A DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRA E OS … · 1 Docência do Ensino Fundamental, do Ensino...

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0 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU” CÁTIA CRISTINA DA SILVA DIAS A DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRA E OS DESAFIOS PARA O SÉCULO XXI Orientador: Prof. CARLOS ALBERTO CEREJA DE BARROS Rio de Janeiro Julho de 2008

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

CÁTIA CRISTINA DA SILVA DIAS

A DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRA E OS

DESAFIOS PARA O SÉCULO XXI

Orientador: Prof. CARLOS ALBERTO

CEREJA DE BARROS

Rio de Janeiro

Julho de 2008

1

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATU SENSU”

CÁTIA CRISTINA DA SILVA DIAS

A DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRA E OS

DESAFIOS PARA O SÉCULO XXI

OBJETIVOS:

Monografia apresentada à Universidade

Cândido Mendes, como requisito para a

conclusão do Curso de Pós-Graduação

“Latu Sensu” de Docência do Ensino

Superior.

Rio de Janeiro

Julho de 2008

2

AGRADECIMENTOS

A Deus por ter iluminado os meus

pensamentos dando a necessária

sabedoria para desenvolver este trabalho.

Ao corpo docente do IVM por ter nos

incentivado a seguir nosso objetivo. Em

especial a Profª Marta Pires Relvas que

foi fonte de inspiração para minha nova

jornada.

3

DEDICATÓRIA

Dedico esta obra ao meu grande Amor e

amigo de todas as jornadas e de

dificuldades, Alexandre Tito, o seu apoio

sempre me deu a sustentação necessária

para que eu pudesse continuar seguindo

em frente. As minhas filhas Thalita e

Jéssica por serem fonte de energia e

inspiração para minha vida. Minha mãe e

meu pai por me darem a oportunidade de

estar presente nesse mundo.

4

RESUMO

Esta monografia visa estudar se a docência do ensino superior brasileira

está preparada para os desafios do século XXI, pois o mesmo está sendo

marcado pela globalização e a tecnologia, onde as instantaneidades das

informações, da economia, além de outras transformações afetam todas as

sociedades, transformando o mundo em grande sociedade multicultural e em

constante transformação. Dessa forma, o propósito da monografia será o de

verificar como a docência do ensino superior brasileira deve enfrentar os desafios

do século XXI. E para tanto, tentaremos responder as seguintes indagações:

Como são as docências do ensino superior público e privado no Brasil? Qual são

os desafios do século XXI para o ensino superior brasileiro? Quais são as

sugestões para enfrentar os novos desafios que este século impõe?

O estudo apresentado poderá permitir aos educadores propor adaptações a

atual prática de ensino. Foram apontadas, no decorrer do estudo, algumas

necessidades de reformas, tais como: adaptação das universidades para as

camadas mais pobres e para os idosos, reformulação do material didático para

enfrentar o século tecnológico, a preparação/adaptação adequada dos docentes

do nível superior para os discentes da “geração virtual”, além de outras discussões

(sistema de cotas, ensino a distância etc).

5

METODOLOGIA

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica / documental, através das

seguintes técnicas indiretas: levantamento e seleção da bibliografia, leitura

analítica, fichamento, análise comparativa e interpretação dos dados.

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO E PRIVADO NO

BRASIL

10

CAPÍTULO II

OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI PARA O ENSINO SUPERIOR

BRASILEIRO

22

CAPÍTULO III

AS SUGESTÕES PARA ENFRENTAR OS NOVOS DESAFIOS

QUE ESTE SÉCULO IMPÕE

29

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 37

ANEXO 39

ÍNDICE 40

7

INTRODUÇÃO

A docência ou exercício do magistério tem uma enorme relevância, pois

prepara o homem para o mundo em que vive, possibilitando dessa maneira com

que o mesmo possa compreender a sua realidade, dando instrumentos para

efetuar transformações e conquistas sociais.

Dentro do amplo espectro da docência 1, nos restringiremos a do Ensino

Superior, que tem por finalidade preparar os alunos dos cursos superiores para

desempenhar as atividades relacionadas com a sua formação profissional nesse

nível de conhecimento. Sendo assim, para lidar com um grupo, onde os seus

integrantes possuem um maior histórico acadêmico, devido aos anos dedicados

aos estudos até atingirem o curso superior, pressupõe-se que o docente encontre

uma maior dificuldade em transmitir os conhecimentos necessários, devido a uma

maior consciência crítica dos discentes 2.

O domínio de um determinado conteúdo e o do respectivo "saber fazer" não

implica automaticamente em "saber didático", que permita ao docente exercer,

com competência, o seu papel no ensino. Isso significa dizer que, a profissão

docente, como todas as outras, pressupõe uma formação profissional específica e

exige daqueles que escolhem exercê-la investimentos para o desenvolvimento e a

construção de conhecimentos e habilidades específicas.

Dessa forma, e devido ao docente ser um multiplicador de conhecimento e

um motivador de aperfeiçoamento, surgiram cursos de Docência do Ensino

Superior que propiciam a qualificação específica para os profissionais que querem

atuar como docentes em cursos superiores, lecionando conteúdos vinculados à

sua área de formação específica e a sua atuação profissional.

1 Docência do Ensino Fundamental, do Ensino Superior etc. 2 Existe uma grande possibilidade desse fato acontecer, pois os discentes do nível superior possuem maior maturidade (idade, escolaridade, maior nível cultural) e maior poder de questionamento sobre a realidade do que os outros níveis de ensino.

8

Como o século XXI está sendo marcado pela globalização e a tecnologia,

onde as instantaneidades das informações, da economia, além de outras

transformações (sociais etc) afetam todas as sociedades, transformando o mundo

em grande sociedade multicultural e em constante transformação, a universidade

torna-se fundamental como o órgão principal de transformação/adequação da

civilização para esse milênio. Tal assertiva pode ser confirmada conforme a

citação abaixo:

[...] tento dimensionar alguns desafios da educação superior no século XXI, tomando em conta o cenário de mudanças que vivemos hoje, cada vez mais veloz, conturbado, complexo, não linear, imprevisível, estonteante. A universidade seria a instituição mais adequada para dar conta desta avalanche, até porque se esperaria dela que pudesse estar à frente dos tempos e os conduzir. Conhecimento sempre foi a energia humana capaz de construir alternativas, movido pelo ímpeto desconstrutivo, disruptivo, na típica volúpia de um ser limitado que teima em não aceitar limites. (DEMO, 2005, p.2, grifo nosso).

Destarte, faz-se mister reconhecer se a docência do ensino superior

brasileira está preparada esta nova realidade de mundo que o século atual nos

impõe.

Neste contexto, a análise sobre a adequação da docência do ensino

superior brasileira para o século atual poderá permitir aos nossos educadores

brasileiros propor adaptações a atual prática de ensino superior.

Dessa forma, o propósito da monografia será o de verificar como a

docência do ensino superior brasileira deve enfrentar os desafios do século XXI. E

para tanto, tentaremos responder as seguintes indagações: Como são as

docências do ensino superior público e privado no Brasil? Qual são os desafios do

século XXI para o ensino superior brasileiro? Quais são as sugestões para

enfrentar os novos desafios que este século impõe? Para isso, o estudo foi

dividido em três capítulos onde no primeiro veremos as diferenças e as

particularidades entre a educação pública e privada. No segundo, identificaremos

9

os desafios deste século a serem sobrepujados para que o Brasil possa ter uma

educação superior justa e de qualidade, e no último capítulo tentaremos

vislumbrar sugestões para enfrentar os desafios apontados no capítulo anterior.

Ao final, chegaremos a algumas conclusões que pretendem responder ao

problema, bem como atingir o propósito do trabalho.

O trabalho não tem a pretensão e a soberba de esgotar o assunto, porém

intenciona desenvolver uma modesta análise do problema visando fomentar uma

discussão e uma reflexão sobre tema tão atual e importante nos dias de hoje.

10

CAPÍTULO I

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO E PRIVADO

NO BRASIL

A universidade é uma instituição que reflete o funcionamento, o

relacionamento e a maneira de encarar a realidade de uma sociedade, pois se

trata de uma organização social que possui indivíduos com opiniões, realidades

econômicas e aspirações discordantes. Ao analisar tal diversidade, empregando

alguns critérios de pesquisa, poderemos concluir como a sociedade está

estratificada, porque dependendo da representatividade das camadas sociais, as

oportunidades de ingresso nessa instituição seriam muito desiguais, mostrando

dessa forma, também, a desigualdade social daquela sociedade. Além disso, faz-

se necessária uma avaliação criteriosa da universidade em relação ao preparo do

docente para a realidade do seu Estado e para a compreensão do mundo em que

vive.

Dessa forma, o processo de ensinar deve ser, também, ser verificado para

certificar-se da eficácia da universidade.

Neste contexto, a docência universitária brasileira, somente a partir da

década de 90 teve normas claras de avaliação e de institucionalização,

desvendando, assim, os seus segredos e normatizando o setor. A principal

legislação é a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 3 (LDB) (Lei nº

3 A LDB criou um novo tipo de órgão formador de professores. Tal determinação objetiva fomentar ao determinado por essa própria legislação que exige que todos os professores em atividade tenham curso superior em 2007. Em agosto de 1999, o MEC autorizou a criação dos Institutos Superiores de Educação que poderão funcionar isoladamente ou integrados a universidades. O curso normal, em nível médio, continua sendo a formação mínima para o exercício da Educação Infantil e do ensino nas quatro séries iniciais do Ensino Fundamental. Os Institutos Superiores de Educação poderão oferecer cursos de magistério para a formação de professores de Educação Infantil (até 6 anos) e de séries iniciais (até a 4ª série do Ensino Fundamental) ou licenciatura para as séries iniciais. Para o Ensino Médio, serão oferecidos programas de atualização de professores

11

9.394), sancionada pelo Presidente da República em 20 de dezembro de 1996,

bem como o Sistema Nacional de Avaliação. Tal sistema de avaliação o docente,

o discente e a instituição passam a ser avaliadas, permitindo haver um “feedback” 4 do sistema de ensino superior como um todo. Permitindo, dessa forma, com que

possa haver discussões de como melhorar o ensino. MORINISI 5 nos mostra isso,

quando diz:

Com a implantação desse amplo sistema de avaliação nacional da educação superior, o docente passa a ter avaliado o seu desempenho, inclusive o didático. “N” medidas isoladas indiretamente se refletem sobre o docente. Por exemplo, o Provão avalia a instituição, o professor e o aluno. Pois, além de saber o que o aluno aprendeu, é importante averiguar as condições em que o aprendizado ocorreu. Qualidade de biblioteca e dos professores, laboratórios, equipamentos disponíveis e projeto pedagógico estão entre os aspectos que precisam ser verificados. As visitas das comissões de especialistas têm esse objetivo. (2000, p.13)

Resultando em uma segunda reforma na educação brasileira, na qual

houve uma grande expansão das instituições de ensino superior. Tal assertiva

pode ser verificada conforme abaixo:

Desde a reforma universitária de 1968 (Lei n. 5540), temos visto aumentar o número de escolas de ensino superior e de universidades particulares, em meio às lutas das universidades públicas federais e estaduais por mais verbas orçamentárias. Quase trinta anos depois, com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n. 9394/96, de 1996, teve início outro pico de expansão do ensino

(formação continuada) e programas especiais de formação pedagógica (para bacharéis de outras áreas). Também poderá ocorrer ensino de pós-graduação. Além das novas possibilidades para a formação de professores oferecidas pelos Institutos de Educação, são mantidas as disciplinas de formação didática nos cursos de licenciatura (para cursos de graduação como História, Educação Física, Química, Física, etc) e a exigência de 60 horas de metodologia do ensino superior. nos cursos de especialização. (Morosini, 2000, p.12) 4 Realimentação. 5 Doutora em Ciências Humanas; professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra); professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

12

superior, sob a forma de universidades privadas, entre as quais, as comunitárias. Embora sejam duas épocas históricas com características diferentes de governo (ditadura e democracia), ambas favoreceram o aumento da rede particular de educação de ensino superior e dos cursos de curta duração. [...] Essa segunda reforma acarretou a seguinte reforma no ensino superior: as faculdades e os cursos foram fragmentados em créditos; as “turmas” foram desfeitas; fragmentou-se o corpo docente de cada unidade universitária, transformando-o em pequenos grupos por Departamentos; expandiram-se os cursos de graduação de curta duração, sem aprofundamento de estudos e pesquisa, principalmente as licenciaturas, destinadas à formação de professores de ensino de 1º e 2º graus (atual ensino fundamental e médio). (Minguili et al, 2006, p.6, grifo nosso)

Conforme podemos ver acima, concluímos que no Brasil, as instituições de

ensino superior privado começaram a fazer contribuir em maior grau na formação

desse segmento, a partir da reforma de 1968, e ganhando um novo impulso com a

promulgação da LDB. Sendo assim, compreendemos o grande número de cursos

de graduação de curta duração que estão sendo criados a todo instante no ensino

superior privado. Tal fato apresenta vantagens e desvantagens, constantes do

Anexo

Tal reforma, ainda não foi à ideal, pois para que isso aconteça é premente

que toda a sociedade possa se fazer representar, através de maior inserção nas

universidades públicas das camadas mais desfavorecidas (porque são as

unidades de referência no ensino superior), e que os poderes do governo

(Executivo e Legislativo) possam trabalhar em conjunto a fim do Brasil poder ter

universidades públicas e privadas de qualidade, sem que haja um “mercantilismo

do saber” 6 conforme vemos nos dias de hoje, com criação a todo momento de

universidades privadas (algumas sem condição de ensinar adequadamente).

TRINDADE 7 nos alerta sobre isso quando fala:

6 Transformação do ensino em lucro desmedido, sem preocupação com o discente e o preparo do docente. 7 Professor-titular e ex-Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Coordenador do Centro Interdisciplinar de Pesquisa para o Desenvolvimento da Educação Superior.

13

De outro, através da expansão desordenada da educação superior privada para responder à demanda crescente por educação superior, com incentivo do próprio Estado através do ex-Conselho Federal de Educação e que atingiu o seu clímax durante o Governo FHC. Hoje, impõe-se uma reforma, através de uma política de Estado, que estabeleça um sistema nacional de educação superior; definindo sua hierarquia, a partir de universidades públicas de referência. A reforma precisaria atingir alguns objetivos macro-educacionais: reordenar as complexas relações entre o público e o privado enfrentando a banalização do conceito de universidade; assegurar a plena autonomia universitária às universidades federais; até garantir a qualidade acadêmica através de políticas de avaliação institucional que não se confundem com as políticas regulatórias que articulam as ações da SESu, INEP, CAPES e CNE. Para tanto é fundamental que o governo estabeleça, em articulação com o Legislativo, a comunidade universitária e suas entidades representativas – uma proposta de reforma que corresponda às ambições contidas no Programa de Governo de Lula: Uma Escola do Tamanho do Brasil que propõe novas políticas de educação superior que estejam associadas a um projeto de Nação compatível com os desafios da sociedade brasileira e às transformações científicas e tecnológicas do mundo contemporâneo. (2003, p.2-3, grifo nosso)

Tal opinião é ratificada quando lemos o texto abaixo:

Um efetivo projeto de reforma da educação superior deve prever e integrar um sistema de avaliação abrangente, isento e equânime no tratamento dos diferentes segmentos e instituições concernidos. Entendido exclusivamente como mecanismo de monitoramento e caução da qualidade e como instrumento orientador de gestão acadêmico-administrativa; deve estar orientado para a identificação dos pontos positivos e das fragilidades institucionais e ser capaz de oferecer caminhos para a correção de rumos. Entendida e realizada como acompanhamento crítico da trajetória institucional em todas as suas dimensões, como mensuração criteriosa do desempenho efetivo e do grau de sua adequação os planos de desenvolvimento estabelecidos, como diagnóstico do real cumprimento da missão que a instituição assume, a avaliação externa se configura como uma legítima tarefa de órgãos de Estado, e como instrumento privilegiado de promoção do nível de qualidade dos serviços educacionais oferecidos pelo sistema. (Trevisan et al, 2005, p135-136)

No cenário exposto concluímos que existe a necessidade de outra reforma

no sistema de ensino superior, bem como existem algumas diferenças nas

docências do ensino superior público e privado brasileiro.

14

Diante do exposto, nos concentraremos nas diferenças presentes nas

docências do ensino superior e privado que estudaremos nos tópicos a seguir.

1.1 Docência do Ensino Superior Público

É a de maior tradição no Brasil, devido a ser a primeira a ser criada. Possui

difícil acesso, por meio de concurso público de maior grau de complexidade, além

de serem em menor número. Por isso, teve como uma conseqüência o acesso a

essa instituição, em sua grande maioria, de indivíduos de maior classe social, pois

a dificuldade de acesso demanda um maior preparo para o exame. Preparo esse,

que demanda maiores recursos financeiros para gastar com escolas de melhor

nível de formação educacional, material didático, dentre outras necessidades.

Outra constatação é que a maioria das universidades públicas concentra-se

nas regiões de maior renda e desenvolvimento econômico. Conforme podemos

verificar através de MOROSINI:

Um outro fator da realidade brasileira condicionante da docência universitária é a distribuição das IES segundo as regiões da Federação. Pela Tabela 1, fica claro a alta concentração (59%) de instituições na Região Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais), seguida da Região Sul (14%), da Região Nordeste e da Centro-Oeste (11%). Baixo é o percentual de IES na Região Norte (4%). É óbvio que o desenvolvimento da região vai implicar um número maior de instituições, o predomínio de um determinado tipo de instituição, segundo a organização acadêmica, um maior desenvolvimento da função pesquisa, um maior número de pós-graduados, e assim por diante. Tal afirmativa pode ser vislumbrada na Tabela 2 e no Gráfico 2. (2000, p.15)

Apesar de haver escolas públicas, elas dependem de recursos do Estado, e

conseqüentemente de prioridade política dos governantes. Com os parcos

recursos destinados a esse setor, as referidas escolas começaram a perder

prestígio, bem como a qualidade do ensino, em todas as suas formas. O que faz

15

com que os alunos carentes, que não possam estudar em escolas de melhor

qualidade, tenham grande dificuldade em realizar os exames de ingresso a

universidade pública.

Neste contexto, conforme explicado anteriormente, como a universidade

revela a realidade da sociedade, concluímos que a docência do ensino superior

pública brasileira é composta em sua maioria por indivíduos de classe social mais

elevada. Formam-se dessa maneira, as elites intelectuais brasileiras, provenientes

da universidade pública. Fazendo, assim, com que tais universidades gozem de

prestigio e sejam o sonho da maioria dos estudantes brasileiros: “estudar em uma

universidade pública”. Porém, tal sonho como vimos é custoso, já que é fruto de

um investimento de longo tempo que deve ser feito pelos pais dos jovens

estudantes.

As universidades públicas possuem grande aprofundamento de estudos e

pesquisa, preparando os discentes de maneira adequada para a realidade do

mundo em que vivem, dando melhores ferramentas para efetuar transformações e

conquistas sociais. Por isso, que a maioria das pesquisas que resultam em

sucesso para a sociedade brasileira é proveniente de tais instituições, atraindo,

dessa forma, professores-pesquisadores de renome, composta de Doutores e

Mestres (o que por sinal é um dos requisitos para ser docente nessas instituições),

tendo assim um corpo docente de extrema qualidade, o que contribui

sobremaneira para o sucesso dos alunos na vida profissional, mantendo o nome

da instituição pública prestigiada. Daí vermos os grandes nomes da educação

serem oriundos da universidade pública. Todavia, em virtude da dependência de

recursos financeiros estatais, que infelizmente não têm atendido as expectativas

das universidades públicas, verifica-se uma preocupante diminuição da realização

de pesquisas nessas instituições e um aumento nas universidades privadas, de

acordo com o texto abaixo:

16

Via de regra, a maioria das pesquisas científicas é produzida nas instituições federais. Hoje, esta afirmação está tendendo a sofrer alterações, pelo alto investimento que as instituições particulares estão realizando para o desenvolvimento da atividade investigativa no seu cerne. Entretanto, a implantação da cultura da pesquisa na instituição não é uma ocorrência de fácil transformação, pois implica o desenvolvimento de massa crítica (e o período de formação é longo) ou a contratação de docentes com linhas de pesquisa já em desenvolvimento. Por outro lado, implica também a implantação de infra-estrutura necessária, o fomento ao desenvolvimento das atividades de pesquisa, desde a implantação de bolsas até o apoio a projetos, concessão de horas na carga horária do professor para a atividade de pesquisa, etc. (Morosini, 2000, p.14, grifo nosso)

Tal constatação nos permite inferir que o processo de formação do docente

da maioria das universidades públicas é de nível elevado, criando um círculo

virtuoso: “bons mestres e bons alunos”. Ainda mais, porque a maioria dos cursos

de pós-graduação, como Mestrado e Doutorado de maior prestígio são de

universidades públicas.

Apesar de toda tradição, dos recursos de pesquisa, do currículo escolar e

do gabarito do corpo docente, existe uma grande dependência dos recursos

provenientes do Estado e da prioridade política do governo no poder. Por isso,

vemos algumas universidades públicas sem recursos, outras caindo aos pedaços

e perdendo as condições de realização de pesquisas, perdendo professores

gabaritados, dentre outros “efeitos danosos” a educação pública. Porém, apesar

dessa afirmação, a universidade pública continua sendo o desejo da maioria dos

estudantes brasileiros.

A universidade pública por depender dos recursos do Estado, como já

dissemos, pode enfrentar outros problemas, que são os interesses de partidos

políticos que se encontram no poder. Sendo assim, elas devem possuir certa

autonomia para conduzirem os seus processos e métodos pedagógicos, além de

gerir os recursos conforme a sua política educacional. Referida afirmação pode

ser constatada através do discurso de CASTANHO:

17

Em termos gramscianos, a universidade, nesta concepção, quer a si própria como um órgão da sociedade civil, não da sociedade política A universidade deve ser mantida pelo Estado, mas preservar-se autônoma diante de seu poder. A universidade deve participar da vida pública, mas sem confundir-se com o poder público. A universidade deve pensar a realidade econômica, social e política do país e agir para sua transformação. Mas sem se confundir com uma agência de governo ou mesmo com um partido político. (2000, p. 3-4)

Concluímos que a docência do ensino superior pública brasileira, ainda

encontra-se representando a elite econômica e intelectual brasileira, mas que

devido à grande dependência dos recursos financeiros provenientes do Estado, e

que têm sido inferiores ao adequados à manutenção do “status quo”, encontramos

universidades públicas com situação material precária e com diminuição de

pesquisas. Porém, ainda possui um maior aprofundamento nos estudos e

pesquisa, continuando a ser o objeto de desejo da maioria dos estudantes

brasileiros, gozando de prestígio e qualidade. A vista disso, faz-se mister que os

governos invistam no ensino público, visando melhorar as oportunidades de

acesso a universidade pública por parte dos estudantes de menor renda familiar,

democratizando o saber e o conhecimento, bem como permitindo a manutenção

das excelentes instituições de ensino superior brasileiras, permitindo a

continuação das pesquisas, e mantendo os pesquisadores no Brasil (impedindo a

evasão dos mesmos para o exterior ou instituições privadas).

1.2 Docência do Ensino Superior Privado

Conforme estudamos anteriormente o ensino superior privado teve impulso

em duas épocas distintas, que coincidiram com as duas reformas no ensino,

realizadas em 1968 e 1996 (LDB). Porém, nos dias atuais, tal segmento de ensino

superior tem se multiplicado em número cada vez maior. Acreditamos que isso se

deveu as políticas neoliberais utilizadas pelo governo do ex-presidente Fernando

Henrique Cardoso, onde deveria haver um enxugamento dos gastos públicos em

18

detrimento do privado. Podemos verificar essa afirmação na citação abaixo de

CARDOSO 8:

Cunha (2000, p. 151-204) elabora uma análise bastante esclarecedora dos rumos do ensino superior no Brasil, tomando como fio condutor as permanências e rupturas do processo histórico. Merecem ênfase os dois processos em curso no campo do ensino superior, conforme apontados pelo autor: a privatização pari passu ao desgaste e crise da universidade pública, correlacionada à implementação do projeto político neoliberal, e a fragmentação institucional. Sobre as referidas articulações educação superior /universidade e projeto político neoliberal, Chauí (1999) oferece-nos, igualmente, uma importante contribuição, uma vez que discute os reflexos do 'encolhimento do espaço público e o alargamento do espaço privado' no que se refere às universidades brasileiras, gerando novas premissas para a educação superior que são informadas pelos imperativos do mercado. (2004, p.68)

O problema que isso acarreta é que se tem a impressão de estar

acontecendo um “mercantilismo do saber” (abordado anteriormente).

Verifica-se que a maioria das instituições de ensino superior privado tem

pouco aprofundamento de estudo e pesquisa 9. Tal afirmação pode ser verificada

através dos resultados do “Provão” 10. Porém, em relação à pesquisa temos

verificado que as referidas instituições visando melhorar o seu desempenho nas

inspeções do MEC têm aumentado os investimentos em laboratórios, bibliotecas e

outros tipos de infra-estruturas, bem como melhorando o nível do seu corpo

discente, dando preferência na contratação de professores Mestres e Doutores, o

8 Mestre em História -IFCS/UFRJ; Professora Assistente da Escola de Ciência da Educação da UniverCidade; Professora do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Docência Superior do ISEP; Professora de História do Colégio Pedro II; Professora do curso ARGUS Cultura preparatório para a Carreira Diplomática. 9 Existem exceções a essa regra como a PUC-RJ e outras entidades privadas de ensino superior reconhecidas nacionalmente. 10 Concebido para avaliar os conhecimentos adquiridos pelos alunos em fase de conclusão da graduação. Trata-se, em todos os casos, de métodos que avaliam resultados e por isso prestam-se à identificação de deficiências, à análise de desempenho e podem subsidiar planos de melhorias da qualidade do ensino. É importante também destacar que, enquanto métodos de avaliação de resultados, não é indicada a sua utilização para classificação de instituições, uma vez não são concebidos para atender a essa finalidade.

19

que permitirá o melhoramento do processo político-pedagógico 11 da instituição

privada.

Apesar de ser um ensino superior, o acesso a essas instituições ainda

carece de maior rigor, pois vemos alguns testes de ingresso pela internet sem

nenhum rigor acadêmico, onde ingressam indivíduos sem terem condições

adequadas de acompanhar os cursos superiores 12.

Outra constatação que verificamos, foi que o ensino superior privado

possibilita a realização de ingresso à faculdade pelos estudantes com menor

poder aquisitivo, de acordo com o que já discutimos em tópicos anteriores, mas

somente o ingresso não permite a concretização do sonho, pois devido às

condições econômicas vigentes, nem sempre os alunos conseguem manter as

suas mensalidades em dia, havendo, dessa forma, uma evasão e abandono das

universidades privadas devido à dificuldade de pagamento. PIRES 13 demonstra

essa lógica em seu texto, quando nos fala:

Enquanto isso... os limites do modelo adotado - atendimento da demanda crescente por instituições particulares de ensino superior - vão começando a aparecer. Amaral demonstra que o número de vagas ociosas começa a crescer nas universidades, faculdades e centros universitários privados, fruto da dificuldade de pagamento enfrentada pelas famílias. Dada a concentração de renda no Brasil, começa a esgotar-se o número de famílias que têm condições de sustentar um filho na universidade particular. (2004, p.3-4, grifo nosso)

As instituições privadas permitem aos estudantes que trabalham maior

facilidade para estudar no nível superior devido aos cursos ministrados no período

11 É a referência para o docente conduzir o discente pelas diferentes disciplinas do currículo. Na elaboração do mesmo faz-se mister uma visão dialética onde o planejamento do ensino seja executado e permanentemente avaliado visando à correção contínua das falhas, melhorando a docência. 12 Idem nota 10. 13 Economista, doutor em Educação e professor da UNIMEP.

20

noturno. Tal facilidade gera a oportunidade dos mesmos poderem se aprimorar e

de terem melhor desempenho e possibilidade de crescimento profissional.

TREVISAN et al (2005, p.142) nos mostra a realidade do que afirmamos quando

diz: “[...] o sistema privado que, por concentrar um alto percentual de cursos

noturnos, tem dado conta da oferta de formação superior a estudantes

trabalhadores”.

Concluímos que a docência do ensino superior privado precisa de maior

aprofundamento e pesquisa na maioria das instituições, devendo adequar o seu

processo pedagógico aos alunos que ingressam nas instituições, pois a maioria é

feito de trabalhadores e de alunos sem a capacidade adequada de acompanhar as

matérias. Porém, a constatação em relação à pesquisa tem diminuído com os

crescentes investimentos realizados por algumas instituições. Além disso, faz-se

necessário um maior rigor na admissão dos alunos, visando aumentar o prestígio

das referidas instituições, bem como permitindo ao discente acompanhar com

maior facilidade as matérias ministradas. Tal setor é muito importante ao aluno

trabalhador, pois permite que o mesmo possa ter oportunidade de acesso ao

ensino superior, devido aos horários noturnos. Sendo assim, apesar de toda

dificuldade que o aluno possa enfrentar, as instituições de ensino privado

possibilitam ao trabalhador e ao carente terem acesso ao ensino superior, o que

nem sempre é possível nas universidades de ensino público.

Conforme estudamos nos tópicos anteriores, podemos inferir que a

docência do ensino superior público e privado são importantes para a sociedade,

pois cada uma ao seu modo permite que os indivíduos tenham acesso ao ensino

superior. As universidades públicas possuem grande aprofundamento de estudos

e pesquisa, preparando os discentes de forma mais adequada para a realidade do

mundo em que vivem, através de um melhor processo político-pedagógico, dando

melhores ferramentas para efetuar transformações e conquistas sociais do que a

maioria das universidades privadas. Porém, algumas distorções devem ser

21

corrigidas, a fim de termos uma docência do ensino superior brasileira de

qualidade.

22

CAPÍTULO II

OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI PARA O ENSINO

SUPERIOR BRASILEIRO

O século XXI está sendo marcado pela globalização e a tecnologia fazendo

dessa forma com que as fronteiras entre os países sejam relativas, transformando

o mundo em uma grande comunidade, ou seja, uma sociedade multicultural, bem

como haja um grande e fácil acesso ao conhecimento e a informação. Sendo

assim, torna-se um grande desafio para o docente competir com a internet ou com

o “professor virtual” (site da Wikipédia, dentre outros sites), já que é possível

aprender por meio de figuras, às vezes animadas, sons, e outros recursos de

multimídia. Além disso, devido a tal processo tecnológico, as mudanças que

ocorrem no globo, atingem a toda população com grande velocidade, e o

educador deve estar sempre atento as mesmas visando acompanhar as

indagações dos discentes cada vez mais curiosos e informados. Com isso, o

docente deve estar capacitado a trabalhar esse dinamismo das mudanças e da

informação para que possa continuar mantendo o prazer e a necessidade do

discente em ir às aulas.

Neste contexto, a universidade, por ser uma instituição onde sempre primou

pela discussão dos problemas que atingem a sociedade, deve se adaptar para os

novos tempos. Tal adaptação requer transformações materiais, ou seja, os

recursos instrucionais, bem como por uma mudança de postura por parte de

alguns docentes do nível superior. DEMO já nos alertava para a importância de

uma transformação na universidade para enfrentar os desafios que o século XXI

apresenta, quando nos diz:

Para surpresa geral, Duderstadt começa citando Lincoln: “Os dogmas do passado sossegado são inadequados para o presente tempestuoso. A

23

ocasião está avassalada por dificuldades, e precisamos estar à altura da ocasião. Como nosso caso é desafio novo, assim precisamos pensar novo” (2000:3). Um dos traços marcantes desta figura emblemática fundadora da democracia norte-americana era, certamente, a percepção aguda por mudança e que já considerava tempestuosa. Quanto mais hoje! A universidade, entretanto, mesmo apresentando-se desde sempre como apta a ruminar processos bem burilados de tomada de decisão, o faz lentamente, quase parando. Com isto foi tornando-se entidade obsoleta, gastando seu discurso com resistências. Enquanto a sociedade afoga-se na imprevisibilidade, a universidade faz de conta que mudança é fenômeno apenas racional, seqüencial, linear, como querem métodos científicos tradicionalistas. (2005, p.4)

E ratificada por Trindade:

Agora, refletindo sobre os cenários do futuro, para além do mitológico século XXI, as análises sobre a ‘’globalização’’, ‘’sociedade do conhecimento’’ e o ‘’impacto das novas tecnologias’’ no campo da educação superior merecem ser avaliados. A complexidade da resposta decorre de uma aparente convergência no diagnóstico entre os especialistas e os novos documentos produzidos pelos organismos internacionais, inclusive a UNESCO e o Banco Mundial. (2003, p.5)

Vemos, então, como se faz importante e premente uma mudança na

universidade para o século XXI, mas será ela fácil? Acreditamos que não, pois

existe uma corrente tradicionalista, possuidora de renome na academia que ainda

não está receptiva para as transformações necessárias.

Apesar da resistência interna, citada acima, existem outros fatores como

recursos e políticas de educação do nível superior que devem ser debatidas pela

sociedade e pelos poderes do governo visando a estudar como implementar as

mudanças necessárias.

O ensino superior brasileiro enfrenta os mesmos problemas, e requer

algumas das medidas elencadas anteriormente, conforme podemos ver pela

citação de TRINDADE:

24

Primeiro, não haverá reforma possível sem uma estratégica negociação entre o Governo, o Legislativo e os outros atores do processo educacional brasileiro. Segundo, os estudos comparativos mostraram que a universidade é uma das instituições que mais resistem à mudança em geral, o que implica num debate político, pedagógico e mobilizador para que ela possa avançar. (2003, p. 1)

Porém, a realidade brasileira é um muito diferente dos países

desenvolvidos, pois possui uma desigualdade social muito grande, apesar dos

avanços conseguidos na economia que possibilitaram melhores chances as

camadas mais pobres de ter uma vida melhor. Todavia, algumas dessas camadas

sociais têm se organizado e reivindicado maiores chances de acesso ao nível

superior, como a estipulação de cotas para negros, porque de acordo com

algumas pesquisas, os mesmos são em menor número no nível universitário. Esse

fato poderá gerar um problema social maior, pois poderá aumentar a

discriminação dos negros, já que alguns alegarão que “só entraram porque tinham

cota, e não porque tinham capacidade”. A vista disso, o sistema de cotas para o

ensino superior brasileiro carece de maior debate e não pode ser alvo de políticas

eleitoreiras, mas permitir um acesso justo e merecido as camadas mais

desfavorecidas da sociedade brasileira.

A realidade dos nossos docentes é um pouco difícil para enfrentar o século

atual, pois devido aos baixos salários da maioria, possuem grande dificuldade

para se atualizarem (precisam de computador, acesso à internet, efetuar leitura,

realizarem cursos de pós-graduação etc) e dessa forma atender aos discentes da

“geração internet”. Tal dificuldade, por vezes, faz com que haja uma desmotivação

por parte do docente (dificuldade para argumentar com o discente, devido à

necessidade de acompanhar o que acontece no mundo, aliando a teoria com a

prática e as mudanças cada vez mais velozes e que nos atingem cada vez mais

rápido, propiciadas pela globalização) e do discente (devido a desatualização do

seu professor, sente-se frustrado por não ter a sua demanda por explicações

atendidas e por achar a internet mais agradável de aprender, achando dessa

maneira que é mais agradável aprender com o computador e com a televisão do

25

que em aula com o professor). Sendo assim, os docentes brasileiros possuem um

grande desafio a vencer, que é: apesar das dificuldades atuais, se deve evitar a

monotonia das aulas tradicionais fazendo com que as mesmas tornem-se

agradáveis para a geração discente do século XXI. Melhor dizendo, o docente

brasileiro tem que ser mais sedutor do que a mídia e despertar dessa forma a

atenção e o interesse do aluno, conforme podemos ver abaixo:

Duderstadt avalia que a paciência dos estudantes está se esgotando, face a nossas aulas. O desafio do futuro já não é encaixar-se em textos feitos (aulas), mas encarar textos a fazer. A arte de desconstruir interminavelmente o que se faz é mais decisivo do que o que se faz. “Já existem sinais de que a experiência inteira da sala de aula – isto é, a transmissão de conteúdos de conhecimento associados aos cursos – poderá logo ser embalada na mídia eletrônica como uma comodidade e distribuída a mercados de massa, muito similar aos atuais livros de textos” (Id.:83). Esquecemos ainda que a aprendizagem só pode ser colaborativa: não há como dominar conhecimento individualmente, nem haverá professor sábio universal. Haverá o “coach” – de estilo socrático, orienta provocativamente os alunos e tenta retirar deles (sentido etimológico de educar - e-ducere) o que têm de melhor e potencial. Será então parâmetro de avaliação do desempenho da universidade: garantir as habilidades fundamentais para dar conta do futuro incerto, aprender permanentemente, conviver com dúvida e incerteza, trabalhar colaborativamente, saber pensar. Perante isso, aula e prova são bizarras. De estudante para aprendiz, de professor para orientador. A universidade precisa tornar-se “comunidade de aprendizagem”, na qual prevaleça o caos criativo dos questionamentos formativos, não o fluxo de informação unidirecional. Morre, de vez, a simples transferência de informação: não precisamos de universidade para isso, pois a mídia o faz bem melhor. A nova universidade implica gama complexa de interações sociais, na qual o estudante interage não só com o professor, mas com outros estudantes, em ambiente ricamente diferenciado, inclusive livros. O papel da universidade e docentes é promover a formação de comunidades de aprendizagem, seja através de programas acadêmicos formais ou sociais, extracurriculares e atividades culturais, bem como virtuais. (DEMO, 2005, p.8)

Além disso, o docente do nível superior brasileiro compete com o ensino à

distância (EAD) ou educação virtual, onde a tecnologia (um dos desafios a vencer)

substitui a convivência do discente com os outros alunos e não permite uma

melhor interação com o docente, criando-se assim uma sociedade cada vez mais

26

virtual, porém facilita enormemente a vida do discente, principalmente o

trabalhador, conforme podemos ver abaixo:

A aprendizagem virtual pode acarretar vantagens fundamentais para os estudantes: poder aprender em qualquer hora e lugar; acomodar horários, principalmente quando se trabalha a semana toda; aprender em qualquer idade; aprender conforme ritmos e condições (mais depressa ou mais devagar); usar de modo inteligente tecnologias modernas. [...] educação virtual coloca em xeque a aula, em especial aquela que exige presença física do aluno, em grande parte porque a veiculação da informação se torna extremamente facilitada; aula para apenas informar é ociosa. O desafio está em construir ambientes adequados de aprendizagem, fundados em atividades autopoiéticas, não instrucionistas. (DEMO, 2005, p.21)

Com o aumento e melhora da qualidade desse método de ensino

tecnológico, cada vez globalizado (hoje em dia é possível um discente de nível

superior brasileiro cursar uma universidade estrangeira pela internet), o docente

do nível superior brasileiro encontra dificuldade em trabalhar, aumentando a

competição por emprego no setor.

Devido ao método de ensino à distância, além dos docentes, as

universidades brasileiras de curso presencial, também têm que se adaptar para

não perder alunos para o EAD, principalmente as públicas.

A população brasileira tem ficado cada vez mais longeva e a perspectiva

para o século XXI é a de que os idosos brasileiros tenham cada vez mais uma

melhor qualidade de vida, e temos observado que vários têm retornado aos

bancos escolares para realizarem sonhos de estudar e conseguir o diploma do

nível superior. Como tal segmento da população, devido ao seu número cada vez

maior, tem despertado o interesse do mercado, algumas universidades criaram um

segmento para eles, a “universidade da terceira idade”. Porém, mesmo que eles

cursem regularmente ou façam o curso citado anteriormente, a universidade

brasileira, seja pública ou privada deve se adaptar para o ingresso dos idosos em

cada vez maior número e isto requer alguns desafios como podemos ver abaixo:

27

O futuro também está nos idosos. Por ironia do destino, estamos chegando ao tempo em que os idosos serão o segmento não só mais populoso, como sobretudo importante da sociedade. De um lado, eles transpiram avanços tecnológicos cruciais que redundam, entre outras coisas, na longevidade. De outro, espera-se deles que mudem a sociedade, por conta de sua experiência e talvez sabedoria. Idéia charmosa é a “universidade da terceira idade”, tendo como fulcro maior iluminar este desafio do ponto de vista educacional, não do mercado. Do ponto de vista educacional, esta turma quer continuar aprendendo. Como aprendizagem deve ser feita a partir do aprendiz, o idoso coloca desafios novos e inovadores à universidade, entre eles: i) manter-se atualizado, em especial para comunicar-se com as novas gerações; ii) estudar de sorte a dar conta das novas tecnologias; iii) montar cursos mais flexíveis, em particular virtuais, através dos quais o idoso pode organizar sua aprendizagem como preferir; iv) aprender a envelhecer, tanto em sentido físico (alimentação, exercícios físicos, saúde, etc.), quanto em sentido espiritual (cuidar da alma); v) ser consultado e levado em conta em qualquer desenho do futuro da sociedade. Provavelmente, os idosos deverão ser disputados pelo mercado, já que expressam demandas promissoras, em particular em cidades onde o poder aquisitivo for elevado. Este horizonte é inevitável e, no capitalismo, óbvio. O papel da universidade é, precisamente, abrir horizontes alternativos, em primeiro lugar para atender às necessidades humanas dos idosos, e, em segundo lugar, para assumir inovações urgentes em sua estrutura educacional. Seria mais tranqüilo colocar em xeque dogmas acadêmicos vetustos como aulas, diplomas, hierarquias, títulos, teses e dissertações... (DEMO, 2005, p. 28, grifo nosso)

O estudado no capítulo anterior nos ajuda a concluir que o ensino superior

público brasileiro encontrará maiores dificuldades para se adequar na velocidade

necessária aos desafios do novo século, pois é mais dependente dos recursos e

das prioridades educacionais do Governo, além de possuir alguma resistência da

corrente tradicionalista, bem como de alguns “medalhões” 14. Ao passo que o

ensino superior privado, apesar de todas as dificuldades e deficiências estudadas,

apresenta maior perspectiva de sucesso, devido a poder gerir os seus próprios

recursos (autonomia), realizando cada vez mais investimentos em pesquisa e em

recursos tecnológicos, e por estar renovando o seu quadro de docentes, primando

por uma maior qualidade e qualificação dos mesmos.

14 Os Medalhões são os grandes nomes da Educação Brasileira.

28

Concluímos, também, que é necessária uma maior valorização do docente

permitindo com que o mesmo possa manter-se motivado e atualizado, seja

através da realização de cursos de atualização, seja por maior acesso as

informações, o que pode ser conseguido pelo pagamento de melhores salários e

por meio de programas de requalificação. Além disso, as universidades brasileiras

devem se adaptar ao novo século realizando adaptações materiais (maiores

recursos tecnológicos etc), de pessoal (docentes e funcionários mais preparados

para lidar com as transformações sociais mais rápidas, como o caso de maior

acesso das camadas mais pobres a universidade – realidades diferentes do

“status quo” 15, e dos idosos).

15 Estado atual das universidades em relação aos discentes, ou seja, os alunos de camadas mais favorecidas é que são a maioria nas universidades.

29

CAPÍTULO III

AS SUGESTÕES PARA ENFRENTAR OS NOVOS

DESAFIOS QUE ESTE SÉCULO IMPÕE

Conforme estudamos nos capítulos anteriores, vimos como são as

docências do ensino superior e privado brasileiras, o que nos ajudou a identificar

os desafios do século XXI para esse segmento de ensino. Sendo assim, através

do que foi analisado, este capítulo tentará elencar algumas sugestões para

enfrentar os novos desafios que este século impõe. Porém, certamente não

esgotará o assunto, mas acreditamos que serão as principais.

Começaremos pela sugestão de uma nova reforma no ensino superior,

onde possamos ter uma norma governamental que regulamente uma maior

autonomia financeira das universidades públicas brasileiras em gerir os seus

recursos, visando diminuir os efeitos das influências de partidos políticos na

maneira de aplicar os recursos destinados ao ensino superior público. Além disso,

tal procedimento poderá, também, permitir uma continuação da aplicação dos

recursos em investimentos que visem melhorar as condições das universidades

(laboratórios de pesquisa, material tecnológico, etc). Essa opinião também é

compartilhada por TREVISAN et al:

Consagrando um princípio há muito presente na legislação educacional brasileira, a Constituição Federal em seu artigo 207 estabelece que “As Universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial [...]”, preceito que é explicitado e detalhado pelos artigos 53 e 54 da LDB (BRASIL, 1996). As diferenças regionais do país, nos aspectos sociais, econômicos, culturais e educacionais e a diversidade das instituições de ensino superior, sejam públicas ou privadas, derivada de suas vocações, de seus objetivos e de seu empenho em refletir e atender às peculiaridades de sua área de influência implicam na adoção daquele postulado constitucional pelo sistema como um todo. Em que pese o caráter mandatório do preceito constitucional, bem como a fundamentação factual da pertinência do princípio, a autonomia do ente universitário ainda não teve plena

30

aplicação. Em primeiro lugar, e de modo geral, em razão de a legislação infraconstitucional, relativa à educação superior nacional, tender historicamente a regulamentar minuciosamente o funcionamento acadêmico e administrativo das instituições universitárias, tornando letra morta o dispositivo legal da autonomia. Em segundo lugar, e especificamente em relação às instituições públicas, pelo fato de nunca terem sido definidas e implementadas as medidas legais e orçamentárias destinadas a garantir a sua autonomia financeira, o que vem afetando seriamente a gestão das instituições públicas, em particular as Universidades Federais. (2005, p.135-136, grifo nosso).

Além disso, tal reforma deve dar maior oportunidade aos estudantes de

classes mais desfavorecidas para o ingresso nas universidades, sejam públicas ou

privadas, mas sem que haja privilégio concedido a alguém, ou seja, que seja

através do merecimento. A referida sugestão é a ideal, mas acreditamos que para

isso, será necessário, não somente reformar os ensinos superiores, mas, também,

o ensino fundamental e o nível médio.

Na reforma aludida deve haver um trabalho de convencimento com a

corrente docente tradicionalista (mudança de mentalidade) a fim de seja possível

realizar uma melhor adaptação/adequação dos docentes para educar os alunos da

geração tecnológica do mundo globalizado onde vivemos, pois conforme DEMO

(2005, p.23) nos diz:

Espera-se da universidade que possa entender as novas gerações e seus modos próprios de aprender. A universidade precisa adaptar-se, não esperar que os jovens tenham que retornar no tempo. (grifo nosso)

Além disso, acreditamos que uma metodologia de ensino dialógica e

eclética poderá permitir com que haja uma troca entre o educador e o educando,

fazendo dessa forma com que o vínculo entre o ensino e a aprendizagem seja

mais eficaz, contribuindo de sobremaneira para o desenvolvimento intelectual do

aluno e diminuindo a distância entre ambos, o que poderá possibilitar uma aula

31

mais interessante e motivante. Sendo assim, o estudo da pedagogia torna-se

fundamental, pois permite efetuar uma melhora no ato de ensinar e aprender o

que é ratificada pelas palavras de DEMO:

Por conta da importância, nesta quadra do novo milênio dito da aprendizagem e do conhecimento, da qualificação da população para a qualificação da democracia, pedagogia tornou-se o curso mais decisivo, enfeixando o emblema da lucidez da cidadania. [...] As licenciaturas não ficam atrás, não só porque expressam o instrucionismo avassalador das universidades, mas sobretudo porque não se comprometem com a formação dos alunos por falta, em grande parte, de formação pedagógica [...] Não há reforma universitária minimamente adequada se não colocar o dedo na ferida da baixíssima aprendizagem também na universidade. (2005, p. 26-27, grifo nosso)

Visando contribuir, também, para a diminuição da distância entre o docente

e o discente, em muito devido à metodologia tecnicista e arcaica utilizada pela

corrente tradicionalista, deve-se também trabalhar a afetividade 16 em sala de

aula. Sendo assim, o professor deve tornar-se humilde, aniquilar com o

absolutismo acadêmico 17 e para isto deve-se aceitar e se conscientizar que o

certo pode possuir mais de uma opção e que seu discente tem o direito de indagar

mesmo ele estando errado.

Dessa forma, é imprescindível uma maior qualificação dos docentes, onde

sugerimos a recomendação de que os mesmos façam a Pós-Graduação na

Docência do Ensino Superior ou tenham em seus currículos de formação matérias

sobre o assunto. Várias universidades atentas a essa necessidade disponibilizam

tal curso para os docentes interessados em se aperfeiçoar, como a Universidade

Cândido Mendes, Universidade Estácio de Sá, dentre outras. Tal sugestão visa

uma melhor preparação do docente para atuar no ambiente multicultural da

16 A afetividade aqui a qual nós nos referimos permeia a questão do respeito, da compreensão, da amizade e principalmente da humildade do docente perante o discente. 17 Definimos como absolutismo acadêmico como a arrogância do docente em lidar com o discente no tocante ao saber, ou seja, o docente por estar em uma posição academicamente superior utiliza de tal posição para ter autoridade e não ser contestado.

32

universidade, bem como lidar com uma audiência de maior maturidade e nível

crítico acadêmico. Ademais, deve-se aumentar a valorização do docente do

ensino superior proporcionando melhores condições de trabalho (melhores

recursos didáticos tecnológicos etc), melhores salários e programas de

requalificação (formação continuada).

As universidades devem se adaptar para a realidade da terceira idade, pois

várias pessoas idosas têm tido a oportunidade de completar os seus estudos, e

para tanto, várias reformas materiais devem ser estudadas e implementadas

(banheiros, acessibilidade etc). Algumas sugestões para melhorar a universidade

para esse público discente foram comentadas no capítulo anterior, quando

fizemos um estudo sobre esse desafio.

As diferenças entre as universidades públicas e privadas devem ser

minimizadas visando proporcionar uma formação do discente equalizada e justa,

fazendo, dessa maneira, com que os mesmos tenham maior possibilidade de

sucesso na vida profissional, já que a minimização das diferenças entre os

ensinos superiores público e privado poderá diminuir os preconceitos em relação

ao diploma da universidade onde o aluno foi formado (universidades tipo junk

education 18).

Concluímos, assim, que existe muita coisa a ser estudada e feita visando

possibilitar com que a universidade e o docente possam se adaptar aos novos

desafios que o século XXI impõe, como uma nova reforma no ensino superior,

minimização das diferenças entre as docências públicas e privadas, adaptação

para terceira idade, requalificação dos docentes, dentre outras. Porém tais

sugestões exigirão uma conscientização da problemática por parte de setores do

governo, das universidades públicas e privadas e da sociedade brasileira para que

os discentes possam ter uma docência do ensino superior de qualidade e que

18 Por junk education definimos como uma educação onde o mais importante seja a emissão do diploma e não conteúdo do aprendizado, ou seja, diploma oriundos de universidades que estejam mais preocupadas na obtenção de lucro econômico e que não têm comprometimento com a aprendizagem.

33

possibilite acesso a todas as camadas da sociedade formando o discente de

forma equalizada e justa.

34

CONCLUSÃO

Vimos no decorrer do nosso estudo quais eram as diferenças entre as

docências do ensino superior público e privado brasileira. Onde a primeira ainda

encontra-se representando a elite econômica e intelectual brasileira, mas que

devido à grande dependência dos recursos financeiros provenientes do Estado, e

que têm sido inferiores ao adequados à manutenção do “status quo”, encontramos

universidades públicas com situação material precária e com diminuição de

pesquisas. A vista disso, faz-se necessário que os governos invistam no ensino

público, visando melhorar as oportunidades de acesso a universidade pública por

parte dos estudantes de menor renda familiar, democratizando o saber e o

conhecimento, bem como permitindo a manutenção das excelentes instituições de

ensino superior brasileiras, permitindo a continuação das pesquisas, e mantendo

os pesquisadores no Brasil (impedindo a evasão dos mesmo para o exterior ou

instituições privadas). Já a docência do ensino superior privado precisa de maior

aprofundamento e pesquisa na maioria das instituições, devendo adequar o seu

processo pedagógico aos alunos que ingressam nas instituições, pois a maioria é

feita de trabalhadores e de alunos sem a capacidade adequada de acompanhar as

matérias. Nela faz-se necessário um maior rigor na admissão dos alunos, visando

aumentar o prestígio das referidas instituições, bem como permitindo ao discente

acompanhar com maior facilidade as matérias ministradas. Tal setor é muito

importante ao aluno trabalhador, pois permite que o mesmo possa ter

oportunidade de acesso ao ensino superior, devido aos horários noturnos.

Inferimos, dessa forma, que a docência do ensino superior público e privado são

importantes para a sociedade, pois cada uma ao seu modo permite que os

indivíduos tenham acesso ao ensino superior. Porém, os problemas apontados no

estudo devem ser solucionados, a fim de termos uma docência do ensino superior

brasileira de qualidade.

Como século XXI está sendo marcado pela globalização e pela tecnologia

fazendo dessa forma com que as fronteiras entre os países sejam relativas,

35

transformando o mundo em uma grande comunidade, ou seja, uma sociedade

multicultural, bem como haja um grande e fácil acesso ao conhecimento e a

informação, as mudanças que ocorrem no globo, atingem a toda população com

grande velocidade, e o educador deve estar sempre atento as mesmas visando

acompanhar as indagações dos discentes cada vez mais curiosos e informados. A

vista disso, concluímos que o ensino superior público brasileiro encontrará

maiores dificuldades para se adequar na velocidade necessária aos desafios do

novo século, pois é mais dependente dos recursos e das prioridades educacionais

do Governo, além de possuir alguma resistência da corrente tradicionalista, bem

como de alguns “medalhões”. Ao passo que o ensino superior privado, apesar de

todas as dificuldades e deficiências estudadas, apresenta maior perspectiva de

sucesso, devido a poder gerir os seus próprios recursos (autonomia), realizando

cada vez mais investimentos em pesquisa e em recursos tecnológicos, e por estar

renovando o seu quadro de docentes, primando por uma maior qualidade e

qualificação dos mesmos.

Concluímos, assim, que existe muita coisa a ser feita visando possibilitar

que a universidade e o docente possam se adaptar aos novos desafios que o

século XXI impõe, como uma nova reforma no ensino superior (maior autonomia

financeira das universidades públicas em gerir os seus recursos, maior

oportunidade aos estudantes de classes mais desfavorecidas para o ingresso nas

universidades, mudança da mentalidade da corrente docente tradicionalista etc),

uma maior qualificação dos docentes, onde recomendamos de que os mesmos

façam a Pós-Graduação na Docência do Ensino Superior ou tenham em seus

currículos de formação matérias sobre o assunto, trabalhar a afetividade em sala

de aula, adaptação para a realidade da terceira idade e que as diferenças entre as

universidades públicas e privadas sejam minimizadas. Porém, tais sugestões

exigirão uma conscientização da problemática por parte de setores do governo,

das universidades públicas e privadas e da sociedade para que os discentes

possam ter uma docência do ensino superior de qualidade e que possibilite

36

acesso a todas as camadas da sociedade formando o discente de forma

equalizada.

Portanto, com base nas considerações tecidas e nas análises efetuadas no

desenvolvimento da monografia, concluímos, em conformidade com o propósito

do trabalho, que a docência do ensino superior brasileira ainda não está

preparada esta nova realidade de mundo que o século atual nos impõe. Para

tanto, foram vislumbradas várias sugestões para enfrentar a nova realidade, mas

para que sejam eficazes faz-se mister que os órgãos competentes estudem o

assunto, através de um debate com os setores do governo competentes, além das

universidades públicas e privadas e da sociedade brasileira.

37

BIBLIOGRAFIA

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39

ANEXO

Tabela das vantagens e desvantagens dos cursos superiores das

instituições do ensino privado em relação ao ensino superior público.

Vantagens Desvantagens

Permite maior oportunidade de acesso

ao nível de ensino superior.

Pouco aprofundamento de estudos e

pesquisa.

Maior facilidade de conclusão do

curso por parte do discente (horário,

financiamentos etc).

Criação de cursos visando somente

lucro financeiro por parte da

instituição.

Formação de profissionais com pouca

qualidade.

40

ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

DOCÊNCIA DO ENSINO SUPERIOR PÚBLICO E PRIVADO NO BRASIL

10

10

CAPÍTULO II

OS DESAFIOS DO SÉCULO XXI PARA O ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO

22

22

1.1 Docência do Ensino Superior Público 14

1.2 Docência do Ensino Superior Privado 18

CAPÍTULO III

AS SUGESTÕES PARA ENFRENTAR OS NOVOS DESAFIOS QUE ESTE SÉCULO IMPÕE

29

29

CONCLUSÃO

34

BIBLIOGRAFIA

37

ANEXO

39

41

ÍNDICE

40