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A DOENÇA COMO CAMINHO Thorwald Dethlefsen e Rudiger Dahlke , Psicólogo e Médico, dizem no livro que escreveram A DOENÇA COMO CAMINHO, que este assunto aborrece algumas pessoas, pois destrói o álibi para seus problemas não resolvidos, que aparecem como doença. Ele se propõe a mostrar que o doente não é vítima inocente de alguma imperfeição da natureza, mas o autor de sua doença. Desse ponto de vista os sintomas podem ser considerados como formas físicas de expressão dos conflitos, e através de seu simbolismo, têm a capacidade de mostrar aos pacientes em que consistem seus problemas. Ele propõe uma visão nova da doença, que possibilita o sujeito descobrir o significado de seus sintomas, e assim chegar a se conhecer melhor. Ele diz que escreveu o livro, utilizando do tema da doença como uma alavanca para o debate de alguns temas esotéricos ou filosóficos, cujo âmbito ultrapassa bastante a esfera limitada da doença em si. Ele foi escrito para pessoas preparadas para seguir um caminho com uma visão nova da cura, como Ponto de Mutação em que o mal se deixa transformar em bem, e não ficar perdendo tempo com elucubrações mentais estéreis. CONDIÇÕES PRÉVIAS PARA A COMPREENSÃO DA DOENÇA E DA CURA A DOENÇA E OS SINTOMAS Um número crescente de pessoas confia muito mais nos métodos de cura natural sejam eles antigos ou modernos e na terapia homeopática, do que nos métodos científicos de nossa medicina ortodoxa, e apresentam uma profunda desconfiança da onipotência da medicina moderna. A ação da medicina moderna e ortodoxa se restringe a medidas puramente funcionais e são intervenções possíveis no âmbito material, em que espantosamente são competentes, mas tratam-se menos da preocupação com o que as pessoas fazem. A doença não é uma perturbação essencial, mas o caminho pelo qual o ser humano pode seguir rumo á sua cura, pois quanto maior a consciência com que enfrentamos o caminho, tanto melhor se cumprirão seus objetivos. A intenção não é combater a doença, e sim usá-la com mais profundidade. Há numerosos alvos para a crítica dos efeitos colaterais, do mascaramento dos sintomas, da ausência de tratamento humanitário, dos custos elevados e de vários outros, mas é o próprio fato do surgimento dessa crítica, que nos dá a vaga sensação de que o caminho escolhido não dá mais para a concretização do objetivo esperado, que é a cura dos sintomas. Alguns vêem a salvação numa socialização da medicina, outros acham que a quimioterapia deve ser trocada por remédios naturais ou à base de plantas, enquanto uns buscam a solução na pesquisa da radiação terrestre e outros afirmam que ela se encontra na homeopatia. Os acupunturistas e os reflexologistas enfatizam a necessidade do médico olhar além do campo morfológico, mas também o âmbito energético dos

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processos que ocorrem no corpo, e assim sendo, podemos falar de uma medicina holística sem perder de vista que o ser humano é um todo composto de corpo e alma. A grande especialização perdeu de vista a totalidade do ser, e está naufragando na carência de uma filosofia de uma alma interior, apegando-se a procedimentos médicos, que se orientaram unicamente pela funcionalidade e eficácia. A maioria dos críticos da medicina ortodoxa e defensores da medicina alternativa aceitam com absoluta naturalidade as metas da medicina ortodoxa e colocam toda sua energia na modificação de seus métodos. Esta abordagem é uma ousadia de dar um passo no programa que não faz parte da medicina moderna, e é dirigida á pessoas cuja possibilidade de percepção intuitiva as coloca um passo à frente do desenvolvimento coletivo. Para poder interpretar algo é preciso ter um quadro de referências, que vai ajudar a contemplar os temas de doença e cura não se limitando ao enquadramento científico, pois este se limita ao campo funcional, que impede que o significado e o sentido da doença fiquem claros. Portanto, esta abordagem não se dirige a racionalistas e materialistas, mas às pessoas dispostas a seguir uma trilha nem sempre lógica da consciência humana. Os pensamentos imaginativos, a fantasia, as associações, a ironia, e um bom ouvido são de grande ajuda para entender essa trilha, além de exigir a capacidade de aceitar os paradoxos e as ambivalências, sem sentir a necessidade de eliminar um dos pólos para que haja clareza. Doença e saúde são conceitos tão singulares, pois se referem a um estado das pessoas e não a órgãos ou partes do corpo. O corpo nunca está só doente ou só saudável, visto que nele se apresentam as expressões da consciência. O corpo deve seu funcionamento exatamente àquelas instâncias que denominamos consciência (alma) e vida (espírito). A consciência apresenta as informações que se manifestam no corpo e que se tornam visíveis, pois tudo que acontece no corpo é a expressão do padrão correspondente de informação, cuja origem é a própria consciência, que faz determinar no corpo várias funções, que se desenvolvem de maneira harmoniosa e recebe o nome de saúde, e se a função falha comprometendo a harmonia do todo trata-se então de doença. A doença significa a perda relativa da harmonia e depois a criação de uma espécie de sistema de equilíbrio na tentativa que o corpo faz, mostrando insensatez ao dizer que o corpo está doente e menosprezando o desequilíbrio da pessoa. (“Quando uma tragédia se apresenta no palco não é o palco que é trágico, mas a peça que é teatral”) Os sintomas são a expressão de um único fato que denominamos doença, e que sempre acontece na consciência do ser humano. Assim como o corpo não pode viver sem uma consciência, ele não pode ficar doente sem a consciência. O sintoma tem a intenção de fazer o elemento irritante desaparecer, então, é neste momento que aparece sua importância para descobrir o conflito e a luta deste ser humano, que não quer ser perturbado. Desde a época de Hipócrates o sintoma é considerado um fenômeno acidental, cuja origem deve ser procurada nos processos mecânicos do organismo, evitando assim interpretá-lo, e condenando-o ao exílio da ausência de significados, e com isso o sinal perde a sua verdadeira função e os sintomas se transformam em sinais sem significado. Exemplo do carro estragado com a luzinha piscando A função da lâmpada é agir como mero indicador, levando-nos a fazer perguntas que se equivalem ao sintoma.

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O sintoma é a expressão visível de um processo invisível, que deseja interromper o nosso caminho por meio de um sinal de advertência, indicando que alguma coisa não está em ordem, o que nos faz questionar os motivos subjacentes. E não é satisfatório zangar-se com o sintoma. Ele deve tornar-se supérfluo e não ser impedido de manifestar-se, mas para isso ele deve ser examinado com profundidade a fim de compreendermos para o que ele está apontando. Entretanto, a medicina acadêmica fica encantada com o sintoma e não consegue separar a forma do conteúdo, passando a tratar com grandes recursos e habilidade os órgãos e não o sujeito que está doente. Ela persegue a meta de ser capaz de eliminar todos os sintomas, sem procurar analisar com sobriedade a viabilidade do objetivo dele. É preciso argumentar sobre a grandeza e a dignidade da doença e da morte, e compreender que a doença é um estado do ser humano, que indica que a sua consciência não está mais em ordem ou harmonia, e essa perda de equilíbrio interior se manifesta no corpo como um sintoma. Sendo assim, ela é um sinal e um transmissor de informação, pois com seu aparecimento ela interrompe o fluxo da vida e obriga a prestar-lhe atenção. O sintoma avisa como seres humanos e seres anímicos que nós estamos doentes, e que o equilíbrio de nossas forças interiores está comprometido. O sintoma nos informa que está faltando alguma coisa, pois se nada lhe faltasse o sujeito estaria sadio, então, isto é a comprovação de que algo nos falta. Falta a consciência, e aparece o sintoma. Quando as pessoas entenderem a diferença de sintoma e doença, as suas atitudes e formas de abordar a doença se modificarão. Não verão o sintoma como um inimigo e seu objetivo de resistir-lhe deixará de ter razão, e em vez disso, descobrirão que o sintoma é um grande companheiro capaz de descobrir-lhe o que lhes falta, e desta maneira vencer a própria doença. Assim o sintoma se transforma em um bom professor, que nos ajuda em nosso esforço a nos desenvolvermos e tornarmos mais conscientes de nós próprios, pois a doença conhece um único objetivo, que é de nos tornarmos mais perfeitos. O sintoma pode nos dizer o que ainda nos falta no nosso caminho, mas isso pressupõe que entendamos a sua linguagem, a mesma que sempre existiu e não precisa ser descoberta, mas redescoberta, porque ela é psicossomática e está entre o corpo e a psique. Se conseguirmos decifrar esse duplo significado, logo poderemos ouvir o que os sintomas têm para nos dizer, pois para nós eles são parceiros muito íntimos, visto que nos pertencem totalmente, e são os únicos que, de fato, nos conhecem. Isso, certamente provoca uma honestidade nem sempre fácil de suportar, pois mesmo nossos melhores amigos não se atreveriam a nos atirar na cara a verdade nua sobre nós mesmos, como fazem os sintomas. Recusarmo-nos a ouvir e entender os sintomas não fará com que desapareçam, pois sempre somos forçados a nos ver com eles, e se ousarmos ouvi-los, faremos contato com eles e se tornarão mestres incorruptíveis a nos orientar no caminho da cura verdadeira. Na medida em que nos disserem o que nos falta, nos conscientizamos de assuntos que ainda temos que integrar em nós mesmos, e eles nos orientam por meio de aprendizagem e conscientização a oportunidade de os transformarem em algo de que não necessitamos mais. Está aí uma diferença em lutar contra a doença e transmutar a doença. A cura somente acontece pela transmutação da doença e nunca pela vitória sobre o

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sintoma, pois a cura pressupõe a compreensão de que o ser humano se tornou um todo mais sadio e mais perfeito, próximo daquela totalidade de consciência, que também chamamos de iluminação. A cura acontece através da incorporação daquilo que está faltando e, portanto, ela não é possível sem a expansão da consciência. Doença e cura são conceitos gêmeos, que somente têm importância para a consciência, e não se aplicam somente ao corpo. Um corpo não pode estar doente ou saudável, mas ele pode refletir todos os estados correspondentes e as condições da própria consciência. POLARIDADE E UNIDADE A compreensão da polaridade é um pressuposto indispensável a todos os processos mentais. A consciência divide e classifica tudo em pares de opostos, que quando somos forçados a encará-los, os consideramos conflitantes. Eles nos obrigam a estabelecer uma diferença, nos forçam a decidir, a fazer uma escolha. Nossa inteligência não faz outra coisa senão repartir a realidade em pedaços e escolher entre eles a possibilidade de decisão, mas assim a cada não e a cada exclusão, reforçamos a nossa não totalidade, pois para obtermos a totalidade nada pode faltar. A doença é a polaridade e a cura é a vitória sobre a polaridade, pois a unidade é o oposto da polaridade, que podemos buscar com alguns exercícios de meditação ou outros exercícios que nos ajudam a desenvolver essa habilidade de unir polaridades em nossa consciência. Na unidade não há conhecimento, somente SER. “E Jesus disse: quando de dois fizerdes um, e quando transformardes o interior em exterior e o exterior em interior; quando o superior for como o inferior, e quando fizerdes o masculino e o feminino uma só coisa, de tal forma que o masculino não seja masculino e o feminino não seja feminino; quando fizerdes olhos no lugar de um olho e uma mão no lugar de uma mão, e um pé no lugar de um pé, uma imagem no lugar de uma imagem, então entrareis no reino.” Evangelho de Tomé, Log. 22 As polaridades clássicas podem ser facilmente associadas aos resultados modernos da pesquisa científica. O hemisfério esquerdo é yang, masculino, ativo, consciente e corresponde ao símbolo do sol, e, portanto ao aspecto diurno da pessoa. O hemisfério esquerdo tem seus nervos conectados com o lado direito do corpo, e é o lado masculino e ativo do ser humano. O hemisfério direito é Yin, negativo, feminino, correspondente ao princípio lunar e noturno da individualidade, ou ao inconsciente que está devidamente ligado ao lado esquerdo do corpo. Não é difícil ver como uma pessoa seria não sadia se possuísse apenas um dos dois hemisférios, mas a atual visão do mundo leva em conta apenas um lado esquerdo do cérebro. Tudo tem que ser racional, razoável e analiticamente palpável deste ponto de vista, negando os outros lados insensatos, místicos, ocultistas que são nada mais do que maneiras opostas e complementares, que os seres humanos têm de ver o mundo, considerados sem uma função lógica, que causou conflito sobre o seu sentido e finalidade. Entretanto, a própria natureza do homem dá muito mais valor ás habilidades da metade direita ou irracional do cérebro, quando se trata de contextos que ponham

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em risco a vida humana, visto que procedimentos racionais e analíticos não são capazes de enfrentar as situações de perigo. EXEMPLOS Porem, se o lado direito estiver no comando, teremos a oportunidade de agir com a calma e competência graças ao modo abrangente de percepção. O significado da teoria dos hemisférios está no fato de como a visão de mundo estava sendo parcial, e no fato de oferecer a oportunidade de ver como esse outro lado do mundo é válido e necessário, e como os dois pólos se complementam, necessitando um do outro como condição básica de existência. Todos os caminhos da cura nada mais são do que um único caminho, que leva da polaridade à unidade, entretanto, o passo da polaridade para a unidade representa uma mudança tão radical em termos de qualidade, que é difícil, se não impossível, uma consciência polarizada imaginá-lo. Todos os sistemas metafísicos, religiosos ou esotéricos ensinam exatamente este caminho da polaridade para a unidade, que são criticados e considerados alienados e egoístas, pois são interessados apenas na salvação egoísta de seus próprios seguidores, considerando-os como escapismo. Esses mal entendidos vêm de longa data e o próprio Jesus ensinou esse caminho único que leva da dualidade à unidade, e nem ele foi inteiramente compreendido pelos seus próprios discípulos, quando ele chamava o mundo da unidade de “reino dos céus.” Esse caminho provoca medo, pois conduz ao sofrimento e á angustia. Somente se pode vencer o mundo aceitando-se o que ele oferece, portanto, o sofrimento pode ser anulado através da aceitação. Os ensinamentos metafísicos não nos ensina a fugir do mundo, mas adotar práticas de transcendê-lo, ou seja, transcender a polaridade, renunciando ao ego, e adquirindo a compreensão de que o mundo material em que vivemos, somente adquire significado na medida em que descobrimos um ponto de referencia além de si mesmo. Ou seja, a finalidade de uma escada é a de nos servir para subirmos nela, e a escola e o aprendizado só adquirem sentido, quando há algum ponto de referência exterior à escola. A vida atual está se tornando sem sentido para muitos, pois perderam esse ponto de referência metafísico, e o único passo que pode nos livrar desse desconforto é a percepção intuitiva de que dentro dos laços de polaridade, não há absoluto, e, portanto, não há bem ou mal, certo ou errado. Toda avaliação radical depende da perspectiva de quem o vê e de seu ponto de vista pessoal, que nos afunda cada vez mais em opostos irreconciliáveis. A única solução possível está no terceiro ponto, a partir do qual todas as alternativas, possibilidades e polaridades podem ser vistas como certas e erradas, boas e más, visto serem partes de uma unidade, e foi por isso, que enfatizamos tanto o fato de que cada pólo da existência tira sua vida do outro, quando vimos a lei da polaridade. Assim como a inspiração vive da expiração, também o bem vive do mal, e a paz vive da guerra como a saúde vive da doença. Portanto, se nosso objetivo é atingir a unidade, ou seja, aquela que contem dentro de si todas as polaridades, nenhum de nós poderá considerar-se sadio ou íntegro, enquanto excluirmos algo de nossa consciência, e a saúde e a integridade não será ainda possível. E sendo assim, nada há a modificar ou melhorar a não ser o nosso próprio modo de ver as coisas. A evolução é o resultado de acontecimentos e iniciativas, e não enxergamos que ela nada mais é do que a concretização de um padrão constante e subjacente, que nos faz mais conscientes daquilo que sempre existiu.

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O conteúdo e a história de um livro estão contidos nele durante o tempo todo, mas o leitor só poderá conhecê-los pouco a pouco à medida que o for lendo. E assim, ele se revela passo a passo ao leitor, embora tenha existido há muito como um livro completo. Não é o mundo que se modifica; o que acontece é que as pessoas manifestam em si mesmas os vários e sucessivos níveis e aspectos do mundo. A sabedoria, a perfeição e a consciência significam a habilidade de ver e reconhecer a totalidade da vida, com toda a sua validade e equilíbrio, e para reconhecer a ordem é preciso que ele esteja em ordem. Para obter essa ordem é necessária a desmistificação de formas, para que a unidade se manifeste á medida em que cada pólo for compensado por seu pólo contrário. Ou seja, temos de aprender a ver simultaneamente o pólo oposto, cada vez que fizermos a observação de um pólo, e nossa visão precisa mover-se como um pêndulo, a fim de evitar unilateralidades, que nos impedem de ter uma percepção intuitiva das coisas. A SOMBRA Toda identificação que se apóia numa decisão deixa pólos de fora, porem, tudo aquilo que nós não queremos ser, tudo que não desejamos encontrar dentro de nós, tudo o que não queremos ser e viver e não queremos deixar participar de nossa identificação forma a nossa sombra. A rejeição da metade de todas as possibilidades não as faz de forma alguma desaparecer, mas sim, apenas as exclui da identificação pessoal ou da identificação efetuada pela mente consciente. O “não” na verdade fez desaparecer de nossa vida um dos pólos, mas nem por isso nos livramos dele, e ele continua vivendo na sombra de nossa consciência. Com o termo sombra, conceito desenvolvido por C.G. Jung, designa a soma de todos os âmbitos rejeitados da realidade, que o homem não quer ver em si mesmo ou nos outros, e que permanecem inconscientes. Elas se tornam o maior perigo para o homem, pois eles a têm sem conhecê-las e sem saber que existe. É a sombra, que providencia para que todos os nossos esforços se transformem realmente em seus opostos. Todas as manifestações de sua sombra são projetadas pelo homem no mal anônimo, que existe no mundo, porque ele tem medo de descobrir a verdadeira fonte de seus males dentro de si mesmo. Tudo que o ser humano não quer e não deseja ter provém de sua própria sombra, e a recusa em não aceitar isso na realidade e vivê-la, não leva exatamente ao sucesso esperado. Na maior parte das vezes acontece a projeção, pois assim que recusamos determinado princípio e o banimos, ele gera medo e rejeição em nós, quando o encontramos de novo no assim chamado mundo exterior. A lei da ressonância afirma que somente podemos entrar em contato com aquilo que nós mesmos vibramos, o que leva à conclusão, de que o mundo exterior e o mundo interior são idênticos. A projeção, portanto, significa que usamos uma metade de todos os princípios que constituem o “lado de fora”, porque não os queremos aceitar como estando “ dentro de nós”.

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Ao rejeitar a parte da nossa realidade começamos a lutar contra os princípios, que nos parecem ver de fora com a mesma paixão com que nos empenhamos em brigar com os que vêm de dentro, e lançamos uma tentativa de purgar o mundo desses aspectos que consideramos negativos, mas como isso é impossível, considerando a lei das polaridades, essa tentativa se transforma numa ocupação de tempo integral, que fará com que nos ocupemos de modo intenso com a parte rejeitada da nossa realidade. Assim o ser humano se ocupa mais com aquilo que ele não quer, e ao fazê-lo, aproxima-se tanto mais com aquilo que ele não quer. A rejeição de qualquer princípio assegura que a pessoa viva esse mesmo princípio. O fato de evitarmos inteiramente qualquer aspecto da realidade indica de fato, que ele apresenta um problema para nós. As áreas de experiência mais interessantes e importantes para nós são exatamente aquelas às quais estamos sempre resistindo e evitando, pois são elas que faltam para a nossa consciência e nos impedem de sermos “saudáveis” Somente, podem nos perturbar os princípios que forem capazes de nos atingir “de fora” pela razão de não os termos podido integrar “dentro de nós”. Não existe um meio ambiente que nos modela, nos influencia e nos faz ficar doentes, mas ao contrário, o mundo exterior serve como um espelho em que tudo o que vemos somos nós mesmos, especialmente a nossa sombra. O mesmo acontece com o nosso corpo físico, pois somente o vemos em determinadas partes, e somente com um espelho que pode mostrar vários aspectos que poderemos ver melhor, o que acontece com a psique, para a qual somos parcialmente cegos, e somente podemos captar sua parte que nos é invisível, através de sua projeção ou reflexo no ambiente denominado mundo exterior. O reflexo só tem finalidade para quem de fato se reconhecer no espelho. As pessoas deste mundo que não reconhecerem, que tudo o que sentem nada mais é do que eles mesmos, estão fadadas a viver numa teia de decepções e ilusão, e sempre teremos de nos despertar se quisermos ver mais além da ilusão. A sombra é tudo aquilo que desejamos expurgar do mundo, para que ele seja bom e íntegro. É a sombra que nos torna doentes e não saudáveis. É a nossa sombra que nos fere, e por si mesmo ela é incapaz de se curar, pois não ousamos tentar descobrir a verdadeira causa de nosso ferimento. A sombra nos deixa doentes, e o encontro com a sombra nos faz curar. E essa é a chave para entendermos a doença e a cura, pois todo sintoma é um aspecto da sombra, que se precipitou no corpo físico. É no sintoma que se manifesta aquilo que nos falta. É no sintoma que o sujeito vive aquilo que ele não quis tomar consciência. O sintoma usa o corpo como um instrumento para fazer a pessoa tornar-se outra vez um todo. Trata-se do princípio da Complementação, que cuida para que não se perca a totalidade. Se uma pessoa se recusa a viver um princípio em sua consciência, esse princípio desce para o nível do corpo e aparece como um sintoma, e a pessoa é obrigada a viver a despeito de tudo e manifestar o princípio que a própria rejeitou. É assim que o sintoma providencia a totalidade do organismo do individuo, pois ele é o substituto físico do que falta à alma. O sintoma mostra na realidade aquilo que falta ao paciente, pois ele é o próprio princípio ausente, que ora é revelado pelo corpo de uma forma material visível. Não é de admirar que detestemos os nossos sintomas, visto que são eles que nos obrigam a expressar justamente os princípios que mais tencionamos não expor.

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Assim, continuamos a combater os sintomas, sem aproveitar a oportunidade que representam de servir à nossa cura, pois eles nos permitem entender e enxergar aqueles aspectos psíquicos, que de outro modo nunca descobriríamos existir dentro de nós mesmos, já que vivem na sombra. Nosso corpo é o espelho de nossa alma. A sombra torna o homem desonesto. Ele sempre acredita ser aquilo com que se identifica, que tal como ele se vê, que é uma forma de avaliação desonesta de si mesmo. Sermos honestos acerca de nós mesmos é um dos maiores desafios que temos de enfrentar, e é por isso que o autoconhecimento tem sido considerado a missão mais difícil e importante, por todos que estão em busca da verdade. Conhecer a si mesmo não significa descobrir o eu, mas, sim, o self, visto que este é oniabrangente, enquanto o eu divide e define constantemente a totalidade, impedindo-nos de conhecer o todo que compõe o self. Nos sintomas da doença vivemos aquilo que sempre banimos da psique e que queremos ocultar. A doença nos torna honestos e impiedosamente, traz á tona os abismos daquilo que vínhamos tentando ocultar. Essa honestidade involuntária também é a base para a simpatia e a dedicação, que se manifestam diante das pessoas doentes. A honestidade faz com que o doente seja simpático, pois ela compensa todas as unilateralidades e traz o doente ao centro, desaparecendo as manipulações do ego inflado e sua pretensão de poder, com suas ilusões destruídas, os caminhos da vida são questionados. Por meio do corpo todo sintoma força o ser humano, apesar de esforços contrários, a manifestar alguns dos princípios que, deliberadamente, havia optado por não viver, e isso restabelece o equilíbrio. O sintoma torna visível o que o sujeito reprime. BEM E MAL Quando constatamos que a doença é a ação da sombra, ela deve sua existência à sua indecisão entre o bem e o mal, entre o certo e o errado. A sombra contém tudo que o homem classificou como mal, e por esse motivo que também a sombra tem que ser má. Por esta razão os homens acham justificável lutar por questão de ética e moralidade, contra a sombra para eliminá-la. A análise sobre a lei da polaridade nos fez chegar à conclusão de que o bem e o mal são dois aspectos de uma mesma unidade, e que, portanto, dependem um do outro para existir, pois o bem vive do mal e o mal vive do bem, e todo aquele que alimentar o bem, estará talvez sem ter consciência disso, alimentando o mal. O pecado do ser humano está no fato de ter se apartado da unidade. Então, pecado é a incapacidade de acertar o alvo ou o símbolo da unidade, que é inatingível para a humanidade, pois não tem localização definitiva e muito menos uma extensão. A consciência polarizada é a incapaz de acertar o alvo e encontrar a unidade, e isso é um pecado. Pecar é sinônimo de polarizar-se. Os homens se vêem diante de uma consciência polarizada, pois eles são pecadores. Essa polaridade obriga-os a seguir o caminho em meio ao mundo de opostos até aprender a integrar tudo o que precisa para se tornar perfeitos.

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A salvação do pecado é obter a unidade, mas é impossível alcançá-la, evitando justamente parte da realidade. É isso que torna o caminho da cura tão difícil, pois precisamos passar pela culpa a fim de chegarmos lá. Jesus mostra isso ao dizer no sermão da montanha: “Quem de vós sem pecado, que atire a primeira pedra”, contestando os fariseus, que diziam que a salvação pode ser obtida se seguirmos os mandamentos e evitarmos o mal. A verdade sempre irrita e não importa por quem seja dita, porque ela destrói as ilusões com que nosso eu vive tentando se salvar. A verdade é dura, cortante e pouco propícia aos devaneios e ao auto-engano moral. Nossa percepção depende de dois pólos para funcionar, no entanto, não devemos nos limitar ao seu antagonismo mútuo, e sim usar sua tensão como fonte de energia e poder no caminho da unidade. O caminho da unidade exige mais do que simplesmente fugir ou olhar para o lado, exige que nos tornemos mais conscientes da polaridade, que existe nas coisas sem ter medo de passar pelos conflitos inerentes à natureza humana. Somente assim poderemos desenvolver a habilidade de unificar os opostos de nós mesmos. O desafio não é evitar os conflitos, mas permitirmos as vivências deles. Portanto, é necessário estar sempre questionando nossos sistemas de valores, e reconhecer que o segredo do mal está, em última análise, no fato de que ele na verdade nem sequer existe. A salvação dos homens somente pode ser encontrada na unidade, que serve para a nossa consciência. Olhar para as coisas é a grande fórmula mágica do caminho para o autoconhecimento. O mero fato de observar modifica a qualidade daquilo que está sendo observado, pois esse ato traz luz ou consciência para a escuridão. Os homens desejam mudar tudo, e não compreendem que a única coisa que se exige deles é a capacidade de observação, e aceitação do jeito que está. A imparcialidade é a única postura que nos permite observar os fenômenos aparentes sem avaliá-los, o que não podemos confundir com indiferença. Os opostos nunca se unirão por si mesmos, e temos que vê-los em ação, antes de começar a aceitá-los, e somente assim torna-se possível descobrir aquele ponto central de onde encontrar a missão de uni-los. O melhor a fazer é enfrentar os desafios da vida com consciência, coragem e sem medo, pois, é unicamente a consciência que pode nos permitir observar tudo o que fazemos, e que pode assegurar-nos o êxito em nossa busca. Quando descobrimos a nossa lei interior ela nos livra de todas as outras. A lei mais interior de cada pessoa é a obrigação de descobrir o seu verdadeiro centro e de concretizá-lo, ou seja, tornar-se uno com tudo que existe. O amor não conhece fronteiras, não conhece obstáculos e o amor transmuta. Enquanto o amor for seletivo, não será verdadeiro, pois o amor não separa. Amem o mau e ele será redimido. O SER HUMANO ESTÁ DOENTE A medicina convencional vê a doença como uma perturbação indesejada do estado natural de saúde e tenta fazer o distúrbio desaparecer tão rápido quanto possível, como também acha que sua principal missão é impedir que a doença tome conta das pessoas até o ponto de eliminá-la de vez.

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Para os autores do livro a doença é muito mais que uma disfunção natural, ela faz parte do sistema de controle total que no momento se destina a estimular a nossa evolução. A doença é a revelação do fato de que somos pecadores e culpados ou de que não estamos bem. Isto significa que enquanto participarmos da polaridade também participamos da culpa, da doença e da morte, e assim que aceitarmos esses fatos eles deixam de ter quaisquer conotações negativas.O que os torna nossos inimigos mortais é o mero fato de nos recusarmos a admiti-los e o fato de insistirmos em julgá-los e em opor-lhes resistência. O homem está doente porque lhe falta unidade.. O homem vive do seu ego que está sempre faminto de poder, apresentando-se sempre com os mais novos disfarces, e quanto mais capazes e competentes formos, mais nos tornaremos vulneráveis às doenças. Assim, aqueles que estão preparados para suportar a compreensão de que a doença, e a morte são companhias fieis da vida, acabam de descobrir que essa constatação não concretiza a desesperança, mas sim é a revelação de que são amigas que nos ajudarão encontrar o caminho verdadeiro e saudável. Muito poucos de nossos amigos são tão honestos conosco, ou dispostos a expor todos os movimentos de nossas manobras do ego, a ponto de fazer olhar para nossos defeitos, ou enxergar a nossa sombra, pois os consideraríamos inimigos se o fizessem. O mesmo acontece com a doença. Ela é honesta demais conosco para que lhe dediquemos amor e atenção. Nossa vaidade nos torna cegos, entretanto nossos sintomas nos obrigam a ser sinceros. Sua presença nos mostra aquilo que nos faz falta e recusamos trazer para a luz, o que fica na sombra e quer se manifestar bloqueando com nossa unilateralidade. “ Prevenir é melhor que remediar”, o que significa que submeter-se voluntariamente, é melhor antes que a doença nos obrigue a fazê-lo. A doença é o ponto de mutação em que um mal se deixa transformar em bem. Temos que em vez de resistir, ouvir e ver o que a doença tem para nos dizer. Como pacientes temos que ouvir a nós próprios e estabelecer contatos com nossos sintomas, para podermos captar as mensagens deles. Precisamos questionar nossas suposições e nossos pontos de vista acerca de nossas personalidades, e precisamos aceitar conscientemente cada um dos sintomas como um professor, que deseja nos ensinar algo sobre a nossa forma física. Precisamos tornar o sintoma supérfluo, na medida em que permitimos que ele faça entrar na nossa consciência aquilo que nos falta. A cura está sempre associada a uma ampliação da consciência e a um amadurecimento pessoal. Se um sintoma apareceu no corpo, porque parte da sombra aí se precipitou, e a cura é a inversão desse processo, na medida em que torna consciente o princípio por trás do sintoma, e assim ele simplesmente desaparece do corpo físico. MÉTODO DO QUESTIONAMENTO PROFUNDO É uma maneira de ver e de pensar que permite ao interessado observar as suas doenças e as do próximo com novos olhos, e com interpretações pessoais, que vão Além dos planos filosóficos e científicos.

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A CAUSALIDADE NA MEDICINA Tanto a medicina acadêmica como a natural, a psicologia e a sociologia se esforçam para pesquisar as verdadeiras e reais causas dos sintomas das doenças. Talvez o façam por desejar trazer cura ao mundo, através da eliminação de sintomas. Em conseqüência disso procuram causas nos micróbios, na poluição ambiental. Nos eventos traumáticos da infância, ou nos métodos severos de educação, e ainda nas condições do ambiente de trabalho. Nada e nem ninguém está livre de ser apontado como causa de alguma doença. Mas eles acham que a busca das causas das doenças não passa do principal beco sem saída da medicina e da psicologia. É claro que vai se descobrir sempre causas, enquanto as procurarmos, entretanto, a crença no conceito de causalidade nos impede de ver, que as causas nada mais são do que resultado de nossas próprias expectativas. Todo fenômeno é determinado pelo passado e pelo futuro, e a doença não constitui exceção. Por trás de todo sintoma existe uma finalidade, um conteúdo, que apenas se utiliza das possibilidades disponíveis no momento para se tornar visível de forma palpável. Por conseguinte, uma doença pode ter a causa que preferir. Nesse ponto fracassa o método da medicina ortodoxa que crê na remoção das causas da doença tornando-a inviável, e não calcula que a doença é tão flexível que pode procurar e encontrar novas causas para continuar existindo. É importante deixar claro que não está sendo eliminada a existência dos processos materiais descritos pela medicina, entretanto, eles combatem que esses processos não sejam as únicas causas das doenças. Todo sintoma é interpretável e não há exceção, e não se justifica a doença aceitando o modelo de causalidade da psicossomática, que se orienta no passado da pessoa. Para eles não interessam as coisas do passado, e todas são importantes e numerosas, mas igualmente sem importância nessa perspectiva nova de que o ser humano possui uma essência independente do tempo, que precisa concretizar e tornar consciente que é o padrão interior transcendente de si mesmo, que é o caminho da totalidade. O ser humano precisa de tempo para encontrar essa totalidade que é o caminho da evolução. A evolução é a compreensão consciente de um padrão sempre presente de coisas, que não queremos ver, que já denominamos de sombra. No sintoma da doença a sombra manifesta a sua presença e se concretiza. Ao analisarmos o significado de um sintoma, o quadro obtido nos revelará algum aspecto do nosso próprio caráter. Se pesquisarmos o nosso passado, naturalmente encontraremos outra vez as mais diversas formas de expressão desse caráter, pois trata-se de causas e efeitos de um passado. O doente é o primeiro a transformar as condições em causas das doenças, mas as circunstâncias exteriores não tornam ninguém doente. O doente é ao mesmo tempo o malfeitor e a vítima, e ele sofre apenas devido à própria inconsciência, e somente a pessoa iluminada não tem mais sombra e não se adoece. Exemplo: As tintas e a tela não produzem um quadro, e nós o usamos como ferramentas para criar a pintura. A primeira regra importante que eles colocam para lidar com a interpretação dos sintomas é: ignore todas as relações causais aparentes no nível funcional, quando interpretar algum sintoma, pois estas serão encontradas e ninguém nega a sua existência, mas não servem de substituto para a interpretação. Nós interpretamos o sintoma apenas em sua manifestação qualitativa e subjetiva. Para tanto é irrelevante quais cadeias causais contribuíram para produzir os sintomas, sejam elas fisiológicas, químicas,

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neurais, ou qualquer outra. Para reconhecer os conteúdos é importante que haja apenas uma coisa: sua existência e não o motivo de sua existência. A QUALIDADE TEMPORAL DA SINTOMATOLOGIA O ponto exato no tempo em que o sintoma aparece pode nos dar informações importantes sobre a área problemática na qual ele se manifesta daquela maneira. Todos os elementos sincrônicos devem ser considerados, e devem ser considerados também todos os processos exteriores e interiores, pois os acontecimentos que consideramos sem significado e sem importância eram os únicos fatos significativos, visto que o sintoma é a manifestação de algo que está reprimido. Para isso necessitamos de certa prática e de uma boa dose de honestidade para com nós mesmos. A segunda regra está na análise com precisão do momento em que surgiu o sintoma, lembrando da situação de vida, pensamentos, fantasias e sonhos, acontecimentos e notícias que recebeu, pois tudo isso favorece naturalmente o sintoma. ANALOGIA E SIMBOLISMO DOS SINTOMAS É necessário desenvolver um relacionamento íntimo com a linguagem, e aprender a ouvir com consciência o que as pessoas dizem. A língua é um meio grandioso de ajuda para se perceber as interligações profundas e invisíveis, já que possui uma sabedoria própria que apenas se revela a quem sabe ouvir. O ouvido para a língua depende tão pouco de aprendizado como o ouvido musical, no entanto, ambos podem ser treinados. Toda experiência e toda a ampliação da percepção precisa ser feita através do corpo. É impossível integrar conscientemente qualquer princípio, antes que ele se manifeste de forma física. Nosso corpo nos envolve demais numa relação que impõe medo, mas sem essa relação também não teríamos ligação com o princípio. Essa linha de raciocínio leva ainda ao conhecimento de que o homem não pode ser protegido das doenças. A doença torna as pessoas honestas e em todos os casos o corpo precisa viver aquilo que a pessoa envolvida nunca se permitiria ou confessaria desejar viver em sua psique. Assim sendo, ninguém confessa que não gostaria de estar na própria pele, isto é, que gostaria de ultrapassar todos os limites habituais, e o desejo inconsciente se concretiza no corpo e utiliza de um comichão como sintoma, a fim de tornar esse desejo consciente. Tendo ele como causa da doença o paciente se atreve de repente a dar voz ao seu desejo. Se alguém não deseja estar na própria pele, isso quer dizer que essa pessoa deseja romper os limites e ultrapassá-los. Todos os conteúdos psicológicos têm suas contrapartidas corporais e vice versa. Os sintomas são corporificações de aspectos de nossa sombra, que tentamos rejeitar, e ficamos felizes com todos eles que revelam o aspecto consciente de nossa psique, que defendemos como expressões de nossa personalidade. A velha e controvertida questão acerca do limite entre a doença e a saúde, entre o que é normal e anormal, só pode ser resolvida mediante avaliações subjetivas, e somente a observação pode nos ajudar a nos tornar conscientes, com a paz que possibilita o surgimento de algo novo. Nem a insistente perseguição do objetivo, nem a resistência

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nos aproximam de nossas metas, e enquanto estivermos interpretando os sintomas nós acharmos que nossa interpretação é maldosa ou negativa, isto é sinal de que a auto-imagem ainda está prejudicada. Durante todo o tempo que qualquer impulso se mantém oculto na sombra, ele desaparece de nossa consciência, e é essa a principal razão porque se torna tão perigoso São as habilidades do hemisfério cerebral direito que se tornam mais necessárias para trazer à luz os sintomas da doença. A terceira regra é abstrair o acontecimento sintomático formulando-o em termos de um princípio, e transferir esse modelo para o plano psíquico, Muitas vezes, ouvir o modo como as coisas são ditas pode servir de chave para entender o fato de nossa linguagem ser psicossomática. AS CONSEQUÊNCIAS FORÇADAS Uma mudança de comportamento imposta pelo sintoma é uma correção, e portanto deve ser levado a serio, e nós achamos importante permitir que o distúrbio perturbe mesmo. O sintoma impõe o pólo não vivido e devemos prestar atenção a isso e de forma voluntária renunciar ao que nos foi retirado com o sintoma. A doença significa uma crise que é sinônima de desenvolvimento, e toda tentativa de obter outra vez o status precedente à doença representa uma ingenuidade ou uma tolice, pois a doença quer levar o enfermo adiante para situações desconhecidas e somente quando seguimos esse chamado de forma voluntária e consciente daremos significado à crise. A quarta regra é fazer perguntas como O que o sintoma me impede de fazer?Ao que me obriga o sintoma? Isso me leva ao tema central da doença. O SIGNIFICADO COMUM DE SINTOMAS CONTRADITÓRIOS Todos os temas têm a oportunidade de se manifestarem através de sintomas aparentemente opostos. Ao falar sobre polaridade, já vimos que por trás de cada par de opostos existe uma unidade. Qualquer extremo indica que há algum problema. Um determinado problema pode se expressar em diferentes órgãos e de diferentes maneiras. Sem dúvida é fato que um problema pode ser vencido do ponto de vista funcional, ou pode ser impedido por medidas preventivas, no entanto ele pode optar por outra forma de concretização apoiando-se num processo de mudança de sintomas. NIVEIS DE ESCALA Um sintoma concretiza no corpo aquilo que falta à consciência, entretanto esse processo não resolve o problema em definitivo, pois a consciência do ser humano continua incompleta até que ele integre sua sombra.

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Nesse processo o sintoma físico é um dinamismo necessário, mas nunca a solução, e somente o homem pode aprender, amadurecer, ter experiências e vivê-las em sua consciência, mas o trabalho de percepção e elaboração acontece na consciência. O corpo é um meio para que ocorram as experiências de dor, e nem sequer é obrigatório como nas dores fantasmas. Todo princípio arquetípico tem de se tornar denso no corpo físico, e aparecer de forma material para que o homem de fato o experimente e compreenda. No caso de uma doença um sintoma não resolve o problema no plano corporal, mas é apenas o pressuposto de uma etapa de aprendizado. Qualquer coisa que aconteça no corpo enseja-nos a oportunidade de uma vivência, mas o quanto essa experiência penetrará na nossa consciência, não pode ser previsto no caso de cada pessoa. Todo sintoma pode oferecer tanto um desafio, como uma oportunidade de descobrir e entender o problema latente, e enquanto não fizermos isso ficaremos na projeção e o desafio continuará a existir como se tornará mais exigente, cobrando cada vez mais a compreensão do problema. O que começa com uma suave provocação pode se transformar numa pressão insuportável que é denominado por nós como níveis de escala. ’’ Quanto maior for nossa resistência, tanto maior será a pressão exercida pelo sintoma. ESCALA: SETE NIVEIS: Expressão psíquica (idéias, desejos, fantasias) Distúrbios funcionais Distúrbios físicos agudos (inflamações, ferimentos, pequenos acidentes) Distúrbios crônicos Processos incuráveis, modificação de órgãos e câncer Morte Deformações congênitas e perturbações de nascença ( Karma ) Antes que o problema se manifeste co corpo como sintoma ele aparece na psique como tema, desejo, idéia ou fantasia. Quanto mais receptiva for a pessoa a seus impulsos inconscientes e quanto mais estiver disposta a providenciar espaço para esses impulsos tanto mais repleta de energia será sua vida. Mas se ela adota preceitos muito rígidos não pode aceitar que se manifestem esses impulsos. A pessoa rígida acaba por se transformar no continente de auto-repressão em que os impulsos são reprimidos e contidos ela continua a viver como se esses problemas não existissem. Isso leva ao primeiro nível da escala, que é o sintoma que aparece muito leve, mas que se manifesta de alguma forma. Até mesmo os impulsos psíquicos exigem uma transmutação, ou seja, desejam adquirir vida real, descendo ao nível físico. Portanto, se não permitirmos essa transformação de livre e espontânea vontade, ele acontecerá de qualquer forma em um sintoma de distúrbio funcional, e com os quais se aprende a conviver com certa resistência inicial. E quem deixar de atender esse apelo urgente para mudar recebe um lembrete constante que serve de companhia durante anos que acabam em doenças crônicas com mudanças físicas irreversíveis, que passam a denominar-se de doenças incuráveis.

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Mais cedo ou mais tarde essas doenças levam à morte, que pode ser curada através da obtenção da Unidade. Para ele o que não foi entendido na hora da morte é levado como problema de consciência para a outra encarnação, o que faz entender as malformações congênitas e doenças infantis, facilitando e ampliando o nosso campo de visão. Usar essa teoria apenas para empurrar as causas de eventos presentes ainda mais para o passado é fazer o uso inadequado da mesma. Para o nosso assunto é bom entender que embora venhamos ao mundo com um corpo novo, voltamos com uma consciência velha, pois o estado de consciência que trazemos é o que aprendemos em outras vidas. Ou seja, os problemas não são criados nesta vida, eles apenas agora só se retornam visíveis. As crianças estão em mais contato íntimo com o inconsciente, e não têm medo de expressar com mais espontaneidade os impulsos quando eles surgem, na medida em que os adultos sábios o permitirem. Mas à medida que crescemos estagnamos em nossas mentiras pessoais, aumentando gradativamente a distância que nos separa do nosso inconsciente. CEGUEIRA PESSOAL Cada um deve se preocupar com os próprios problemas, pois somos cegos quanto ao que acontece na nossa própria casa. Afinal um sintoma é o sinal vivo de um princípio que está ausente em nossa consciência, e que exige um trabalho consciente e um confronto consigo mesmo para aprender o que o sintoma pretende ensinar. É bom ter um amigo ou terapeuta ao qual recorrer, com coragem de descrever francamente as fraquezas que nota em sua personalidade e ouvir as criticas e as opiniões de nossos inimigos, pois, eles quase sempre têm razão. REGRA BÁSICA: SE A CARAPUÇA SERVIR, USE-A. RESUMO DA TEORIA A consciência humana é polarizada. Isso possibilita, por um lado, a capacidade de auto percepção, e por outro lado, nos torna imperfeitos e incompletos. O ser humano está doente. A doença é uma expressão da sua imperfeição e, dentro da polaridade, é um acontecimento inevitável. A doença humana manifesta-se através dos sintomas. Os sintomas são as partes da sombra da nossa consciência, que se precipitam em forma física. Como microcosmo, o homem contém em estado latente, na sua consciência, todos os princípios do macrocosmo. Em virtude de sua capacidade de discriminação, o ser humano sempre se identifica apenas com a metade de todos os princípios, e a outra metade é relegada à sombra que foge à consciência. Qualquer princípio não vivido na consciência insiste no seu direito á vida, através dos sintomas físicos. Com nossos sintomas somos forçados a viver e a concretizar aquelas coisas que não pretendíamos realizar. O sintoma torna as pessoas mais honestas!

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Como sintoma, o ser humano tem aquilo que lhe faz falta na consciência. A cura somente é possível na medida em que nos conscientizamos dos aspectos ocultos de nós mesmos, que formam a nossa sombra, e na medida em que o integramos. Assim que descobrimos o que nos falta, o sintoma se torna supérfluo. O objetivo da cura é a unicidade e a totalidade. O ser humano é perfeito quando descobre seu verdadeiro self e se torna uno com tudo que existe. A doença obriga o ser humano a permanecer na trilha rumo à unidade e por isso: “A DOENÇA É UM CAMINHO PARA A PERFEIÇÃO”. Resumo de uma parte do livro - A Doença como Caminho. Maria da Graça Lima Reis Psicóloga Clinica – Instituto de Psicologia da Universidade Católica de Minas Gerais Formação em Análise Bioenergética pelo IIBA – International Institute for Bioenergetic Analysis