dentro desse conceito do passeio, sem dinheiro, ela é o que?
E3: Ela é o contato com a natureza e a liberdade.
P: O sentimento de liberdade de liberdade vem?
E3: Sim, de usurpilar ++ Sim de, desligar do,afazeres e...
E5: Eu faria de novo a serra do Rio do Rastro, que é um passeio que eu acho, muito
bonito, também gosto de viajar em curva, acho interessante, se aprende muito,
eu acredito. E se vai sem muito dinheiro, e independente da questão, financeira,
concordo a gente ta num nível de consumo alto, e a Harley não é barata, mais o
fato de você ter, as amizades que você cria no grupo, isso é uma parte que
financeiramente não se conta.
P: Parece que a Harley pra vocês é um hobby.
E5: Sim.
E3: Sim.
P: O que vocês fariam se não tivessem esse hobby?
E3: Diria que, ficaria na frente da televisão, que era o que eu fazia antes.
E1: No meu caso eu mudei de hobby, eu troquei de hobby, eu tinha outro hobby,
aeromodelo.
E2: Meu hobby até então, mas continua sendo, meu hobby até então, mas eu divido
com a Harley é andar de bike.
E4: Só pra completar a questão, eu iria a 282, pra mim umas das serras, uma das
estradas mais bonitas de Santa Catarina, a Serra do Rio do Rastro, é uma
excelente opção também, barraca, camping, custo baixo. Também concordo que,
quem tem Harley não tem, é, cultura diferente, não é o que não comprou pra ++
a eu preciso tirar uma onda, porque eu, quero ostentar, eu quero alguma coisa,
234
quando você chega aos, a realização do sonho ++ vamos dizer assim, a Harley é
uma realização de sonho, e você só consegue essa realização quando você
atinge, um ++, um patamar, por isso que, não se ++ não é um público que seja, a
maioria jovem, geralmente você já ta numa, numa faixa etária, é, maior,
geralmente já são ++, duma realização profissional, e aí sim, vem a realização
dos sonhos, e independe valores, por isso que você passa, ter, essa, esse nível
de exigência de ++, a eu quero ir pra um hotel melhor, eu posso ir pra um hotel
melhor e tudo mais, mas na realidade isso não tá ligado à Harley, tá ligado ++, ao
que você está vivendo hoje, estais onde você está, porque tá muito bem pra você
pegar a Harley e sair estrada a fora com uma barraca e vai gastar o combustível.
P: E o que tu faria se não tivessem esse hobby?
E4: Eu tenho um Jeep, Willys, fazia trilha e tal,ou, estaria em casa envelhecendo.
E3: Então assim, a gente tá disposto a tanto ir num hotel top, quanto ir numa barraca,
isso aí a gente tá desprovido dessa, a sabe, desse interesse de++, de não, a
gente se adapta facilmente a qualquer ambiente, principalmente, desde que os
amigos estejam lá.
E5: Eu vejo que, talvez o mais importante pra gente, é a estrada, e não pra onde a
gente está indo, bem acompanhado pelos amigos pela, pela carona, que a
maioria de nos anda sempre com garupa, mais o que importa, é a viagem em si,
a estrada em si, parar num posto comentar o que a gente fez, o que, que passou,
o que a gente viu e trocar essas experiências.
P: Nesse sentido, o que importa é o caminho, e não o que acontece lá.
E5: Não digo não o que acontece lá, não importa o chegar, importa o durante.
E2: Partindo aí do nosso amigo o Chiquinho, eu acho que no momento que você saiu
de moto, é, a sensação única de ++, de ligar o montar da moto, e saber que tu
vai partir pra uma estrada, é única, certo, eu acho que é isso que nos move,
como você falou pra onde a gente vai, não importa muito, o importante é que a
gente esteja na estrada. Reportando o domingo passado, o Poeta nos levou pra
lugares maravilhosos, quem não gosta de fazer curva, não gosta de moto, e a
235
gente andou muito, a gente, a gente chegou em Urubici fazendo curva, a gente
saiu de Urubici fazendo curva, pegamos um o retão no alto da Serra da 282,
saímos descendo a Serra fazendo curva, e pra completar os passeios, fizemos
aquele passeio ali, chegando a São Pedro de Alcântara. Então eu acho que essa
sensação é única, eu acho que lembrança do camping foi maravilhosa, mas a
lembrança da estrada foi muito melhor.
E3: Eu acho que a curva nos deixa mais jovens
E4: Eu acho que, na realidade o que a gente vive, sé o seguinte, a gente precisa de
uma desculpa pra sair de casa, alguém do grupo inventa uma situação se ta em
casa que se precisa ++, assim, a vamos tomar um café lá, pra andar ? vamos,
mas o café é ruim cara, mas vamos.
P: O que é pra você, a Harley-Davidson?
E4: Um sonho, ou a realização de um sonho.
E5: Eu ia dizer isso, a realização de um sonho.
P: Pode falar um pouco mais sobre isso?
E2: É, eu comecei a andar de moto com dezesseis anos, em setenta e cinco ou
setenta e sete, eu vi Easy Rider, com quatorze anos. Ali o Dustin Hoffman e++,
quem é a dupla de cinema ++, bom, mas não vem ao caso, ali eu quis comprar
uma moto Harley, e, obviamente que eu não consegui realizar, por questões
econômicas e também porque meu pai não suportava motos, eu com dezesseis
anos tinha uma moto escondido do meu pai. E eu acho que no momento em que
a Harley, ela se aproximou mais do mercado brasileiro, produzindo as moto no
Brasil,trazendo um ++, permitisse a nos que estamos encontrados, estamos
nesse encontro, e conseguimos comprar uma moto, é, essa moto a dez anos
atrás, ela saia a aproximadamente ++ cento e cinquenta mil, cento e..., nos não
teríamos acesso, é só ver a CBO, então eu acho que, que a realização desse
sonho, que eu comecei com quatorze anos, fez num momento que, essas motos
entraram no Brasil com preços mais acessíveis. Eu nunca falei que elas são
baratas.
236
E3: Pra mim assim, eu assistia filme, policial e ++, e as motos pra mim tinha uma,
uma força muito maior do que, qualquer coisa, nesses seriados né. Então a moto
pra mim era uma coisa assim que eu, eu achava inatingível com a Harley-
Davidson, e ++ inatingível eu acho que eu entro naquela linha do pensamento de
todo mundo, que é um, era o sonho né, pra mim um sonho inatingível, pela vida
mais simples que eu sempre tive, então, é, to no acessível, lógico pela, pela
produção no Brasil né, e ++ e assim era uma coisa que eu achava inatingível,
realmente.
E1: No meu caso, talvez seja um pouco diferente, porque eu nunca tinha sonhado
em ter uma moto né, até a algum tempo atrás, e pra mim...
P: Só voltando pra questão, pra você o que é Harley-Davidson?
E1: Pra mim a Harley-Davidson foi uma oportunidade de eu reconstruir a minha
própria vida, pra mim a Harley-Davidson foi uma oportunidade de reconstruir o
que eu mesmo entendia como o que era importante pra mim. Eu tive um
problema de saúde, bem importante, e a Harley foi a oportunidade que eu tive,
que através de um, do meu irmão, que já, tinha moto, de entender que a vida era
bem diferente do que só se dedicar ao trabalho né, que se poderia, ter coisas
muito mais interessantes, do que simplesmente passar seus finais de semana
dentro do escritório. E aí, é++ se fosse pra resumir o que é a Harley pra mim, é
um processo de reconstrução mesmo, é um processo de rever a forma com que
você encara as coisas que se quer saber, é, sonhar é isso né, você imaginar uma
coisa que você talvez não foi por muito tempo né, ter a oportunidade de ser
aquilo que você sempre quis ser, mas nunca consegui por algum motivo né.
E1: É a oportunidade acho de, de você rever uma série de conceitos, uma série de
posições né, e, e pensar de uma maneira diferente as coisas que você, que você
fazia, eu vejo dessa maneira.
E4: É, eu vivenciei, na minha infância de cinco, seis anos, um ++ um vizinho, que era
aposentado da aeronáutica e, tinha uma Harley que era um sonho, (...) aquele
ritual pra andar e tudo, a ++ um pouco mais velho assistia aquele seriado Chips,
aquilo era fantástico, aquela, aquelas moto e, tu vai acumulando isso, assim
237
como falou o número 2, se tornava mais é, sonho devido a preço, e quando você
estabiliza a tua vida tu diz, não, agora eu vou viver meu sonho, e é isso aí, partiu
pronto.
E5: Eu desde pequeno fui influenciado pelo meu pai, porque meu pai adorava moto,
teve uma séria de motos teve algumas Harley e desde os meus oito anos, sete
anos, eu procurava, qualquer evento de moto pra, ver moto, pra ter contato com
moto e enfim. E, e a vontade de ter a moto era tão grande, que quando eu
comprei, eu tinha carteira pra moto, mas não sabia pilotar, a moto chegou de
guincho lá em casa, porque eu não tinha noção nenhuma de, sabia que a
primeira era pra baixo e o restante pra cima, mais, a moto ficou parada em frente
minha casa, e o entregador disse, sobe e anda, se anda como meu filho? disse
sobe e anda cara, primeira pra baixo o resto pra cima e toca-le o pau. E assim foi
eu subi na moto e comecei a andar, mais, a, vê na época, a felicidade do meu
pai, é++ vendo meu, a minha realização daquele sonho, pra mim isso foi
bastante importante.
P: Se nós tirarmos, da motocicleta e da jaqueta de vocês, os acessórios de
vocês, a marca Harley-Davidson, somente a marca, o que fica? Levando em
consideração, o produto que é, a qualidade, mas vamos tirar a marca, não
existe mais Harley-Davidson, existe uma jaqueta, existe uma motocicleta, o
que fica?
E3: Assim ó, eu, eu tive, eu sempre tive moto, 125, quando jovem, andava muito,
depois quando eu tive uma 180 custom, que era o meu sonho, sempre foi o lado
custom mesmo, é, eu me acidentei, e fiquei vinte e cindo anos sem andar de
moto. Eu, quando eu retornei a andar de moto, foi depois de um, uma situação
que, que eu acho que++ que resumia a minha vida assim ó, eu, deu o que tinha
que dá, e agora eu vou fazer o que eu tenho que, não to nem aí, aí eu comprei
uma Yamaha custom, uma, uma Drag Star uma 650, e eu rodava muito pouco,
eu, eu ligava ela raramente, eu ficava as vezes dois meses sem tirar ela da
garagem, então eu não tinha com quem eu rodar né, e depois que eu, que eu
vendi essa moto, eu comprei um Harley, já foi diferente, as, as coisas, as coisas
sintonizaram de maneira de pensamento sabe...
238
E3: Não existe a marca, porém então assim ó, quando eu tinha uma, uma Yamaha,
eu tinha uma moto, quando eu tinha uma Harley, eu já tinha pessoas pensando
iguais, a maneira que eu tinha de pensar sabe, então mudou a maneira...
P: Desculpa, eu acho que eu não consegui passar aquilo que eu precisava
passar na questão, vou refazer a questão. As pessoas que vem agregadas a
marca, a série e atributos que vem agregados à marca, é a série de coisas
que vocês relataram até o momento, todos eles tem haver com a marca
Harley-Davidson, somente a marca Harley-Davidson faz isso, ou foi essa
marca que trouxe isso pra vocês. Se nós tirarmos a marca sobra o produto,
então quais são as qualidades desse produto, a qualidade do couro, a
qualidade do produto, as qualidades dele em comparação aos demais,
tirando marca, produto.
E3: O que sobra é o barulho, é o barulho e o tanque imponente, uma, uma, um
designer retrô, esse designer retrô ele tá, é o que marcou realmente a nossa
infância, entende, seria, eu acho basicamente isso.
E4: Fica o ronco do motor.
P: E a qualidade do produto? Em relação aos demais, sem a marca, não existe
mais Harley-Davidson.
E3: Ta em terceiro plano
E4: Eu concordo com o número 3, assim ó, se tem o produto, dá defeito, a gente
volta pra oficina, a gente conversa com o mecânico, reclama, conserta, sai,
enguiça, a gente volta,não, não ta importando isso, é diferente de quando tu
compra um, um carro, compra um carro, tu vai la, tu não conhece o nome do
mecânico, tu não sabe quem é o pessoal da loja, da oficina, não te conhece, na
oficina da Harley. Na oficina da concessionária, tu trata o mecânico pelo nome, e
é tratado pelo nome.
E2:
Eu acho que sobra muito pouco, eu acho que o que a gente tem, ele, quando a
gente forma um grupo social se forma em volta de, de ideias, e essas ideias são
agregadas, tem algum fator agregador, tem gente que se agrega por conta da
239
religião, tem outras pessoas que se agregam por conta de um gosto por um
esporte específico, no nosso caso é agregado tudo que é essa marca que tem
cento e, mais de cento e dez anos de história e trouxe pra gente, é..., não é o
produto, eu tenho certeza absoluta que o produto não é o mais relevante, talvez
a Harley não seja o produto que tenha maior qualidade de todas, que seja a que
tenha a ++ maior expressão em relação a isso, mas, mas com certeza é o que
tem o conjunto de atributos que une as pessoas por conta daquela ideia, então,
eu acho que se tirar a marca Harley ++ Harley, você tira junto o conceito que ta
agregado, com tudo aquilo que não é só o produto.
P: Eu to arrancando o conceito, eu to despindo a máquina, do conceito?
E2: Eu acredito que sim. Eu, eu, pra mim traz junto da marca tudo que envolve a
marca né, é++ o que ela agregou durante, desses mais de cento e dez anos que
ela construiu, se você tira a marca, talvez os amigos fiquem por um tempo, talvez
a concessionária fique por um tempo, mas isso tem um fim, porque tu, na minha
opinião, se o você não aquele negócio que, vai te trazer mais pessoas,
movimentar, girar, em volta daquele sonho que todo mundo tem, porque as
pessoas não sonham em ter uma moto custom, elas sonham em ter uma Harley,
e é diferente, né, uma coisa é, tem um carro, todo mundo, tem carros muito mais
interessantes, que a Ferrari, mas o cara quer ter uma Ferrari, né, é, então, pra
mim a marca é o fator agregador, se tirar a marca, você tira o fator que talvez
seja o mais relevante que as pessoas estão envolvidas nele.
E2: Tirar o rótulo da marca, é bem interessante, mas eu dividiria em dois momentos,
se você se refere ao equipamento que eu tenho sem a rotulagem, diferente de
alguns coletas eu continuo acreditando nela, por uma série de fatores, que eu
acho que, eu tenho motor sobrando, eu tenho caixa sobrando, é, eu tenho
conforto sobrando, eu tenho frenagem sobrando, com todos os problemas que a
marca tem, mas as outras também tem, então se eu tirar o rótulo da, da minha
moto eu continuaria andando com essa moto. Mas agora se agente tirar o rótulo
da marca, da moto, e pensar na questão social, no convívio, é ++ então pra ficar
na rotulagem da moto, eu continuo acreditando que apesar de todas as
dificuldades, é, ela continua sendo uma grande moto, eu acho que é diferenciada
das demais.
240
E4: Eu acho que essa é uma, uma resposta muito difícil pra se responder, a mais de
dez anos atrás o Jô Soares deu uma entrevista, feliz, rindo, falou seguinte,
"proprietário de uma Fat Boy, disse Harley que não vaza óleo, não é Harley",
cara você ta se referindo a um defeito, e tá feliz, então é muito complicado, de
produto, que produto hoje, nessa mesa aqui somos proprietários de uma moto do
mesmo ano, que tem um defeito de fábrica e todo mundo tá feliz, e agora?
E2: Mas eu tenho confiabilidade, quando eu to em cima do equipamento, esse
defeito que nós temos, ele se torna, ele faz parte de um periférico, que nos
conduz a um determinado endereço por GPS, agora eu fiz recentemente uma
viagem, vocês sabem disso, e eu vi marcas concorrentes parando na estrada e
agente foi adiante gente, sabe, e isso aí, me dá segurança, sabe, eu vi diversas
motos de outras marcas andando na estrada, então eu vou tirar o rótulo, mas eu
continuo andando com uma marca confiável.
E4: Assino em baixo do que o número 2 falou, contudo, se isso fosse um carro de
qualquer marca, marca X, eu já teria jogado o carro dentro da concessionária,
tacado fogo, espancado o gerente da loja, qualquer coisa, mas a gente chega lá
rindo, e aí fulano os como que vai isso, esse ano ainda...{}
E1: É por isso que eu concordo que, ++ que a questão da marca ela é relevante, se
você tira a marca, talvez depois de um tempo, se não ter..., se começa a falar
assim, Ok, meu equipamento é bom, mas será mesmo que o outro equipamento
da outra marca não é tão bom, pô, será que eu não vou testar por um tempo o
equipamento da outra marca, ou a gente não se dá ao direito de testar o
equipamento da outra marca, a gente ta preso, ao todo o conceito que a Harley
tem, talvez se eu não tivesse o selo, se até pudesse voltar, mas se talvez testaria
um outro equipamento, tu não teria tantas coisas que te prendem aquele, aquele
equipamento.
E3: É tipo um casamento isso.
241
P: Saindo um pouco da motocicleta, indo para os acessórios, tirando a marca,
vocês utilizariam ou utilizam acessórios, não originais Harley-Davidson, na
sua Harley-Davidson?
E3: Não
E2: Não
E1: Não
E5: Não
E4: É cara pra cacete, mas não utilizaria não.
P: Por quê?
E3: Pra não descaracterizar, é, a origem do, do produto, ele, ele tem, ele nasce pra
aquela moto de maneira pensada e, e, e tem um DNA, os acessórios tem um
DNA certo, e uma customização, ela descaracteriza e++ e não vem da mesma
fonte, sabe.
E5: Eu concordaria até a qualidade dos acessórios, não originais, em termos de,
ferragens, cromagens, estofaria, não tem a mesma qualidade que um material
original da Harley.
E2: Eu até tentei, especialmente meu vestuário, mas não deu certo.
P: Por quê?
E2: Bom, uma boa pergunta, não parei pra pensar muito, mas o problema básico é
que++ a rotulagem da marca é muito forte em relação à ++ você cria uma
roupagem em torno da marca, e ela é muito bem conduzida pela fábrica e pelas
concessionárias, e leva a isso, você entra numa sinuca de bico e não tem como
sair.
E3: Os acessórios são muitos pensados, eles são, talvez criados por pessoas que
andam de moto e são muito pensados.
E1: Eu acho que, concordo com, com o número três é++ eu acredito assim, as linhas
de produtos elas seguem uma característica, elas pensam em vários aspectos,
então você tem, a, a sei lá, tem a linha Skull, você tem a linha Skull, você tem
242
várias coisas que tão envolvidas na linha Skull, tem os acessórios da moto, você,
tem o assim, tem o vestuário, você tem acessório pra tua casa, você tem uma
séria de coisas que seguem aquele princípio. É, várias coisas tipo a Electra com
aquela linha né, específica de acessórios que você compra, você comprou, que é
diferente de você comprar um ponto, um item pontual pra fora, alguma coisa
assim.
E2: Fazendo uma analogia à roupa, uma boutique, e é um passeio que eu fiz
recente, eu peguei temperaturas extremas, eu peguei trinta graus, eu peguei
temperatura negativa, e tava exatamente com a mesma jaqueta, eu não mudei
de jaqueta, eu fechava a jaqueta, ou abria todas as alas de ventilação da jaqueta,
e eia embora com a mesma jaqueta.
P: Agora, nós vamos colocar novamente, a marca Harley-Davidson nessa
motocicleta e nessa jaqueta que nos acabamos de tirar, e verificar os
atributos intrínsecos dela, de performance, vamos botar novamente a
marca Harley-Davidson, e o que retorna, o que aparece agora pra vocês, o
que muda ?
E3: A palavra que vem na mente, é o orgulho.
E1: Eu concordo, é, eu concordo com exemplo, uma coisa que eu acho incrível uma
das coisas que mais me chamou a atenção, desde que eu estou andando de
Harley, é, você grupo de motos esportiva passando, de várias, várias...pessoas
olham aquelas, motos, quando a gente passa, as pessoas param e abrem um
sorriso, e as, e o pai mostra pro filho mostra pra criança, existe uma, uma aura
que vai além da gente que tá ++ usando o equipamento né, que ele envolve as
pessoas que tão, que tão a nosso volta né, extrapolam o nosso uso individual,
então é, é questão da marca é, talvez a forma mais correta que seja o orgulho
mesmo né, você botar, fazer parte usando algo que as pessoas olham e se
identificam de uma maneira positiva, dai é incrível isso, porque durante muito
tempo a Harley e o motociclismo foi associado ao oposto né, a, bandido, a
questão mais bad boy né, e hoje eu não sei, porque motivo mas acontece uma
inversão né, existe uma identificação das pessoas com aquele grupo que, que é
bacana, que tem uma ++.legal.
243
E3: É tipo um cara que anda de Bike, ele tem, coragem, e++ o cara que anda de
Harley tem...
E4: Tem dinheiro. To brincando.Nós somos os objetos de desejo, nós somos os
sonhos de muita gente.
E3: Não, não tu ta falando por ti né?
E4: Sim {}. Quanto tu ta no bonde, que o carro passa do teu lado, e você vê aquele
cara que esta pedindo passagem, e você encostou o bonde pro lado direito pra
ele passar, e ele custa a passar, pô o cara tava botando pressão pra passar,
você olha pro lado, ele ta passando de vagar, filmando você. Concordo, a Bike é
o cara valentão, o cara que tem coragem, a Harley é o, hoje nós somos os
sonho, que nós tínhamos, pra outras pessoas, nós somos os sonhos de outras
pessoas, os mesmos que nós tínhamos a alguns anos atrás.
E5: Eu penso o seguinte, por mais que as pessoas possam não gostar de moto, pode
não ter uma afinidade por moto, pode não ter interesse por moto, pode nunca
querer ter uma moto, mas quando ela vê uma Harley, no mínimo ela acha bonito,
ela admira, ela olha, ela fotografa, ela pede pra bater uma foto e encostar, é, ficar
perto, querendo ou não, chama a atenção, não desmerecendo outras marcas,
244
mais, é, a Harley ele atrai, e talvez essa atração, pela estética, pelo ronco, pelo
motor, pela amizade, é o que forma um conjunto de, de fatores, que trás por
exemplo nós cinco aqui hoje.
E3: Uma pessoa que não conhece de moto, ela olha uma moto custom, uma pessoa
que não conhece de moto, ela olha uma moto custom, ela acha que é uma
marca. Então ela meio que...
P: O que a marca Harley-Davidson, agrega aos seus produtos, a marca?
E5: Qualidade.
E1: Atitude, na minha opinião, atitude, é ++ assim na minha opinião, não
necessariamente que é a melhor qualidade entre todas as outras que podem
existir, mas existe um conjunto de, de, de questões assim que envolve a marca
que, pra mim atitude assim, existe um reconhecimento de uma atitude, são
pessoas que, ou lutaram, se por algum motivo foram bem sucedidas e agora
estão dispostas a, ter, sua liberdade conquistada por si, fazer usufruir dela,
então pra mim é atitude.
E4: Valor.
E2: Eu iria além de tudo isso, e eu acho uma questão muito interessante, eu acho
que, nem um de nós um membro antigo do HOG, até mesmo pela, pela
brevidade com que a loja abriu aqui na, na cidade, Florianópolis, mas é muito
interessante, você parar, e conversar sobre moto, no nosso grupo é
essencialmente que são proprietários de moto, e descobrir que ninguém compara
a Harley com nenhuma outra moto, pensando em trocar de moto, certo, a moto
acho que nos leva, dentro de tudo que vocês falaram, ela nos leva a uma
fidelização plena, não se discute mudar de moto, se discute mudar o modelo, ou
parar de andar. Eu acho que não nos leva a discussão, nos leva a discutir na
nossa próximo troca se agente vai mudar de marca, eu acho que isso é legal.
E3: É o ponto final
P: O que vocês esperavam, da marca Harley-Davidson, antes da compra da
primeira motocicleta?
245
E3: Uma moto pra andar, em volta da quadra, ou em, na beira mar, ou final de
semana e voltar pra casa.
E5: Concordo, moto pra final de semana, pra ficar na garage, ficar admirando o, estar
brilhando, nem pensar em chuva e estrada olhe lá.
E4: A sua pergunta, primeira moto, a primeira moto que eu tive ou a primeira Harley?
P: Harley, expectativa que tu tinhas antes de comprar a primeira Harley.
E4: A ++ a realização do sonho de possuir uma Harley. Pela influência da infância de
seriados, de, mas o máximo, inclusive fui questionado na hora da aquisição da
moto, qual a tua ideia de estrada, de viagem, distância, não pegar aqui a 282 no
máximo, com a esposa e voltar. Hoje em dia a gente vai pra fora do Brasil.
E2: Quando eu entrei na marca, sabia que eu queria ir longe, não cheguei perto do
que eu quero, quero ir muito longe, acho que a marca me leva exatamente a
isso, nesses poucos anos que eu tenho Harley, fazem..., dois mil e..., começando
dois mil e nove pra dois mil e dez até a gora, é, rodei pouco, quero rodar muito
mais, acho que a marca, ela me leva a isso, e eu gosto muito de rodar.
E1: Minha expectativa era, muito simples, era substituir, era quase a substituição de
um hobby que eu tinha por outro, e, então, era andar também, final de semana,
curtas distâncias, fazer, curtir pouco aquele..., lance da moto né, da Harley, ter
uma Harley, eu, sonho de ter um Harley, mas nada muito além disso.
P: Qual é o seu sentimento no dia da compra?
E1: Realização total, plena ++ é, felicidade, vida ++ assim, realização, de um sonho.
E3: Eu me senti culpado.
P: Por quê? Número 3.
E3: Porque eu achei que eu tava dando um passo bem maior do que eu deveria.
E4: Eu acho que as respostas vão bater muito, muito próximas. Pra mim foi a
realização de dum sonho, foi uma coisa assim, foi a ++ o ápice.
246
E2: Não a moto pra mim entrou como um negócio, a Harley entrou como um negócio,
eu não estava esperando comprar a Harley, não tava passando naquele
momento pra comprar a Harley, ele entrou como parte de um negócio.
E2: Rapaz, quando eu peguei aquela moto parada à dois anos e meio, levei pra
oficina, não tinha Harley, não tinha oficina Harley ainda em Florianópolis, levei
pro William, quando eu sai com aquela moto lá, sai numa sexta feira 18:30 da
tarde, sai do Estreito, pra dar uma volta até a, até o SIC.
E4: Chegou em casa segunda feira às 05:00 da manhã.
E2: Não chegou a tanto cara, mas passei peguei a minha mulher, e o Rudney
voltando não cheguei antes das dez, daí eu senti que eu tava no negócio certo
viu, mas a grande realização, obviamente foi eu fiquei, muito tempo patinando e
entendendo e querendo fazer um investimento maior, e esperei os modelos
atuais, então posso dizer que bateu muito forte assim, essa coisa de eu ter minha
moto, foi quando, em maio desse ano eu comprei que eu queria, e não a moto
que entrou como negócio. Me deu uma emoção grande.
E5: Eu me senti igual à uma criança pequena, numa loja de brinquedos, escolhendo
um brinquedo, embora tivesse na mente já, cor, modelo, tudo, mais a hora que
você assina um papel como os outros, é uma emoção muito grande, e assim foi,
muito bom. Culpado, talvez, pela idade, de embarcar num investimento desse,
mais uma culpa assim, carregada de muitas, boas energias, hoje culpa nenhuma,
hoje, só realização.
P: Existiram, se existiram, quais foram as barreiras que vocês encontraram,
para a entrada nessa subcultura ?
E3: Não porque a loja era nova e, as pessoas que andavam muito tempo de Harley,
aqui em Floripa ++ em Santa Catarina, elas eram, muito desagrupadas, então o
grupo começou a se formar a partir da loja, então como a, a gente, eu
particularmente fiz parte, eu particularmente fiz parte desse início, então não
teve, não teve nenhuma estrela que, que sabe fosse uma pessoa, que,
imaginasse que fosse me barrar, dessa maneira sabe, não, não tinha nenhuma
247
estrela sabe, tinha pessoas desagrupadas e que não, não compartilharam desse
momento, do, da abertura da loja, sabe.
E4: Eu já peguei a loja já montada, o HOG montado, mas não enfrentei nenhuma,
nenhuma barreira, pelo contrário, é.++ de ser abraçado sabe, quando você não
tinha o, não conhecia ninguém, tava ali um peixe fora d'água assim, vieram com
um balde d'água e me botaram dentro.
E1: A minha experiência foi a mesma, eu também não tive nenhuma dificuldade, (...)
tinha também, todos formados e tudo, eu não tive nenhuma dificuldade, processo
normal, de, conhecer as pessoas, participar de uma ou duas, dois passeios, e
começar a conversar, fui super bem recebido, não tive nenhuma dificuldade.
E5: Eu não tive dificuldade em relação ao grupo, mas eu tinha muito medo, mimeos,
em relação ao grupo, e eu demorei, bom tempo, quase uma ano, até me
aproximar da loja, me aproximar das pessoas, participar do primeiro passeio, né,
mas quando isso aconteceu, é, em nenhum momento eu me senti, mal ou me
senti constrangido, pelo contrário, todas pessoas que participaram daquele
momento, participaram de uma maneira muito positiva, né, muito, de, ajudar de
auxilio de querer de uma forma ensinar, e, dai pra frente eu sigo a amizade, fim.
E2: Eu comprei a moto, essa moto que entrou no negócio, foi antes da loja né, e eu
conheci a loja, logo depois de abrir ++ meu primeiro, fiz alguns passeios locais, e
fiz um passei, no Rio de Janeiro, acho que foi o primeiro passeio grande com a
loja, e ali encontrei algumas pessoas, que me pareceram bastante interessantes,
e foram se agrupando, apesar de eu, de eu ser bastante discreto, eu vejo nesse
grupo pessoas realmente muito ligadas, muito amigas, muito próximas, e, uma
das experiências mais interessantes, talvez seja até um depoimento aqui, eu tive
um micro acidente de moto, e esse cara número 5 aqui não cansava de mandar
mensagens, a toda hora me pedindo pra eu ficasse bom, e eu mal o conhecia, e
isso me pegou muito pesado assim, e eu notei que eu tava realmente, chamar de
amigos é difícil né, porque amigos a gente escolhe, talvez numa mão só, e
agente conheceu um grupo longo de pessoas, mas são pessoas que tão unidas
que tão próximas, e estão, cada vez mais próximas ao ponto de dizer que são
248
íntimas, eu acho isso muito bonito. Eu acho que a moto, a marca é, é
fundamental nesse processo.
E5: É, o brilho que o número 2 tá colocando, eu acho que hoje nós temos, é, no
grupo, uma segunda família montada, é, todo mundo pensa em todo mundo, todo
mundo quer ver todo mundo bem, todo mundo se preocupa no passeio, porque
não tá vendo na frente um cara montado numa moto, ta vendo um pai de família,
como uma mãe de família, ta vendo os filhos, ta vendo uma família em cima da
moto que, tem que ser cuidado, então todo mundo se cuida. É, talvez também
como depoimento, essa questão me tirou de um buraco grande, de ter dentro da
marca, de fato uma família, ter escorrido dentro, dentro do grupo, que é o número
3, uma pessoa que hoje é a figura masculina mais importante da minha vida, na
falta do meu pai, na falta dum, na falta de alguém que eu pudesse contar, acho
que no falecimento dele, é, eu busquei algumas pessoas pra, me ajudar, um
auxilio de, de segurança e tal, e, nesse meio de caminho, eu acho que, conheceu
o número 3 foi assim, muito importante, conhecer o grupo todo foi importante,
mas, chegar pra ele no momento e poder colocar aquilo que eu sentia e o que eu
precisava dele, e ser aceito da maneira que eu precisava, eu acho que isso, tem
um peso familiar muito grande.
P: Pessoal, agora eu quero que vocês descrevam, o sentimento que vocês
tem, quando estão em cima da sua Harley-Davidson.
E4: Liberdade.
E3: Desafio.
E3: De lutar contra o envelhecimento.
E2: Eu acho que, concordo com, com o número 4 a sensação de liberdade, uma
conclusão importante, mas, acho que, eu sou um homem de cinquenta e um
anos, eu não sou jovem, e concordo com o número 3 aí, que a gente luta, é, por
se manter jovem, porque eu não me sinto velho, mas eu acho que a marca e o
grupo me mantém, me ajuda a me manter jovem, eu me sinto jovem e o grupo a,
a pensar dessa forma.
249
E5: Carinho, mas que ninguém ali olha pro outro, sem ter a vontade de dar um
abraço, dar um beijo e perguntar como que foi a semana, de perguntar, se ta
tudo bem, se tava doente, se ta melhor, e, talvez nesse momento, subir na moto
seja um detalhe.
E1: Tranquilidade, acho que pra mim é o momento que, não to sendo visto por
ninguém, comparação, sendo medido, cobrado, simplesmente to,to curtindo, né.
Eu tinha outro hobby, que, tinha, tinha uma certa competição de habilidade, por
mais que não fosse uma competição em si né, a moto ninguém ta competindo
por nada, é simplesmente um grupo de amigos, tão passeando, tão curtindo, tão,
é, tranquilidade assim, um sentimento de, to, participando de algo sem ser
cobrado pro nada, apesar dos bullyings, que eu tinha uma moto que era muito
pequena{}. Tive que comprar uma Ultra por bullying.
P: Por que é comum, obervar vários HOGs, desfilando, em um comboio de
motocicletas?
E4: Esse é o objetivo né, o grupo e a estrada.
P: Por que desfilam em comboios, por que fazem esse bonde?
E3: Pra demonstrar união. Pra nós mesmos.
E5: Voltando a pergunta inicial, da, do contexto aqui, se era retirar a marca, ou
colocar a marca, eu acho que isso é uma característica da marca, as pessoas,
está em grupo, a gente observa várias outras marcas, que tem amigos que
viajam, mas o cara viaja com dois, com três, existe um grupo de amizade, mas
não é um grupo formado de viaje, nos temos um grupo de amizade que é um
grupo que, viaja junto que passeia junto, e que qualquer pequeno evento como
colocado a pouco, tomar um café na esquina, vira um grupo com cinco, com oito,
com dez motos, mais como colocado pelo número 3, não para mostrar para os
outros, é uma satisfação nossa de estar unido, de estar junto, do nos sentirmos
bem.
E3: União e parceria.
E4:
É, essa tua pergunta, só existe na Harley, marcas, as marcas que mais se
250
aproximam++ tu não consegue ver na estrada um grupo de mais de três motos.
Assim como tem a Harley, tem uma outra marca, assim como tem a Harley tem a
BMW, que são, devido a valores seria equivalentes e com um público de ++ de
um mesmo grau de poder aquisitivo, de estabilização social, detalhe, o que é
feito com a Harley, e o que eu digo a nível de, de loja, de eventos, não é feito
com a BMW, a gente cruza muito com, com o pessoal da BM na estrada, e tu
não consegue ver um grupo de cinco motos, nos fomos, a, por cento e dez anos,
foram quase cem motos que saíram, que chegou a São Paulo por nós, então,
fizemos, fizemos um passeio, vamos chamar de um passeio simples, (...) pra
Urubici sábado passado, deram quarenta motos, aproximadamente, então...
E2: Eu acho, eu acho que essa questão, é, a questão da marca da Harley, a questão
da marca, dos nossos passeios e porque tão unidos, é o questionamento que eu
faço pra mim mesmo, eu fico pensando, se todas as lojas do Brasil, conseguem
manter grupos tão unidos quanto a nossa loja, mesmo que ela seja tão nova, tão
precoce e tão unida, isso me, me remete a uma outra pergunta, que talvez vocês
possam me ajudar. É, não foi ao acaso que nós nos encontramos lá, se não foi o
acaso que esse grupo de uniu, então, eu não posso dizer que seja só sorte, e
nem só felicidade de cada um de nós poder ter uma moto pode participar do
grupo, mas talvez o número 3 e número 4, estejam mais engajados aí nos HOGs
do Brasil, posso me dizer, mas eu acho que, que esse espírito de corpo que tem,
na, no nosso grupo, ele não se manifesta de forma tão intensa em outras, em
outras lojas né.
E3: Eu acho que isso se dá em função de ser um, um processo completamente novo,
e sem, sem nenhum ranço assim, uma, uma coisa que tem os, os "bambambãs"
sabe, então eu acho que, se tu pegar o, São Paulo, existe muita alternância de,
de, de pessoas dentro do HOG, e participação, pelo fato de ter interesses
pessoais acima dos interesses coletivos, então aqui acho que, pelo fato de a loja
ter sido, colocada como experiência nova pra nós e pra ela, a gente conseguiu
participar do começo, e esse começo foi desprovido de, tu é melhor, tu é pior, tu
é mais, tu é menos, então isso ++ deu uma igualidade, né, que transformou,
ninguém melhor do que ninguém pra, a ponto de dificultar o acesso ou não,
dentro do grupo.
251
P: Nós estamos falando, do desfile, de motocicletas em comboio, estamos
falando do bonde, quais são os prós e contras dessa prática? Quais são as
vantagens e as desvantagens da prática, de andar em comboio?
E3: Existi um grau de risco, que seria o strike, né o, uma, uma, uma queda coletiva,
né, existe o medo de andar com pessoas, menos experientes e menos atentas,
então que poderia provocar um acidente, esse é o negativo do, do , do bonde né.
Por outro lado existe também uma maneira ordenada e segura de andar, que
compensa a falha individual, de pessoas inexperientes.
E1: Como pontos negativos, é difícil colocar outros além do que o número 3 colocou.
É o ponto positivo é, acho que, aprendizados, até o contra ponto disso apesar do
risco, a própria segurança de você andar em grupo né, eventualmente passando
por algum lugar mais ermo, onde se precisa de algum suporte de alguém, mais
pessoas, então acho que é, segurança, por ter mais pessoas juntas se a gente
precisar de alguém, é, e isso acho que, pra própria diversão né, se ta, tem mais
pessoas pra compartilhar, o compartilhamento ++ do que tu gosta de fazer, pra
mim o ponto positivo é esse.
E4: Quanto maior o grupo, pros Road Captain que tão trabalhando pra conduzir, pra
manter o grupo ali, dá mais trabalho. Ponto positivo, é bonito pra caramba{}.
E2: Eu acho que a questão do grupo ela sempre vai ser polêmica, nunca, nunca vai
ter unanimidade, eu acho isso legal, os prós e os contras, a tua pergunta esta
focada nisso. Então vou lá, os prós, a beleza do grupo, a segurança que você se
sente, da eventualidade de uma pane seca, de uma pane mecânica, de um
acidente, você saber que tão com pessoas ali que tão se preocupando com você,
sabe, e mais eu acho que a questão estética é a mais legal de todas, é
emocionante, você vê rum grupo na estrada, andando de forma harmoniosa.
Agora, ponto positivo, e aí que vem a questão polêmica, é justamente o risco que
o número 3 falou e que não sai das nossas cabeças a cada passeio que a gente
traz, quanto maior o bonde, maior a sensação de que possa acontecer o maldito
strike.
E5: Ponto positivo, segurança e visualização, as pessoas te enxergam na estrada,
tão vendo que você vai passar ou que você vai esperar. Ponto negativo, talvez
252
inexperiência.
E4: Os positivos superam os negativos.
P: O que vocês sentem, quando andam num bonde desse?
E3: Seguro, parceria.
P: Como os membros do HOG se comportam entre si, quando compondo um
bonde, ou quando reunidos ? Falando de comportamento, de um legítimo
membro.
E3: Com mais disciplina, do que visualmente nos teríamos se tivéssemos só.
P: E como se dá, por que essa prática se dá dessa forma?
E3: Exemplo pra quem ta começando.
P: Auto-regulação.
E3: É
E5: Respeito.
P: Estamos falando de bondes, geralmente um bonde compreende um
passeio, são feitos vários passeios, promovidos, por meio da
concessionárias. E esses passeios como são?
E4: É, é feito o trajeto, é tudo programado com antecedência, com organização, com,
qual é a quilometragem, nessa quilometragem as motos que vão tem autonomia
pra chegar, precisa do abastecimento, que moto precisa um abastecimento além
das outras, devido a autonomia diferente, tem pedágio, qual o risco, precisa dum
carro de apoio, dum guincho, aonde nós vamos, o tempo de chegada, calcular os
garupas, vão precisar parar pra esticar uma perna, banheiro,a, tudo feito com
antecedência, o nível de gasto que vai ter, vamo pra um restaurante, quanto é a
média do prato, tem capacidade de atender o pessoal..., bem o grupo, vai ter
onde estacionar, tudo programado.
P: Como vocês acreditam, que as pessoas, espectadores, percebem o
passeio, ou o comboio dos HOGs?
253
E5: Uma boa parte dos que observam, teriam vontade de tar ali.
E3: Mesmo os que tem medo de andar de moto.
E5: Mesmo os que não gostam de moto, teriam vontade de estar ali, porque é muito
bonito é muito organizado, é, é muito ++, é muito de coração a coisa que ta
acontecendo ali, de você estar, com teu companheiro do lado, ta com alguém
que você ta preocupado com ele, não é só mais uma moto na estrada, é alguém
que você tem afinidade, é uma coisa que, te traz um prazer enorme, que é
bonito, então mesmo quem, não, não tem assim aquela vontade de ter moto, ou
quem não gosta moto, o que tenha medo de moto, certamente gostaria de estar
participando com aquele grupo.
P: Como vocês se sentem, sobre os olhares dos expectadores deste passeio ?
E1: Privilegiados{}.
E5: Idem.
E4: Sem palavras, disse tudo{}.
E3: Concordo, privilegiado.
E2: Eu acho que é uma sensação muito, muito agradável, você saber que ta
podendo participar daquilo, e que algumas pessoas, vou usar uma palavra que
não é saudável, mas vou usar ela, com outro objetivo, as pessoas sentindo uma
inveja saudável, de que gostariam de estar ali, andando de moto com a gente.
P: Como você se sente?
E2: Eu me sinto..., gratificado, por poder ter alcançado, por ter chegado ali, poder
participar do grupo.
E3: Eu me sinto influenciando pessoas.
E5: Entra a questão do exemplo colocado a pouco, você ser exemplo para alguém,
de uma ação positiva, de uma atitude positiva.
P: E os passeios promovidos por outras marcas de motocicletas, como são?
E4: Existe alguma ?{}
254
[[ Fazemos questão de não saber{}
E3: Durante o passeio de um outro grupo, eu imagino que eles são muito
individualistas e desorganizados. São muito individualistas na minha maneira de
ver.
P: Alguns filmes, Easy Rider, Wild HOGs, motoqueiros selvagens, um clássico
do cinema, relata a aventura de quatro motocicletas norte-americanos
cansados de sua rotina, como você se sente, enquanto um HOG em
comparação aos motoqueiro do filme?
E5: Eu acho que a moto me tira de qualquer rotina que eu tenho durante a semana,
ele me desliga de qualquer, situação de trabalho, de qualquer situação de
preocupação, talvez seja um escape, talvez seja um escape é, daquilo eu queira
em momentaneamente esquecer, se a ideia é sair da rotina então eu vou subir
na moto e vou rodar.
E3: Infelizmente eu acho que o filme tem muito haver com, com as pessoas que tem
Harley recentemente né, porque elas tem praticamente as mesmas
características do cara que ta, ta mal sucedido na vida, e ta saindo com uma
viagem pra chutar o balde, e, sabe, tem muito coisa verdadeira nesse filme, é em
relação as pessoas que são Harleiros atuais assim sabe de essência.
P: Mal sucedidos na vida?
E3: Não, não, tem de tudo quanto é, no filme, eles tem quatro personalidades
completamente diferente, um cara muito ligado à rotina, um cara que ta fingindo
ser uma coisa que não é, sabe, então tem muita, muito haver com o que, o que
realmente...
P: E como tu se sente nesse cenário, em relação a um desses, derrepente?
E3: A, eu me identificaria com ++ por. Eu identificaria, alguns amigos meus, uma
tatuagem da Apple no braço, eu sei que alguns tem essa, esse, essa
característica né, bem, bem, né. E ++ eu eu imagino um cara, eu, eu me coloco
na, na posição de um cara que ta numa rotina, e final de semana ele da uma
255
extrapolada.
E1: Eu me identifico totalmente com isso, não tem problema nenhum em dizer ++ eu
comprei a moto porque eu fiquei doente e tal, e escutei do médico dizer pra mim,
cara se você quiser ver sua filha crescer, tem que mudar seu estilo de vida, e a
moto me proporcionou isso né, a Harley me proporcionou isso, então eu me
identifico totalmente com a questão de sair da rotina sem problema nenhum.
P: Porque vocês acham que os motoqueiros do filme usavam roupas, pretas e
quentes? Isso digo em relação ao nosso clima.
E2: Tenho uma fama de usar, nossa segurança, teu tenho uma fama de usar roupa
quente ++ eu discordo um pouco da teoria que roupa preta é roupa quente, a
roupa preta ela é quente quando você ta em contato direto do sol sem a
presença do vento, e a roupa de couro é quente quando você ta sem a presença
do vento, porque, o couro nada mais é do que uma pele animal, e nos ajuda a
transpirar e nos ajuda a proteger do frio. Mas vamos lá, eu acho que a roupa
preta não tá, não, não é essa função dela nesse momento, mas eu acho que, a
roupa preta ela tá extrínseca à marca, o preto ta intrínseco à marca, eu relatei lá
no inicio, Easy Rider, pronto.
E1: Também é++ estereótipos, não tem jeito, quando você ta num ambiente social
você vive de uns estereótipos, eu quando to junto com o pessoal do aeromodelo,
eu uso boné, bermuda, e camisa de, cotton e camiseta de coisa. Quando você ta,
dentro de outro grupo existe uma característica, que ta associada aquele, hã,
aquele grupo, pra mim tem a ver com, com o estereótipo que foi criado ao longo
de muito tempo, o cara que anda de moto né, eu acho que até extrapola a Harley
né, talvez qualquer moto custom, tem associado uma característica de vestuário,
que é, roupa mais escuro, um tipo de música que o pessoal gosta.
E3: E o preto acaba sendo um, símbolo de rebeldia né, ele remete a rebeldia,
porque, quando se começou usar, preto era justamente pra, ir contra o que tava
se usando naquela época né, que era tudo muito colorido anos 40, 60, 50, se
usava muito couro e o preto ele veio pra quebrar isso aí.
P: Assim como no filme, muitos membros do HOG, alteram o escapamento da
256
motocicleta, nesse momento nos não estamos falando do som do motor,
estamos falando da alteração do escapamento da motocicleta, alguém tem
algo a comentar sobre isso?
E3: O que eu tenho a comentar sobre isso é o seguinte, as pessoas que olham uma
moto grande, elas esperam um grande barulho.
E4: E aquele escapamento de motor de máquina Elgin não combina né{}.
P: Por quê?
E4: Você imagina uma moto, com aquele, aquela potência de motor, fazendo vru vru,
tu imaginou uma, uma, o som de uma Ferrari, como é que é? É, não da pra ser
aquele vru vru vru.
E3: Tem que ser compatível né.
E4: Proporcional.
P: Comente, sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como nos
filmes norte-americanos, por que isso é uma pratica percebida nos HOGs,
inclusive no Brasil?
E3: É, tipo uma maneira de tu entrar no personagem.
E2: É uma identificação, eu recentemente, em agosto quando eu fiz aniversário, eu
fui surpreendido por um de nossos amigos, o cara me deu um anel.Meu amigo.
P: Tu te imaginava usando um anel desse antes, de entrar...
E2: Não, jamais{}, foi duro parceiro, antes, to identificado com ele{}.
E4: Acho que isso faz parte do estereótipo, entendeu, tu, é acaba eu tendo, fiz
tatuagem não ligado à Harley, mais tatuagem...
P: Por conta da Harley?
E4: Sim, tu acaba..., se tornando mais ousado, mais rebelde, algo do gênero, e com
isso vem o couro, vem o lenço, vem a corrente, a cavera...
P: Alguém tem tatuagem da Harley-Davidson, ou como tema Harley-Davidson
257
aqui?
P: Alguém pretende ter?
E5: Sim.
P: Quem usava alguns desses lenços, tatuagens, correntes assim como outro
acessórios, antes, de ter uma HD ?
E4: Eu usava terno.
E3: Eu não me sentiria a vontade, pra usar algum acessório desse tipo, se não fosse
uma Harley.
E2: Eu tive diversas bandanas, eu nunca tive coragem de usar, só consegui usar
andando de Harley.
P: Quem usa atualmente?
E4: Eu.
E1: Eu.
E5: Eu.
E2: Eu.
P: Todos ?
E1: Todos.
[[ Todos.
P: Muitos HOGs costumam andar acompanhados com uma pessoa em sua
garupa, qual é o papel da garupa, na cultura Harley-Davidson?
E5: Fundamental, eu acho que, a tua companheira, mulher namorada, parceira
enfim, te acompanhar é um ++ é um, uma maneira dizer assim, é uma briga a
menos em casa, por quando o cara tem moto ele curte moto, ele quer sair de
moto, e a mulher não curte, a primeira vez vai, a segunda vai, na terceira a
mulher começa podar o cara, o cara começa podar a mulher, e nosso caso aqui,
nós cinco, somos felizardos de ter as companheiras acompanhando, nos
passeios, viagens, e eu acho que isso é um diferencial bem grande, pra quem
258
infelizmente não tem uma, uma companheira, que seja parceira de viagem.
E3: Eu não, eu não teria nenhuma moto, nem Harley, nem uma qualquer outra, se
não tivesse (...) da minha esposa.
E2: Não teria moto, e não me proporia a entrar grupo, investir na aquisição de uma
moto, se minha esposa não tivesse comigo.
E4: Talvez eu tivesse uma moto, não a Harley, pelo até pelo investimento como falou
o número 2, hã ++ e não teria, não rodaria o que eu rodo, junto com a, com a
minha companheira.
E1: Fundamental, no meu caso é, mais do que a garupa né, minha filha tem 3 anos,
ela vai no carro junto com o bonde{}.
E4: Tem uma disputa entre a filha mais velha, e a minha companheira, porque quem
vai na moto, então.
P: Quem decide sobre as compras de produtos Harley-Davidson, a garupa
opina de alguma forma, ou com algum peso na decisão de compra?
E3: Não
E5: Não
E2: ...{}
E4: As duas ultimas motos quem comprou foi ela {}.
E1: Não
P: Eu gostaria de ouvir o número 5, 3 e 1, se existe algo a dizer por que as
garupas não opinam, se elas passam todos os poderes pra vocês, ou se
existe um motivo específico por conta disso?
E3: Ela opina na, na cor, na cor do carro, no modelo do carro, na, na cor da minha
roupa, agora quando se trata de moto, ela, ela, ela bota um pé atrás e, e passa a
respeitar completamente, o meu desejo.
259
P: A paixão é tua, não dela ?
E3: Não, não, ela respeita, o meu, direcionamento em relação a tudo que envolve a
Harley, ou ao, motociclismo.
E1: É, ela me apoia porque, acabou que a Harley é a marca, que aproximou a gente
mais, então ela, a paixão é minha, mais, é algo que pra ela é bacana, então
ela...respeita não tem muita participação mais.
E5: Eu não enxergo como uma questão de mandar, ou ser mandada, mais como
colocado pelos colegas, nenhuma questão de respeito, é, a paixão foi minha, é
minha da moto, que ela acompanhou, mais, quando se trata em trocar, comprar
um acessório, é, enfim, cor ela, apoia 100% mas passa a bola pra mim.
P: Qual é a vestimenta, da garupa, quando comparada a do HOG, tem alguma
diferença, ela se veste diferente, ou ela se veste igual ao HOG, ela é uma
HOG?
E5: Ela faz parte da, do grupo, com o couro, o anel, o pingente, faz parte da
vestimenta.
E3: Ela demorou um pouco a entrar nesse processo, ela foi meio que lentamente
entrando nesse processo de, de, caracterizar, a, vestimenta, a marca e aos
demais HOGs.
P: Comente sobre a participação de membros da família, não membros do
HOG, em eventos do HOG, vocês incluem de alguma forma membros da
família, que não são membros do HOG, em eventos do HOG?
E4: Sim, a filha principalmente ++ na moto só dá dois né, então disputa com a mãe,
é, da pra ir não dá, "o tomara que ela tome gelado pra ficar com dor de garganta,
num vai, que aí eu vou e tal", e quando tem algum evento ela, costuma,
acompanhar.
E3: Eu evito envolvimento da família porque eu acho que moto é muito perigoso.{}
E1: Sim, tem envolvimento, não só da minha filha mais, a minha mãe já participou
260
várias vezes, meus dois irmãos são proprietários de Harley também, então,
fatalmente acontece o envolvimento, tem uma irmã que não é motociclista mas
também participa.
E2: Eu não, eu não, os meus filhos, eu tenho dois filhos adultos, eles não participam,
mais, nada contra, simplesmente são filhos adultos, eu sou separado, sou
divorciado, to no segundo casamento, e eles tem a vida pessoal deles, nos
damos muito bem, mas não trago eles, simplesmente, porque eles tem outro
grupo de convivência, eu acho que o HOG, é o meu grupo e da minha esposa.
P: Alguém aqui utiliza o HOG como válvula de escape, além da rotina da
semana, como válvula de escape de alguns problemas familiares?
E1: Não
E3: Não
E2: Não
E4: Não problemas familiares, mas 100%..., dia a dia, o estresse do dia a dia.
E5: Não, levar para o HOG problema, mas eu, eu tenho no HOG alguém que me
ajuda a (...)
P: Quais características definem, um legítimo membro do HOG ? Falamos
sobre vestimenta, como se vestem, por que se vestem assim, e atitudes etc.
E3: Solidariedade.
E4: Atitude.
E5: União
P: Como se vestem ? É possível definir um membro do HOG, a distância, por
conta da forma como ele esta vestido, vocês conseguem identificar no meio
de várias motocicletas, aqueles motociclistas, aquele é membro do HOG ?
E3: Acho que sim, são mais coxinhas.
E3: Porque, é, eles tem uma, eles não são nem pro muito, no muito radical, e nem
pro, nem pro muito almofadinha, eles tão com roupa da marca, eles tão, muito,
261
muito loja, sabe, muito pouco, muito pouco customizados.
E2: Eu acho que, concordo com o número 3, eles não reinventam a roda, eles vão na
loja, e compram aquilo que ta escolhido e não passam disso. Não customizam, é
fácil de identificar.
P: Existem regras dentro do HOG, quais são as regras que um HOG deve
cumprir ? De ética e comportamento ?
E1: Como o objetivo principal é o passeio, é pesar pela segurança do grupo, isso, na
minha opinião acho que, é a regra mais importante né, que é preservar a
segurança das pessoas que estão envolvidas na condução dos passeios, na
participação dos passeios.
E4: Segurança, respeito, comprometimento, companheirismo.
E5: Humildade, junto com o respeito que é, fundamental em qualquer relação que
você tenha, seja no HOG ou em qualquer outro grupo de convívio, mas você ser
humilde de aceitar, a experiência dos demais, aceitar um, conselho, ouvir, ter
humildade.
P: Como acontece o preconceito, discriminação, em relação ao novo
integrante membro do HOG, existe esta prática, vocês já viram, já
presenciaram a prática de algum preconceito, discriminação, em relação a
forma de vestir, ou ao nível social, ou ao comportamento, ou
autorregulação do grupo ?
E3: O único preconceito que a gente tem é pra quem comprou uma V-Road.
E3: Porque são pessoas que veem a Harley, na minha opinião, de outra maneira,
diferente da nossa.
P: Como?
E3: De ascensão...
P: Essa não seria a moto de transição, da subcultura Biker, para subcultura
262
Harley ?
E4: Positivo, eu não vejo como transição, a pessoa não saiu ainda do Bike.
E5: Talvez ela não tenha, é, encarnado no que é Harley.
E1: Apesar da gente falar que existe alguns, que existe o preconceito que se
comenta, mas eu nunca presenciei alguém que participo do grupo, andando de
V-Road, ser maltratado, ser excluído, ou deixar de ser convidado pra qualquer
passeio pelo fato dele ter uma V-Road.
E3: Mas quem tem V-Road, tem um comportamento estranho.
E1: Sim, mas pode ser um comportamento da pessoa na minha opinião, mas nunca
vi nós, os idosos, membros do HOG, se comportarem diferente porque o cara
tem uma V-Road. A não ser pelo caso do V-Road com o escapamento aberto.
P: A Harley-Davidson disponibiliza de uma série de acessórios e peças para
customização, de sua motocicleta, como você customiza sua Harley-
Davidson?
E5: Não customiza.
E4: Você tem, compra a moto, como a moto, e compra outra moto em acessório.
E3: É, a Harley dispõe de, de, de umas quatro linhas eu acho, de, de acesse, de
customização, a gente se identifica com uma delas e segue aquela linha, dentro
do que a gente acha ser, o que mais e assemelha, ao nosso comportamento.
P: Por que alteram a sua Harley-Davidson?
E4: É uma assinatura.
E3: É pra uma não ficar igual a outra.
P: Como você vê o uso de peças não originais, na customização de uma
Harley-Davidson?
E3: De mal gosto.
263
E5: Talvez até de, desentender, de não conhecer, sobre o material, sobre o
acessório, e, descaracterizar a moto, porque, como foi colocado a pouco, parece
que o acessório da Harley, ele é criado, milimetricamente pensado, então, você
instala na moto, ele fica, é, ornado, na moto, um acessório que não é original da
marca, ele pode ter a mesma furação, ele pode ter o mesmo encaixe, mas o
designe, o modelo, a almofada, o couro não é o mesmo, então ele, diferencia da
moto.
E1: Eu particularmente não vejo, problema, eu não faço, não tenho vontade de fazer,
como uma outra peça, mas, acho que é muito individual, muito pessoal, tem
gente que, que faz, de uma outras marcas, ou manda fazer mesmo, produzir
peças ou acabamento, acho que é muito individual.
E2: Pra ser um pouco mais polêmico na questão, pra ser um pouco mais antagônica
a tua pergunta. Apesar de andar de Harley, apesar de eu gostar de Harley, eu
gosto muito de manter a originalidade na minha moto.
E3: Ainda bem que o Adir não ta aqui.{}
P: Por que número 3?
E3: Porque, ele usa a tatuagem da Apple no braço{}.
P: Será que foi por conta do filme, Wild Hogs?
E3: Não, ele acha que tem que fazer, bom ele, ele vive a realidade dele, acha que,
que a, bom ele não ta muito, harmonizando as coisas, faz de acordo com a
necessidade.
P: Quais são as principais customizações, praticadas pelos membros do HOG,
da Floripa Harley-Davidson?
E1: Alteração do escapamento.
E5: É quase que padrão isso, é quase que padrão.
E4: Concordo, se nós fossemos colocar a nível de, a classificação o primeiro, um,
dois, três por classificação, seria o escapamento, mais, aí já é um, é como eu
falei, é uma assinatura, é um gosto, um vai bota led colorido,o outro não...
264
P: Mas se formos comparar, por exemplo, as customizações feitas, na The
One em Curitiba, com as da Floripa Harley-Davidson, deve existir algumas
discrepâncias, la se usa mais o Ape Hanger, guidão alto, e aqui se usa mais
a alteração do escapamento, elencando, primeiro escapamento, e mais o
menos o que dizem os demais, varia muito entre os HOGs.
E1: Eu acho que o primeiro é esse aqui, e o segundo são acessórios, acessórios de
acabamento assim, tampa, é da primária, é, tampa por, pra pedaleira, pedaleira...
E2: Concordo, mas eu discordo um pouco do número 1, eu acho que no momento
que você faz esses pequenos adornos, troca a tampa da primária, troca o punho
e tal, a gente não ta customizando, a gente ta colocando um adereço na moto,
customização é um negocio que, personalizando, customizando é um pouco
diferente de personalizar, talvez, não sei, será que eu to errado.
E3: Concordo, é, nós estamos num processo muito recente de customização e
personalização de moto por que, porque a gente ainda ta muito atrelado ao que
aloja impõe ou induz, a ser usado, lá na frente, assim como nos Estados Unidos,
as pessoas vão se dar conta, de que cada vez mais a moto tem a ver com a
personalidade de cada um, que não é simplesmente um acessório, ou algumas
coisas que vá alterar na moto, lá na frente eu vejo que a customização, não a
personalização, vai se tornar uma coisa muito mais forte, muito mais presente em
toda a cultura Harley-Davidson, por que, porque as pessoas vão começar a
querer se diferenciar desses novatos que estão entrando, e isso é um processo
meio que natural, isso a gente vê nos Estados Unidos, é assim, tende as
pessoas que usam arma nos Estados Unidos, usam umas motos, com uma
característica X, é e, é muito mais, mais coisas envolvida, referente a
personalidade. Entende, então assim ó, eu acho que lá na frente, é, como uma
tatuagem a pessoa vai envelhecendo, e vai tendo coragem de por uma tatuagem,
então lá na frente as pessoas que estão, realmente querendo sair desse lance de
comprar peças, coisas prontas de loja, elas vão sim querer ter uma, uma, uma
forma mais radical de expor a sua personalidade, e que realmente se identifique
mais com coisas, focadas na sua personalidade, então é onde ela vai conseguir,
265
é se diferenciar, e vai buscar cada vez mais a customização, que hoje é muito
pobre nesses membros Rodes.
P: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson,
promove dupla interpretação, na percepção, de diversos consumidores de
motocicleta, existe alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao
tema ? O som do motor de uma Harley-Davidson.
E4: Único.
E2: Se eu pudesse, eu tinha uma carburada {}.
P: Por que número 2?
E2: Porque, a moto carburada, ele realmente nos, nos remete, é, a cada um de nós
aqui, eu acho que todos nós deve ter alguma literatura de Harley, e já leu, que
começou lá nos primórdios de 1900, falar de moto, e somente a moto carburada
nos mostra, é, nos faz ouvir, aquilo que nós lemos, as motos que já são
eletrônicas, infelizmente não nos remete a isso.
E3: Eu imagino que, que todos que estão aqui, a maioria dos que estão aqui, pensam
em ter uma segunda moto, como, o realmente o sonho, que seria uma moto
completamente importada, customizada, é, amassada, lixada, suja, sabe onde as
roupas que a gente usa hoje não combinaria com, com essas motos, entendeu,
eu acho que todos aqui, a maioria deve ter esse sonho de, de ter uma segunda
moto. Que não teria injeção eletrônica com certeza, seria carburada com aquele
motor quase parando.
E5: Concordo com o exposto.
266
APÊNDICE 3 – Transcrição Entrevista Grupo Focal 3 Entrevista focal, Grupo 3. Identificação G3. Local: Itajai – SC, data: 19/11/2014- Quarta Feira as 17:30 horas, tempo total de gravação= 1hora38min54seg
Membro Descrição
P:
Para onde você iria, em suas ferais sem dinheiro, com a sua Harley-
Davidson?
E3: Ia para o Chile
E2: Eu iria junto com ela, pro Chile.
P: Da pra ir pro Chile sem dinheiro?
Aquele casal ta a seis meses, vivendo de, um pouco aqui um pouco ali, é.
P: Dá pra viajar sem dinheiro com a Harley-Davidson?
E5: Eu que, se o pessoal da BMW, lógico que eu acho que, eles tão com dinheiro né,
porque, é venderam e tão viajando, acho assim, muita gente ajudam eles, e isso
me deu tipo assim um certo, uma certa inveja, né, eu pensei naquilo. Pegou pelo
trabalho mesmo achando que é tão estressante, me deu tipo assim, bom porque
que a gente não pode fazer, se aquilo meio que me coçou, sabe. Mas, a gente
tem mais um pé no chão, é lógico, que eles fazem aquelas coisa assim,
derrepente, eu tenho filho eu tenho neto, mas que deu uma coçada deu. Mas eu
acho que dá, mas eu acho que eu ia pra Machu Picchu.
E1: Eu acordava em passar em um camping, veio dormir com um grilo na cabeça
mas eu acho que subiria uma serra ia pra um camping, porque a sensação de
liberdade que a gente tem de viver, de ver céu de ver montanha a baixo, foi
sensacional.
P: O que é a Harley-Davidson para você, a marca Harley-Davidson?
E3: Liberdade
E2: Liberdade e encontro de amigos.
E1: Amizade
267
E5: Eu também acho que é liberdade, né, é novos amigos que a gente acaba
fazendo, a ++ eu acho que, o que eu sinto pelos meus amigos que a gente tem
até hoje, é aquela coisa sem distinção, porque eu tenho mais, eu tenho isso, eu
tenho aquilo, então o que eu levo muito, até uma vez numa reunião da, que eles
estavam fazendo um curso e eu cheguei, eu falei pra eles né, se eles sabiam o
que, que era a caveira, que a gente usa muito, a gente usa uns acessórios, de
um brinco um colar, e a caveira nada mais é, do que você não sabe, se aquela
caveira foi homem, mulher, branco, negro, japonês, o que, que foi, né, você não
sabe, é uma caveira, então, somos todos iguais, e eu tenho sentido isso com,
com o pessoal da Harley, né, eu sou uma naturista, e desde que eu entrei pra
Harley, né, eu nunca mais foi numa praia naturista, e eu sempre senti essa coisa,
de sentir aquela coisa do, do igual, entendeu, de não chegar naquele lugar e
aquela ta com uma roupa melhor, aquela coisa, e isso, a Harley me trousse isso,
aquela coisa de que todo mundo se da bem, todo mundo se abraça, todo mundo
se beija, os homens gente, que coisa mais linda, eles se encontram eles se
beijam, sabe quando se, é uma família, realmente passa uma família.
P: O que vocês fariam, se não tivesse esse hobby?
E3: Ficaríamos em casa, fim de semana, sábado domingo a nossa vida era assim,
quando o, a gente via tava assistindo o, Faus ++ é o Hulk né, a tarde, no
domingo Faustão, no máximo saia pra almoçar voltar, né, e, a nossa vida mudou
muito, né, nesses dois anos, eu não sei mais o que é ficar em casa, né, sempre
pensando o que, que vai ser nesse sábado o que, que vai ser no domingo que
vem, é o que nos proporciona.
E5: Eu acho que eu teria terminado, o meu Jeep, mas aí eu acho também, que eu
não tenho os amigos que hoje eu tenho, né, e que são muito importantes pra
mim.
E4: É, eu sempre sai muito, então, isso que complementou, foi a amizade, então é a
única coisa que fez a diferença, foi ter novos amigos.
268
E1: Foi ter novos amigos, vai fazer seis anos que eu moro em Florianópolis, eu não
conhecia praticamente ninguém, depois que nos entramos no sopro da Harley, o
meu companheiro, ainda vinha sozinho, eu passei por um processo cirúrgico,
então bem recente eu comecei a frequentar, e bem recente eu já vi que eu tenho
um ciclo de amizade bem forte, que eu posso contar, que eu sei que são
parceiros, não só pra momento de passei da Harley, mas se eu precisar de
alguma coisa eu sei que eu posso contar com todos eles, que estão todos
presentes sempre.
E3: Assim, é, e uma coisa assim que é incrível, que né, a Léia, é bem mais nova, a
Denise, a Renata né, então, assim nesse grupo, parece que nós somos todas da
mesma idade, não tem diferença, nos todos pensamos igual, né, e isso assim, eu
me sinto super bem.
P: Ao tirarmos a marca Harley-Davidson da moto, das roupas dos acessórios,
o que resta pra vocês?
E2: A amizade que a marca me proporcionou.
P: Mas sobre o material, a moto, vendo a moto sem a marca Harley-Davidson,e
a minha jaqueta sem a marca Harley-Davidson, olhando todos os
acessórios que a gente usa sem essa marca, o que, que sobra, o produto o
que sobra?
E4: Sobra a moto, sobra a minha jaqueta, preta, que eu gosto, sobra os amigos.
E2: Eu acho que a marca na realidade é mais o status, mas a, eu acho que diferente
de marca, qualquer um é amigo, tanto que na viajem que a gente fez no final de
semana, tinha marcas diferentes no meio do comboio, e ficou tudo igual, acho
que não, não deu diferença.
E1: Sobra a, a máquina, e o que foi conquistado, junto com esta marca, é acho que é
mais ou menos isso mesmo.
P: Quais características que você percebe no produto sem a marca? Sem a
marca Harley-Davidson, o que vocês percebem de características ?
269
E1: Um produto como os outros, que dá problemas, que tem sua série de, melhorias
a serem feitas, existe seu certo status, e eu acho que é isso.
E5: Realmente há um ++ um status nisso daí, ta, realmente há, mas eu sempre tento,
puxar, e tirar um pouco o status, é.
P: Mas nos produtos que vocês utilizam da Harley, eles tem a marca Harley, os
acessórios, jaqueta, camisa, as roupas todas, que características que
vocês percebem, nesse produto, se fosse sem a marca Harley-Davidson, se
fosse só o produto?
E5: Seria uma coisa, a do meu ver, tá, uma coisa..., normal igual as outras, tá,
porque quando você sai com uma jaqueta, ou com uma blusa, uma camiseta
Harley-Davidson, né, o pessoal já olha pra você mesmo que você não esteja com
a moto, mas as vezes PÔ, VOCÊ ANDA DE MOTO né, pô você tem uma Harley,
pô eu gostaria muito de ter, de andar, parara parara parara, né, essa semana
mesmo eu estava com uma, com uma blusa, né, e eu fui num espaço desse da,
shake né, aí tinha um senhor, e ele falou “pô você anda de Harley? “ eu disse
não eu não ando, meu marido anda, eu ando na garupa. Mas isso já chama a
atenção sabe, parece sentir, o pessoal, né.
E1: É o status que a gente que ta no grupo não ++ assim a gente não tem isso como
status, a gente tem isso como um grupo, de amigos, e quem ta de fora, acha que
quem tem uma Harley, que isso a gente já presenciou pô você tem uma Harley
ele ta em outro nível né, não a gente não ta em outro nível coisa nenhuma, a
gente ta num nível que, somos amigos queridos, que a gente se da super bem, e
que lá ninguém fala de status, ninguém fala do que tem do que não tem, isso que
é o legal, porque ninguém ta ali pra medir força com ninguém, e é bem...
P: Vocês usam produtos da Harley-Davidson que não seja original?
E4: Eu uso.
E5: Eu também uso.
E1: Eu também.
E3: Também uso
270
E2: Também, inclusive na loja raios não são originais.
P: Se colocarmos novamente a marca Harley-Davidson em suas motocicletas,
nas roupas, devolvendo agora a marca aqui nos acessórios, o que mudaria
na sua percepção? Nos tiramos e fizemos uma reflexão sobre isto agora
colocamos devolva a marca, la na moto, jaqueta, na camiseta, todos os
acessório utilizados, o que muda na percepção?
E4: A minha percepção ela não muda, mas eu sinto o olhar da outra pessoa, pra
mima a moto, pra mim a jaqueta, pra mim a pessoa, é, são visões diferentes, eu
ainda continuo a mesma, mas eu sinto o olhar diferente da pessoa, a abordagem
é diferente, se eu tiver com a minha jaqueta preta eu não pareço mais com as
pessoas na rua, agora se eu tiver com o meu emblema Harley, eu vou te chamar
a atenção.
E3: A gente chega nos lugares, a gente observa assim né, parece que somos todos
ETs, entrado ali, que ta todo mundo olhando, comentando. Então a marca tem
uma força muito grande, muita gente gostaria de tá, vivendo isso também,como a
gente.
E5: O que, que acontece, alguns anos atrás, vamos dizer assim, o pessoal que
andava de Harley, né, com jaqueta, calça rasgada, era visto como, delinquente,
vamos dizer, o pessoal ficava meio com medo, né. Tem lugares que você ainda
chega e o pessoal te olha meio assim, porque você chega num estilo, mas aí tem
que eles vão olhando pra você, já é um pessoal como mais idade. Hoje né, o que
eu vejo, é um pessoal de mais idade, eles vão dando uma olhada e vão, vão
mudando, tem ate um casal de amigos nossos, que contam que hoje eles fazem
parte da família Harley, mas eles não faziam, e eles estavam acampando com a
filha, e derrepente chegou um bando de motoqueiros, de Harley, e eles ficaram
com medo, porque eles estavam com a garota, né, e meu Deus do céu, mas isso
é muitos anos atrás, e lá pelas tantas chegou uma van, com a família dos
motoqueiros, e aquilo mudou eles, eles acabaram conversando com o pessoal,
fizeram amizade, e hoje eles estão na Harley. Então é mais ou menos isso aí,
tem muita gente que ainda tem aquele, preconceito, né, que o pessoal que anda
271
de Harley, ou a gente que anda, muitas vezes de calça rasgada, jaqueta de
couro, colete, colete cheio de coisa, que você anda, né, com anel de caveira, e
olha meio que choca, né, mas depois que acaba conversando com a gente, vê
que nos somos pessoas normais.
E1: Pra mim também, a minha percepção que eu tenho, se eu colocar a marca
Harley novamente, é a mesma coisa que o numero 4 falou, não mudaria o ponto
de vista pra mim, eu vou continuar sendo a mesma pessoa, independente de
estar com a marca ou não, mas essa visão pras pessoas de fora, acaba
mudando um pouco o contexto no geral né.
P: O que a marca Harley-Davidson agrega aos seus produtos?
E2: Acho que pra mim não, mas é mais como um todo, como foi comentado
anteriormente, pra não muda nada.
P: O teu olhar sobre o produto, não muda com a marca Harley-Davidson?
E2: Não, não muda nada.
E3: Não.
E1: Pra mim também não.
E5: Também não.
E4: Pela visão dos outros, acaba as vezes interferindo que a gente, tem um status,
anteriormente tinha, como o 5 falou, a visão, baderna, mas atualmente a visão é
o status, é onde todos motociclistas querem chegar, eles passam por uma Drag
Star, uma virago, e vai indo, até chegar na marca. Então ela te proporciona isso,
e você sente isso.
E5: Completando o que o 4 falou, meu marido, as vezes ta andando e tem uma
Shadow né, aí ele assim, ele fala pra mim “qual o sonho dele?” aí eu falo pra que
é uma Harley.
272
P: O que vocês esperavam da marca Harley-Davidson antes da compra da
primeira motocicleta?
E5: Subir a 282 quer era um sonho do Alexandre, ter um pouco mais de liberdade,
né.
P: Esperavam isto desta marca?
E5: É né, na moto na marca sei lá, era esse, era um pouco, o que a gente via de
Harley, o que a gente escutava, o que a gente via era liberdade, né. Parece que
a Harley, fala assim liberdade, né, e a gente vê e contar e, eu não esperava ter
tudo isso hoje, né, todas essas pessoas juntas.
E1: Eu,vou ser bem sincera, eu não esperava ter uma moto em tão curto prazo, a
milha filha só tem três anos, a gente pensava em ter esses planos daqui uns
quinze, em frações de dois meses, ele chegou “vou olhar uma moto, eu olhei
uma moto, eu já comprei uma moto”, então não teve muito, não tive nem tempo
de pensar o que faria, o que pretendia fazer com a marca, com a...
E3: Nos tínhamos uma Drag né, a gente achava impossível chegar numa Harley né,
achava assim, nossa era um sonho muito distante, né, aí teve uma exposição no
Shopping Iguatemi, a gente foi muito bem atendido, e a gente viu que o sonho
não era tão impossível assim, e o Poeta ele sempre foi muito medroso assim né,
e eu, eu que empurrei ele, ele agradece até hoje, assim “aí se não tivesse me
empurrado eu não teria coragem”, sabia que era teu sonho, o sonho da vida dele
foi sempre comprar uma moto, fazer uma viagem até o Chile, e voltar nem que
na volta ele vendesse a moto né. Mas o sonho dele sempre foi a Harley, e
realmente ele conseguiu e, não precisou vender a moto e ganhou né, toda essa
família, todo esses amigos assim, só trouxeram alegrias na nossa vida
E4: Com a, a moto, a percepção que eu tive já tinha outras motos bem menores, foi
conforto, olhar pra ela disse assim, vou ter mais conforto, porque pela robusteza
que ela tem, nem todas são tão confortáveis, depois eu descobri isso, mas pra
elas serem tão grande assim, sim, mas é confortável sim, acho que sim.
E2: Talvez um pouco mais de potencia poder, poder ir um pouco mais longe.
P: Quais fatores motivaram vocês a adquirir Harley-Davidson?
273
E4: A gente tinha uma ++ uma Drag Star e meu marido era corretor, e um dos
negócios dele, ele vendeu um apartamento, e o dono disse que a correção dele
era, a ++ a Road, a Road King que tava na garagem, não ia dar o dinheiro e a
comissão era, a moto que tava parada, era 2005, e foi isso o inicio da, da Harley-
Davidson, la em casa, se não talvez poderia ter sido posterior a moto, ela tava
em condições ainda, mas ela surgiu inesperadamente
E5: Era um sonho do Alexandre, ele já vinha namorando fazia tempo, ia la na loja e
voltava, ia na loja voltava, e até que um dia ele chegou e disse “eu vou comprar”
e ele foi comprou e as outras quem, comprou foi eu. As outras duas, ele primeiro,
foi a primeira, e as outras fui eu, disse não, vamos trocar e as outras duas foram
iniciativas minha, trocar a moto.
E1: A, Harley-Davidson em casa entrou num momento assim, até meio, a Carmem
sabe da história, não sei se a (...) também sabe, não foi por um momento, muito
bom assim, meu companheiro, meu parceiro teve uma doença muito séria, dois
anos atrás, quase morreu, e depois dessa doença que ele teve ele meio que
despertou pra vida, achando e falando que a vida realmente não era só trabalho,
que foi tudo decorrente do stress de trabalho essa doença que ele teve, e que ele
precisava buscar novos caminhos pra conseguir, superar essa doença que ele
teve, então ele tinha que buscar alternativas pra isso, e ele resolveu antecipar
aquele, aquele voo que comentei da (...) resolveu antecipar quinze anos, fazendo
uma visita na Harley, e ele descobriu, que ele, que pra ter incentivo, tirando a
família a filha, que um dos incentivos pra ele ficar bem com ele mesmo e se
recuperar 100% é através da Harley, e de fato graças a Deus, ele faz
acompanhamento a cada 2 meses, e a doença já tá, ta regredindo, ta cada vez
melhor, eu espero que essa Harley encare os 100% que resta nesse tratamento
e foi bem, bem punk assim a, os dois últimos anos, em relação a, nem gosto de
falar muito que eu me emociono toda a vez sou bem emotiva.
P: Qual foi o sentimento no dia da compra?
E4: Um susto, duas moto em casa é um absurdo, e só uma pessoa que dirigia.
E3: Alegria né, eu estava presente, eu que me empolguei com o marido lá pra fazer a
274
compra.
E5: A primeira moto, é..., não fiquei feliz, não até, até eu me acostumar, até eu
conhecer algumas pessoas, até eu aceitar foi um pouco difícil, ela é como se a
Harley fosse a minha inimiga no começo, quando ela, quando a gente comprou
ela era a minha inimiga,né. Porque eu sou, eu sou jipeira, né, e meu jipe tá lá,
gostava mesmo, eu fazia questão de mostrar que eu não gostava e fazia questão
de mostrar pra ele também, eu tava indo pra lá, sim bem obrigada. Eu não tava
feliz ali, e foi depois conhecendo as pessoas, indo mais um pouco né, e foi foi foi
foi foi foi, tanto que as outras duas motos, fui eu que troquei né, eu que tomei a
iniciativa.
P: Mas o jipe ta lá né?
E5: Ta lá não anda, né, to muito chateada, um pouco braba.
E1: Apesar de saber que a primeira moto que ele foi, um problema que pra ele assim
importante na recuperação, eu confesso que eu fiquei bem revoltada, que eu
tinha uma cirurgia marcada no quadril, e eu não poderia acompanha-lo durante
um ano, no mínimo, então foi meio que revoltante, meio frustrante, fiquei meio
chateada no primeiro momento, mas sabia que era pra um processo de
recuperação que ia ser bom que ia ser legal, então fui parceira apoiei, não ia nos
passeios que eu não podia nem dirigir na época, então todo mundo foi me
conhecer uns seis meses depois né. Em gramado, foi o primeiro passeio que eu
fiz, e a segunda moto foi um susto, porque eu não imaginava que ele ++ assim
tava me acostumando com a primeira quando ele resolveu trocar pela segunda,
foi meio assustador assim mas foi mais confortável também, aí eu passei a andar
de moto e a gostar. A troca foi justamente por isso, porque tentei fazer um
passeio na primeira, quase cai, passou num quebra-mola direto, aí voei com o
quadril operado, recém operado, aí, não então ta na hora de trocar, agora a
gente vai começar a andar, só que não tem como andar porque tem a pequena
né, então sempre vou de carro acompanhando, e certeza que quando ela crescer
um pouquinho eu vou continuar de carro, porque ela vai andar na moto com o
pai, ela ama andar.
E5:
O que a numero 1 falou é certo, a minha filha mais velha, a, as vezes ela torce
275
que eu fique doente{}, pra que ela possa andar né, ela tem 33 anos, ta fazendo
de tudo pro marido dela aprender a pilotar pra poder comprar uma Harley pra
poder viajar também.
P: Quais foram às barreiras que você encontrou, pra entrar na cultura Harley-
Davidson?
E5: Primeira barreira foi eu mesma, a primeira barreira foi, é ++ aceitar que eu tinha
que fazer um pouco do sonho do Alexandre também não era só o meu, to um
pouco revoltada porque meu jipe tava quebrado ela ainda tá. E também quando,
quando nos entramos era outro grupo de pessoas, e que eu senti, a, uma certa
rejeição, né, o grupo meio que mudou, as pessoas meio que mudaram e agora
acho que , ta uma coisa diferente, eu não o que, com o pessoal que ta chegando,
mas eu acho que, pode até ta sentindo a mesma coisa, mas eu acho que o
pessoal que ta hoje, não é, no meu ver, não é igual o pessoal que estava antes,
ta tinha algumas pessoas antes assim que meio que deixava tipo uma barreira,
né, hoje a gente chega na loja, vê alguém novo a gente já chega “oi tudo bem
parara parara” e não era isso que acontecia.
E2: Talvez conciliar o horário de trabalho e a família.
E1: Pra mim no primeiro momento, foi essa questão da cirurgia, de não poder ir, e eu
via que ele participava dos encontros, tirava foto, e no inicio, quando ele
começou a frequentar eu não conhecia nenhuma das irmãs, que eu achava um
absurdo ele ficar tirando foto com todas as meninas do encontro e eu não
conhecia ninguém, que absurdo e eu em casa operada cuidando de uma criança,
eu tava muito revoltada, no primeiro momento a, uma das primeiras pessoas que
conheci foi, a 3, e depois a número 5, e aí com o passar do tempo fui
conhecendo as pessoas aos poucos, e via que não tinha nada a ver aquele coisa
das fotos, que era uma coisa do grupo mesmo, o grupo quando começa a ter
uma afinidade ele realmente começa tirar mais fotos, mais parceiros, saiam
juntos, e aí, fluiu a coisa, mas no primeiro momento eu queria matar, quando eu
via aquelas fotos, quando eu, falei é um absurdo isso é revoltante. Não podia
participar, não podia dirigir, não tinha quem dirigi-se o carro que eu, a gente não
tinha família, a gente não tem família em Florianópolis, são só, só nós então não
276
tinha opção, não aí não ia e ponto né, e não media esforços, to indo tchau até
depois, cinco horas eu chego, três horas eu chego, esses três horas esquece
gente, não existe, é duas três horas depois né, então isso, isso pra mim é muito
complicado administrar. Assim nunca, a gente, a gente tem uma coisa uma
relação muito legal, de não ter ciúmes, cada um tem, é, somos parceiros, mas
cada um tem sua individualidade, e isso pra mim naquele momento, eu achava
meio egoísmo, porque eu sempre tava fazendo aquilo pela doença dele, mas era
um processo que eu tava passando pontual, que eu também tava precisando de
uma assistência, e ele tava, passeando final de semana, e naquele primeiro
momento pra mim foi um obstáculo muito grande, foi traumático, eu xingava
revoltava, mas ta tudo certo.
E4: É, eu não tive barreiras, eu não senti barreiras, até porque a compra da moto foi
anterior a loja, da Harley esta aqui, então quando eu cheguei, eu já tinha ela na
minha vida, já tava incorporada,a família já tava acostumando, a mãe rezando
cada vez que eu viajava, já tava começando, e algumas a gente não falava que
viajava pra não preocupar, então eu não obtive essa barreira, diferente do
número 5, eu não senti uma distinção depois de encontrar, a marca, uma
esporte, uma loja e as pessoas que estavam lá, eu não, pra mim tava tudo, tudo
igual assim já cumprimentava tava tudo em casa, todo mundo era preto todo
mundo era caveira entendeu, eu não fiquei quem era quem, superior, direito
esquerdo, eu não notei, então eu não senti barreira.
E3: Eu, a gente até comprou a moto antes da abertura da loja também né, como eu
falei nos compramos, a gente, o primeiro negocio foi lá no Shopping e tudo aí ele
teve que esperar abrir a loja pra poder efetuar a compra né, então, mas eu no
inicio tive um pouquinho também, essa mesma impressão da Miriam, tinha
algumas pessoas assim, que elas se olhavam assim meio de lado assim, tu te
sentia um pouquinho, é, sentia um pouquinho, não se sentia a vontade né, a
minha vontade era nem ir muito na loja, aí me convidava, aí hoje que não to
muito afim, levou um certo tempo até né, algumas pessoas te puxarem né, e tu
começar uma amizade, e acabar com essa, essa barreirinha inicial.
P: E agora que vocês já são proprietárias, ou caronas e garupas né, de uma
Harley-Davidson, o que mudou em suas expectativas com a compra de um
277
novo produto Harley-Davidson?
P: Agora vocês já conhecem, já utilizam né, não é mais novidade, o que, que
muda a expectativa de adquirir um novo produto?
E3: Eu acho que hoje eu cheguei, no que eu esperava né, como a numero 4
comentou né, o conforto, né, nessa moto assim, foi o, eu não espero mais nada
alem disso, eu acho que não, por enquanto não tem nada melhor do que isso pra
mim.
E2: Pra mim também foi o conforto e a estabilidade em cima da moto, pra poder se
virar, poder fotografar, coisas que eu gostava de fazer na outra moto, mas eu
levantando atrapalhava um pouco a direção dele, agora nessa não, posso até
virar de costa que não incomoda.
E4: Agora que eu conheço o produto, já to bem acostumada, agora eu quero ter o
meu né, não quero mais ser caroneira né. E como uma boa moça né, uma boa
mulher consumidora, eu gosto de trocar as jaquetinhas de vez em quando, os
modelinhos pode ser diferenciados, é que lá já ta gasta, aquelas lá né, daí quero
outros modelos.
E5: É eu, o que, que acontece, eu já tenho outra visão né, a, acho que pela minha
idade talvez, talvez isso, mas eu acho que a jaqueta, o quanto mais usada, pra
mim, aquela coisa mais, mais eu acho que eu até comprei uma agora pra nossa
viajem final do ano, pra ser mais fresquinha tudo, mas a minha de couro, eu acho
que eu vou ter que continuar fazendo regime, pra ela caber muito ainda, porque
aquela coisa, eu acho que quanto ela mais, macia, mais ferrinha, e eu acho que
ela vai fazer parte disso tudo.
E1: Acho que, eu comprei a roupa ainda ando bem pouco, mas eu acho um conforto
fantástico, acho que ta tudo certo por enquanto não tem que trocar nada, muito
bom, os acessórios a gente pode comprar uns novos de vez em quanto, umas
camisetinhas, umas coisinhas assim a gente gosta.
P: Descreva os sentimentos que você tem quando está com sua Harley-
Davidson.
278
E1: Olha pra mim hoje em dia, Harley-Davidson ++ é pra minha família num contexto
em geral, minha filha que tem três anos e meu marido, é tudo de bom gente, a
minha filha sábado de manha quando acorda, ela quer ir tomar café na loja, e se
o pai já foi antes e ela dormiu mais um pouquinho, ela chora o dia inteiro, porque
ela queria ir, pra Harley-Davidson ver as motos e ver os amigos do pai e da mãe.
Então assim ela é marrenta, todo mundo sabe disso, ela não fala com ninguém,
mas ela ama ta no lugar que a gente está, com o pessoal, ela adora ir naquela
loja, ela adora subir naquelas motos, e assim eu acho que ela faz meio que um
charme gente, eu acho que ela já sabe que todo mundo vai mexer com ela, então
faz meio que de... mas assim pra mim, eu me sinto num ambiente totalmente
familiar, e um lugar é, um lugar que só tem pessoas adultas, que não tem
necessidade de ter paciência com criança, não precisa ter saco, desculpe a
expressão, mas não precisa ter paciência, não precisa ter saco pra criança, e
todo mundo morre de amor por ela. Então acho que não tem, mães que não, não
gosta disso né, de ver que aceita a criança num lugar que é de adulto e ta tudo
certo, então a gente é um, fantástico assim.
E4: O aquele sentimento da primeira pergunta, a liberdade
E3: Pra mim é liberdade, é ++ emoção.
E2: Acho que liberdade é a sensação que se ocorrer alguma coisa, seja furar um
pneu, ou qualquer coisa pior saber que o, pessoa que ta do teu lado vai te ajudar,
vai te acolher como já aconteceu com a gente, não cair claro, mais um problema
que deu na bateria, que todo mundo do passeio parou e foi auxiliar, eu acho que
isso, vale a pena.
P: O que você sente quando a estrada com a Harley-Davidson ?
E1: Medo, ainda tenho gente.
E3: Liberdade, muita liberdade, aquele vento, aí é muito bom, uma sensação
indescritível, eu adoro
E4: Aventura.
E5: É a liberdade mesmo, é aquela coisa, você pegar e, eu acho que é um pouco
disso tudo, é aquele vento, aquelas coisa gostosa, eu durmo na moto.
279
P: Por que é comum observar vários HOG desfilando, em um comboio de
motocicleta ?
E2: É lindo ver um comboio né, é muito legal,
E3: Eu acho que, olha eu acho que igual ao nosso aqui de Santa Catarina,
Florianópolis, sim pelo o que a gente escuta falar né, não tem infração é uma
beleza.
E4: Eu acho que é a beleza e, pra quem gosta da moto aquele, aquela sincronia do
ronco da moto todas juntas, ela te causa uma emoção, não tem se você, você ta
em cima da moto e você passa num comboio organizado, e você vê a sensação
da pessoa do lado, olhando assim que fica admirada, eu já fiz o inverso, eu já
fiquei do lado de fora observando, e ela é mágica, a gente para pra olhar. A
gente fica olhando que coisa legal, a gente no carro ali né, se olhando, de traz
meu deus, é muito lindo, as pessoas param pra filmar, fotografar.
P: Quais são os prós e contras, dessa prática, de passeio em bonde ?
E4: O pró, é a aventura, é estar todos juntos, as pessoas que a gente gosta, no
passeio. Mas o contra, é um pouco a segurança, um bonde grande, é perigoso, é
muito perigoso, bonde grande com integrantes novos, é mais perigoso ainda, que
as reações são diferentes, então tem que ter um balanço nisso é muito bom estar
com as pessoas, mas essas viagens com muita gente, ela causa uma certa
insegurança, uma instabilidade pra pessoa que ta pilotando com, uma certa
experiência, e pro carona, tem o carona que ta mais assim daqui a pouco ta
quase pilotando junto, freando junto, fazendo curva junto, porque a gente se
envolve né.
E3: Geralmente o marido, vai de Road Captain, o marido da Miriam Serra a fila né,
então mais eles tem a preocupação assim deles, tanto que eles conversam
muito antes né, então eles se preocupam muito com a segurança, né, o Poeta
assim, aí vai a tal lugar, como a gente foi acampar em Urubici, ele primeiro foi la
280
né, foi com o Chiquinho, foi com o Alexandre, eles foram lá ver o local né, o que,
que tinha de prós e contras né, tudo pra eles ir seguro pra não... Então me sinto
muito segura, porque eles se preocupam em primeiro lugar com a segurança né,
o ++ foi de flutuante nessa viagem também já se preocupando, a vai ter lugar que
vamos ter que fechar a rua, então sempre, tudo assim é a segurança vem em
primeiro lugar.
E2: Eu acho que o contra mesmo no bonde grande, é as pessoas novas que não tem
experiência, que acaba as vezes causando alguma coisa, colocando em risco os
demais, mas também tem que pensar por um lado que essas pessoas, se elas
não começarem a andar, elas não vão adquirir a experiência e não vão ter a
felicidade que a gente tem de andar num grupo grande. Então eu acho que tem
que dar oportunidade pra essas pessoas, mesmo já ocorrendo conosco dois
acidentes de moto na nossa frente, onde a gente quase se envolveu nos dois,
mesmo assim eu continuo com o mesmo pensamento, tem que dar a
oportunidade pra essas pessoas entrarem.
E3: E o que é feito nos Briefings né, antes do passeios né, eles, faziam questão de
chamar essas pessoas pra irem na frente junto né, com o Road Captain ali, pela
experiência né, porque daí eles via se sentir mais seguros e vão, e aí é mais
tranquilo quanto mais pra trás mais velocidade eles vão ter que ter.
E1: Acho que o contra né, unanime mesmo né, questão da segurança, e não só dos
motoqueiros novos e dos experientes que estão no bonde, são os carros que
vem e as vezes não respeitam o bonde grande, pra quem ta andando de carro de
apoio atrás é desesperador, você vê quando tem um carro que não respeita que
joga em cima do bonde, que vem ultrapassando, fazendo coisas assim, que são
desnecessárias. Que não é um bonde que anda a 60km/h né gente, é um bonde
que anda a 100, 120, então é uma velocidade, permitida, pelas leis, então não
tem porque sair, querendo ultrapassar todo mundo, e o lado bom de tudo isso, é
sempre rever os amigos antigos, e sempre a gente faz um amizade nova num
lugar desses, esse passeio pra Urubici agora, eu acho que assim, é,a gente
sempre via ele nos grupos o nome das pessoas, a gente conversa com um
monte de gente que a gente não sabe nem quem é né, eu imaginava a caveira,
podia ser branco, preto, cor de rosa, azul ta tudo certo então aqui ta tudo no
281
grupo então. Depois dai a gente pega, pode ser que tenha o prazer de conhecer
e conversar pessoalmente, isso aconteceu em Urubici, eu conversei com um
monte de gente, que a gente só viu os nominhos ali mas era, um estranho pra
gente né. É a gente conversava muito pouco, era só oi, tchau, mas a gente
nunca tinha conversado, e ali a gente conversou em Urubici, achei bem bacana
isso, achei bem...
E5: O meu contra, o que eu sinto muito medo né, numa, quando a gente sai, são
pessoas que já estão, tem pessoas que já estão bastante tempo com a gente,
mas que não aceitam o briefing ta. Acham que é besteira, a, vão e acham que é
tudo comigo mesmo, só que eles esquecem que tem outras pessoas envolvidas,
é um grupo, e se eles fizerem alguma coisa, eles podem levar outras pessoas
juntos, então tem coisa que as vezes eu tenho vontade de esfolar alguns deles,
né. Algum, né então, pra mim mais, no mais assim, essa viajem pra Urubici, pra
mim assim foi perfeita, sabe assim, foi assim mesmo, ainda quando nos
estávamos voltando, eu falei, pro Alexandre, pro esposo da numero 4 né, pô me
surpreendeu achei esse super legal, entendeu, que foi a primeira viajem que vi
ele assim, que foi fechar foi isso, né, então tava ele era tal como flutuante, e
disse meu Deus do céu, que legal é isso que ta faltando pra gente, é mas ele
tomava iniciativa, quer que eu faça, e é isso que faltando pro grupo. Sabe
pessoas conscientes daquilo, estamos num grupo, estamos todos juntos se um
se machucar, se ele cair ele pode levar outras pessoas juntas, eu acho que isso
tá, é ta começando a surgir, e tá muito legal. Porque eles fazem um curso né, pra
ser Road Captain, mas é, aqueles estavam la, disse, parece Rio de Janeiro eles
fazem um, um teste, depois disso, eles fazem um teste pra ver quem realmente
está apto né, porque se não tiver apto faz o curso novamente, tem que pagar,
mas vai fazer o curso até a, eu acho legal mas aqui acho que não vão acabar
aceitando isso, não vão aceitar, mas seria super interessante, porque eu vejo
pessoas que fizeram né, e que não seguem aquilo. Não seguem algumas regras,
do que foi passado, que foi feito não seguem, e acabam às vezes botando o, o
grupo e às vezes a própria garupa em risco.
P: E os passeios, como são, os passeios promovidos pelo HOG?
282
E4: Os passeios, é..., são nós que fazemos, nós fazemos o passeio, porque pode já
tive passeios, é, com as pessoas que não estavam é, aqui com outras assim
diferente que não era da, da intimidade e era umas cinquenta pessoas e não é,
não foi um passeio. Não era HOG de Florianópolis, então, o passeio a gente que
faz, pode ser o passeio até, lá na choperia em Santo Amaro, que foi muito
divertido, é então assim, independe do local, pode ser um passeio em Balneário,
a, na sorveteria, qualquer coisa, mas aquele questão, daquelas pessoas,
estarem indo, pra algum local, indefinido, isso é o que vale, isso é o passeio,
aquela coisa, um ta na frente outro atrás um ajuda um ta do lado um da tchau,
então é esse, eu considero esse o passeio. Pra onde for, pouco interessa, mas
se tiver assim, se tiver aqui, se tive esse membro, essas pessoas que já estão a
um tempo, a gente já tem uma outra afinidade, tem gente que ta chegando, mas
parece que já a um bom tempo, tem isso né, tem uns que a gente ta se
acostumando, tem outros que quando chegam já chegou, então ta aí. Então esse
pra mim é o passeio.
P: Vocês acham que o HOG de Florianópolis faz a diferença no passeio, fazer
com o HOG de Florianópolis é diferente de fazer com outros HOGs?
E3: Nossa vivencia é, é aqui né, então a gente não tem né, parâmetros de outros
lugares, né.
E1: Eu acho que o HOG eles lançam a ideia, e levam o, a gora quem vai fazer com
que aquele passeio seja legal, somos nós, nós é que vamos fazer que esse
passeio se torne memorável seja legal, uma simples choperia, uma simples
sorveteria, são os membros do grupo que ta participando daquele momento que
vai fazer diferença, é importantíssimo o HOG da esse puxão, a vai ter um evento
tal, isso faz com que a galera se mobilize todos eles vão se manifestar de alguma
forma, tentar participar, o quanto mais..., melhor né, digamos assim, mas quem
vai fazer diferença é o grupo que esta participando disso né.
283
E5: Eu não vou ser hipócrita, é a mesma coisa que uma família, sabe, a sua família é
sempre perfeita, a outra família não é, ta, então é, nós já fomos pra alguns
lugares e que a gente viu que outro grupo do HOG, não andava, como nos
andamos, tudo certinho, sabe, tudo bunitinho, eles tava todos dispersos no
bonde né, comentamos eles estavam tudo tchum pra cá, outro pra lá, outro pra
cá, e a gente vê muito isso, não é que nós de Floripa, ou da Grande
Florianópolis, vamos dizer assim, vamos usar Santa Catarina, somos melhores,
não, eu acho que a união aqui, o pessoal, ta de uma forma que formou realmente
uma família, e geralmente a família da gente, os filhos da gente, vamos dizer
assim, né, eles são melhores do que os outros, né. Então tem isso aí, há essa
diferença, há, né, não vou dizer a são todos iguais não, não são, tá, então pra
mim, não é, o nosso HOG, é o melhor.
E1: Desde de que você falou, de fazer até umas comparações, por acaso fomos pra
Juiz de Fora, participar de um evento que não tinha nada a ver com moto,
inclusive até levei um puxão de orelha do meu marido, porque eu fui de avião e
ele foi de moto, chegamos lá, é um evento de, é um reencontro de trinta anos de
formando, de formatura lá da minha sogra, chegamos lá, por coincidência, tava
tendo um encontro de Harleyros do lado do hotel que a gente tava, com o
companheiro foi de moto, cadê você trouxe uma camiseta da Harley né, falei
claro que não, eu a não vim pra um evento de moto, eu vim pra um evento de
formatura, a mais é o uniforme, é lei, tem que trazer pra cá, enfim, fui lá comprar
uma camiseta preta, to uniformizada, vamos embora, fomos. Chegamos lá,
pessoal, aqui eu não vejo isso, o pessoal do HOG aqui eu acho muito
responsável quando faz um passeio com o grupo, quando nos chegamos lá ia ter
o desfile da bandeira, todos os membros, como o serra fila, como o flutuante,
como o, o Road Captain, gente, bebiam, bebiam, todos eles chapados, e fizemos
o passeio,e aí a gente foi pro desfile, eu falei aí, Deus toma conta, vamos lá,
tinha umas oitenta motos naquele passeio, mas quem tava comandando aquele
grupo, os responsáveis, pelo, pelo aquele grupo inteiro, estavam todos bebendo,
eu achei aquilo, e já falei, isso não acontece lá no nosso grupo, derrepente a
gente ta puxando sardinha pro nosso lado, mas não é, é que o pessoal aqui são,
são comprometidos, são responsáveis pelo grupo, que eles tão tocando, eles se
reúnem antes, eles fazem isso antes, e não foi o que eu senti lá, lá ele passou
284
uma insegurança tão grande, que até um desfile das bandeiras da cidade, com
umas oitenta motos, onde, a bebida corria assim, e era de tudo, era uísque era
cerveja era pinga era tudo, eu fiquei bem assustada. Mas quando, vamos puxar
um bonde alguma coisa assim eu nunca vejo, nem nos eventos, todos os
eventos, almoço lanche janta, nas paradas eu não vejo ninguém bebendo álcool
pra conduzir um bonde, e lá eu fiquei bem assustada.
P: E como vocês percebem, como os outros de fora, percebem o HOG, o
passeio do HOG, quem é de fora, quem não é HOG?
E1: Eu imagino que organizado
E4: Eu não tenho essa percepção, porque eles não entende quem fora, que é HOG.
Eles vem que é um grupo de moto, e o grupo ta passando, agora fazer essa
relação HOG, só quem é integrante, ou só quem passou por um curso, só pra
quem passa por todas as etapas, desde a saída dum, dum passeio, dum evento
pra entender o que, que é o HOG.
E5: Eu até acho que eles não, não sabem, né, como a numero 4 falou, mais chama a
atenção pela organização que nós andamos, tá, da forma que nós andamos
acaba chamando a atenção, que a gente vê, ta passando, né, principalmente
esse final de semana que eram muitas motos, então o pessoal vem pra fora, de
onde eles estão a gente já, o pessoal vem, e ficam olhando, agente que ta atrás
né, com o Serra Fila, a gente vê que o pessoal sai da onde tá e vai olhar, vai
fotografar, filma.
P: E como vocês se sentem sobre os olhares dos expectadores desse
passeio?
285
E2: Eu acho que contente, e tentando retribuir a eles a felicidade que parece que
eles tem vendo a gente, porque antes até da gente ter moto, a gente tava no
lugar deles, quando passava um grupo a gente também olhava, observava, até
por gostar de moto, agora depois que começou a andar, tu vê eles, acho que tu
tem que ter empatia de se colocar no lugar deles e perceber aí, antes eu tava ali,
então acho que, eu meu sinto feliz.
E1: Emoção, eu acho emocionante aquilo, e, eu sim, vou poucas vezes no bonde, e
quando eu vou eu acho aquilo o máximo, eu acho que é, a sensação de emoção
de sentir bem de ver as pessoas vendo e, o que a número 2 falou, quando a
gente olhava, achava aquilo o máximo também e agora a gente ta ali no meio,
então acho que é, é isso.
E3: É, muito emocionante a rebeldia, né, e ter o olhar, esse olhar dessas pessoas
assim, a vibração, a gente sente assim, o máximo né, ++ a gente sente
importante.
E5: Nos somos o objeto de desejo de muitas pessoas, eu acho que é mais ou menos
isso aí, tá. Eu acho que é, muitas pessoas olham, nos olham como objeto de
desejo, tá, gostariam daquilo ali, olham aquela turma, aquela coisa toda ali, “ai
que legal” enche os olhos, acho que é mais ou menos por aí.
P: E os passeios organizados por outras marcas, como são?
E1: Não sei, nunca frequentei.
E3: Comentários é que não existe. Assim né, teve algumas pessoas, que né, foram
tentar comprar outra marca, não precisa comentar né, mas que tentaram e
acabaram voltando pra Harley, assim essa família que se forma, o entrosamento
não tem nas outras.
E5: Você vê até na, na estrada as vezes você vê outras marcas né, de esportivas ou
não, que tem umas quatro a cinco motos, mais do que isso não, as vezes nem
cinco né, que a gente vê, eu vejo ali, como eu moro em Santo Amaro, subindo a
282, de vez em quando não da nem isso, sabe.
286
E2: Muito grupo de cinco, com é, marido e mulher, cada um com sua moto, e então
vai mais a família, não é pessoa mais de, de outra que não seja a família, eu
tenho na minha família, que tem outras marcas de moto, e que andam, só que
não tem o grupo fechado deles, então são varias marcas e é um, tanto que a
gente anda com eles, eles andam com a gente, eles nunca em momento nenhum
eles falaram, antes de conhecer um HOG, em trocar de marca, e agora eles
vivenciando mais junto comigo e com o Chico, eles pensam, “eu acho que vou
trocar de moto, eu vou pra uma Harley”.
P: Vocês assistiram aquele filme, motoqueiros selvagens?
E4: Viu, riu muito, identificou, aquele fortinho com o meu fortinho
P: O filme Wild Hogs ou Motoqueiros Selvagens, é um clássico do cinema e
relata a aventura de quatro motociclistas norte-americanos, cansados de
sua rotina. Como você se sente, enquanto integrante do HOG, em
comparação aos motoqueiros do filme ?
E1: Eu acho que, do que a gente vivencia hoje, e o que eles vivenciaram, é a
parceria que eles tem. Que eu acho que o grupo, por mais que ele seja um grupo
de pessoas restrita, não são todos do membro do HOG assim, mas o grupo que
a gente tem essa, afinidade hoje, é a parceria que o grupo de la tem, eu acho
que é bem, são divertido, são parceiros e pegam juntos.
E4: Pela vivencia do uma ++ uma viagem mais longa, tinha umas trapalhadas assim
que acontecia no filme, e deu umas trapalhadas assim na viagem, então da pra
identificar bastante né, nem tudo foi perfeito, nem tudo foi ruim né, mas teve
algumas situações assim da gente cair na gargalhada, então. Da pra lembrar do
filme assim, as aventuras.
P: Porque vocês acham que os motoqueiros do filme usam roupas pretas e
quentes ?
E4: Preto porque, motociclista tem que andar com preto, não vai pegar uma estrada
e colocar uma blusa branca, porque eles, até utilizam mais de uma vez a mesma
camisa né, senão passa dois dias, uma camisa, uma camisa, porque não pode
287
trocar muitas vezes, eu tive que passar por essa também, experiência própria, eu
chegar na lavanderia. E quente o couro na estrada ele não é quente, ele é
protetor.
P: Assim como no filme, porque muitos membros do HOG, alteram o
escapamento da motocicleta?
E4: Chamar a atenção.
E5: Com certeza, chamar a atenção.
E1: É o barulho né, VRUMM, ali, aí eu acho que é o ego que acelera.
E3: Eu acho que isso já vem lá de trás, a Harley ela faz barulho, a história dela é o
barulho, então, sabe você chega, tem hora que meu ouvido fica tiss..., quer ver
túnel vraal vraal vral, chega em algum lugar, eles já vão fazendo barulho pra
chamar bem atenção, nois tamo chegando, motoqueiros selvagens.
E5: O poeta chegou em Balneário Camboriú né, aí o cara pegou e abaixou o vidro do
carro, aí acelera, acelera que ele queria escutar né, só que a nossa não tinha.
Meu Deus do céu, ele ficou morrendo de vergonha né.
E1: A o meu, meu parceiro lá também passou por uma situação, ele na beira mar,
indo pra casa, e tava em todos os sinais ele parou né, todos parou no fechado, e
ele ficou, começou a ficar preocupado, que tinha uma CG que vinha atrás dele
parava bem do lado, aí ele ia tocava, dava sinal pro cara passar, o cara vinha e
parava do lado, e foi ficando preocupado com aquilo, disse que derrepente o
cara, “nossa cara, bom demais ouvir esse barulho, vai acelera” quando ele tinha
a Fat Boy ainda, e aí o Guilherme, a tá então VRUMM, e apertou o negocio,
então vamos fazer barulho, mas disse que ficou constrangido até, fiquei com
medo daquilo né, aquele rapaz do meu lado ali, eu tocava e dava sinal e o cara
ali, mas era por causa do barulho da moto, hoje também não tem mais, hoje ta
++ desesperado pra trocar.
E5: Esse barulho, no caso assim né, quando as motos vamos no meio dos carros,
até..., da mais segurança né, porque os motoristas de caminhão tudo escutam
288
né, e dão a. abertura pra gente passar né, então isso.
E4: Escapamento é pra chamar atenção, é vaidade para o motociclista.
E2: Tanto que, na moto anterior a gente tinha escape alterado, e nessa quando ele
tava vendo pra comprar a moto, ele tava vendo já o escape junto. Agora já tá,
comprou a moto, ta vendo pra trocar o escape por causa do barulho.
E4: Porque, homem, olha pra trás, ou pra ver bunda de mulher, ou pra ver a moto...
eles olham, e falam assim “nooosa”.
E3: Falou tudo agora, tudo.
E4: E tirando a Harley, o Camaro amarelo eles também fazem a mesma coisa,
aquele ronco do Camaro NOSSA.
P: Comente sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como nos
filmes norte-americanos.
E4: Eu adoro. Eu devo ser descendente de índio, porque eu adoro um penduricalho,
se eu pudesse ter um monte de corrente, o negócio, não coloquei muito assim
pra não chamar tanto a atenção. Mas eu me sinto muito bem com a minha
bandana, parece que ela tá, ela faz parte da minha cabeça, eu gosto das
caveiras, eu gosto de brinco, só ta faltando a corrente do lado que eu ainda, to
com vergonha ainda. Eu me sinto muito bem, se eu pudesse assim, é porque é
no, no meu trabalho eu não gosto de, de mostrar tanto, pode ser mais neutro, pra
não chamar aquela atenção, porque a gente chama a atenção, mas se eu
pudesse trabalhar com a minha bandaninha na cabeça, eu trabalharia, é pena
que não dá, e as caveirinhas nos dedos também não...
E3: Eu também penso ser igual a Renata, se eu pudesse eu usaria todos os dias, me
sinto super bem quando chega sábado, que eu posso usar minhas roupas da
Harley, nossa eu me sinto, bem como se eu tivesse nascido assim, fosse assim,
adora botar também meus penduricalhos, minhas bandanas, boné, da Harley, eu
adoro.
E1:
Sempre gostei desses penduricalhos, sempre adorei pulseirinha, correntinha,
289
branquinho, e agora só to adaptando as caveirinhas. Quem tem pouco tempo
ainda, então to me adaptando aos pouquinhos, tem lá meia dúzia aqui, meia ali,
ta tudo certo, mas adoro.
E2: É a questão do lenço também nem é tanto estética, mas a proteção às vezes,
protegendo o pescoço, vento, bicho, cabelo as vezes pra amarrar, pra não ficar
batendo, acho que mais também nem é tanto estética mais é proteção.
E1: Cabelo, cabelo++ cabelo vira um ninho de pomba ali, que eu ainda não consegui
fazer um nozinho.
E5: É, quando nós entramos pra família Harley, foi no ano que eu fiz cinquenta anos,
então quem o que, que acontece, primeiro que depois dos cinquenta, pra mim,
né,m foi aquela coisa que++ que eu me soltei totalmente, eu já era meio... Eu já
sempre fui um pouco da parreirada, né, sempre fui um pouco diferente das
minhas primas, que sempre foram muito, mais recantadas assim, mais, depois
dos cinquenta mesmo, aí eu me libertei, totalmente, né, eu acho que, aquela
coisa, que, desculpa, mas que se foda os outros, entendeu, eu to fazendo
cinquenta anos, né, e... Só falta a tatuagem que eu luto por tasca. Mas aí foi
quando eu comecei, eu sempre, a dezesseis anos a trás eu fiz a minha primeira
tatuagem, e agora esse ano eu fiz o que eu queria, que era a minha costa, né,
então agora eu vou fechar o meu braço, não acho que nada me impede né,
porque se alguém, achar ruim, que se foda.
E2: Eu acho que depois que tu entra num grupo desses, percebe que os outros não
importa, então acho que é tu se sentir bem, você se andar do jeito que tu se
sente tranquila, tu goste, a tatuagem as vezes até na própria família, aí não
gosto, critica, mas é uma coisa, uma escolha própria eu acho, então se, se sente
bem que se dane os outros.
P: Muitos HOGs costumam andar acompanhados com uma pessoa em sua
garupa, qual é o papel da garupa na cultura Harley-Davidson?
E1: Parceria, total né, parceria, família, acho que, na Harley tem muito essa cosia da
família, raramente você vê um motociclista que ta sozinho, sem ta com sua
companheira, com ser parceiro.
290
E2: Tanto a questão da família, que hoje mesmo a gente encontrou um rapaz, que
comprou a moto a pouco tempo, e a primeira pergunta que o Alexandre fez pra
ele, foi, “você é casado”, então acho que essa preocupação também, de não
achar, arrumar conflito, entrando um solteiro, é bem família mesmo, um se
preocupa com o outro, acho bem bacana isso.
E5: Eu, aí eu vou discordar um pouquinho com você Denise, sobre o conflito, ta
porque nos temos pessoas que não são casadas, eu acho que o Alexandre
perguntou pra ele por causa da moto dele, aí o Alexandre em seguida falou “ó, o
encosto aí né, se você tiver, se você for casado coloca o encosto leva tua esposa
junto”. Porque nós temos até tem um dentista em Brusque né, que acampou com
a gente ++ foi lá em Garopaba, né, foi acampar com a gente numa boa,
entendeu, então é tranquilo, é respeito, é tranquilo. Eu não sei se isso eu trago
gente, sabe, naturismo, essa coisa, e que no naturismo a gente não vê o outro
nú, sabe, não vê isso você não vê o outro, e isso eu trouxe um pouco pra Harley,
ta, eu não você, é, a tua jaqueta não é melhor do que a minha, o teu lenço não é
melhor do que o meu, a tua moto não é melhor do que a minha, somos todos
iguais, estamos ali pra uma coisa só, bem estar de todo mundo.
E4: O, o garupa, eu acho que é o, o mais incentivador, que geralmente o garupa, é a,
é mulher, então se ela ta ali atrás é porque ela ta incentivando, ta gostando, mas
ela é a maior incentivadora, por que se ela não ta la atrás, em algum momento
ele vai ter que deixar o passeio pelo metade, porque ela, ele vai ter voltar, então
se ela ta la ela ta companheira, ela é família. Eu acho que ta incentivando mais
ainda, a marca, o passeio, a amizade, porque você vai conseguindo, ficar mais
tempo com os teus amigos, desse sintoma a mais, por você é um casal, então, o
garupa ele é um incentivador.
E1: Tem vez que eu vou de carro.
P: Quem decide sobre as compras da Harley-Davidson, a garupa opina na
decisão da compra?
E2: Eu acho que opina e bastante, tanto que na troca da moto, não ta no meu caso,
maior conforto seria pra garupa, eu acho que opinou bastante.
291
E3: Opina sim, escuta sempre, e a, cor da moto, a escolha da jaqueta, da calça, eu
sempre opinei em tudo, no que, que vai fazer.
E4: Eu sou mais comedida, é eu falei você é louco não precisa trocar, é , mas depois
eu opinei na cor, fui chamada pra cor, já tinha comprado, só foi a cor, então pelo
menos pra isso, pelo menos isso. E também não foi assim, olha tem essa, você
achou bonita essa cor? É achei bonita, então é essa aí então, é porque vai ser
uma dessa. É relativa, é, eu gosto de não assim, essa é a preferência dele, claro
ele fez a troca pelo conforto porque ele tinha um intuito, ir mais longe com a
moto, e pra ir mais longe com a moto, ele tinha que dar um pouquinho de
conforto pro garupa, que as sensações já expliquei, são diferente de quem esta
pilotando e quem esta na garupa. Até porque quem esta pilotando, né, são
grandes assim, só vê de lado né, então, mas nosso caso, a sensação ainda é
diferente ainda né, tinha que ter uma muralha na frente, e pra ver a estrada, o
que ta acontecendo, só...
E3: O que, que é, vocês tão falando dos maridos que são magrinhos, tipo o meu e o
seu ?
E4: Altura, não chega nem na largura, só foi a altura.
E1: Independente de ser Ultra, de ser Fatboy, a gente nunca vai conseguir ver por
cima, sempre de por ladinho. A decisão de compra assim, de fato foi mais focado
no que ele queria, é, teve essa questão de pensar, não vai ter um certo conforto
pro carona, que com a parceira, devido a, a cirurgia o medo é tudo isso, mas foi,
foi praticamente do numero 4 “ó eu escolhi assim, eu gostei dessa cor, que, que
você acha” então por a peça, e ta tudo certo, e vamos embora, mais, eu acho
que no contexto em geral, não to dizendo no meu caso, o meu caso é caso a
parte, mas a mulher eu acho que é um grande, já que a pesquisa é marketing, a
mulher é, assim faz parte da decisão final de compra, é a mulher, independente
de ser a moto, de ser o carro, de ser a marca, a mulher tem um fator principal na
decisão da compra final ali né.
292
E1: O primeiro passeio que eu fiz, um bate e fica, eu fui de carro, eu não tava
dirigindo ainda, meu sogro veio me buscou, me levou pra Joinville, e foi pra
Joinville que a gente almoçou naquele iate clube, gente eu quase morri de medo,
de susto, porque o ambiente lá é pequeno, e entrou ooooo, aquele monte de
gente, tudo mundo falando alto assim, eu falei o que, que é isso, aí eu brinquei
com o Guilherme, você faz parte do bando, ou ta fora né meu filho, porque eu
fiquei bem quietinha, não conhecia ninguém naquele dia, não conhecia ninguém
do grupo, eu conhecia o Guilherme, mais ninguém, aí eu falei ou você faz parte
realmente do bando ou o cê ta fora, e eu lembro até hoje, até hoje eu lembro, o
Alexandre ia chegar com aquela bandeira, e tinha umas pessoas que tava no
restaurante já, que chegaram e ficaram assustadíssima, que eles chegaram e
colocaram a bandeira bem na parede assim, como se diz, dominamos o lugar, é
nosso e pronto. Aí eu falei ou você participa ou cê ta fora.
E3: O que acontece com o Alexandre e com o Zunino, é que eles tem uma imagem,
pela roupaça. Pela careca, pela careca, pela barba, eles, eles tem aquela, pelo
porte, eles tem aquele jeito, do, motoqueiro americano.
E1: E eu cheguei pro Zunino e falei, olha, você o Alexandre são as pessoas mais
queridas que eu já conheci, mas quem olha pra vocês e não conhece, tem medo,
o Zunino geralmente ele ta falando brincando, e ele fala sério né. A menos que já
tenha uma noção e saiba que ele esta brincando, mas a, a menininha lá,
garçonete, ela leva até meio travessadinha assim pra eles, porque eles fala, mas
é o jeitão deles, fala naquele tom, que quem não conhece assusta, mas são uns
queridos né.
P: Quais características definem um legítimo HOG?
E4: Parceiros, amigos.
E5: Organização que a gente falou também né, que chama a atenção.
P: Que vestimenta usa um HOG? Um legítimo HOG?
E1: Preto.
E5: Botar primeiro o preto né, jaqueta de couro, bota, colete.
P: Mas tem alguma identidade?
293
E4: Não tem, que identidade é quando você fala, aí você sabe que a pessoa entende
da, de motociclismo, entende da organização, entende da parceria, entende, que
o barulho estridente da moto prejudica a tua atenção na estrada, esse é o
membro HOG. Agora quem não sabe, não tem uma identidade, não tem um
negocio assim, não consegue identificar.
E5: Quando eles entram, a vestimenta, eles, travestiram a alma deles, é o que eu
vejo, a alma, deles esta vestida, não é nem de HOG, é de Harley.
E1: O HOG em si, é um nome que eles deram.
E5: É um nome, o HOG é o grupo, eles se vestiram mesmo de Harley. É esse o meu
ver.
P: Quais são as regras que um membro deve cumprir? Tem regras pra um
membro do HOG?
E5: Não é que são regras, né, eu acho que na hora que a gente sai pra um passeio,
o que, que acontece, as regras são, ta pro membro do HOG, que eu vejo ali, é
fazer os cursos pra que você possa saber andar em grupo, e que você siga
aqueles ensinamentos que é passado nos cursos, pra quê, pra que você possa,
a ++ garantir a sua segurança e a segurança dos outros que estão com você.
Porque eu acho que é mais ou menos isso, você não tem que pensar só em
você, você tem que pensar em todo o grupo que ta ali junto.
E4: Que o, o HOG, é, ser membro HOG é ser proprietário de uma Harley-Davidson,
pra ser um HOG, pra você obter a sua carteirinha HOG, é, mas pelo nosso, não
sei se o grupo total ou se todas as pessoas que estão lá veem dessa maneira, eu
vejo que pra nós não é o HOG, é o grupo que ela faz, são as pessoas que estão
la que fazem, esses pra mim assim o HOG ele não, ele não representa assim
tanto, eu sou HOG porque ele é, o proprietário de uma Harley-Davidson, agora
essa questão HOG que a gente fala é essa questão parceria, pessoas, o ele é
membro porque, ele teve o mesmo de cuidado possível, ou ele frequentou os
cursos, ou ele tem todo cuidado, tem uma experiência de motociclismo que ele
respeita o amigo do lado, colega do lado né, o que for, aí a gente considera isso,
294
como um HOG, realmente ele é, ele é um motociclista, não um motoqueiro, não é
um aventureiro assim, que é só ele na estrada, e pra gente não é um na estrada,
são vários na estrada, com o objetivo incomum, chegar a algum destino, e fazer
festa.
P: Como acontece o preconceito, e a discriminação em relação a o novo
integrante do HOG?
E3: Ele não acontece, as pessoas que chegam, elas ficam um pouquinho com receio
achando que não vão ser bem recebidas, né, as pessoas que entram que sente
um pouquinho essa insegurança.
E5: Eu acho que como, as pessoas que já estão ali a mais tempo, tem afinidade sim,
já tem, querendo ou não você acaba fazendo um grupo, chegando as pessoas de
fora, é a gente procura ir lá falar, conversar, mas automaticamente, as vezes,
acontece da gente, ta conversando e ver que aquela pessoa tá, mas a gente
procura, ta. Eu pelo menos né, ir la conversar, sentar, pô o que você ta achando,
sabe, mas acontece sim um pouco, não é por querer, ta, eu vejo muitas vezes
não é por querer, mas é porque você já ta naquele grupo, que já começou que já
ta ali, e o pessoal, agora sim, parece que ta chegando bastante gente nova né, e
são esse passeio agora foi bom que trouxe o pessoal, o pessoal já vai, já vai
chegando, to vendo que se tem mais gente nova, né.
E3: As próprias redes sociais também aproxima muito, a tu tem Face, tu tem
Whatsapp né, então tu vai criando já um relacionamento com essas pessoas,
elas vão se sentindo mais próximas da gente.
P: A Harley-Davidson disponibiliza uma série de acessórios e peças para a
customização da motocicleta, vocês influenciam na customização da
Harley-Davidson?
E4: É próprio da vaidade da mulher gostar de adereços, e já que a gente ta coma
motociclista, a motocicleta lá e a gente gosta, de chamar também a atenção,
então acho que a gente, proporciona, ou a gente incentiva a, compra, os
295
adereços. A gente influencia a gente gosta dos adereços.
E1: Também gosto incentivo, acho que a vamos trocar aquilo ali, vamos colocar da
caveirinha, vamos colocar de outra coisa, com a própria marca, é, a gente
incentiva bastante.
E3: É eu dou o maior apoio também.
E5: É o Alexandre gosta mais do que eu, isso aí, é o Alexandre é mais ligado nessa
parte aí o Alexandre, é mais ligado do que eu.
P: Quais são as principais customizações praticadas pelos membros do HOG
da Floripa Harley-Davidson?
E1: A troca do escapamento.
E2: Isso que eu ia falar, a troca do escapamento.
E5: Troca do escapamento também.
E4: Troca do escapamento
E2: Investir no banco, no apoio de pé, na pedaleira...primeiro o escapamento.
E3: A nossa primeira foi o Sissy bar.
E5: O Alexandre fala, e eu já escutei esse teu, alguns que tirar o barulho de
enceradeira.
E1: E eu adorava quando o Guilherme tinha a outra, que, a gente mora no sexto
andar, quando ele tava assim a um quilômetro e meio de casa, olha o papai ta
chegando filha, e já, já arrumava o lanche dele já deixava prontinho, que ele tinha
fisioterapia, era fantástico, hoje me dia eu não escuto gente, só escuto quando
o...
P: Ele pretende trocar ?
E1: Ele pretende, mas não sei se vai agora não.
E4:
Era uma maravilha quando tinha o barulho, sabia que tava chegando, e aí eu
296
tava prontinha na cozinha pra fazer, essa eu tava deitada. Só esperando quando
ouvia o barulho eu puf.
E1: E aí o engraçado é que dava tempo, porque era uma distancia meio longinha, até
ele chegar parar a moto, trancar capacete, guardar camiseta, quando ele
chegava pra ir pra fisioterapia, enquanto ele trocava de roupa o lanche tava ali na
mesa já, agora chega em casa, já chegou nem sabia que você tava vindo.
E3: O porteiro lá do prédio, as vezes eu desço e por coincidência, ele acabou de
chegar na garagem, eu não vi ele, a o seu marido acabou de chegar né, ele é
conhecido, e não é, não tem o ronco nessa moto dele, mas ele já sabe que quer
ele.
P: O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson
promove dupla interpretação da percepção dos diversos consumidores da
motocicleta, existe alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao
tema?
E1: Pra quem curte a moto, pra quem curte essa vibe, é sons, som para os ouvidos,
pra quem não gosta, pra quem não é afim, pra quem já tem um certo
preconceito, que barulho chato, e que coisa chata, que não sei o que.
E3: A gente ta nessa vibe, a gente gosta.
E1: Falei pro Guilherme esses dias, faz um furinho lá, vai fazer o mesmo barulho.
E5: É, é uma marca da Harley esse barulho, né, é a marca dela é o barulho, é
identidade, identidade dela é o barulho.
297
APÊNDICE 4 – Transcrição Entrevista Grupo Focal 4 Entrevista focal, Grupo 04. Identificação G4. Local: Itajaí– SC, data: 23/11/2014- domingo as 17:30 horas, tempo total de gravação= 1hora20min6seg
Membro Descrição
P:
Gostaria de saber para onde vocês iriam de férias se vocês estivem com
grandes restrições orçamentárias, sem dinheiro, com a sua Harley
Davidson?
E2: Pouca grana? Número 2 vai para Punta Del Leste.
P: Por que número 2?
E2: Porque fica à um 500 quilômetros daqui e é um passeio maravilhoso que eu já fui
de carro.
P: Não precisa de muito dinheiro?
E2: Não, não precisa de muito dinheiro, só dinheiro pra combustível.
E1: Faria um roteiro, mais perto, que passasse por várias cidades pequenas, daqui
da região.
E1: Porque teria um custo baixo também, um custo, custo praticamente de gasolina e
hotéis mais baratos, se pudesse, se tivesse esta opção também, mas teria uma
região, uma região boa pra se conhecer, passeio curto e gostoso.
E4: Sem programação do roteiro, do destino de hotel, reserva de hotel. Como
número 1, acho que mais pela região também.
P: Pra você, o que é a Harley-Davidson?
E1: A Harley-Davidson pra mim é, é até uma coisa nova, mas ela é, ela é mais um
estilo de vida, uma coisa mais do que tu ter uma moto só, uma motocicleta, ela
tem algo a mais que te oferece, ela te oferece algumas vantagens a mais que é,
298
é essa marca que ela é um, ela é praticamente uma ++ posso dizer um sonho,
um sonho de consumo de muitos né, atrás e atrás dela vem muito mais coisas do
que ter uma motocicleta só, tem um grupo de amigos, tem o, esse estilo que é
um estilo americano mesmo. Então assim a Harley-Davidson é um, é um outro
estilo, ela tá além de ter uma moto.
E4: Amigos, parceria acho que é, é direto. É a definição.
E6: Eu com a experiências de outras bike que eu já tive, é eu acredito que a Harley é
família, tem um outro estilo de vida.
P: Como tu identificou que a Harley é família?
E6: Em questão assim ó, tu vê que tu pode ir com filhos sem filhos, tu se dá com todo
mundo, tu fala de coisas boas, tu conhece gentes diferente né, que isso na Bike
não, tu não via.
P: A Bike é outra cultura, motovelocidade?
E6: Outra cultura, eu acho que é mais diversão, e a Harley busca pela família... Tive
essa diferenças eu sei, eu convivi, então acho que a Harley é família.
E3: Pra mim na realidade eu defendo que é companheirismo amizade, trocas,
conhecimento é... Uma higiene mental uma distração onde você consegues,
desligar totalmente do teu trabalho do teu profissional, é, e aonde, na realidade é
um momento de paz, pra mim na realidade, e também é de amigos e eu acredito
que isso faz com que na realidade que o próprio casal se aproxime de uma certa
forma bem mais, isso acaba aproximando o próprio casal, pra mim é isso.
E2: É, Harley-Davidson pra mim é, mudança no modo de viver, se vive dum jeito
antes, e vive um jeito depois de ter uma Harley-Davidson , ponto.
P: Esse teu ponto não me deixou feliz, eu gostaria de entender um pouco mais
que tipo de mudança é essa e que divisão de águas foi esse pra ti, tu
mudou o teu estilo de vida?
299
E2: Positivo, mudei muito porque, como foi citado anteriormente pelos outros
números, 1, 2, 3 e 4, 4 não falou ainda, é, tudo muda depois que você adquiri
uma Harley, e começa a participar dos eventos dos passeios, das novas
amizades, dos novos conhecimentos, novos caminhos e novos destinos
E4: Eu creio que é, você quando sobe na, na sua Harley, você se traveste de
motociclista, você tema sua semana de trabalho, onde é, um mundo totalmente
diferente e, convívio diferente, pessoas diferentes, e você quando esta na sua
moto, dando sequencia ao que todos falaram, você faz amizades, é, se roda, isso
é ++muito bom.
P: Com base no que o número 3 comentou, eu entendo que mais ou menos, a
Harley pra vocês também é, alem de tudo também é um hobby, to certo?
E3: Sim, eu concordo.
P: O que vocês fariam se não tivessem este hobby?
E3: No meu caso, se eu não tivesse esse hobby, que eu mais gosto de fazer, seria
viajar, viajar, e a Harley de certo modo ela acaba me proporcionando isso
também, então por isso que acabou me chamando tanto a atenção, né, e por
fazer parte de minha vida, porque eu gostar tanto de viajar, mas se eu não
tivesse esse hobby. E é engraçado porque eu acabei, gostando da Harley,
através de uma viagem, conhecendo o que, que seria a Harley, através de outro
casal de amigos, foi através de uma viagem também.
E1: Sinceramente não sei o que eu faria de hobby, eu acho que... Começar a andar
com moto ++ Praticamente 40 anos, e ter uma Harley depois, tu começa a
identificar umas outras coisas que assim, antes não tinha, então tu buscava até
alguns tipo de hobby, alguma coisa diferente ou outra, mas não achava, e se tu
acha, no caso eu achei uma colocação, que não sei, a mudança foi tão grande, a
mudança foi tão grande a partir de uma motocicleta, e depois ter uma Harley, que
eu não consigo tentar me identificar com outros tipos de hobby não, é difícil.
É, dando sequencia no que o numero 1 falou, eu até, tem, um outros, não posso
chamar de hobby, é, muitos feitos, é veículos e tudo mais, só que, largo, dou
300
preferência sempre a, o hobby, da moto da, da Harley.
P: De todos os hobbies, este é teu favorito?
E4: Com certeza, largaria, largo, largamos, largo de uns mais pra, pra esse, da
Harley.
E2: Eu tenho uma consideração. Eu não considero a Harley-Davidson hoje, para
mim, como hobby. Eu considero uma opção de vida, no qual eu encontro lazer,
encontro conhecimento, encontro novos desafios porque nem tudo na Harley
também é só alegria. É o calor na estrada, é o frio na estrada, é o peso da moto,
são várias diversas outras coisas, que, ficam abaixo do motivo principal de ter
uma Harley, que é, essa opção como chamei inicialmente de opção de vida, você
querer sair da sua casa, no final de semana, passar o frio, passar chuva, passar
calor e gostar disso tudo ao mesmo tempo, porque por várias vezes já passei por
vários motociclistas e eu tanto no meu carro, dentro do meu carro com ar
condicionado e tal ali, gosto, e vendo o pessoal de moto, e gostaria de estar
passeando de moto também naquele momento, então acho isso uma opção
nossa, de nossas vidas que agente faz e não como um hobby, o hobby é como
se só sai pra um lazer e fazer um passeio e tal, e essa não, agente opta por isso,
agente opta sair daqui rodar 1000 quilômetros 2000 quilômetros, venha o que
acontecer, isso aí é um, opção nossa e não um hobby.
E3: Eu concordo plenamente com as colocações do no número 2, porque é em
relação ao estilo de vida, eu ++ eu confesso que eu, acabei me adaptando,
nesse novo estilo de vida, e acabei me identificando, gostando, amando é,
porque era um meio que realmente eu tinha de certa forma um pré- conceito, de
não entender,é, nossa passar frio, é, calor, enfim, né, todas essas situações que
já, que, que nos deparamos, né, quando agente faz uma viagem num
determinado, numa determinada distância, e hoje eu falo, estilo de vida onde eu
tenho contato com a natureza, eu consigo sentir né ++ na realidade eu aprecio
melhor uma viagem, ou seja na natureza, seja um contato maior até mesmo com
o meu marido, né, com os colegas, e sem falar na convivência né, nos grandes
amigos que agente acaba encontrando, é , fato esse que por estarmos aqui hoje,
né, todos reunidos enfim, e isso é tudo muito bacana, e, e eu quero salientar que
301
esse estilo de vida, na realidade foi e trouxe, é, foi [muito bom] pro meu
marido,porque o, hoje eu olho pra ele né, e eu vejo ele totalmente incorporado,
né, com estilo Harley, feliz, que eu acho que isso é o mais importante, né, eu
acredito que agente busca um estilo de vida, um hobby eu penso que o objetivo
maior disso tudo é fazer com que agente se sinta bem, né , o que realmente me
faz bem, até mesmo pela faixa etária, se você observar é uma faixa etária de
quarenta anos, trinta e cinco a quarenta anos, nessa faixa etária agente quer
fazer o que nos faz bem, o que nos faz sentirmos bem, então pra mim também é
um etilo de vida no qual hoje eu falo que eu gosto, e levei um tempo, realmente
pra, pra mim adaptar, pra mim entender, esse estilo né, de vida de Harley, enfim.
Sem falar que, que é algo que também, caro, né, não é algo... enfim
economicamente que, barato, né.
P: Partindo do pré suposto que a marca Harley-Davidson nunca existiu, ao
tirarmos a marca da sua motocicleta Harley-Davidson , a marca, ou deu ma
jaqueta, roupas e acessórios, o que resta pra vocês? Eu tirei a marca, e
eliminei a marca Harley-Davidson dos produtos, o que resta? Nos podemos
falar de qualidade e tudo mais, o que resta pra vocês?
E2: O que resta, tirando a marca da minha moto, adesivos, roupas, tudo, que vou
usar a marca Harley-Davidson , sobraria pra mim nada, eu não compraria outra
marca, não andaria de moto , porque não, pra mim não diz mais nada, entendeu.
E1: Ela vira uma simples motocicleta, ela perde todo, todo o, vamos dizer o glamour
da coisa, a, o estilo que você tem, nem vou mais falar em Hobby né, o estilo
mesmo, ela vira, mais uma, concordo com o 2, acho que eu não andaria...
P: Ela vira mais uma motocicleta. Vocês podem me falar sobre essa
motocicleta que sobrou, essa mais uma?
E4: Experiência, essa questão, tenho, tenho essa experiência, tive outra, outra marca
de moto simplesmente eu tinha a moto, e mais nada. Eu tive uma outra marca de
moto, uma moto esportiva, não vou citar marca, mais simplesmente eu tinha uma
Honda esportiva, eu tinha somente isso mais nada. Claro capacete macacão,
hoje na Harley...
302
P: Não existe Harley Davidson. Nessa questão não tem, agora existe a
motocicleta ali para comparar, essa motocicleta com aquela motocicleta.
E4: Seria só a moto, mais nada
P: Em relação aquela, melhor, pior, sem a marca?
E4: Seria igual, seria igual, claro...
E1: Eu tenho uma outra moto, tenho uma Shadow, ta lá guardada, bateria arriada,
pneu quadrado, ta lá, ta difícil tirar da garagem.
E1: Porque assim, falando em termo claro, falta tesão. {É uma Shadow}, até, a
mulher ia ficar com ela até, mas não vou nem arrumar porque, vai, vai pro troco,
vai pro pau logo.
E4: Minha Honda ficava três, quatro meses parada na garagem, só. E a Harley toda
a semana, e reúne os amigos.
P: Não existe a marca Harley-Davidson , só existe o produto. O que sobrou,
nunca existiu as coisas que vocês tão falando, existe uma motocicleta...
E1: Sobrou uma motocicleta pra ir em encontro de moto, né, sobrou uma motocicleta
pra ir em encontro de moto lá, ver o pessoal...
P: Isso que sobrou, tem qualidades e defeitos? Em relação aos demais?
E6: É seria, igual agente tinha Honda, que tu viajava ++ fazia um passeio porque tu
não podia viajar, com a garupa, que tu fazia o mais, o máximo que fui foi até
Paranaguá, que tu não aguenta, então, essa nova marca não seria nada, porque
tu não teria estilo de vida, tu não teria família, tu não teria amigos, entendeu, e,
agente tem experiência da Honda, que, era só bagunça, então não seria nada.
E1: Pra quem já teve aí, mesmo não existindo mais a marca, pra quem já teve a
Harley, é difícil tu tentar identificar alguma coisa sem a marca, essa a dificuldade,
quanto eu não tinha a Harley,e , era mais fácil, tu dizia assim, eu vou com, com
303
essa minha moto, eu vou pegar outra, eu vou fazer aquilo. Mas quando tu já tem
é difícil pensar nessa maneira, a não tem mais, e daí agora eu faço o que ?
Vamos ser bem pessimista, vira o caos, pra quem teve Harley vira o caos.
E4: Talvez, um simplesmente um transporte seria.
E2: Como eu fiquei inicialmente, tirando a marca Harley, da minha moto hoje, eu falei
sobraria nada, e como não sobraria nada, eu não teria moto.
E1: Por, por já ter, nos já ter andando, numa Harley.
E2: Não não não, independente disso, porque eu já tive outras motos, e atualmente
estava sem moto, a partir do momento que tive, comprei a Harley a três anos
atrás, comecei a andar nesse meio, falei, continuo andando de moto, mas como,
eu volto a falar, já tive outras motos, e nesse meio de, universo de motos que
existe, eu não teria moto, como não tinha, por opção minha, eu não me sentia a
vontade, de sair da minha casa, pegar chuva pegar sol pegar, arriscar de cair se
machucar esse negócio todo pararaaa ++ se não existir só, uma Harley.
E3: E eu não me sentiria, eu não seria uma, motociclista garupa {}, não seria.
P: Vamos agora recolocar, reconstruir a marca Harley-Davidson , nossa
memória voltou agora sabemos, lembramos de tudo que, já aconteceu em
torno dessa marca, e colocamos novamente os adesivos e tags, no nosso
produto Harley-Davidson , jaquetas, motocicletas. O que retorna e como
isso agrega valor ao produto?
E3: O estilo, o estilo de vida, é um estilo, é uma escolha, é uma escolha.
E1: É, frisando bem, é o estilo, como vários estilos de vida que tem, ele gera, ele
gera um mercado, gera um mercado que é diferente dos outros, dos outros
motociclistas, das outras marcas, ele tem por, por isso que ele não é um hobby,
ele é um estilo.
P: Diferente das outras marcas por quê?
304
E1: Porque as outras marcas elas não tem um estilo, tu tem, tu vai ++ vamos a
palavra por amor, ela não, tu, você vai comprar uma jaqueta, você compra
qualquer uma. O Harleiro não compra qualquer jaqueta, ele já, ele vai, ele pode
não comprar duas, três jaquetas, não consegui comprar, mas ele vai esperar um
pouquinho mais pra comprar, aquela que ele quer da Harley mesmo. Então é o
estilo, como você tem vários estilos, várias tribos várias coisas, ele não é hobby,
isso mesmo, voltando atrás, não é hobby, é estilo mesmo, ele é diferenciado.
E4: Só você olhar a mesa aqui, estamos juntos praticamente com a camisa da
Harley.
E2: Tu não vê uma BMW, não não porque o foco seria esse, mas normalmente num
evento assim, você não vê um ++ num evento você não vê uma camisa BMW, é,
Suzuki, diferente por exemplo, eu vou contar até uma situação, que a Samara,
minha esposa também ta aqui sabe o que aconteceu, eu tava em Nova York num
shopping Memphis da vida lá, oitavo andar, loja pra caramba, "papapapa" e eu
estava com a camisa Floripa HD, com o motociclista uma caveirinha dirigindo a
moto, e passa uma garota totalmente que eu nunca tive visto na vida e fala "oh
Harley-Davidson , oh Yes” que dizer, não me conhecia, olhou pra marca e já se
sentiu intimidada, com intimidade pra conversar, mas só que a esposa estava
atrás e não pude conversar com ela {}.
E3: E era linda, uma loira, falou "hi Harley-Davidson" e eu batia atrás só olhando, só
de olho.
E2: Então quer dizer, é universal o negócio, é universal o lance é universal, a marca
é universal.
E3: Isso que é bacana né, o próprio objetivo o estilo, não é correr né, é passeio,
quando se encontram as pessoas falam, não é falar de problemas, não é isso,
mas se encontra pra se divertir, é pra esparecer, pra, pra esquecer enfim, do, da
correria do dia a dia, alguns até dos próprios problemas, né, e entre outros, é ++
enfim, é um momento de distração de descontração, e é isso que me chamou a
atenção, né, fazer parte desse estilo.
E5: Na verdade é uma marca que faz acordar cedo num sábado, pra tomar um
305
simples café da manhã em Floripa. Só pelo fato de confraternizar, olhar os
produtos da loja, que é bacana, que pra mim, o acordar cedo é complicado, mas
pela Harley-Davidson , sábados estamos aí {}.
E1: Só finalizando então, isso, isso tu não encontra em outra marca, até se tenta
fazer, mas tu não encontra.
P: O que, que não se encontra em outra marca?
E1: Esse levantar para ir a um local, próprio da marca pra você ir tomar um café,
você rodar de 100, 200 quilômetros, de vez enquanto quando vai a Curitiba, pra
simplesmente tomar um café, pegar virar as costas e vir embora, se não encontra
isso em outras marcas que, que, ah tem um café da manhã..., a coisa não anda.
E5: É verdade, eles até tentam mas não conseguem unir o pessoal, porque é , muito
pingado a coisa né, e falou em Harley-Davidson , um almoço a agente conseguiu
juntar setenta motos, um carreteiro.
P: O que vocês esperavam da marca Harley-Davidson , antes da compra da
primeira motocicleta?
E5: Conforto.
E1: Conforto pra garupa, porque os sem graus esta na minha perna. É então assim
ó, o conforto pra garupa geralmente, a garupa ta bem confortável, a moto pra
estrada é boa, mas ela tem outros poréns da ++ nem tudo é alegria, você tem
marcas ++ com mais tecnologia, com muito mais coisas, então não é por ter a
tecnologia que você compra uma Harley.
P: É exatamente isso que eu queria ouvir quando perguntei, tiramos o adesivo
da Harley, não é mais uma Harley, existe marca com mais tecnologia.
E4: Uma big Trail, é mais confortável pra andar hoje, do que uma Harley.
P: Uma big Trail de que marca por exemplo?
E4: Uma big Trail uma Triumph, uma BMW, pra você andar ela é mais confortável.
306
E1: Nos tínhamos uma big trail, uma V-strom, ela era confortável como ta na Harley,
é outro tipo de conforto mas ela fazia mil quilômetros em cima da moto como,
como faria aqui, só que aqui ela tá no sofá sentada, então é difícil, é diferente, é
diferente, assim ó, tu anda, tu tem o conforto, tem toda a tecnologia numa BMW,
tu tem toda a tecnologia que tem num carro, até muitas vezes até mais coisas
que tem num carro, e a Harley não tem isso, tem um motor que aquece pra fritar
ovo, suspensão curta, então não é, não é pela tecnologia que você compra uma
Harley.
P: Quais fatores motivaram vocês, a comprar a primeira Harley-Davidson?
E4: Só abordando a outra questão, eu creio que, ela não vem a ser, claro, uma moto
desconfortável né, existe marcas e modelos de motos como é o conforto, com
certeza, mas, já indo nesta questão, o que me fez a comprar , a marca, é, creio
que é, creio que é tudo que agente, é, falou até agora, é ++ acessórios, amizade,
várias, vários passeios.
P: Você já conhecias isso antes da compra da moto?
E4: Não, como eu citei, eu tinha outra, outra marca de moto, um outro estilo de moto,
e não chegava nem, nem próximo, do que, do que a marca e a moto Harley me
proporcionou hoje.
P: Certo, então por não conhecer, o que te motivou a comprar, mesmo não
conhecendo?
E1: Os amigos
E4: Exatamente. Uma viagem, como eu citei, uma viagem que eu fiz com uma moto
esportiva, e amigos fizeram com, com a Harley, e me motivou a, migrar pra essa,
pra Harley.
E1:
Tu acaba migrando pra Harley por que, claro, que isso, tu é um pouco
influenciado, pelo meio, pelo redor que tu vive, hoje tu tá num meio, e assim, no
nosso meio é fácil, não ta isso, nos tínhamos uma Harley ali, duas eu acho, e
307
hoje ali no nosso grupo mesmo, tem quantas Harley tem, e quem vai trocar, já
pensa em trocar por uma Harley, até porque tu vê o outro, ti vê a garupa falando,
tu vê aquela, aquele estilo, que você acaba ficando isolado, as próprias roupas,
tu acaba ficando isolado, mas assim, não é ++ você se isola sozinho claro, mas
assim você vê que aquele pessoal ta fazendo outras coisas a mais, do que você
com a sua motocicleta, e quando você vai trocar, você acaba sendo influenciado,
e aí é o meio que você vive não adianta.
E4: Você acaba se tornando um garoto propaganda, da marca, como acontece hoje
comigo, que ++ é quem vem conversar sobre motociclismo, com certeza eu faço
propaganda, e vendo o produto e aconselho a comprar, a marca.
P: Vocês tinham expectativas em relação à marca?
E1: Eu não
E3: Eu também não,
E4: Também não fiz expectativas
E6: Não
E5: Não
E2: Também não
E1: Nunca se pensou em, ah eu vou ter isso, vai ser aquilo...
P: O que vocês sentiram no dia da compra, da primeira Harley-Davidson?
E2: Felicidade{}, e uma coisa que eu escutei do meu consultor técnico, foi entregar a
moto foi, é, comentando sobre ela, e tal me explicando o funcionamento, que eu
nunca tinha tido uma Harley-Davidson , e ele falou no finalmente, quando acabou
de explicar tudo e falou assim, a seguinte frase "o mais barato, você comprou,
agora você vai ver" a moto, e aí eu por quê? A moto custou cinquenta e quatro
mil Reais, eu falei, pô barato cinquenta eu pensei né, cinquenta e quatro mil
Reais barato, aí você vai ver, basta abrir o nosso guarda-roupa, a quantidade de
roupa, de capacete de bota não sei o que, deve dar uma outra Harley ali dentro
do guarda roupa.
E5: Só falta o enxoval, comprou a moto falta o enxoval.
308
E2: O mais barato foi à moto mesmo.
E3: Eu fiquei muito feliz, porque eu tinha certeza, o bem que isso faria ao meu
marido, e fez.
E6: Quando o Xande chegou de moto, em casa com a Harley né, que ele foi trocar
em Curitiba, que vendeu a esportiva, é, quando ele chegou eu disse assim meu
Deus que mudança{}, porque praticamente foi da água pro vinho, que houve
mudança totalmente diferente né, ta no lado esportivo, e tu foi pra Harley. Então
eu disse assim, ó eu acredito que seja pra melhor, porque é uma coisa que eu
vou poder ir com ele longe, e coisas que eu não poderia ir com ele longe, o
máximo que eu ia era Garopaba ou Paranaguá, porque além disso eu não
poderia ir, no entanto que ele fez um passeio pra Brasília, eu tive que ir de avião,
porque não conseguiria ir na moto como ele. Hoje se ele falar pra mim, fomos pra
Brasília de moto, eu consigo ir de moto, então pra mim foi muito gratificante, foi
uma, é ++ uma coisa assim que, como número 3 já citou, aproximou acho que eu
e ele também na vida, como homem e mulher, agente se aproximou, aproximou
bem mais assim, até com o pessoal, assim como, companheiros né, amigos, ele
é meu amigo meu marido, acho que parceiro, também, é, já fui em local que
cheguei no local, não vou citar nome, que as guria olharam pra mim e falou
assim "nossa tu é louca, tu foi pra Tiradentes de moto, que graça tem?" e eu
cheguei pra elas e falei assim, essa graça só eu sei, vocês não vão saber.
Porque não vive entendeu, não convive com aquilo ali, então deixo elas pensar
que eu não tenho essa graça na minha vida, mas eu tenho, então deixa.
P: Vocês encontraram alguma barreira, pra entrada na Harley-Davidson ,
assim como em outras subculturas, seja de preconceitos ou dificuldades
pra encontrar alguma informação?
309
E2: Você hoje comprando uma Harley, você automaticamente você já faz parte do
grupo HOG, se comprando uma Harley zero quilômetro, na revenda autorizada,
você já faz parte do grupo, automaticamente, você não precisa se inscrever, não
precisa fazer nada, é só a nota fiscal, pode gerar o documento que vai ser
encaminhado pela própria agencia, pra lá pra Milwake no Estados Unidos, você
vai receber um cartão do HOG, válido por um ano, sem, você querendo ou não,
se for opção sua, esse é o ponto, então você automaticamente já faz parte
desse, desse universo. Segundo ponto, regional, do HOG Floripa, conversei o
diretor na época com o Zunino, que era o diretor na época, ele agora ta como
sub diretor, do HOG, regional, e eu perguntei pra ele uma vez, isso bem no
comecinho mesmo, que tinha colegas meus, tinha o Cristiano, tinha o Marquinho,
que tinha moto e iam fazer um passeio, e não tinham Harley-Davidson , e eu
perguntei pro Zunino, tem algum problema, convidar um amigo meu, que não tem
Harley-Davidson pra andar com a gente, no bonde da, do pessoal do HOG, de
Floripa, ele falou "não, nós aqui em Florianópolis não temos nenhuma restrição, a
fazer, é querer excluir qualquer pessoa de moto, é tendo moto acima..., uma boa
cilindrada que possa acompanhar o nosso ritmo, então todos, são todos
convidados", aí eu pensei comigo, isso pra mim além de ser muito bom, é
também uma estratégia de marketing, por que, a pessoa que vai entrar num
grupo desse, e vai começar a ver aquelas motos maravilhosas, velas reluzentes
tal, o cara vai pensar, pô, vou querer ter uma dessas, então o que acontece, eles
conseguem matar dois coelhos, numa cajadada só, ele falou inclusive que tinha,
que tinha..., lá em São Paulo, eles restringem, eles restringem o passeio, só
Harley-Davidson . E aqui, em Floripa eles não fazem isso, então o quer dizer,
você compra uma moto, você já pode participar dos eventos, é só ver o
calendário, se inscrever, e fazer parte do passeio, sem custo sem despesas sem
nada, só basta ter sua motinha e acompanhar, ia ser feito um briefing na saída,
do, do evento, pra que as pessoas possam saber as regras de conduta, numa
estrada. Segundo ponto, é ++ foi o ponto nacional que você já é inscrito, e
segundo ponto é você poder participar dos eventos, isso aí pra mim foi
determinante, pra que você se sinta, e faça parte daquele meio, que é o universo
ali do HOG, e não se sinta excluído, porque, como eu falei na primeira vez eu
não conhecia ninguém, mas fui conhecendo um conhece outro, a tem mais
310
afinidade se conversa com um conversa com outro e vai começando a fazer
parte daquele meio.
E1: O próprio meio do motociclismo, e ++ é fácil você é, interagir com as outras
pessoas, mas muitas vezes quando você vai, vai comprar um Harley, tu vê
aquele grupo, aquele grupo mais longe, realmente tu vê aquele grupo, tu imagina
aquele grupo passando aquele pessoal, e tu diz não como é que eu vou fazer
parte disso aí, é simples, tu tem a marca, tu tem a moto, tu entra atrás do, do
bonde vamos dizer, e ta normal, a coisa segue, não existe ah, aquele é novato,
aquele é, aquele é mais velho ele precisa vim, vim pra frente, ele precisa vim pra
traz, não. Que, que nos temos né, casos do, do, do rapaz ali, que, é um dos
diretores e ++ é um cara novo, é o Marcelo é um cara novo, e faz parte disso aí,
porque ele tá no meio também, então basta estar no meio e querer participar,
qualquer um de nós aqui teria, condições de ser um diretor alguma coisa, desde
que participasse mais ativamente, ou quisesse participar mais ativamente da
situação. Então não existe mesmo isso aí, ah o mais velho tem o local garantido,
o mais novo tem que passar por etapas para se, pra chegar lá, não existe, até
porque o motociclismo não existe isso aí muito.
P: Agora como proprietários da marca, o que mudou, nas expectativas de
vocês em relação a Harley-Davidson , em relação as expectativas que vocês
tinham, antes da compra?
E1: Aumentou o custo{}, ++ aumentou o gasto, a despesa esta maior. A agenda tá
lotada, o custo tá alto, cada vez que tu abre um site pra alguma coisa diferente tu
quer, tu tem ++ passeio++ roupa.
E3: A agenda está lotada.
E1: Tu já entra nessa época ah, começa a esquentar, no verão agora. O, não vai dar
pra sair muito vai ter que ser isso, vai ter que ser aquilo, é, então tu começa, o,
311
só vamos começar a se encontrar mais pra frente, até porque tem esse ++ do
calor, de andar, nessa calor é meio complicado né, botar uma roupa, botar um
capacete e fazer uma quilometragem grande, então tu evita quilometragens
maiores e faz passeios menores. Mas a agenda, a agenda é o que muda.
P: Escreva o sentimento que vocês tem, quando estão rodando em sua Harley-
Davidson?
E1: Eu odeio viajar de carro, não me fale em viajar de carro, eu tenho minha família
longe, mais de quinhentos quilômetros e se tiver que ir de carro, a coisa, não
anda, por que, porque quando tu tá em cima da moto, é fácil fazer quinhentos,
mil, mil e quinhentos, não tem problema, você faz.
P: Mas o sentimento que tu tem?
E1: O sentimento é isso aí ++ o pessoal usa muito a palavra liberdade, mas não é,
acho que não é isso, é alguma outra coisa assim meio...
E5: Prazer de estar em qualquer lugar.
E1: É, assim tu, é diferente, mais assim eu, eu escuto muito essa coisa de ah
liberdade, não é liberdade é alguma palavra que eu não, não consegui achar
ainda. É diferente sabe, você tá em cima de uma moto, você tá perto da coisa,
você ta tomando aquela chuva, tu ta sofrendo com aquele sol, com aquele, é
diferente, do que tu fazer, ah eu vou entrar num carro e vou fazer mil quilômetros
num carro, então tu já calcula mil quilômetros, agora mil quilômetros com a moto
você já diz, não eu vou parar aqui, eu vou parar ali, vai demorar um pouco, vou
chegar no final do dia acabado lá, acabado, mas a sensação foi boa, melhor que
chegar com a dor nas costas só, do carro.
E4: Eu creio que quando agente tá fazendo uma viagem de carro, você consegue
pensar nas, em algo, você consegue pensar na semana que se teve, na moto
você não pensa nisso, você esquece tudo.
P: Voltando pra questão, o que você sente, quanto tá em cima da tua Harley?
E4: Um sentimento, como número 5 citou, prazer, alegria ++ liberdade como todo
312
mundo cita, mas é uma verdade existe isso ++ uns sentimento aí.
E6: Eu acho que uma realização, da semana do mês, do trimestre que tu vai viajar,
eu acho que tu se sente um pouco realizada, tu esquece de tudo, então tu se
sente, talvez até aquele como o número 1 citou, querendo ou não é um ato de
liberdade que tu tá lá me cima dela entendeu, tu esquece de tudo, então tem a
realização de.... É tu sente pela liberdade tu esquece de tudo, eu me sinto
realizada assim, eu gosto.
E1: É é .++ quando, quando eu falei liberdade é que, geralmente quando tu escuta
alguém falar de moto, é a liberdade, as vezes sabe. Liberdade o que assim? As
vezes eu fico pensando, é uma liberdade, mas assim ó, tem mais coisas do que
isso daí, não é só na Harley, é na moto mesmo de tu tá, fazendo uma viagem, tu
tá em cima duma moto, tu sabe, tu vive, tu ta no meio da paisagem, não ta
visualizando a paisagem, você faz parte da paisagem. É diferente assim. ++ é
difícil, eu tava tentando achar uma palavra.
E5: Conquistou aquele espaço, então tu, tá ali, tu faz parte, daquela...., daquela
estrada, daquele..., daquele momento, conquistou o espaço.
E1: Eu acho que o sentimento é este, que você faz parte da paisagem, se isso é
liberdade, ótimo, então é liberdade, mas você faz parte daquilo ali, sabe, muito
diferente que tu esta dentro dum carro.
E4: Quando você tá num local, com uma paisagem bonita, se você ta de carro, se
saído seu veiculo, e vai lá bater uma foto por exemplo. Se você tá de moto, você
quer que a moto apareça junto na foto.
E5: Principalmente, o símbolo da Harley-Davidson {}.
E3: Pra mim, é uma sensação de companheirismo, pra, e também uma sensação de
higiene mental que eu consigo me desligar, como um todo assim, consigo,
esquecer de tudo e viver aquele momento ali, é o presente, viver exatamente
aquilo que estou vivendo naquela hora.
E1: Eu acho que a palavra é coisa é coisa certa, aquele momento ++ é o que o 4
falou antes, é, tu não pensa em outras ++ porque você tem que tá ligado no que
313
ta acontecendo ao todo, tem que tá muito ligado na estrada, mas é isso aí, ah, ta
ali, é aquilo ali, é o momento, é o momento, vivendo o momento mesmo.
E2: Eu me sinto, meu sentimento, é ++ vou falar ++ estou ali, quer dizer, não estou
nem ali, eu me sinto assim tão, tão, assim no meio, por exemplo, uma sensação
até extra corpórea, você esta ali, se ta vendo a coisa mais linda pra mim é estar
na estrada, com uma curva assim de raio longo, você vê aquele, a quantidade de
moto na tua frente e você andando, cara, aquilo ali, é indescritível, não tem
palavra pra dizer, da vontade de falar pra todo mundo, cara que coisa linda, lá no
finalzinho, na traseira do bonde, aquela curva passando raio longo assim,
aquelas motos lá na frente e tal, você ali, você estando naquele meio ali você,
você, se não se sente nem em cima de uma moto, eu me sinto assim, nem sinto
++ sinto que to flutuando ali, naquele meio.
E3: Eu entendo perfeitamente essa sensação do número 2, porque a primeira vez
que, eu consegui visualizar, de um passeio né, que eu participei, que as motos
aceleraram dentro de um túnel, eu chorei de emoção, eu chorei de emoção, a
sensação ficou muito forte né, realmente me sentia à flor da pele naquela
situação, de tão lindo que eu achei, né e é aí onde agente vê que como, como
agente tem que agradecer.
E1: O sentimento, que é o que agente ta falando, pra andar numa motocicleta, tu tem
que saber, assim por exemplo, tu gosta de tirar, assim se tu conseguir olhar pro
pôr do sol alguma coisa, e você gosta de tirar uma foto, você vai andar de
motocicleta, agora se você não gosta de paisagem se você não gosta de, você
acha tudo estranho, se não gosta de ver alguma coisa bonita no céu, aro Iris
alguma coisa ++ você não vai andar de motocicleta né, porque tu não vai
conseguir visualizar essas coisas toda ao redor, sabe, e o motociclismo tem isso,
tu ta olhando ta visualizando, to olha, quantas vezes eu passei por alguns locais
ali ++ tu não enxerga aquele morro, aquela coisa, e aí é diferente, essa parte é
diferente, se a pessoa não sabe visualizar um pôr do sol bonito, não anda de
motocicleta, porque tu não vai conseguir visualizar nada, tu não vai ter ideia do
que é andar de moto.
P: Por que é comum observar, vários HOGs, membros do HOG, desfilando em
314
um comboio de motocicletas?
E1: Eu acho que é por tudo isso que agente, agente falou, que era, tem o estilo e um
dos estilos da Harley não é andar muito sozinho, é andar em grupo, é andar em
grupo, então o pessoal se reúne pra andar em grupo, e aí claro o HOG é pra
isso, o HOG é uma ++ é o grupo que faz, que prepara pra se andar em grupo,
então é assim, dificilmente tu vê uma Harley passando sozinha, então tu tem
mais Harleiros andando junto, até porque aí vem a questão da família, da
amizade, companheirismo, que é o, que é o interessante. Agente mesmo fez
uma viagem o ano passado aí, rodamos o Rio Grande do Sul ali, quase dois mim
quilômetros sozinho, eu chequei em casa e, sozinho eu não vou mais, não tem
graça.
E2: Pra mim um sentimento meu é segurança, primeiro de tudo segurança, eu jamais
teria uma moto dessa que eu tenho hoje, pra andar sozinho no Rio de Janeiro ou
em São Paulo, não teria, então aqui, com o HOG agente vai pra tudo quanto é
canto cara, e aí agente se sente seguro, porque, nos temos diversos elementos,
dentro do comboio, do HOG, que tomam conta da gente. Que, eu tenho o
exemplo prático agora na volta de São Paulo, o Conte tava na fila do pedágio, e
entra um carro no meio do nosso bonde, pra forçando a barra, pra cima pra
passar na nossa frente no pedágio, apesar de ter umas 5 motos na frente, um
carro entrou na frente do, do meio da gente, e entrou, e aí o que, que acontece,
num estantinho, o pessoal da, da proteção no caso, o capitão do início, e o
pessoal de traz, se reuniram e cercaram aquele carro perguntando qual o
problema, que tava acontecendo com aquele carro, e o carro ficou ali quietinho
esperando passar todo nossas 32 motos. E até achei, faz parte até da
segurança, um momento assim que agente acabou de passar, do pedágio, nos
ficamos esperando o carro que queria passar na nossa frente passar, achei legal
esta estratégia porque, podia ser algum maluco desmiolado, querendo derrubar
todo mundo ali depois, vem atrás de todo mundo, era de noite, escuro, então
quer dizer, até isso o pessoal pensa, então quer dizer, eu me sinto muito seguro
em fazer qualquer tipo de viagem, com, o pessoal do HOG.
E4: Se você ta sozinho numa situação dessa ++ consequência poderia ser outra.
315
E3: Como garupa eu me sinto mais segura, até pelo respeito que se tem, e quando
se anda em grupo, na realidade existe um planejamento, existe pessoas
capacitadas para isso, enfim, né, e eu acredito que andar de moto, ser
motociclista, é um dos objetivos maiores também é, faz parte a segurança.
P: A minha pergunta sequente, em parte foi respondida, e quais são os prós e
contras, dessa prática, de andar em bonde?
P: O que você sente ao andar junto, com os HOGs ?
E3: Segurança, companheirismo, a própria amizade, enfim, o lazer, né, o objetivo
maior do lazer, e a troca também, a troca, quando eu falo lazer quero dizer a
troca né, que algum momento agente vai parar, vai existir uma troca onde agente
vai conhecer outras pessoas também, seria isso.
E5: Parceria, que em qualquer situação, um deles vai estar ali pra te ajudar.
P: Como os integrantes do HOG se comportam entre si, quando reunidos?
E4: É, aí eu creio que, como é grupo sempre há elementos que fogem ao padrão.
P: Genericamente falando, no geral.
E4: Bom no, no geral creio que é 99% seguindo a formação e o que foi dito no
Briefing né, inicial, mas os elementos em si, sempre há alguns que fogem
formação e ++ comportamento eu creio que é um comportamento ++ é, uma
maioria ali é, formação padrão, exatamente padrão de informação, todos...
E2: Pra mim é respeito, dedicação e orientação, os três temas aí que eu vejo.
Respeito porque tu não vê ninguém xingando o outro, o tal não sei o que, não
tem essa falta de respeito. Dedicação, que eu vejo também é o seguinte,
dedicação do pessoal em manter a formação que nos estamos trabalhando, tem
sempre aquele voltando que vai e "acelera a moto mais um pouquinho, junta
mais a turma e tal, não sei o que" e essa dedicação e orientação é da parte de
alguém estar fora, numa parada por exemplo, quando você encosta, temos as
nossas paradas para abastecimento, e você vê os Road Captains, que são os
responsáveis pelo nosso passeio, orientando aqueles que tão mais fora do
padrão, é acelera a moto um pouquinho, freia mais um pouquinho, não anda
316
muito colado, não anda junto sendo orientados, isso aí são os três pontos que eu
vejo.
P: Como são os passeios?
E4: Perfeito
E1: Em que sentido assim, como são...
E2: Eles tem ++ eu vejo, uma programação, é, a parte de organização é muito forte,
por causa de você ter, eles lançam uma agenda mensal, pra que você possa se
programar, como agente citou aqui como um dos problemas que agente tem em
participar do HOG, é o custo financeiro, que não dá pra ir em todos os eventos,
porque custa caro, é gasolina, é alimentação, as vezes a nossa disponibilidade,
hotéis e tudo, então quer dizer, não dá pra fazer todos, então a partir do
momento que você tem uma, uma agenda lançada, você pode se organizar, a
quero ir no primeiro e vou no ultimo do mês, ou vou só, neste mês só posso ir a
um, então quer dizer, você se organiza pra isso, essa é uma parte. A segunda
parte que eu vejo, é a parte da organização que eu já, já citei aqui do, da
formação dos passeios, e ++ e como te falei, da parte econômica, agente faz a
nossa análise, eu posso ir nesse ou não posso ir naquele.
E1: Mas eles tem, eles tem os meios de comunicação deles né, que é o site, que é o
Face, e onde estão divulgando sempre né, por email também, então eles estão
divulgando sempre, ta ali, ta todo mundo ali, ta disponível os passeios pra você
descobrir, a eu quero fazer esse, esse e esse, olha, vamos lá o pessoal se reúne,
ó, vamos nesse vamos naquele lá. Mas como os membros são tem, tem muitos
membros aqui, vamos citar da, da de Santa Catarina, de Florianópolis, sempre
tem gente indo nos passeios.
P: Como você acredita que as pessoas, os expectadores, percebem o passeio
dos HOGs?
317
E2: Como as pessoas sentem cara, é ++ é impressionante porque, basta você ficar
parado no ponto de pedágio, e vê o bonde passar, ali na frente, pra pagar
pedágio, ficar aguardando ali, e vê a cara das pessoas dentro de seus carrões
até, olhando, filmando, olhando, cara, da pra ver o brilho nos olhos da pessoa
falando, pô eu tenho essa BMW aqui, eu tenho essa Mercedes, tenho essa (...)
aqui, mas queria estar naquela moto. Cara, tu vê o cara babar, tu vê o cara
babar. Segundo ponto, segundo ponto, também agora, fomos pra São Paulo, o
pessoal agora filmando direto os bondes cara, filmando direto, você via o
caminhoneiro, o próprio caminhoneiro, abaixa o vidro dele lá, bota o celular pra
fora e , fica filmando agente cara. Quer dizer, tem esse aspecto, tem você vê,
classes sociais, tanto os ricos, os caminhoneiros, criança agente passa, agente
sai buzinando e a criançada aeee da tchauzinho, então quer dizer, é uma
imagem que agente passa cara, de..., de lazer, é uma imagem que agente passa
de, pô ++ é meio indescritível que ++ o que acontece, as pessoas, agente vai pro
interior de Florianópolis, da ilha de Santa Catarina, agente bota aqueles, ribeirões
lá, as pessoas param ficam olhando, ficam na beira da rua assim olhando pô que
legal que legal, e é bacana mesmo, uma vez eu tava parado, quando eu voltei de
São Paulo ++ de Brasília, tava abastecendo, cara passou o pessoal vindo de
Brasília, aquele encontro lá do, do, Brasília, cara, era muita moto passando e tu,
primeiro tu escuta o barulho né, ROOOOORRR aquele barulho, aquele ronco, tu
vem da onde ++ quando vê a estrada passa VUM, VUM, VUM, cara passa uns
dez minutos de moto cara, é muito bonito, é muito bonito.
E1: O pessoal, o pessoal, público que tá fora da moto, ele veem como, o olhar assim
++ diferente mesmo, aquele, pode passar de novo no outro dia, eles vão ver com
o mesmo olhar, aí passa na outra semana, eles vão parar de novo pra ficar
olhando.
E5: Na verdade eles veem como um espetáculo, eles abanam, eles acenam ++ é
uma, é uma atração na verdade..., é bem bacana mesmo.
P: Como você se sente sobre os olhares dos espectadores, neste passeio?
E1: Eu me sinto bem né{}.
E5: Pareço uma rainha{}.
318
E3: Eu me sinto feliz, porque eu vejo um olhar, do brilho das pessoas que gostariam
de estar no meu lugar.
E1: Nos fizemos parte a paisagem daí, nós fizemos parte daquilo ali, estão
admirando a paisagem.
E4: Somos a atração do pobre, somos a atração do pobre.
E1: E aí, claro, e vem aquela coisa, que aí junta o estilo, o glamour isso e aquilo, eu
tenho, eu to nesse grupo, eu tenho essa moto, e isso faz parte, e isso faz bem
pra quem? Pro teu ego, não tem, não tem como não dizer, tu passa uma
semana, turbulento trabalho isso e aquilo, e tu passa num sábado pra ver,
fazendo parte dessa paisagem, o pessoal te admirando e aquilo lá, tá bom, o ego
tá ótimo pra segunda poder voltar.
E2: Por exemplo, eu trabalho embarcado, duas semana eu fico preso numa
plataforma de petróleo, quando eu desembarco, tem dia que eu chego aqui no
aeroporto de Navegantes, onze horas da noite, onze e meia, da vontade de
chegar em casa, pegar a moto de dar uma volta, de tanta vontade...
E4: Tu já fez isso. Buscando a moto do Tiugo, vamos buscar a moto do Tiugo, ele
atravessando o Ferry Boat e me ligou, e daí tão pronto?, bom mas é já, eu já
então ta to saindo do trabalho eu vou em casa buscar a minha moto{}, ele já tava
no Ferry Boat ligando, tinha acabado de chegar, pegou a moto e fomos a Floripa.
E3: Eu jamais iria imaginar que eu tivesse a seguinte fala em pensamento, estou com
saudade de andar de moto, e isso pra mim, quem me conhece, sabe que é uma
vitória {}.
E1: E aí vem assim, é tudo uma questão de ++ nós estamos fugindo um pouquinho
da ++ mas vem toda uma questão assim, idade né, tu começa a ter outros
objetivos, tu começa a visualizar o final, daqui apouco tu não vai mais poder
andar, de moto, então se tem que aproveitar agora, tem que aproveitar agora,
senão daqui apouco não tem mais, não tem mais tanto tempo, então tu ta
contando regressivo.
319
E1: A expectativa de andar de moto, ela é pequena pra nos já, então tu já começa a
ficar preocupado, meu Deus, eu comecei ++ eu só posso andar mais tantos anos
de moto, é regressiva a coisa, só tem mais vinte pra andar de moto, e aí o cara já
começa pô mais quem sabe um triciclo lá na frente eu vou conseguir andar.
Então tu começa a andar e aí ++ então assim ó, isso faz parte, tu tem que
pensar no momento né, tu tem que pensar no momento, o momento é hoje, tu
não sabe se tu vai estar vivo a semana que vem na outra pra andar, vamos
aproveitar hoje. E aí depois vai, depois vai, depois vai, cada semana vai
andando.
P: E os passeios promovidos por outras marcas de motocicletas, como são?
E2: Eu nunca fui.
E1: Não existe{}.
E6: Eu não vou.
E5: Não tem graça, encontro de moto.
E1: Não tem..., o 4 vai falar..., o 4 vai falar que é o proprietário de sua BIKE.
E4: Na verdade não existe passeio de outra marca, existe encontro de motociclista
onde é ++é onde uni várias marcas de moto, isso existe. Mas, é, mas não é igual
ao encontro de Harley.
P: Filmes, como os motoqueiros selvagens, os Wild Hogs, e outros clássicos
do cinema americano, relatam a aventuda de quatro motociclistas, norte-
americanos, cansados de sua rotina. Como você se sente enquanto um
membro do HOG, em comparação aos motoqueiros do filme?
E2: Eu vi esse filme aí, achei legal por que ++ identificam quatro coroas aí, fim de
festa, brigado com mulher, outro empresário que, a fim de vazar e tal, decide
num dia pegar a estrada sem rumo e fazer, fazer um estradão. Engraçado que lá
nos Estados Unidos, eles tem uma..., tem vários locais, tem vários grupos de
moto, não só HOG né, mas existe ali um conceito de, de Harley-Davidson lá no
exterior , é mais complicado porque aqueles o Hells Angels né, que tem o grupo
ali, é bem radical, não entra ninguém, só os tatuados, só os briguentos...
320
E4: Subgrupos
E2: Não não é grupo mesmo, tanto é que eles são ++ não mas é grupo, eles são,
eles tão proibidos, e tão proibidos de andar, pela justiça dos Estados Unidos,
eles não podem mais andar, porque eles são ++ tão, muita briga, briga com
morte e tal. Então o que, que acontece, ta acontecendo isso muito lá. E eu vi
esses caras, eu vi esses filme, eles se encontram com o grupo lá, com a facção
desse grupo aí, que detonam a moto dos caras quebram a moto dos caras e...,
depois são perseguidos por eles, é até engraçado que é tudo meio descorpório,
também é, meio holywoodiano né, mas tão no filme né, no final da tudo certo. E o
que, que acontece, aqui no Brasil, agente não vê muito isso, tem a parte dos
Abutres de os Apalaches também, que geram algumas confusões também, mas
é mais pra São Paulo, eixo São Paulo Rio, por aqui não roda muito. Em Resumo,
aqui agente faz o ++ tem muito evento disso aqui, agente faz parte, e agente faz
parte desses eventos, então o que, que acontece, é bem legal, agente fazer
parte desse meio aí, não ha briga ++ aqui nunca vi, discussão, agente foi no
evento do HOG lá em Rio Grande do Sul, agente não viu uma briga cara, é muita
gente, muita gente, muita gente, e o pessoal tudo confraternizando, então eu
pensei ate ser um ponto muito pior, excedendo a expectativa em mais de, mais
de uma vez, que foi muito legal.
P: Por que vocês acham que os motoqueiros do filme usavam, roupas pretas e
quentes?
E1: Porque a roupa preta, ela é uma roupa tradicional, couro, couro preto é
tradicional, e as outras, as outras que apareceram outros filmes de ++
apareceram seguem essa tendência do preto, até pode ser o pior pra andar no
sol mas...
E4: Eu acho que essa pergunta, não sei se na verdade vou saber responder, mas
existe, eu já vi num site, de motociclismo, é, porque que o motociclista usa roupa
preta ++ eu, não me recordo não sei dizer, porque que o motociclista gosta de
321
caveira, já existe aquela visão que é satânico, é totalmente ao contrário ++
exatamente, é, mais ou menos por aí então, e outros simbolos e tais...
E1: Não sei mesmo o porque do preto, se tem alguma história, agora que tu só
encontra quase roupa preta, essa é a história, é uma meta, vai comprar uma
calça de couro ela é preta.
E2: Eu considero ++ no meu ponto de vista, que o preto, é, pra puxar roupa de couro,
que é roupa de proteção, os casacos de couro, pretos, na juventude aí. Então
vem desde lá de baixo, que é o couro preto, o casado, e as calças de couro que
são pretas também, agora eu nunca vi couro azul claro, nunca vi couro branco,
andando de moto, então o pessoal usa o preto até pra proteção, pra chuva, pra
sujeira, então por aí.
P: Será que ouve uma internacionalização dessa cultura, por conta do cinema,
nos incorporamos a vestimenta preta por conta disso?
E1: Com certeza. Isso influencia, isso influencia, e ainda mais porque, essa cultura
do motociclismo assim, expandida, grande mesmo, ela não é de tanto tempo né,
do jeito que é, o americano tinha mais, não no Brasil, então quer dizer, tu
encontra todos os outros, não tem jeito.
P: Assim como no filme, porque muitos membros do HOG, alteram os
escapamentos de suas motocicletas?
E2: Chamar a atenção{}.
E1: Porque não tem ++ tu tem uma motocicleta, sem barulho, sem que seja um
ronquinho diferenciado, não tem, não tem, primeira coisa é tu ter o ronco, aí vem
qualquer motocicleta, tu quer ter o ronco e isso é um grande problema quando tu
compra uma outra marca, aí geralmente tu compra, vamos dizer assim, uma
BMW, uma big trail, e aí tu vai lá, aquele ronco e tu não tem opção nenhuma,
aquele negócio que tu diz, não tem barulho.
E5: Tu compra uma Harley-Davidson porque tu quer ser visto.
P: Comente sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como usados
322
nos filmes norte-americanos?
E1: É uma viadagem mas agente gosta né {}.
E2: Agente gosta, e se não tiver assim o parcelo fala não faz parte do meio. É porque
agente não faz parte do meio, se não tiver com um lenço, tiver com uma, uma
corrente saindo dum bolso e entrando no outro bolso, e não tiver um lenço uma
++um boné, ta um casado com a Harley-Davidson você não tá naquele meio.
E1: É o estilo, é o estilo, como tem, como tem vários grupos e gangues e, e outras
coisa que usa o seu estilo preto ou de outra cor, o cabelo pintado, é o estilo, você
ta ali no meio você que usar aquilo ali porque o estilo é esse.
P: Agora na ordem, quem daqui usava algum desses acessórios antes da
Harley-Davidson?
E1: Não.
E2: Não.
E3: Não.
E6: Não.
E5: Não.
E4: Não.
P: Quem usa atualmente?
E1: Uso.
E6: Usa.
E5: Uso.
E4: Uso.
E2: Usa.
E3: Algumas coisas, nem tudo.
E1: É, assim o, agente usa alguma coisa.
323
E1: Usa até porque assim ó, primeiro tu compra ++ primeiro tu comprou um lenço, tu
vai ter dois lenço daqui a pouco, aí tu comprou uma luva, daqui apouco tu vai ter
duas luvas, boné, daqui apouco tu vai ter dois, e é assim, tu vai ter, e aí tu vai só
acrescentando, aí o guarda-roupa vai aumentando, então tu começa a utilizar
muito mais.
E2: Tem outra moto dentro do guarda-roupa.
E3: Tanto que tive que providenciar um guarda-roupa só Harley.
E1: Lá em casa, temos um guarda-roupa só, vamos ter que aumentar ele...
E5: A moto e o enxoval{}.
P: Muitos Membros do HOG, costumam andar acompanhados com uma
pessoa, em sua garupa, qual é o papel do garupa nessa cultura, da Harley-
Davidson?
E1: Até porque nos não temos opções né.
E1: Eu prefiro andar com a garupa, me dá muito mais segurança, até pela firmeza da
moto e outras coisas mais, mas eu prefiro ter a parceria, de, de ter alguém junto
comigo do que andar sozinho.
E2: Pra mim sem a minha parceira, não tem graça.
E4: Agente vai voltar naquele assunto meio que inicial, é, a importância da garupa o
que, que venha ser, é ++ a marca, se pode trazer família, então a garupa com
certeza é a sua família mesmo, sua esposa, sua namorada.
P: Quem decide sobre as compras, de produtos, e motocicletas Harley-
Davidson ? O garupa opina, na decisão de compra?
E4: É eu gostaria de não comentar {}.
E2: Pra mim e minha esposa, são independentes, ela escolhe o que ela acha bacana
e tal, e eu escolho, e fica assim.
324
P: E a motocicleta ?
E2: A motocicleta é eu.
E4: Acessórios da moto quem decide é o condutor, agora, é ++ rouparia e tudo mais
é, como numero 2 citou.
E5: Agente sempre dá opinião, mas a, né, quem decide é o piloto.
E3: Quem decide é quem paga{}.
E1: Quem decide é o limite. Uma terceira parte, os dois mais o limite do cartão{}
P: Qual é a vestimenta de um garupa, um garupa membro do HOG, è diferente
do motociclista?
E6: É bem diferente, é totalmente diferente.
E6: Eu acho até assim ó, aí o pessoal fala ah a esportiva não sei o que, não com a
Harley, eu acho que tu anda bem mais vestida.
P: Em relação ao motociclista, quem guia a motocicleta, ao HOG, a garupa a
roupa dela é diferente ou ela é...
E3: O estilo é bem parecido...
E1: Elas andam de salto.
E4: Talvez seria essa a única diferença.
E1: É um diferencial, mas a roupa é um pouco mais leve, ela tem uma diferençazinha
um pouco assim, ela se vão, vamos dizer assim, se produzem um pouco mais
pra sair na garupa, do que, do que nos.
E2: Mas elas bota roupa de mulher agente bota roupa de homem.
E4: É mas não foge muito, é jaqueta, camiseta da marca Harley, um jeans e bota, e
salto, e salto uma mulher.
325
E3: Os estilos são parecidos, mas é claro, que a mulher, por ser até mais feminina,
ela utiliza, de, de acessórios, então ela vai usar, uma blusinha, um brinco, uma
pulseira né, um colar, um salto, é o estilo.
E1: É, mas isso acontece na Harley, não acontece em outras motocicletas.
E2: Concordo
E1: Muda completamente, quanto esta sentado na garupa de uma outra moto, muda,
muda...
E2: Diferente.
E1: Com certeza
P: Como é o comportamento de um legítimo membro do Hog?
E2: Cordialidade, respeito mútuo e troca de informações, entre os membros.
E4: Eu creio que, se nos tivéssemos aqui, entre nos aqui um membro que faltasse
com respeito, que não, sei lá um respeito, eu acho que ele seria excluído.
P: Existem regras que o membro do HOG deve cumprir, dentro do grupo?
E2: Eu nunca li, estatuto de norma de conduta do HOG. Mas eu acredito que, se
você for um cara educado e souber respeitar os outros, não tem...
E5: Eu acho que na verdade existe o bom senso né, todo mundo respeita ali...
E1: Até porque ta todo mundo em família né, por essa coisa de estar em família há
um respeito maior de tu estar sozinho.
E4: Exatamente.
P: Como acontece o preconceito e discriminação em relação ao novo
integrante do HOG?
E2: Eu nunca vi essa discriminação.
E3: Também não.
326
E6: Também não.
E5: Acho que não existe.
E4: Teve um caso, na ultima viagem que agente veio de São Paulo, aquele, aquele
moço com uma moto, na frente, descendo a serra, se tava junto, a serra de
Curitiba ++ vocês pode citar o nome, era com uma V-Road ali o, tava dirigindo ++
é, foi a primeira viagem dele, ele tava bem perdido, descendo a serra de Curitiba
numa chuva, quando agente chegou em casa, existe o grupo ali do, do, que
criaram o grupo do Whatsapp, tu faz parte, e ele veio pedir desculpa porque era
minha primeira viagem, e eu acho que não vou mais viajar. E o grupo é, na hora
já respondeu, não é sua primeira viagem, é assim que se aprende, é, vamos
participar, vamos fazer mais viagem, até hoje ele ta no grupo, participa. Então
quer dizer não existe discriminação, uma situação dessa, ele poderia ser muito
bem, nunca mais ter sido convidado, porque a conduta dele de pilotagem é ++
não foi, desrespeitosa, foi por inexperiência, poderia ter sido excluído e não foi,
então quer dizer não existe, discriminação, é um exemplo claro.
P: A Harley-Davidson, disponibiliza uma série de acessórios e peças para
customização de sua motocicleta, como você customiza a sua Harley-
Davidson?
E1: Eu não sou, não sou de colocar muita coisa na moto não, apesar de ter muita,
muitos acessórios, mas eu, eu me contenho um pouco, nisso aí.
E4: Eu sou o estilo de, vou seguir o número 1 ali, manter ela um pouco original, não
muita coisa, talvez um escapamento, um barulho que ainda não botei, um,
mesmo sabendo que tem várias opções.
E2: Eu customizo a minha, trazendo algumas peças do exterior, eventualmente estou
por lá e trago, preços, em comparação com os preços brasileiros irrisórios.
P: Porque as pessoas alteram a sua motocicleta Harley-Davidson?
E2: Para personalizar, e individualizar cada uma, porque segundo a lenda, não existe
uma moto igual à outra Harley-Davidson.
327
P: Como vocês veem, o uso de peças não originais, na customização de uma
Harley-Davidson?
E2: Jamais utilizaria.
E2: Porque ++ além de descaracterizar a moto e..., você desvaloriza o seu produto, a
marca que tem.
E4: Eu creio que hoje a marca Harley, falando em termo Brasil, é, claro que há
marcas não originais, mas há uma dificuldade muito grande em conseguir
alguma coisa que não seja original, é, e eu creio que se você procurar um
produto que não, seja original é ++ é problema futuro na certa, com certeza.
E5: Tu perder a identidade né.
E4: Também.
P: Quais são as principais customizações, praticadas pelos membros do HOG,
da Floripa Harley-Davidson?
E4: Escapamento.
E1: Primeiro é o escape, depois vem...
E2: Tampa de combustível, protetores de, de, no caso da Ultra protetores das malas
laterais, porque um tombo pode danificar aquelas malas, são riscos né, e poucas
coisas a mais.
P: O lendário som, produzido pelo motor de uma Harley-Davidson , promove
dupla interprestação, dos diversos consumidores de motocicletas, existe
alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao tema, o som
produzido pelo motor de uma Harley-Davidson?
E1: É que o som dela, ela vem daquelas carburadas, as antigas carburadas, que tem
um som diferenciado, e que é que o pessoal diz, é um ronco da Harley mesmo,
aquele é o ronco tradicional.
328
E4: Se eu não me engano, eu, essa informação eu creio que é quase certa, é, esse
som é patenteado, é exclusivo. Então é único mesmo.
E1: É único, é diferente.
P: Vocês se agradam no som, acreditam que esse som é o que realmente tem
a ver?
E1: É por isso que a gente muda o escape, pra ficar mais parecido ainda.
E2: O problema dessa, do escape, é que , se você vai num comboio, se você vai
atrás de uma moto muito barulhenta, você não aguenta, é legal o barulho mais,
agente tem que, a gente, praticamente foge dessas motos barulhentas no
comboio, porque fica dentro do nosso capacete aquele barulho e a gente não
aguenta.
E1: Mas a Harley é, ela é tradicionalmente conhecida pelo seu ronco, barulhento.
Barulhento, tradicional, tem, tem assim, se você pega uma moto, até na, o Ivan
tava com uma ali na, na KM, ele, ele tá com ela, é uma dois mil ++ é noventa e
sete, a moto, isso pra quem entende, eu também não entendi direito, ela tava
com 600 giro batendo, ela dava um estourinho a cada dois, três segundos só,
isso é um o ronco tradicional dela, ela quase morre, e ela da um estouro.
329
APÊNDICE 5 – Transcrição Entrevista em Profundidade Local: Florianópolis – SC, data: 18/12/2014- quinta feira as 18:30 horas, tempo total de gravação=1hora24min48seg.
Membro Descrição
P: Quando se fala em Harley-Davidson, o que lhe vem a mente?
Benetton Motocicleta, e de preferência, na minha concepção a melhor motocicleta do
mundo, aliais, até quero fazer uma correção aqui, eu não considero a Harley-
Davidson uma motocicleta, eu considero a Harley-Davidson um trator. Serve pra
tudo, e é forte pá caramba, tem personalidade, tem presença, tem tudo que é de
bom, embora obviamente muitos que são mais ligados ao conforto, eles dizem
que e se o cara tiver algum aparelho dentário ele não pode rir, não pode abrir a
boca e coisa e tal, mas isso aí tudo faz parte do conjunto.
P: Fala um pouco desse conjunto.
Benetton Bom, esse conjunto é a máquina propriamente dita né, quer dizer a Harley-
Davidson é uma coisa, assim extraordinária, por que ++ obviamente quando tu
compra uma Harley-Davidson tu não só compra uma Harley-Davidson tu já
compra uma família, eu sempre digo isso, quando o cara compra uma Harley-
Davidson ele não compra uma Harley-Davidson , ele não compra só uma
Harley-Davidson ele compra uma família, porque tu sai fazendo amizades e
amigos aí, pelo mundo inteiro, aonde tu passar, tu vai fazer essa amizade,
entende, e a Harley-Davidson é uma cultura muito antiga, a Harley-Davidson é
de 1903, então tu imagina, esses caras aí são todos Harleyros, esse que tu ta
vendo aí nesse quadrinho aqui ó, entendeu, e obviamente que ali tem um de
destaque more, que é um cara chamado de Elvis Presley, entende, então ele em
1956 com a Harley-Davidson que ta num museu, hoje ta no museu da Harley, a
moto dele, uma das motos dele. Então quer dizer é uma cultura que já é ao
longo de todo esse tempo, a Harley-Davidson é uma motocicleta que começando
em 1903, ela já participou da primeira guerra mundial, onde foram feitas vinte mil
motocicletas exclusivamente pra, pra participar da guerra, entende, inclusive
com acessórios que permitia que eles utilizassem equipamento automático,
então quer dizer, isso aí começou ao longo de todo esse tempo, depois
330
participou também da segunda guerra mundial, e só nessa época eles fizeram
em torno de noventa mil motocicletas exclusivas, para, a guerra, pros militares
participar da guerra.
Benetton E tem uma história também, eu não sei se tu gosta de assistir filme, mas eu
gostava muito de assistir filme de bang bang na época, hoje tu não precisa mas
ir a cinema pra assistir filme de bang bang, hoje o bang bang ta em tudo quanto
é lugar aí, mas, tinha um revolucionário mexicano, o ++ era o mais novo mas
tinha um chamado Pancho Villa, o Pancho Villa, e o Pancho Villa, ele complicava
um pouquinho os americanos, e os americanos mandaram, o americano com
uma Harley-Davidson pra dar um recadinho pra ele, tu entendeu. Então quer
dizer, até essa história a Harley-Davidson participou, então o que, que eu quero
dizer com isso, é uma cultura vastíssima, o que é uma Harley-Davidson é tudo
isso que eu to te falando, fora o equipamento de duas rodas com um motor em
“V”, de preferência, entendeu, que nos leva a qualquer parte do mundo,
entendeu, e tem até alguns ditados que diz assim, bons garotos vão para o céu,
motociclistas vão a todos os lugares, e se quando ta com uma Harley-Davidson
eu dispenso qualquer outro comentário.
Benetton Quando eu falo da Harley-Davidson eu falo exatamente por esta máquina forte,
robusta e que foi feita pra guerra, eu acho que dando esse depoimento eu
dispenso outro comentário, não tenho nada contra qualquer outra, outras
motocicletas, mesmo porque eu sempre disse, eu antes de ser Harleyro, eu fui
motociclista e vou morrer motociclista, só que agora motociclista Harleyro, por
uma opção, por uma questão de opção de preferência, por que, porque a Harley-
Davidson além de ela te proporcionar tudo isso que eu já falei, fazer amigos e
amizades por tudo quanto é parte do mundo, te levar a esses lugares belíssimos
maravilhosos, entende, ela, ela ainda tem, uma característica que nenhuma
outra motocicleta consegue, é o estilo de vida, ela proporciona um estilo de vida,
então quando tu compra uma motocicleta, e aí vem aquela história, que não
existe uma Harley-Davidson igual a outra. Por que não existe uma Harley-
Davidson igual a outra? Porque a Harley-Davidson tem um número de
acessórios, extremamente vastíssimo, e o revendedor, ele tem que ser muito
ruim pra ele te vender uma moto, e não te vender pelo menos um acessório no
331
dia, então no momento que tu coloca um acessório, tu já distingue a tua máquina
das outras, tu não precisa nem entrar, a, em profundidade na personalização,
qualquer uma ou outra pecinha, tu já alterou a tua motocicleta.
Benetton E com isso, o que, que acontece, não tem como escapar, não tem como
escapar, eu já vi amigos e pessoas entrar numa loja da Harley-Davidson de
terno e gravata, pra comprar uma Harley-Davidson meio assustado assim
porque ele vê essa parafernália de acessório e equipamentos, ele da impressão
que ele tá fora, ele até entra na loja com o intuito, de preservar, aquela imagem,
de andar de terno e gravata. Passa um mês dois meses três meses tu vai ver, já
ta com lenço na cabeça, já ta com uma calça um pouquinho mais extravagante,
então é a personalização da motocicleta que proporciona esse estilo de vida pra
ele, então essa motocicleta ela é fantástica, por tudo isso, tu não precisa pedir
pra alguém fazer, é, tu vai fazer, tu entendeu, tu vai numa loja, tu olhou o
camarada com uma camisa, aquela camisa eu não gostei, mas tem outra, meio
semelhante, mas com alguma diferença ++ tu já vai comprar aquela, então, e aí
quando tu vê, aquele teu terno lá é só pra solenidades especiais, você já aderiu
a esse mundo magnífico e maravilhoso que se chama da Harley-Davidson.
Então é, é isso que é uma motocicleta Harley-Davidson ela não é só o
equipamento mas ela te cria, te faz tu criar um estilo de vida e te proporciona
todas essas coisas belíssimas que eu considero pra mim, melhor coisa do
mundo, claro que existe outras que nós vamos dispensar comentários, nossa
família e outras coisas aí. Mas, amigo pra mim é a coisa mais importante que
tem nessa vida e a Harley-Davidson é uma MÁQUINA de fazer amigo.
Benetton Por quê que eu te digo isso amigo, eu te digo amigo porque quando tu sai numa
Harley-Davidson tu para num local, quanto tu vê tem gente do teu lado, e
começa a perguntar pô que moto bonita, que é isso, que é aquilo, que é aquele
outro. Não fomos nós que fizemos isso, isso que m fez foram essas pessoas que
compraram as primeiras motocicletas lá em 1903, que era uma bicicleta com um
motorzinho, que compraram pra utilizar aquilo ali, nas pescarias, utilizar como
meio de transporte mesmo, só que aí já ouve uma paixão por isso e eles
começaram a desenvolver, desenvolver, a empresa crescer, coisa e tal, e aí
apareceu toda a essas outras, finalidades que ela tem, e hoje a maior delas é
332
isso, é congregar fazer amigos e amizades por todos os cantões do mundo.
Benetton Porquê, porque alem dela vender a motocicleta, ela proporcionou também,
principalmente essa história que é, que é da época da guerra, eles usaram a
Harley-Davidson pra guerra mas depois que terminou a guerra, o que é que
acontecia, a, obviamente que alguns pilotos principalmente, principalmente os
pilotos de aviões, eles voltaram com aquelas neuras que uma guerra deve, eu
nunca participei, mas que deve provocar, né, alguns distúrbios, e eles queriam
pra extravasar, a aquela adrenalina que eles tinham acumulado, aqueles, eles
queriam alguma coisa que tivesse o ronco parecido com o ronco dos aviões, e o
quê que eles encontraram, encontraram o ronco de uma Harley-Davidson que
outro detalhe que a gente também não pode deixar de falar, que é um ronco
magnífico é um ronco maravilhoso, que a turma dizem as vezes né, as pessoas
que não tem tanto conhecimento, e, tanta proximidade assim com a motocicleta
que as vezes tu passa com o cano da descarga um pouco aberto e coisa tal, pô
o cara passou ali com uma moto barulhenta pra caramba, ele tá totalmente
equivocado, o cara passou ali, com uma sinfonia, tocando uma sinfonia, porque
o barulho a Harley não faz barulho, aquilo ali é um sinfonia, aquilo ali é a coisa
mais maravilhosa que tem, é uma agressão falar que é um barulho, entende.
Benetton Então todos, todos essas, esses quesitos, que esses quesitos fizeram com que
essa marca fosse crescendo, e cada vez mais adeptos, adeptos que às vezes
nem nunca andou de motocicleta, eles simplesmente por essas historias ele
comprou uma motocicleta. Então voltando um pouquinho, a partir daí dessa
guerra, com esses militares que faziam parte da guerra, os civis enfim,
começaram a usar essas motocicletas, ouve um crescimento, muito grande,
ouve um crescimento, a produção já era grande da Harley-Davidson e aí
começaram a criar o que? começaram a criar os grupos de motociclistas,
embora, eu te confesso, que nós temos algumas coisas aí que realmente são
contrárias, aquilo que nós gostaríamos que fosse, daquilo que nós gostaríamos
que fosse, como por exemplo, nós temos uma herança, que não é muito boa, os
motociclistas, porque? Por que essas pessoas que usavam as primeiras
motocicletas, vindo da guerra, tinha alguns tipos de transtornos, então
333
obviamente que com a adrenalina acabavam provocando alguns tumultos, você
já deve ter ouvido falar nisso daí, por exemplo, em Hollister na Califórnia, uma
vez fizeram um evento, e detonaram praticamente uma cidadezinha, de sei lá,
tinha mil dois mil habitantes e praticamente detonaram essa cidade num
encontro de motociclistas, e naquela época inclusive ouve uma..., uma
repercussão, muito negativa e principalmente pra cima da Harley-Davidson, que
++ como é que era o nome da revista ++ eu não vou citar nomes pra não
cometer a gafe, mas uma revista extremamente famosa nos Estados Unidos,
que publicou uma revista de um cidadão, cheio de cerveja em volta, em cima
duma Harley-Davidson, a ++ agredindo entendeu, a imagem dos, do Harleyros,
dizendo que tinha acabado que estavam tudo bêbado, que essas, essas coisas
toda aí né. A Harley-Davidson nunca concordou com isso, entende,
questionaram que foi uma montagem que fizeram, não foi bem aquilo entende,
mas mesmo com tudo isso daí ela superou todo esse movimento que era
contrário, e nós tivemos, eu digo isso nós tivemos uma coisa também que não
contribuiu positivamente, dentro dos moldes que se fizeram, a na, na época,
porque aproveitavam brigas de gangues, coisa e tal, pra dizer que eram
motociclistas, e não precisa nem eu falar pra vocês porque vocês por mais novos
que sejam, vocês devem ter conhecido o filme de ++ feito em 1954 com Marlon
Brando, O Selvagem, o que, que é, briga de gangues, entende, e com isso as
bilheterias estouravam, então o quê que começaram a fazer, é obviamente
Hollywood né, as empresas viram que aí que tava a mina de dinheiro. Então
muitos filmes foram feitos tudo em cima de badernas, então essa imagem,
lamentavelmente ainda persiste hoje, claro que naquelas pessoas com um grau
cultural um pouco mais inferior, mas o preconceito ainda existe, quando tu chega
vestido, como, por exemplo, eu, eu, meu estilo de vida, isso aí eu nunca
estranho quando alguém diz “porra donde é que surgiu esse ET”, entendeu,
porque pras pessoas isso aí é um, uma coisa absurda, onde é que já se viu, isso
é jeito de se vestir, entende.
Benetton Então claro que hoje, hoje a cultura mudou né, antigamente a tatuagem era uma
coisa que ti discriminava radicalmente, e empresas, escola, em ambientes,
alguns ambientes dessa natureza, hoje nós temos aí uma onda tamanha,
empresários, é, pessoas, que tem cargos mais, é, mais ++ mais conservador,
334
fazendo tatuagem, entende, admitiram que realmente a tatuagem é uma coisa
milenar, é uma cultura milenar, antigamente japonês, chineses, eles usavam a
tatuagem, e é uma cultura isso daí, entende. Então tudo isso foram movimentos
que foram criados, então, obviamente que começaram os grupos de
motociclistas e aí houve assim uma enormidade de grupos criados,
principalmente, principalmente, depois do filme Easy Rider em 69 com Peter
Fonda, Dennis Hopper e com uma das primeiras aparições do, o ++ Jack
Nicholson, entende.
Benetton Então, é, foi uma coisa assim espetacular, claro que o filme, se tu for analisar o
filme, tu pode interpretar ele de várias formas porque naquela época eles
usavam muita droga, no filme, e de certa forma a obra, a, as drogas naquela
época não eram ++ não é tão pesada, não tinha essa dimensão que tem hoje,
naquela época era uma coisa mais, mais posso até em função do que existe
hoje só se fala de droga o dia inteirinho, era mais discreta entende, o uso de
certas drogas, era até permitido nos Estados Unidos, então o que é que fez, o
filme do Easy Rider, foram essas pessoas que saíram pra curti, a liberdade, só
que, botaram a droga, nos dispensamos essa parte, entende. Mas é a liberdade,
liberdade é uma coisa que muitas vezes ela amedronta as pessoas, liberdade, a
liberdade, pessoas que no filme ta caracterizado ali né, um dos maiores medos
dos americanos é a liberdade né, quer dizer meio uma contradição, e isso tudo
com uma motocicleta, então saíram pra conhecer os Estados Unidos, utilizar. E a
partir daí então foi-se criando os grandes grupos no mundo inteiro, no mundo
inteiro, foi a partir do filme de 69 que ouve realmente um crescimento
extremamente elevado, de grupo de motociclista, então o quê que acontece. A
Harley-Davidson passou, algumas fazes com muitas dificuldades, 1929 com a
inflação, que deu aquela crise mundial, a Harley-Davidson, esteve a beira do
caos, assim pra fechar, ela chegou a baixar a produção em torno de 20%
praticamente, entende, e depois em 69 mais se manteve, em 69 ela teve outra
crise grande, e realmente aí a empresa MF que era uma empresa que não tinha
nada a ver com motocicleta, eu acho que a, a parte mais importante desta MF
era a fábrica de boliche, desse jogo de, de boliche que tinha, e acabaram
comprando a Harley-Davidson, que realmente chegou numa situação bem
caótica, só que aí o que, que aconteceu, ela comprou, e de imediato fez injeção
335
de recursos e começou, aumentou a produção, só que ela aumentou a
produção, e diminuiu significativamente a qualidade das motocicletas, entende o
objetivo era realmente, injetou dinheiro, queria recuperá-la só que aí baixou a
qualidade, e inclusive na época, existiam americanos e policiais dos Estados
Unidos que faziam até aquela chacota né “saia com a sua Harley-Davidson e
nos queremos ver você voltar” entende, porque o americano era muito exigente,
e realmente o nível dela foi o nível muito baixo assim, ela diminuiu
significativamente a ponto de entrar novamente noutra parte de colapso. Aí foi
quando nos tivemos a grande ideia do ilustre Willie Davidson, que juntou mais
uns empresários, até, proprietários que tinham ações da própria loja, não sei se
doze, treze se não me engano, e aí recuperaram a marca, e aí entra a parte
mais fundamental, que eu considero pra recuperação da, da Harley-Davidson
que foi a ideia genial do senhor Willie Davidson de criar o HOG, então eles
pegaram em 81 e 83 eles criaram o HOG. O quê que acontece, eles criaram o
HOG e ++ foi muito gozado porque eles criaram o HOG e tinha, dentro do meu
pensamento, essa parte do marketing, que é hoje que existe, o HOG hoje pra
mim é marketing da Harley-Davidson , então o quê que aconteceu eles criaram o
HOG 83, em 84 eles fizeram o evento do HOG, sabe quantos motociclistas
deram? Estiveram vinte e nove, vinte e nove, vinte e nove integrantes
participaram do evento promovido pelo HOG em 84, logo em seguida depois da
criação, então tu imagina só, por isso que a gente não pode desanimar quando a
gente faz uma tentativa e o resultado da baixo, vamos insistir que da, da melhor.
Benetton Então isso aí foi uma coisa espantosa, a partir daí DESLANCHOU, foi vinte e
nove, entende a partir daí cresceu violentamente e isso aí pra mim na minha
concepção foi o maior marketing que Harley fez. Por que, porque as pessoas
foram lá, compravam as suas motocicletas, e automaticamente já entravam no
HOG, que é a propaganda que eles fazem até hoje, tu compra e tu ganha um
ano, dois ano de anuidade grátis, entende, depois de um ano tu renova se tu
quiseres, e todo mundo renova porque tem umas revistas interessantes boa,eu
considero uma das, a melhor parte do HOG pra nós aqui que estamos fora dos
Estados Unidos, é o atlas deles, o mapa deles. O mapa deles é uma coisa
fantástica, o mapa deles tu não precisa de ++ de GPS, não precisa de nada, e
336
isso aí eles, eles fazem todo ano, e depois tem algumas vantagens que
lamentavelmente nós ainda não incorporamos aqui no Brasil, que é por exemplo,
tu alugar as motos, tu ter vantagem, ter um desconto, entende, na compra,
acessórios, muitas lojas nos Estados Unidos proporciona esse desconto, se tu
queres encaminhar tua moto de um país pro outro, eles dão esse tipo de
encaminhamento com certo desconto e com uma certa atenção, entende. Então
tem essas vantagens, nós aqui lamentavelmente ainda não temos, porque, ainda
é uma, uma coisa muito nova aqui, quando eles fazem liquidação, fazem pra
todo mundo e tu que é do HOG, tu fica perdido no meio disso aí, não tem nada
que te distingue então esse é o HOG.
Benetton Agora, agora o quê que acontece, as lojas todas são marketing, ninguém da
nada de graça pra ninguém, a todo o sábado tem café nas lojas da Harley, então
é um ponto de encontro, todo mundo vai pra lá, toma um café, aí depois faz um
passeio, faz um passeio, olha, quem olha, passando aquele monte de
motocicleta, com essa sinfonia, entendeu, é uma coisa maravilhosa, isso aí é tua
adrenalina vai um cara ++ se o cara já tem alguma, alguma vontade assim um
dia de ter, ele vai lá na loja e vai comprar. Essa foi a grande jogada de marketing
na minha concepção, que o Willie Davidson fez, que é estourou a Harley-
Davidson , aí estourou a revenda da Harley no mundo, a Harley ta num patamar,
hoje violento, e em 2011, em 2011 o preço de mercado, da Harley-Davidson tava
em oito bilhões e setecentos, entendeu, oito ++ 8,7 bilhões em 2011. A Harley o
preço desse símbolo que tu ta usando aí, isso aí ta em torno de 3,2 bilhões. É
um das marcas que ta entre as ++ as noventa e oito ++ ta no vigésimo local, no,
no nonagésimo oitavo lugar das marcas mais famosas do mundo, o preço dela ta
em torno de 3,2 bilhões. A Harley hoje tem seis mil funcionários, tem mil e
quinhentos, to dando essas dados de 2011, tem mil e quinhentas revendas de
Harley no mundo, tem em torno de cento e quatro países, e tudo isso em função
do que, quem acelerou isso não foi só a beleza da moto, porque a, quando tu vai
na loja, vê uma Harley-Davidson tu já vai te apaixonar, mas tu tens que ir na loja,
primeiro tu tens que ter uma loja, tu imagina por exemplo, aqui em Santa
Catarina nós não tínhamos revenda da Harley, entendeu, agora que veio, faz
dois anos que a revenda da Harley ta aqui. Antes tu tinha que ir pra outro estado,
e mais próximo é Porto Alegre e Curitiba.
337
Benetton Eu fazia os encontros de++ de motociclistas, que a turma via perguntar pra mim
eu dizia, tu tens que tu escolher a tua motocicleta, a Harley pra mim é a melhor
de todas, mas tu tens que ta livre que é o princípio básico do motociclismo, É
LIBERDADE, liberdade com muito respeito e responsabilidade obviamente,
então a turma perguntava pra mim, tinha, tu tens que ir na revenda prova uma
por uma das marcas e escolhe. Agora eu brincava com eles, se tu não quiser
gastar dinheiro tu compra uma Harley, os caras queriam me esganar, mas
Benetton a Harley é a mais cara que tem, eu disse pois é, mas a Harley tu
compra uma e acabou, por isso que eu te falei no inicio que a Harley não é uma
motocicleta, ela é um trator, ela dura a vida inteirinha, entendeu.
Benetton Outra coisa a Harley não fica velha, entendeu, assim como nós Harleyros não
ficamos velhos, nós ficamos antigos, que são uma coisa bem cuidado, uma coisa
bacana, entende, então esse é o esquema da, da Harley, entende, tu tens uma
Harley hoje, se tu quiser aparecer com ela, travestida de outra Harley, tu tem
todos os acessórios, os equipamentos tudo original, tu muda ela, tu aparece no
outro dia, os caras vão dizer, comprasse uma Harley nova, não, é aquela,
entendeu. Outras motocicletas não proporcionam isso, entende, então a Harley é
pra vida toda, só que, é isso, tu tens que ter a vontade e tu tens que ter a
disponibilidade, então o quê que acontecia comigo, a turma chegavam, aí eles
chegavam a conclusão que era a, a Harley a motocicleta, porque pô ++vamos
dispensar comentário, porque, né, pra não ficar muito redundante, quer dize,
“mas Benetton pó em Curitiba tem que ir pra Curitiba, e manutenção, a ++ as
revisões, tem que fazer em Curitiba”. Tu nunca vai fazer essa mão de obra, tu
vai fazer um passeio, vou fazer um passeio em Curitiba, e aproveito pra fazer a
revisão, tu entendeu, não caracteriza isso, pô mão de obra vou lá fazer, não, eu
já aproveito passo, vou conhecer vou lá no centro gastronômico, vou lá e aí
aproveito pra fazer a revisão na máquina.
Benetton Então entende, essa era a conversa que eu fazia, com o pessoal, entende, agora
tu imagina, nós com a revenda hoje, e um turbilhão de pessoas andando,
quando passa, a turma se arrepia, vão na loja e compra, tem cara que compra a
moto e chega em casa e não sabem nem o que comprou, ele não sabe nem o
que comprou, tu entendeu, porque ele nunca teve motocicleta coisa e tal. Mas
ele achou lindo pra caramba aquilo ali, ele comprou, aí ele vai aprende a andar
338
de motocicleta, tu entendeu, aí ele vai começar a andar de vagarinho, coisa e tal,
aí o que, que acontece, ele não vai comprar uma moto e no outro dia entrar num
grupo, até mesmo porque os grupos querem que as pessoas primeiro ande um
tempo né, se acostumem, vê se aquele grupo realmente é um grupo, com
pessoas afinas, com as ideologias mais próximas, coisa desse tipo, pra entrar,
então ele chega com a moto lá um tempão, agora, com o HOG tem os passeios,
ele não precisa entrar em grupo, não precisa ter amizade, não precisa nada, vai
la na loja da Harley-Davidson faz um lanchezinho e depois eles tem uma
programação, “nos vamos hoje almoçar em Garopaba” aí todo mundo vai, com o
HOG, aí ali o quê que vai acontecer, ele vai começar fazer amizades, vai
começar a fazer amigos, e ele vai começar a gostar muito mais da motocicleta,
ele vai começar entender, porque que ele contém a motocicleta, e porque que
ele deve continuar com ela, tu entendeu.
Benetton Então são essas questões ++ que vão tudo ao encontro desse bem,
maravilhoso, que eu agradeço à Deus, por ter a condição de te-la, entende.
Porque isso aí não só me leva ao prazer do meu Hobby, mas também graças a
Deus, eu já fiz muitas campanhas beneficentes, e continuo fazendo, se tu quer
saber até uma coincidência dessa nossa entrevista, mas sábado passado eu tive
aqui numa região aqui bastante carente, que é o Pedregral. Mais de cem
criancinhas, nos fomos lá e entregamos presentes pras criancinhas, passamos o
sábado a tarde inteirinha entregando presentes pras criancinhas, que durante o
ano, já tinham feito os pedidos pra professor o que é que gostariam de ganhar,
nos fomo lá, pegamos essa relação, compramos, entende, o grupo Topera’s, que
essa, desencabeçou essa, essa reunião, e eu estive lá fui junto, que eles sempre
convidam nós, nós que iniciamos essa parte de integração dos grupos aqui da
grande Florianópolis, e iniciamos essas campanhas aí, a Apae, a Apae eu fiquei
quase dez anos com todos esses grupos aí fazendo campanhas,
permanentemente, entende. E aí são todas as motocicletas, entende, então são
essas coisas que ++ que nos dão esse prazer, então não é só o hobby
propriamente dito, vou pegar a minha moto vou andar, vou viajar coisa e tal, não,
nós desencadeamos um monte de campanhas, fiz várias campanhas, muitas
campanhas com a policia militar, com a policia rodoviária federal, entende.
Sempre, sempre em conjunto com eles, entende, e com tantas outras
339
instituições, asilo dos velhinhos, roupas na época de inverno.
Benetton Então a ++ ainda é feito isso, e todos os encontros de Harleys que a gente vai,
sempre tem uma verba que é destinada pra alguma doação, entende. Isso são
coisas que, o HOG, como eu disse que é novo, que ele tem trinta e poucos anos,
mas vem fazendo entende, então são essas questões aí, que, que nos levam a
incorporar esse espírito, entende, essa parte de fraternidade, essa parte de
lazer, essa parte de, até profissional, tem muitas pessoas que utilizam, trabalho,
então é um meio de locomoção muito mais fácil do que um automóvel,
principalmente nesses dias, de, de mobilidade zero, então são todas essas
questões aí que enriquece, esse veiculo chamado Harley-Davidson.
Eu provoquei, eu quase apanhei,esse monte de, de jornalista lá né, e a
entrevista era pra ser quinze minutos, durou duas horas e trinta, duas horas e
trinta e cinco minutos. Porque eu fazia eles, pra fazer uma pergunta, eu
respondia e botava um veneno, nossa,e um monte de jornalistas, eles iam, e iam
e iam e ++ e aí eu to sabendo que no meio de jornalistas sempre vai ter um
bandido, que ele quer ver sangue, ele quer te ferrar. Eu vou contar esta
partezinha aí e tu já considera essa da gravação aí. Tava na entrevista e eles
estavam empolgado né ++ depois de tantas respostas, perguntas, duas horas já
não aguentava mais de calorão, mas eu adora, eu adoro porque tu vê os caras
empolgados jogando câmera pra cima, tu é ++ o americano é uma coisa assim,
incrível, e aí chegou numa hora lá que o jornalista ++ ele chegou na coisa mais
óbvia do mundo né, mas ele quer falar né, ele ta todo empolado que ele quer
falar, e ele disse “ nossa, mas tu é fanático, tu é doente por, por Harley tu é tudo
340
isso dai”, e aí eu disse pô, você realmente chegou a uma brilhante conclusão, e
prova de que a sua conclusão esta correta, eu sei quando eu vou fazer exame
de sangue. Aí da aquele silencio assim né, tudo mundo, puta eu acho que o
cara pirou agora o que, que tem a ver exame de sangue com gostar de moto né,
e seguiu o silencio né, e eu aí , o que, que tem a ver? E aí eu respondo né, não
é que normalmente quando eu vou fazer exame de sangue o resultado da 40 de
gasolina, 40 de óleo e 20 de sangue, aí eles atiram câmera pra cima, eles vão a
loucura, eles viram ficam tudo doido, tudo doido. E aí continuando a ++ as
perguntas coisa e tal, eu respondendo coisa e tal, aí eu já imaginava que fosse
vir uma pergunta, pra ferrar, e jornalista gosta, ele quer ++ fazer manchete.
E é isso é uma coisa realmente conhecida, principalmente nessa época que eu
falei, que a Harley-Davidson estava pra falir daí, a, a MF comprou e baixou a
qualidade, então as motos, tinha moto que até diziam que elas já saia da loja
com vazamento de óleo, saia vazando óleo entende, e isso aí criou uma imagem
muito ruim que até hoje tudo mundo pergunta, “pô a Harley é uma, moto que
vaza”. Enfim, e eu tava lá na entrevista, pababa coisa e tal, e aí daqui a pouco
um assim “pois é, tu é fanático, tu gosta tanto, mas a Harley não é tudo aquilo, a
Harley tem alguns probleminha né” e eu quietão, aí ele começou né, e aí assim,
por exemplo, as Harley-Davidson vazam óleo, e isso foi Sturgis Dakota do sul, se
vocês olhar no site, ele não cabe um palito de fósforo, é moto, da setecentas mil
motocicletas no evento, é o maior evento do mundo, setenta e três anos, é um
ano mais velho do que Daytona, mas é o mais famoso do mundo, que lá dão os
verdadeiros Harleyros, Daytona já mudou muito, já misturou muito, pra ti ver
Harleyro só, tu tens que sair mais no Iron Horse, porque hoje, diminuiu bastante.
Mas é um mega eventos, sem dúvida nenhuma, mas Sturgis, Sturgis é tudo, é
sensacional, e aí, eu do lado ali na Main Street, dando a entrevista na Main
Street, e ao o jornalista “é porque a Harley vaza, óleo e coisa e tal, e o que é que
você diz disso” aí, o tradutor me, aí eu dizia, eu, eu não sei o que é isso, vazar
óleo. O rapaz, isso aí, não tem um cristão que não sabe o que é vazar um óleo
né, como, imagina, aí o tradutor dizia pra ele, olha, ele disse que não sabe o que
é vazamento de óleo, a o jornalista começou a subir no ++ no sapado né, “como,
vaza óleo, vaza óleo, vazamento, não sabe o que é vazamento?” e eu
sinicamente, eu não conheço vazamento, e dizia, e o cara levantando, já, o cara
341
já tava indo à loucura, e eu digo hoje eu vou apanhar aqui, aí “mas vazamento
de óleo, vazamento de óleo que vaza na moto”, ele fazia assim né, no início, aí
vinha pra mim, eu não conheço, aí o cara começava, ele não, falando em, em
espanhol “la gotícula de la aceite que se pinga, que se pinga”, o cara já roxo
querendo me esganar né, pô, dando entrevista, falando de tudo, respondendo
toda as perguntas, os caras adorando, e aí o cara vem falar em vazamento que
todo mundo conhece, e o cara disse que não sabe. E eu não sei, e a, o cara
ficou roxo, aí quando ele perguntou pra mim, mas vazamento de óleo, assim que
ele falou bem devagar assim, e o outro traduziu pra mim, eu digo, eu não
conheço, quando eu disse isso, um cara disse pra mim, aqui ó, da à impressão
que alguém foi La e pegou uma lata de óleo diesel e virou em baixo do motor da,
da Harley, e aí o cara lá, do lado da Harley, “aqui ó, aqui ó”, e o cara passava a
mão no chão assim, um óleo velho, mas uma mega poça, desse jeito ali né, o
cara aqui, “Isso é vazamento, não conhece?”, aí eu digo não conheço, digo
agora eles vão me esganar, aí só que eu não parei né, antes eu dizia e parava,
aí eu já continuei né, não conheço, e isso aí nunca foi vazamento. Rapaz, aquele
silencio assim não tem, nos vamos te matar agora, nos vamos te enforcar aqui
entendeu, eu disse, isso nunca foi vazamento, e eu falei com força, isso aí nunca
foi vazamento, o dia que vocês vê uma mancha de óleo dessa aí em qualquer
lugar, vocês tem que dizer, por aqui passou uma Harley-Davidson, porque
Harley-Davidson não vaza óleo DEMARCA TERRITÓRIO, rapaz o cara jogou a
câmera pra cima, só escutei aquele barulhão, olhei do lado já me levantaram no
colo e fazia, aqui assim comigo cara, fazia aqui assim comigo, eu digo, agora
vão me jogar no chão aqui né, tudo loucura rapá, mas a loucura tu imagina só
né, porra o Willie Davidson, ele deve ter visto essa entrevista aí e, nunca me deu
nada, mas, entendeu. E disse isso daí, aí eu disse pra eles, pó vocês não
sabem, porra os animais, o leão, cachorro, quando eles chegam no local, a
primeira coisa que e ele via fazer é o que, é demarcar o território, então o dia
que vocês ver uma mancha, aqui passou uma Harley-Davidson, Harley portanto,
Harley-Davidson não vaza óleo, DEMARCA TERRITÓRIO, rapaz, o Willie
Davidson sabe disso rapaz, olha só rapaz os cara estavam falando, então eles
tem, tem tudo essas entrevista, porque passam né, e lá era, programa oficial
entrevistadores, então tinha uma coisa maravilhosa.
342
P: Comente o que você sente, quando sai de casa, para um passeio com sua
Harley-Davidson
Benetton A, isso aí é, essa pergunta aí é impossível de responder, essa pergunta sempre
me fazem, o que é andar numa Harley-Davidson, eu nunca consegui responder
isso aí, só você pra sentir porque é inexplicável a sensação de andar, o quê que
eu vou dizer, é um paraíso é, é uma orquestração ali tocando, é uma coisa assim
sensacional, é uma terapia, e uma higiene mental que eu desafio em todos os
momentos a medicina me provar que existe algo melhor, nunca contestável.
P: Qual o sentimento que traduz, um sentimento?
Benetton Um sentimento? Felicidade.
P: Por que você optou em andar de moto?
Benetton A, é outra pergunta que eu não sei, e, sempre me fazem essa pergunta, me
pergunta se tinha na família, alguém que tinha, não tinha. Eu na época não se
chamava, cinquenta anos atrás, na época não se chamava nem moto era motor,
eu morava, sou natural de Criciúma, e lá tinha os motores que vinham tudo de
contrabando, coisa antiga de várias marcas coisa e tal, e lambretas, também
foram as primeira que chegaram né, e eu, adorava aquilo ali, adorava ver eles
andando com aquilo até que eu comecei a lavar uma lá, pra um cara lá, e pedia
pra ele pô, se eu lavar tu deixa eu dar uma voltinha, e aí pegou, e aí acabou...
P: Qual foi a tua primeira motocicleta?
Benetton Minha primeira motocicleta foi uma BSA 4HP e meio eu consertava ela a
semana inteirinha, semana inteirinha na oficina, eu andava meia hora e fundia
tudo, e o meu maior trauma também é que eu consertava ela a semana toda,
dentro dessa meia hora, quando eu deixava ela no ponto mesmo, eu passava
numa rua que tinha um cachorrinho desse tamanho, que ele queria me morder,
eu era obrigado a levantar o pé, a tal a velocidade dela.
P: Como surgiu a vontade de andar de Harley-Davidson?
343
Benetton A ++ a vontade não, não surgiu a vontade de andar de Harley-Davidson,
acontece o seguinte, eu já adorava motocicleta, e eu tive outras motocicletas
antes da Harley-Davidson, inclusive eu tive uma Indian, antes da Harley-
Davidson , e era a minha paixão, era minha paixão porque realmente é outra
coisa inexplicável, o ronco o motor semelhante, era dois anos mais velhas que a
Harley-Davidson entende, e aí o quê que aconteceu, a Indian era a maior
loucura, a maior loucura aqui ali, eu já sentia, isso aí que era diferente de todas
as motocicletas, daí o quê que aconteceu, uma questão de oportunidade,
apareceu uma Harley-Davidson que eu nem sabia o que era Harley-Davidson ,
pra te falar a verdade, e eu tive Harley-Davidson, aí quando eu andei com a
Harley-Davidson , acabou, é isso aí, aquele ronco, toda essa sinfonia essa
orquestração, entende, esse prazer, aquela vibração, entendeu, que mexe com
tudo, então a partir daí eu tive uma Harley-Davidson , aí daqui a pouco eu
trocava, pegava outra e aí foi indo, e aí tu não tem mais como sair.
P: Qual era a sua percepção, sobre a Harley-Davidson antes da compra da
primeiro motocicleta Harley-Davidson ?
Benetton Eu não posso responder essa pergunta porque na época, não se tinha, era as,
era os motores que apareciam, aparecia Zundapp, Piceze, Opel, aparecia
Monark, Jawa, aparecia Ariel, aparecia Norton, apareciaa DKW, várias marcas
de motocicletas que hoje não se vê falar mais, a DKW inclusive era uma
máquina da guerra, ela ia daqui até... tinha três metros, a, gigante, entende.
Então eu não tinha percepção, hoje você pode ter porque a marca ta famosa,
aquela época não era, então eu, quando ter, eu não me deu tempo, da
percepção, eu andei na, eu comprei a Harley-Davidson.
P: O que você esperava da marca?
344
Benetton Pois é, essa pergunta, é uma pergunta que sem, tem que ser mais atualizada,
pras pessoas de agora, porque hoje eles vê as propaganda, começa a sonhar
com a Harley-Davidson imaginar, pô, mas porque que fazem tanta propaganda
da Harley, por que isso, por que aquilo, por que aquele outro. As propagandas é
por causa exatamente disso, eu tava falando antes, vou voltar até um pouquinho
atrás do marketing, do Willie Davidson, mas esse foi o grande marketing do
Willie Davidson pra levantar a, fabrica, naquela época que tava no caos né. Mas
a marca da Harley-Davidson ela foi feita pros grande artistas e os filmes do
mundo inteiro, entende, então todos os filmes que faziam a grande maioria dos
filmes que eram que tinham realmente, um peso grande e que tinham bastante
repercussão a maioria deles é tudo, com motocicleta, quem lançou a Fat Boy é
Arnold Schwarzenegger, tu entendeu, então são coisas, desse tipo, e outra
coisa, todas as bandas, roqueiros, tudo Harleyro, entende, no mundo inteirinho,
entende, agora tu imagina só, eu to te respondendo isso né, olha só, Sturgis
setenta e três, setenta e quatro anos que tem encontro em Sturgis, setenta e
quatro anos não era nem nascido, não era nem nascido e já tava rolando
bombando lá com milhares de moto, entende. Então quer dizer é uma coisa,
muito antiga, é uma coisa muito antiga, e na época por exemplo, na época que
eu nasci, a ++ eu to com 61, to com 61, partindo já pro 62, entende, e, na minha
época, tu vê, a gente morava né, morava em Criciúma, morei até com dezesseis
anos, depois fui estudar em Porto Alegre coisa e tal, mas na época eu não tinha
assim é ++ esse movimento grande, como hoje, a mídia tem hoje internet tu vê
tudo aqui on-line, entende, então é, naquela época tu ia direto pra coisa,
entende, tu não via aparecia tu pegava, é uma roupa, isso aqui é o supra sumo,
entende. Então essas propagandas, e o que tinha de cinema, não tinha
televisão, televisão, veio, muito tempo, depois pro Brasil, né.
Benetton Mas é todos as, as grandes personalidades do mundo hoje, todos eles tem
Harley, os reis da, daqueles países lá, príncipe, Mônaco, eles adoravam, moto
capacete, anda com os segurança, ninguém sabe quem é, e anda, todos eles
tem, entende, então é, é uma loucura, os cara tem e não tem só uma, entende,
Maicon Forbes, tem cada sítio que ele tem, cada fazenda, cada, iate que ele
tem, tem uma Harley-Davidson dentro, entende. Então é, essa loucura por que,
porque isso foi muito divulgado, a mídia divulgava gratuitamente, a Harley nunca
345
fez propaganda da, da, das motocicletas, a Harley ta fazendo propaganda hoje,
a Harley enfrentou essa crise grande, na época, é, essa crise grande com as
japonesas, as japonesas que, foi a primeira exportação da Harley-Davidson , a
primeira exportação, foi pro Japão, e depois o Japão entraram no mercado, no
mercado, americano, e a Harley entrou nessas crises toda aí, e aí até falaram,
que foi obrigado a aplicar o dumping porque se não, não resistia, entende, então
tudo isso daí, mais os filmes todos faziam propaganda, a Harley nunca fez,
agora depois, aí nessa época que começou a fazer um pouquinho mais. E nessa
época, tinha aquele porque que eu te falei um pouco do preconceito, por que,
porque o Harleyro quer queira ou não, embora isso não significa dizer que os
Harleyros são, mas o Harleyro representa a rebeldia no bom sentido, entendeu,
e é liberdade, é o conceito da marca, é o conceito da marca é isso, entende, e
na época, que se tinha esses problemas, as outras marcas entraram, com o, a
propaganda o marketing exatamente ao contrário você que é uma pessoa social
bonitinho anda com, com outras marcas,(não vou falar marca), entende, anda
com outras marcas, era o que entrar no mercado e pô, a Harley capengou, nisso
dai, entende. Mas a grande, a++ aí eu te respondo o que é a Harley-Davidson ,
porque tu vai responder pra ti mesmo, ela é essa coisa tão forte, que sobreviveu
a tudo isso, entendeu, ela sobreviveu grandes, sobreviveu ao um monte de, de,
de empecilhos que se atravessaram, crise e tudo mais, e ela continuou, e tem
tantas coisas boas, que não continuaram, porque que ela continuou, então é um
mito, isso é um mito, é uma coisa inexplicável, é uma coisa inexplicável.
P: Qual foi a tua emoção no dia da compra da primeira Harley-Davidson?
Benetton A, a emoção é ++ é tamanha né, eu vou, eu vou voltar um pouquinho, pra época
da antiguidade né, mas quando eu tive a primeira, eu não tive a primeira melhor,
eu tive a primeira com uma série de problemas, entendeu, e isso é outra coisa
que é impressionante, é uma coisa impressionante, não se tem como explicar, tu
não sabe como explicar.
346
Comprava as máquinas que não tinham, manutenção nenhuma, tudo
antiguíssima, já velha, caindo aos pedaços literalmente, mas ia pra oficina,
consertava e andava naquilo tu parecia que tu tava andando hoje, no que, num
Rolls Royce, numa Ferrari, aquilo era uma maravilha, aí o que é que acontecia,
isso quando foi da primeira vez, já andou pô é isso aqui que eu quero, aí vamos
ajeitar, ajeitava, daqui a pouco pintava uma ou outra, entende, a primeira, a
primeira foi assim, aí pintava uma outra, tu já olhava pra ela já via que tava em
melhor condição e poooo, isso aqui é coisa do outro mundo, entendeu, foi indo,
foi indo e foi indo né, até pegar as zero né. As zero ++ eu não sei, essa é uma
historia meio grande que da pra fazer uma enciclopédia, mas eu, a Harley que
eu comprei em Curitiba em 99, eu dormi três dias dentro da loja da Harley
esperando ela chegar, três dias, isso aí, nacionalmente ate internacionalmente
eu fiquei conhecido, eles me prometiam a moto que ia chegar, que ia chegar, já
tinha feito o pagamento a reserva tudo, e, foi a primeira, a primeira que saiu pra
qualquer pais do mundo, 1450 cilindradas, o motor antes dela era 1340
evolution, e aí em 99, 2000 mudou pro motor 1450 twin cam com injeção
eletrônica, e essa não podia sair pra pais nenhum do mundo, a única que saiu foi
a minha, que veio pro Brasil, por causa de uma, compra que eu fiz aqui na loja
da Harley, eles não poderiam ter vendido essa maquina pra mim, essa máquina
tinha feito um número X primeiro pros americanos, quem entram na fila,
independente da, entrou na fila eles respeitam, e ++ aqui eu tinha comprado esta
moto eles não poderiam ter me vendido, e eu exigi que fosse essa máquina e
eles acabaram tendo a interferência do Willie Davidson pra me entregar essa
moto, e eu fui pra loja da Harley e eu disse que só ia sair de dentro da loja da
Harley quando essa moto tivesse chegado, e eu passei o natal dentro da loja da
Harley.
Benetton É isso é história, com todos os mecânicos, e a moto foi entregue lá, e se tu quer
saber melhor, aquela é a foto, da champagne que eu pedi pra eles pegar num
bar, me pega umas 3 champagne e deixa aqui, porque eu vou dormir aqui, e o
dia que ela chegar eu vou tomar champagne, aquela champagne é, é a
champagne dessa aí, entende. E isso aí deu vários problemas para, pra loja, que
antigamente o proprietário era outro, entende.
347
P: Nos falos até agora da tua percepção, antes de ter a moto, e agora, qual é a
tua percepção da marca?
Benetton Qual é a percepção da marca. Não fizeram e nunca vão fazer alguma coisa
melhor, entende.
P: Quais são as principais mudanças entre a sua percepção antes da compra
da primeira HD, com a de hoje, em relação à marca Harley-Davidson ?
Benetton A tecnologia né, a ++ a percepção é que hoje é, máquina é tecnologia pura né,
a, hoje eu converso as vezes com o pessoal e eu faço viagens grandes, por
exemplo né, fui sozinho, o Ushuaia dei a volta toda no Chile, deserto do Atacama
tudo e eu não levo nem um, nem um alicate, entende. E a turma pergunta, pra,
pra mim né, “pô Benetton e se quebra alguma coisa”, eu digo, olha querido se
quebra alguma coisa, eu vou deixar nas mãos do menino Jesus, eu me nego a
levar, essa parte eu já fiz na minha época, que eu vivia nas oficina, e calça
camisa que iam fora, que a minha mãe jogava fora, porque era , voltava com
óleo de tudo quanto é tipo, eu era obrigado a descobrir qual era o torneiro que
tinha o melhor da região, pra fazer a peça, entendeu, era tudo assim, quebrava
tu tinha que arrumar torneiro pra fazer as peças da moto, então hoje eu me
nego, hoje eu não saio com nada, se quebrar. Hoje nos temos facilidades né,
porque tipo tem seguro, então tu chama o seguro leva pra loja da Harley e faz a
manutenção, e hoje o seguro é pra tudo né, tem seguro aqui pra América,
quando eu viajo pros Estados Unidos, e lá é, então é covardia, la tem todo tipo
de apoiamento, hoje em dia é uma pena, isso de certa forma pra te responder, é
uma pena, porque me da um pouquinho de saudade de voltar com a calça cheia
de óleo, óleo na orelha óleo por tudo, porra consegui fazer aquele sinfonia voltar
ao ar, entende. Então hoje tu chega ali, aperta num botão e sai e, até a vibração
dessas máquinas novas não tem mais, por isso que breve eu tou, vou voltando
aí com a tecnologia antiga.
Benetton Uma diferença que realmente essa ia, é lamentável, o ronco da carburada, o
ronco das injetadas, o ronco da carburada aquilo ali não adianta, aquilo ale é um
trotiado de, é uma coisa do outro mundo aquilo ali, mas infelizmente ficamos
348
com a tecnologia, mais segura, e perdemos esse outro lado.
P: Como se deu, a sua imersão, no mundo Harley-Davidson? Como tu entrou?
Benetton Foi uma coisa automática, é, tu não pede pra entrar entendeu, tu entrou,
consegui da primeira, foi indo, foi indo, foi indo e isso ta no sangue.
P: E seu visual?
Benetton O visual, o visual a, é claro que ++ eu já tinha um visual na época que era esse
visual, andava com uma calça suja de óleo e coisa e tal, eu peguei aquela época
que, foi uma época que quem tinha uma calça ali era rei. As calças ali a gente ia
muitas vezes, quando se conseguia, era no porto de Santos e depois aqui de
Itajaí, era tudo de contrabando, quem tinha uma calça ali era rei, então a gente já
tinha estilo, se tu olhar naquela banda ali, aquilo é 69, eu já to com uma calça ali,
ali, entendeu, então a gente já tinha um estilo, entende. O quê que aconteceu,
comigo mudou e muita gente até hoje estranha muito, tu também, se tu olhar
uma foto ali, tu, mas quem é esse cara, entende. Então o quê que aconteceu,
então é obvio que essas épocas aí, eu tava na época de estudante, que aliais, é
a melhor época da vida, né, e ++ e depois obviamente quanto eu me formei,
comecei a trabalhar, moto nunca fiquei um dia sem moto, mas comecei a
trabalhar coisa e tal, então obviamente tu tinha postura, mas eu na época dos
treze anos, quatorze anos eu já andava com, era época de hippie, andava com
uns medalhão pendurado no pescoço, umas corrente eu sempre andei, minha
adolescência todinha foi assim, sempre no estilo, aí depois quanto eu formei, eu
comecei a trabalhar, e quando eu comecei a trabalhar eu fui obrigado a mudar,
até mesmo porque eu participava muito de, eu sempre fui muito político, não
profissional assim partidário, mas ajudei criar o diretório acadêmico de geologia
na época da escola, eu fui diretor, presidente, essas coisas toda aí. E quando eu
me formei eu comecei a trabalhar, entrei de logo de cara na associação
catarinense de engenheiros, tem oitenta e poucos anos hoje, e comecei a
trabalhar, já fui vice presidente, e virei presidente, e aí eu andava de terno e
gravata, ali eu andava de terno e gravata, e depois quando sai eu botava minha
calça jeans, e saia, mais era o meu ++ era o meu visual, então era sempre terno
e gravata, e depois fui pra presidência da FATIMA, fundação do meio ambiente
349
do estado de Santa Catarina, tava toda hora no gabinete conversando com o
governador, com os deputados, então andava de terno e gravata também, tu ali
tu me viu numa solenidade ali com Ulisses Guimarães, com o governador
Casildo Maldaner, ali de, de serrando a placa do nome que nós demos pra, pra
via expressa sul, que é o marco zero da BR 282, que é uma das maiores BRs do
nosso estado. Então o eu tinha esse visual, aí depois de assumir alguns cargos
políticos, eu digo encerrou não quero mais cargo político, terno e gravata
acabou, deu os meus ternos pro meu sobrinho que fez direito, e aí voltei, digo
vou voltar a minha felicidade anterior, entende. Então o estilo e aí é aquilo né,
hoje tu tens essa facilidade toda, né, acessórios é uma gama, vastíssima de
acessórios e você não tem como fugir disso, não tem.
P: E as tuas tatuagens?
Benetton A tatuagem sempre fez parte também da minha vida, da adolescência,
exatamente da adolescência, até não tinha idade pra fazer a primeira tatuagem,
mas naquela época fazia era na agulha, era seco a coisa, não era maquineta,
entende, fui e depois eu fui, e aí tu engloba e, a Harley-Davidson tu quer sabe
quem é a Harley-Davidson é essa coisa que faz tu escrever aqui nas costas
Harley-Davidson é isso. Não me pergunta por que, porque ta mais do que
respondido.
P: Comente sobre a inserção da marca, em seu automóvel e na sua casa.
Benetton Bom, é aquilo que eu te disse, as minhas moto, personalizada, Harley-Davidson
entendeu, eu, adotei um estilo, eu adotei um estilo, é claro que eu quero viver
num ambiente, lembrando toda essas figuras história, olha só ali a James Dean,
Marlon Brando, pô quer dizer é ++ eu me sinto com eles aqui, entendeu, essa é
a grande realidade, eu me sinto com eles aqui, e o carro também é onde eu
ando coisa e tal, então tem que ter alguma coisa da Harley-Davidson também, é
essas coisas são automático, é coisa, parece louca né, mais, enfim é uma coisa
que tu gosta, tu adora, se sente bem, e, e trás felicidade.
P: Como você acredita que as pessoas, te percebem, quando você passa em
sua Harley-Davidson?
350
Benetton A, isso aí tu percebe de varias formas, tem aquele que o, diz assim “la vem o
maluco” entendeu, tem aquele de diz “pô que bacana”, e eu digo isso porque, eu
gosto muito de conversar com as pessoas, então eu, além de tu sentir, as vezes
tu sabe né, quando tu tem alguém te olhando que gosta. Tu sabe quando tem
alguma pessoa olhando que gosta, e tem alguma pessoa que começa a ficar
meio de lado assim quando tu chega né, entende, então e eu converso com as
pessoas, gosto né, e isso daí acontecia muito na feira da esperança, que eu
fazia as exposições ali, e dentro do tempo disponível ia lá pra bater fotografia e
que, a gente, eu ganhava a revelação, ganhava os filmes tudo, e a, as pessoas
pagavam pra bater fotografia, e esse dinheiro ia integralmente pras senhoras da
Apae que cobravam já, entende, então as vezes eu tava ali explicando pras
pessoas, e as vezes chegavam algumas pessoas que olhavam, te olhavam
assim, meio já, e aí tu começava a dar umas caminhadinha assim, no lado da,
da pessoa e eu morria de rir, eu adorava fazer sacanagem, aí eu caminhava em
direção do cara e ia se afastando mais, e eu fazia de conta nada, nada, quando
via eu tava do lado do cara, e o cara se assustava. Uma vez eu pensei que eu
fosse apanhar, uma vez chegou um cara ali, e o cara veio a primeira vez, tipo,
ele ficou numa ponta e eu fiquei na outra, aí quando ele chegava ali, eu ia
conversar com as pessoas pra dar informação, “o nos estamos fazendo isso,
aqui, aquele outro” e eu fui em direção o cara, o cara se mandou, mas si mandou
mesmo, acelerou o passo assim olhando pra mim assim, com cara de coisa, e se
mandou, aí eu continuei ali, só que a feiras as vezes durava até 10 dias, nos
ficamos ali, entende. Três, quatro dias o cara apareceu dinovo lá, apareceu
dinovo lá, e, eu cheguei perto dele e ele não viu, eu perto dele disse, o isso aqui
é uma feira da exposição, aí o cara começou a sair, que a gente faz pra ajudar
os, as pessoas com necessidades especiais, e ele escutou um pouquinho eu
falar, e se mandou, si mandou, dois dias, depois, ele apareceu com umas dez
crianças ali, foi a coisa mais linda que eu vi, ele apareceu com umas dez
crianças ali, tudo pra bater a fotografia, porque ele deve ter saído e deve ter se
informado com alguém, que que é aquele doido, aqueles louco lá, a isso faz
todo ano pra ajudar a Apae, ele voltou com as crianças tudo, bateu a fotografia
ali, e, uma coisa bacana, entende, então essa é a percepção, então
lamentavelmente, lamentavelmente nós ainda hoje, e, embora com todas as
351
oportunidades aí de a gente elevar cada vez mais a nossa cultura, tem pessoas
que ainda te julgam, simplesmente por um olhar, entende, lamentavelmente tem
isso, e se tu não cair na graça dela, tu passa a ser um ET, ou coisa dessa
natureza, agora se tu tiver oportunidade de conversar dois minutos com ela, ele
já vai sair abraçado contigo. Isso já cansei de fazer com as pessoas, é muito
bacana, isso é uma coisa maravilhosa, é, são essas coisas, entende, tu
conquistar assim, mostrar quem tu és, isso, é a Harley-Davidson que propicia
isso, só acho.
P: Como você pensa que elas, as pessoas, percebem um comboio de Harley-
Davidson?
Benetton A, tu queres dizer, sem elas estar vendo, é só ficar de costa e imaginar que ta
um grande temporal, uma trovoada grande, brooooooo, lá ta vindo um comboio
de Harley-Davidson.
P: Como você se sente, sobre os olhares dos espectadores, de seu passei?
Benetton A é uma coisa maravilhosa, que eu percebo é isso, nos fizemos, nos temos o
nosso grupo, Legends Never Die – Highway tribe, tivemos oportunidade de
fundar o grupo, e nós a, até uma determinada época nós fazíamos as nossas
festas, então nós sempre íamos, inclusive convidava, sempre os policiais, policia
rodoviária estadual, federal, que iam, nos escoltando, é a coisa mais bacana, as
pessoas saiam de dentro de casa, tava na janela, saiam de dentro de casa e
ficavam tudo na, na cerca, assim nos locais que tinha cerca, muro pra olhar o
passeio, então eles adoram, adoram, de uma forma geral adoram, adoram.
P: Você se inspirou em algum personagem, com comportamento similar ao
seu, na construção de sua identidade Harley-Davidson?
Benetton Não, não, a ++ até mesmo porque, é como eu te falei antes, entende, quando eu
tive Harley-Davidson era uma época que não tinha, até televisão era difícil,
entende, agora se tu perguntar se eu tenho um ídolo, aí pô, é o Peter Fonda com
esse filme de 69, entende. Mas eu até acho analisando, que, o Peter Fonda, nós
não temos o mesmo estilo, eu acho que o Peter, eu sou mais extravagante que
352
do que o Peter Fonda, mais exagerado, entendeu. O Peter Fonda todo esse
ícone nosso, maior ícone do motociclismo, mas ele é bem ponderado, no
máximo usa uma calça de couro, ele não usa, a, um monte de coisas que talvez
até na época não tinha tanto assim pra ele usar, por isso que ele não usou.
P: Comente sobre os motivos, que o fizeram participar do HOG.
Benetton Então, o HOG é o seguinte o HOG quando tu comprava uma motocicleta, tu já te
associava automaticamente no HOG, entende, a, então o número já ia ali direto
e tu te associava, agora tu, a ++ eu, eu via mais uma forma, no inicio, eu via
mais uma forma, de estar em contato com mais gentes, e principalmente,
principalmente de receber informações, do que, que ta se passando lá, coisa e
tal, os mapas que eles mandam pra nós e coisa e tal, esses encontros mundiais,
entende. Por que aqui realmente a gente não tem essas informações, então é
um veiculo de informações, sem sombra de dúvida.
P: Você participa de outros grupos de motociclismo?
Benetton Não, quer dizer, é, se eu me integro a eles, sim, nos integramos todos os grupos
da Grande Florianópolis, eu pertenço a um grupo, que é o nosso aqui, o
Legends, mas to sempre junto com os outros grupos, acabei de dar um exemplo
que nós estivemos com os Topeira’s, Vultos, o Bumerangues, entende, vários
grupos to sempre integrado com eles porque o bacana do motociclismo, e isso
que eu fiz a vinte pouco anos atrás, foi integrar todos os grupos, que antes um
meio que olhava pro outro, meio se assustavam entendeu, um era de cross outro
era de esportiva, outro era de, de , tu entendeu. Então a primeira coisa que eu fiz
foi conversar com todos os presidentes, olha nós, todos eles gostamos do
mesmo esporte, que tem duas rodas um motorzinho, e nós andamos, então,
independente do modelo, da, da cilindrada, vamos confraternizar, e começamos
a fazer festa, então hoje nos participamos de tudo. A, eu fiz o primeiro point, foi
lá na, na frente do Shopping Beira Mar, naquele posto ali, que depois, quando
eles fizeram o posto, o Jorge que era dono do posto disse, vou fazer um point
aqui, eu ia pra la e ficava o domingo inteirinho sozinho, não tinha moto, aí
começava a aparecer um ou outro, conversava, a aqui e tal, começou a ir,
353
começou a ir, e no final o posta tava pequinininho e não tinha mais jeito, nós
trocamos pra vários outros lugares mas eu continuo lá, e agora nós nós
encontramos no posto aqui do lado do hotel Mercuri, toda quarta feira, foi ontem.
A, então aí vai todas as pessoas de todos os grupos, é o bacana é isso, de todas
as marcas, Triumph, BMW, tudo quanto é marca, Honda, Suzuki, Yamaha, tudo,
pra mim não interessa a marca nem cilindrada, o que importa é o espírito do
motociclista, agora é aquele negocio, não adianta né, não adianta né, Harley é
Harley.
P: Comente sobre os eventos internacionais da Harley-Davidson.
Benetton A, ++ é uma loucura, é uma loucura, o que existe de melhor, pena que não da
pra ir em todos, porque que o que acontece é o seguinte, a, o HOG, dá pra tu ter
uma ideia, o HOG da Inglaterra, o HOG da Inglaterra deve ter, quinze, vinte
anos, se tiver, acho que não tem nem isso, entende, porque os países vão
criando, o ++ o HOG americano não porque começo, o HOG tem trinta e poucos
anos, foi em 83, mas a, a própria Inglaterra faz uns, não, não tem quinze anos eu
acho, eu acho que não tem nem quinze anos o HOG. Então esses países estão
crescendo, e aí o que, que acontece, os HOGs, isso é muito bom, eles ajuda a
promover os encontros, então eles ajudam a promover os encontros mas é
aberto a todos os motociclistas, entende, agora tu faz a inscrição no HOG fica no
hotel que eles querem se tu quiser, eu já não faço isso, eu não faço isso pelo
seguinte, não é nem uma contrariedade a isso, eu acho que o espírito do
motociclista tá, ta, tem que ser liberdade, e outra coisa que eu também discordo
é que, lamentavelmente é aquilo que eu te disse né, ninguém nasce motociclista,
ninguém nasce Harleyro, e ninguém tem culpa de não, não conhecer ainda,
então os HOGs assim é o primeiro passo que a turma da exatamente por isso,
ele não vai de cara comprar uma moto, se ele nunca teve moto, ele vai primeiro
aprender e não vai entrar num grupo, ele primeiro vai, confraternizar com esse
pessoal que proporciona isso aí, entende. Aí depois fica a critério dele escolher,
mas eu não sou favorável, por exemplo, olha vamos fazer um encontro do HOG
no Jurere, não fui em nenhum, entende, tive ingresso, me mandaram ingresso
tudo de graça, inscrição, eu ++ agradeço diplomaticamente mas não vou, porque
que eu acho que de certa forma, é uma certa, tem gente que ainda não esta com
354
o espírito do motociclista propriamente dito, que essa pessoa que se da com
todo mundo, independente de marca, de, de cilindrada de tudo, entendeu, e
lamentavelmente, a Harley-Davidson quer queira ou não, não é o meu caso,
nunca foi, entendeu, mas, ela é caracterizada como status também, e tem muita
gente que lamentavelmente, como toda profissão tem bons profissionais, tem em
todas, e tem gente que compra e acha que, anda de sapato alto e coisa e tal, e
se passa alguém do lado e te cumprimenta e ta com outra moto, o cara nem, não
te conheço não cumprimento, entende, e o verdadeiro Harleyro ele cumprimenta
o cara que ta com uma bizinha, que ta com uma Garelizinha, que ta com uma
125, tem que, cumprimentar todo mundo, todo motociclista é uma questão de
oportunidade, uma questão de condições, entende. Mas o espírito é o mesmo,
então por isso que aí quando eles fazem esses evento, que é num tal local, aí
janta, almoço, tudo engatado ali, to fora. Eu quero ir la, eu quero cumprimentar
todos eu quero sair, quero ir pra ++ é liberdade isso aí foge dos princípios do
motociclismo totalmente, e radicalmente, entende, eu gosto de chegar num
butequinho, que mal e mal tem uma, uma geladeirinha, que serve uma
cervejinha ali pra ti tomar. ++ eu quando viajo pra esses países aí assim, aqui
da América aí, eu , quando eu marco, vou dormir em tal local, primeiro buteco,
MAS BUTECO MESMO que tem eu paro, e a coisa mais impressionante, é a
coisa mais linda e a coisa mais bacana que tem.
Benetton Se tu chega, por exemplo, isso acontece muito numa cidadezinha que é
Taquarembó, Taquarembó é uma cidadezinha do Uruguai, pra mim na minha, na
minha visão de tudo que eu já vi até hoje, é a cidade que tem mais motoneta,
dessas pequinininha, todo mundo tem, e eles levam a família interia em cima
daquilo, não sei como leva, então tem uns barzinho que quando eu chego lá as
vezes, eu encosto, é o primeiro que eu encosto, eu encosto ali e aí do lado tem
camponeira de galinha, vende galinha, vende tudo, vende tudo ali, e eu tomo a
cervejinha, rapais, não da meia hora, aquilo ali fica cheio, cara é a coisa mais
linda que tem, porque eles passam com as motonetazinha, “o tem um motoci...,
tem um ET lá naquela loja lá”, vão tudo cara, e é a coisa mais, mais
impressionante, bom isso aí acontece comigo, e tem um amigo, a maior alegria
dele é contar isso, aí quando tu vê cara, tem quatro, cinco, seis cerveja na tua
mesa, tu vê que eles te pagaram a cerveja pra ti tomar, entendeu assim sem tu
355
pedir, sem falar contigo, sem nada, entende. Então enche aquilo ali, aí claro que
eu, gosto disso e provoco também né, vamos bater uma foto, nossa aí bate foto
pra cidade inteira, isso aí é a coisa mais bacana que tem.
P: Nós falamos agora, sobre os eventos internacionais. Quais são as principais diferenças que você percebe, entre estes eventos, e os realizados no Brasil?
Benetton A, totalmente diferente, no Brasil é novo ainda nessa parada né, não importa se
tenha quarenta anos, ainda é de certa forma é novo. E aqui no Brasil,
lamentavelmente as formas ainda são feitas abaixo de exploração, entende,
exploração, eu vou te dar um exemplo muito claro, Sturgis, é o maior evento do
mundo, la a maioria dos bares, tu entra tu não paga nada, tu bebe se tu que,
entendeu, tu assiste show, lá não paga nada, tem alguns excepcionais, que aí tu
paga né, aqui tudo que fazem tu tem que pagar pra entrar, se quizer dar uma
olhadinha tu tem que pagar pra entrar, entende. É tudo exploração em cima do,
do cara, então ta totalmente fora da realidade.
Benetton Inclusive tive conversando com o Berlanda aí dei uma sugestão pra ele, pra
fazer um evento que é o evento do meus sonhos, e eu, esclareci pra ele como é
que deveria ser a forma, ele “nossa Benetton, vou fazer, vou” ele ficou, foi a
loucura, foi a loucura, vou chamar a minha equipe de marketing, e aí , vou
conversar com eles tudo, prepara lá eles lá, e depois vem conversar, e depois
eles vão conversar contigo pra ti dizer como é que é a tua ideia, entende, mas é
uma coisa aberta, tem que ser uma coisa Berta pro público, entende, esse
negocio do HOG é a maior fria que tem, entendeu. Tu faz o HOG, o bacana é o
passeio que todo mundo vê, aí tu chega num ambiente desse fechado, o cara
que ta fora quer entrar não entra porque é só do HOG, entendeu. Os eventos
tem que ser feitos aberto, porque a população adora, e tua ajuda a mostrar, pra
sociedade quem são os motociclistas, eles são pessoas normais, pessoas, que
tem família, que tem emprego, que tem serviço, pessoas ótimas, maravilhosas,
entendeu, então esse contato, e o povo adora, tu para a moto no posto ali, vem
356
as pessoas que hoje em dia tudo mundo tem celular, né, que puta né, “posso
bater uma foto” vem cá bate a foto e sai dali com a boca na orelha, entende.
Então tem que fazer um, um, a, eventos, como é feito fora, nesses países,
entendeu, aberto ao publico, bota as máquinas tudo na beira mar aí, bota tudo
que a população adora, vai vim gente de tudo quanto é cidade aqui pra ver,
entendeu, agora tu vai fazer fechado. E outra coisa, eu acho uma burrice isso, se
tu quer saber em termo de marketing, opinião minha, ele faz um evento do HOG
fechado num local lá, porra, ali já é os caras que tem moto porra, tem que fazer
ali na rua pro cara que nunca viu moto, ver ali na rua poder ir la olhar uma por
uma, “porra que moto bonita eu vou comprar uma moto” tem que fazer pra quem
não tem moto, pra comprar a Harley, tu entendeu, é uma coisa totalmente tiro
fora, mas a Harley sobrevive, com tudo, sem fazer propaganda, sem nada,
entende, por causa dessa maravilha que eles inventaram.
P: Voltando pra moto agora, com relação aos acessórios, como você iniciou o
processo de aquisição e customização da sua motocicleta?
Benetton Como que eu iniciei? É eu iniciei exatamente através disso, eu vi que tinha
outras opções entendeu. Porque antigamente nós não tínhamos nem as peças
de reposições originais entende, e na Harley, a Harley é um mondo de
acessórios, entende, tem centena de tanques de gasolina, que tu, pa ti botar na
moto, que é uma peça, razoavelmente grande né. Então tem motor inteiro tem
tudo, então eu comecei a observar que tinha essa disponibilidade no mercado, e
aí eu comecei a botar, e aí vai tu vai evoluindo, aí não só botar os acessórios tão
como também trocar a pintura, fazer outra pintura, aí personalizar a própria,
como da, tua cara, entendeu.
P: Como você customiza a sua Harley-Davidson?
Benetton Bom a minha Harley-Davidson eu tenho um customizador, que é um gênio, que
é o Célio do Brook American Motorcycle, de Curitiba, que pra mim é um dos
gênios que se enquadra, na altura de qualquer um dos melhores do mundo que
eu conheço, e eu conheço realmente, os melhores do mundo, Paul Senior, Paul
Junior, Arlen esse, conheço, sou amigo dele, entende, ganhei jaqueta do Paul
Senior, tem jaqueta aí que o Paul Senior me deu, é o pai e o filho que faz aquele
357
programa, e dão porrada, aquilo é tudo uma mãezona, me convidaram um dia,
se eu quiser ir em Connecticut, eles faze o programa, que vão me receber dentro
da loja, que eles não, recebem ninguém, entende. E, então aí tu começa a
personalizar, bom, eu tenho um gosto, mas eu tenho um mecânico que sabe
exatamente o meu gosto, porque ele personaliza as máquinas de acordo
comigo, e até hoje ele nunca errou, então eu to continuando nessa facilidade,
não to nem me preocupando de eu criar alguma coisa, porque ele cria
maravilhosamente bem, me sinto bem, parabenizo e, e sempre que eu levo uma
moto pra customizar eu digo pra ele, olha, ta aqui ó. Muitos, a turma me chama
de doido, “Benetton uma coisa dessas zero quilômetro mais linda do mundo, o
cara vai desmanchar a moto, vai pintar, vai, tu é doido rapaz” e quando eu chega
na oficina é assim tem, mecânico lá e sempre tem gente né, eu chego e digo pra
ele, cidadão tai a maquina pra ti personalizar, bota o que tu quer, faz o que tu
quer, não me pergunta nada, só me liga pra dizer que ta pronta, e outra coisa, se
tu fizer uma meleca, vai ficar maior maravilha que tem, isso eu sempre digo, os
mecânicos la eles já sabem morrem de rir, e nunca me decepcionou, muito pelo
contrario, é uma preciosidade tamanha a criatividade dele, por isso que eu
caracterizo com o gênio, porque pintar é uma coisa que tem que se ter
habilidade claro, bom gosto, tem que ter um monte de coisa, agora genialidade,
é ele fazer uma coisa que tu vai gostar, tu mandar fazer o que tu quiser e o cara
fazer uma coisa que tu olha, putz isso aqui é a minha cara, então por isso que eu
considero.
P: Quais são as principais customizações de uma Harley-Davidson?
Benetton A Harley-Davidson tu pode customizar ela inteirinha, tu pode trocar ela, tu pode
sair botar uma maquina aqui, e chegar no outro dia tu não saber, mas as
principais que eles fazem, normalmente é , estilo chopper, alongar, botar o garfo
longo, os telescópio longo, e pintura, basicamente isso, e claro que, sempre vai
algum incremento, é bota uma roda, muda, é vai, da, vai da característica do
cidadão, ele pode simplesmente customizar, alongando ela, só alongando ele vai
fazer uma chopper custo, agora ele pode botar, pintura, pneu, pneu mais largo,
ou ele bota pneu 300, que é pneu de fórmula 1 quase, é uma loucura.
358
P: Você utiliza peças originais na sua Harley-Davidson? Comente
Benetton Sim. Tem algumas coisa por exemplo, o, a roda, que é uma roda bonita pra
caramba, entende, é ++ é o que eu mantenho nelas, assim,a roda raiada eu
acho, a roda mais linda de tudo e uma motocicleta se caracteriza, na minha
concepção por ela ser raiada, a moto pra mim tem que ser raiada e tem que
aparecer o motor integral, entendeu, não pode ter muita coisa pendurada, não
sou nada contra, eu respeito a Ultra Glide, eu respeito, mas aquilo ali eu brinco
com a turma, o cara diz “pá comprei uma Harley a coisa mais linda do mundo,
Ultra Glide, modelo pá” eu digo pô parabéns pela kombizinha que você comprou,
seja feliz, mas eu faço de brincadeira gozando, mas não é o meu estilo, não é o
meu estilo.
P: Quais são as características de uma motocicleta Harley-Davidson, que
você admira e gosta? Comente.
Benetton Característica? O ronco, o ronco é, o ronco é uma coisa, que é uma orquestra, é
uma sinfonia, não faz barulho, nunca diga que uma Harley faz barulho, entende,
é uma coisa assim que, desperta o interesse, tu imaginar que ta saindo aquele
ronco de um motor em V, entende, aquela batida, aquela equalização, é uma
coisa impressionante né, e, eu sou suspeito em falar nisso, e é só eu que sei
isso né, o motor chegaram a ter a iniciativa de querer patentear o motor, o
barulho né, aliais, o barulho. Então tu imagina, então isso diz tudo né, o barulho
tu conhece de longe, assim de longe um ó, lá vem uma Harley, ta vinda uma
harley, essa é única forma que tu conhece, não tem como, não existe nada que
tu identifica né, e até vou fazer uma, um parentes aí, esses tempos eu tava
assistindo a, acho que é a RAI, que é Italiana né, televisão né, e botaram um
doido lá digo, pô esse aí é, esse aí eu queria conhecer, teria o maior prazer em
conhecer, botaram cinquenta e poucas Harley-Davidson num programa finésimo
da coisa, botaram cinquenta e poucas Harley lá da, da cidade do cara lá,
cinquenta e poucas Harleys e botaram uma, uma venda no olho dele, fecharam
o olho do bicho lá e só deixaram o ouvido de coisa e tal, e o cara, e, jogaram as
motos lá, separaram tudo né, ele ia do lado, o, repórter, ia do lado duma moto, e,
dizia, vou ligar a moto, eu acho que era quinze segundos, quinze segundos
359
ligavam, batia a moto e dizia essa é uma modelo tal, ano tal, bababa baba, e não
errou uma, esse aí eu nunca vi, cinquenta, cinquenta Harley, esse programa
deve passar de novo aí né, nunca vi disso, um programa na Italiana, o cara é
Italiano, não errou uma, uma, dava o ano, motor e tudo, tipo da moto, então aí, a
pergunta que tu fez eu acho que respondi certo, a única que o resto eu não li a...
P: Benetton, uma frase pra fechar a nossa entrevista, que deixe aí o recado
pras futuras gerações, inclusive pra Harley-Davidson, que deve entender o
seu consumidor pra que continue dando tanto prazer pra todos nós.
Benetton Eu vou usar uma frase, que eu uso no meu grupo de motociclistas, entendeu, é,
eu digo que pra ser um Legends, não basta apenas ter uma motocicleta, é
preciso fazer história.
360
APÊNDICE 6 – Roteiro Focus Group HOG
Pergunta para descontrair. Para onde você iria em suas férias, sem grana, com sua HD? 1 Contextualização:
1.1 O que é a HD para você?
1.1.1 O que vocês fariam se não tivessem esse hobby?
1.1.2 O que te vem à cabeça quando o tema é a Harley Davidson?
2 Engajamento (Atributos)
2.1 Ao tirarmos a marca Harley Davidson da moto, roupas e acessórios, o que
resta pra vocês?
2.1.1 Quais características você percebe no produto sem a marca?
2.1.2 Vocês usam produtos HD falsos?
2.2 Se colocarmos novamente a marca HD em sua motocicleta, o que mudaria
na sua percepção?
2.2.1 Quais valores a marca HD agrega a seus produtos?
2.3 O que vocês esperavam da marca HD antes da compra da primeira motocicleta?
(ESPECTATIVA)
2.3.1 Quais fatores te motivaram a adquirir uma HD?
2.3.2 Quais eram suas expectativas em relação à aquisição desta marca?
2.3.3 Qual foi seu sentimento no dia da compra?
2.3.4 Quais foram as barreiras que você encontrou para entrar na cultura HD?
2.4 Como você percebe hoje a marca HD?
2.4.1 E agora que vocês já são proprietários de uma HD, o que mudou em suas
expectativas com a compra de um novo produto HD?
2.5 Descreva os sentimentos que você tem quando esta com sua HD.
(LIBERDADE)
2.5.1 O que você sente quando pega a estrada com sua HD? Sem destino!!!
2.6 Por que é comum observar vários HOGs desfilando em um comboio de
motocicletas.
2.6.1 Quais são os prós e contras desta prática?
361
2.6.2 O que você sente ao pilotar com vários integrantes do HOG?
2.6.3 Como os integrantes do HOG se comportam entre si, quando reunidos?
2.6.3 E os passeios como são?
2.6.4 Como você acredita que as pessoas percebem o passeio dos HOGs?
2.6.5 Como você se sente sob os olhares dos espectadores deste passeio.
2.6.6 E os passeios promovidos por outras marcas de motocicleta, como são?
2.7 Filmes como “Wild Hogs” Motoqueiros selvagens, um clássico do cinema, que
relata a aventura de quatro motociclistas norte-americanos, cansados de sua rotina.
Como você se sente, enquanto integrante HOG. em comparação aos motoqueiros
do filme? REBELDIA
2.7.1 Porque vocês acham que os motoqueiros do filme usam roupas pretas e
quentes?
2.7.2 Assim como no filme, porque muitos membros do HOG alteram o
escapamento da motocicleta?
2.7.4 Comente sobre o uso de lenços, correntes, tatuagens, assim como nos
filmes norte-americanos.
2.7.4.1 Quem usava antes de ter uma HD?
2.7.4.2 Quem usa atualmente?
2.8 Muitos HOGs costumam andar acompanhados com uma pessoa em sua garupa!
Qual é o papel da garupa nesta cultura HD?
2.8.1 Quem decide sobre as compras de produtos HD?
O garupa opina na decisão de compra?
2.8.2 Qual é a vestimenta da garupa membro do HOG?
2.8.3 Comente sobre a participação de membros de sua família, não membros
do HOG, em eventos do HOG?
2.9 Quais características definem um legítimo HOG?
2.9.1 Qual a vestimenta de um HOG?
2.9.2 Por que vocês se vestem assim?
2.9.3 Como é o comportamento de um legítimo membro do HOG?
2.9.4 Quais são as regras que um membro deve cumprir?
2.9.5 Como acontece o preconceito e a discriminação, em relação a um novo
integrante do HOG?
362
2.10 A Harley Davidson disponibiliza uma série de acessórios e peças para a customização de sua motocicleta. Como você customiza a sua HD?
2.10.1 Por que as pessoas alteram sua motocicleta HD?
2.10.2 Como você vê o uso de peças não originais na customização de uma
HD?
2.10.3 Quais são as principais customizações praticadas pelos membros do
HOG. da Floripa Harley-Davidson?
3. Pergunta de saída
3.1 O lendário som produzido pelo motor de uma motocicleta Harley-Davidson
promove dupla interpretação na percepção dos consumidores e expectadores das
motocicletas. Existe alguma coisa que você gostaria de dizer em relação ao tema?
363
APÊNDICE 7 – Roteiro para Entrevista em Profundidade
1. Quando se fala em Harley-Davidson, o que lhe vem à mente?
1.1 Comente o que você sente quando sai de casa para um passeio com
sua Harley-Davidson.
2. Por que você optou por andar de moto?
2.1 Qual foi sua primeira Motocicleta?
2.2 Como surgiu a vontade de ter uma Harley-Davidson?
3. Qual era sua percepção sobre a Harley-Davidson antes da compra da
primeira motocicleta?
3.1 O que você que esperava da marca?
3.2 Comente sobre suas emoções, no dia da compra.
4. E agora, qual é sua percepção?
4.1 Quais são as principais mudanças entre a sua percepção de antes da
compra da primeira HD com a de hoje, em relação à marca Harley-Davidson?
5. Como se deu sua imersão no mundo Harley-Davidson?
5.1 E seu visual?
5.2 E suas tatuagens?
5.3 Comente sobre a inserção da marca em seu carro e na sua casa.
6. Como você acredita que as pessoas te percebem quando você passa em sua
Harley-Davidson?
6.1 Como você pensa que elas percebem um comboio de Harley-
Davidson?
6.2 Como você se sente sob os olhares dos espectadores, em seu
passeio?
7. Você se inspirou em alguém ou algum personagem com comportamento
similar ao seu, na construção de sua identidade HD? Como?
7.1 Qual é a influência do cinema nessa construção?
8. Comente sobre os motivos que o fizeram participar do HOG.
364
8.1 Você participa de outros grupos de motociclismo?
9. Fale sobre os eventos internacionais da Harley-Davidson.
9.1 Quais são as principais diferenças que você percebe entre estes
eventos e os eventos realizados no Brasil?
10. Com relação aos acessórios, como você iniciou o processo de aquisição e
customização de sua motocicleta?
10.1 Como você customiza sua motocicleta?
10.2 Quais são as principais customizações em uma HD?
10.3 Só utiliza peças originais Harley-Davidson? Comente.
11. Quais são as características de uma motocicleta Harley-Davidson, que você
mais admira e gosta? Comente!