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A EDUCAÇÃO FÍSICA E A PRÁTICA DESPORTIVA ENTRE OUTRAS AÇÕES COMO MEIO DE INCLUSÃO DO ALUNO COM “TDAH" Professor Adriano Ferrarini Rodrigues 1 Orientador: Professor Mestre Nilson Roberto Moreira 2 RESUMO Esse estudo busca explorar, subsidiar e informar sobre ações e metodologias na escola em relação ao aluno com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade “TDAH”, objetivando auxiliar no combate a exclusão deste grupo de alunos, bem como de todos os outros grupos de excluídos. Traz referências teóricas sobre o assunto, apresentando os aspectos mais relevantes à escola como definições, esclarecimentos, formas de avaliar, e procedimentos metodológicos dos professores. Utiliza o conteúdo estruturante "esporte" em uma abordagem histórico-critica como instrumento pedagógico de inclusão nas aulas práticas. Entretanto apresenta que o tema é muito complexo, necessitando de mais estudos sobre o assunto, também que é muito difícil a tarefa de identificar os alunos com "TDAH" e que os professores de todas as disciplinas pouco sabem sobre o assunto e precisam de mais informações. Já as aulas práticas nas aulas de Educação Física mostraram bons resultados no processo de inclusão e no aumento da auto-estima entre os alunos com "TDAH". Palavras-chave: Educação Física, TDAH, Esporte e Inclusão. ABSTRACT 1 Professor do Programa de Desenvolvimento Educacional 2008/2009. E-mail: [email protected] . 2 Orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional 2008/2009 e Professor Mestre do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected]. 1

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A EDUCAÇÃO FÍSICA E A PRÁTICA DESPORTIVA ENTRE

OUTRAS AÇÕES COMO MEIO DE INCLUSÃO DO ALUNO COM

“TDAH"

Professor Adriano Ferrarini Rodrigues1

Orientador: Professor Mestre Nilson Roberto Moreira2

RESUMO

Esse estudo busca explorar, subsidiar e informar sobre ações e metodologias na escola em relação ao aluno com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade “TDAH”, objetivando auxiliar no combate a exclusão deste grupo de alunos, bem como de todos os outros grupos de excluídos. Traz referências teóricas sobre o assunto, apresentando os aspectos mais relevantes à escola como definições, esclarecimentos, formas de avaliar, e procedimentos metodológicos dos professores. Utiliza o conteúdo estruturante "esporte" em uma abordagem histórico-critica como instrumento pedagógico de inclusão nas aulas práticas. Entretanto apresenta que o tema é muito complexo, necessitando de mais estudos sobre o assunto, também que é muito difícil a tarefa de identificar os alunos com "TDAH" e que os professores de todas as disciplinas pouco sabem sobre o assunto e precisam de mais informações. Já as aulas práticas nas aulas de Educação Física mostraram bons resultados no processo de inclusão e no aumento da auto-estima entre os alunos com "TDAH".

Palavras-chave: Educação Física, TDAH, Esporte e Inclusão.

ABSTRACT

1Professor do Programa de Desenvolvimento Educacional 2008/2009. E-mail: [email protected].

2 Orientador do Programa de Desenvolvimento Educacional 2008/2009 e Professor Mestre do Departamento de Educação Física da Universidade Estadual de Maringá. E-mail: [email protected].

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This study search for explore, subsidize and inform about actions and methodologies at school related to the student with the Attention-deficit hyperactivity disorder, the “ADDH”, with the purpose of auxilary against the exclusion of that student’s group and others out groups. Brings theorical references about the plot, presenting the most relevant aspects to the school, like definitions, enlightenment, ways to appraise and methodological procedures for the teachers. Uses the structured contein of “sport” with a hystorical - criticism like a pedagogical tool to include them in practical classes. However presents that the theme is quite complex, needs more study about, that is very difficult the task of identify the students with “ADDH” and the teaches of all disciplines doesn’t know to much about it and need information. The practical classes like Physical Education showed good results in the inclusion’s process and increasing of self esteem amoung the ADDH students.

Key-Words: Physical Educatian, ADDH, Sport and Inclusion.

1. INTRODUÇÃO

Esse estudo busca explorar, subsidiar e informar sobre ações e

metodologias na escola em relação ao aluno com Transtorno de Déficit de

Atenção e Hiperatividade “TDAH”, buscando o envolvimento de toda a

comunidade escolar, com o objetivo não apenas de conviver e tolerar o

mesmo, mas sim propiciar sua inclusão educacional efetiva, atentando aos

aspectos sociais, críticos e cognitivos, onde poderá ter consciência de sua

própria condição com suas limitações e capacidades, exercendo de forma

plena sua busca por autonomia e realização pessoal.

Nossa proposta de estudo se fundamenta na necessidade de buscar

dados que fomentem discussão e reflexão crítica sobre a inclusão educacional

e sócio-cultural, considerando a Educação Física e o esporte entre outras

ações, voltada às pessoas que possuem algum tipo de deficiência. Iremos

priorizar em nosso estudo a compreensão de tendências e características da

produção científica e suas articulações e implicações com as políticas públicas

inclusivas.

Dentro da escola existem vários grupos de excluídos, muito se tem

estudado e feito para amenizar e reverter esse quadro, oportunizando

condições para a inclusão dos diferentes grupos, entre eles devemos lembrar

de alunos que por muitas vezes e principalmente por serem confundidos como

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indisciplinados, preguiçosos ou de pouca inteligência são deixados de lado,

não só pelos professores, mas também pela direção, equipe pedagógica e

principalmente pelos amigos. O que muitos não sabem é que em muitas

situações esse comportamento pode não ser intencional, sua ocorrência pode

ser devido a um quadro clínico neurológico, ou seja, uma patologia de origem

genética que tem sintomas inerentes a vontade da pessoa, esse aluno é o

aluno com Transtorno de Déficit de atenção com hiperatividade “TDHA”.

A falta de compreensão e atenção com este tipo de problema pode

trazer graves consequências no futuro desses alunos, o acompanhamento de

casos até a idade adulta segundo DUPAL (2007, p. 17) “mostra a maior

incidência de problemas de sociabilização, indisciplina, uso de drogas e

abandono da escola ao contrário de alunos que recebem acompanhamento

especializado e específico”.

Ao analisarmos as questões e fatos colocados anteriormente,

observamos a importância que ações corretas com a criança e o adolescente

com TDAH tem para seu desenvolvimento social, cognitivo e crítico. De acordo

com GOLDSTEIN (2006, p.9), “o TDHA atinge de 3 a 5% das crianças em

idade escolar do país”, assim podemos imaginar o grande número de alunos

que enfrentam esse problema.

Infelizmente a grande maioria desses alunos com TDAH não são

identificados e tratados da forma como deveriam e uma das conseqüências

disso é o insucesso acadêmico. Devido a características especiais

GOLDSTEIN (2006 p.106) coloca que “... seu temperamento simplesmente não

se ajusta muito bem com as expectativas da escola”. Mas em contrapartida

GOLDSTEIN (2006 p. 106) também coloca que “é justo dizer que crianças

hiperativas exibem uma variação normal de aptidões intelectuais”. Assim

devemos acreditar que o aluno com TDAH pode vir a realizar todas suas

aspirações e exercer de forma plena suas capacidades, podemos observar o

exemplo de sucesso de famosos com este problema citados no site de busca

Google como Albert Einstein, Beethoven, Alexander Graham Bell, Leonardo da

Vinci, Salvador Dali, Michael Jordan entre outros.

Você já pensou que por muitas vezes um comportamento inadequado de

um aluno na Escola pode ser em decorrência do TDAH ou qualquer outro

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problema? Será que devido à rotina diária, número excessivo de alunos nas

salas de aula, falta de condições e de informação não estaríamos sendo

injustos com nossos alunos?

Pertencer a um grupo de pessoas com Necessidades Especiais não

significa ter perdido todas as suas capacidades, mas sim ter consciência que

possui outras capacidades diferentes, o importante neste entendimento é

aproveitar e compreender estas capacidades, considerando os benefícios que

podem trazer para a própria pessoa.

Este trabalho teve início com o "PDE" (Programa de Desenvolvimento

Educacional) ofertado pela "SEED" (Secretaria de Educação do Paraná), que

tem como objetivo principal a melhoria da qualidade de ensino nas escolas

através da formação e capacitação dos professores e professoras, onde cada

participante do programa deveria elaborar um plano de trabalho, que apontasse

para um problema encontrado na escola, contendo uma proposta de

intervenção que pudesse contribuir para resolvê-lo através da utilização de

conteúdos estruturantes e ações conjuntas de toda a comunidade escolar,

buscando também difundir o conhecimento produzido pelos estudos e

experiências em todas as dimensões possíveis.

Na busca por estes objetivos, os participantes do programa obtiveram

afastamento da docência e a oportunidade de participar de vários cursos, além

da orientação de professores titulados da "UEM" (Universidade Estadual de

Maringá).

Assim para o desenvolvimento deste tema e busca por esclarecimentos,

informações e possíveis intervenções, pensou-se em adotar as seguintes

ações:

• Estudos sobre o assunto

Aprofundamento teórico sobre o TDAH buscando elucidar e esclarecer

dúvidas, adquirir conhecimentos, pesquisar a legislação relativa ao assunto e

correlacionar com o esporte e a educação física e suas metodologias

inclusivas;

• Construção e pesquisa sobre métodos avaliativos da TDHA e

dificuldades motoras

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Buscar dentre a bibliografia existente, formas de auxiliar no diagnóstico e

teste motores que possam auxiliar na observação e conhecimento de

características específicas do TDHA e suas comorbidades3 e assim poder

esclarecer a melhor forma de aplicar metodologias apropriadas a inclusão

destes;

• Elaboração de unidade temática

Elaborar caderno temático contendo todas as informações necessárias

aos professores de todas as áreas, onde possam esclarecer dúvidas básicas e

auxiliar no processo inclusivo do aluno com TDAH;

• Proposta do projeto e intervenções junto aos professores do

Colégio

Propor e oportunizar aos professores do colégio de intervenção a

participação no projeto através do oferecimento de informações sobre o

assunto e assessoramento sobre possíveis ações metodológicas inclusivas

para o aluno com TDAH;

• Pesquisa e aplicação de proposta de aulas

Através da metodologia histórico-critica4, buscar formas de

desenvolvimento das aulas de ensino e prática desportiva, observando as

diferentes características dos alunos com TDAH, dando-lhe oportunidade de se

desenvolver em iguais condições em relação aos colegas.

A teoria histórico-crítica, segundo SAVIANI, (1994, p. 94) parte do pressuposto

de que é viável, mesmo numa sociedade capitalista, "uma educação que não

seja, necessariamente, reprodutora da situação vigente, e sim adequada aos

interesses da maioria, aos interesses daquele grande contingente da sociedade

brasileira, explorado pela classe dominante".3 O transtorno raramente se apresenta isolado. Com uma freqüência maior que 50 % vem acompanhado de outros distúrbios.4 A teoria histórico-crítica, segundo SAVIANI, (1994, p. 94) parte do pressuposto de que é viável, mesmo numa sociedade capitalista, "uma educação que não seja, necessariamente, reprodutora da situação vigente, e sim adequada aos interesses da maioria, aos interesses daquele grande contingente da sociedade brasileira, explorado pela classe dominante"

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Assim este projeto de intervenção pretende verificar, questionar e

colaborar na busca de soluções por intermédio da Educação Física e da pratica

desportiva da Escola e dos Professores, através de ações e metodologias que

possam amenizar os efeitos deste problema.

A seguir passaremos a apresentar os desdobramentos e pesquisas na

tentativa de solucionar e esclarecer os aspectos referentes ao tema proposto.

Estaremos mostrando os aspectos mais relevantes sobre o "TDAH",

principalmente em relação a escola e o conteúdo estruturante "esporte".

Também veremos como se desenvolveram as ações propostas no

decorrer do desenvolvimento projeto de intervenção pedagógica na escola, as

dificuldades, experiências, acertos e erros.

As conclusões e propostas decorrentes da reflexão e análise dos

resultados das ações e experiências serão apresentadas para poder contribuir

de forma efetiva na melhoria das questões apresentadas.

2. DESENVOLVIMENTO

Ao iniciar este trabalho e analisando os objetivos almejados, viu-se a

necessidade de aprofundar os estudos sobre o assunto, voltando-os para a

ótica da escola e da educação física, não esquecendo que diante de uma

perspectiva histórico-critica a necessidade de articular o conteúdo estruturante

esporte e ações interdisciplinares e pedagógicas dentro e fora da escola.

Estes estudos buscaram abranger aspectos gerais e específicos sobre o

tema, observando o problema de forma global e após especifica. Assim

estaremos apresentando as questões sobre a exclusão e depois mais

especificamente sobre o "TDAH".

2.1. QUEM SÃO OS EXCLUÍDOS?

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Antes de realizar qualquer abordagem sobre o tema exclusão é preciso

esclarecer a abrangência e características que envolvam os diferentes

indivíduos e grupos que sejam vítimas desta situação.

Quando se fala em excluídos e principalmente no meio escolar, logo

vem a nossa cabeça os deficientes físicos e mentais, este é um pensamento

inevitável, mas os excluídos podem ter muitas outras características e perfis

que podemos não perceber.

A princípio, na busca de entender o termo exclusão, precisamos analisar

seu real significado, segundo o site conteúdo escola exclusão é:

“estar fora, á margem, sem possibilidade de participação, seja na vida social como um todo, seja em algum de seus aspectos.”

Devemos observar o fato de que quando alguém é discriminado,

ignorado de algum grupo ou de alguma atividade, impossibilitado de se integrar

socialmente e de exercer seus direitos de forma igualitária, pode ser

considerado um excluído.

Assim a abrangência do grupo de excluídos se torna muito maior, e

principalmente na escola podemos observar este fato de forma mais intensa,

seja por ela ser um reflexo da sociedade onde está inserida como também pela

espontaneidade e falta de informações e experiências das crianças e

adolescentes. É fácil observar os grupos de excluídos dentro das escolas,

podem ser os gordinhos, os negros, os branquinhos, os baixinhos, os

grandões, os pobres, os ricos, os quietinhos e os agitados, ou seja, os

excluídos podem ser quaisquer um.

Neste artigo vamos abordar as questões em relação aos alunos com

“TDHA”, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que por muitas

vezes são excluídos tanto por professores como por colegas e até pela própria

família e não podem muito fazer para reverter esta situação sem ajuda. Mas

não podemos deixar de enfatizar que a abordagem, principalmente em relação

a busca por sua inclusão, deve ser transferida para todos os outros grupos de

excluídos, pois a questão é muito mais grave e freqüente do que imaginamos

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2.2. EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A exclusão nas escolas lança as sementes do descontentamento e da

discriminação social. A educação é uma questão de direitos humanos, e as

pessoas portadoras de deficiências devem fazer parte das escolas, que devem

modificar seu funcionamento para incluir todos os alunos. Esta é a mensagem

que foi claramente transmitida pela Conferência Mundial de 1944 da UNESCO

sobre as Necessidades Educacionais Especiais (Liga Internacional das

Sociedades para Pessoas com Deficiência Mental, 1994). Em um sentido mais

amplo, o ensino inclusivo é a prática da inclusão de todos - independente do

seu talento, deficiência, origem socioeconômica ou origem cultural -em escolas

e salas de aula provedoras onde todas as necessidades dos alunos são

satisfeitas.

A Constituição Federal de 1988 traz em seu artigo 208, inciso III que é

dever do estado dar o antendimento especializado aos portadores de

deficiências, preferencialmente na rede regular de ensino. Educando todos os

alunos juntos, as pessoas com deficiências têm a oportunidade para se

preparar para a vida na comunidade, os professores melhoram suas

habilidades profissionais e a sociedade toma a decisão consciente de funcionar

de acordo com o valor social da igualdade para todas as pessoas, com os

conseqüentes resultados de melhora da paz social. Para conseguir realizar o

ensino inclusivo, os educadores gerais e especiais e os recursos devem se

juntar em um esforço unificado e consistente.

2.3. QUE TIPO DE INCLUSÃO QUEREMOS?

É importante ressaltar que quando falamos em inclusão, se torna

importante observar que não podemos aceitar que esta seja estimulada como

forma de aceitação e tolerância do aluno excluído, e sim fazer com que o este

se conheça dentro de suas dificuldades e limitações e pricipalmente em suas

capacidades e qualidades, como vemos em SILVA (2003, p. 213),

Conhecer e entender o próprio comportamento é

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fundamental para uma mudança de perspectiva que possibilite um redirecionamento em sua vida.

Então é importante que a escola e todos que convivam com qualquer

tipo de excluído trate-o como uma pessoal normal, que deve ser cobrada e

valorizada dentro de suas capacidades, pois devemos fazer com que essa

pessoa tenha condições de desenvolver suas habilidades e que por ser

difierente não seja tratada como alguém incapaz ou coitadinho. O medo e a

intolerância com o diferente de ser banida da sociedade, devemos ser tratados

todos como iguais, com suas limitações e caracterísiticas individuais, para que

assim possa se desenvolver plenamente e se inserir socialmente e

profissionalmente sem precisasrmos da política de quotas.

2.4. HIPERATIVIDADE OU TDAH?

O termo que conhecemos é sempre o aluno com Hiperatividade, mas o

problema é um pouco mais complexo e envolve outros sintomas como o défict

de atenção, assim o termo correto é “TDAH” (Transtorno do Déficit de atenção

e Hiperatividade).

2.5. O QUE É TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um

transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e

freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza

por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às

vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado

de ADD, ADHD ou de AD/HD.

2.6. INDISCIPLINA OU TDAH

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Os alunos com TDAH apresentam risco de dificuldades significativas

em uma variedade de áreas funcionais. É como se problemas de desatenção,

impulsividade e hiperatividade servissem como um “imã” para outras

dificuldades que, em alguns casos, são mais graves que os déficits principais

do TDAH. Dessas dificuldades, os três correlatos mais freqüentes do TDAH

são o fraco desempenho acadêmico, altas taxas de desobediência e

agressividade e perturbações nos relacionamentos com colegas.

Procurar se desarmar contra a agressividade dos alunos e procurar

observar se isto não é conseqüência de frustrações ou dificuldades de

relacionamento aceitação no grupo se torna importantíssimo para reverter este

quadro.

2.7. O ALUNO COM TDAH E A EDUCAÇÃO

Segundo o site www.tdha.org.br o TDAH é um transtorno neurobiológico

de causas genéticas, Razera (2001) p.34 complementa que a maioria dos

pesquisadores suspeita que há uma leve disfunção no metabolismo

neuroquímico ou na produção de determinados neurotransmissores. É

consenso de vários autores de que os principais sintomas do TDAH sáo:

desatenção, hiperatividade psicomotora e impulsividade nas ações. Um ponto

importante ao analisarmos os sintomas do TDAH em relação a escola não é a

forma em que se manifestam, mas sim o contexto em que o aluno está

inserido, ou seja, a forma em que o ambiente escolar, familiar e social acolhe

esse aluno é que vai catalisar seus sintomas, tornando-os mais graves do que

parecem ou amenizando-os a ponto de nem serem percebidos, tendo o aluno

rendimento cognitivo e social igual ou até melhor que os colegas. Essa

afirmação pode ser comprovada em GOLDSTEIN (2006 p. 22) que nos diz:

..., os problemas não se originam das poucas habilidades, mas resultam da incapacidade da criança de satisfazer as demandas impostas pelo mundo exterior. Assim uma criança hiperativa que vive numa ilha tropical deserta pode não desenvolver problemas significativos decorrentes dessas características do seu temperamento. (...) crianças hiperativas podem apresentar problemas muito diferentes

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por terem pais diferentes, professores diferentes, familiares diferentes e assim por diante.

Portanto é preciso a princípio olhar para dentro da escola, observar

quais as ações adotadas com o objetivo o de acolher não só o aluno com

TDAH, mas sim qualquer aluno com necessidades especiais, a escola tem que

ter a vontade de se desenvolver e acolher esses alunos, o compromisso da

educação tem de ir além da mera transmissão de conhecimentos, GOLDSTEIN

(2006 p. 23) também reforça essa afirmação ao colocar que:

Na nossa sociedade e cultura, seja bom ou ruim, certo ou errado, nós valorizamos muito as crianças que permanecem calmamente sentadas, prestam atenção, planejam e conseguem alcançar seus objetivos. Essas exigências recaem mesmo sobre crianças muito pequenas. A criança hiperativa, incapaz de satisfazer essas exigências, é uma candidata imediata a uma infinidade de problemas.

Para que a escola possa favorecer a inclusão desses alunos, a adoção

de metodologias e estratégias adequadas se torna primordial para o seu

sucesso. Aprender a analisar as características de comportamento do aluno

com TDAH é de suma importância, pois essas não condizem com a educação

de ensino tradicional tecnicista e reprodutivista, onde o comportamento

esperado é o citado anteriormente.

A desatenção e distração em crianças com TDAH é muito maior, assim

se a atividade for enfadonha, desinteressante ou repetitiva, maior a dificuldade

encontrada, e essa é uma característica de aulas com pouco compromisso

metodológico. A impulsividade e a excitação excessiva também não vão de

encontro com aulas com poucos recursos e repetitivas.

2.8. CARACTERÍSTICAS DO TDAH

Existem muitos comportamentos que possam caracterizar o portador de

“TDAH”, aqui citaremos apenas os que possam ser perceptíveis aos

professores e equipe pedagógica. Segundo Silva (2003) p.20 o comportamento

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do TDAH nasce do que se chama de trio de base alterada que são as

seguintes:

2.8.1. Alteração da atenção: A falta de atenção é o sintoma mais

importante no comportamento do TDAH, podendo não apresentar

hiperatividade física, mas jamais deixará de apresentar forte tendência à

dispersão. Para um adulto com TDAH, manter-se atento pode ser um desafio

enorme. O próprio TDAH se irrita com seus lapsos de dispersão.

2.8.2. Impulsividade: Sua mente funciona como um receptor de alta

sensibilidade, que, ao captar um pequeno sinal, reage automaticamente sem

avaliar as características do objeto gerador do sinal captado. Crianças

costumam dizer o que lhes vem a cabeça, evolver-se em brincadeiras

perigosas, brincar de brigar com reações exageradas e tudo isso pode render-

lhes rótulos desgradaveis.

2.8.3. Hiperatividade física e mental: Quando crianças se mostram

agitados, movendo-se sem parar em qualquer lugar. A energia hiperativa de

um TDAH pode causar-lhe incômodos cotidianos, principalmente se ele

precisar se adequar a ritmos não tão elétricos.

Ainda segundo Silva (2203) p.28 nos é colocado várias características

do TDAH divididas em quatro grupos decorrentes dos sintomas primários

(desatenção, hiperatividade e impulsividade) e de situações secundárias. Vale

lembrar que se, pelo menos, trinta e cinco das opções forem positivas podem

caracterizar o aluno com TDAH.

1º Grupo: Instabilidade da atenção

1. Desvia facilmente a atenção do que está fazendo.

2. Tem dificuldade em prestar atenção à fala dos outros.

3. Desorganização cotidiana.

4. Apresenta “brancos” durante uma conversa.

5. Tendência a interromper a fala do outro.

6. Costuma cometer erros de fala, leitura ou escrita.

7. Presença de hiperfoco (concentração intensa em um único assunto num

determinado período.

8. Dificuldade de permanecer em atividades obrigatórias de longa duração.

9. Interrompe tarefas no meio.

2º Grupo: Hiperatividade física e/ou mental

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10. Dificuldade em permanecer sentado por muito tempo.

11. Está sempre mexendo com os pés ou as mãos.

12. Constante sensação de inquietação ou ansiedade.

13. Tendência a estar sempre ocupado com alguma problemática em

relação a si ou com os outros.

14. Costuma fazer várias coisas ao mesmo tempo.

15. Envolve-se em vários projetos ao mesmo tempo e tende a não concluí-

los.

16. Às vezes se envolve em situações de alto risco em busca de estímulos

fortes.

17. Freqüentemente fala sem parar.

3º Grupo: Impulsividade

18. Baixa tolerância à frustração.

19. Costuma responder a alguém antes que este complete a pergunta.

20. Costuma provocar situações constrangedoras, por falar o que vem à

mente sem filtrar o que vai ser dito.

21. Impaciência marcante no ato de esperar ou aguardar por algo.

22. Impulsividade para comprar, sair de empregos, romper

relacionamentos, praticar esportes radicais, comer, jogar e etc.

23. Reage irrefletidamente às provocações, críticas ou rejeição.

24. Tendência a não seguir regras ou normas preestabelecidas.

25. Compulsividade.

26. Sexualidade instável.

27. Ações contraditórias.

28. Hipersensibilidade.

29. Hiper-reatividade.

30. Tendência a culpar os outros.

31. Mudanças bruscas e repentinas de humor.

32. Tendência a ser muito criativo e intuitivo.

33. Tendência ao desespero.

4º Grupo: Sintomas secundários

34. Tendência a ter um desempenho profissional abaixo do esperado para

sua real capacidade.

35. Baixa auto-estima.

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36. Dependência química.

37. Depressões freqüentes.

38. Intensa dificuldade em manter relacionamentos afetivos.

39. Demora excessiva para iniciar ou executar algum trabalho.

40. Baixa tolerância ao estresse.

41. Tendência a apresentar intensa capacidade de fantasiar fatos e

histórias.

42. Tendência a tropeçar, cair ou derrubar objetos.

43. Tendência a apresentar uma caligrafia de difícil entendimento.

44. Tensão pré-menstrual muito marcada.

45. Dificuldade em orientação espacial.

46. Avaliação temporal prejudicada.

47. Tendência à inversão dos horários de dormir.

48. Hipersensibilidade a ruídos, principalmente se repetitivos.

49. Tendência a exercer mais de uma atividade profissional, simultânea ou

não.

50. E por último, não se enquadrando em nenhum dos grupos, mas de

suma relevância, história familiar positiva para TDAH.

Pode parecer, ao analisarmos esta lista, que todos somos TDAH, mas a

avaliação deve ser realizada de forma consciente, com apoio de profissionais

capacitados para tal e analisando a intensidade e o comportamento dos

sintomas. Pois a diversidade de características e intensidade pode ser muito

grande.

2.9. O ALUNO COM TDAH E A ESCOLA

As estratégias para encaminhar as medidas pedagógicas com o aluno

TDAH não podem se limitar apenas as ações do professor. O encaminhamento

deve envolver também a família e intervenções clinicas e até medicamentosas,

mas para que o professor possa dar sua colaboração no processo é importante

ressaltar alguns fatores que veremos a seguir de acordo com

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1. O professor sabe sobre hiperatividade em crianças e está disposto a

reconhecer que este problema tem um impacto significativo sobre as

crianças da classe.

2. O professor parece entender a diferença entre problemas resultantes de

incompetência e problemas resultantes de desobediência.

3. O professor não emprega como primeira ação o reforço negativo ou a

punição como meios para lidar com problemas e para motivar na sala de

aula.

4. A sala de aula é organizada.

5. Existe um conjunto claro e consistente de regras na classe. Exige-se

que todos os alunos aprendam as regras.

6. As regras da sala de aula estão num cartaz colocado na sala para que

todos vejam.

7. Existe uma rotina consistente e previsível na sala de aula.

8. O professor exige e segue estritamente as exigências específicas

referentes a comportamento e produtividade.

9. O trabalho escolar fornecido é compatível com o nível de capacidade da

criança.

10.O professor está mais interessado no processo (compreensão de um

conceito) que no produto (conclusão de 50 problemas de subtração).

11. A disposição da sala de aula é definida, com carteiras separadas

colocadas em fileiras.

12.O professor distribui pequenas recompensas sociais e materiais

relevantes e freqüentes.

13.O professor da classe é capaz de usar um programa modificado de

custo resposta.

14.O professor emprega punições leves acompanhadas de instruções para

retornar ao trabalho quando a criança hiperativa interrompe o trabalho

dos outras.

15.O professor ignora o devaneio ou a desatenção em relação a lição que

não perturbe as outras crianças e , então, uma atenção diferenciada

quando ela volta ao trabalho.

16.A menor razão aluno para professor possível (preferencialmente, um

professor para oito alunos.

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17.O professor está disposto a alternar atividades de alto e baixo interesse

durante todo o dia em lugar de fazer com que o aluno faça todo o

trabalho de manhã com tarefas repetitivas uma após a outra.

18.O professor está disposto a oferecer supervisão adicional durante o

período de transição entre aulas, intervalos e durante outras atividades

longas como reuniões.

19.O professor é capaz de antecipar os problemas e fazer planejamentos

de antemão para evitar problemas.

20.O professor está disposto a auxiliar a criança hiperativa a aprender,

praticar e manter aptidões organizacionais.

21. O professor está disposto a aceitar a responsabilidade de verificar se a

criança hiperativa aprende e usa um sistema eficaz para manter-se em

dia com o dever de casa, e conferir se ela quando sai do prédio da

escola, todos os dias, leva esse dever para casa.

22.O professor aceita a responsabilidade de comunicar continuamente com

os pais. Para alunos o curso elementar, um bilhete diário e enviado para

casa. Para estudantes das últimas séries do 1º e 2º grau, usam-se notas

de progresso semanal.

23.O professor fornece instruções curtas diretamente à criança hiperativa e

em nível que ela possa entender.

24.O professor é capaz de manter um controle eficaz sobre toda a classe,

bem como sobre a criança hiperativa.

25.Preferencialmente a classe é fechada (quatro paredes ) nunca em

ambiente aberto.

26.O professor está disposto a desenvolver um sistema no qual as

instruções são repetidas e oferecidas de várias maneiras.

27.O professor está disposto a oferecer pistas para ajudar a criança

hiperativa a voltar para o trabalho e a evitar que ela fique super excitada.

28.O professor está disposto a permitir movimentos na sala de aula.

29.O professor prepara todos os alunos para mudanças na rotina.

30.O professor entende como e quando variar seu método.

31.O professor é capaz de fazer um rodízio e uma alternância de estímulos

e reconhece que aquilo pode ser recompensador para um aluno, pode

não ser para outro.

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32.Todos os estudantes aprendem um modelo lógico de resolução de

problemas para lidar com problemas na sala de aula e entre eles

mesmos (por exemplo: parar, ver, ouvir).

33.Um sistema de treinamento em atenção ou auto monitoramento é usado

em sala de aula.

34.O professor parece capaz de encontrar algo positivo, bom e valioso em

toda criança. Este professor valoriza as crianças por aquilo que são, não

por aquilo que conseguem produzir.

2.10. ESTILO DE ATUAÇÃO DOS PROFESSORES

É importante analisarmos mais alguns pontos essenciais ao sucesso do

aluno com TDAH

Segundo Bellini (2003), os professores são bem diferentes em seus

estilos pessoais:

1º O professor autoritário intolerante e rígido, valoriza somente as

necessidades acadêmicas do aluno, focalizando apenas a produção de tarefas,

tornando-se impaciente com a criança a medida que esta não consegue

corresponder às suas expectativas.

2º O professor pessimista, desanimado e infeliz, com tendência a ter uma visão

categórica de todo mal comportamento e das tarefas inacabadas como

proposital e por desconsideração a ele, não conseguirá estabelecer um bom

relacionamento com a criança.

3º O professor hiper crítico, ameaçador e “nunca erra”- certamente ficará

frustrado pela dificuldade da criança com TDAH em fazer mudanças

adequadas rapidamente.

4º O professor do tipo impulsivo, temperamental e desorganizado- poderá ter

também uma experiência difícil dada à similaridade de seu comportamento com

aquele tipicamente apresentado pela criança com TDAH.

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5º O professor que parece mais se ajustar às necessidades dos alunos com

TDAH é aquele que se mostra:

•Democrático, solícito, compreensivo.

•Otimista, amigo e empático.

•Dar respostas consistentes e rápidas para o comportamento inadequado da

criança, não manifestando raiva ou insultando o aluno.

•Bem organizado e administra bem o tempo.

•Flexível no manejo dos vários tipos de tarefa.

•Objetivo e descobre meios de auxiliar o aluno a atingir as suas metas.

2.11. O ESPORTE E O ALUNO COM TDAH

Ao pensarmos a Educação Física aplicada à inclusão do aluno com

TDAH, é preciso conhecer mais sobre o assunto, este projeto pretende

aprofundar os estudos em relação a esses conteúdos e principalmente em sua

aplicação observar as possibilidade e variáveis no desenvolvimento das aulas.

O TDAH pode variar de acordo com os tipos, como já vimos anteriormente, e

assim variar também em relação ao seu comportamento e desenvolvimento

motor. O TDAH apresenta diferentes comorbidades, que podem representar

diferentes comportamentos nas aulas de Educação Física, as principais

comorbidades segundo o site TDAH e suas comorbidades são os transtornos

opositivo-desafiador, de conduta, de ansiedade, de humor-bipolar e depressivo.

Desta forma as variáveis na adoção de metodologias aplicáveis pode

variar muito, neste projeto pretendemos enfocar a integração social com o resto

do grupo e principalmente buscar a auto-compreensão por parte do aluno com

TDAH de sua própria condição e assim melhorando seu rendimento nas aulas

de Educação Física, bem como em todas as outras disciplinas. Para

alcançarmos este objetivo pretendemos utilizar a prática esportiva como meio

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de integração social. Numa perspectiva histórico crítica, segundo o coletivo de

autores (1992, p. 71) deveremos utilizar o esporte como forma de privilegiar o

coletivo sobre o individual, defendendo o compromisso da solidariedade e do

respeito e questionando a organização social como um todo.

Em seguida veremos como ocorreram as ações pedagógicas e

metodológicas de intervenção na escola, bem como os resultados alcançados

e as propostas sobre o tema.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Passaremos agora a analisar e descrever os resultados obtidos com os

estudos e ações realizadas desta proposta de implementação

• Estudos sobre o assunto

Os estudos realizados sobre o assunto foram muito esclarecedores e ao

mesmo tempo conflitantes no sentido de como o tema é complexo e o

conhecimento dos professores é limitado, chegando a ser praticamente nulo.

Assim acreditamos que se torna imprescindível que se busque formas de

difundir mais os conhecimentos existentes sobre o tema.

• Construção e pesquisa sobre métodos avaliativos da TDHA e

dificuldades motoras

Através dos estudos realizados, verificamos que a avaliação e

diagnóstico de alunos com TDAH se torna uma tarefa muito complexa, que só

será possível com a participação de uma equipe multidisciplinar, envolvendo

professores, pedagogos, pais e psicólogos, que podem ter seu início com a

capacitação de todos trabalhadores da escola sobre o tema, afim de lançar um

olhar diferente sobre o comportamentos dos alunos.

• Elaboração de unidade temática

Foi elaborada uma Unidade Temática, que pode colaborar para que

todos envolvidos com a educação possam esclarecer dúvidas básicas e auxiliar

no processo inclusivo do aluno com TDAH;

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• Proposta do projeto e intervenções junto aos professores do

Colégio

Como relatamos anteriormente é preciso que todos envolvidos com a

educação tenham mais informações sobre o tema, pois o conhecimento sobre

o assunto é quase nulo, chegando ao ponto de alguns professores relatarem

em conversas informais sobre o tema, acreditarem que a síndrome do TDAH é

mais uma lenda ou desculpa para alunos indisciplinados.

Assim esperamos ter a oportunidade de difundir e esclarecer dúvidas

sobre o tema, talvez através de cursos ou materiais pedagógicos.

Pesquisa e aplicação de proposta de aulas

Ao pensarmos uma forma de propiciar aulas que promovessem a

inclusão e desenvolvimento das capacidades dos alunos com TDAH, a primeira

dificuldade encontrada foi a de identificar esses alunos, mas sabendo que os

alunos excluídos envolvem também outros grupos procuramos desenvolver

atividades que estimulassem a inclusão por si só.

Assim foram desenvolvidas atividades com alunos do 1º e 2º ano do

ensino médio e também com turmas d de 6ª e 7ª série do ensino fundamental.

Inicialmente foram apresentadas atividades que buscavam mostrar o

real sentido do esporte educacional, tentando desmistificar a visão capitalista e

consequentemente da competição exarcebada que tem como único objetivo a

vitória em detrimento das pessoas. As atividades foram as seguintes.

Apresentação do filme "O casamento de Romeu X Julieta", onde

procurou-se discutir como o fanatismo pode ser errado e distorcer os ideais do

esporte educacional.

Em seguida trabalhou-se com os alunos a atividade contida no livro

didático "O Futebol além das quatros linhas", onde também procurou-se

mostrar os aspectos críticos do esporte, tanto políticos como sociais e

econômicos.

Nas aulas práticas procurou-se aplicar inicialmente atividades

cooperativas, enfatizando a importância da participação de todos, também

foram desenvolvidas jogos pré-desportivos onde sempre se enfatizava os

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valores e o prazer de se praticar o esporte sem o simples objetivo da vitória.

Eram realizadas rodas de conversa sobre o que acontecera nas atividades.

Pode-se observar com o desenrolar das aulas a mudança de

comportamento e a forma de praticar o esporte nas aulas de Educação Física,

infelizmente não foi possível mensurar a real transformação do relacionamento

entre os alunos em outros âmbitos, somente através do relato dos alunos que

disseram que o relacionamento do grupo melhorou, com cada um aceitando

melhor as diferenças dos colegas.

Assim acreditamos que a preocupação com a inclusão deve estar

presente em todas as aulas e atividades desenvolvidas nas escolas,

principalmente nas aulas de Educação Física.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

DUPAL , G. J.; STORNER, G. TDAH nas Escolas. São Paulo: M. Books, 2007.

GOLDSTEIN, S.; GOLDSTEIN, M. HIPERATIVIDADE Como desenvolver a capacidade de atenção da criança. Campinas-SP: Papirus, 1994.

RAZERA, G.; Hiperatividade Eficaz. Rio de Janeiro: Instituto Internacional de Projeciologia e Conscienciologia, 2001.

SAVIANI, D.; Pedagogia Histórico-Crítica. Campinas-SP: Autores Associados, 1994.

SILVA, K. B. C. e; TDAH e suas comorbidades. Disponível em < http://www.tdahecomorbidades.com.br/katia.asp> acesso em: 09 set 2008.

DCE – Diretrizes Curriculares de Educação Física para a Educação Básica, Curitiba, SEED, 2008.

KUNZ, Elenor – Educação Física: ensino & mudanças / Ijuí: Unijuí, Editora, 1991

LISTELLO, Auguste - Educação pelas Atividades Físicas, Esportivas e de Lazer São Paulo: EPU, Ed. da Universidade de São Paulo, 1979.

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TAFFAREL, Celi Nelza Zülke, - Criatividade nas Aulas de Educação Física, Rio de Janeiro, Ao Livro Técnico, 1985

KUNZ, E. Transformação didático-pedagógica do esporte. Ijuí: Unijuí, 1994.

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