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A DISCRIMINAÇÃO DO NEGRO NO BRASIL E A APLICAÇÃO DO ESTUDO DA HISTÓRIA E CULTURA AFRO BRASILEIRA NA ESCOLA FLÁVIA ACOSTA CASTILHO Professora do PDE 2007 2008 Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.

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A DISCRIMINAÇÃO DO NEGRO NO BRASIL E A APLICAÇÃO DO ESTUDO DA

HISTÓRIA E CULTURA AFRO BRASILEIRA NA ESCOLA

FLÁVIA ACOSTA CASTILHO

Professora do PDE 2007

2008

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RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de propiciar uma reflexão sobre as práticas racistas no

contexto histórico brasileiro e de divulgar a percepção encontrada no trabalho de

implementação escolar. Ele contempla as relações étnico-raciais positivas em um

colégio da rede pública estadual, do município de Wenceslau Braz, no norte pioneiro

do Paraná. Faz uma socialização da leitura de referenciais teóricos e práticas

pedagógicas para aprimorar a abordagem do tema História e Cultura Afro Brasileira.

Mostra claramente que o racismo foi produzido e propagado junto com os interesses

da elite, com a intenção de explorar outros povos e de manter-se no poder e que

após a abolição não foram tomadas as devidas medidas para incluir os ex-escravos

junto à economia e sociedade. Então, as elites continuam a deixar seus

descendentes à margem, acalentados pela idéia de que há uma convivência pacífica

e respeitosa, refugiando-se de responsabilidades através do mito da “democracia

racial”. Agora as escolas estão de forma gradual, na busca de estratégias, a fim de

estabelecer uma educação que inclua e respeite diferentes povos e culturas, à

medida que também reconhece as limitações e dificuldades estruturais e

conjunturais da educação brasileira.

Palavras-chave: Exploração, preconceito, inferioridade.

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ABSTRACT

This essay has the objective of providing a reflection about racist practices

in the historical Brazilian context and publishing the perception found in the scholar

implementation work, it contemplating positive ethnic-racial relations in a public

stateschool, from Wenceslau Braz city, in pioneer north of Paraná. Make a

socializatión of reading about theoretical referentials and pedagogic practices to

improve the approach of the theme: Afro-Brazilian History and Culture. Shows clearly

that racism was produced and diffusead along with the interests of elite with the

intention of exploring other races and keeping itself in dominion and as, after the

abolition didn't take appropriate attitudes to include old slaves along with economy

and society. Then the elites continue to leave their descendents apart, soothed for

the idea that there is a pacific and respectful society, taking refuge of responsibilities

through the myth of “racial democracy”. Now schools are gradually searching for

strategies so as to establish an education which includes and respects different races

and cultures, as well as it recognizes structural and juctural limitations and difficulties

of Brazilian education.

Key-words: Exploration, prejudice, inferiority

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INTRODUÇÃO

Há 120 anos atrás com a assinatura da Lei Áurea, que tornou ilegal a

escravidão no Brasil, o país se deparou com um momento em que não houve

qualquer interesse em uma política de inserção real do negro na sociedade. Como

conseqüência a realidade atual mostra índices desfavoráveis à população negra

quanto às questões sócio-econômicas, como por exemplo, escolaridade, trabalho,

saúde. Portanto é fundamental compreender o racismo brasileiro, enxergando suas

conseqüências danosas em manifestações mesmo que sutis e inconscientes, mas

prejudiciais a toda sociedade e por isso a preocupação de buscar formas de

combatê-las.

Diante desta perspectiva é importante a ampliação de espaços de discussão

sobre as desigualdades, as exclusões e os preconceitos. Para isto é primordial

sensibilizar, incentivar e subsidiar os professores para o resgate da auto-estima da

população negra, através da inclusão e valorização da História e Cultura Afro

Brasileira, já que nossa educação procurou ocultar esta participação ou apenas a

incluiu como inferiorizada e carregada de esteriótipos negativos.

Com o propósito de encontrar novos horizontes na prática docente e para

desenvolver a reflexão e o espírito crítico dos educandos é fundamental o estudo e o

conhecimento da História dos povos africanos e afrodescendentes nas escolas

brasileiras.

O presente artigo foi estruturado de forma a ficar estabelecida na primeira

parte a fundamentação teórica com as concepções de autores da área que

contribuem para o estudo do assunto e na seqüência a apresentação da

metodologia utilizada durante a implementação escolar, de acordo com o objetivo

proposto.

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A formação da discriminação racial no Brasil

Num primeiro momento parece que as discussões sobre racismo no Brasil

estão sendo exageradas no meio político e educacional, mas diante da

compreensão da cidadania como meta para o ensino de História e da luta dos

Movimentos Negros reivindicando espaço na sociedade para sentirem-se como

sujeitos-históricos, depara-se com uma situação em que necessita reconhecer e

admitir as limitações da cidadania que sabe-se que sempre existiram em nosso país.

Para a parcela da população negra as dificuldades de ascensão social são maiores

e precisam ser conhecidas as causas desta situação para que se busquem

mudanças e para isso se faz necessário a formação de cidadãos críticos, conforme

estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais de 2004, no seu art. 3° diz que:

A Educação das Relações Ético-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana têm por meta a educação de cidadãos atuantes no seio da sociedade brasileira que é multirracial e pluriétnica, capazes de, por meio de relações étnicas-sociais positivas, construírem uma nação democrática.

Para compreender a situação que se vivencia no presente recorre-se à

investigação do passado. De acordo com a historiografia a discriminação entre os

povos, a princípio, girava em torno de suas formas de organização social e política.

Para a cultura grega e para a romana os outros povos eram considerados inferiores,

“bárbaros”.

Durante a Idade Média a discriminação estava mais diretamente ligada a

questões religiosas.

No século XVI, a Inquisição criou a expressão “limpeza de sangue”, que

significava a conversão dos judeus ao cristianismo e dentro desta prática estavam

envolvidos interesses financeiros e a busca de meios para explorar fortunas de

judeus. Na Península Ibérica, a exploração tinha como finalidade preparar um

poderio náutico e desenvolver conquistas imperiais ultramarinas. Assim, a distinção

religiosa começou a ganhar conotação étnica.

Antes do século XIX, o termo raça era usado para classificar espécies

vegetais e alguns animais. O evolucionismo de Darwin, ou seja, da teoria sobre a

mutação das espécies, inspirou a obra do francês Gobineau, sendo estendido

formalmente o termo “raça” para as espécies humanas, como meio para combater

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todas as formas de miscigenação. Justamente durante este século as potências

industrializadas da Europa buscavam na exploração do continente africano formas

de encontrar matérias-primas baratas e ampliar seu mercado consumidor.

As idéias evolucionistas serviram como pretexto para as potências européias

invadirem e subjugarem os povos africanos em nome de uma falsa idéia que

menosprezou a cultura local e da justificativa de que estariam levando o progresso,

o cristianismo e a civilização para a África.

O racismo, portanto é uma ideologia das classes dominantes e dirigentes,

interiorizada pelo restante da sociedade e que faz o discriminado se sentir de

menos- valia em relação ao dominador.

Em relação ao território brasileiro a exploração sobre os africanos iniciou-se

em 1530, época em que ainda prevaleciam as justificativas religiosas. Por quatro

séculos, vários povos foram capturados na África e trazidos forçados para o Brasil,

onde foram subjugados e submetidos a regimes de trabalho escravo.

Quando escravizados, os africanos tinham todos os seus laços sociais

anteriores rompidos, eram separados de suas famílias e perdiam as referências que

compunham suas relações e comportamentos anteriores.

O escravo, na sua condição de propriedade, era tratado como uma “coisa”, um

objeto de uso nos diversos tipos de trabalho, principalmente, no caso, nas lavouras

de cana-de-açúcar, algodão, fumo, café e inclusive na mineração. A vantagem do

escravo em relação ao trabalho assalariado estaria também no fato de evitar a

circulação de dinheiro na colônia, o que poderia favorecer o desenvolvimento dos

negócios, o que era contrário ao pacto colonial que visava ter a colônia como um

meio de exploração e enriquecimento da metrópole portuguesa.

A violência e tensões entre senhores e escravos eram constantes. A

necessidade de mão-de-obra e os lucros gerados pelo tráfico de escravos levaram

os europeus a desfigurar a personalidade moral do negro e suas aptidões

intelectuais em uma política sistemática de discriminação.

Dentro das estratégias de estratificação social, para a elite local manter-se no

poder com seus privilégios, houve a reserva e manutenção dos cargos de confiança,

intelectuais e religiosos para as classes dominantes, utilizando-se de leis e

convenções e afastando negros, mestiços, indígenas e cristãos novos (judeus

convertidos ao cristianismo e seus descendentes). (CARNEIRO, 1994, p. 10)

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O racismo contra os judeus manteve-se pela tradição cristã católica, já o

racismo contra os negros derivou da própria escravidão colonial. Por não ser

possível mudar as características físicas este é um dos piores tipos de

discriminação. (MUNANGA apud SANT' ANA, 2005, p. 41)

Para encobrir todos os procedimentos degradantes a que os escravos

estavam sujeitos e manter as boas aparências, os Senhores eram apresentados

como “bons homens” e os escravos como aparentemente “conformados” com a

situação. Na realidade, nem os senhores eram bons e nem os escravos eram

conformados, pelo contrário, foram várias as formas de resistência contra a

escravização, como por exemplo, as fugas para os quilombos.

A partir do século XVIII com o crescimento da população e da economia

urbana, os escravos passam a ser utilizados em diversas funções na cidade.

No século XIX, o sistema escravista passou a tornar um empecilho ao

desenvolvimento do Brasil independente. Muitos políticos do Império, liberais e

conservadores, se declaravam contra o tráfico, porém, aceitavam a continuidade do

regime escravista, que consideravam necessário ao funcionamento da economia.

Em 1850, o governo de Dom Pedro II extingue definitivamente o comércio de

escravos, com a lei do ministro da Justiça Eusébio de Queirós, mas que continuou a

existir através do tráfico clandestino.

Na segunda metade do século XIX cresce a campanha abolicionista e o

número de escravos alforriados, através da concessão da liberdade pelo

proprietário.

Ainda neste século, as justificativas racistas religiosas foram dando lugar a

argumentos pseudo-científicos; e o discurso que os traços físicos estavam

relacionados a atributos morais ganharam espaço no Brasil com o médico brasileiro

Raimundo Nina Rodrigues, que foi seguidor das idéias racistas do francês Gobineau.

Para Gobineau, a miscigenação era considerada como causadora de

problemas na descendência, o que poderia até provocar a esterilidade, além de ser

um obstáculo para o desenvolvimento do Brasil.

Diante da preocupação com o futuro do Brasil a solução encontrada pelos

governos foi a política de branqueamento, através do incentivo à imigração européia.

Segundo Carneiro:

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Uma expectativa de melhorar as condições da descendência foi recorrer à miscigenação, objetivando o branqueamento. Na competição por um lugar melhor na escala social, venceria aquele que mais se aproximasse do modelo ideal aceito pela sociedade: o branco cristão que manipulava os meios de divulgação e expressão, impondo suas leis e seus valores, garantindo assim a preservação do status quo, ou seja, posse de terras, acesso a cargos religiosos, militares e públicos. Em todas as formas de expressão a figura do negro emerge a de um ser inferior, animalizado, serviçal. (CARNEIRO, 1994, p. 11)

Após a abolição da escravidão, o trabalho dos ex-escravos identificava-se

mais a uma escravidão disfarçada, pois continuaram a viver à margem da economia

e da sociedade de forma precária e insalubre.

Desde meados do século XIX, os negros tiveram que defrontar-se com a

concorrência da mão-de-obra dos imigrantes, que era preferida, e com teorias

racistas que continuaram a alimentar discriminações e a estigmatizar o negro com o

atraso, inferioridade e com a propensão ao crime, sendo por isso, desprezados. Por

outro lado, os brancos europeus eram vistos como superiores e mais eficientes e

trariam progresso e civilização para o país.

Segundo Munanga:

Apesar dessas teorias terem caído em descrédito no século XX, o tipo de discriminação permanece vivo em muitas pessoas. Segundo Kabengele, é uma ideologia que se reproduz facilmente e que está sempre ligada à dominação de um grupo sobre o outro. Ou seja, além de qualquer aspecto psicológico, o racismo tem motivos bastante práticos. (SUPER interessante. Vencendo na raça. São Paulo: Abril, n. 187, abr., 2003, p. 42).

Em sua obra Casa Grande e Senzala, Gilberto Freyre afirmou que não

haviam distinções tão rígidas entre os brancos e os negros no Brasil. Ele criou a

idéia que temos uma “democracia racial”.

Roberto DaMatta (1983) questionou o termo “democracia racial”, entendo-o

como um mito que dificultou o avanço de medidas para questionar e superar as

discriminações no Brasil, procurando transparecer harmonia entre as diferentes

etnias, mesmo sendo constantes a existência de meios de comunicação veiculando

imagens, músicas e literatura que ridicularizam a identidade negra e são alvo de

piadas que muitas vezes são repetidas e geram a reação em algumas pessoas de

serem engraçadas.

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No século XIX, século do neocolonialismo ou imperialismo, cristaliza-se o

racismo no mundo. Potências européias na intenção de invadir, dominar e impor seu

modo de vida na África e parte da Ásia se auto-denominaram “raças superiores” e se

achavam no direito de civilizar as “raças inferiores”, ou seja, os não-brancos.

(MUNANGA citando SANT' ANA, 2005, p.42).

Atualmente cientificamente sabe-se que não existem raças, mas sim a raça

humana.

(...) com o conhecimento produzido pela genética, que estuda os elementos fundamentais na formação dos organismos vivos, está provado que raças humanas não existem do ponto de vista biológico. Todos os homens são extremamente parecidos em termos genéticos, sendo as diferenças de aparência resultado das adaptações ao meio ambiente pelas quais as populações passaram. Uma das variáveis que é a cor da pele a partir da qual se definia “raça”, é resultado da adaptação das populações aos diferentes níveis de radiação ultravioleta existente nos diferentes continentes. (SUPER interessante. Vencendo na raça. São Paulo: Abril, n. 187, abr., 2003, p. 42)

O racismo é um produto cultural forjado, adotado e reproduzido que contagia

as pessoas e distorce a mente, que fica mais vulnerável à mercê de interesses

mesquinhos e prejudiciais.

As conseqüências de todo este processo de exploração deixou várias marcas

negativas que não se apagam facilmente, mas o conhecimento deste sistema e a

educação com o comprometimento de todos oferecem formas de questionar a

história oficial mantida pelas elites.

Formas de abordagem do tema e o perfil tradicional da escola brasileira

A escola precisa tomar atitudes, tendo uma compreensão da realidade mais

abrangente e menos preconceituosa. O aluno deve refletir sobre a pluralidade e

diversidade cultural presentes na sociedade brasileira, respeitando os diferentes

modos de ser, viver, conviver e pensar, contribuindo com a formação cidadã e a

formação de valores como a igualdade e a justiça social.

Dentro do processo de implementação escolar o mecanismo de exploração e

a construção do racismo ficaram mais claros através do levantamento bibliográfico,

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obtendo, conforme defende VALENTE, (2005), uma visão abrangente que localize

historicamente as manobras de dominação.

Difundir as experiências vivenciadas durante este projeto permite uma análise

de nossas práticas pedagógicas e pode colaborar com futuros encaminhamentos

sobre o tema, principalmente na disciplina de História.

Nessa perspectiva, foi realizado um levantamento bibliográfico, inclusive com

livros da Biblioteca do Professor, disponíveis para os estabelecimentos de Ensino

Médio, além de muitas pesquisas via internet, sendo que estas práticas

proporcionaram embasamento sobre o tema, de modo a contribuir com a produção,

coleta e seleção de material para elaborar estratégias e atividades sobre História

Afro Brasileira. Apesar da obrigatoriedade da lei sobre este tema nas escolas,

constata-se a falta de preparo para lidar com o desafio e a falta de material de apoio

para repassar o conteúdo para os alunos.

A exigência da elaboração de um material didático no projeto PDE levou a

mais pesquisas e ao preparo de textos e atividades que foram essenciais na

implementação escolar, o referido material foi representado por um projeto “Folhas”

que abordou de forma crítica os argumentos religiosos e político-ideológicos das

justificativas do racismo. As atividades foram desenvolvidas com a intenção de

pesquisar, questionar e formular idéias; exercitando a cidadania sobre questões

históricas, sociais e científicas para a compreensão de que não existem raças

superiores e que o racismo não tem lógica científica e leva a concluir que as

características físicas não definem o caráter, nem a inteligência das pessoas.

Dentre outras pesquisas realizadas, uma destas foi sobre a História da Arte e

verificou-se que a definição de obras de arte e as considerações sobre as mesmas

são variáveis.

Os estudiosos atuais sustentam que a arte abstrata (representação da “idéia”

que o artista tem do objeto ou da pessoa) se encontra, há séculos, em toda a

expressão da arte negro-africana: indumentária, utensílios, mobiliário, habitação,

máscaras, esculturas pinturas, tatuagens, desenhos, tecidos, artesanatos, etc.

Desta forma o que foi considerado no Ocidente uma inovação artística, nos

quadros de Pablo Picasso, em 1907, já era produzido há centenas de anos pelos

africanos, cuja arte, no entanto, continuava a ser vista pelos europeus como

“primitiva” e inferior.

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Sendo assim, cabe aos professores de Artes a sistematização dos diferentes

saberes e cosmovisões africanas e desta forma, os educadores estarão recusando

as armadilhas ideológicas do preconceito e do recalcamento. (MUNANGA apud

SILVA, 2005, p. 125, 126)

O teatro por exemplo, é divulgado como tendo nascido e desenvolvido como

arte na Grécia, entretanto, não se tinha o devido conhecimento ou reconhecimento

que artes teatrais eram praticadas na África a tempos remotos.

Referindo-se ao Brasil do tempo colonial, o trabalho de ator era desprezado,

sendo muitas vezes realizado pelos mulatos, que recorriam à utilização de

maquiagem para clarear a pele. (CARNEIRO, 1994, p. 16).

No campo dos diversos ritmos musicais de influência negra como samba,

pagode, axé, hip-hop, entre outros, cabe lembrar que muitos destes segmentos

foram marginalizados. O samba, por exemplo, a princípio foi desprezado e

atualmente é uma grande representação de nossa cultura, assim como deve ser

lembrado o canto gospel, que é em grande parte influenciado por negros,

principalmente os norte-americanos e deve ser divulgado para os alunos para que

percebam as variantes dos costumes que integram a cultura dos afrodescendentes,

mostrando todo seu grande legado cultural.

A cultura negra da capoeira e candomblé também foram marginalizadas e

colocadas na ilegalidade. Nestas manifestações o que precisa ser cobrado e o que

se espera é que as pessoas respeitem, porque muitas vezes estão impregnadas de

preconceitos e discriminações, por falta de informações sobre as mesmas. É

essencial admitir que existem várias formas de comunicar-se com Deus e de praticar

ritos para manifestar-se junto à espiritualidade. Essas tradições podem parecer

estranhas, mas as que estão acostumados a vivenciar, podem gerar a mesma

reação de estranhamento junto a outros povos ou comunidades, com valores

diferenciados.

Pode-se afirmar que a introdução da Lei 10.639 nos currículos escolares,

exigindo a inclusão do ensino sobre História e Cultura Africana e Afro Brasileira,

proporcionou aos professores da rede estadual de ensino a discussão desta

temática em vários cursos, grupos de estudos aos sábados, encontros e discussões.

Eles devem continuar, pois não atenderam à totalidade de professores não

possibilitando que possam estar mais engajados. Quanto aos livros sobre esta

temática, eles estão chegando nas bibliotecas dos colégios, mas basicamente falta

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revisão e adaptação dos livros didáticos e mais material de apoio para professores

repassarem o conteúdo e diferentes atividades para os alunos, o que, neste caso,

muitas vezes se faz com recursos dos próprios professores.

Está reconhecido que as dificuldades de escolaridade dos alunos negros não

estão restritas nos problemas enfrentados pela pobreza, mas também pela questão

do racismo, que mesmo com leis que estipulam punições para as pessoas que

demonstrem qualquer espécie de preconceito, ainda assim encontra-se

discriminações na sociedade, no mercado de trabalho em todo e qualquer lugar.

Uma das lutas que deve ser levada em consideração é contra a impunidade e a

busca de proteção da vítima de discriminação.

Quanto ao aluno afrodescendente, não basta mantê-lo na escola e existir o

sistema de cotas para reservar vagas para universidades, pois estes alunos são na

grande maioria os mais carentes e freqüentam as escolas mais carentes e precárias,

sem a estrutura necessária para mantê-los motivados a estudar. Faz-se necessário

um ensino de qualidade que possibilite bem-estar social que atendam a deficiência

estrutural em que vivem. Por isso o investimento em escolas de favelas e periferias

em geral, requer atenção especial. (AQUINO apud ROSEMBERG, p.85, 86).

O cotidiano escolar, também merece análise devido ao fato de ser um

segmento de todo um sistema, onde não deixa de perpassar indícios de racismo e

deve-se estar atento para isto, desta forma é válido o acesso e a compreensão de

alguns estudos levantados sobre esta questão. A escola é considerada como um

meio que mantêm e reproduz o que a elite impõe.

O sistema educacional brasileiro é mono-cultural, eurocêntrico que negou a

visão de mundo da matriz africana.

Nas escolas o preconceito contra o negro pode ser notado até nos livros

didáticos, como por exemplo, os negros quase não aparecem nas ilustrações e

textos e se aparecem estão em situação social inferior e estereotipada. Isto reforça

características preconceituosas, pois se comparada à imagem representada pelo

branco, o negro fica à margem de tudo o que está sendo mostrado: família,

formação educacional, campo profissional, tipo de vestuário. Raramente é mostrada

a família de um negro, como se ele não tivesse uma, e quase sempre são

mencionados no passado, como se já não existissem. (MUNANGA, citando SANT'

ANA p. 57).

Segundo Goffmam (1982):

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O estigma é direcionado àquelas pessoas que se afastam da idealização corrente em determinado contexto. Para ele são três as “aberrações” desencadeantes de estigma: do corpo, de opções comportamentais e de inserção “tribal”. (AQUINO apud AMARAL, p. 15).

Quando um determinado grupo da sociedade é reconhecido de modo limitado

e de forma depreciativa isto pode refletir uma deformação real na sua identidade,

provocando um modo de ser falso e reduzido. (TAYLOR, 1998, p. 45-94).

O ser humano necessita do reconhecimento de sua identidade, pois caso

contrário a vítima sente-se oprimida, gerando um rancor próprio que provoca

desestímulo para sua edificação pessoal.

Segundo o testemunho de Glória Moura, na época em que trabalhou na

Secretaria da Cultura do Ministério da Educação, teve uma experiência peculiar em

uma escola municipal, no estado da Bahia: na sala de aula composta em sua

totalidade por negros, quando questionados sobre quem era negro naquele local,

ninguém se identificou como tal, evidenciando-se o distanciamento entre o que cada

um realmente é na visão dos outros e as representações que cada um tem sobre si

mesmo. Este caso reflete também que a identificação ser negro não é exposta

positivamente. Em outra escola, teria acontecido algo semelhante, em que quando a

professora passou um exercício em que cada aluno devia se identificar como negro

ou branco, em resposta uma aluna negra se identificou como branca e quando

revelada sua resposta por um colega do lado, fez com que ela caísse em pranto

convulsivo. (MUNANGA apud MOURA, p. 77).

Assim, enquanto em sua própria comunidade o ser negro é um valor positivo, celebrado em todas as festas quilombolas e passado através das gerações às crianças e aos jovens, no ambiente escolar esta criança se sentiu intimidada o suficiente para negar o que, em outras circunstâncias, poderia ter orgulho de afirmar, evidenciando o quanto a carga negativa do preconceito que perpassa a educação formal pode ter um efeito desagregador da identidade mesmo para crianças que nas práticas comunitárias possue um enorme reforço identitário positivo (MUNANGA apud MOURA, p. 77).

Se for feita uma análise sobre a tendência do que está acontecendo em

relação ao reconhecer-se como negro, pode-se usar como referência pesquisas, que

segundo as últimas divulgações, a proporção dos entrevistados que se

autodeclaram branco caiu de 50% para 37%, enquanto a dos que se dizem pardos

aumentou de 29% para 36%. Na questão de oportunidade de trabalho, cresceu a

porcentagem dos pretos e pardos que dizem sofrer discriminação no

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trabalho/obtenção de emprego, de 45% em 1995 para 55% hoje. (Folha Online-

Brasil).

De acordo com a pesquisadora Regina P. Pinto (1993, p. 26), um ambiente

hostil é detectado nas escolas, seja no currículo, onde falta o reconhecimento da

contribuição do negro no Brasil, no material didático das mais diferentes disciplinas,

onde quando o negro aparece é em situações negativas. (AQUINO, apud

ROSEMBERG, p. 83).

A pesquisadora Vera Moreira Figueiras, analisa as relações entre alunos, que

se manifesta em apelidos ou “indiretas”, referentes à cor; e também nas relações

entre professores e alunos, através da falta de percepção dos primeiros de casos de

racismo, falta de preparo para reagir a determinados casos, ou desconsiderando a

questão, por tratá-la como um problema irrelevante; e quanto ao rendimento do

aluno negro quando comparado a um branco, pela expectativa negativa que às

vezes apresenta sobre o mesmo. (MUNANGA apud SANT' ANA, p. 55-56).

Por vezes surgem dúvidas de qual expressão utilizar ao referir-se a um

afrodescendente, como por exemplo, “preto”, “pessoa de cor” (AQUINO apud ITANI,

p. 122).

Pode ocorrer de manifestar-se uma falha do aluno negro e ficar a impressão

que a tendência é de que estava predisposto a cometer tal atitude. O ressentimento

repassado ao aluno negro, então seria que ele nasceu no corpo errado, ou pelo

menos, não no ideal.

Freqüentando um ambiente hostil que desqualifica a identidade negra, este aluno pode reagir com passividade ou com enfrentamento agressivo (geralmente condenado pelos pais), com conseqüências importantes tanto para seu equilíbrio psíquico, sua auto-imagem quanto para seu aproveitamento escolar. (Aquino apud TEIXEIRA, p. 84).

Dentre as sugestões para serem aplicadas na escola para inserir a

diversidade está cultivar uma postura de abertura ao novo e o acesso a um material

didático que se aproxime da realidade vivida pelos alunos, aprenda a respeitar

aquilo que é diferente, tenha como identificar-se como pessoa no grupo e

reconhecer criticamente os esteriótipos de representações étnicas encontrados

visualmente nas artes, mídia e literatura em geral.

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Discussão da discriminação na escola

Durante a Semana Pedagógica que preparava para o plano de ação docente

referente ao ano letivo de 2008 foi realizado um pequeno comentário sobre o projeto

PDE e por esse motivo foi marcada uma outra reunião com os professores do

estabelecimento para que fosse repassado o processo de implementação da

proposta de intervenção na escola de maneira a proporcionar o envolvimento dos

demais professores. Este fato mostrou que é importante uma previsão do que pode

ser trabalhado durante cada bimestre sobre a temática proposta.

É conveniente que seja feita uma adaptação das possibilidades de trabalho de

acordo com as séries e que possa conciliá-lo entre as diferentes disciplinas e

estabelecer como cada uma delas pode contribuir com o projeto, de acordo com as

habilidades e objetivos a que estão propostas para atender a necessidade de

adequar o currículo escolar a uma sociedade que apresenta diversidade e que

disponibilize meios para que as principais representações culturais sejam

contempladas para que possa compreender as principais manifestações dos grupos

étnicos que integram a sociedade brasileira, pois em alguns pontos ficam dúvidas

que geram preconceitos.

O trabalho em conjunto de forma interdisciplinar pode ser viável,

principalmente quando já formulado antecipadamente no plano de ação docente.

Então, foi exposta a proposta e deixado apostilas com sugestões de textos e

atividades para serem trabalhados em diferentes disciplinas. Nesse processo a

dificuldade observada foi a reprodução de materiais aos alunos e tempo disponível,

pois no plano de ação docente estão previstos o repasse de vários outros conteúdos

para o ano letivo e fica evidente que o ideal é trabalhar o tema durante diferentes

bimestres para que não se torne isolado e superficial.

O assunto chama a atenção durante a época das comemorações do dia da

Consciência Negra, em 20 de novembro, data que está prevista no cronograma

escolar e que precisa ser trabalhada, deste modo se faz necessário estar preparado

para o evento e incentivar a participação dos alunos.

Ao trabalhar a temática nas primeiras séries foi repassada a História da África

Antiga, com os principais reinos, diversidades e seu legado, não restringindo-se

apenas ao estudo dos egípcios, sendo que estes ficaram no imaginário coletivo

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como sendo de pele clara como aparecem nos filmes e que na verdade não

condizem com a realidade.

Nas segundas séries foi proveitoso trabalhar sobre o negro e o racismo no

Brasil, onde cabe destacar o trabalho sobre personalidades negras brasileiras que

não são reconhecidas ou são completamente ignoradas; ou outras que têm o seu

trabalho divulgado e aproveitado até hoje, mas não se tem conhecimento que são

afrodescendentes, como vários nomes da literatura e da música. É válido mostrar

personalidades negras como referências positivas para que transmitam orgulho aos

alunos afrodescendentes ao identificar-se com a cor da pele.

Percebeu-se que mesmo para fazer exposições orais curtas em grupo sobre

as personalidades negras, os alunos em sua maioria não apresentaram naturalidade

de expressão e sentem-se pouco à vontade quanto a esta metodologia, tendendo a

esquivar-se. Acrescenta-se que é contraditório de certa forma, este agir, porque ao

mesmo tempo que há aqueles que fazem questão de serem notados em sala de

aula através de atitudes inconvenientes, estes evitam a participação em atividades

apresentadas oralmente, mostrando-se inibidos e com receio de serem julgados

perante os colegas. Quanto ao conteúdo exposto, chamou atenção que mulatos

algumas vezes são colocados em dúvida como sendo afrodescendentes como no

caso de Machado de Assis, Lima Barreto e Mário de Andrade.

As expectativas existentes são colocadas à prova conforme aparecem os

obstáculos, mediante isto vale destacar que durante a aplicação do material didático

“Folhas” foi evidenciado que a abordagem do tema chamou a atenção dos alunos,

mas que ela tende a diminuir por causa da extensão da explicação. Seria mais

conveniente conter mais atividades com menor proporção textual; quanto às

atividades desenvolvidas pelos alunos, as respostas foram simplistas, mostrando

dificuldades de apresentar opiniões e sugestões relacionadas aos questionamentos

e com a tendência a rejeitar questões extensas.

O “Folhas” foi aplicado para as turmas de segundas séries e principalmente

terceiras séries, nas quais foi colocado como seqüência ao assunto sobre regimes

totalitários europeus e o aumento do racismo.

Quanto ao uso de imagens, vale ressaltar que a TV Multimídia pode substituir

com vantagens o repasse de imagens em comparação às transparências de retro

projetores além de possibilitar incluir várias outras gravuras, como também tiras de

histórias em quadrinhos, mapas, fotografias diversas. Foi explorado como eram

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retratados os negros escravos, sempre mostrados descalços ao contrário dos

negros libertos que faziam questão de serem apresentados com elegância e

formalidade de acordo com valores da elite brasileira da época.

O dia 20 de novembro, dia da Consciência Negra, que além de ser de aspecto

comemorativo, também deve ser questionador, um momento em que se destacam

as manifestações artísticas de influência negra. Neste evento deve-se tomar o

devido cuidado para que sejam evitadas manifestações que sejam esteriotipadas,

como em alguns casos de dramatizações ou danças ou quando demonstre uma

tendência que possa ser interpretada como vulgar, no caso de algumas

coreografias, evitando-se situações comuns nas representações de negros e

mulatos que recebem geralmente em determinadas manifestações um peso

negativo para a imagem artística e ou religiosa.

Quanto à participação dos alunos, alguns se identificam com algumas

atividades que podem ser trabalhadas, tais como capoeira, danças e fazem questão

de participarem, enquanto a maioria por comodismo, falta de costume ou inibição

não aderem ao evento, deste modo se faz necessário estar preparado para planejar

com antecedência e incentivar a participação dos alunos, também em

apresentações culturais, sendo assim aqueles que participam devem receber

recompensas de incentivo para continuarem a ter tal atitude e com isso difundir e

ampliar estas experiências para outros anos letivos.

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CONCLUSÃO

A implementação junto ao colégio, não atendeu a toda a expectativa no

desenvolver das atividades propostas, mas se faz necessário analisar que ainda

estão sendo tomados os primeiros passos neste processo e através das dificuldades

adquire-se mais experiência que possibilitam a escolha de melhores

encaminhamentos metodológicos.

Conclui-se portanto que inovar não é fácil, manter-se motivados e repassar

motivação para os alunos no cotidiano é um obstáculo constante, pois a realidade

gera fatos inusitados, sem contar o tempo que temos e a grande quantidade de

conteúdos considerados básicos no currículo e que precisam serem contemplados.

Como pontos positivos, apresenta-se o aproveitamento do material

selecionado e repassado como sugestões de atividades para os demais professores,

onde ficou demonstrado interesse e boa vontade.

Aperfeiçoar o reconhecer-se como afrodescendente e aprender a respeitar as

diferenças é um processo lento, não apresenta resultados imediatos, mas percebe-

se de forma gradual que são injustificáveis os atos de hostilidades infringidos às

pessoas por causa da cor da pele. Portanto estudar a História e Cultura Africana e

Afro Brasileira é uma experiência válida e enriquecedora sob vários aspectos; pois

faltam informações e compreensão mais aprofundadas sobre as origens do

racismo. Desta forma deve-se proporcionar ao aluno maior aproximação e

percepção sobre o assunto, de modo a contribuir para a formação do sujeito crítico e

analítico, formulador de idéias, para desenvolvê-lo no exercício da cidadania. Ela

não existe plenamente sem o desenvolvimento do conhecimento crítico e da

sensibilidade.

A educação contribui tanto para conservar quanto para mudar valores,

crenças, mentalidades, costumes e práticas. (AQUINO citando BENEVIDES, p. 157).

E é a mudança de valores racistas e preconceituosos que devemos buscar no nosso

cotidiano, seja na escola ou seja na sociedade.

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REFERÊNCIAS

AQUINO, Julio Groppa (Org.). Diferenças e Preconceitos na escola: alternativas

Teóricas e Práticas. 6ª. Ed. São Paulo: Summus, 1998.

BRASIL. Diário Oficial da União de 19/05/2004. Resolução n° 1, de 17/06/2004,

Brasília, 2004.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. O racismo na História do Brasil: Mito e

Realidade. São Paulo: Ática, 1994.

DA MATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.

FOLHA ONLINE, Preconceito racial diminui no Brasil.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u470628.shtml. Acesso em

23/11/2008.

MUNANGA, Kabengele. Superando o Racismo na Escola. 2ª. Ed. Brasília: MEC/

BID/ UNESCO, 2005.

SUPER interessante. Vencendo na raça. São Paulo: Abril, n° 187, abr. 2003, p. 42.

TAYLOR, Charles. Multiculturalismo. Examinando a Política de

Reconhecimento. Lisboa: Instituto Piaget, 1998.

VALENTE, Ana Lúcia. Educação e Diversidade Cultural: um desafio da

atualidade. São Paulo: Moderna, 2005.

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