A Economia do Uruguai (4)
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Enviado especial/MontevidéuSEBASTIÃO RIBEIRO
Para evitar um processo de es-tagnação econômica, o Uruguaiaposta na atração de novos inves-timentos. Não apenas na área in-dustrial, com as fábricas de celu-lose Ence e Botnia, mas tambémna de serviços – responsável pelamaior parte do Produto InternoBruto uruguaio.
Na avaliação da economista Ga-briela Mordecki, da Universi-
dad de la República, investir em em-presas de tecnologia pode ser a saí-
da para o país platino. Setores comoturismo, biotecnologia e desenvolvi-mento de softwares – o Uruguai éum dos principais exportadores deprogramas de computador da Amé-rica Latina – encontram espaço paracrescer. O governo uruguaio nãoecononomiza incentivos para trazermultinacionais nessas áreas – umalei de 1987 estabeleceu a criação dezonas francas, livres de impostos,para estimular os investimentos.
Zero Hora visitou uma das maisexpoentes entre essas zonas: a Zona-merica. Trinta minutos de viagempela Ruta 8 separam o centro da capi-tal, Montevidéu, do local. À medida
que o carro se afasta da região cen-tral, a paisagem ao longo da estradaganha novos contornos. Pelo vidro,surgem velhos galpões abandonados,casas precárias, papeleiros e, vez ououtra, um grupo de estudantes, todosusando guarda-pós como uniforme.
De repente, as ruas sujas e comjeito de abandonadas dão lugar acanteiros de grama cortada adorna-dos por jardins de flores. No meio dapobreza, surge um oásis onde só en-tra quem se identifica e tem motivosprofissionais para ali estar. Lá den-tro, tudo é impecável – não há umpapel no chão, um objeto fora de lu-gar. Espalhadas em grandes prédios,
mais de 150 pequenas e grandesempresas – call centers, financeiras,consultorias, empresas de logística,de biotecnologia, de softwares – têmescritórios no local. Além do incen-tivo, encontram ali como suporteserviços de comunicação, seguran-ça, manutenção, limpeza, arquitetu-ra e consultorias.
A estudante de administraçãoLaura Landin é uma dos mais de 3,5mil pessoas que trabalham na Zona-merica. Tem 30 anos, é casada (omarido presta consultoria em infor-mática) e mora em Pocitos, zona no-bre de Montevidéu. Laura preferenão revelar quanto recebe atuandona empresa que presta consultoriana área financeira, mas diz que pas-sou a ganhar cerca de R$ 2 mil amais quando foi para a Zonamerica:
– Quando digo que trabalho naZonamerica, as reações (dos amigos)são superpositivas. Hoje, todo mun-do gostaria de trabalhar aqui. Asgrandes multinacionais estão nessaárea e pagam melhor do que lá fora.
Zero Hora publi-ca hoje a segun-da e última parte
da reportagem so-bre a economia do
Uruguai. Uma das principaisapostas do país platino, foca-da na modernização e naatração de novos investidores,é a área de informática.
O oásis Zonamerica
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Economia >[email protected]
Mais oito classificados ao Freio deOuro são definidos em PelotasPágina 19
| 14 | ZERO HORA > SEGUNDA | 28 | MAIO | 2007
Editora executiva: Maria Isabel Hammes > 3218-4701. Editora: Christianne Schmitt > 3218-4702. Coordenador de produção: Thiago Copetti > 3218-4306
Grandes empresas estão instaladas em uma área diferenciada, a 30 minutos de Montevidéu, onde estão livres de impostos por determinação do governo uruguaio
Dois UruguaisFederico Ferrari trabalha
em uma multinacional deturismo na Zonamerica,atendendo operadorasinternacionais. Filho de umsuíço com uma uruguaia,morou 16 anos na Suíça, mashá dois voltou para ficar coma família. Confira abaixo osprincipais trechos da entrevistaconcedida por Ferrari a ZH.
Zero Hora – O que mudouno Uruguai nesse tempo que osenhor passou longe?
Fe d e r i c oFerrari –Houve mu-danças paramelhor e parapior. A Zona-merica, porexemplo, nãoexistia quandoeu fui embora. Mas hoje tambémhá muito mais pobres. Quandosaí, não tinha de me preocuparcom segurança. Hoje, está fican-do parecido com o Brasil.
ZH – O Uruguai é conhecidocomo a Suíça da América Lati-na. Há semelhanças com aSuíça de verdade?
Ferrari – (risos) Bem diferen-te. Lá, você apresentava a lista decoisas que precisava mas nãoconseguia comprar e chegava nofim do mês o governo te dava.Me deram passagens para visitara família no Uruguai.
ZH – Muitas vezes, o Uru-guai é visto como se tivesseparado no tempo. O senhorsente isso, tem essa visão?
Ferrari – Um pouco. Em al-gumas coisas. Aqui, por exem-plo, você não consegue transfe-rir dinheiro de um banco paraoutro pela Internet sem pagaruma taxa de uns US$ 25.
Ferrari
| Entrevista | | Federico Ferrari | TRABALHADOR URUGUAIO
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