A discplina do dia a dia

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A disciplina necessária do dia a dia Alfredo Meneghetti Neto Economista e Professor da PUCRS É bom prestar atenção nos últimos números da economia. De acordo com pesquisas já realizadas, é sabido que no Brasil, cerca de 80% da população não tem dinheiro guardado, quase 60% têm alguma espécie de dívida e de três aposentados dois estão de volta no mercado de trabalho, pois não se planejaram. Também o volume de crédito, que já passou dos 46% do PIB e chegará a 60% dentro em breve e deverá ainda despejar dinheiro muito caro na economia. Os números dos cartões de plástico (débito, crédito e cartões de rede de loja) são ainda mais gritantes. É possível estimar que rapidamente a barreira dos 700 milhões de cartões será ultrapassada, pois o ano de 2010 fechou com 628 milhões, o que significa três cartões de plástico para cada cidadão. Os números do mercado financeiro mundial ainda estarão fracos por um bom tempo, pois e xistem muitas dúvidas sobre a recuperação da economia. Além disso, existem evidências que os problemas do mundo árabe deverão permanecer por um bom tempo e ainda podem enfraquecer por algumas semanas os mercados financeiros. Não existem dúvidas que por um lado os países emergentes deverão receber impactos negativos, mas também poderão surgir boas oportunidades no que diz respeito à exportação de commodities agrícolas e minerais. Com todos esses números e notícias ruins divulgados na mídia o governo federal já tomou uma iniciativa importante no âmbito das finanças pessoais. Editou em dezembro de 2010 um decreto que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira. Trata-se de uma série de iniciativas pedagógicas voltadas às escolas e aos adultos com o objetivo de erradicar o analfabetismo financeiro no país. O conteúdo será distribuído em mais de 200 mil instituições

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Alfredo Meneghetti Neto Economista e Professor da PUCRS JC, 1.04.2011, p.32

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A disciplina necessária do dia a dia Alfredo Meneghetti Neto

Economista e Professor da PUCRS

É bom prestar atenção nos últimos números da economia. De acordo com pesquisas já realizadas, é sabido que no Brasil, cerca de 80% da população não tem dinheiro guardado, quase 60% têm alguma espécie de dívida e de três aposentados dois estão de volta no mercado de trabalho, pois não se planejaram. Também o volume de crédito, que já passou dos 46% do PIB e chegará a 60% dentro em breve e deverá ainda despejar dinheiro muito caro na economia. Os números dos cartões de plástico (débito, crédito e cartões de rede de loja) são ainda mais gritantes. É possível estimar que rapidamente a barreira dos 700 milhões de cartões será ultrapassada, pois o ano de 2010 fechou com 628 milhões, o que significa três cartões de plástico para cada cidadão. Os números do mercado financeiro mundial ainda estarão fracos por um bom tempo, pois existem muitas dúvidas sobre a recuperação da economia. Além disso, existem evidências que os problemas do mundo árabe deverão permanecer por um bom tempo e ainda podem enfraquecer por algumas semanas os mercados financeiros. Não existem dúvidas que por um lado os países emergentes deverão receber impactos negativos, mas também poderão surgir boas oportunidades no que diz respeito à exportação de commodities agrícolas e minerais.

Com todos esses números e notícias ruins divulgados na mídia o governo federal já tomou uma iniciativa importante no âmbito das finanças pessoais. Editou em dezembro de 2010 um decreto que instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira. Trata-se de uma série de iniciativas pedagógicas voltadas às escolas e aos adultos com o objetivo de erradicar o analfabetismo financeiro no país. O conteúdo será distribuído em mais de 200 mil instituições de ensino nas aulas de matemática, história, ciências sociais e até de português.

Nesse sentido resta ao cidadão desenvolver habilidades para lidar com a economia do dia a dia. Aquele que prestar atenção no seu orçamento poderá obter enormes vantagens. Existem algumas regras do planejamento financeiro pessoal que é bom seguir. Em primeiro lugar é importante definir claramente quais os objetivos do cidadão: comprar, viajar, ou estudar? Em segundo lugar, definir os prazos para atingi-los, sistematizando cada passo para atingir a meta. Essa sistematização passa pelo mapa das receitas e despesas e por uma reflexão sobre os seus aspectos comportamentais. Em terceiro lugar, discutir em família para potencializar o encaminhamento correto desse planejamento financeiro, principalmente no momento atual da economia. É fundamental ter disciplina financeira no dia a dia.

JC, 1.04.2011, p.32