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    Revista AMAznica, LAPESAM/GMPEPPE/UFAM/CNPq/EDUAISSN 1983-3415 (verso impressa) - ISSN 2318-8774 (verso digital)

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    Ano7, Vol XIII, nmero 1, 2014, Jan-Jun, pg. 209-227.

    A Era Digital e a Propenso ao Homicdio:

    A Hipercultura Enquanto Oposio Cultura da Honra

    Monica Gomes Teixeira Campello de Souza, M.Sc.Bruno Campello de Souza, D.Sc.

    Antonio Roazzi, D.Phil.Maira M. Roazzi, Ph.D.

    Edson Soares da Silva, D.Sc.

    Resumo: Dentre os modelos cientficos criados para explicar a propenso aohomicdio, a Teoria da Cultura da Honra se destaca como uma das mais

    relevantes, estando em alinhamento com o pensamento atual segundo o qual ocrime , na maioria das vezes, uma consequncia direta de influnciasambientais, sociais e culturais tidas como essencialmente externas aoindivduo. A partir da Era Digital que se iniciou nos meados dos anos 90,diversas mudanas tecnolgicas, econmicas e, consequentemente,socioculturais surgiram na sociedade global, levando emergncia de umanova forma de pensar e agir que foi denominada pela Teoria da MediaoCognitiva de Hipercultura. Ao que parece, a intensa colaborao, incluso etolerncia da recente Hipercultura opem-se defesa violenta da reputao

    prescrita pela Cultura da Honra, indicando a existncia de uma oportunidadepara se criar polticas pblicas de promoo do acesso vida digital as quais

    no apenas promovero a inteligncia, conhecimento e sociabilidade nasociedade como um todo, mas tambm reduziro a ocorrncia de homicdios.Palavras-Chave: Cultura da Honra, Era Digital, Hipercultura, Homicdio,Polticas Pblicas.

    Abstract: Among the scientific models created to explain the propensitytowards homicide, the Culture of Honor Theory stands out as one of the mostrelevant, being in alignment with the current thinking according to which crimeis, in most cases, a direct consequence of environmental, social, and culturalinfluences that are taken to be essentially external to the individual. From theDigital revolution of the 1990s, several changes of a technological, economic,

    and, therefore, sociocultural, nature occurred in the global society, leading tothe emergence of a new form of thinking that has been called Hyperculture bythe Cognitive mediation Networks Theory. It seems that the intensecollaboration, inclusion and tolerance of the recent Hyperculture is inopposition to the violent defense of ones reputation prescribed by the Cultureof Honor, indicating the existence of an opportunity to produce public policiesfor the promotion of access to the digital life that will not only promoteintelligence, knowledge and sociability in society as a whole, but also reducethe occurrence of homicides.Keywords: Culture of Honor, Digital Age, Hyperculture, Homicide, PublicPolicies.

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    1Introduo

    O homicdio constitui a exacerbao mxima do conflito interpessoal,com gravssimas consequncias individuais e sociais. Trata-se de um fenmeno

    praticamente onipresente no tempo e no espao da histria humana (Souza,

    2010; Souza, Roazzi & Souza, 2011), sendo criminalizado desde o surgimento

    das primeiras civilizaes (Hungria, 1955; 1978; Mirabete, 2009), constituindo

    uma preocupao social das mais relevantes em todo o mundo (Soares Filho,

    2007; National Geographic, 2012; O Globo, 19 de Janeiro de 2012). De acordo

    com a Organizao das Naes Unidas, o Brasil o pas com o maior nmeroabsoluto de homicdios do planeta, com especial concentrao no Nordeste

    (UNODC, 2013).

    Na busca pela compreenso, resoluo e preveno do fenmeno do

    homicdio, necessrio reconhecer a complexidade de um tema que requer

    mltiplas vises (Pino & Werlang, 2006). Nesse sentido, a criminologia

    oferece um amplo cardpio, sendo uma cincia interdisciplinar com diversas

    teorias de base biolgica, psicolgica, sociocultural e/ou ambiental (Gomes &

    Molina, 2000; Brantingham & Brantingham, 2008).

    Sob uma perspectiva histrica, interessante notar que, embora a

    criminologia se caracterize por uma diversidade de abordagens, das suas

    origens no Sculo XVIII at o presente, tem havido um gradual movimento em

    direo a uma viso paradigmtica mais consensual acerca da origem dos

    crimes. Mais especificamente, enquanto no passado predominava a ideia de

    que as tendncias criminosas teriam origem principalmente em alguma forma

    de psicopatologia mdica e/ou psicolgica, gradualmente migrou-se para um

    entendimento de que a ocorrncia do crime seria, na maioria das vezes, uma

    consequncia direta de influncias ambientais, sociais e culturais tidas como

    essencialmente externas ao indivduo (Carlos, 1997; Deccache-Maia, 1994;

    OConnor, 2004; Semedo, 2005).

    Um dos poucos modelos voltados especificamente para explicar a

    propenso ao homicdio a chamada Teoria da Cultura da Honra (Reed, 1982;

    Cohen & Nisbett, 1997; Cohen, 1998), a qual prev que, em certas sociedades,

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    uma elevada taxa desse tipo de crime pode ser explicada por uma tendncia dos

    homens a reagirem violentamente menor ameaa sua reputao. Tais

    condies esto claramente presentes no Nordeste Brasileiro, com certos

    autores apontando ser esta uma das principais causas dos alarmantes nveis de

    violncia na Regio (Alencar, 2006; Magalhes, 2009). De fato, um estudo

    abrangente realizado por Souza, Roazzi e Souza (2011) em Pernambuco com

    homicidas e no-homicidas descartou diversas explicaes concorrentes

    (frustrao socioeconmica, processos decisrios, apego emocional,

    testosterona, desenvolvimento moral, valores morais) e encontrou na Teoria da

    Cultura da Honra o nico modelo eficaz para explicar a propenso aohomicdio.

    Aceitando-se a importncia dos elementos ambientais, sociais e

    culturais para a explicao da propenso ao homicdio, segue forosamente que

    mudanas significativas em tais elementos devero se fazer acompanhar de

    alteraes concomitantes da dinmica criminognica desse tipo de delito. o

    caso da emergncia da Era Digital.

    A segunda metade do Sculo XX testemunhou uma revoluotecnolgica sem precedentes onde, em poucas dcadas, o computador pessoal,

    a Internet e a computao mvel passaram de novidades de laboratrios

    avanados para elementos onipresentes da experincia quotidiana (Julian,

    1996; Keller & Kumar, 1999; In-Stat MDR, 2003). Tal transformao implica

    em mudanas significativas nas relaes de produo, na sociedade e na cultura

    como um todo,promovendo o surgimento de uma RevoluoDigital, a qual

    est ligada a impactos psicolgicos importantes (Papadakis & Collins, 2001;

    Tapscott, 1998, 2003).

    A Teoria da Mediao Cognitiva (Souza, 2006) um modelo cientfico

    da cognio humana o qual prope que as mudanas tecnolgicas e

    socioculturais oriundas da emergncia da Era Digital se traduzem em novas

    formas de pensar e agir. Ela parte do princpio de que os indivduos

    complementam e suplementam a sua capacidade mental por meio do

    processamento de informaes realizado por elementos do seu ambiente

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    (cognio extracerebral), um processo denominado de Mediao que exige a

    internalizao da lgica desses mecanismos externos de processamento. A

    teoria prev que as novas ferramentas, conceitos e formas de interao oriundas

    da Revoluo Digital esto fazendo emergir uma nova forma de Mediao

    chamada de Hipercultura, a qual se traduz em novas formas de pensar e agir,

    incluindo novos valores e comportamentos sociais ligados a aceitao,

    tolerncia e intensa colaborao coletiva (Souza, Silva & Roazzi, 2010; Souza,

    Silva, Silva, Roazzi & Carrilho, 2012).

    O presente trabalho prope-se a arguir a existncia de uma provvel

    interao entre Hipercultura e Cultura da Honra onde a primeira tende aerradicar a segunda, fazendo com que a emergncia Era Digital se faa

    acompanhar de uma reduo generalizada na incidncia de homicdios. Trata-

    se de um fenmeno de particular importncia para locais onde prevalece uma

    Cultura da Honra e uma elevada taxa de homicdios, como o caso do

    Nordeste brasileiro, podendo eventualmente servir de base para o

    estabelecimento de polticas pblicas de combate violncia na regio.

    2Cultura da Honra e a Propenso ao Homicdio

    2.1A Teoria da Cultura da Honra

    Dentre todas as teorias oferecidas para explicar a criminalidade, a

    chamada "cultura da honra" se destaca como sendo possivelmente a nica

    voltada especificamente ao fenmeno do homicdio. A sua base a de que, em

    certas sociedades, a reputao de um indivduo, especialmente os do sexo

    masculino, representa o ponto central da sua vida, devendo ser ferrenhamente

    defendida contra at a menor das ameaas, o que conferiria ao homicdio uma

    forma legtima de resolver conflitos ou mesmo, em certos casos, um imperativo

    moral (Reed, 1982).

    Reed (1982) faz uma anlise histrica sobre a cultura da honra no Sul

    dos Estados Unidos, onde os ndices de homicdio so os maiores do pas.

    Segundo ele, tais crimes parecem ser aqueles em que a vtima e o assassino

    conhecem um ao outro e entendem as razes do delito. A noo de uma

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    cultura da honra ajuda a explicar porque o padro de criminalidade nessa

    regio sempre foi to caracterstica. Esse tipo de cultura tende a se enraizar em

    terras altas e em reas pouco frteis onde a sobrevivncia do indivduo no

    depende da cooperao de outros membros da comunidade, mas apenas de si

    mesmo. Quando ocorre o cultivo da terra, o fazendeiro no se preocupa com o

    furto do seu plantio por que no h como arranc-lo do solo com facilidade,

    porm, quem cria animais se preocupa com isso e vive sob a ameaa constante

    de runa pela perda do seu rebanho. Por isso, o criador precisa ser agressivo e

    mostrar, com aes e palavras, que no um fraco, sendo necessrio revidar a

    mais simples ameaa a sua reputao. Assim se caracteriza a cultura da honra,num mundo onde a reputao de um indivduo representa o ponto central de

    seu trabalho e de sua autoestima. Trata-se de uma viso que apresenta certas

    semelhanas com a teoria criminolgica de Wolfgang e Ferracuti (1967) no

    sentido de defender a existncia de uma subcultura da violncia que atinge

    alguns grupos sociais que valorizam a violncia como forma de soluo de

    certos conflitos.

    A ideia tratada aqui a de que, nos lugares onde tenha prosperado talcultura, haveria uma tendncia elevada a reaes violentas e letais a insultos,

    agresses e outras formas de disputa, algo que tenderia a ser transmitido de

    uma gerao prxima, levando a uma persistncia do padro mesmo quando

    as condies histricas que o criaram j desapareceram (Cohen & Nisbett,

    1996, 1997; Cohen, 1996, 1998).

    Segundo as pesquisas de Nisbett e Cohen (Cohen & Nisbett, 1996,

    1997; Cohen, 1996, 1998), quando comparados homens do norte e homens do

    sul nos Estados Unidos da Amrica, ambos tm a capacidade de responder com

    violncia a um insulto ou afronta. Os Homens do sul so, porm, relativamente

    mais propensos do que os homens do norte a responder afrontas com violncia,

    apoiar a utilizao da violncia para corrigir uma afronta, apoiar o castigo

    corporal, apoiar uma menor regulamentao de controle de armas, e assim por

    diante.

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    importante ressaltar o componente de valores culturais e emocionais

    como integrantes da cultura da honra (Cohen & Nisbett, 1994, Cohen, Nisbett,

    Bowdle, & Schwarz, 1996; Rodriguez Mosquera, Manstead, & Fischer, 2000,

    2002). Trata-se de uma cultura em que a autoestima moldada fortemente pela

    posio do indivduo e seu grupo social aos olhos dos outros, havendo forte

    motivao pessoal e familiar para manuteno do respeito pelas normas de

    comportamento apropriado, evitando a humilhao e a vergonha (Miller,1993).

    Segundo Rodriguez Mosquera et al. (2008), prevalecem nas culturas da

    honra um cdigo constitudo por um conjunto de valores que definem padres

    do que seja conduta vergonhosa, honrosa ou desonrosa, esses valores sendosubdivididos enfatizando diferentes tipos de preocupao. Isso se refere ao

    grau de preocupao do indivduo com a questo da honra, ou seja, quanto

    mais ele se preocupa, mais intensa podem ser suas reaes emocionais diante

    de ameaas a essas normas.

    Ao que tudo indica, existem motivos para se crer que a existncia de

    uma cultura da "honra" e da "satisfao" como a que prevalece no sul dos EUA um importante preditor de reaes potencialmente violentas a agresses de

    natureza moral, podendo, inclusive, ser apontada como uma possvel causa

    para um histrico de elevada quantidade de homicdios naquela regio.

    Curiosamente, parece que tal cultura persiste na localidade em questo mesmo

    depois de mais de um sculo de mudanas substanciais nas condies que

    podem ser interpretadas como tendo gerado tal cultura em primeiro lugar.

    2.2Cultura da Honra e Homicdios no Nordeste Brasileiro

    Alguns pesquisadores apontam para a teoria da cultura da honra como

    uma boa explicao para a elevada incidncia de homicdios no Nordeste do

    Brasil. o caso de Alencar (2006), o qual entrevistou 20 homens homicidas

    nordestinos de 20 a 49 anos de idade e observou que a vingana por

    humilhaes, ameaas ou agresses recebidas eram os principais motivos

    apontados para o seu crime, transparecendo a noo de que se tratava de uma

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    ao tida como moralmente correta, dadas as circunstncias. Magalhes (2009)

    chega a concluses semelhantes ao avaliar a cultura nordestina e identificar

    uma "cultura da vergonha" onde prevalece o comportamento machista de

    defesa da honra e preservao da reputao, sendo esta identificada como a

    causa de muitos crimes envolvendo morte. Segundo opinio do coordenador do

    Ncleo de Estudos e Pesquisas sobre Criminalidade e Polticas Pblicas de

    Segurana da Universidade Federal de Pernambuco, Jos Luiz Ratton, a cultura

    da honra e da masculinidade, a alta disponibilidade de armas de fogo e o

    surgimento de redes criminosas associadas ao trfico de drogas e a grupos de

    extermnio seriam os responsveis pelos altos ndices de homicdios emPernambuco (Folha de So Paulo, 27 de Fevereiro de 2007).

    Foram poucos estudos psicolgicos realizados acerca da relao da

    Cultura da Honra com o cometimento de homicdios no Nordeste do Brasil,

    mas eles existem. Souza, Roazzi e Souza (2009) realizaram um estudo com 92

    detentos, abrangendo homicidas e no homicidas, concluindo que a motivao

    de honra seria o principal componente do homicdio, sugerindo que ateno

    deve ser dada a questes culturais, que alcanam o indivduo por meioscognitivos, como base para polticas eficazes de combate a esse crime na

    Regio. Complementando esse trabalho, Souza, Roazzi e Souza (2011)

    realizaram um estudo com 160 homens no estado de Pernambuco comparando

    homicidas condenados, presos no homicidas e homens sem histrico criminal

    quanto aos possveis condicionantes do homicdio de acordo com as principais

    teorias acerca do assunto. Trata-se de uma das maiores pesquisas psicolgicas

    sobre o tema jamais realizadas no pas. Os resultados obtidos eliminaram como

    causa preditiva do homicdio, o desenvolvimento moral, valores morais,

    deliberatividade, apego, testosterona, frustrao econmica e renda, com isso

    descartando diversas teorias baseadas em estruturas individuais. Esses achados

    apontam claramente para a defesa da honra como a nica explicao eficaz

    para a prtica do homicdio entre os pesquisados.

    A partir das diversas constataes acerca da existncia de uma cultura

    da honra no Nordeste do Brasil em geral e Pernambuco em particular, com

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    impactos significativos em termos de uma propenso a uma elevada taxa de

    homicdios, confirma-se a grande importncia a relao dos fatores

    socioculturais com os mecanismos psicolgicos individuais na propenso ao

    homicdio na regio.

    3Hipercultura e Valores

    3.1A Teoria da Mediao Cognitiva

    A Teoria da Mediao Cognitiva (TMC) uma nova perspectiva acerca

    da cognio humana a qual se prope a, com base em abordagem prpria,

    servir de um modelo cientfico coerente da mente humana que venha asintetizar as principais expectativas oriundas da Epistemologia Gentica e Jean

    Piaget, da Teoria dos Campos Conceituais de Grard Vergnaud, do Scio-

    Construtivismo de Lev Semenovich Vygotsky, da Teoria Trirquica de Robert

    James Sternberg e da Cognio Distribuda e Ecossistemas Cognitivos de

    Hutchins, incorporando os seus conceitos fundamentais de forma a torn-los

    complementares ao invs de antagnicos (Souza, 2006; Souza, Silva & Roazzi,

    2010; Souza, Silva, Silva, Roazzi & Carrilho, 2012). Um dos seus objetivos explicar as explicar os impactos da introduo das novas tecnologias da

    informao e da comunicao na sociedade em termos das mudanas

    cognitivas e individuais resultantes de tal processo, algo ainda por ser realizado

    de forma satisfatria e difcil de ser obtido luz das teorias cognitivas

    tradicionais.

    Existem cinco postulados fundamentais a partir dos quais podem ser

    derivados os componentes essenciais da Teoria da Mediao Cognitiva, sendo

    eles:

    1. No contexto evolucionrio, ou seja, em termos de seleo natural, a

    espcie humana depende da sua capacidade de adquirir, armazenar e

    aplicar conhecimento;

    2. A cognio humana resulta do processamento de informaes, sem que

    isso necessariamente implique em se considerar a mente humana como

    uma mquina de von Neumann ou como baseada em regras de ao;

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    3. O crebro humano, embora enormemente poderoso em comparao

    com qualquer dispositivo artificial conhecido, um recurso

    computacional finito, limitado e, em ltima anlise, insatisfatrio;

    4. Qualquer sistema fsico organizado pode executar sequncias de

    operaes lgicas, ou seja, qualquer conjunto de coisas cujos elementos

    sejam funcionalmente interligados capaz de processar informaes;

    5. Os seres humanos complementam o seu processamento cerebral por

    meio de diversos tipos de recursos externos disponveis no ambiente, ou

    seja, por meio de algum tipo de cognio extracerebral.

    Assim, prope-se que seres humanos adquirem conhecimento acerca de

    objetos atravs da interao com eles e tambm por meio da ajuda de estruturas

    no ambiente que fornecem capacidade de processamento adicional aos seus

    crebros (Mediao). Logicamente, isso requer uma combinao entre sistemas

    externos capazes de processamento de informao e mecanismos mentais

    internos que permitam o seu uso (Souza, 2006).

    Nesse contexto, na interao entre um indivduo e um objeto, h uma

    dinmica de Assimilao onde padres e invariantes operatrios do segundo

    so internalizados na mente do primeiro sob a forma de novas lgicas, sendo

    que cada nova Assimilao se faz acompanhar de uma Acomodao que

    reestrutura o intelecto de modo a construir uma estrutura de potencial

    crescente. Assim, o processo de Mediao apresenta um impacto decisivo

    sobre no apenas o contedo do pensamento mas tambm a sua dinmica,

    indicando a importncia de estruturas externas ao indivduo sobre a sua forma

    de pensar (Souza, 2006; Souza, Silva & Roazzi, 2010; Souza, Silva, Silva,Roazzi & Carrilho, 2012).

    3.2A Emergncia da Hipercultura

    Quando se estabelece que a superao de limitaes individuais em

    cognio algo que emerge a partir de uma necessidade imposta pela seleo

    natural, segue que a criao de mecanismos de mediao parte de um

    processo evolucionrio. Assim sendo, espera-se que tal desenvolvimento

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    ocorra atravs de uma sucesso de etapas, sendo impulsionado por um processo

    aleatrio de tentativa e erro, estocasticamente caminhando em direo a

    estruturas de mediao cada vez mais poderosas e sofisticadas (Souza, 2006;

    Souza, Silva & Roazzi, 2010; Souza, Silva, Silva, Roazzi & Carrilho, 2012).

    A Era Digital introduziu e disseminou tecnologias com uma estrutura

    lgica e matemtica altamente complexa, alm de produzir mudanas

    socioculturais bastante significativas. Nas sociedades mais desenvolvidas, a

    vida atual requer a aquisio e domnio de diversas competncias, inclusive:

    Escolha, instalao, operao, manuteno e atualizao de diversos

    tipos de hardware, software e redes; Navegao, busca de informaes e comunicao via Internet,

    abrangendo uma rica variedade de formas de interao online e a

    estruturao e funcionamento de grupos virtuais;

    Incorporao de vrios conceitos sofisticados recentes, tais como

    hardware/software, digital/analgico, interatividade, interface,

    redes, hipertexto, website, spam, chat e afins.

    Tem-se ainda que os computadores e a Rede Mundial de Informaes

    permitem a aquisio e produo de conhecimento em quantidade e

    sofisticao nunca dantes imaginadas (Souza, 2006).

    luz da TMC, a Era Digital est associada emergncia e expanso de

    uma Hipercultura, a qual constitui uma nova modalidade de Mediao onde

    os mecanismos externos passam a incluir os dispositivos computacionais e de

    telecomunicaes e tambm os seus impactos coletivos, enquanto que os

    mecanismos internos incluem as competncias necessrias para o uso eficaz de

    tais mecanismos externos (Souza, 2006).

    Sob o ponto de vista cognitivo, a Hipercultura mostra-se ligada a um

    pensamento mais matemtico, cientfico, abstrato e visual-espacial, com

    tendncias ao multitasking, combinao e recombinao do saber,

    criatividade emocional-intuitiva (ldica) e ao uso intensivo de metforas com

    as tecnologias da informao e comunicao. Some-se ainda o uso intensivo de

    redes sociais, computao social e outras formas complexas de interao

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    interpessoal. Tudo isso associa-se a um robusto ganho em capacidade mental

    (Souza, 2006; Souza, Silva & Roazzi, 2010; Souza, Silva, Silva, Roazzi &

    Carrilho, 2012).

    3.3Hipercultura, Crenas e Valores

    Considerando-se a abrangncia, profundidade e intensidade das

    mudanas associadas Hipercultura segundo apontado pela Teoria da

    Mediao Cognitiva (Souza, 2006), as quais tem sido amplamente

    corroboradas empiricamente (Souza, Silva, Silva, Roazzi e Carrilho, 2012),

    natural supor que a sua chegada esteja relacionada a impactos tambm no quese refere a valores, crenas, motivaes, atitudes e outros elementos

    relacionados cultura. Os achados de Papadakis e Collins (2001) e de Tapscott

    (1998, 2003) do suporte a essa noo.

    Papadakis e Collins (2001) pesquisaram o uso domstico das

    tecnologias da informao e comunicao, identificando um conjunto bastante

    amplo de impactos psicolgicos desse fenmeno, em particular a criao de

    uma nova forma de comunicao interpessoal e de novos vnculos sociais.Tapscott (1998, 2003), por sua vez, investigou os indivduos nascidos

    em plena Era Digital, chamados por ele de Gerao-N (ou simplesmente Gen-

    N) e realizou um trabalho extenso com o intuito especfico de caracterizar os

    seus padres peculiares de pensamento e ao. Os seus principais achados

    foram que a nova gerao, por crescer cercada das novas mdias, as quais

    constituem sua atmosfera de desenvolvimento, apresenta um domnio

    tecnolgico muito acima daquele das geraes anteriores e est criando uma

    nova cultura baseada em:

    Independncia, senso de liberdade e autonomia;

    Abertura intelectual e emocional via Web;

    Incluso social via tecnologia e orientao global;

    Liberdade de expresso;

    Desejo de inovar e expectativa de mudanas constantes;

    Preocupao com a maturidade;

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    Investigao e compreenso da tecnologia;

    Velocidade, interatividade e instantaneidade;

    Sensibilidade aos interesses do mundo corporativo;

    Cincia da necessidade de autenticao, validao e confiana.

    Ainda segundo Tapscott (1998, 2003), como uma consequncia direta

    desse novo ambiente de desenvolvimento e da nova cultura, os indivduos que

    nasceram em plena Era Digital apresentam caractersticas psicolgicas

    especficas, tais como:

    Grande aceitao da diversidade (gnero, orientao sexual, religio,

    poltica, etc.);

    Grande curiosidade geral e presena de um desejo de explorao e

    investigao;

    Assertividade e autoconfiana oriunda do potencial impacto do

    indivduo sobre a coletividade;

    Uso intensivo da rede, com sintomas de abstinncia quando o uso

    interrompido;

    Aprendizagem global via mltiplas interaes com uma coletividade

    diversificada;

    Busca de diverso interativa e autodirigida no ciberespao via jogos e

    outros meios;

    Nova forma de trabalhar baseada no compartilhamento descentralizado

    de conhecimentos e competncias;

    Ideologias valorizando direitos e liberdades individuais.

    Tem-se, portanto, amplos motivos para supor que a Hipercultura

    emergente promove valores, crenas, motivaes e atitudes que so pro sociais

    e favorecedoras do dilogo, entendimento e aceitao.

    4Hipercultura e Cultura da Honra

    A Cultura da Honra, conforme descrita por Reed (1982), Cohen e

    Nisbett (1996, 1997), e Cohen (1996, 1998), caracteriza-se por estabelecer para

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    os homens uma nfase na masculinidade dominadora, na defesa feroz da

    reputao e na resoluo de conflitos mediante violncia. Suas diretrizes

    socioculturais apontam em direo intolerncia, agressividade e uso da fora,

    favorecendo os confrontos e aumentando a propenso ao homicdio (Cohen &

    Nisbett, 1996, 1997; Cohen, 1996, 1998; Souza, Roazzi & Souza, 2009; Souza,

    2010; Souza, Roazzi & Souza, 2011).

    J a recente Hipercultura tem sido mostrada como ligada a uma intensa

    sociabilidade e colaborao por meio de interaes complexas (Souza, 2006;

    Souza, Silva & Roazzi, 2010; Souza, Silva, Silva, Roazzi & Carrilho, 2012).

    Em consonncia com isso, observou-se que as geraes mais fortementehiperculturais tendem a enfatizar mais os vnculos sociais e os ideais de

    dilogo, liberdade, aceitao, tolerncia, incluso, compartilhamento e

    cooperao (Papadakis & Collins, 2001; Tapscott, 1998, 2003).

    Ao que tudo indica, a natureza social, cooperativa e libertria da

    Hipercultura est em frontal contradio com as caractersticas conflituosas,

    agressivas e violentas da Cultura da Honra. So diretrizes que se mostram

    opostas quanto aos seus contedos e que, consequentemente, levam acomportamentos igualmente contrastantes. Dada a ampla, intensa e crescente

    da Hipercultura a nvel global, alimentada pelo fato dela ser originada de

    mudanas profundas nas relaes de produo, tem-se que ela pode vir a

    representar um possvel antdoto natural para a propagao da Cultura da

    Honra.

    Num painel de 150 criminologistas do mundo inteiro reunidos na

    Global Violence Reduction Conference em Cambridge, com apoio da

    Organizao Mundial de Sade, foram apresentadas evidncias de que os

    ndices de homicdios e violncia de muitos pases tem apresentado substancial

    tendncia de queda desde os meados dos anos 1990, especialmente na Amrica

    do Norte, Europa e sia (University of Cambridge, 2014). sugerido que

    trata-se do resultado de uma combinao de melhora na governana pblica,

    estratgias policiais mais eficazes, maior controle via tecnologias de vigilncia

    e uma menor tolerncia ao comportamento violento a partir de uma idade mais

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    precoce. Essa queda da violncia se d justamente a partir dos meados da

    dcada em que houve a exploso da Revoluo Digital, bem como o fato de

    que o maior uso da tecnologia digital e a maior rejeio social ao

    comportamento violento, caractersticas consistentes com o advento da

    Hipercultura segundo a Teoria da Mediao Cognitiva (Souza, Silva, Silva,

    Roazzi & Carrilho, 2012).

    Curiosamente, na Amrica Latina, tem sido detectada uma tendncia

    no de queda, mas de crescimento no ndice de homicdios, algo atribudo a

    corrupo governamental, policiamento inadequado, baixos investimentos em

    educao e falta de dados e pesquisas para suporte a polticas pblicas(University of Cambridge, 2014). Ocorre tratar-se tambm de uma parte do

    mundo onde o Abismo Digital, ou seja, a diferena sociais quanto ao acesso

    a tecnologias digitais, bastante significativa (Souza, Silva, Silva, Roazzi &

    Carrilho, 2012) e onde h uma significativa reserva de Cultura da Honra,

    particularmente no Nordeste do Brasil, pas que ocupa 47% da rea da regio

    (Alencar, 2006; Magalhes, 2009; Souza, Roazzi & Souza, 2011).

    5Concluso

    A Cultura da Honra representa um conjunto de elementos socioculturais

    que direcionam o indivduo do sexo masculino resoluo violenta de

    conflitos, com pouco espao para formas alternativas para se solucionar

    disputas (Reed, 1982; Cohen & Nisbett, 1997; Cohen, 1998). As melhores

    evidncias e argumentos disponveis indicam muito fortemente que ela um

    importante condicionante da propenso ao homicdio, seno o mais importante

    (Souza, Roazzi & Souza, 2009; Souza, 2010; Souza, Roazzi & Souza, 2011).

    O advento da Era Digital trouxe consigo o surgimento de uma

    Hipercultura a qual, junto com diversas vantagens cognitivas (Souza, 2006;

    Souza, Silva & Roazzi, 2010; Souza, Silva, Silva, Roazzi & Carrilho, 2012),

    favorece o direcionamento do indivduo para a interao social, cooperao,

    tolerncia, incluso e dilogo (Papadakis & Collins, 2001; Tapscott, 1998,

    2003). Trata-se de uma mudana global avassaladora que tende a disseminar

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    uma forma de agir e pensar com o potencial para superar os efeitos deletrios

    da Cultura da Honra e, consequentemente, a ocorrncia de homicdios, algo

    que parece j estar ocorrendo (University of Cambridge, 2014).

    Estudos adicionais so necessrios para se desvendar com mais detalhes

    exatamente quais os mecanismos e processos psicoculturais responsveis pelo

    aumento propenso ao homicdio produzido pela Cultura da Honra. Tambm

    se precisa de mais investigaes para confirmar que a Hipercultura

    efetivamente se contrape Cultura da Honra e que de fato tende a reduzir a

    incidncia de homicdios, preferencialmente indicando os meios especficos

    atravs dos quais isso ocorre. A partir disso, tornar-se- possvel planejar eimplementar polticas pblicas de promoo do acesso vida digital as quais

    no apenas promovero a inteligncia, conhecimento e sociabilidade na

    sociedade como um todo, mas tambm reduziro a violncia. Trata-se de

    imperativos universalmente importantes, mas particularmente necessrios no

    Nordeste do Brasil.

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