A Economia da Biosfera Limites naturais estimulam a ... · inovação social e seu impacto sobre...

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$ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ $ A Economia da Biosfera Limites naturais estimulam a criatividade, a inovação e o crescimento

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A Economia da BiosferaLimites naturais estimulam acriatividade, a inovação e ocrescimento

Prefácios

Sumário executivo

Introdução

Quatro tendências críticas

1 Liderança empresarial

2 Mercados e finanças

3 Operações e cadeias de valor

4 Inovação inspirada na natureza

Agenda para a segunda década

Agenda empresarial

Agenda do mercado financeiro

Agenda governamental

Exceto onde definido de outra forma,todos os valores monetários nessedocumento foram expressos emdólares norte-americanos.

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Volans atua sobre a agenda global deinovação social e seu impacto sobrecompanhias e mercados. Trabalhaglobalmente com empresários, empresas,investidores, governos e empreendedoressociais para desenvolver e levar à escalasoluções inovadoras para os desafiosfinanceiros, sociais, ambientais e degovernabilidade. O Volans Innovation Labdesenha e implementa métodos decolaboração entre setores e desenvolveprojetos de pesquisa e inovação social, entreeles este relatório, e tem como objetivoidentificar, mapear e eliminar as barreiras queretardam o dimensionamento de soluçõesinovadoras para os desafios enfrentados pelahumanidade. www.volans.com

O B4E é um Encontro Mundial de Negóciospara o Meio-Ambiente, a conferênciainternacional mais importante do mundo emtorno de diálogos e ações focadas emnegócios para o meio-ambiente. O encontrode cúpula tem como tema os mais urgentesdesafios ambientais que o mundo enfrentahoje. Tópicos-chave na agenda incluem aeficiência dos recursos, energias renováveis,novos modelos de negócios e políticas eestratégias em relação ao clima.www.b4esummit.com

O Tellus Mater Foundation é um fundo deinvestimento social com enfoque em temas deliderança, que financia a prática de soluçõespara um futuro com baixa emissão decarbono. Seus investimentos buscamdesenvolver soluções inovadoras que ajudema conduzir as instituições políticas,econômicas e financeiras em uma direção desegurança climática. www.tellusmater.org.uk

Para mais informações sobre este projeto,acesse: www.biosphereeconomy.com

Prefácio da Global Initiatives

Começamos a observar uma conexão críticaentre as alterações globais do clima, ofuncionamento da biosfera e a economia.Esta interconexão terá um impactoeconômico crescente entre os mercados decommodities por trás do desmatamento, ounaqueles que contribuem para as emissõesde carbono. À medida que estes vínculos setornam cada vez mais aparentes e aescassez de recursos aumenta, os líderesempresariais e investidores estarão entre osprimeiros a perceber os riscos de negóciosem longo prazo associados com a erosão docapital natural.

Orgulhamo-nos de nossa parceria com aVolans para auxiliá-la a moldar esta novaagenda, proporcionando a oportunidadepara que líderes empresariais transformem acrise planetária em oportunidades. Sualiderança empresarial e inovação podemestimular que os governos realizem asprofundas mudanças que são necessárias, eque são descritas aqui.

Este relatório mostra como os CEOs eexecutivos seniores das maiores empresasdo mundo podem unir-se a liderançasgovernamentais, órgãos internacionais eONGs para encontrar novas soluções paraestes desafios. Isto ainda é, em grandeparte, território inexplorado, mas a Volansdelineia uma agenda que oferece àcomunidade empresarial uma plataformasólida para a ação.

Prefácio da Tellus Mater Foundation

A economia contemporânea falha ao nãolevar em conta o valor da natureza e osserviços que ela fornece, como adisponibilidade de água potável, ar limpo oua polinização de plantações. Empresas comuma visão de longo prazo compreendem suadependência dos recursos naturais paraproduzir bens e serviços. A economia dofuturo vai incorporar os meios de administraro capital natural a um valor adequado. Paraisto será necessário um redesenho dosfundamentos mais básicos do mercado,desde a valoração das empresas por partedos investidores, até a estrutura dacontabilidade nacional feita pelos governos,criando uma mudança sistêmica na formaem que negócios, mercados e economiasvaloram o capital natural.

Neste relatório, a Volans explora asperspectivas desta ‘Economia da Biosfera’ e relembra aos líderes empresariais nãoapenas sobre os níveis de risco semprecedentes que ora enfrentamos na medidaem que ultrapassamos as fronteirasplanetárias, como também sobre asoportunidades de liderança que estãodisponíveis para que os inovadores,investidores e governos possam trabalharjuntos, catalisando a mudança. A TellusMater tem a satisfação de apoiar a Volans,um agente dinâmico no âmbito dos negóciose da inovação social, conforme esta revelaem sua agenda de liderança. Chamandoatenção àquelas oportunidades de inovaçãoe fornecendo uma plataforma de açãoconvincente como etapas essenciais emdireção a uma maior sustentabilidade.

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Tony GourlayCEO,Global Initiatives

Jessica Brown Diretora,Tellus Mater Foundation

Há quase 200 anos atrás, ThomasNewcomen construiu o primeiro motor avapor comercialmente viável do mundopara bombear água de minas de carvãoprofundas. No processo, ele acabouproporcionando à humanidade as chavespara os recursos de combustível fóssil daTerra, um evento que por sua vezfomentou a Revolução Industrial. Desdeaquele primeiro momento, o mundonatural iniciou seu recuo, igualmentedesvalorizado por economistas,contadores, engenheiros e políticos.Agora, no entanto, uma nova revoluçãoestá em andamento, mais uma vezimpulsionada pelas restrições de recursos— porém, desta vez, tendo oseconomistas e contadores como líderesda mudança, ao lado de ativistas,engenheiros, cientistas, liderançasempresariais e, eventualmente, a classepolítica.

Um exemplo é Pavan Sukhdev, ex-diretor da Divisão de Mercados do Deutsche Bank,que em 2010 divulgará os resultados doestudo ‘A Economia dos Ecossistemas e daBiodiversidade’ (TEEB).1 O foco de seutrabalho — e de um crescente número deeconomistas — é a criação, nas próximasdécadas, do que chamaremos aqui de‘Economia da Biosfera’. A evidência sugereque ela exercerá impactos tão profundosquanto a Revolução Industrial, com a diferençafundamental de que desta vez a economiaestará trabalhando alinhada com a biosfera, ao invés de contra ela.

A Economia da BiosferaSumário executivo

Sumário executivo

“Estamos construindo uma nova bússola econômica para orientar as decisões políticas, a fim de alterar as estruturas dos incentivos, reduzir ou eliminargradualmente os subsídios perversos e engajar os líderesempresarias numa visão que reconheça o valor dosserviços da natureza e os custos de sua perda.” Pavan SukhdevAutor principal do relatório TEEB e Consultor Especial &Liderança para o Green Economy Initiative, da UNEP

O valor financeiro que está em jogo éatordoante — e as oportunidades que deverãoser criadas com esta mudança de foco noatual paradigma de mercado sãoimpressionantes. A análise do TEEB, porexemplo, conclui que a degradação dosecossistemas e da biodiversidade da Terradevido ao desmatamento resulta em um custoem capital natural em torno de $1,9 e $4,5trilhões de dólares a cada ano.

Novas reflexões começam a surgir a partir davanguarda da ciência. Hoje compreendemos,por exemplo, que as florestas tropicaisfuncionam como bombas de água potável. AAmazônia gera e bombeia para a atmosferacerca de 8 trilhões de toneladas de água porano, alimentando um cinturão aéreo de vaporde água que conecta as florestas tropicais emtodo o mundo. Descobrimos que sedevastarmos a Amazônia, a precipitação dechuvas diminuirá desde a América do Sul até oTibete (e este é só um exemplo), gerandoescassez de água no Brasil, onde o setor defornecimento de energia possui umadependência de 70% na energia hidrelétrica.

A conservação da Amazônia, portanto, não éapenas assunto para conservacionistas, masum tema estratégico para empresas cujasoperações perfazem um trilhão de dólares naindústria da agropecuária no sul do Brasil eArgentina. Os argumentos econômicos emfavor de investimentos em serviçosecossistêmicos prometem ser maismotivadores para as lideranças empresariaisdo que os apelos emocionais para se protegera biodiversidade.

Aqui entra a Economia da Biosfera, um futuroonde tanto os negócios quanto a políticapassam cada vez mais a levar em conta ocapital natural e as novas formas relacionadasde entender o valor econômico, removendo aslacunas entre os recursos criados pelo homeme a infra-estrutura ecológica da natureza quesustenta nossas economias e sociedades.

Em todo o mundo, uma crescente gama deinovadores vem experimentando com aspossíveis soluções – desde cientistas quedesenvolvem índices de investimentos paraempresas até empresas de tecnologia queestão criando mecanismos para monitorar oestado da biosfera. Planejamos mapear earregimentar um número cada vez maiordestes inovadores e empreendedores,ajudando a criar uma conexão cruzada entreeles e com o mundo dos negócios e finanças,bem como com os agentes do setor públicocom os quais devem envolver-se agora.

As quatro tendências de negócios focadasneste curto resumo — relacionadas aliderança, finanças, operações e inovação —estão moldando uma agenda para líderesempresariais. Como um primeiro passo nonosso trabalho, temos a grande satisfação deestar arregimentando lideranças dos setoresprivado, público e civil no Encontro Mundial deNegócios para o Meio-Ambiente (B4E) 2010na Coréia. É tentador dizer que este é umdesafio compartilhado, bem como umaoportunidade conjunta — mas a históriasugere que alguns setores irão reconhecer opotencial de mercado de tudo isto bem antesde outros. Quem serão os ‘Bill Gates’ dosserviços ecossistêmicos?

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John ElkingtonCo-Fundador e Presidente Executivo,Volans

Alejandro LitovskyDiretor do Innovation Lab,Volans

Seja bem-vindo à Economia da Biosfera.O que se segue é um informe econômicosobre uma das indústrias que maisprosperarão nas próximas décadas: osserviços ecossistêmicos. O relatório sebaseia no trabalho que está sendorealizado pela Volans, apoiado pela TellusMater Foundation, e foi projetado para sera uma agenda de ações para o setorempresarial ao redor do mundo.

Nossa espécie já atingiu os limites do equilíbrioda natureza em diferentes pontos de suahistória, com civilizações inteiras às vezesentrando em colapso neste processo. Porém,estamos vivenciando pela primeira vez emnosso processo evolutivo uma situação emque alguns dos limites que enfrentamos sãode escala planetária. As soluções tambémprecisarão ser desenvolvidas e implementadasna mesma escala.

Uma nova revolução está em curso, mais umavez fomentada pela escassez de recursos —porém, desta vez, com economistas econtadores liderando o movimento ao lado deativistas, engenheiros, cientistas, liderançasempresariais e, eventualmente, políticos. Nóschamamos esta revolução de ‘Economia daBiosfera’. E as evidências sugerem que estaserá tão profunda nos seus impactos quantofoi a Revolução Industrial, com a diferençafundamental de que desta vez a economiaestará trabalhando alinhada com a biosfera aoinvés de contra ela.

O valor financeiro em jogo é atordoante. Asperdas econômicas globais devido àdegradação dos ecossistemas ebiodiversidade da Terra decorrente dodesmatamento já resultam em um custo emcapital natural em torno de $1,9 e $4,5 trilhõesa cada ano. A resultante perda de capitalnatural nos atinge mais diretamente através daperda dos serviços-chave que ela fornece,incluindo o controle da temperatura e daumidade, o fornecimento de água potável, apolinização de plantações e proteção contraeventos climáticos extremos.2

A Economia da BiosferaIntrodução

Introdução

Por outro lado, as oportunidades de mercadoque deverão ser criadas pela mudança doparadigma de mercado atual provavelmenteserão tão extraordinárias quanto aquelas.

Desde a Revolução Industrial, o mundo naturaliniciou seu recuo, desvalorizado poreconomistas, contadores, engenheiros epolíticos. Em parte devido às pressõesdemográficas e em parte devido ao fato deque a economia global já se encontradeficitária em termos ecológicos — exigindomais capital natural do que o planeta é capazde gerar em um ano, minando o equilíbrioecológico que sustenta toda atividade humana— o desafio para as lideranças emergentessignificará alinhar as prioridades tanto dapopulação como as sociais, econômicas erelativas à biosfera de modo a impulsionarnovas formas de valor e crescimento.

Esta Economia da Biosfera propõe umafastamento da concepção de que serviçosambientais são ‘intangíveis’ para as empresas,tais como provisão de água, a fertilidade dosolo e ar limpo produzidos naturalmente, paraum conjunto de temas tangíveis voltados paraas empresas. À medida que se tangibilizam osvalores do capital natural,serão transformadasquestões que hoje são vistas simplesmentecomo ‘externalidades’: poluição,desmatamento e degradação de recursosnaturais, para uma reconsideração dosmecanismos de valoração dos mercados decapital e das próprias empresas.

À medida que aumenta a compreensãocientífica do valor dos ecossistemas e dabiodiversidade — valor que até recentementefoi considerado como garantido ousimplesmente descartado da equação —,testemunhamos um interesse crescente ematribuir um valor monetário aos serviços-chaveque os ecossistemas fornecem. Por exemplo,no caso das florestas, os serviços incluem ocontrole de enchentes e da precipitaçãopluvial, criando mecanismos pelos quaispagamentos e investimentos correspondentesa tal valor possam ser feitos, com odesenvolvimento de negócios que irãoalavancar novas formas de valor de mercado.

Estimativas sobre o valor de produtosagrícolas certificados sugerem que o valordeste setor do mercado dos serviçosecossistêmicos por si só poderia crescer de$42 milhões de dólares em 2005 para emtorno de $97 bilhões em 2012 (supondo umataxa de crescimento anual de 15%) e depoispossivelmente aumentando 10 vezes para$900 bilhões até 2025 (supondo uma taxa decrescimento anual de 5% de 2020 a 2050.3

Reações dos executivos empresariais 4

Então, como os principais tomadores dedecisão do mundo empresarial vêem tudoisto? Uma coisa é clara: os serviçosecossistêmicos, quando vistos com este olharvoltado para negócios, prometem ser muitomais motivadores para muitos líderesempresariais do que os apelos emocionaispara a proteção da biodiversidade.

Como Mikkel Kallesoe do ConselhoEmpresarial Mundial para o DesenvolvimentoSustentável (WBCSD) nos contou: “O conceitodos serviços é mais tangível para os negóciosdo que a biodiversidade. Estamos falando deágua potável, polinização das plantações,fibras e controle de erosão. Estas unidades seencaixam com outras informações em ummodelo de negócios e em um processo deprodução. Veremos uma mudança profundano trato com assuntos ambientais comodesafios de gerenciamento de risco até odesenvolvimento de novas oportunidades denegócios através do reconhecimento dadependência de uma empresa sobre osecossistemas.” 5

Então, o que queremos dizer quando nosreferimos aos serviços fornecidos pelanatureza? E quais são as implicações de tudoisso para os negócios? Para começar aresponder a estas perguntas, vamos tomarduas ilustrações do estudo feito pelaPricewaterhouseCoopers (PwC) para o FórumEconômico Mundial (WEF), publicado no iníciode 2010.

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—A Syngenta lidou com a ameaça crescentepara as safras da agricultura devido a umdeclínio nas populações de insetospolinizadores com a sua ‘OperaçãoPolinização’, criada para dar apoio afazendeiros na transformação de terrasmarginais em habitat para polinizadoresnaturais.

—A Vittel (da Nestlé Waters) respondeu àcontaminação de aquíferos pelos nitratosempregados na agropecuária através deuma compensação proporcionada aosfazendeiros que reduzirem seu uso denitrogênio — e, crucialmente, apoiando-osconforme converterem suas práticas parauma agricultura mais sustentável. Conformea PwC observou: “A Vittel gastou $32milhões nos primeiros sete anos doprograma, uma quantia modesta secomparada com os custos de encerramentoe realocação de uma planta industrial, ou dodano à marca, como aconteceu comalgumas empresas concorrentes.” 6

Porém, quanto disto fica registrado nas salasde diretoria corporativa do mundo atual? Aresposta parece ser: muito pouco — excetonos casos em que as empresas dependemdiretamente de produtos e serviçosecossistêmicos que estejam ameaçados ousejam controversos para obter sua licença deoperação, faturamento e/ou lucratividade.

No início de 2010, os CEOs das 29 empresasglobais envolvidas com o WBCSD — incluindoa Alcoa, Boeing, Syngenta, Sony, E.ON,Procter & Gamble, Duke Energy, Toyota,Infosys e a Volkswagen — divulgaram suaVisão 2050. Eles desenharam o futuro no qualos preços de mercado refletirão com precisãoo custo ecológico dos negócios. Com otempo, é provável que nos tornemos muitomais conscientes da nossa dependência, porexemplo, dos ciclos de carbono e hidrológicose até dos menos óbvios serviços depolinização fornecidos pelas abelhas e outrosinsetos.7

A maioria dos diretores gerais, financeiros eoperacionais estiveram ocupados demaistentando lidar com os impactos das quedasna economia para pensarem em qualquercoisa fora de um planejamento em curto prazoe considerar os riscos de longo prazoassociados com os recursos naturais queestão rapidamente sendo erodidos.

Mesmo o crescente número de diretores desustentabilidade tende a centralizar seu olharsobre questões politicamente contenciosascomo mudanças climáticas e, em algumasregiões, a disponibilidade de água.

Isto é preocupante por três motivos:primeiramente, podemos exceder em muito oslimites naturais sem nenhuma noção dosignificado do que está acontecendo; depois,a ameaça inerente de que os negócios serãoconduzidos de forma cega pelos riscos nãoprevistos associados com o rompimento dosserviços ecossistêmicos; e, terceiro e de formamais positiva, os negócios — na verdade,economias inteiras — poderão perder aoportunidade de criar as tecnologias, osmodelos de negócios e os mercados dofuturo.

Repensando o painel de instrumentos dos executivos

Então quais são as informações que os líderesempresariais das altas hierarquias precisarãoter diante de si para a tomada de decisão nofuturo? Onde estarão acontecendo asinovações necessárias e o que pode ser feitopara acelerar o ritmo no qual as soluçõesemergentes atinjam escala?

Um novo painel de informações, como ponto de partida, deve incluir os tipos degráfico produzidos pelo Stockholm ResilienceCentre (Figura 1) e pelo Global FootprintNetwork (Figura 2)—embora estes precisemser adaptados às circunstâncias específicasde uma dada empresa.

A Figura 1 sublinha o fato de que enquanto omundo tem estado obcecado pelo desafio dasmudanças climáticas, e por bons motivos,uma gama de outros desafios está surgindo eque são significativos para os negócios,mostrados aqui em termos de nove ‘limitesplanetários’. Se nos movermos para fora dazona de resiliência planetária, como a ciênciasugere que já o fizemos em duas dessas noveáreas— a perda de biodiversidade e o ciclo denitrogênio — é provável que percamos amargem de manobra no trato com os demaislimites .

A Economia da BiosferaIntrodução

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Limites planetários 8

O círculo verde representa o limite desegurança do espaço de funcionamentoplanetário proposto para os nove sistemasglobais. Os limites para a perda debiodiversidade, mudanças climáticas e dociclo de nitrogênio já foram excedidas, a cargade aerossol atmosférico e a poluição químicaainda não foram quantificadas.

Adaptado de: ‘A safe operating space forhumanity’, Revista Nature, por JohanRockström, Will Steffen, Kevin Noone, Asa Persson, F. Stuart Chapin et al, 23 desetembro de 2009.

Figura 1

A Figura 2 se baseia no trabalho que mede ademanda humana sobre a biosfera, calculandoa pegada ecológica de pessoas, negócios,cidades e países. Em cada caso, a pegadaecológica mede a demanda humana sobre osrecursos do planeta, mostrando se os paísessão credores ou devedores ecológicos, ouseja se estão consumindo mais recursos doque estão disponíveis.

Não é surpresa que os países altamenteindustrializados como os EUA e a Suíça estãoem situação de significativo déficit ecológico.Menos óbvia é a situação do Irã que excede ouso de seus recursos pressionando umcomplexo coquetel social, econômico etensões políticas. Por outro lado, os vastosrecursos ecológicos da Rússia contrastamcom sua falta de transparência e prestação decontas, fatos refletidos na sua ausênciahistórica de dados.

É interessante notar que os dados no Brasildemonstram um superávit atual, porémseguindo uma tendência de declínio elançando luz sobre a oportunidade empotencial para tais países adotarem umaabordagem estratégica de longo prazo comocredores ecológicos.

Pontos de inflexão

Como resultado desse trabalho de inteligênciae os aspectos políticos associados, vemosuma preocupação crescente com a energia, a água e a segurança alimentar — e,paralelamente, um interesse crescente porparte das empresas-líder no desenvolvimentode novas ferramentas relativas à mensuraçãode sua pegada ecológica que monitoram áreascomo energia, carbono, água e outras áreas-chave de impacto e vulnerabilidade.

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Hectares globais por pessoa 1961–2005

Um país se encontra deficitárioem termos ecológicos caso suapegada ecológica exceda aquiloque os ecossistemas podemrenovar. O déficit é coberto,especialmente no caso dospaíses industrializados, atravésdo balanço de importações.

Adaptado de “The EcologicalPower of Nations: The Earth’sBiocapacity as a NewFramework for InternationalCooperation”, Global FootprintNetwork, 2009.

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Brasil Irã

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No processo, o movimento que começou com a tentativa de preservar tais recursosnaturais — o primeiro parque nacional de fato no mundo foi inaugurado em Yellowstoneem 1872 — e depois foi se transformando em movimentos de conservação envolvendo o gerenciamento ativo das espécies e seushabitats, começa agora a saltar para um novo nível.

Aqueles que cresceram no mundo daconservação podem achar difícil se ajustar a um futuro em que se fixem preços,investimentos e comércio para ativos eserviços ecossistêmicos, porém isto é umexperimento que o mundo agora estáseguindo — e que precisa perseguir de forma ativa.

Nas seções seguintes, analisaremos algunsdos mais interessantes inovadores,empreendedores e investidores que hojetrabalham nesta questão. Ao longo de 2010, a Volans estará trabalhando com algunsdestes indivíduos para identificar e procurarremover algumas das principais barreiras queeles enfrentam na criação de impactos demaior escala sobre os mercados e aeconomia.

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Figura 2

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Suíça EUARússia

Tomadores de decisão se verão cada vezmais enfrentados por desafios quecontrapõem a economia com a biosfera— parcialmente devido às pressõesdemográficas e em parte porque jáexcedemos nossos limites de resiliênciaplanetária. A solução destes problemasimplicará a harmonização de prioridadeseconômicas e ecológicas de forma aimpulsionar novas formas de crescimento.

À medida que essa transgressão dos limitescomeça a piscar nos painéis de detecção derisco dos negócios e — de forma menor porenquanto — das instituições financeiras, umcrescente leque de inovadores estáexperimentando soluções que possam alinharde forma melhor a economia global com abiosfera. Esses inovadores não são oscostumeiros. Eles se encontram numa faixaque engloba desde cientistas que estãodesenvolvendo taxas de investimentos paraempresas florestais até empresas detecnologia que estão criando mecanismos demonitoramento por satélite do estado dabiosfera.

Este novo panorama de inovação cria novasoportunidades de participação para asempresas. Porém, na prática, o que istosignifica para os executivos? As quatrotendências destacadas abaixo ilustram novasoportunidades em temas de liderança,finanças e mercados, operações e cadeias devalor e, acima de tudo, na inovação.

1Liderança empresarial

2Mercados e finanças

3Operações e cadeias de valor

4 Inovação inspirada na natureza

A Economia da BiosferaQuatro Tendências Críticas

Quatro TendênciasCríticas

1 Liderança Empresarial

Em primeiro lugar, o que torna este umassunto em potencial para Presidentes ouCEOs? A agenda de liderança empresarial temevoluído como uma série de ondas de pressãosocial que impactam sobre governos,empresas e mercados financeiros. Estaagenda propõe um afastamento doentendimento de serviços ecossistêmicoscomo ‘intangíveis’, tais como água, solo e arlimpos produzidos naturalmente, para umconjunto de temas tangíveis voltados paraempresas — e, com isso, alterar o enfoquedos negócios de ‘externalidades’, tais comopoluição, desmatamento e degradação derecursos, para reconsiderar os mecanismos devaloração de mercado e das empresas.

No processo, nos movemos de uma agendana maior parte legalista, motivada pelocumprimento de regulamentações, tendo osgovernos como líderes deste movimento, parauma agenda cada vez mais orientada pelomercado. Em anos recentes, no entanto,temos testemunhado uma clara evolução paraum novo enfoque de soluçõesempreendedoras, com crescente interesse nosinovadores e empreendedores em redefinirmodelos de negócio e oportunidades de criarnovos mercados de capital. Na década que seaproxima, questões em torno dabiodiversidade e da biosfera, ao que tudoindica, tenderão a ocupar um lugar central nasagendas privadas, públicas e civis.

Os impulsionadores desta tendência incluemuma crescente conscientização dasdimensões econômicas dos serviçosecossistêmicos, conforme as pressões dedesenvolvimento, do consumo e docrescimento populacional comprometem osserviços anteriormente tidos como garantidos.Assim como o Relatório Stern sobre aeconomia das mudanças climáticas introduziuuma nova forma de pensar sobre o desafioclimático, destacando, por exemplo, os $200bilhões de dólares em perdas devido àscondições extremas de clima em 2005,10assim sendo, as iniciativas hoje, como as doestudo do TEEB 11 parecem caminhar nadireção de atingir um efeito semelhante com a agenda do capital natural e a crescenteconectividade entre as duas agendas.

Enquanto um Presidente ou diretor corporativopossa encarar essas questões como benspúblicos que caem no âmbito do controlegovernamental, a magnitude dos riscos denegócios e oportunidades associadas estátambém abrindo novos espaços paraliderança. Basta recordar as decisões deAndrew Witty, CEO da multinacionalfarmacêutica GSK de lançar um novoprograma de redução de preços paramedicamentos em diversos países maispobres, simultaneamente tratando do debateproblemático do acesso a medicamentosadiantando-se a seus competidores-chave da indústria. A agenda de serviçosecossistêmicos oferece uma nova agenda deacesso com oportunidades de liderançasemelhantes para os negócios.

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“É somente uma questão de tempo até que um analistafinanceiro, examinando a valorização de empresas nossegmentos de serviços públicos, alimentos e bebidas, comecea considerar (consciente ou inconscientemente) os fatores ecustos ecológicos que ameaçam seu negócio.” Chris KnightDiretor Assistente de Biodiversidade e Ecossistemas,Sustentabilidade e Mudanças Climáticas daPricewaterhouseCoopers LLP UK 12

Ao final deste ano, a Trucost, uma empresaque está introduzindo a valoração ambientalao mercado de negócios, irá publicar umrelatório concluindo que as 3.000 maioresempresas públicas do mundo tiveram‘passivos ecossistêmicos’ da ordem de $2,2trilhões em 2008, representando na médiamais de 30% de seus lucros agregados. ATrucost objetiva aumentar a conscientizaçãodos mercados globais sobre os riscosassociados com os fatores externos aosnegócios — e é parte de um grupo aindamaior de participantes que buscam alterar aforma em que as empresas são avaliadas emtermos de valor.13

Os governos, por outro lado, ainda quetipicamente mais lentos na sua resposta, temà sua disposição uma série de regulações paraincrementar seu controle sobre os ativosecológicos em seus países. As conseqüênciasregulatórias para empresas serãoconsideráveis, desde alterações na política deuso de solo até a reforma dos subsídios eimpostos. Em 1998, por exemplo, frente àgravidade das enchentes ocorridas ao longoda planície fluvial do rio Yangtze, na China,afetou 250 milhões de pessoas, com perdasestimadas em $20 bilhões de dólares. A SwissRe, empresa de renovação de seguros e aAcademia de Ciências da China,estabeleceram uma clara conexão entre asenchentes e o desmatamento na baciasuperior do rio. Como resultado, o governochinês agora planeja converter vastas áreas deplantio em florestas e pastos, proibindo umasérie de indústrias e planejando investimentosem ativos de capital natural (tais comoflorestas) de $100 bilhões para regular o fluxodas águas para hidrelétricas, irrigação eprevenção contra enchentes.14

Como Andreas Spiegel, o Vice-Presidentepara Gerenciamento de Risco na Swiss Re,contou à Volans: “A degradação dosmanguezais e o desmatamento aumentam orisco de exposição às enchentes e ciclonestropicais. Numa época em que as mudançasclimáticas fazem aumentar os prêmios derisco, o investimento em ecossistemasnaturais e infra-estruturas ecológicas estãoentre as soluções mais baratas quando setrata de se adaptar a eventos que envolvemcondições extremas do clima.” 15

Entre os inovadores que estão impulsionandoa métrica dos ecossistemas para fins deempresas e mercados está Gretchen Daily, co-fundadora do Natural Capital Project, uma‘joint-venture’ de 10 anos da Universidade deStanford com a The Nature Conservancy e oWorld Wildlife Fund. Uma de suas soluções éo InVEST, uma ferramenta de software cujasigla do nome representa uma AvaliaçãoIntegrada dos Serviços Ecossistêmicos ePermutas. O InVEST quantifica os recursosecológicos de uma região — criando ummodelo de como o seu valor irá mudar deacordo com cenários alternativos. A métricadesenvolvida para acessar os valoresbiofísicos e econômicos dos serviçosecossistêmicos se integra nas estratégias denegócios e decisões de políticas de empresase governos.16

A Economia da BiosferaQuatro Tendências Críticas

$1,9–$4,5 trilhõesde dólares

A faixa estimada de perda de valor no capital natural devido à degradação dosecossistemas da Terra e perda debiodiversidade.

2 Mercados e Finanças

Depois disso, o que torna tudo isto umassunto para os diretores financeiros ediretores de inovação? O aumento dos valoresdos seguros provavelmente está no topo dalista das respostas, considerando que asempresas de seguros (e, mais ainda, derenovação de seguros) fazem conexões entremudanças climáticas e limites ecológicos,concluindo que as crises relacionadas aoecossistema poderiam atingir algumaseconomias e indústrias mais rapidamente doque a própria mudança climática.

A transformação está em marcha em termosde como os ativos e passivos corporativosserão calculados, influenciando a forma comoos ativos naturais se integram nos balancetese contabilidades corporativas. A Economia daBiosfera impulsionará uma quantidade demudanças importantes na forma como asinstituições financeiras trabalham, edeterminará que os investidores institucionais— desde bancos até fundos de pensão —tenham que revisar seus modelos de avaliaçãode risco e gestão de valor em longo prazo.

Novas alianças, que até pouco teriam sidoimpensáveis, tratam de mudar a mentalidadedo setor de seguros. Em 2009, a Swiss Reliderou o Grupo de Trabalho da Economia daAdaptação Climática com a McKinsey &Company, a ClimateWorks (uma redeinternacional de fundações) a ComissãoEuropéia, a Fundação Rockefeller e a StandardChartered Bank.

Seu relatório concluiu que os riscos climáticospoderiam custar até 19% do produto internobruto dos países até 2030, e recomendou oinvestimento nos serviços ecossistêmicoscomo uma forma de aumentar a resistência àsmudanças climáticas e gerenciar os riscosassociados.17

A despeito de todas estas providências, ocruzamento entre clima e ecossistemas aindacarece de compreensão por parte dosinvestidores. Porém, a inovação está acaminho. Por exemplo, com a empresa suíçade gerenciamento de recursos Pictet AssetManagement sendo a primeira a incorporar apegada ecológica na avaliação de riscos delongo prazo associados a títulos públicos depaíses18 e o fundo de investimento localizadoem Londres chamado Earth Capital Partnersque criou uma métrica chamada ‘EarthDividend’ (dividendos da Terra) para analisar osinvestimentos em uma matriz que integraconsiderações sobre clima, recursos naturais eecossistemas.

O principal motivador de inovações parainvestidores aqui é o gerenciamento de riscosde longo prazo do seu portfólio deinvestimentos. Por exemplo, empresasagrícolas operando em um pólo de grãos daAmérica do Sul — uma indústria estimada em$1 trilhão de dólares na Argentina e no sul doBrasil — se surpreenderão ao descobrir queos padrões de precipitação pluvial na regiãosão regulados pela Floresta Amazônica, quebombeia e movimenta estimados 8 trilhões detoneladas de água anualmente na atmosfera.

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“As empresas mundiais precisam reconhecer que o mundo éfeito de sistemas que interagem entre si e que uma visão globalestá se tornando cada vez mais essencial. Um maremotogerado em uma região do mundo pode devastar as infra-estruturas de outra região, cobertas por nossas apólices. Está claro que nossas infra-estruturas criadas pelo homem e as infra-estruturas ecológicas da natureza estão se tornandocada vez mais interdependentes.” Julia GrayChefe de Desenvolvimento Sustentável e GerenciamentoAmbiental da Allianz Group 19

Isto fez com que a Global Canopy Programme(GCP) do Reino Unido criasse o conceito de‘Eco Utility’ que concebe as florestas tropicaiscomo grandes infra-estruturas de serviçosnaturais – como a provisão de água de chuvae o controle da temperatura terrestre, eatualmente estuda uma série de mecanismosde financiamento com os quais sustentar ovalor e o fluxo desses serviços. Mesmo com alentidão de resposta dos governos, amagnitude dos riscos envolvidos paraempresas e investidores que a quebra destesserviços poderiam gerar está na linha do que oGCP chama de ‘Investimento Pró-Ativo emCapital Natural’, ou PINC.20

De acordo com o que nos contou RichardBurrett (sócio da Earth Capital Partners): “Osinvestidores acreditam que estão mais beminformados porque possuem o poder demodelar e analisar os dados financeirospraticamente em tempo real, mas na verdadenós temos incorporado cada vez mais riscosno sistema, devido a uma incapacidade devisualizar o valor de longo prazo dos recursosnaturais.” 21

Outras inovações nesta tendência inclueminiciativas lideradas pelos investidores, taiscomo o Investor Network on Climate Risk(INCR), que reúne 80 investidores com mais de$8 trilhões de dólares em ativos; e o GrupoP8, um grupo de líderes seniores de um dosmaiores fundos de pensão do mundo, commais de $3 trilhões de dólares eminvestimentos de capital.22

Como resultado de tais esforços, os pedidosde transparência sobre os impactosambientais das empresas partindo deinvestidores estão se tornando umapreocupação crescente para o setor privado,sobretudo devido ao fato de que muitasiniciativas lidam separadamente com ospedidos de informação sobre emissões decarbono, água, florestas e biodiversidade.23

A Economia da BiosferaQuatro tendências fundamentais

Tamanho dos mercados

Novos mercados estão surgindo no espaçodos serviços ecossistêmicos, com ainteligência de mercado sendo fornecida porempresas como o Grupo Katoomba e oEcosystems Marketplace, ambas iniciativas dogrupo Forest Trends. O maior mercado é o decarbono, que cresceu a nível mundial de $11bilhões de dólares em 2005 para $32 bilhõesem 2006, $64 bilhões em 2007, $126 bilhõesem 2008 com uma previsão de chegar a $170bilhões em 2010, e $3,1 trilhões em 2020,sendo $1 trilhão deste valor relativo aos EUA.24

Outros mercados para pagamento porserviços ecossistêmicos incluem: $3,4 bilhõesem transações compensatórias debiodiversidade regulada por ano,25 $500milhões em 2010 para água, e ‘carbonoflorestal’ por $149,2 milhões em 2008. Nomomento, há pelo menos 40 experimentoslocais sobre a qualidade da água nos EUA.

Bancos que já estão atuando neste espaçoincluem a JP Morgan, que adquiriu tanto acorretora de carbono Ecosecurities (por $130milhões) como a intermediária decompensações de emissões Climate Care. A Goldman Sachs tem estado cada vez maisativa através do seu GS Sustain, enquanto queuma série de novos fundos de investimentos,entre elas a EKO Asset Management Partners,está se formando para trabalhar asoportunidades neste espaço.

Enquanto a maioria destes mercados ainda évoluntária e muitos focam nas compensaçõesdos impactos negativos causados pelasempresas, outros experimentos estão surgindoque objetivam direcionar o fluxo de capital parasustentar os serviços ecossistêmicos. Umexemplo é a criação de ‘títulos florestais’,impulsionados por um acordo entre a CanopyCapital do Reino Unido e o Governo da Guiana.A idéia central é de canalizar o capital parapreservar os serviços florestais, tais como ageração de chuvas, a moderação do clima, oarmazenamento de carbono e a manutençãoda biodiversidade. Um sinal do que está por vir?

3 Operações e cadeias de valor

Alguns já se decidiram a fazê-lo, outros estãocientes de que está chegando a hora,enquanto que os demais ainda ignoram o fatototalmente, porém cada vez mais diretores deoperação serão confrontados com o complexodesafio de reduzir a pegada ecológica de suasoperações para zero. Esta meta se colocarácomo um desafio ao modelo de negócios eaos correspondentes processos de desenho,produção, fornecimento e distribuição deprodutos e serviços. Os diretores de operaçãoestarão no centro das atenções na medida emque investidores institucionais e acionistasapoiarem os pedidos de transparência. OCarbon Disclosure Project (CDP), ou projeto derevelação de carbono, por exemplo, solicita deempresas seus dados de emissão de carbonoem nome de 534 investidores institucionais,detendo $64 trilhões em ativos. Desde suaprimeira requisição para revelação de taisemissões em 2003, a quantidade de empresasque vêm revelando seus dados ao CDPcresceu 10 vezes, hoje contando com 2.500organizações em 60 países.26

Cabe destacar que o CDP está agoradesenvolvendo o Projeto de Revelação daÁgua (Water Disclosure Project),acrescentando-o a uma gama de iniciativasrelativas à pegada de água das empresas,incluindo o trabalho da WBCSD e a WaterFootprint Network.27 Outros motivadoresincluem a certificação de biodiversidade, comoo brasileiro Instituto LIFE (Lasting Initiative forthe Earth — ou Iniciativas Duradouras para aTerra) que já está reunindo empresasbrasileiras de grande porte, a Convenção dasNações Unidas para a Diversidade Biológica eo governo brasileiro.28

Por sua vez, o sucesso do CDP tem setornado um modelo para recursos. O GlobalCanopy Programme tem se baseado nestemodelo ao criar o Forest Footprint DisclosureProject — FFD, que busca produzirinformações de disponibilidade pública sobreos impactos diretos e indiretos das empresassobre as florestas. O pedido de divulgação doFFD conta com o respaldo de 35 instituiçõesfinanceiras com $3,5 trilhões em ativos sobgerenciamento. Em 2009, o FFD selecionou200 empresas com probabilidade deexposição às commodities que proporcionemrisco às florestas, tais como carne ou couro,palmas, soja, madeira ou biocombustíveis —com os pedidos de divulgação direcionadosaos seus diretores gerais e depoisfrequentemente repassados aos diretores deoperação.29

Mas um dos desafios para as empresas estáno fato de que esta agenda vem surgindocaso a caso, com uma gama de iniciativasalternativas, embora frequentementecomplementares, enfocando-se em recursosindividuais. “Não se pode esperar que asempresas e a indústria financeira utilizem umasérie de sistemas diferentes para água,carbono, florestas e outros, todos de formaseparada”, nos conta Richard Burrett do EarthCapital Partners, que anteriormente liderou osesforços de sustentabilidade do banco ABNAmro. “Há uma restrição de recursos pararealizar isto dentro das empresas eeventualmente precisaremos desenvolver umavisão que trate de todos estes temas de formaholística, envolvendo os governosprogressivamente como reguladores.” 30

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$8 + $3 trilhõesde dólares

O capital gerido por investidores da InvestorNetwork on Climate Risk (INCR) e o Grupo P8,respectivamente, que avançam na participaçãode investidores em temas climáticos.

Entre as iniciativas ligadas aos investidoresque consideram as pegadas ecológicas dasempresas estão a Natural Value Initiative (NVI),uma parceria entre a ONG Fauna & FloraInternacional, a Iniciativa Financeira doPrograma das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (UNEP-FI) e Fundação GetúlioVargas, uma escola de negócios do Brasil. ANVI trabalha em colaboração com seisinvestidores institucionais, incluindo a AvivaInvestors, F&C Investments, VicSuper, PaxWorld, Insight Investment e Grupo SantanderBrasil. Em 2009, a NVI publicou seu primeiroranking de 31 empresas pertencentes aossetores de mineração e energia, dealimentação, bebidas e tabaco.31

Outro ponto de referência em potencial paraos diretores de operação que buscam integraros serviços ecossistêmicos nas suas cadeiasde valor é o Corporate Ecosystem ServicesReview (ESR), uma parceria entre o WorldResources Institute (WRI), o World BusinessCouncil for Sustainable Development(WBCSD), o Meridian Institute e aPricewaterhouse-Coopers (PwC). Houveprogresso na definição de uma metodologiaque conecta as atividades empresariais com asaúde dos ecossistemas. A ESR analisa adependência de uma empresa e o seuimpacto nos serviços ecossistêmicos e depoisidentifica os principais riscos e oportunidades.Esta metodologia já foi aplicada por cerca de300 empresas em todo o mundo.

Agora, a WRI e está estudando meios detornar os serviços ecossistêmicos algo padrãonas tomadas de decisão corporativas eespecialmente explorando as convergênciascom outros padrões, como as normas ISO eas orientações do Global Reporting Initiative(GRI).

A equipe do GRI também iniciou seustrabalhos em 2010 para trabalhar comindicadores que incorporem a temática dosserviços ecossistêmicos a seu modelo detransparência. O WBCSD está testando 16empresas sócias com um modelo que ancoraas valorações dos serviços ecossistêmicosdentro das principais áreas de negócios dasempresas, e os primeiros resultados serãopublicados durante 2010.

4 Inovação inspirada na natureza

A Economia da Biosfera apresenta claramenteuma série de riscos para o setor privado, mastambém oferece novas oportunidades. Vemosuma mudança nos modelos dedesenvolvimento de mercados e empresasque se afastam progressivamente da química,da física e da engenharia como pivôsfundamentais do pensamento empresarial,para modelos que tomam a biologia, aecologia, a engenharia biomolecular e ananoengenharia como motores de inovaçãoem tecnologia e negócios. O trabalho depioneiros como Craig Venter combiocombustíveis baseados em algas (o foco deuma ‘joint-venture’ de $600 milhões de dólaresentre a sua empresa, a Synthetic Genomics ea ExxonMobil) é parte da história, porém seutrabalho de longo prazo com biologia sintética– onde organismos totalmente novos sãoconstruídos do zero — não somenteperturbará muitos ambientalistas, comotambém possui o potencial de estabelecer osfundamentos de uma economia global muitodiferente.33

A Economia da BiosferaQuatro tendências fundamentais

$64 trilhõesde dólares

Os ativos em posse de 534 investidoresinstitucionais que requerem a divulgação dosdados de emissões de carbono das empresascomo parte do Carbon Disclosure Project (CDP).

Paralelamente, esperamos ver crescer ointeresse em empresas por parte dos diretoresde inovação e dos diretores de tecnologia nonovo campo da biomimética, uma disciplinaem crescimento que busca formas dereproduzir a inteligência da natureza emcampos como o desenho industrial e aarquitetura.34 A visão de inovadores comoJanine Benyus do Biomimicry Institute 35 é deuma crescente simbiose entre os negócios eos ciclos biológicos, demonstrando maneiraspráticas nas quais os negócios podem extrairconceitos da ‘inteligência de projeto’ danatureza, e progressivamente incluir outrascomo o Designers Accord, para difundir estanova mentalidade e modelos através dascomunidades de negócios e projetos.36

Os projetos inspirados na natureza incluem:um edifício comercial no Zimbabwe queincorpora os princípios de design doscupinzeiros para fornecer canais de ventilaçãonatural e visa prescindir do uso deequipamentos de ar condicionado; ou célulassolares que imitam os olhos compostos deinsetos para aumentar a eficiência darecepção dos raios solares; ou ainda, sistemasde energia marinha, inspirados pelosmovimentos rítmicos das plantas aquáticas eos mecanismos de propulsão de tubarões,atuns e cavalas. O Biomimicry Institute játornou estas e outras idéias de designdisponíveis através de um projeto de códigoaberto chamado de ‘Ask Nature’.37

Dentro deste espaço de oportunidades,também evidenciamos o trabalho de pioneiroscomo William McDonough e MichaelBraungart, que em 2002 publicaram seumanifesto ‘cradle-to-cradle’ (do berço aoberço), clamando pela transformação daindústria através do design ecologicamenteinteligente. Sua argumentação de baseia nofato de que designers podem construir emcima do crescente conhecimento obtido sobreos sistemas vivos da terra. Através doemprego da inteligência dos sistemas naturais,edifícios e planejamentos regionais quepermitem que a natureza e o comérciopossam co-existir de forma simbiótica.38Outros pioneiros neste campo incluem PaulHawken, Amory Lovins e Hunter Lovins queimpulsionaram o conceito de ‘CapitalismoNatural’ como uma nova forma de pensar odesign industrial, e Gunter Pauli do ZeroEmissions Research and Initiatives (Pesquisase Iniciativas de Emissão Zero – ZERI) que trazà tona novos modelos de negóciosempreendedores baseados nos tipos de ciclosde nutrientes em cascata encontrados nanatureza.39

Uma nova geração de empreendedores estáconstruindo em cima do trabalho destespioneiros. No Reino Unido, por exemplo, aModCell está produzindo materiais deconstrução a partir da palha e da maconha,matérias-primas projetadas para reintegrar-seinteiramente aos ciclos de nutrientes, e quefornecerão os blocos para construção deedifícios comerciais e residências oferecendoum desempenho térmico até três vezes melhordo que requerem as normas de construçãoatuais.40

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“O maior impacto para os negócios virá provavelmente atravésdos interesses dos investidores e da valoração da organização.A valoração dos serviços de ecossistemas certamentetransformarão a maneira pela qual a informação relatada sobreo desempenho corporativo é usada e compreendida pelosacionistas e partes interessadas de uma empresa.” Sean GilbertGlobal Reporting Initiative 32

Negócios que buscam integrar a inteligência danatureza no design dos seus produtos eprocessos também precisam melhorar o fluxode informações e inteligência sobre o estadodos sistemas vivos da Terra. Esta necessidadeestá impulsionando uma outra onda deinovações, movimentada por empresas detecnologia de grande porte. Estes esforçosincluem: a iniciativa Smarter Planet da IBM,41que objetiva criar plataformas de informaçãopara solucionar alguns dos problemas maiscomplexos, incluindo a melhora de produçãode energia, provisão de água e a infra-estruturade transporte nas grandes cidades; e o recém-criado Planetary Skin Institute, uma aliançaglobal entre a Cisco e a NASA, que objetivafornecer uma plataforma de cooperação virtualpara processar dados de satélite, além desensores terrestres localizados em torno doglobo, na terra e no mar, a fim de transformá-los em informações que governos e empresaspossam utilizar para mitigar e adaptar-se àsmudanças climáticas.42

O Google, enquanto isso, lidera o caminhoatravés do seu Google Earth Outreach,descortinando parcerias inovadoras como comas tribos indígenas Surui no Estado deRondônia na Amazônia, que monitorarão odesmatamento ao nível do solo, eretroalimentarão, com informação verificadalocalmente, as imagens do Google Earth.43 Aempresa agora lançou uma nova iniciativa, oEarth Engine, em parceria com o CarnegieInstitution for Science, o IMAZON (a iniciativa deimagens por satélite no Brasil que está lidandocom a questão do desmatamento naAmazônia) e o Gordon and Betty MooreFoundation.

Atualmente na fase de protótipo, esta iniciativatornará o monitoramento florestal —tradicionalmente uma tarefa complexa e cara— mais fácil e mais barato. Através dofornecimento de dados, armazenamento ecomputação, o Google assegurará que asmudanças florestais possam ser observadasem frações de segundo através da Internet e,mais importante que isso, tornará a tecnologiadisponível e gratuita para países tropicaispoderem dar suporte aos seus programas demonitoramento florestal.44

Tendências como as mostradas acima nãogarantem uma transição contínua para umaeconomia da biosfera, ainda mais por causadas pressões sistêmicas esperadas conforme omundo segue em direção a uma populaçãohumana estimada de cerca de 9 bilhões depessoas até a metade deste século. Mas estáclaro que inovadores em diferentes setoresestão formando uma série de blocos deconstrução de alto potencial, muitos dos quaispodem ser escalonados se houver a necessárialiderança dos setores público, privado e civil.Para este fim, nossa seção final esboça umalista de tarefas a realizar pelas empresas, pelosmercados financeiros e pelos governos.

“O crescimento econômico dos últimos dois séculos foi construídosobre a gestão equivocada dos recursos naturais. Os governosestão começando a entender que tornar estes recursos maisvisíveis na contabilidade nacional e nas estratégias econômicas é um elemento-chave para o crescimento no século XXI.” Achim SteinerSub-Secretário Geral das Nações Unidas e Diretor Executivo doPrograma das Nações Unidas para o Meio-Ambiente (UNEP)

A Economia da BiosferaQuatro tendências fundamentais

Que tipo de agenda de ação emergirápara negócios, investidores, governos eagências do setor público na segundadécada do século? Estas são asperguntas que estaremos focando atravésdo ano de 2010, porém oferecemos aquialgumas idéias.

Esperamos que este breve documentoinformativo contribua para criar expectativa aoredor do Ano Internacional da Biodiversidadedas Nações Unidas e a publicação do relatórioTEEB, ajudando a vincular estas agendasemergentes aos tomadores de decisão(executivos) e os setores formuladores depolíticas públicas. Tratemos então brevementedas questões que envolvem as agendas dasempresas, finanças e governo.

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Agenda para asegunda década

1Agenda empresarial

2Agenda dos mercados financeiros

3Agenda governamental

“Estamos ajudando as empresas líderes a pensar sobre a impor-tância dos limites planetários para o sucesso dos seus negócios.Usamos nossas métricas para perguntar: qual é o significado doslimites planetários para o nosso caso específico de negócios?Que tipos de mercados desaparecerão e quais se abrirão?” Mathis WackernagelPresidente, Global Footprint Network

1 Agenda empresarial

O engajamento e investimento do setorempresarial será crucial para impulsionar aEconomia da Biosfera — e é muitoencorajador ver envolvidas organizações comoo B4E, o WBCSD e o WEF. Porém, parapassar para o próximo estágio, a agendaprecisará se mover de portfólios como os dosdiretores de sustentabilidade para as mesasdos presidentes, dos diretores gerais, econsequentemente dos diretores financeiros,de inovação e de desenvolvimento denegócios.

Assim sendo, eis aqui alguns pontos iniciaispara serem discutidos pelo plano diretivo:

1 Estabelecer os argumentos econômicos para o capitalismo naturalTemos visto que um pequeno número dediretores gerais está começando a assumiruma posição ousada de liderança,admitindo uma agenda de capital naturalcomo o núcleo de sua estratégia paraassegurar a boa reputação futura daempresa e uma posição competitiva. Emnúmeros crescentes, empresas líderes demercado estarão incorporando dados sobrea biosfera, a biodiversidade e medição desua pegada ecológica em seus relatóriosanuais, explicando suas conexões com acriação de valor para seus acionistas e parao gerenciamento de riscos.

2 Reconhecer que medir a pegadaecológica será um desafio tão urgentequanto a gestão da qualidade totalO conceito de Total Quality Management(Gerenciamento de Qualidade Total – ouTQM) foi surgindo de repente em muitasempresas — e a agenda sobre a pegadaecológica fará o mesmo. Sim, há muitodinheiro a ser ganho com a redução da suapegada ecológica, porém esta será tambémuma história de inovação. Explorar a criaçãode produtos, processos e cadeias defornecimento com ‘pegada ecológica zero’.Trabalhar sobre isto com os seus clientesmais exigentes. Considerar as históriasmotivadoras do Wal-Mart ou do Marks &Spencer.

3 Desenvolver novas alianças Integrar osprincípios da natureza ao coração dos seusprocessos de design, incluindo modelos doberço ao berço. Trabalhe com inovadorescomo o Global Footprint Network (GFN) paraadaptar ou criar as ferramentas necessárias,e com o Biomicry Institute de Janine Benyuspara avançar em uma agenda de bio-inovação de forma mais ampla. Ajude estespioneiros a arregimentar outras partes donegócio e a vanguarda do mundo financeiro.

4 Trazer os executivos de finanças paradentro do jogo Apresentar os ativosnaturais como uma área-chave de valor paratoda a agenda dos diretores da empresa.Mapear e compreender as dependênciascríticas da empresa sobre os serviçosecossistêmicos; e as ações preventivas quepodem ser feitas para criar um melhorequilíbrio entre o negócio e a natureza.

A Economia da BiosferaAgenda para a segunda década

Novamente, escolher parceiros deenvergadura, tais como o GFN, o NaturalCapital Project (Projeto de Capital Natural), oWorld Resources Institute, o World BusinessCouncil for Sustainable Development, aequipe do projeto TEEB (Economia daBiodiversidade e dos Ecossistemas), ou oWWF.

5 Construir novas plataformas políticasAjudar a formar uma ‘Aliança GlobalEmpresarial para a Biosfera’, paradesenvolver as áreas de oportunidade destaagenda, entre outras coisas, avançando noestabelecimento de normas e regulação quepermitam às empresas planejarinvestimentos de longo prazo. Desenvolvernovos elos com as redes empresariaisestabelecidas, com investidoresinstitucionais e organismos públicosinternacionais, trabalhando junto com osinovadores para impulsionar a açãogovernamental e melhorar a governabilidadeda biosfera.

2 Agenda dos mercados financeiros

Com algumas exceções, os investidores temsido lentos no trato com o desafio dasmudanças climáticas, ainda que experimentosem áreas como o comércio de créditos decarbono já estejam em marcha. É interessantenotar organizações como o Carbon DisclosureProject (CDP), estendendo sua competência— e, em consequência, a agenda dosmercados financeiros. As informaçõesfornecidas pelas instituições financeiras eanalistas também serão cruciais, porém oprogresso continuará a ser desigual einterrompido, motivo pelo qual açõesgovernamentais claras, efetivas e sustentadasserão também da maior importância.

Eis algumas recomendações para discussãoentre investidores e prestadores de serviçosfinanceiros:

1 Explorar como as iniciativas daEconomia da Biosfera criam valor paraos acionistasComo empresa e como indústria, trabalharpara fazer avançar a compreensão sobre opotencial financeiro dos serviços deecossistemas. Juntar-se a iniciativas comodo Natural Value Initiative, já apoiado peloUNEP Finance Initiative, para gerar elos maisfortes entre o valor econômico para oacionista e os mundos mais amplos dabiodiversidade e serviços ecossistêmicos.

2 Desenvolver e promover cursos econteúdos sobre ‘ativos naturais’Fazer parcerias com escolas deadministração, universidades e outroscentros de excelência para aprimorar oconhecimento compartilhado—e revisadopela comunidade de pesquisa — sobrecomo os investidores podem melhor criar ovalor em longo prazo, incorporando osativos naturais em suas análises e portfólios,tanto como uma classe de ativos (porexemplo, florestas gerenciadas de formasustentável) como um fator de avaliaçãopara valoração do patrimônio e outrosinvestimentos.

3 Identificar os principais percalços nocaminho — e trabalhar para removê-losAjudar a desenvolver e dar apoio aosdebates feitos sob medida com investidoresinstitucionais sobre as ações que agoraprecisam ser realizadas, os papéis que elespodem desempenhar e os modelos quepodem adotar e adaptar.

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Reconhecer que os experimentos realizadosnos estágios iniciais devem ser voluntários, oque encoraja a criatividade e a inovação,mas com a concordância de apoiar açõesregulatórias e políticas quando o tempo paraisso chegar.

4 Envolver investidores de longo prazoO trabalho do Earth Capital Partners comsua métrica de ‘Earth Dividend’ e o GrupoP8 com seus fundos de pensão ilustramcomo a liderança pode ajudar a impulsionaresta agenda. Onde a regulação obrigatóriafor necessária e baseada numa melhorcompreensão dos elos entre o valor para oacionista e os ativos naturais, iniciar diálogoscom os governos, os responsáveis pelapolítica econômica e outros grupos-chaveinteressados sobre os tipos de medidasregulatórias que acelerarão a mudança portoda a comunidade financeira.

5 Experimentar novos modelos de risco ede oportunidades Trabalhar para fazeravançar uma nova mentalidade sobre osmodelos de risco que podem efetivamenteincorporar os ativos naturais. Aumentar aquantidade e a qualidade dos casos queanalisam como a avaliação econômica dosativos naturais pode ajudar os investidores aconstruir e aprimorar seus portfólios deinvestimento em longo prazo.

6 Participar do debate No Inferno de Dante,os locais mais profundos e quentes doInferno foram reservados para aqueles quenada fizeram. Envolva-se — e caso vocênão tenha tempo, assegure-se de queoutras pessoas-chave em sua organizaçãose envolvam e mantenham a iniciativainterna.

A Agenda Governamental

A ‘tragédia dos comuns’ 45 originalmente sedeu localmente, com os pastoressobrecarregando as áreas de pasto, ou osagricultores derrubando e queimando, sem sedarem conta, destruindo as florestas sobre asquais suas vidas dependiam. Hoje, a mesmadinâmica se desenrola em escala planetáriacom o declínio da biosfera. Muitos governosnacionais continuam ineficazes e em algunscasos corruptos, porém seu papel será cadavez mais central. Instituições e mecanismos degovernabilidade global continuam sendofracos e em alguns casos visivelmente falhos,conforme ilustrou a conferência das mudançasclimáticas, COP15. Porém, temposextraordinários frequentemente acabamproduzindo líderes extraordinários — e novasformas de liderança que seriam inimagináveisem épocas menos turbulentas.

Assim, em terceiro lugar, eis algumas questõesque os governos, os criadores de políticaspúblicas e reguladores deveriam considerarcomo um assunto urgente:

1 Organizar e supervisionar o capitalnatural nacionalDar os primeiros passos para remodelar eeventualmente regular os mercadosfinanceiros e as empresas baseando-se emseu papel como organizadores esupervisores do ‘capital natural nacional’.Aproveitar a experiência e indicadoresdesenvolvidos por grupos como o NaturalValue Initiative, o Carbon Disclosure Projecte o Forest Footprint Disclosure. Ajudar adeslocar a agenda da atual gestão baseadaem temas individuais (por exemplo, carbono,água ou florestas) para criar sistemas eindicadores que permitam uma gestãosistêmica, efetiva e sustentável de ativosnaturais críticos.

A Economia da BiosferaUma Agenda para a Segunda Década

2 Lançar TEEBs de forma local, nacional e regional Compreender e projetar astrajetórias futuras dos ativos ecológicos doseu país — e investir na quantificação dovalor dos serviços fornecidos à economia.Participar ativamente do trabalho do GlobalFootprint Network e da equipe do projetoTEEB (Economia da Biodiversidade eEcossistemas).

3 Integrar o estado e a saúde dos ativosnaturais no PIB Atualizar a contabilidadenacional e os processos contábeis utilizadospara medir o crescimento econômico dopaís, integrando o valor dos ativos naturais e testar os verdadeiros custos deoportunidade para diferentes estratégias dedesenvolvimento, assim como os benefíciosde políticas com enfoque na preservação dofluxo de serviços ecossistêmicos nacionais.

4 Utilizar impostos e subsídios Ajustar osimpostos e os subsídios para fortalecer —ao invés de enfraquecer, como costumaacontecer com as áreas de pesca e outrosrecursos de acesso aberto — os ativosnaturais do país. Remover os subsídios dasatividades prejudiciais a estes ativos ou quepromovam a sobre-exploração, realocando-os para as áreas e setores que ajudam aconstruir a Economia da Biosfera e criamempregos verdes.

5 Aumentar os investimentos Nada — ou muito pouco disto tudo — pode ser feito sem financiamento. Investir em infra-estruturas ecológicas da mesma forma queos governos investem em infra-estruturaspara água, energia ou transportes.Reconhecer que na próxima décadateremos uma atenção crescente para comas infra-estruturas naturais, da mesma formacomo o Furacão Katrina mobilizou a atençãodos Estados Unidos sobre o chocanteimpacto que teve a degradação dospântanos do Delta do Mississipi.

Sair na frente nesse jogo, ao invés de ficaresperando as tribulações que o futuro trará. A verdadeira liderança significa criar o futuro,ao invés de deixar que ele simplesmenteaconteça com você. Fazer as coisas no tempocerto é também um elemento de importânciacrítica e as evidências sugerem que omomento é maduro para que oportunidadesde negócios totalmente novas e para quenovos mercados sejam introduzidos na corridapara mapear, valorar e investir nos serviços deecossistemas, vitais para o futuro dahumanidade.

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“Fico entusiasmado em usar os mercados de serviços deecossistemas para desviar os fluxos de capital que de outraforma apoiariam atividades com valores de curto prazo,improdutivas e destrutivas para com o meio-ambiente. Os investidores estão começando a adotar essa agendaconforme compreendem os verdadeiros benefícios e passivosde longo prazo associados a suas decisões de alocação decapital.” Jason ScottSócio Fundador, EKO Asset Management Partners

A Economia da Biosfera Notas

1 The Economics of Ecosystems and Biodiversity(TEEB), Cost of Policy Inaction Report, 2008. www.teebweb.org

2 Ibid. nota 1. 3 Ecosystem Marketplace, Payment for

Ecosystem Services: Market Profiles, 2008.www.ecosystemmarketplace.com

4 O C-Suite se refere aos executivos de mais alta hierarquia de uma corporação, os quefrequentemente possuem a designação ‘Chief’em seus títulos de cargo, denotando suahierarquia e responsabilidade, como em ChiefExecutive Officer (CEO), Chief Financial Officer(CFO) e Chief Operating Officer (COO). Porém,além dessa trinca tradicional, há um númerocrescente de papéis considerados como C-Suite, como por exemplo Chief TechnologyOfficer (CTO), Chief Innovation Officer (CIO),Chief Marketing Officer (CMO) e Chief Respon-sibility Officer (CRO), entre muitos outros.

5 Entrevista com Mikkel Kallesoe, Gerente de Programa, Ecosystems, WBCSD porAlejandro Litovsky, 5 de março de 2010.

6 ‘Biodiversity and Business Risk’, A Global Risk Network Briefing, World Economic Forum,janeiro de 2010.www.weforum.org/pdf/globalrisk/biodiversityandbusinessrisk.pdf

7 Vision 2050: The New Agenda for Business,WBCSD, fevereiro de 2010. www.wbcsd.org

8 Adaptado de: ‘Um espaço operacional seguro para a humanidade’, Revista Nature, por Johan Rockström, Will Steffen, KevinNoone, Asa Persson, F. Stuart Chapin et al, 23 de setembro de 2009.

9 Adaptado de The Ecological Power of Nations:The Earth’s Biocapacity as a New Frameworkfor International Cooperation, Global FootprintNetwork, 2009. (Um país se encontra deficitárioem termos ecológicos caso sua pegadaecológica exceda aquilo que os ecossistemaspodem renovar. O déficit é composto deimportações líquidas, emissões líquidas decarbono na atmosfera global, ou a degradaçãodos recursos locais).

10 Stern Review on the Economics of ClimateChange, Cambridge University Press, 2007

11 Ibid. nota 1. 12 Entrevista com Chris Knight da PwC porAlejandro Litovsky, março de 2010.

13 ‘Time to Clean Up: UN Study RevealsEnvironmental Costs of World Trade’, The Guardian, 19 de fevereiro de 2010.

14 Conforme relatado por Gretchen Daily no ‘The thought leader interview: Gretchen Daily’,Strategy+Business, 24 de novembro de 2009.

www.strategy-business.com15 Entrevista com Andreas Spiegel da Swiss Re por Alejandro Litovsky, março de 2010.www.naturalcapitalproject.org

16 Shaping Climate-Resilient Development: A Framework for Decision-Making, a Report ofthe Economics of Climate Change AdaptationWorking Group by The ClimateWorksFoundation, Global Environment Facility,European Commission, McKinsey & Company,The Rockefeller Foundation, Standard CharteredBank and Swiss Re, 2009.

18 www.prixpictet.com/sustainability/pictet19 Entrevista com Julia Gray da Allianz Group por Alejandro Litovsky, março de 2010.

20 www.globalcanopy.org21 Entrevista com Richard Burrett da Earth CapitalPartners por Alejandro Litovsky, março de 2010.http://www.earthcp.com

22 http://www.incr.comhttp://en.wikipedia.org/wiki/p8_group

23 Consulte o relatório complementar Pathways to Scale para o Global Reporting Initiative, The Transparent Economy, a ser lançado naconferência anual do GRI em maio de 2010.

24 Fontes: Capoor & Ambrosi, 2009, Point Carbonand New Carbon Finance.

25 Consulte o Ecosystem Marketplace.www.speciesbanking.com

26 www.cdproject.net27 www.waterfootprint.org28 www.institutolife.org29 www.forestdisclosure.com30 Entrevista com Richard Burrett, março de 2010.31 www.naturalvalueinitiative.org32 Correspondência via e-mail com Sean Gilbert do GRI, março de 2010.

33 http://en.wikipedia.org/wiki/synthetic_biology34 http://en.wikipedia.org/wiki/biomimicry35 www.biomimicryinstitute.org36 www.designersaccord.org37 www.asknature.org38 www.mcdonough.com/cradle_to_cradle.htm39 Natural Capitalism and ZERI.www.natcap.orgwww.zeri.org

40 www.modcell.co.ukwww.cleanandcoolmission.com

41 www.ibm.com/smarterplanet42 www.planetaryskin.org43 http://earth.google.com/outreach/amazon3.html

44 http://blog.google.org/2009/12/earth-engine-powered-by-google.html

45 http://en.wikipedia.org/wiki/tragedy_of_the_commons

Agradecimentos

Os autores, Alejandro Litovsky e JohnElkington da Volans, agradecem à FundaçãoTellus Mater por seu apoio para este projeto.

Também agradecemos à equipe da Volans— Amy Birchall, Sam Lakha, Charmian Love,Geoff Lye, Allen Tan e Kevin Teo; TonyGourlay da Global Initiatives e B4E; e todosaqueles que foram entrevistados ou que deoutra forma contribuíram, notadamente:Jennifer Biringer (SustainAbility), RichardBurrett (Earth Capital Partners), MarkCampanale (Halloran Philanthropies),Carolina Elia (Global Canopy Programme),Julia Gray (Allianz), Annelisa Grigg (NaturalValue Initiative), Frank Hajek (Oxford SaïdBusiness School e Servicios EcosistemicosPeru), Mikkel Kallesoe (World BusinessCouncil for Sustainable Development), ChrisKnight (PricewaterhouseCoopers), GunterPauli (ZERI), Natasha Pauli (ZoologicalSociety of London), Professor JamesSalzman (Duke University), Jason Scott (EKOAsset Management) Andreas Spiegel (SwissRe), Pavan Sukhdev (TEEB), e MathisWackernagel (Global Footprint Network).Nós também gostaríamos de agradecernossos três extraordinários estagiários: EricaBarbosa e Amanda Feldman, estudantes doMestrado em Administração Pública (MPA)na London School of Economics e Colin Ma,estudante do MBA no London BusinessSchool.

Detalhes da Publicação

Título OriginalThe Biosphere Economy:Natural limits can spur creativity, innovation and growth

ISBN 978–0–9562166–3–2

Copyright © 2010 Volans Ventures Ltd. Todos os DireitosReservados. Nenhuma parte dessapublicação poderá ser reproduzida,armazenada em um sistema de recuperação,ou transmitida por qualquer forma ou meio,seja eletrônico, eletrostático, fitas magnéticas,fotocopiadoras e gravação ou de outra forma,sem a permissão por escrito dos detentoresdos direitos autorais.

Publicado porVolans Ventures Ltd2 Bloomsbury PlaceLondon WC1A 2QAUKT +44 (0) 207 268 0390F +44 (0) 207 268 0391www.volans.com

DesignRupert Bassett

Para mais informações sobre o projeto,acesse: www.biosphereeconomy.com

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Tradução ao espanhol e ao português apoiada pela Fundación AVINAwww.avina.net