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A DIMENSÃO BRUTALISTA DE RAIMUNDO DIAS. (1975 a 1983)
RODRIGUES, ISIS (1); PRASERES, ROSYANNE (2)
1. UFPI. Programa de Pós Graduação em Praticas projetuais de arquitetura e engenharias
Av. Petrônio Portela, s/n Planalto Ininga, Teresina, Piauí. [email protected]
2. PMT.
Rua Desembargador Adalberto Correia Lima, 3125 apto 302 B Planalto Ininga, Teresina, Piauí. E-mail: [email protected]
RESUMO
O objeto de estudo é a obra brutalista do arquiteto Raimundo Dias nos Governos de Dirceu Arcoverde e Lucídio Portella na cidade de Teresina, capital do Piauí, nos anos de 1975 a 1983, período correspondente ao surgimento das primeiras obras arquitetônicas com estilo brutalista na cidade de Teresina. As obras investigadas serão: o Centro Administrativo (1976) e o Terminal Rodoviário Governador Lucídio Portella (1983), ambos exemplos pertinentes da arquitetura moderna de Teresina. O estudo se encaixa no eixo temático 02 que trata sobre arquitetura e documentação. O objetivo deste trabalho é documentar a dimensão brutalista presente nas obras de Raimundo Dias, assim como discutir a situação dessas edificações em relevância na historia e cultura dentro da evolução urbana da cidade. Busca também fornecer o diagnóstico do estado atual das obras estudadas quanto à conservação e proteção do patrimônio. A presente abordagem justifica-se pelo reduzido enfoque dado ao tema nas investigações locais, além da necessidade de promover a documentação da arquitetura brutalista piauiense elaborada por Dias. As fontes utilizadas serão do tipo primário e secundário. As fontes primárias são compostas dos próprios objetos arquitetônicos, tratados como documentos pertinentes para a elaboração da pesquisa, e as secundárias que são publicações a respeito do tema. A metodologia adotada fundamenta a análise de componentes arquitetônicos e urbanos em sistemas e processos para a compreensão da produção moderna na área estudada, relacionando as variantes da pesquisa: arquitetura brutalista, arquitetura piauiense e o arquiteto Raimundo Dias.
Palavras-chave: Arquitetura Brutalista; Arquitetura Piauiense; Raimundo Dias.
4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro
INTRODUÇÃO:
O presente artigo tem como tema a arquitetura brutalista elaborada pelo o arquiteto
Raimundo Dias na cidade de Teresina, capital piauiense. O recorte cronológico abordado
será do período de 1975 a 1983 momentos que compreende aos governos de Dirceu
Arcoverde e Lucídio Portella respectivamente.
As obras estudadas serão o Centro Administrativo, realizado em 1976 e o Terminal
Rodoviário Governador Lucídio Portella, de 1983, exemplos pertinentes do patrimônio
moderno na cidade. A presente abordagem justifica-se pelo reduzido enfoque dado nas
investigações locais aos objetos levantados, além da necessidade de se fomentar
discussões a cerca da arquitetura brutalista piauiense.
O estudo se encaixa no eixo temático 02 que trata sobre arquitetura e documentação. O
objetivo deste estudo é contribuir para a documentação destas obras desenvolvendo uma
análise geral sobre a arquitetura brutalista, com foco na arquitetura elaborada por Raimundo
Dias. A relevância do trabalho encontra-se na importância de se promover uma investigação
aprofundada a respeito desta arquitetura para a cidade.
A metodologia adotada será a utilizada por Serra (2006) em seu livro “ Pesquisa em
Arquitetura e Urbanismo/ Guia prático para o trabalho de pesquisadores em pós-graduação”
que fundamenta a análise de componentes arquitetônicos e urbanos em sistemas e
processos. Considera, portanto, diversas variantes para a analise de um objeto que são
determinados através de estudos. Com isso se pretende identificar a formação e a
consequente evolução dos objetos selecionados seguindo os critérios dos métodos
qualitativos apresentados na publicação supracitada.
As fontes a serem utilizadas serão de dois tipos: primária e secundária. A fonte primária a
ser utilizada serão os próprios objetos arquitetônicos através das plantas baixas, cortes e
fachadas do projeto original. Dessa forma, se pretende identificar os critérios de
modernidade nas obras. As fontes secundárias serão livros, revistas e artigos elencados nos
referenciais bibliográficas para o embasamento do referencial teórico.
O artigo se dividirá em três partes distintas. A primeira fará um embasamento histórico sobre
o cenário político e social da época abordando o período abrangente do governo de Dirceu
Arcoverde e Governo de Lucídio Portella. Na segunda se abordará sobre o Brutalismo e por
último se abordará a produção arquitetônica de Raimundo Dias.
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CENÁRIO POLÍTICO E SOCIAL
O Estado do Piauí fica localizado na região nordeste do país, limita-se com cinco estados:
Ceará e Pernambuco a leste, Bahia a sul e sudeste, Tocantins a sudoeste e Maranhão a
oeste. Teve como primeira capital a cidade de Oeiras, até o ano de 1852 quando a sede do
estado foi transferida para Teresina, cidade que foi estrategicamente projetada para abrigar
a capital piauiense por causa de proximidade com os rios Parnaíba e Poty, o que
possibilitava boas condições de navegabilidade na época e por estar perto da cidade de
Caxias no estado do Maranhão, cidade importante no desenvolvimento econômico do
período. (FAÇANHA, 1998).
A cidade de Teresina está localizada na mesorregião Centro-Norte Piauiense e está
conurbada com o município maranhense de Timon. A cidade possui clima tropical semi-
úmido com estação de verão e inverno bastante marcantes pelo tempo quente e chuvoso,
respectivamente. E tem como base de economia a indústria têxtil, os serviços e a
construção civil. (IBGE, 2015).
O recorte cronológico abordado no artigo é a década de 1970 mais precisamente entre os
governos de Dirceu Arcoverde e Lucídio Portella corresponde aos anos de 1975 a 1983.
Época marcada na história brasileira pela ditadura militar. Apesar da repressão política
vivida pelo o país, principalmente depois da adoção dos atos institucionais que tolhiam os
direitos dos cidadãos brasileiros, o inicio da década de 70 é marcado pelo um crescimento
conhecido como “milagre econômico”.
De acordo com Reis (2013), o PIB brasileiro crescia a uma taxa de quase 12% ao ano,
enquanto a inflação beirava os 18%. Com investimentos internos e empréstimo do exterior,
o país avançou e estruturou uma base de infra-estrutura. Como conseqüência direta houve
a geração de milhões de empregos pelo o país. Foi à época da construção de obras
consideradas faraônicas como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio – Niterói. No
entanto, todo o crescimento teve um custo altíssimo e a conta deveria ser paga no futuro.
Os empréstimos estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os padrões
econômicos do Brasil.
No inicio da década de 70, o engenheiro Alberto Silva assume o governo do Piauí por meio
de eleições indiretas. Esse primeiro mandado é marcado por grandes obras como a reforma
do Hospital Getúlio Vargas, construção de estradas e da primeira etapa do estádio Albertão.
No entanto, apesar da gestão modernizadora de Silva, impulsionado pela a época do
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milagre econômico brasileiro, a pobreza e a concentração de renda continuavam a aumentar
na capital piauiense. (REIS, 2013).
O governo de Dirceu Arcoverde seguiu o mesmo modelo de gestão de Alberto Silva que
aliava a construção de grandes obras que marcaram o governo somado a um bom plano de
marketing e publicidade. Eleito pela a Assembléia Legislativa pelo sistema de votação
indireta, o mandato de Dirceu Arcoverde teve inicio no dia 15 de março de 1975 com
duração de quatro anos. No entanto, Arcoverde renunciou em 14 de agosto de 1977 para se
candidatar ao senado. Na ocasião foi substituído pelo o vice-governador, Djalma Martins
Veloso, que se manteve no cargo até 15 de março de 1979. (NETO, 2004).
Apesar do processo de urbanização e modernização do município de Teresina através de
uma melhor estruturação da cidade, o governo de Dirceu Arcoverde foi responsável pela a
remoção das famílias mais carentes para as áreas periféricas que ainda não contavam com
um infra-estrutura urbana satisfatória.
Entre as realizações feitas pelo o Governo Dirceu Arcoverde se pode destacar a reforma
administrativa, construção da primeira etapa do Centro Administrativo, construiu os
conjuntos habitacionais Itararé, Bela Vista, São Pedro, União e Saci; ampliou o sistema de
energia elétrica da capital; construção do Centro de Convenções de Teresina; construção do
Ginásio de Esporte o Verdão; criação da Fundação Cepro; construção da Colônia de Férias
do Iapep, em Luís Correia; construção da penitenciaria Major César; construção do Parque
de exposição Agropecuária; pavimentação de estradas; construção do quartel do Corpo de
Bombeiros e do Comando Geral da Polícia Militar. (NETO, 2004).
O sucessor no governo piauiense foi Lucídio Portella. Assumiu seu mandato em 15 de
março de 1979 permanecendo no governo até o dia 15 de março de 1983. Nascido no ano
em 08 de abril de 1922 e médico de formação, o governo de Lucídio Portella foi o último
eleito pelo o voto indireto.
O governo de Lucídio Portella foi rotulado pela a oposição como o Governo da Chibata por
promoveu a demissão de 40 mil servidores públicos. No entanto, seu governo também se
destacou por uma política habitacional, totalmente voltada para a população de baixa-renda,
que foi a grande beneficiada com a construção de 25 mil casas populares e 996
apartamentos, nos conjuntos habitacionais Mocambinho, Promorar, Itaperu, Dirceu
Arcoverde II, João Emílio Falcão e União II. Além disso, construiu o Terminal Rodoviário de
Teresina; a ponte do Jandira, sobre o Parnaíba; e foi responsável pela a implantação dos
distritos industriais de Parnaíba, Picos e Floriano além de construir criação do Parque
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Nacional da Serra da Capivara. No seu governo houve também a continuação da obra do
Estádio “ Albertão”.(NETO, 2004).
O BRUTALISMO
De acordo com Afonso (2014), o conceito de brutalismo é definido em dois momentos
distintos na história da arquitetura. O primeiro brutalismo ou o brutalismo de Le Corbusier se
originou da expressão bétonbrut, concreto aparente, empregada pelo o arquiteto Le
Corbusier no projeto de construção da Unidade de Habitação de Marselha em 1947, no pós
II guerra mundial prologando-se até 1965; cujas possibilidades plásticas foram
potencializadas por meio de um conjunto característicos de pequenos e macro detalhes.
(AFONSO, 2014).
O segundo momento é conhecido como brutalismo inglês, representados pelo os arquitetos
Alisson e Peter Smith. Movimento ocorrido no pós segundo guerra mundial, o termo
brutalismo não avalizava um debate estilístico, mas servia de vaga bandeira à insatisfação
geracional, militantemente contrária à “acomodação” do movimento moderno em detrimento
das propostas e ilusões das vanguardas, e cujo âmago inovador se buscava reavivar. (ZEIN,
2007).
O brutalismo brasileiro foi amplamente influenciado por Le Corbusier e inicia-se em meados
da década de 50 concomitantes com o concurso para a construção de Brasília embora
tenha maior destaque na década de 60 com a repercussão deste modelo para o resto da
nação brasileira. Por ser o centro financeiro e industrial do país, São Paulo foi o percursor
no desenvolvimento desta tendência no Brasil.
BRUTALISMO NO PIAUÍ
No Piauí, as obras públicas de caráter moderno só aconteceram na década de 50 e 60 na
cidade de Teresina com produções edificadas ao longo da Avenida Frei Serafim, na época
Avenida Getúlio Vargas com exemplares de arquitetura moderna. Anteriormente a esse
período a cidade era provinciana e com poucas obras públicas dominado
predominantemente pela a arquitetura eclética.
Conforme Afonso (2013), os primeiros projetos modernos foram elaborados no Rio de
Janeiro como os projetos do DER e Teatro de Arena seguindo, portanto, a escola carioca,
fundamentada na teoria de Lúcio Costa, que se buscavam soluções climáticas para a
utilização da arquitetura moderna.
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No final dos anos 60 é que chegaram à cidade arquitetos diplomados como Antonio Luiz
Dutra de Araujo, Miguel Dib Caddah e Raimundo Dias. Antonio Luiz destacou-se com a
elaboração de diversos exemplares modernistas como o Ministério da Fazenda, na Praça da
Bandeira; o edifício Palácio do Comércio, na rua Senador Teodoro Pacheco; a matriz do
Banco do Estado do Piauí; a sede municipal da Caixa Econômica Federal, na Rua Areolino
de Abreu; e a sede da CEPISA, na Avenida Maranhão esta ultima com caráter brutalista.
Além de várias residências e outros edifícios em Teresina, Parnaíba e cidades no
Maranhão. O arquiteto Miguel Caddah sobressaiu-se na produção da arquitetura
educacional já que na ocasião trabalhava na Secretaria Estadual de Educação. Entre suas
obras estão também a Igreja da Santíssima Trindade localizada no Bairro Primavera (SILVA,
2006).
Na capital piauiense, as obras modernas brutalistas se destacam a partir da década de 70,
com o governo de Alberto Silva. Nesta época, Teresina se rendia ao desenvolvimento e
começava o processo de instalação e organização da infra-estrutura administrativa dos
governos locais. Entre os exemplos relevantes das obras brutalistas em Teresina pode se
citar: o Tribunal Judiciário e a Assembléia Legislativa projetadas por Acácio Gil Borsoi na
década de 70 e 80 respectivamente; o Albertão e a CEPISA inaugurados em 1973, o Centro
Administrativo e o Terminal Rodoviário, de elaboração do arquiteto Raimundo Dias de 1976
e 1983 respectivamente. (SILVA, 2006).
RAIMUNDO DIAS
Filho de Manuel Dias e Ester Castro, Raimundo Dias ( Imagem 01) nasceu em 17 de
outubro de 1943 na cidade de São Raimundo Nonato, região sudoeste do Estado do Piauí.
Graduou-se em arquitetura na UNB, entre o período de 1964 e 1969. Época da ditadura
militar, estes anos foram bastante conturbados para o estudante de arquitetura Raimundo
Dias que participou ativamente do movimento estudantil na ocasião.
Com influencia marcante do arquiteto Oscar Niemeyer, Raimundo Dias apresenta em suas
obras a presença constante do concreto armado. Outros profissionais foram importantes
para a sua carreira como o “Edgar Alburqueque Graeff, importante teórico brasileiro, o qual
Dias conseguiu a oportunidade de estagiar no seu escritório; como também o artista plástico
Athos Bulcão, o qual foi seu professor de Oficina plástica e Pedro Paulo Saraiva, orientador
de Trabalho Final de Graduação. (AFONSO; NEGREIROS, 2010).
Após a formatura, em junho de 1969, voltou ao Piauí. Por recomendações do vice-reitor da
Universidade de Brasília José Carlos de Azevedo, o arquiteto inicia seus trabalhos na
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Prefeitura de Teresina como diretor técnico da Coordenação de Planejamento da cidade
colaborando com o Plano de Desenvolvimento Local e Integrado, na gestão municipal de
Jofre do Rego Castelo Branco. (DIAS, 2015).
Após onze meses no serviço publico. O arquiteto passa a trabalhar na Construtora Penta
onde ficou durante cinco anos. Posteriormente, Raimundo Dias foi convidado a integrar a
construtora Etapa como sócio. Época que elaborou as principais obras brutalistas de sua
carreira. (DIAS, 2015).
Seu primeiro trabalho em Teresina foi o Centro de Convenções em 1975, único projeto que
não foi feito pela a construtora etapa, edificado no Governo Dirceu Mendes Arcoverde. Este
projeto foi elaborado com um programa de necessidades bem mais complexo do que o que
foi executado. Dentro deste programa havia um centro cultural, uma biblioteca infantil que
não foram executados. Atualmente a obra encontra-se totalmente abandonada e destruída.
(AFONSO, 2013).
Além disso, Raimundo Dias projetou marcantes edifícios na paisagem de Teresina como o
Centro Administrativo, o Terminal Rodoviário que serão estudadas neste artigo. Outros
exemplos arquitetônicos relevantes elaborados pelo o arquiteto é o Quartel da Policia Militar,
a sede da Jockey Clube, o edifício da Agespisa, o edifício Cruzeiro do Sul, o prédio da
CISTEL, o prédio da Federação das indústrias e o Hotel Cívico em Parnaíba além do Centro
de Convenções em Natal.
Imagem 01: Arquiteto Raimundo Dias
Fonte: Arquivo das autoras, 2015.
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Em aproximadamente 45 anos de experiência, o arquiteto Raimundo Dias projetou também
em torno de 40 igrejas. Depois de cinco anos de serviços com a construtora Etapa fundou a
RR Construções, onde o arquiteto é empreendedor e o qual dirige ao lado dos filhos, sendo
responsável por inúmeros empreendimentos tanto no Piauí como em outros estados da
região nordeste. (DIAS, 2015).
CENTRO ADMINISTRATIVO
O Centro Administrativo (imagem 02) se localiza na Avenida Pedro Freitas Bairro Vermelha
na zona sul da cidade de Teresina. Na época da implantação, a cidade possuía muitos
vazios urbanos nesta região proporcionados pela a expansão urbana no sentido sul
incentivado pelos os conjuntos habitacionais criados pela então extinta Companhia de
Habitação – COHAB – PI. (SILVA ; MACHADO, 2010).
Antes da construção dos centros administrativo, os órgãos estaduais eram espalhados em
edificações, muitas vezes, inadequadas para o uso. Além disso, os gastos elevados com
alugueis desses prédios, as manutenções dessas edificações como também a
desarticulação entre os setores de um mesmo órgão e dos órgãos entre si contribuíram para
que o estado planejasse a instalação de um centro administrativo.
O projeto do Centro Administrativo do Piauí foi elaborado por uma equipe de arquitetos
coordenados por Raimundo Dias responsável por assinar a ART. Além dele, a equipe do
projeto era composta por Marcus Vinícius Rios Meyer, Márcio Pintos de Barros e Raul de
Imagem 02: Centro Administrativo
Fonte: Arquivo das autoras, 2015.
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Largo Cirne. Foi constituído um consórcio entre duas empresas de engenharia, a ETAPA,
empresa piauiense, e a SEEBLA, empresa mineira responsável pela a estrutura e
instalações, devido ao exíguo prazo para a elaboração do projeto imposta pelo o governo.
DIAS, 2015 (AFONSO ; NEGREIROS, 2010).
O projeto arquitetônico original (imagem 03) era bastante arrojado sendo composto de seis
blocos em forma de H dispostos no sentido leste – oeste. Entre estes blocos localizava-se o
palácio do despacho com um lago artificial. Na concepção original havia a previsão de uma
ilha fluvial em que estaria implantada a residência do governador, que proporcionaria
proximidade e facilitaria o seu acesso ao Centro Administrativo Estadual. (SILVA;
MACHADO, 2010).
A implantação dos blocos foi pensada para ser respeitado um distanciamento entre estes
que permitiria boas condições de ventilação e iluminação além de permeabilidade espacial.
Na volumetria do projeto destaca-se também a horizontalidade definida por quatro níveis e a
escala humana. De acordo com Silva; Machado (2010), a intenção do arquiteto seria
também eliminar o uso do elevador, garantindo integração com a paisagem natural e escala
humana.
O projeto urbanístico do Centro Administrativo levou em consideração as condições
topográficas e paisagísticas do local. A criação de uma via dupla periférica que se integrou
com o sistema viário existente servia para delimitar o espaço do centro administrativo além
de funcionar como um dique. Os estacionamentos foram dispostos em forma de bolsões, ao
Imagem 03: Volumetria e implantação do projeto original.
Fonte: Construtora Etapa, 1976.
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longo da via periférica, próxima aos blocos. A circulação de pedestre foi implantada no
sentido longitudinal, conectada aos diversos blocos sendo que a circulação entre blocos
acontece por meio de uma passarela. (SILVA ; MACHADO, 2010).
No entanto, a grandeza desses empreendimentos inviabilizou a sua conclusão, esgotada a
gastança do “milagre econômico”. Dos seis blocos constantes no projeto original apenas três
foram feitos. Ou seja, menos da metade do projeto original foi construído.
Cada bloco do conjunto construído apresenta planta livre o que permite as modificações
internas trazendo, dessa forma, maior vida útil com sustentação por pilares centrais.
Internamente, os blocos eram compostos por forro pacote e divisórias flexíveis contribuindo
para a adaptação dos layouts. Cada secretária, independente do tamanho, possuía o
mesmo programa: sala de reunião, sala da secretaria, o gabinete do secretario com
banheiro e um pequeno auditório.
Estruturalmente, a edificação tem forma monolítica apresentando clara influencia do Museu
de Arte Moderna (1953) de Afonso Reidy. Outra semelhança que o Centro Administrativo
com o Museu de arte moderna (MAM) é a forma dos pilares em V em concreto aparente que
sustentam o primeiro pavimento e a solução dada à cobertura, separada do volume interno.
As fachadas de maior extensão, ou seja, as fachadas norte e sul, são compostas por longas
esquadrias de vidro e alumínio enquanto que as fachadas leste e oeste possuem paredes
de fechamento em tijolo aparente.
A pureza da forma, a presença dos materiais em estado bruto e a estrutrura marcada
própria do brutalismo são características presentes nesta obra. Outro ponto relevante é a
monumentalidade que a obra possui na malha urbana proporcionando um exemplo
arquitetônico moderna de qualidade.
A construção dos blocos foi dividida em quatro etapas. A primeira etapa aconteceu entre
junho de 1977 a julho de 1978, em que era prevista a desapropriação de toda a área, os
projetos executivos correspondentes, a execução de 60% da infra-estrutura e a construção
das Secretarias de Educação, Fazenda e Planejamento. Na segunda etapa, concluída em
março de 1983, realizou-se os projetos executivos correspondentes e a construção das
Secretarias de Saúde e Segurança do Trabalho. A terceira e a quarta etapa que incluía as
secretarias de Administração, Cultura e Obras, Secretarias da Agricultura, Indústria e
Comércio; fechando o conjunto um Centro de Informática, um Auditório, o palácio dos
despachos e um parque ilha no Rio Parnaíba não chegaram a ser construídos. (SILVA;
MACHADO, 2010).
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No decorrer do tempo algumas modificações foram surgindo no entorno que não estavam
previstas no projeto original. Devido às ondulações e depressões artificiais executadas na
terraplanagem além das condições de solo existente formava-se no local um lago sazonal
que apesar de não constar no projeto original foi recuperado em virtude do acumulo de lixo
que ficava no local. Foi feita a ambientação do espaço publico e a recuperação do lago com
a criação de peixes e aves feitas pela Secretaria de Administração. (SILVA; MACHADO,
2010).
Outra mudança no projeto original ocorreu devido às ocupações ocorridas no terreno por
edificações que não seguia ao projeto elaborado. Como já dito anteriormente, no projeto foi
criada uma via perimetral que se integra com o sistema viário existente. Esta via limitou a
implantação da primeira e a segunda etapa do empreendimento. Por conta disso, a porção
desprotegida do terreno original do Centro Administrativo foi invadida por residências.
Nas outras porções de terreno foram edificadas construções que não constavam no projeto
original como a Creche Risoleta Neves em 1985, o Tribunal de Contas da União – TCU e o
Tribunal de Contas do Estado, ambas em 1998 e a Escola Fazendária em 2002. Essas
edificações não levaram em conta o seu entorno não tendo nenhum tipo de relacionamento
com a plástica e a tectônica apresentada no Centro Administrativo.
Em outubro de 2011 ocorreu um incêndio no prédio da Controladoria Geral do Estado do
Piauí, Secretaria Estadual de Saúde do Piauí e Secretaria de Desenvovilmento Econômico e
Tecnológico que fazem parte do conjunto do Centro Administrativo. Foi considerado o maior
incêndio dos últimos tempos até a data e comprometeu toda a estrutura interna. De acordo
com o coordenador de Comunicação Social do Governo do Estado na época, Fenelon
Rocha, o fogo começou no setor de tecnologia da Secretaria de Saúde. (LIMA, 2011).
Além disso, as adequações das edificações a acessibilidade exigidas por legislação federal
serviram também de alteração ao projeto original. Também, foram feitas as substituições
dos pisos originais que eram de ardósia e paviflex por granilite em algumas secretarias no
pavimento tipo, já que as primeiras estavam desgastadas e se soltando. Os aparelhos de ar
condicionado também trouxeram interferências significativas na fachada tanto os tipo split
como tipo janela.
Em 2014 foram realizadas novas intervenções que consistiram na instalação do sistema de
combate a incêndio por splinkers, além de extintores e hidrantes externos. Passou por um
processo chamado retrofit, que significa modernização de algum equipamento ou sistema já
considerado ultrapassado. (MORAES, 2014).
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Atualmente o Centro Administrativo abriga 12 dos 59 órgãos de administração estadual. São
8.938 servidores aproximadamente que trabalham no Centro. O estacionamento é
insuficiente e estrutura física está deteriorada pelo o tempo. A necessidade de manutenções
e reparos desta construção é constante.
Todavia, de acordo com Bezerra (2015) o governo atual visa à elaboração e execução de
um novo Centro Administrativo através de PPP (Parceria Público Privado). O novo Centro
Administrativo será concebido buscando soluções eficientes e modernas para a sua
construção, operação e manutenção. Será um espaço destinado para abrigar mais de 30
órgãos centrais do poder executivo e com capacidade para 10 mil servidores estaduais.
Conforme o que foi dito conclui-se que a obra, apesar de não ter sido integralmente
construída possui valor arquitetônico relevante sendo um exemplar genuíno da arquitetura
moderna brutalista. O seu estado de conservação ainda está satisfatório, mas as
intervenções contínuas e sem critérios que o conjunto sofre contribui para uma
descaracterização eminente. Com a notícia da construção de um novo Centro Administrativo
o temor pela a negligência do atual Centro Administrativo é maior.
TERMINAL RODOVIÁRIO
O Terminal Rodoviário Governador Lucídio Portela (imagem 04) é considerado um marco de
uma década repleta de grandes investimentos em obras públicas. Foi inaugurado em 14 de
Março de 1983 no penúltimo dia da gestão do então Governador que possuía o mesmo
nome do referido objeto. O então Governador foi sucedido pelo Governador Hugo Napoleão
em 15 de março de 1983.
Projetado pelo arquiteto Raimundo Dias, a obra segue o Manual de Implantação dos
Terminais Rodoviários do DNIT e atende as necessidades do transporte intermunicipal na
capital do Piauí. O projeto teve influencia da arquitetura moderna utilizada nas obras
públicas em Brasília, concebidas por Niemeyer, com o uso do concreto aparente,
instalações aparentes e planta livre.
A rodoviária está localizada na Avenida Presidente Getúlio Vargas, extensão da BR-343, no
Bairro Catarina, zona sul da capital piauiense. A denominação do bairro surgiu por causa de
uma gleba de terra que ali existia e denominava-se Catarina. Os bairros que o circundam
são o Três Andares, Redenção, Morada Nova, Lourival Parente, Bela Vista e o Rio Poty.
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Sua localização foi estrategicamente escolhida para não interferir de maneira direta no
tráfego de ônibus intermunicipais dentro da cidade. O terreno selecionado localiza-se as
margens da BR-343, constituindo passagem para todos os municípios de estados vizinhos,
sem necessariamente adentrar ao centro da cidade.
O terreno possuía um aclive acentuado. Para o aproveitamento desse desnível, a parte de
estacionamento ficou com uma inclinação de com 3,5%. O desnível do terreno foi utilizado
também para a acomodação das rampas na área de desembarque.
A implantação da edificação segue sentido leste oeste sendo que suas maiores fachadas
estão localizadas no sentido norte e sul. Na fachada leste e oeste, o fechamento é feito por
parede em concreto e pequenas esquadrias em vidro alumínio com venezianas na parte
superior. A fachada norte é composta do mesmo material sendo que as esquadrias
possuem dimensões mais generosas. A fachada sul é aberta sendo o local onde estão as
plataformas de embarque e desembarque.
Seguindo as características da arquitetura brutalista, Raimundo Dias adotou em seu projeto
o uso de linhas retas; o material utilizado no seu modo bruto, sem tratamento algum; as
instalações elétricas e hidráulicas executadas de modo aparente; o traçado das esquadrias
de forma sistemática; pé-direito duplo e uso dos pilotis e modulação, o que proporciona uma
planta livre de obstáculos. Além da volumetria que se destaca pela escultórico e plástico. O
piso é de alta resistência tipo granilite, o que proporciona redução da manutenção.
Imagem 04: Terminal Rodoviário Governador Lucidio Portella.
Fonte: Arquivo das Autoras, 2015.
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De acordo com Vieira (2010), o Terminal rodoviário tem seu programa de necessidades
distribuído em cinco níveis. Essa estratégia tinha o objetivo de fazer os fluxos de
passageiros não se cruzassem. No primeiro nível se localiza as plataformas de
desembarque e um grande saguão de espera, este se interliga com o nível acima através de
duas rampas.
No nível acima é onde está localizada a entrada dos passageiros, os boxes de venda de
passagens, balcão para informação, as salas administrativas do terminal, banheiros, além
de bancas de revistas. A ligação com o terceiro nível inicialmente era feita por duas escadas
rolantes dispostas nas laterais de uma grande escada convencional de concreto que liga ao
terceiro nível. Devido às exigências feitas pelo o Ministério Público quanto à acessibilidade
foram instalados também uma rampa e uma plataforma elevatória que ligam esses níveis.
Neste terceiro nível se encontram locais para a espera de passageiro que dar acesso tanto
as plataformas de embarque no sentido sul quando a áreas de lanchonetes no sentido norte.
As plataformas de embarque são ligadas através de passarelas (imagem 06) , cobertas por
lajes planas, pelo o local de esfera. E estas são ligadas ao espaço de lanchonetes através
de rampas.
A estrutura do prédio é modulada em concreto aparente. Os pilares têm base quadrada com
pequenos recortes na direção vertical sendo que na parte inferior do pilar essa subtração é
estreita quanto que na parte superior o recorte é mais largo. (VIEIRA, 2010).
A volumetria da edificação é composta por um prisma retangular em linhas retas e puras
sendo precedido por um pórtico com a mesma tipologia estrutural, porém em menor escala.
Todo o prédio é coberto com linhas do tipo cogumelo, elemento que dá todo um diferencial a
edificação.
Analisando a edificação, percebe-se que o arquiteto teve a preocupação com a economia de
uso da edificação, aproveitou-se da estrutura para poços de iluminação dentro do prédio, de
forma que houvesse economia de energia durante o dia. Além disso, a volumetria e a
disposição da edificação favorecem a entrada de luz e dos ventos, pois as lajes da cobertura
ficam em níveis diferentes (imagem 05) criando passagem de ar e dos raios solares
melhorando a sensação térmica pela circulação de ar. Essas medidas permitiam que a
edificação usufrua de iluminação e ventilação natural trazendo, dessa forma, economia com
a sua manutenção.
Através deste estudo constatou-se que a estrutura do projeto arquitetônico está bastante
conservada, e que a proposta inicial não foi descaracterizada de maneira brusca para as
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adaptações surgidas durante essas três décadas. O que se pôde perceber foi à falta de
manutenção em alguns setores como a cobertura, onde existem pontos que possui
infiltração devido a rupturas de manutenção da laje.
Além disso, a presença numerosa de vendedores ambulantes no terceiro nível como
também a descaracterização da edificação com o uso exacerbado da comunicação visual
termina por denegrir a arquitetura plasticamente limpa e pura do arquiteto Raimundo Dias.
Os letreiros e propagandas acabam se confundindo e se sobrepondo a arte local. Dessa
forma, acabam desqualificando a condição arquitetônica da edificação como obra pura.
Conforme o que foi exposto acima se pode perceber que a edificação continua em bom
estado geral, apenas algumas manutenções preventivas que por terem deixado de ser
vistoriadas, acabaram por prejudicar o uso da edificação. Como vazamentos por entre as
telhas transparentes e o funcionamento desordenado da escada rolante. Mas, no geral, a
edificação não se encontra totalmente descaracterizada da proposta inicial elaborada pelo
arquiteto. Sendo considerada uma autentica obra brutalista do movimento moderno
brasileiro, com todas as qualidades arquitetônicas da grandiosa obra que é considerada
para a população do estado do Piauí.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O brutalismo surgiu em meados da década de 50 como uma linguagem arquitetônica em
que a prática surgiu antes da teoria. No Piauí, o brutalismo chegou à década de 70 durante
o governo de Alberto Silva. Os objetos arquitetônicos estudadas representam alguns
exemplares de destaque da arquitetura brutalista no estado do Piauí.
Imagem 05: Detalhe dos desníveis da laje de cobertura.
Fonte: Arquivo das autoras, 2015.
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Entre as características brutalistas encontradas nas obras analisadas pode-se destacar a
planta livre, a verdade tectôncia dos materiais, a modulação, a plasticidade da volumentria
como também sua monumentalidade.
Para se entender a importância do estudo Almeida, (2013) afirma que o objeto arquitetônico
deve ser entendido como documento histórico, pois carrega consigo uma série de
informações da sua produção como conceitos da sociedade que a precedeu. Na arquitetura
moderna, o processo de reconhecimento como patrimônio cultural só ocorreu na ultima
década do século XX auxiliando para que a contribuição dessa arquitetura recente virasse
documento histórico.
Segundo Santos (2014), a dificuldade e a falta de critérios para a conservação e
principalmente para o restauro do concreto bruto aparente, levando em conta não só a sua
materialidade como também as posturas conceituais implicadas no projeto e nas técnicas
utilizadas na construção, ou a falsa ideia de que a arquitetura brutalista “não precisa de
conservação” veio comprometendo estruturas como também a integridade de muros,
paredes, e outros elementos construtivos às vezes já fragilizados pelo desgaste acentuado,
consequência da utilização de técnicas construtivas experimentais.
No Piauí, diversos exemplares de arquitetura moderna sofrem com a má conservação e
descaracterização da obra. As edificações com características brutalistas são as que mais
sofrem com essa falta de proteção, pois freqüentemente esse víeis da arquitetura é
“rejeitada” dentro do modernismo.
Para se conservar é necessário que a sociedade conheça e dessa forma crie um vinculo
com o objeto. Devido a crescente descarecterização que a arquitetura moderna piauiense
vem sofrendo nos últimos anos comprometendo a longevidade dessas construções e
portanto a memória da cidade houve a necessidade de elaboração de estudos que auxiliem
na identificação e posteriormente documentação dessas obras para a conservação da
memória urbana e também a promoção da preservação arquitetônica do objeto.
Também, vale ressaltar a importância do arquiteto Raimundo Dias para a arquitetura
piauiense. O arquiteto comprova, através dos objetos arquitetônicos analisados, a sua
capacidade em projetar algo grandioso e de imensa qualidade arquitetônica e plástica, sem
deixar a desejar a nenhum outro profissional da região ou de outras obras elaborada pelos
grandes arquitetos da escola de Recife, do Rio de Janeiro e São Paulo. Raimundo Dias
demonstrou aos cidadãos piauienses que é possível fazer projetos elaborados com uma
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plástica impecável e qualidade arquitetônica sem perder a condição de bom uso da
edificação.
Como exemplar arquitetônico tão importante para o cenário moderno piauiense, percebe-se
que as obras estudadas necessitam de algum instrumento legal de proteção de sua
arquitetura por se constituir um objeto importante para a memória da cidade de Teresina.
Nas analises realizadas, percebeu-se que os objetos não fazem parte de nenhum inventário
nem em esfera municipal, estadual ou federal. Além disso, entende-se que seria primordial a
criação de alguns critérios para as manutenções e reformas das obras para que essas
intervenções quando necessárias não às desvalorizem quanto à pureza brutalista possuem.
Assim, constata-se que em Teresina existem muitos exemplares de grandes obras
relevantes para a arquitetura piauiense ainda pouco estudadas e analisadas. É necessária a
criação de um acervo para a história da arquitetura do Piauí. Essas obras apresentam bons
exemplos de arquitetura genuinamente piauiense que merecem ser destrinchados para a
sua inteira compreensão. Atualmente, tanto o Centro Administrativo como o Terminal
Rodoviário Governador Lucídio Portella são marcos arquitetônico da arquitetura brutalista
piauiense que merecem e devem ser estudados, compreendidos e finalmente preservados
para a criação de uma memória e patrimônio moderno para a cidade.
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