A Escala Maior Natural

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A escala maior natural Para entrarmos este assunto, primeiro precisamos entender a escala maior natural. No exemplo abaixo, temos a escala de dó maior: Essa é formada por sete notas, e a distância entre cada uma dessas notas e a nota seguinte pode ser de um tom ou meio. O intervalo de meio tom ocorre apenas entre o III-IV graus e entre o VII e I. Vimos assim que a escala maior natural é formadas por T T ST T T T ST, gerando os intervalos de 2M, 3M, 4J, 5J, 6M e 7M em relação à tônica da escala. Os modos gregos Os modos gregos são uma espécie de inversões da escala maior. Se tocarmos a escala de dó maior, a partir da nota dó, teremos o modo dó jônio, que nada mais é do que a própria escala natural em seu estado fundamental (continuaremos com a configuração de T T ST T T T ST). Se tocarmos essa mesma escala a partir do segundo grau, a nota ré, teremos o modo ré dórico, e obteremos assim uma nova configuração de escala T ST T T T ST T (e conseqüentemente novos intervalos) , conforme mostra a figura abaixo:

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A escala maior natural

Para entrarmos este assunto, primeiro precisamos entender a escala maior natural. No exemplo abaixo, temos a escala de dó maior:

Essa é formada por sete notas, e a distância entre cada uma dessas notas e a nota seguinte pode ser de um tom ou meio. O intervalo de meio tom ocorre apenas entre o III-IV graus e entre o VII e I. Vimos assim que a escala maior natural é formadas por T T ST T T T ST, gerando os intervalos de 2M, 3M, 4J, 5J, 6M e 7M em relação à tônica da escala.

Os modos gregos

Os modos gregos são uma espécie de inversões da escala maior. Se tocarmos a escala de dó maior, a partir da nota dó, teremos o modo dó jônio, que nada mais é do que a própria escala natural em seu estado fundamental (continuaremos com a configuração de T T ST T T T ST). Se tocarmos essa mesma escala a partir do segundo grau, a nota ré, teremos o modo ré dórico, e obteremos assim uma nova configuração de escala T ST T T T ST T (e conseqüentemente novos intervalos) , conforme mostra a figura abaixo:

Se quisermos montar o modo de Dó Dórico, por exemplo, basta seguir esta seqüência de intervalos T ST T T T ST T a partir da nota dó:

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Outra maneira de pensar no dó dórico é você imaginar a escala de Bb maior natural começando no segundo grau.

Veremos na tabela abaixo a seqüência dos sete modos da escala maior natural.

Para uma análise prática, podemos dividir estes 7 modos em 2 grupos, os modos maiores e os menores. Os modos maiores possuem uma terça maior (3M) e os menores uma terça menor (3m).

A escala maior natural é o modo jônio e a menor natural é o modo eólio. Usaremos estas duas escalas para comparar as diferenças entre os modos:

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O quadro acima mostra as diferenças entre os modos e as escalas naturais. Os intervalos diferentes caracterizam a sonoridade de cada modo, estas são as famosas “notas características”. Ex: A única diferença entre a escala de Sol maior (jônio) e Sol Lídio vai ser a quarta aumentada, que vem a ser o dó# no modo de Sol Lídio, substituindo o dó natural em Sol maior / jônio. Dizemos assim que a quarta aumentada é a nota característica do modo lídio. O mesmo raciocínio vale para os outros modos, com um pequeno porém para o lócrio, que vai apresentar duas notas diferentes da menor natural (eólio). Consideramos estas duas notas características, porém a 5º possui maior importância que a 2m.

Pegando a guitarra...

Transpor essa teoria para a guitarra é muito simples, e pode ser feita de várias maneiras. Para guitarristas de rock/metal proponho utilizar sete “shapes” dos modos, cada um com uma digitação começando com a tônica de um modo na 6ª corda. Os números indicados são a digitação da mão esquerda que utilizo para tocar cada shapes:

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Todos estes shapes são formados por 3 notas por corda, para facilitar a execução da palhetada. Você pode optar por duas maneiras de palhetar estes shapes. A primeira é alternando todas. A segunda é fazendo um sweep, cada vez que mudar de corda, para aproveitar o sentido da palhetada.

A seguir veremos como estes modos ficam dispostos por todo o braço da guitarra, utilizando a escala de dó maior como exemplo.

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É importante ter na ponta dos dedos estes sete shapes e conseguir tocá-los com fluência em todos os 12 tons.

Praticando...

O exercício que proponho para esta etapa, é tocar todos os modos sobre a nota dó (Dó jônio, Dó dórico, Dó Frígio, Dó Lídio, Dó Mixolídio, Dó Eólio e Dó lócrio), começando pela sexta corda. Localize a nota dó na sexta corda (casa 8), e toque o modo de dó jônio, subindo e descendo a escala.

Agora toque o modo dó dórico, e em seqüência o frígio, lídio, mixolídio, eólio e lócrio.

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Se você realmente quiser assimilar esta etapa, pratique em todos os 12 tons:

C – G – D – A – E – B – F# - Db – Ab – Eb – Bb – F

Lembre-se sempre de manter a clareza e definição das notas, assim como praticar com o metrônomo.

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Cada modo possui um acorde característico, ou uma cadência de acordes que representam sua sonoridade. Esta sonoridade pode ser obtida pela tríade da tônica do modo, mais sua nota característica. Utilizaremos somente tríades nestes exemplos, mas sinta-se à vontade para adicionar todas as extensões diatônicas que quiser.

Jônio

A sonoridade do modo jônio é a mesma da escala maior natural. Uma cadência IV - V – I define bem esta sonoridade.

A sonoridade do jônio é dada, basicamente, pelo repouso da harmonia no I grau do campo harmônico. Podemos citar Let It Be, dos Beatles e a primeira parte de Always With Me, Always With You do Satriani como exemplos deste modo.

Dórico

O modo dórico possui uma sonoridade “jazzística”, um acorde menor com uma sexta maior (nota característica) define o modo. Uma cadência bem comum mostrando a sonoridade do dórico é um IIm – V. (cadência do inicio de Wave de Tom Jobim).

No caso acima, Cm é o segundo grau do campo harmônico de Sib Maior natural e F é o quinto grau desta mesma escala. O acorde de Cm isolado não define a sonoridade do dórico, pois não apresenta a sexta maior. A sexta maior de Cm (a nota Lá) aparece no próximo acorde (F) como sua a terça maior. Nesta cadência, poderíamos substituir o acorde de F por qualquer outro acorde do campo harmônico de Sib maior para obtermos a sonoridade do dórico, desde que este acorde apresente a nota Lá em sua formação.

Uma boa maneira de pensar em sonoridades modais é tocando a tríade da tônica do modo seguido de um outro acorde contendo as extensões do acorde anterior. Ex: ré dórico: Toca-se o acorde de Dm e em seqüência Em. Podemos aplicar no Dm os modos de ré dórico, ré frígio ou ré eólio. Porém o próximo acorde mostra algumas notas que caracterizam o ré dórico: a tônica de Em, que vem a ser a segunda maior do acorde de Dm, portanto não podemos ter o modo frígio neste caso. A nota si, quinta do acorde de Em, é a sexta maior de Dm, indicando que este Dm é dórico e não eólio ou frígio.

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Assim afirmamos que o acorde característico do modo dórico é o m6. Ex: Cm6. O som isolado deste acorde nos remeterá a este modo. Sempre que encontrar um acorde m6, utilize o modo dórico para improvisar sobre ele.

OBS: o acorde m6 isolado também pode ser encarado como o primeiro grau da escala menor melódica.

Frígio

O modo frígio é um modo menor, com a segunda menor como nota característica. É empregado com alguma freqüência no Heavy, como nas músicas Wherever I May Roam do Metallica e Trust do Megadeth.

Uma cadência de acordes que caracteriza o modo frígio é a IIIm – IV.

No caso acima temos Cm, que é terceiro grau da escala de Ab maior, e Db que vem a ser o quarto grau desta escala. A tônica de Db, é uma segunda menor em relação a Cm, caracterizando o frígio.

O modo frígio também é caracterizado pelo acorde sus4(b9).

Lídio

O Lídio é o único modo que apresenta a quarta aumentada e uma quinta justa ao mesmo tempo. Cadência comum deste modo é IV – V.

C é o quarto grau da escala de Sol Maior e D é o quinto grau. A terça maior do acorde de D, a nota fá#, é uma quarta aumentada em relação ao acorde de C.

Encontramos o modo lídio freqüentemente no rock e afins. Answears e The Riddle do Steve Vai, assim como o início de Overture 1928 do Dream Theater são bons exemplos deste modo.

O acorde característico do modo lídio é o maj7(#11). Ex: Cmaj7(#11)

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Vale também ressaltar que este modo pode ser aplicado em qualquer acorde maior com sétima maior.

Mixolídio

O mixolídio é o quinto grau da escala maior natural. Uma cadência V – IIm é um bom exemplo da sonoridade do mixolídio.

C e Gm são respectivamente o quinto e o segundo graus do campo harmônico de Fá maior. A terça menor de Gm (a nota Sib) é a sétima menor de C, a nota característica do modo mixolídio.

O acorde característico do modo mixolídio é o acorde dominante “7” (ex: C7) . Estes acordes estão presentes em qualquer blues de tonalidade maior. Ex: Scuttle Buttin e Pride and Joy do Stevie Ray Vaughan.

Eólio

Modo característico do metal... para mostrar a sonoridade deste modo, utilizaremos a famosa cadência VIm – IV – V, que consagrou a sonoridade “Iron Maiden”. Fear of the dark, Hallowed be thy name, Running Free e Still Life são alguns exemplos que utilizam esta cadência.

Cm, Ab e Bb são respectivamente VI IV e V graus do campo harmônico de Mib Maior. O acorde de Ab em relação ao Cm define a uma sexta menor e o acorde de Bb define uma segunda maior em relação ao acorde de Cm, caracterizando o modo eólio.

O acorde m(b6) é o acorde característico deste modo.

Lócrio

O modo lócrio é o único modo que possui uma quinta diminuta, dando a este modo uma sonoridade bem peculiar. No rock, o único exemplo que me vem na cabeça é a primeira parte da música Painkiller, do Judas Priest. Podemos sentir a sonoridade do lócrio na seqüência VIIIm(b5) - V.

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O sétimo grau do campo harmônico de Db Maior é Cm(b5). Este acorde sozinho já gera toda a sonoridade do modo lócrio, o outro acorde (Ab) foi colocado para não criar um movimento de tensão – resolução.

O acorde m7(b5) é o acorde característico do modo lócrio.

Tocando...

A primeira parte do exercício consiste em improvisar sobre os sete modos de dó, utilizando a harmonia característica de cada modo vista anteriormente. Grave um playback com a cadência de acordes de dó Jônio, crie um loop e improvise sobre eles com a escala de dó maior. Depois faça o mesmo sobre o modo dó dórico, utilizando a escala de Bb maior. No dó frígio, toque a escala de Ab maior e assim por diante.

Um erro freqüente dos estudantes é ficar preso ao “shape do modo”. Os shapes geram a sonoridade do modo quando tocados sozinhos. Nesta parte do processo você já está improvisando sobre uma harmonia, o que importa é a relação de cada nota que você toca em relação ao(s) acorde(s) da harmonia.

Ex: as notas da escala de ré mixolídio (ré, mi, fa#, sol, la, si, dó), são as mesmas notas que compõem a escala de dó lídio, que também são as mesmas de fa# lócrio. Estas notas “funcionam” perfeitamente sobre todos os acordes do campo harmônico de Sol Maior natural (G Am Bm C D Em F#m(b5)).

Portanto a grande jogada neste exercício é você “passear” pelo braço inteiro da guitarra, utilizando todos os shapes dentro da escala.

Um software-seqüenciador bem interessante para fazer este exercício é o Band in a Box. Caso você não tenha como gravar as progressões manualmente, você pode utilizar este programa para seqüênciar as cadências de cada modo.

Pratique bastante os exemplos, e se realmente quiser ir fundo no assunto, toque os exemplos em todos os tons.

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Jônio

A progressão abaixo mostra quatro centros tonais diferentes para improvisar numa unica progressão harmônica (C Jônio, B Jônio, Bb Jônio e A Jônio). As escalas estão indicadas pelas linhas pontilhadas. O Mesmo raciocínio seque para os outros exemplos.

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Improvise sobre estas cadências, prestando muita atenção na hora de mudança de modo. Evite saltos nestes momentos, prefira os graus conjuntos. Tente desenvolver suas idéias nas modulações.

No início estas harmonias podem parecer muito difíceis e complexas para desenvolver suas idéias musicais, mas vale sua perseverança e empenho para adquirir fluência nestas situações. Há material para vários meses de estudo nestes exemplos.

O próximo exercício é uma junção de todos os modos em um único exemplo. Aqui a principal dificuldade é nas mudanças de escalas, que ocorrem irregularmente.

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Pratiquem com muita calma e com um playback num andamento lento, siga aumentando a velocidade progressivamente. Outra opção é utilizar somente uma nota por compasso, depois duas, três, quatro...

Os shapes mostram cada uma das notas que compõem os acordes: a Tonica (T), terça (3), quinta (5) e sétima (7).

Existem outros shapes para estes arpejos, porém as cinco ou seis maneiras mais comuns e mais fáceis para digita-los são apresentadas nesta coluna. Em relação à digitação (mais precisamente qual dedo utilizar para tocar cada nota), sinta-se a vontade para utilizar a mais adequada para sua mão, pois cada um tem dedos de tamanhos e formas diferentes.

Vale lembrar que esses arpejos são formados por três terças, em seu estado fundamental:

3M + 3m + 3M = arpejo maior com sétima maior3M + 3m + 3m = arpejo dominante3m + 3M + 3m = arpejo menor com sétima menor3m + 3m + 3M = arpejo meio diminuto

Vamos aos arpejos:

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Levará algum tempo até você deixar estes arpejos na ponta dos dedos. Lembre-se sempre de praticar em todos os doze tons, assim como de aplicá-los em suas improvisações e composições.

Para aquecer vamos ver um pouco sobre as pentatônicas.

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Este primeiro exemplo mostra a pentatônica de Lá menor em seu estado fundamental tocada com string skipping. É um exemplo bem “clichê”, mas ta valendo pra começar.

O segundo exemplo é mais complicado, principalmente quando é tocando com distorção. O interessante neste exemplo é manter a nitidez de cada nota, principalmente nas mini-pestanas com os dedos 1 e 3.

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Uma nota por corda é o foco do terceiro exemplo. Novamente, preste bastante atenção nas pestanas dos dedos 1 e 3.

O exemplo acima mostra a tríade de lá menor, com repetição da nota da ponta uma oitava abaixo. Pratique também as tríades maiores, aumentadas e diminutas e suas “possíveis” inversões.

Este exemplo consiste na tríade com repetição das duas notas da ponta uma oitava abaixo. Pratique também as tríades maiores, aumentadas e diminutas e suas “possíveis” inversões.

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Os dois exemplos acima são patterns do guitarrista Paul Gilbet para a utilização da tríade. .

Este exemplo é a escala de Am natural tocada com a repetição de fragmentos em oitavas.

A escala também pode ser tocada com tappings e saltos de corda. Preste atenção para abafar as cordas durante o salto. As notas indicadas com um T (tapping) devem ser

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tocadas com a mão direita, e as indicadas com P (pull off) com ligados da mão esquerda.

Este exemplo é um pattern interessante para o uso de tapping e salto, e exige muita atenção para evitar que as notas fiquem soando depois dos saltos.

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Para finalizar, acima temos o solo final da música Erotomania, do Dream Theater  (disco Awake). Este solo requer muita atenção para os saltos, as divisões em quintinas, e deve ser tocado todo com Palm Mutting (abafado) na mão direita. A velocidade é de aproximadamente 160 bpm.

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A escala cromática pode assumir dois estados:

Ascendente: dó dó# ré ré# mi fá fá# sol sol# la lá# si dó

Descendente: dó réb ré mib mi fá solb sol lab lá sib si dó

Por convenção, da nota mi – fá e de si – dó existe um semitom de distância, por isso mi# = fá; fáb = mi; si# = dó; dób =si.

Abaixo segue o shape da escala cromática nas seis cordas da guitarra, partindo da nota lá (5ª casa - 6ª corda). Execute sempre com palhetada alternada.

e-----------------------------------------1-2-3-4--Ib---------------------------------2-3-4-5----------Ig-------------------------2-3-4-5------------------Id-----------------3-4-5-6--------------------------Ia---------4-5-6-7----------------------------------Ie-5-6-7-8------------------------------------------I

e-4-3-2-1------------------------------------------Ib---------5-4-3-2----------------------------------Ig-----------------5-4-3-2--------------------------Id-------------------------6-5-4-3------------------Ia---------------------------------7-6-5-4----------Ie-----------------------------------------8-7-6-5--I

Muitos guitarristas utilizam essa escala como ferramenta melódica, ou seja, um elemento que pode enriquecer solos, passagens etc. Steve Morse é um dos grandes guitarristas que utilizam o cromatismo para enriquecer seu vocabulário melódico. Assim como John Petrucci e muitos outros. O cromatismo necessariamente não precisa ser usado apenas para o estudo técnico, como a maioria conhece e não gosta das famosas variações 1234, 1324 ... Procure o uso de cromatismo e você vai achar em temas já conhecidos. Quem não conhece o famoso tema da “Pantera Cor-de-rosa?

Ex. 1 Tema da “Pantera Cor-de-rosa”:

e----------7-8------7-8--13-12-------12-11-----------Ib-7-8-9-10-----9-10------------10-13-------13-10--10-Ig-----------------------------------------------12---Id----------------------------------------------------Ia----------------------------------------------------Ie----------------------------------------------------I

e----------7-8------7-8--13-12-------17-16~----------Ib-7-8-9-10-----9-10------------10-13-----------------Ig----------------------------------------------------Id----------------------------------------------------Ia----------------------------------------------------Ie----------------------------------------------------I

pois então, olha o cromatismo aí, ou o tema do seriado de tv tosca do Batman & Robin (o pior é que legal).

Ex. 2 Tema do seriado de tv “Batman & Robin”:

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e-----------------------------------------------------------------Ib-----------------------------------------------------------------Ig-----------------------------------------------------------------Id-----------------------------------------------------------------Ia-5-5-4-4-3-3-4-4-5-5-4-4-3-3-4-4-5-5-4-4-3-3-4-4-5-5-4-4-3-3-4-4-Ie-----------------------------------------------------------------I

O uso dessa escala é mais comum do que parece! Bom, depois desses exemplos não poderia deixar de transcrever um riff do meu projeto instrumental chamado Extreme fusion trio, onde utilizo o cromatismo em um riff hard rock, dobrado com o baixo. Este riff deve ser tocado com 4 notas por tempo. Segue então a primeira parte:

The 5th Season – Extreme fusion Trio - executar com Lite Palm Muting

e---------------------------------------------------------------------Ib---------------------------------------------------------------------Ig--------------------------------------------7--------10-9-8----9-8-8-Id-----------------------------------7-8-9-10---10-9-8-------9-8-------Ia---------5---------8-7-6-----7-6-6-----------------------------------Ie-5-6-7-8---8-7-6-5-------7-6-----------------------------------------I

e---------------------------------------------------------------------Ib---------------------------------------------------------------------Ig--------------------------------------------7--------10-9-8----9-8-8-Id-----------------------------------7-8-9-10---10-9-8-------9-8-------Ia---------5---------8-7-6-----7-6-6-----------------------------------Ie-5-6-7-8---8-7-6-5-------7-6-----------------------------------------I

Estude os exemplos acima com o metrônomo e palhetada alternada. O andamento na música fica em torno de 136 bpm. Comece a estudar devagar e depois aumente a velocidade aos poucos, vide coluna anterior.

Isso é só uma amostra do uso comum da escala cromática ou cromatismo, que é encontrado nos mais diversos estilos musicais, desde música clássica com compositores como Chopin, Paganini, Nicolai Rimsky Korsarkov, autor de “The Flight of the Bumblebee” o famoso “vôo do besouro” passando por chorinho e indo até riffs matadores como é o caso do riff da música Erotomania do Dream Theater. Procure escutar obras com o uso de cromatismo e usá-lo em suas composições e solos. Além de enriquecer a sonoridade do trecho pode dar uma ‘entortada’ no som, deixando menos convencional e mais próximo de uma identidade musical particular, item atualmente desvalorizado na música comercial em geral.

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Assim como já mencionado muitos guitarristas fazem uso do cromatismo, tanto usando a escala cromática por si só, como também inserindo notas que estão fora de um tom para criar tensões e climas diferentes.

O primeiro exemplo é o riff de Erotomania - música instrumental da banda Dream Theater  presente no álbum Awake de 1994.

O riff de John Petrucci além de conter mudanças de compasso tem um motivo cromático bem interessante! Este exemplo está usando a escala cromática de forma completa trocando apenas a ordem de algumas notas.

Exemplo 1:

e---------------------------------------------Ib---------------------------------------------Ig---------------------------------------------Id---------------------------------------------Ia---------2-5-4-------------4-7-6-------------Ie-2-3-4-5-------3-0-4-5-6-7-------5-0-2-3-4-5-I

e-----------------------------Ib-----------------------------Ig-----------------------------Id-----------------------------Ia-2-5-4-------------4-7-6-----Ie-------3-0-4-5-6-7-------5-0-I

O próximo exemplo fica por conta do mestre do experimentalismo guitarrístico, se é que podemos chamar assim, Steve Vai. Este trecho é retirado da introdução da música The Attitude Song do disco Flex-Able de 1984.

Vai utiliza as notas Lá, Láb/Sol#, Sol, cromatizando entre as notas Lá e Sol com a nota Sol# criando um riff animal com uma idéia simples. A dificuldade fica em 'swingar' a idéia e tocar os harmônicos artificiais denotados como (H. A.).

Exemplo 2:

b-----------------------------------------------Ig-----------------------------------------------Id-----------------------------------------------Ia------------------H.A.-----------H.A.----------Ie-/-5-4-3-05-4-3--05-4-3-05-4-3--05-4-3-05-4-3--I

b-------------------------------Ig-------------------------------Id-------------------------------Ia--H.A.-----------H.A.----------Ie-05-4-3-05-4-3--05-4-3-05-4-3--I segue

O cromatismo está presente em muitos outro exemplos musicais. Não são apenas os guitarristas de rock que são famosos por usar cromatismos em suas frases e composições. Sem procurar muito, encontramos cromatismos também na nossa música! Nossa música? Não sabe do que estou falando? Então você precisa se 'antenar' mais na nossa própria cultura! Estou falando do Choro, mais conhecido como chorinho, estilo

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musical brasileiro que consagrou autores como Pixinguinha, Ernesto Nazaré, Waldir Azevedo e inúmeros outros! Pepeu Gomes e Armandinho, super guitarristas brasileiros, ajudaram a difundir o choro entre os 'metaleiros', interpretando de uma forma no mínimo complicada composições como Brasileirinho, Tico- tico no fubá e outras. Como mencionei, a forma cromática é encontrada em muitos exemplos, e é da peça Brasileirinho de Waldir Azevedo que retiro nosso próximo exemplo.

Esse fragmento é a última frase da peça executada em semicolcheias, 4 notas por batida.

Exemplo 3:

e-------------------------------------------Ib-------------------------------------------Ig---------------5-6-6---6---6-7-8-9-9-8-9-8-Id-7-7-6-7-6-7-9-------7---7-----------------Ia-------------------------------------------Ie-------------------------------------------I

e--------------------------9------------Ib-7-9-10-9-7---10-9-7---10---10---------Ig------------9--------9-----------------Id---------------------------------2---2-Ia-------------------------------0---0---Ie---------------------------------------I

Este exemplo está na escala de Lá maior e utiliza o cromatismo para criar uma sonoridade única. Tente extrair as notas não pertencentes à escala e você perceberá a importância das notas que estão fora da tonalidade, representando o elemento cromático.

O próximo exemplo é extraído da peça Tico-tico no fubá. Essa também é a última frase da peça, da qual emprega novamente o elemento cromático, agora sobre a escala de Dó maior também em 4 notas por batida (semicolcheia). Vejamos o exemplo:

Exemplo 4:

e---------------------------------------------Ib---------------3-1---1-5-----5-8-7-6-5-------Ig-5-4-3-2-1-2-4-----4-------5-----------7-5-4-Id-------------------------5-------------------Ia---------------------------------------------Ie---------------------------------------------I

e-------------Ib-------------Ig-------------Id-7-5-3-------Ia-------7-5-3-Ie-------------I

Bom pessoal é isso! Espero ter criado uma pequena ampliação de seu universo musical com esses exemplos que utilizam cromatismo, principalmente os fragmentos retirados de peças da música brasileira, particularmente, o Choro. Escute e estude temas conhecidos de música brasileira, pois além de ser um excelente exercício técnico, faz

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com que você conheça mais da música feita aqui! Tenho certeza que tocando clássicos desse repertório você terá um grande diferencial na manga, e melhor ainda um diferencial made in Brasil!