A Eficacia Do Metodo Fonico No Processo de A

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  • BRENDA APARECIDA DA SILVA MIRANDA GRACIELE LIMA BARROS

    SUAYHANE TUPYHARO LINS DA SILVA

    MTODO FNICO

    A EFICCIA DO MTODO FNICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAO

    FACULDADE EA DE QUEIRS JANDIRA SP SETEMBRO/2009

  • BRENDA APARECIDA DA SILVA MIRANDA GRACIELE LIMA BARROS

    SUAYHANE TUPYHARO LINS DA SILVA

    MTODO FNICO

    A EFICCIA DO MTODO FNICO NO PROCESSO DE ALFABETIZAO

    Trabalho de concluso de curso apresentado Faculdade Ea de Queirs, sob a orientao do professor Dr. Frank Viana de Carvalho como requisito para a concluso do curso de Pedagogia.

    FACULDADE EA DE QUEIRS JANDIRA SP SETEMBRO/2009

  • SUMRIO INTRODUO................................................................................................................08 CAP. 1 - UMA REFORMA EM ANDAMENTO...............................................................10

    1.1 PESQUISA CONDUZIDA NA CMARA DE DEPUTADOS......................................12

    1.2 EUA...........................................................................................................................12

    1.3 INGLATERRA............................................................................................................13

    1.4 FRANA....................................................................................................................14

    1.5 BRASIL......................................................................................................................14

    1.6 O PENSAMENTO DO MINISTRO FERNANDO HADDAD.......................................15

    CAP. 2 DEBATE ENTRE OS MTODOS DE ALFABETIZAO .............................17

    2.1 MTODOS GLOBAIS...............................................................................................17

    2. MTODOS SINTTICOS...........................................................................................20

    2.3 MTODO FNICO...................................................................................................21

    CAP.3 VANTAGENS DO MTODO FNICO EM COMPARAO COM OS MTODOS GLOBAIS....................................................................................................24

    3.1 OBJETIVO DE ALFABETIZAR.................................................................................25

    3.2 A IMPORTNCIA DE TEXTOS AUTNTICOS E DE CONSIDERAR O CONTEXTO

    DA CRIANA..................................................................................................................27

    3.3 A IMPORTNCIA DE PESQUISAS CIENTFICAS...................................................28

    3.4 DISCURSO X PRTICA NA SALA DE AULA...........................................................29

    3.5 GRFICO..................................................................................................................31

    CONCLUSO.................................................................................................................32 REFERNCIAS ELETRNICAS...................................................................................35

    REFERNICAS BIBLIOGRFICAS...............................................................................36 ANEXOS ........................................................................................................................37

  • RESUMO

    Diante das atuais discusses referentes s linhas tericas que sejam realmente

    eficazes no processo de alfabetizao no contexto brasileiro, o presente trabalho visa

    conceituar os mtodos que so colocados em debate e questionados quanto a sua

    eficcia no processo da aquisio da leitura e da escrita. Estes so os Mtodos Globais

    (Construtivismo, Sociointeracionismo e outros assemelhados), o Mtodo Fnico e o

    Mtodo Silbico. Abordamos o Construtivismo atualmente utilizado no Brasil com base

    nos PCNs, nos quais este modelo est implcito. Apresentamos algumas reflexes

    sobre a pesquisa conduzida na Cmara dos Deputados, denominada Relatrio Final

    do Grupo de Trabalho; Alfabetizao Infantil: os novos caminhos, em que so citados

    exemplos de pases que utilizam o Mtodo Fnico, baseados em pesquisas cientficas.

    Refletindo sobre o contexto brasileiro, situamos individualmente os mtodos e as

    propostas metodolgicas, possibilitando uma anlise comparativa entre eles. Apesar do

    discurso docente ainda ser construtivista, na prtica so utilizados, no incio da

    alfabetizao outros Mtodos como o Silbico e o Fnico, haja vista que o

    Construtivismo no tem apresentado eficcia e eficincia no processo de alfabetizao.

    Finalmente destacamos, a necessidade de se considerar o contexto das crianas

    brasileiras (social, econmico e cultural) na busca de um mtodo que possibilite que

    todas tenham condies de igualdade, de se alfabetizarem. Sendo assim,

    comprovadamente, o Mtodo Fnico, com base em amplas pesquisas atuais, atende

    estas expectativas.

    Palavras-chave: Mtodo Fnico, Alfabetizao, Instruo Fnica, Educao.

  • ABSTRACT

    Facing the nowadays discussions referring to theory thoughts that have efficacy

    on the Brazilian alphabetization process, the present paper aims to conceptualize the

    methods which are discussed and questioned for their efficacy in the writing and reading

    acquisition process. These are the Global Approach/Methods (Constructivism, Socio-

    interactionism and others similar), the Phonics Approach and the Syllabic Approach.We

    discuss the Constructivism nowadays used in Brazil with bases on PCNs, in which this

    model is implicit. We Present some reflections about the research done in the Deputies

    Chamber named Final Report from the Work Group; Childhood Alphabetization: new

    paths, in which are mentioned examples of countries that use the Phonics Approach,

    based on scientific researches. Reflecting about the Brazilian context, we situated

    individually the methods and the methodological proposals, making it possible a

    comparative analysis between them. Even though the docent speech still is

    constructivist, in practice it is used in the beginning of the alphabetization other methods

    as Syllabic and Phonics, considering that the Constructivism does not have presented

    efficacy and efficiency in the alphabetization process. Finally we point out the necessity

    to consider the Brazilian children context (social, economic and cultural) in the search of

    the method which makes it possible for all of them to have alphabetization equality

    conditions. Thus, attested the Phonics Approach, based in nowadays researches,

    attends these expectations.

    Key-words: Phonics Approach; Alphabetization; Phonics Instruction; Education.

  • Eles ergueram a torre de Babel para escalar o cu;

    Mas Deus no estava l!

    Estava ali mesmo, entre eles,

    Ajudando a construir a torre!

    (Mario Quintana)

  • Dedico este trabalho a Deus, por me dar fora nos momentos mais difceis, ao meu

    marido Rodrigo pelo apoio e pacincia, a minha pequena Sophia que me presenteou

    com sua chegada iluminando esta trajetria, pelo apoio que recebi de toda minha

    famlia e s minhas queridas amigas Suayhane e Graciele pelo prazer de partilhar um

    trabalho to importante.

    Brenda A. S. Miranda

    Dedico este trabalho ao meu bom Deus, aos meus familiares que me suportaram em

    momentos difceis, s minhas colegas que dividiram as minhas conquistas e fracassos

    no decorrer do curso e principalmente a Brenda e Suayhane que dividiram o prazer da

    realizao deste trabalho.

    Graciele Lima Barros

    Dedico este trabalho primeiramente a Deus, minha fortaleza nos momentos mais

    difceis, ao meu amado esposo Anderson por todo apoio e pacincia, minha me e ao

    meu irmo, to amados e presentes na minha vida, e em especial s amigas Brenda e

    Graciele que fizeram parte da minha histria nesta caminhada.

    Suayhane Tupyharo Lins da Silva

  • Agradecemos imensamente ao nosso orientador professor Dr. Frank Viana de

    Carvalho, por ter estado conosco durante todo o processo de elaborao do nosso

    trabalho, compartilhando sua sabedoria com pacincia e prazer, e ao professor Ms.

    Rogrio de Souza pelo incentivo e apoio desde que iniciamos nosso curso, alm de nos

    presentear com sua sabedoria e sensibilidade em nos compreender em nossas

    dificuldades e reconhecer nosso potencial.

    No deixaremos de agradecer a todos os nossos professores que nos

    acompanharam nesta jornada, e de maneira especial, marcaram nossas vidas, inclusive

    os que j no esto mais presentes na instituio, mas que nos deixaram

    aprendizagens significativas.

  • INTRODUO

    Nos ltimos anos o Brasil adotou as linhas tericas que do valor construo

    do conhecimento (como o Construtivismo), como nica forma de alcanar sucesso na

    alfabetizao. No sendo mais a questo da evaso o principal problema da educao

    nos dias atuais, mas em resultados de avaliaes oficiais como SAEB (Sistema

    Internacional de Avaliao do Aluno), PISA (Programa Internacional de Avaliao de

    Aluno), entre outros, o desempenho dos alunos tem sido desastroso por diversos

    fatores dos quais vale repensar antigas prticas ou mtodos que no passado

    apresentaram resultados positivos. Dentre estes, optamos em repensar o Mtodo

    Fnico como eficaz no processo de alfabetizao. Haja vista que, para que ocorra de

    fato a apreenso da leitura e da escrita fundamental que o aluno aprenda a codificar,

    decodificar, e estabelecer relao entre grafema e fonema, pontos essenciais no

    Mtodo Fnico.

    De acordo com as defasagens dos mtodos atuais e da poltica educacional

    adotada, queremos discutir a eficcia do Mtodo Fnico no processo de alfabetizao.

    Para isto iremos abordar no Captulo 1, o Plano Decenal criado para avaliar e

    melhorar a alfabetizao no Brasil e os PCNs (Parmetros Curriculares Nacionais),

    norteadores para as prticas docentes, principalmente os das sries iniciais.

    O prprio Governo, em 2003, com o objetivo de analisar e trazer ao debate a

    situao da alfabetizao no Brasil, criou uma Comisso de Educao composta por

    especialistas nacionais e estrangeiros. Como veremos adiante, o contexto requer

    anlises e reflexes e, nesse sentido, o relatrio encomendado pela Comisso da

    Cmara no deixa de ser um documento oficial importante, j que permite reflexes

    tanto no campo do ensino como no das polticas pblicas. (BELINTANE, 2006, p.264).

    Iremos abordar tambm, o Construtivismo, atualmente estabelecido como um

    mtodo de alfabetizao no Brasil, e que no vem apresentando os resultados

    imaginados. Como comprovam pesquisas cientficas nacionais e internacionais.

    Faremos um breve relato dos pases que utilizam o Mtodo Fnico e o

    consideram mais eficaz que os outros mtodos.

  • Apresentaremos a pesquisa conduzida na Cmara de Deputados, que critica o

    Construtivismo, assim como os PCNs (Parmetros Curriculares Nacionais), PROFA

    (Programa de Formao de Professores Alfabetizadores) e o PNLD (Programa Nacional

    do Livro Didtico), e defende o Mtodo Fnico.

    Ser abordada a viso do ministro da educao, Fernando Haddad, acerca dos

    mtodos de alfabetizao, e sua preocupao com a qualidade da educao no Brasil.

    No Captulo 2 apresentaremos as principais caractersticas entre os Mtodos

    Globais, Sinttico e Fnico.

    O Captulo 3 tratar do debate entre o Construtivismo, atual linha terica adotada

    no Brasil, e o Mtodo Fnico comprovadamente eficaz no processo de alfabetizao em

    pases desenvolvidos e desta forma descrevemos as vantagens do segundo em relao

    ao primeiro. Abordando desde as questes prticas como tericas em que se

    evidenciam tais vantagens.

  • CAPTULO 1

    UMA REFORMA EM ANDAMENTO

    Com o objetivo de avaliar e melhorar os nveis de alfabetizao foi criado em

    1993 o plano decenal, sendo este um conjunto de diretrizes polticas que visavam

    recuperar o ensino brasileiro, que apresentava ndices insatisfatrios de evaso

    escolar. A partir dele, surgiram projetos e leis para se alcanar esta meta de educao

    para todos, dentre eles os PCNs, DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais), LDB (Lei de

    Diretrizes e Bases da Educao Nacional) 9394/96, entre outros.

    Sendo os PCNs norteadores para as prticas docentes eles deveriam ser

    desprovidos de ideologias partidrias ou conceitos fechados. Porm, eles apresentam

    perspectivas construtivistas e sociointeracionistas. Assim, cabe a reflexo da qualidade

    dos objetivos propostos pelo governo.

    Apesar da importncia desse movimento de renovao da educao, as avaliaes nacionais e regionais evidenciam um quadro no muito diferente do que j se exibia nas dcadas de 1970 e 1980. Se antes preponderava a evaso escolar, hoje preponderam as imensas dificuldades de leitura e as defasagens nas correlaes esperadas de competncia /srie (ou ciclo). (BELINTANE, 2006, p.263).

    Ao public-lo, o MEC (Ministrio da Educao e Cultura) teve como pretenso

    que todos os professores tivessem acesso a eles, em especial os docentes das sries

    iniciais. Porm, apesar de no serem considerados obrigatrios, o fato de todos os

    professores deverem ter acesso a eles acabou limitando os educadores a se

    adequarem ao mtodo que est explcito nos Parmetros.

    Ao chegarem de fato s escolas, em 1997, os PCNs das sries iniciais foram

    recebidos pelos educadores com muitas dvidas e ansiedades. Esperava-se que estes

    apresentassem diretrizes que orientassem o trabalho pedaggico. No entanto, no

    cotidiano escolar, estas expectativas foram sendo frustradas.

    Implantado no Brasil pelo modismo, o Construtivismo no um mtodo. Trata-se

    de um conceito que, na prtica, no tem demonstrado resultados positivos.

  • Mesmo os PCNs sendo fundamentados em Piaget, no podemos ignorar que ele

    j enfatizava a importncia de pesquisas no mbito da educao. O que no ocorreu ao

    se estabelecer o Construtivismo como um mtodo a ser seguido no Brasil.

    inacreditvel que (...) a pedagogia no organize experimentos contnuos e metdicos,

    contentando-se apenas em resolver os problemas por meio de opinies, cujo bom

    senso encerra realmente mais afetividade do que razes efetivas. (PIAGET apud

    CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2004, p.11).

    Apesar do aspecto positivo proposto pelos PCNs em atender teoricamente a

    realidade do aluno, so pr-requisitos dos Mtodos Globais, caractersticas que no

    condizem com a realidade, principalmente no mbito scio econmico da maior parte

    da populao brasileira.

    O sucesso na alfabetizao, segundo os PCNs, ocorrer mediante o contato do

    aluno com textos diferenciados. O que no tem apresentado eficcia como podemos

    observar em avaliaes como SAEB e PISA. Levando a reflexo do contexto j

    mencionado em que a grande maioria da populao no tem acesso a esta cultura de

    leitura diversa, por questes econmicas, sociais e culturais.

    Os dados do IBGE mostram tambm que a alfabetizao varia de acordo com a renda. Em famlias mais ricas (mais de cinco salrios mnimos per capita), aos cinco anos de idade, quase metade (47%) das crianas j se alfabetizou. Entre as mais pobres (menos de 1/4 de salrio mnimo per capita) o percentual de 10%. Aos sete, praticamente todas as crianas mais ricas j se alfabetizaram, mas a taxa entre as mais pobres de 49%. (GIS, 2009, p. 2).

    Mesmo pases desenvolvidos como EUA, Inglaterra e Canad, que tem acesso

    ao conhecimento, pr-requisito dos Mtodos Globais, consideram que estes mtodos

    (Ideovisuais) so ultrapassados e adotaram o Mtodo Fnico, inclusive com aprovao

    da Unesco.

    Segundo Capovilla & Capovilla (2004) as autoridades destes pases

    desenvolvidos, se destacam em relao aos pases em desenvolvimento no que se

    refere educao por levarem a srio suas decises e basearem-se em evidncias

    cientificas.

  • 1.1 Pesquisa conduzida na Cmara de Deputados

    Com o objetivo de analisar a situao da alfabetizao no Brasil, a Cmara dos

    Deputados, em 2003, criou uma Comisso de Educao.

    nesse efervescente e polmico contexto que a Cmara dos Deputados, por meio de sua Comisso de Educao, constituiu um grupo de trabalho (doravante GT) integrado por especialistas nacionais e estrangeiros, cujo objetivo era o de analisar a situao da alfabetizao no Brasil e apresentar proposta para o avano do debate das polticas e prticas em nosso pas (Braslia, 2003, p. 8). O GT comps-se dos seguintes intelectuais: Marilyn Jaeger Adams (EUA), Roger Beard (Inglaterra), Fernando Capovilla (Brasil), Claudia Cardoso Martins (Brasil), Jean Emili Gomberg (Frana), Jos Morais (Blgica) e Joo Batista Arajo e Oliveira (Brasil). (BELINTANE, 2006, p.263).

    O documento, intitulado Relatrio final do Grupo de Trabalho; alfabetizao

    infantil: os novos caminhos (BRASILIA apud BELINTANE, 2006, p.261), apresenta uma

    perspectiva cientfica e crtica corrente adotada no Brasil, bem como aos autores dos

    PCNs (Paramentos Curriculares Nacionais), PROFA (Programa de alfabetizao de

    Adultos) e PNLD (Plano Nacional do Livro Didtico). So escolhidos trs pases (EUA,

    Frana e Inglaterra) como exemplos de pases que produziram documentos e snteses

    referentes ao campo da leitura, e planos nacionais em defesa do Mtodo Fnico como

    superior aos demais. Estes pases so escolhidos por apresentarem sistemas

    educacionais complexos, dificuldades e desafios para a alfabetizao e mudanas em

    seus programas.

    O Conselho defende o Mtodo Fnico e enfatiza que pases desenvolvidos

    obtiveram resultados satisfatrios com a utilizao deste mtodo.

    1.2 EUA

    Nos EUA, foram realizadas pesquisas entre 1997 e 1999. De acordo com

    Capovilla & Capovilla (2004), o Congresso solicitou um relatrio ao National Institute of

    Child Health and Human Development (Instituto Nacional de sade da Criana e de

  • Desenvolvimento Humano) referente eficcia dos diferentes mtodos na aquisio da

    leitura. O Instituto juntamente com a secretaria de Educao criou um comit,

    denominado National Reading Panel (Comit Nacional de Leitura) composto por

    pesquisadores, professores, pais e responsveis das escolas. E de acordo com os

    resultados obtidos, a abordagem fnica mostrou-se superior s demais.

    Atualmente, os Estados Unidos adotam o mtodo Fnico em quase 100% de

    suas escolas.

    1.3 Inglaterra

    Realizou estudos semelhantes aos realizados nos Estados Unidos e observou

    que o Mtodo Fnico, j utilizado anteriormente, apresenta resultados superiores aos

    Mtodos Globais. Diante disto, o governo Britnico determinou que o Mtodo Fnico

    fosse novamente adotado no currculo nacional.

    ...aps estudos sistemticos e aprofundados, os pesquisadores e educadores britnicos perceberam que, com o mtodo global de leitura a partir de textos e palavras inteiras, as crianas no estavam aprendendo to bem quanto com o mtodo Fnico que costumava ser usado anteriormente. A partir desta constatao, houve um retorno definido ao ensino fnico explcito e sistemtico. Desde ento, as avaliaes de leitura tm revelado que os desempenhos tm se elevado significativa e sistematicamente bem acima da mdia nacional. Como conseqncia desses achados iniludveis, o governo britnico determinou, em seu Currculo Nacional para o Ingls (National Curriculum for English) que a instrues fnicas sejam novamente incorporadas ao currculo nacional britnico. (CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2004, P.24).

    Capovilla e Capovilla (2004), explica que no Brasil a prtica trata a criana como

    se ela j soubesse, propondo atividades hora complexas demais, hora elementares

    demais. J na prtica britnica prepara-se a criana para decodificao com

    competncia e fluentemente, ensinando a utilizar a fala de maneira eficiente e a utilizar

    o vocabulrio oral para auxiliar na compreenso de textos. Ele considera um descaso

    por parte dos PCNs no que se refere ao desenvolvimento cognitivo da criana em

    contraste ao respeito demonstrado pelos parmetros britnicos.

  • 1.4 Frana

    Assim como Estados Unidos e Inglaterra, a Frana, em 1996, constituiu o

    lObservatoire National de la Lecture (Observatrio Nacional da Leitura da Frana), que

    gerou o relatrio Apprendre lire (Aprender a Ler) em que explica que privar a criana

    de instrues fnicas e utilizar o Mtodo Ideovisual (global), prejudica o

    desenvolvimento da leitura e da escrita como relata Capovilla & Capovilla (2004).

    O relatrio do Observatrio Nacional da Leitura deixa claro que, embora a compreenso e a produo da fala desenvolvam-se naturalmente em crianas ouvintes expostas lngua falada, a leitura e a escrita no se desenvolvem naturalmente pela mera exposio a textos. Como o desenvolvimento da leitura e da escrita no pr-programado na espcie humana, ele requer instrues especficas, administradas por um leitor-escritor fluente, capaz de elucidar os princpios fundamentais empregados pelo sistema de escrita. (CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2004, p.31).

    Podemos citar outros pases que tambm defendem, por obterem bons

    resultados, o Mtodo Fnico, ainda que misto (em que se inicia a alfabetizao com o

    Mtodo Fnico e depois se introduzem textos): Itlia (Mtodo Misto), Alemanha (Mtodo

    Misto); Israel (Mtodo Fnico), Chile (Mtodo Holstico, em que se utiliza o fnico, mas

    parte do som da letra) e Canad (mtodo fnico).

    1.5 Brasil

    Como relata Capovilla & Capovilla (2004), no Brasil as pesquisas cientficas

    tambm mostram a superioridade do ensino fnico. A equipe de pesquisa da

    Universidade de So Paulo elaborou um programa intensivo de interveno visando

    desenvolver diferentes nveis de conscincia fonolgica. As intervenes, de acordo

    com ele, foram com grupos de crianas de escola particular, escola pblica, estudantes

    com severo distrbio motor e da fala e com a professora em sala de aula. Estes estudos

    confirmam, assim como as bibliografias internacionais, a importncia do processamento

    fonolgico e a eficcia do Mtodo Fnico.

  • Todo esse esforo de pesquisa evidencia claramente que um dos principais responsveis pela queda sistemtica no desempenho dos alunos tem sido o mesmo mtodo global de alfabetizao, que j foi fartamente condenado no exterior, mas que no Brasil continua a carcomer as competncias das crianas sob os auspcios do construtivismo. Tal achado, entretanto, encorajador, j que aponta para uma soluo prtica ao alcance de autoridades educacionais responsveis. Se os lderes mundiais em pesquisa e em educao descobriram que o Mtodo Global contraria o conhecimento cientfico e prejudica o desenvolvimento da criana, mudemos o mtodo! Se a cincia nacional e internacional apontam para uma mesma direo, revelando a falcia dos PCNs brasileiros atuais, basta reorientar esses PCNs para o rumo certo. (CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2004, p. 66).

    No Brasil, o relatrio solicitado pela Cmara aponta crticas aos PCNs por

    restringirem a um nico mtodo de alfabetizao. Talvez as dificuldades que os

    autores do relatrio apontam nos PCNs, e que realmente se podem detectar, advenham

    de uma tentativa de elaborao de snteses tericas abrangentes, com a inteno de

    evitar um modelo restritivo que se centre apenas em um dos aspectos do ensino.

    (BELINTANE, 2006, p.273).

    Ao citarem os pases mencionados anteriormente, os autores do relatrio

    enfatizam que os mesmos partiram de pesquisas cientficas para evidenciarem um ou

    outro mtodo como eficaz ou no na questo da alfabetizao. O Brasil caminha neste

    sentido, quando abre a discusso solicitando tambm uma pesquisa, apesar de que

    muito ainda deva ser feito, por parte do governo, no que se refere ao mtodo adotado

    no Brasil.

    1.6 O pensamento do Ministro Fernando Haddad

    Com os pssimos resultados apresentados pela Educao Brasileira em

    avaliaes oficiais j mencionadas no presente trabalho, torna-se urgente que sejam

    repensados todos os passos dados at ento. E ainda que oficialmente o Brasil adote

    como linha terica o Construtivismo, e que este esteja impregnado nos documentos

    oficiais do MEC em especial nos PCNs que foram elaborados ainda na gesto do

    ministro Paulo Renato Souza, o fato que o entusiasmo em relao a sua eficcia e

    eficincia tem cada dia perdido o flego.

  • O Ministro da Educao Fernando Haddad tem demonstrado interesse em

    discutir abertamente a educao brasileira. No mais aponta um mtodo, mas defende

    que o professor deve ter autonomia para escolher o melhor caminho a seguir em sua

    prtica em sala de aula.

    Tanto a pesquisa solicitada em 2003 pela Cmara dos Deputados em relao

    aos mtodos de alfabetizao, quanto o CONAE (Conferncia Nacional de Educao),

    que ser realizada em 2010, mas que j vem sendo realizada preparatoriamente em

    estados e municpios, so exemplos de passos positivos por parte do Governo para se

    encontrar solues atravs de pesquisas e de uma maneira democrtica. Visto que

    estar atento a realidade econmica, social e cultural de cada regio brasileira

    fundamental para se determinar aes e mesmo o mtodo adotado na Educao, que

    deve atender as necessidades reais dos brasileiros.

    Sabemos que os problemas da Educao, que afetam diretamente a

    alfabetizao, so muitos e no limitam-se apenas a questo de mtodos. As

    mudanas no ocorrem s com atos administrativos. A sociedade precisa incorporar a

    educao como valor. (HADDAD apud MACHADO, 2009, p.1).

    Haddad tem demonstrado preocupao com diferentes aspectos que podem

    interferir na qualidade da alfabetizao e ser causa dos resultados obtidos nas

    avaliaes, como por exemplo, a formao do professor, o respeito s realidades e

    diversidades regionais e disponibilidade para que se realizem pesquisas cientficas na

    Educao.

  • CAPTULO 2

    DEBATE ENTRE OS MTODOS DE ALFABETIZAO

    Os primeiros registros de escrita surgiram, segundo Capovilla (2000) no Oriente

    Prximo, pela necessidade de expanso do comrcio. Feitos em argila, eram desenhos

    que representavam objetos e acontecimentos. Posteriormente surgiram os Pctogramas

    que deram lugar escrita com ideogramas (representaes padronizadas que

    facilitavam o processo de escrita).

    Com a necessidade de incorporar a lngua falada escrita, surgiu por volta de

    2800 a. C, os primeiros sistemas silbicos. Os Fencios desenvolveram pela primeira

    vez um sistema de escrita composto por 22 slabas, incluindo combinaes de vogais e

    consoantes separadas. Por volta do ano 1000 a. C, os gregos, que haviam importado a

    escrita fencia, superaram algumas das limitaes dessa escrita verdadeiramente

    alfabtica. (PEDESEN; OUAKNIN apud OLIVEIRA, 2004, p.438).

    Sabemos que comunicar no s pela fala, mas pela escrita, fundamental para

    a vida social, poltica e mesmo afetiva. Da a importncia da alfabetizao, e para tanto

    iremos debater os diferentes mtodos utilizados no processo de alfabetizao.

    2.1 Mtodos Globais

    Os Mtodos Globais, segundo Oliveira (2004), comearam a ser utilizados desde

    o sculo XVII, diante das insatisfaes com o Mtodo Alfabtico.

    Com o advento da Escola Nova (sc. XIX) em que a nfase da Educao

    passou a ser o aluno como agente ativo de seu conhecimento, esta corrente terica

    passou a ser difundida conforme Gottschalk (2007), pensadores como Russeau, que

    enfatizava a espontaneidade do aluno e Jonh Dewey, que defendia a valorizao da

    capacidade de pensar do aluno de acordo com a revista Nova Escola (2008),

    contriburam para que esta linha terica ganhasse fora.

    So variaes dos Mtodos Globais: Mtodos Ideovisuais, Construtivismo e o

    Sociointeracionismo. Ainda que estes no possam ser considerados de fato um mtodo

    mas sim linhas tericas.

  • O Construtivismo uma linha terica que enfatiza a participao ativa do aluno

    no processo de construo do conhecimento. Este termodesigna tambm a concepo

    de que a inteligncia se desenvolve atravs das aes entre o indivduo e o meio.

    O papel do professor de investigar os conhecimentos prvios dos alunos, seus

    interesses e, procurar apresentar diversos elementos para que o aluno construa seus

    conhecimentos. O professor interfere menos em sala e respeita as fases do aluno. Uma

    sala de aula construtivista deve conter diferentes objetos para serem manuseados

    pelos alunos, como: blocos lgicos, figuras e textos de diversos gneros.

    Conforme relatado pelo professor Dr. Frank Viana de Carvalho em seu blog, o

    bilogo Jean Piaget (1896-1980), com seus estudos da epistemologia gentica, trouxe

    importantes contribuies para a expresso construtivismo. Em seus estudos, Piaget

    procurou demonstrar que a criana se desenvolve conforme as faixas etrias e chama

    de estgios estas fases do desenvolvimento cognitivo. So elas: sensrio motor,

    operacional concreto (pr-operatrio e operaes concretas) e operacional formal. O terico Lev Vygotsky (1896-1934) tambm teve importante contribuio para o

    Construtivismo. Para ele o conhecimento se d atravs da interao social. Sendo

    assim, Vygotsky d nfase ao aspecto interacionista na aprendizagem, em que a

    criana aprende interagindo socialmente.

    Nesta linha terica, o papel do professor o de mediador do conhecimento e por

    tanto mais ativo do que na concepo piagetiana. O conhecimento se constri no

    relacionamento entre o professor e o aluno. Em sala, por tanto, so realizadas tarefas

    desafiadoras e em grupo que consideram o erro como parte do aprendizado do aluno.

    O conceito de ZDP (Zona de Desenvolvimento Prximal), derivados das

    concepes pedaggicas de Vygotsky, conforme explica Oliveira (2004), refere-se a

    diferena entre o que a criana pode fazer sozinha e o que precisa de ajuda. Ao adulto,

    cabe descobrir o nvel de ajuda que a criana precisa e lhe fornecer o apoio

    necessrio para que ela aprenda.

    O aprendizado mais do que a aquisio de capacidade para pensar; a aquisio de muitas capacidades especializadas para pensar sobre vrias coisas. O aprendizado no altera nossa capacidade global de focalizar a ateno; ao invs disso, no entanto desenvolve vrias

  • capacidades de focalizar a ateno sobre vrias coisas. (VIGOTSKI, 2003, p.108).

    No Brasil, a tendncia construtivista est explcita nos PCNs, e no discurso de muitos que defendem esta linha terica como eficaz no processo de alfabetizao. Na

    verdade, o segredo do ensino da linguagem escrita preparar e organizar

    adequadamente essa transio natural. Uma vez que ela atingida, a criana passa a

    dominar o princpio da linguagem escrita, e resta ento, simplesmente, aperfeioar esse

    mtodo. (VIGOTSKI, 2003, p.153).

    De acordo com Moll (2006), Emlia Ferreiro e Ana Teberosky, seguidoras das

    idias de Piaget, realizaram investigaes com crianas latina americana referente ao

    processo da aquisio da leitura e da escrita.

    Na postura construitivista, a lngua escrita vista como um conhecimento apropriado pelo sujeito medida que se torna objeto de sua ao e reflexo. O contexto social mediador nessa aprendizagem pois a lngua escrita produo cultural coletiva. Ela no acontece espontaneamente. Essa mediao, no contexto, da sala de aula, propriamente a interveno docente problematizadora e desafiadora do processo. (MOLL, 2006, p.101).

    Segundo Oliveira (2004), para os construtivistas, ler muito mais do que

    decodificar, exige contato com muitos livros, acesso a literatura, textos jornalsticos e

    cientficos, uso de atividades dinmicas.

    Os construtivistas afirmam que o contexto ajuda os leitores a construir sentido, simplesmente a partir de uma pequena amostra das palavras de um texto. Por isso desenfatizam a importncia da habilidade de conscincia fonmica, fnica e decodificao, e acentuam o papel do contexto como propiciador e facilitador da aprendizagem da leitura: inunde a sala de aula de livros que o aluno aprender a ler.(OLIVEIRA, 2004, p.445).

    Oliveira (2004), explica que no Construtivismo ler algo natural, como falar, e

    deve ser resultado do contato das crianas com adultos e textos de diferentes gneros.

    O cdigo alfabtico aprendido com hipteses sobre as relaes entre letra e som.

    Alm de considerar que textos autnticos devam constituir o material didtico.

  • 2.2 Mtodos Sintticos

    Conforme Faria (2003), o Mtodo Sinttico foi utilizado at meados do sculo

    XVIII. Nessa metodologia, partia-se do mais simples (letras) ao mais complexo (textos).

    So variaes do Mtodo Sinttico: Mtodo Alfabtico e o Silbico.

    Oliveira (2004), relata que o Mtodo Alfabtico foi inventado pelos gregos

    juntamente com o alfabeto. Nele, o aluno aprende o nome das letras e vai juntando

    para formar palavras. Apresenta por tanto uma compreenso imperfeita do princpio

    alfabtico.

    O Mtodo Silbico, de acordo com Corra (2003), proposto a partir do sculo

    XVIII, tinha como base a slaba pronta, que se combinam para formar palavras. Inicia-se

    com a apresentao das vogais (forma e nome), combinaes (ditongo e tritongo),

    combinao das vogais e consoantes e palavras formadas por estas combinaes. No

    entanto o que marca o Mtodo Silbico a apresentao progressiva das slabas e de

    suas famlias silbicas. Este , portanto, o mtodo apresentado nas cartilhas.

    Os principais perodos da histria do ensino da leitura e da escrita mostram as diferentes formas de tratamento que a slaba tem recebido na alfabetizao de crianas, jovens e adultos, desde sculos passados, de tal forma que podemos dizer que ela sempre esteve presente e que, mesmo tendo a metodologia se apoiado em elementos sem significao, de uma forma ou de outra, desde os trabalhadores braais elite intelectual do Brasil, todos os que sabem ler e escrever, hoje, aprenderam pelos mtodos tradicionais que envolvem a silabao. (CORRA, 2003, P.30).

    O surgimento do Mtodo Silbico, como explica Corra (2003), se deu para

    resolver problemas do Mtodo Fnico e no se confunde nem com este, nem com o

    Mtodo da Palavrao (apresenta primeiro a palavras e depois se extrai dela a slaba).

    No final do sculo XIX, surge a reao contra os postulados deste mtodo, ento

    passando a ser considerado por muitos educadores como mecnico, artificial e no

    funcional, e a ser acusado de no levar em conta a psicologia da criana. (CORRA,

    2003, p. 31).

    O fato que o Mtodo Silbico foi muito influente e ainda o , na alfabetizao

    brasileira.

  • 2.3 Mtodo Fnico

    Este mtodo nasceu provavelmente no sc. XVI, na Alemanha, conforme relata

    Capovilla & Capovila (2000). Como apresentamos no captulo anterior, o mtodo mais

    recomendado em pases desenvolvidos. Seu desenvolvimento se deu a partir dos

    conhecimentos desenvolvidos pelos lingustas e psicolingustas, de acordo com Oliveira

    (2004).O Mtodo Fnico todo aquele que ensina, de forma explcita, a relao entre

    grafemas e fonemas. (OLIVEIRA, 2004, p.38).

    O Mtodo Fnico, tambm considerado sinttico ou fontico, baseado no

    ensino do cdigo alfabtico, ou seja:

    O alfabeto um cdigo. Esse cdigo tem um sistema de regras que serve para traduzir sons falados (fonemas) em smbolos impressos (letras ou grafemas). No sentido mais bsico alfabetizar compreender as regras usadas no cdigo um processo necessrio para ajudar o aluno a desvendar o segredo do cdigo alfabtico ou decodificar preciso compreender as regras que permitem estabelecer determinadas relaes entre sons e letras. (OLIVEIRA, 2004, p.115).

    Alm de basear-se na relao grafema e fonema, os textos utilizados so

    especficos para a alfabetizao. A associao entre smbolo (letra) e som (fala)

    possibilita que a criana seja capaz de decifrar milhares de palavras alm das que j

    fazem parte de seu vocabulrio.

    Na instruo fnica primeiro se ensina as formas e os sons das vogais, depois as

    consoantes, estabelecendo-se aos poucos as mais complexas. Cada letra um fonema

    que ao se juntarem formam slabas (das mais simples s mais complexas) e palavras.

    Para Oliveira (2004) o aluno precisa saber o que esta fazendo e porque est

    fazendo, para que tenha um bom ensino de fnica. O termo utilizados por ele

    metafnico, na verdade, a combinao entre o princpio fnico e o conceito de

    metacognio. Metacognio so estratgias para monitorar o prprio processo de

    aprendizagem, neste caso, desde o incio, o aluno deve saber a maneira correta de

    pegar no lpis, postura, verbalizar a direo e o sentido dos movimentos das formas

    das letras, perguntas de antecipao ao texto, reconhecendo palavras conhecidas,

    descobrindo e corrigindo possveis erros.

  • Ainda segundo ele, alfabetizao, na verdade, ensina a decifrar o cdigo

    alfabtico, pois quem o conhece capaz de escrever qualquer palavra. Alm disso, o

    aluno deve aprender a decodificar e a codificar fonemas e grafemas, desta forma o

    aluno capaz tambm de ler qualquer palavra.

    No que se refere leitura, Oliveira (2004) descreve que o crebro registra

    palavras tanto pela via visual (lexical) como pela fonolgica (som), porm a primeira

    depende muito mais da segunda, por tanto, o contexto ajuda a compreenso do sentido

    da leitura mas, a identificao das palavras muito mais lenta.

    Reconhecer palavras de forma precisa e fluente requer o uso de conhecimento de fnica. A capacidade de ler palavras, por sua vez, explica uma parcela substancial do desempenho posterior em leitura. Os bons leitores so aqueles que no dependem principalmente do contexto para identificar novas palavras. Quando estes bons leitores encontram uma palavra desconhecida, eles decodificam a palavra , dizem o nome e atribuem o sentido a palavra identificada. O contexto s ajuda a encontrar o sentido da palavra depois que a palavra foi identificada pelos outros processos. (OLIVEIRA, 2004, p.346).

    De acordo com Capovilla & Capovilla (2004) o texto deve ser introduzido

    gradualmente, conforme a criana for adquirindo habilidade de decodificao e tiver

    recebido instrues sistemticas de conscincia fonolgica e da correspondncia

    grafema e fonema.

    Ora, Conscincia Fonolgica , segundo Oliveira (2004), a capacidade de identificar sons (ex: alto, baixo, grave, suave, etc). J a Conscincia Fonmica

    identificar que as palavras tm sons.

    Entre as mais conhecidas tcnicas para ensinar a decodificar (identificar a

    correspondncia entre sons e letras), Oliveira (2004) destaca: Fnica analtica

    (analisar as ralaes entre letras e sons, utilizando palavras conhecidas pelos alunos,

    ensinando os sons isoladamente); Fnica Analgica (para identificar novas palavras, o

    aluno aprende a usar partes das famlias de palavras com partes que sejam

    semelhantes s palavras que j conhecem); Fnica atravs da escrita (decompor as palavras em fonemas e escrever as letras que representam os fonemas); Fnica

    contextualizada (a partir da leitura de textos o aluno aprende a relao especfica entre letra e som, porm no permite o ensino sistemtico); Fnica pela silabao

  • (identificar o som da consoante com a vogal at formar a palavra) e a Fnica Sinttica

    (aprendem a converter tanto as letras como suas combinaes em sons e misturando-

    os formam palavras).

    Bem, no ensino das relaes entre grafema e fonema, Oliveira (2004) afirma que

    os Mtodos Fnicos Sinttico so mais eficazes e que alm disso devem ser

    sistemticos, ou seja, o aluno no precisa aprender todas as relaes entre as vogais e

    consoantes de uma vez, mas precisa aprender uma quantidade razovel destas

    relaes. Ao se referir a sistemtico, se refere a um ensino intencional, no qual o aluno

    no aprende a adivinhar o sentido das palavras mas a decodificar e codificar.

    importante observar a criana nos aspectos familiar e comunitrio, para que se

    possa, segundo Oliveira (2004), saber o tipo de atividades ldicas e de interao que

    podero ser utilizadas em sala de aula. A famlia e a pr escola podem contribuir para o

    processo de alfabetizao proporcionando a familiarizao da criana com livros e

    textos prximos do cotidiano familiar, porm ao familiarizar a criana deve-se considerar

    o ldico.

  • CAPITULO 3

    VANTAGENS DO MTODO FNICO EM COMPARAO COM OS MTODOS GLOBAIS

    No recente a discusso sobre a questo da Educao no Brasil, e mais especificamente os mtodos de alfabetizao. Tericos, estudiosos e especialistas em alfabetizao discordam h pelo menos 500 anos sobre conceitos, procedimentos e mtodos. Algumas discordncias so eternas, outras podem ser experimental, ou ainda aos resultados empricos sobre o que funciona ou deixa de funcionar. (OLIVEIRA, 2004, p.41).

    O Brasil adotou em seus documentos oficiais referentes educao a linha terica construtivista. Esta, apesar de ter sido recebida com muito entusiasmo pelos educadores, tem apresentado resultados insatisfatrios no que se refere especificamente alfabetizao.

    Diante da postura do Ministro da Educao Fernando Haddad, em entrevista ao Dirio do Nordeste (2006), que disse no indicar mtodos, mas querer qualificar o debate, inclusive por este j vir ocorrendo em diversos pases, como relatado no documento Relatrio Final do Grupo de Trabalho; Alfabetizao infantil: os novos caminhos, solicitado pela Cmara dos Deputados em 2003, iremos neste captulo abordar as vantagens do Mtodo Fnico em comparao com o mtodo atualmente adotado no Brasil. ...uma das maiores disputas histricas no campo da educao sobre a relevncia de estratgias fnicas durante a alfabetizao. Duas abordagens principais se destacam em relao a essa questo: o Mtodo Fnico e o Mtodo Global. (HEMPENSTALL apud CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2000, p.216).

    Segundo Oliveira (2004), mais de 60% dos professores brasileiros de alfabetizao, declaram-se construtivistas. Apesar de toda essa adeso, existem poucos trabalhos empricos, tericos e conceituais que permitam analisar o Construtivismo.

    O primeiro ponto que podemos destacar como vantagem do Mtodo Fnico est no fato de que comprovadamente, pases desenvolvidos como EUA, Frana e Inglaterra, por exemplo, adotarem este mtodo considerando os Mtodos Globais ineficientes para a alfabetizao, como relatam os pesquisadores do GT (Grupo de trabalho) no Relatrio Final entregue a Cmara dos Deputados.

    Uma forte crtica recebida pelo Mtodo Fnico e pelos Mtodos Tradicionais no geral, o uso das cartilhas. A crtica mais frequente s cartilhas aponta que elas apresentam uma linguagem artificial e pobre, com textos que s existem na escola, no existem no mundo real, no possuem uso social. (OLIVEIRA, 2004,p.153).

    Bem, como explica Oliveira (2004), esta afirmativa no constitui verdade absoluta. Devemos considerar que a escola faz parte do mundo real e todas as exigncias necessrias para que haja a aprendizagem (exerccios e livros didticos, por exemplo), fazem com que a escola assuma a sua funo social que a de ensinar, utilizando para tanto os recursos que julgar teis para promover a aprendizagem.

  • Esclarece ainda, que no devemos confundir linguagem artificial (muitas vezes utilizada em exerccios matemticos, por exemplo, e que nem sempre deve ser desmerecida) com linguagem adequada (que muitas vezes, em textos didticos, so simplificadas para tornarem-se compreensveis). Quando se fala em linguagem simples significa, no Mtodo Fnico, possibilitar que o aluno concentre sua ateno na decodificao das palavras sem que o texto apresente muitas perturbaes. Isso porm no significa utilizar uma linguagem pobre. Argumentar que usar apenas cartilhas na alfabetizao priva o aluno do contato com textos ricos, uma verdade, mas no torna invlida no processo.

    Ainda segundo ele, tanto as cartilhas que utilizam textos considerados autnticos, como as que utilizam textos didticos, no apresentam uma inteno sistemtica nem relacionam o texto com a decodificao.

    3.1 Objetivo de alfabetizar

    Focando no objetivo da alfabetizao e considerando a viso de ambos os mtodos, cabe esclarecer que para que haja a compreenso do texto, o leitor precisa obviamente saber ler (decodificar). A alfabetizao o incio desse processo em que o leitor vai adquirindo condies para uma leitura fluente e compreensiva.

    As descobertas cientficas sobre alfabetizao apontam que a nfase inicial na compreenso caracterstica de alguns mtodos globais prejudicial para a aprendizagem, pois a maioria dos alunos acaba recorrendo a estratgias de adivinhaes ou ao contexto para identificar palavras desconhecidas, donde h grande dificuldade para ler palavras desconhecidas, pois ignoram as regras do cdigo. Por outro lado, a nfase exclusiva na decodificao (tpica das caricaturas do mtodo alfabtico) pode levar o aluno a uma leitura eminentemente mecnica, sem ateno ao contedo, sem compreenso. Hoje sabemos com segurana que os mtodos de alfabetizao no so indiferentes eles levam a resultados diferentes e, em alguns casos insatisfatrios. (OLIVEIRA, 2004, p. 42).

    Oliveira (2004) explica que o aluno melhor alfabetizado quando recebe

    instrues especficas e sistemticas na decodificao, quando a leitura baseada em textos que o aluno consegue decodificar, quando no processo de alfabetizao o aluno tem contato com leituras variadas e ricas e quando a escrita se desenvolve juntamente com a leitura.

    O conhecimento atualmente disponvel a respeito do processo de leitura indica que no se deve ensinar a ler por meio de prticas centradas na decodificao. Ao contrrio, preciso oferecer aos alunos inmeras oportunidades de aprender a ler usando os procedimentos que bons leitores utilizam. preciso que antecipem, que faam inferncias partir do contexto ou do conhecimento prvio que possuem, que verifiquem suas suposies tanto em

  • relao escrita, propriamente, quanto ao significado. (MEC, PCNs: LINGUA PROTUGUESA,2000, p.55).

    O ensino da escrita, de acordo com Vigotski (2003), natural. A linguagem

    escrita se desenvolve do desenho de coisas para o desenho de palavras, cabendo apenas aperfeioar esse mtodo.

    A idia de que o aluno elabora hipteses a respeito do cdigo alfabtico tornou-se muito popular partir da dcada de 80, em vrios crculos. Ela vlida para qualquer conhecimento o aluno pode elaborar hiptese sobre a lei da gravidade, por exemplo, ou sobre o significado da cor vermelha num semforo, ou ainda sobre o funcionamento da gramtica , como formar feminino ou plural de nomes, etc. Levada ao extremo, esta abordagem implica que TODO conhecimento s pode, ou s deve, ser adquirido por meio do teste de hipteses. (OLIVEIRA, 2004, p. 46).

    Na instruo fnica, o cdigo alfabtico que possibilita codificar, ou

    seja, transformar o que verbal em escrita com significado. Por tanto, o cdigo alfabtico relevante no processo como esclarece Oliveira (2004). Continuando, no se descobre o cdigo alfabtico construindo hipteses, no algo natural. A ajuda do professor eficaz para que o aluno tenha conscincia do cdigo alfabtico.

    3.2 A importncia de textos autnticos e de considerar o contexto da criana

    Outra desvantagem dos Mtodos Globais observada no descontexto com

    a realidade da maioria das crianas brasileiras. Como j tratamos, pr - requisito destes mtodos que a criana tenha contato com diversos tipos de textos. Obviamente, se a criana tem contato direto com jornais, revistas, livros, entre outros, com incentivo da famlia e da escola, ela normalmente, de acordo com Oliveira (2004), ir desenvolver competncias para a leitura. Mas devemos considerar que a maioria das crianas so provenientes de lares pobres, e famlias em que os pais so analfabetos ou analfabetos funcionais, e no tem possibilidade de contato com estes materiais. Muitas nem mesmo frequentaram a pr escola. Um dos problemas tipicamente enfrentado pelo professor alfabetizador no Brasil que muitos - frequentemente a maioria - de seus alunos no possuem essa convivncia, familiaridade e atitudes positivas em relao a livros, leituras e textos impressos. (OLIVEIRA, 2004, p.64).

    Todo texto utilizado na escola, faz parte do mundo real da escola, segundo explica Oliveira (2004). Para ele a escola deve utilizar textos que possibilitem ensinar, pois esta a funo da escola. Para tanto, se o objetivo alfabetizar, os textos devem assumir sua funo social de ensinar utilizando determinado recurso que achar conveniente. Como estamos falando em alfabetizao pelo Mtodo Fnico, ele esclarece que os textos devem considerar que a criana deve, primeiro aprender a decodificar as palavras do texto para facilitar sua compreenso e os textos devem utilizar uma linguagem adequada, o que no significa uma linguagem artificial.

  • Os PCNs brasileiros recomendam que se trate o aluno como se ele j soubesse o que ainda no sabe e precisaria aprender. Em resposta, obedientemente, os alunos tratam o texto como se soubessem l-los embora estejam longe de saber faz-lo, como mostram os resultados do Pisa. Contudo, em vez de aprender a decodificar e extrair a informao e o significado do texto, acabam induzidos a contentar-se em fazer suposies, hipteses, adivinhaes, construes de significados, achando que uma hiptese to boa como qualquer outra. (CAPOVILLA & CAPOVILLA, 2004, p.64).

    Esta tambm uma grande desvantagem, pois nossos PCNs no

    consideram a necessidade de se respeitar o desenvolvimento cognitivo da criana, conforme Capovilla & Capovilla (2004). 3.3 A importncia de pesquisas cientficas

    O Mtodo Fnico comprovadamente mais eficaz no processo de

    alfabetizao. Essa afirmao baseia-se em pesquisas cientficas realizadas por pases desenvolvidos que atualmente adotaram este Mtodo, ainda que misto, e obtiveram sucesso na alfabetizao de seus alunos.

    Nos ltimos 20 anos a reviso e atualizao das polticas de alfabetizao nesses pases mais avanados levou a condenao de mtodos comprovadamente ineficazes como os mtodos ideovisuais, alfabtico e global, e a uma recomendao generalizada sobre o uso de mtodos fnicos. Essas recomendaes se baseiam nas evidncias cientficas relacionadas com a eficcia superior de tais mtodos no ensino da decodificao. (OLIVEIRA, 2004, p.42).

    No documento entregue Cmara dos Deputados, o Grupo de Trabalho cita

    quatro pesquisadores como ultrapassados. Seriam estes Vygotsky, Piaget, Bruner e Flavel, como explica Belintane (2006). Outros, ainda segundo ele, so igualmente criticados no documento, como Emlia Ferreiro, Ana Teberosky, Paulo Freire e outros, por influenciarem no campo da leitura e da escrita, opondo-se ao estudo das unidades mnimas da escrita. bom ressaltar que pesquisas cientficas so frutos do seu tempo, e como tal, tm data de validade. No se desqualificam estes pesquisadores, nem suas descobertas, mas a cincia avana, bem como suas pesquisas e resultados. Por isso que, alguns pontos de vista destes autores citados so hoje ultrapassados.

    Temos conscincia de que tais autores no formam uma rede consensual nem mesmo so oriundos das mesmas cincias ou fontes tericas, entretanto possuem em comum o fato de no aceitarem que o ato de ler ou mesmo de aprender a ler constitua essencialmente em uma lida exclusiva com elementos menores do processo (fonema, slaba, grafema, etc). (BELINTANE, 2006, p.267).

  • Porm, relata Belintane (2006), o relatrio afirma que o Mtodo Fnico o

    mais utilizado em pases desenvolvidos e salienta que o Brasil, pas em desenvolvimento, deveria reconhecer a supremacia cientfica destes pases.

    3.4 Discurso x prtica na sala de aula

    Analisando os questionrios aplicados professores alfabetizadores (pr escola e 1 ano) observamos que o discurso est muito longe do que ocorre na prtica de alfabetizao. Responderam o questionrio dez professores. (vide anexo)

    No que se refere ao incio da alfabetizao, os professores, ao serem questionados quanto seqncia de passos utilizados neste processo, em sua maioria responderam o seguinte: apresentam as partes do texto; memorizao (leitura e escrita de textos); decodificao de textos em frases, das frases em palavras, das palavras em slabas; formao de novas palavras com slabas estudadas e por fim, estudo e anlise de grafemas e fonemas. Tambm relataram que propem atividades com textos logo no incio da alfabetizao.

    Alguns professores relataram iniciar a alfabetizao com msica ou com o nome das crianas. Ora, compreende-se que ao enfatizar as letras dos respectivos nomes, est se trabalhando o som e a grafia, ou seja, a relao grafema e fonema ainda que muitos no o faam sistematicamente por no ser intencional.

    Quanto ao questionamento se consideram que seus alunos tenham contato com textos diversos, antes e fora do ambiente escolar, afirmaram que sim. Em um dos questionrios a professora afirmou que procura proporcionar este contato na escola pois, fora do ambiente escolar, acredita ser deficiente, mesmo tendo respondido ao assinalar, que tenham este contato fora da escola. O que nos fez pensar se as respostas, na verdade, no se referiram mais ao esforo dos professores em introduzir este contato queles que no o tem fora da escola do que acreditarem de fato que seus alunos j venham com este estmulo de casa.

    Demonstram grande facilidade em descrever o Construtivismo da maneira mais convencional que divulgado no Brasil. Em sntese, relatam que sua eficcia e eficincia so devido a proporcionar contato com textos reais, o conhecimento adquirido de forma natural e o aluno adquire autonomia.

    Outro aspecto que nos chamou a ateno foi que alguns desconhecem o Mtodo Fnico. Em especial nos atentamos a uma resposta em que a professora relata que, por no utiliza-lo, no se aprofundou em conhec-lo melhor. E mesmo os que o conhecem, o descrevem de maneira muito simplificada. J o Mtodo Silbico demonstrou ser mais conhecido, de acordo com as respostas.

  • 3.5 Grfico

    Entrevistas

    29

    810

    78

    Utilizam oconstrutivismo noprocesso dealfabetizao.utilizam caractersticasdo Mtodo Fnico ououtros.

    Consideram oconstrutivismo eficaz eeficiente

    Conhecem o MtodoFnico.

    Conhecem o MtodoSilbico.

  • CONCLUSO Conclumos que a questo dos mtodos realmente eficazes no processo de

    alfabetizao algo que j vem sendo discutido em diversos pases, e o Brasil no pode estar fora desta discusso. Principalmente por no estar apresentando resultados satisfatrios em suas avaliaes oficiais no que se refere alfabetizao de seus alunos. Entre os diversos fatores que podem influenciar estes resultados (governamentais, econmicos, sociais, culturais e outros), o Construtivismo, enquanto proposta lgica adotada no Brasil, e a maneira como tem sido interpretado e utilizado, tem participao direta nestes ndices.

    A iniciativa do governo em solicitar uma pesquisa referente eficcia dos mtodos, e mesmo a postura do atual Ministro da Educao Fernando Haddad, em no indicar um nico mtodo, abrindo o debate, so a nosso ver, aspectos positivos. Apesar de ainda no serem suficientes para uma mudana efetiva.

    Mesmo diante do fracasso escolar que estamos enfrentando, o Construtivismo ainda est impregnado no discurso dos docentes por basearem-se no proposto em documentos oficiais como os PCNs de 1996. Porm, observamos que na prtica, o mtodo oficialmente adotado no tem alcanado seus objetivos.

    Apesar de pesquisas cientficas comprovarem a eficcia do Mtodo Fnico no processo de alfabetizao, este ainda no conhecido por nossos educadores. O que refora a necessidade de se realizar pesquisas no mbito da educao. Nossos educadores aceitaram o Construtivismo, baseando-se apenas em sua teoria e esperando que somente isso seria a soluo dos problemas enfrentados em salas de alfabetizao.

    Acreditamos que o contexto fundamental para que se inicie a alfabetizao. Compreender a situao real da criana e do seu entorno considerando, que vivemos em um pas em que as desigualdades so evidentes, possibilita que se direcione textos, brincadeiras e atividades diversas, de uma maneira sistemtica e direcionada, em que o objetivo de alfabetizar possa ser alcanado. Ou seja, valorizar o aspecto positivo que o Construtivismo nos apresenta, mas enfatizar a relao grafema e fonema que possibilita a decodificao.

    Compreendemos que os textos utilizados para a alfabetizao devem ser simples, especficos para este fim. Isso no significa dizer que no devam ter relao com o contexto da criana. Quando se apresenta criana frases do tipo A bala boa, considera-se que toda criana gosta ou, pelo menos, conhece o que bala, por fazer parte do seu cotidiano. Ou mesmo a frase O boi baba quando bebe, pode no fazer parte do ambiente de determinada criana, mas permite que ela tenham contato com outro contexto, neste caso, a regio rural,

  • por exemplo. possvel que se utilize o nome das crianas, rtulos, placas, cantigas, parlendas e outros tipos de textos direcionando a apropriao dos sons (fonemas) e da grafia (escrita). Neste caso, a crtica que se faz ao Mtodo Fnico, e mais especificamente ao uso de cartilha, por utilizar frases, que segundo os adeptos dos mtodos globais, nada tem haver com a realidade da criana, perde aqui seu fundamento.

    Quando a criana domina o cdigo alfabtico, como prope o Mtodo Fnico, logo ir compreender os textos. Por tanto, o professor tem o papel fundamental neste processo. Discordamos da viso construtivista em que se considera que a aquisio da leitura e da escrita seja algo natural na criana, no dependendo do professor, mas das hipteses que a prpria criana vai elaborando. Ora, para que a criana leia com fluncia e compreenda o sentido dos diferentes textos, ela precisa primeiramente saber ler (decodificar).

    O Mtodo Fnico demonstra ser mais eficaz no processo de alfabetizao, por considerar que a maioria das crianas chegam escola sem ter contato efetivo com a leitura e a escrita, por falta de condies econmicas e culturais, bem como por no terem incentivo da famlia e da comunidade qual pertencem. Pois todas as crianas tm na sala de aula, as mesmas possibilidades de aprender, no sendo assim mais favorecido aquele que seja proveniente de lares que tenham condies mais favorveis de proporcionar contato com diferentes tipos de leitura desde a primeira infncia, ou mesmo daqueles que tiveram acesso pr-escola.

    funo da escola que o aluno saiba ler e escrever, e se isto no est ocorrendo, no por culpa do aluno que no consegue construir seus conhecimentos sozinho, mas do pensamento que hoje se difunde no Brasil, de que isso ocorrer naturalmente em algum momento. Nossos alunos esto chegando nas sries finais do ciclo I (1 ao 5 ano) sem saber ler, sem compreender os textos, aspectos to frisados por Mtodos Globais.

    Outro ponto importante que fortalece a aceitao dos docentes pela linha terica proposta pelo governo, a falta de informaes nos cursos de formao de professores. Especificamente no que se refere alfabetizao o problema est nos contedos e nas orientaes que se baseiam em teorias que esto implcitas nos PCNs, privando os professores do acesso a informaes mais atuais e a conhecerem outros mtodos, inclusive comprovadamente mais eficazes. Como vimos nas respostas ao questionrio aplicado a docentes das series iniciais, muitos desconhecem ou sabem superficialmente sobre o Mtodo Fnico e outros.

    Conclumos por fim, que o debate entre os Mtodos urgente e fundamental para que esse quadro de fracasso escolar possa ser mudado. A necessidade de novas pesquisas neste sentido tambm se faz urgentes. Obviamente, outros aspectos tambm precisam ser sanados, como as desigualdades e mesmo atitudes governamentais direcionadas Educao. Mas continuar com um mtodo que pressupe que nossas crianas sejam oriundas de contextos que favorecem o acesso aos mesmos nveis de informaes, nos leva a restringir a alfabetizao a alguns poucos grupos mais favorecidos. Tudo isso quando temos como comprovado, que os Mtodos Fnicos possibilitam que as crianas sejam alfabetizadas em menos tempo e em iguais condies oferecidas pela escola (professor).

  • REFERNCIAS ELETRNICAS

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  • REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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  • ANEXOS