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A economia está no ar: o que o Brasil ganha com ar-condicionado mais eficiente?

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A economia está no ar:o que o Brasil ganha comar-condicionado mais eficiente?

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A economia está no ar: o que o Brasil ganhacom ar-condicionado mais eficiente?

PRESSUPOSTOS E INPUTS

• Capacidade de refrigeração: 12.000 Btu/h (c = 3.516 W)

• Tempo de uso: 2.910 h/ano (aproximadamente 8 h/dia)

• AC com uso final residencial ou comercial (consumo de 85% para residencial e 15% para comercial)

• Vida útil do aparelho: 10 anos (ou seja, a cada 10 anos ou aparelhos são retirados da amostra)

• Preço da eletricidade: 0,7792 R$/kWh

• Fator de emissão de CO2: 0,075 tCO2/MWh

• Taxa de desconto (residencial + comercial): 7,20%

• Para crescimento de vendas, consideramos alguns cenários, especialmente por causa da crise do covid-19: taxas anuais de 1,0%, 2,0%, 3,0% e 4,7%

• IDRS de partida: 5,1471, o que o incluiria na Classe B em 2022 e na Classe D, em 2025, nanova etiquetagem proposta pelo INMETRO – isso se dá em razão da amostra do INMETRO ter a maioria de aparelhos com compressores do tipo Inverter, mais eficientes.

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A economia está no ar: o que o Brasil ganhacom ar-condicionado mais eficiente?

REFLEXÕES

Em termos de regulação, sabemos que o caminho pro-

posto deve responder afirmativamente às seguintes

principais questões:

• A solução resolve?

• O custo da solução é sustentável?

• Sobre a primeira questão, caso o Brasil consiga ele-var a eficiência energética do AC aos padrões inter-nacionais, sim, a solução resolve.

• Sobre a segunda questão, relacionada aos custos que as empresas terão para converter seus equipamentos, Kigali (2019) contribui com alguns importantes resultados.

• Kigali (2019) encontra que, relativamente ao cenário de maior eficiência (CSPF = 6,0), o fluxo de caixa livre líquido (FCLL)das empresas seria de R$ 75,7 milhões para um investimento requerido de R$ 20,9 milhões. Ou seja, o retorno é mais do que o triplo do investimento realizado.

Fluxo de caixa livre em diversos cenários de eficiência

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Reflexões Fluxo de caixa livre em diversos cenários de eficiênciaFluxo de caixa livre em diversos cenários de eficiência

Em termos de regulação, sabemos que o caminho pro-posto deve responder afirmativamente às seguintesprincipais questões:• A solução resolve?• O custo da solução é sustentável?

• Sobre a primeira questão, caso o Brasil consiga ele-var a eficiência energética do AC aos padrões inter-nacionais, sim, a solução resolve.

• Sobre a segunda questão, relacionada aos custosque as empresas terão para converter seus equipa-

mentos, Kigali (2019) contribui com alguns impor-tantes resultados.

Kigali (2019) encontra que, relativamente ao cenário de maior

eficiência (CSPF = 6,0), o fluxo de caixa livre líquido (FCLL)

das empresas seria de R$ 75,7 milhões para um investimen-to requerido de R$ 20,9 milhões. Ou seja, o retorno é mais doque o triplo do investimento realizado.

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Custos ao Fabricante

As estimações presentes em Kigali (2019) evidenciam um

cenário de relativa tranquilidade em termos dos custos

envolvidos para conversão dos equipamentos,

especialmente por causa da elevação de receita advinda do

aumento de preço de venda do AC decorrente, por sua vez,

dos ganhos de eficiência. Porém, sobre esse espaço

financeiro dos fabricantes para sustentarem os custos

relacionados à conversão dos equipamentos, faremos

algumas reflexões.

q Na evolução recente, observa-se que a margem de lucro

dos fabricantes teve expressiva queda de 2012 a 2015,

recuperando-se em 2016 e 2017, ano em que a margem

atingiu seu maior valor dos últimos 5 anos - lucro

estimado de R$ 137,4 milhões.

Margem de Lucro – Fabricantes AC no AM, 2017 *

Fonte: Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGENotas *: 1. Empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas2. Lucro = (receita líquida de vendas – custos e despesas) / receita líquida de vendasFonte: elaboração própria a partir da PIA/IBGE

4,3%3,5%

1,8%

-9,1%

4,0%

6,7%

-10,0%

-8,0%

-6,0%

-4,0%

-2,0%

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

2012 2013 2014 2015 2016 2017

R$ 137,4 mi

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CUSTOS AO FABRICANTE

Margem de lucro - Fabricantes AC no AM, 2017 *As estimações presentes em Kigali (2019) evidenciam um cenário de

relativa tranquilidade em termos dos custos envolvidos para conversão

dos equipamentos, especialmente por causa da elevação de receita

advinda do aumento de preço de venda do AC decorrente, por sua vez,

dos ganhos de eficiência. Porém, sobre esse espaço financeiro dos

fabricantes para sustentarem os custos relacionados à conversão dos

equipamentos, faremos algumas reflexões.

• Na evolução recente, observa-se que a margem de lucro dos

fabricantes teve expressiva queda de 2012 a 2015, recuperando-se

em 2016 e 2017, ano em que a margem atingiu seu maior valor dos

últimos 5 anos - lucro estimado de R$ 137,4 milhões.

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Custos ao Fabricante

Tomando como referência a estrutura de receitas e custos de 2017,

para os fabricantes de AC na Zona Franca de Manaus, e observando

que os custos com matérias primas representaram, neste ano, 43,74%

da Receita Total, tem-se que:

q Mantida a estrutura constante, exceto os custos com matéria

primas, uma redução desses custos provocaria uma significativa

ampliação da margem de lucro.

q Por outro lado, mantendo a estrutura constante, exceto para o

custo de adequação às novas etiquetas, observa-se que a margem

atual só se sustenta com um custo de conversão menor do que

5% da Receita Total.

q Portanto: a busca pela máxima eficiência energética talvez

necessite produzir, além da elevação da receita, dois efeitos

simultâneos: maior custo de conversão e menor custo de

aquisição de matérias primas.

Custo de Adequação à Nova Etiquetagem (% da RT)

6,75,4

4,12,9

1,60,3

-1,0-2

0

2

4

6

8

0 1 2 3 4 5 6 7

13,813,2

12,712,1

11,611,1

10,510,0

9,48,9

8,37,8

7,26,7

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

-13-12-11-10-9-8-7-6-5-4-3-2-10

Margem de Lucro: efeito da redução (%) do custo de matérias primas Margem de lucro: efeito da redução (%) do custo de matérias primas

Custo de adequação à nova etiquetagem (% da RT)

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CUSTOS AO FABRICANTE

Fonte: Pesquisa Industrial Anual (PIA), do IBGENotas *: 1. Empresas com 30 ou mais pessoas ocupadas2. Lucro = (receita líquida de vendas – custos e despesas) / receita líquida de vendasFonte: elaboração própria a partir da PIA/IBGE

Tomando como referência a estrutura de receitas e custos de 2017, para os

fabricantes de AC na Zona Franca de Manaus, e observando que os custos com

matérias primas representaram, neste ano, 43,74% da Receita Total, tem-se que:

• Mantida a estrutura constante, exceto os custos com matéria primas, uma

redução desses custos provocaria uma significativa ampliação da

margem de lucro.

• Por outro lado, mantendo a estrutura constante, exceto para o custo de

adequação às novas etiquetas, observa-se que a margem atual só se

sustenta com um custo de conversão menor do que 5% da Receita Total.

• Portanto: a busca pela máxima eficiência energética talvez necessite produzir,

além da elevação da receita, dois efeitos simultâneos: maior custo de

conversão e menor custo de aquisição de matérias primas.

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Efeitos sobre EmpregoO emprego formal no setor é extremamente sensível às variações nas vendas.

MACEDO e MONASTERIO (2014) encontraram que a geração de uma vaga de

emprego no setor industrial de uma mesorregião brasileira provoca a criação de 3,98

empregos no setor de serviços, no longo prazo. Para os subsetores de alta tecnologia,

entretanto, o multiplicador encontrado foi igual a 6,94.

Assim, se tomarmos este valor como multiplicador do setor de fabricação de

ar-condicionado, teríamos que para os 2.151 empregos do setor em 2018 foram

gerados outros 15.000 empregos no setor de serviços.

Na cadeia de insumos, embora não haja, ainda, estudo com a quantificação dos efeitos,

espera-se um multiplicador muito menor do que esse, do emprego nos serviços;

talvez mais próximo do multiplicador de produção, que MARCATO e ULTREMARE

(2015) encontraram para o setor de eletrodomésticos, igual a 0,53.

Logo, a perda de empregos na cadeia produtiva do ar-condicionado, parece muito mais

associada à redução das vendas dos equipamentos prontos do que na diminuição das

compras de componentes locais (indústria para indústria).

1.896 1.9392.398

2.606

3.236

2.516

1.8342.158 2.151

2.777 2.792 2.650

3.534

4.335

3.265

2.008

2.4972.921

0

500

1.000

1.500

2.000

2.500

3.000

3.500

4.000

4.500

5.000

2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

Empregos Formais Vendas (mil unidades)

Correlação: 90,18%

Número de Empregos Formais e Vendas Ar-condicionado tipo split (mil unidades), Estado do Amazonas

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EFEITOS SOBRE EMPREGO

O emprego formal no setor é extremamente sensível às variações nas vendas.

MACEDO e MONASTERIO (2014) encontraram que a geração de uma vaga de emprego no setor industrial de uma mesorregião brasileira pro-voca a criação de 3,98 empregos no setor de serviços, no longo prazo. Para os subsetores de alta tecnologia, entretanto, o multiplicador en-contrado foi igual a 6,94.

Assim, se tomarmos este valor como multiplicador do setor de fabrica-ção de ar-condicionado, teríamos que para os 2.151 empregos do setor em 2018 foram gerados outros 15.000 empregos no setor de serviços.

Na cadeia de insumos, embora não haja, ainda, estudo com a quantifica-ção dos efeitos, espera-se um multiplicador muito menor do que esse, do emprego nos serviços; talvez mais próximo do multiplicador de pro-dução, que MARCATO e ULTREMARE (2015) encontraram para o setor de eletrodomésticos, igual a 0,53.

Logo, a perda de empregos na cadeia produtiva do ar-condicionado, pa-rece muito mais associada à redução das vendas dos equipamentos prontos do que na diminuição das compras de componentes locais (in-dústria para indústria).

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AGENDA FUTURA

Aprofundar a discussão em torno do custo de conversão (e respectivos efeitos, notadamente sobre emprego) às classes mais altas de eficiência energética, para todos os fabricantes, considerando o novo cenário econômico determinado pelo covid-19. Há risco de queda no comércio internacional, com menor cooperação e coordenação de políticas entre os países, o que deverá estimular estratégias de política industrial baseadas no “adensamento de cadeias produtivas e conteúdo local”, decorrentes, por sua vez, do falacioso argumento de que é inconveniente abrir a economia em meio a uma aguda recessão

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