A escola da paciência divina

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A Escola da Paciência Divina Silvio Dutra JAN/2016

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A Escola

da

Paciência Divina

Silvio Dutra

JAN/2016

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A474 Alves, Silvio Dutra A escola da paciência divina./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2016. 81p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Cristianismo. 3. Virtudes. I. Título.

CDD 207

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Sumário

A Paciência Que Devemos Ter na Vida

Cristã............................................................................

4

Superando os Melindres...................................

17

A Pérola da Paciência..........................................

25

O Dever da Paciência...........................................

36

A Escola da Paciência..........................................

46

A Paciência Bíblica................................................

60

Paciência na Aflição.............................................

64

Paciência na Tribulação (Rom 12.12)............

69

Aprendendo com Tiago Sobre a Paciência Cristã Verdadeira............................

71

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A Paciência Que Devemos Ter na Vida

Cristã

Há invernos espirituais que nos impõem este

tempo de espera, se queremos ser bem sucedidos em nossos projetos a serviço de Deus.

Além da direção e poder do Senhor, temos que ter inteligência espiritual para discernir o

movimento do mundo espiritual para que não

tomemos decisões precipitadas das quais não

somente, poderemos nos lamentar posteriormente, como até mesmo vir a frustrar

os projetos que Deus havia determinado realizar

através de nós.

A este respeito, temos muito que aprender com Neemias e o modo que ele se comportou na obra

que realizou para o Senhor, ainda que nos dias

do Velho Testamento.

O coração de Neemias se achava em grande tristeza, por se encontrar assolada a cidade de Jerusalém.

É desta forma que se acharão todos aqueles que estiverem exilados, ainda que dentro de suas próprias igrejas, porque assim como a cidade de

Jerusalém estava para os judeus na Antiga

Aliança, a Igreja está para os cristãos na Nova.

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Quão profundas são as dores do exílio. Elas são indescritíveis e muito maiores do que qualquer

dor moral ou física, porque são produzidas pela

impossibilidade de se adorar a Deus em espírito e em verdade, na comunhão dos santos, por

causa das condições prevalecentes na Igreja,

quando esta se encontra assolada e em ruínas, por ter sido pisada como sal que perdeu o sabor.

É muito mais difícil restaurar uma Igreja caída do que reconstruir os muros de Jerusalém. É

com muito maior fúria que Satanás e todo o

inferno se opõem a esta restauração da Igreja,

do que a que experimentaram Esdras e Neemias em seus dias.

Primeiro, porque que a proposta de Deus para a Igreja na dispensação da graça, para que possa

andar conforme o Seu agrado é muito maior do

que a que se exigia dos cristãos do antigo pacto, pois a justiça da Igreja de Cristo deve exceder

em muito a dos escribas e fariseus.

Entretanto, há muitas lições que podemos aprender do exemplo de tudo o que Deus fez

através de Neemias para restaurar a vida religiosa de Israel.

A primeira é a de que apesar de Neemias saber que necessitaria do apoio do rei e de muitos

homens, a sua confiança não estava depositada

em nenhum deles, mas somente no Senhor, e

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demonstrou isto reiteradas vezes, como se vê

por exemplo no verso 5, do segundo capítulo do

seu livro, quando não ousou declarar logo ao rei

qual era o seu intento, quando este lhe indagou o que desejava dele.

Neemias fez uma oração rápida em espírito entre a pergunta e a resposta que daria, entregando certamente o caso nas mãos de

Deus, e declarou logo em seguida o que

desejava, mas não sem antes, fazer a introdução

em que usou as seguintes palavras: “se teu servo tiver achado graça diante de ti”, como a que

dizer que ele atenderia ao que pediria, caso Deus

tivesse movido o coração do rei para que

achasse graça diante dele.

Isto é dependência real de Deus, tal como havia sido demonstrada anteriormente, por Davi em

seus dias, que não costumava tomar qualquer decisão sem que tivesse entregado antes o caso

nas mãos do Senhor.

Não podemos esquecer que Ester havia conquistado totalmente o favor do rei da Pérsia, quando se casou com ele, e isto foi feito

estrategicamente por Deus não somente para

livrar os israelitas do extermínio intentado por

Hamã, como também para que os judeus encontrassem o favor dos persas, na sua estada

na Palestina, e isto nós vemos como o rei foi

favorável, tanto nos dias de Esdras, quanto nos

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de Neemias, e muito disto foi obtido, sem

dúvida, pelo modo atencioso como os persas

passaram a ver os judeus, por influência da

piedosa Ester, que havia assumido o trono, ao lado do rei da Pérsia.

Toda esta boa influência estava sendo produzida pelo próprio Senhor.

Neemias pediu uma comissão para ir com ele, para reconstruir os muros de Jerusalém, e lá

permaneceria um certo tempo aprazado, conforme lhe havia pedido o rei, mas este prazo

foi prolongado, porque permaneceu em

Jerusalém, cerca de doze anos.

Além desta comissão, pediu também uma escolta, e um salvo conduto para que os

governadores das províncias, não somente permitissem que atravessasse as suas

províncias respectivas, como também que o

provessem com o que fosse necessário,

especialmente, madeira do Líbano, para o trabalho que havia projetado.

Quando Neemias entregou as cartas do rei persa aos governantes das províncias, Sambalate e

Tobias (que viriam a ser instrumentos de

Satanás, para se oporem a ele) ficaram sabendo da sua missão, e extremamente irados, pelo fato

de que alguém tivesse se levantado para

procurar o bem dos israelitas.

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Depois que chegou a Jerusalém, Neemias não declarou o que Deus havia colocado em seu

coração a nenhum dos líderes de Israel, por

pelo menos três dias. (Homens em verdadeira missão divina, nunca fazem alarde de sua

autoridade, e da comissão que receberam da

parte de Deus, porque sabem que a obra não é propriamente deles, mas do Senhor).

Antes de tomar qualquer decisão, Neemias fez uma avaliação da extensão dos danos do muro

de Jerusalém, que estavam demolidos, assim

como suas portas, que haviam sido queimadas. E por motivo de prudência, fez isto à noite.

Foi somente no momento oportuno, que declarou aos judeus, especialmente aos

sacerdotes, nobres e magistrados e a todos os

que faziam a obra de reconstrução do muro, qual era a obra, para a qual havia sido

encarregado por Deus, para fazer em Jerusalém.

Daqui, decorre um princípio muito importante, para todos os que têm uma chamada de Deus,

para a realização de uma obra específica: ela deve ser reconhecida e apoiada pelos demais

líderes que estiverem envolvidos nela.

Quando falta este reconhecimento e apoio, será vão tentar nadar contra a correnteza.

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Por isso Paulo não poderia prosseguir seu ministério juntamente com Barnabé, porque

passou a existir discordância entre ambos

quanto à forma de condução da obra missionária, para a qual haviam sido

encarregados pela Igreja de Antioquia,

especialmente, por terem um entendimento diverso quanto à participação de João Marcos

em seus empreendimentos missionários.

Nenhum pastor será bem sucedido em seu ministério, se não tiver o apoio da Igreja, e

especialmente dos seus auxiliares diretos.

Quando Neemias fez uma exposição quanto ao modo como a boa mão do Senhor fora com ele,

particularmente quanto à comissão que havia

recebido do rei persa, os judeus se dispuseram a

cooperar com ele na obra que deveria ser realizada.

Mas quando Sambalate, Tobias e Gesem o souberam, começaram a zombar deles e a

desprezá-los infamando-lhes e acusando-lhes

de estarem se rebelando contra o rei persa.

Não é de se admirar que o diabo sempre use o argumento de insurreição contra a autoridade

constituída, quando Deus levanta alguém para

fazer a Sua vontade.

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A mesma autoridade que os verdadeiros rebeldes costumam transgredir, especialmente

a relativa à da própria Palavra de Deus, que eles

não amam e obedecem, é a que eles costumam invocar para tentarem desencorajar os servos

fiéis de Deus a prosseguirem adiante na defesa

da verdade, em prol do verdadeiro bem da humanidade, que é a salvação de almas da

condenação eterna.

Satanás sempre projeta manter os cristãos e a Igreja em estado de miséria espiritual, e tudo faz

para tentar impedir o avanço de uma verdadeira

espiritualidade, que seja baseada no amor e na prática da verdade.

Ele tudo apoiará e não perturbará os cristãos, desde que se mantenham na sua carnalidade, e

não busquem santificar suas vidas na verdade

da Palavra de Deus.

Se os cristãos deixarem os muros de suas vidas

caídos, em total ruína, Satanás não se levantará contra eles, mas ao menor movimento para

tentarem reconstruí-los, ele logo se manifestará

apresentando todo tipo de oposição.

Mas, em vez de deixarmos que ele nos intimide, devemos fazer como fizera Neemias, que respondeu o seguinte aos seus inimigos, em

face das suas acusações: “O Deus do céu é que

nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos

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levantaremos e edificaremos: mas vós não

tendes parte, nem direito, nem memorial em

Jerusalém.”

Isto é o que deve estar sempre bem definido e fixado diante de nós: não podemos permitir que

nossos opositores se coloquem ao nosso lado na realização da obra que Deus nos encarregou de

fazer.

Devemos ter uma firme confiança, somente nEle, que assim como Ele nos chamou, também

é poderoso para nos fazer prosperar no que nos

tem ordenado.

Mas em vez de ficarmos esperando com os

braços cruzados, devemos nos levantar e edificar as pedras vivas do edifício espiritual que

fomos chamados a construir como seus

cooperadores.

“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.” (I Cor

3.9).

É preciso ter muita prudência e inteligência espiritual, quando estamos encarregados por Deus para uma obra específica, como teve

Neemias, para não darmos munição ao Inimigo,

de modo que não leve vantagem sobre nós.

O diabo acompanha nossos passos e levanta seus instrumentos para espreitar a liberdade

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que temos em Cristo, de maneira a barrar o

nosso progresso com infâmias, perseguições e

acusações mentirosas.

Se ele não conseguir nos deter de um modo,

tentará outros meios para alcançar os seus objetivos, que não são dirigidos propriamente

contra as nossas pessoas, mas contra a obra que

Deus designou fazer através de nós.

Daí se recomendar aos cristãos, e especialmente àqueles que estão à frente de

algum trabalho do Senhor, que vigiem e orem

em todo o tempo, e que sejam perseverantes, a

par de todas as perseguições que possam vir a sofrer.

Mas, alguém dirá: “E se a perseguição vier exatamente da parte daqueles que foram

levantados para liderarem a obra de Deus?”. “O

que devem fazer os cristãos que se encontram debaixo da liderança deles?”.

Primeiro, devem orar e jejuar para que saiam do laço do Inimigo, com o qual foram encantados e

amarrados.

Se as coisas persistirem por longo tempo e se agravarem a ponto de a Igreja se desviar totalmente dos objetivos de Deus traçados para

ela, notadamente o que se refere a andar na

prática da verdade, então é hora de começar a

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orar para receber direção do Senhor, para

congregar numa Igreja que não tenha

apostatado da verdade.

Não é por se pertencer a este ou aquele ramo denominacional, de reputação histórica, que

não estamos expostos ao mesmo perigo de

virmos a nos encontrar congregando numa Igreja apóstata, e não seremos justificados por

Deus se insistirmos em permanecer nela e nas

suas práticas desviadas da verdade, permitindo

até mesmo sermos afastados da nossa primitiva fidelidade, devoção e amor a Cristo e à Sua

Palavra, pelo mesmo argumento citado

anteriormente, de não sermos acusados de

promotores de divisões na Igreja.

Ao contrário, é ordenado a todo cristão fiel que se afaste daqueles que não andam segundo a

doutrina revelada na Palavra.

“mandamo-vos, irmãos, em nome do Senhor Jesus Cristo, que vos aparteis de todo irmão que

anda desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebestes.” (II Tes 3.6).

Assim, não pode ser considerado cisma (divisão) qualquer distanciamento de posições fixas e rígidas, que líderes assumem por sua própria

conta e que lançam tal acusação contra todos

que discordem deles.

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As Escrituras não definem como cisma qualquer tipo de separação havida no corpo de

Cristo, ao contrário, elas o recomendam em

determinadas condições, conforme a que vemos no texto de II Tes 3.6.

Seria cisma o fato de tanto Neemias quanto Esdras, terem impedido que os samaritanos se

juntassem aos judeus no trabalho de

reconstrução da vida nacional religiosa dos israelitas?

Ou não foi zelo apropriado e aprovado por Deus, para a manutenção da pureza da prática da

santidade do Seu povo?

Este argumento que o diabo usa frequentemente, classificando de cismático e

ameaçando e intimidando todo cristão que queira se separar do erro, para viver em

santidade, é uma das armas mais poderosas que

ele tem no seu arsenal, para manter cristãos

amarrados a laços de idolatria, corrupção e carnalidade, que muitas vezes virão a desviá-los

da firmeza que tinham em Cristo.

Por isso, não são poucas as exortações apostólicas no sentido de que os cristãos se

guardassem do ensino dos falsos pastores e mestres, saindo de debaixo da influência deles,

porque conforme alertavam, Satanás se

transfigura em anjo de luz e os seus ministros

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em ministros da justiça, de modo a enlaçar os

verdadeiros eleitos de Deus e impedi-los em sua

caminhada rumo à perfeição cristã.

Deste modo, podemos concluir que aqueles que devem ser classificados de cismáticos são

exatamente aqueles que acusam os separatistas

por causa do amor deles à verdade, porque são os que agem contra os princípios e

mandamentos revelados na Bíblia, e que não

trazem consigo, principalmente as doutrinas da

graça, os que se afastam de Cristo e se separam dEle e da Sua verdadeira Igreja, porque ela é

edificada no fundamento dos profetas e dos

apóstolos, do qual Ele é a pedra angular.

Neemias havia chorado e orado diante de Deus por causa da miséria em que se encontrava o

povo de Deus na Palestina. Mas ele não parou

nisso, de modo que nós o encontramos nas páginas de seu livro, tomando medidas práticas

para reparar as coisas que necessitavam ser

consertadas e edificadas.

Assim, deve ser a vida do cristão. Ele não deve simplesmente interceder em favor de todas as

pessoas, e chorar pela miséria em que se

encontra o mundo de trevas, mas deve se

esforçar de modo prático para ser um agente nas mãos de Deus, para a transformação

daqueles que têm sido chamados por Ele, do

mundo para a salvação em Cristo Jesus, bem

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como para serem sal e luz num mundo que

tende à putrefação e às trevas totais.

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Superando os Melindres

Se alguém decidir viver por sentimentos,

certamente terá muitos problemas, porque a

carne e o diabo sempre acharão ocasião para lhe ferir com suscetibilidades, ou seja, com

melindres, amuos e sensibilidades, que são

muito pertinentes à nossa natureza terrena.

Então, para o propósito de vencer estes e outros tipos de problemas, é ordenado aos cristãos que

aprendam a viver pela nova natureza que têm

em Cristo, e não pela antiga natureza carnal e

terrena.

O amor que tudo sofre, suporta, espera e perdoa, e que é paciente e benigno, é sempre exercitado,

quando não nos deixamos vencer por nossos

sentimentos melindrados, e triunfamos pela prática da Palavra de Deus, que nos ordena

nunca termos um coração ressentido ou

magoado, seja contra quem for.

Honrar não depende de gostar.

Fazer o bem não depende de sermos aceitos, aplaudidos e louvados.

Respeitar não depende de sermos também respeitados.

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Entender não depende de sermos entendidos.

Amar não significa necessariamente gostar de algo ou alguém.

É terrível manter uma atitude de defesa dos

nossos sentimentos contra tudo e contra todos.

É muito contrário ao amor que tudo sofre e suporta a atitude de tentarmos nos poupar a nós

mesmos, fugindo de nos relacionarmos com os

outros, pelo temor de sermos feridos por alguma palavra ou ação, que possa nos atingir e

fazer com que fiquemos magoados.

Não é este o tipo de prudência que nosso Senhor nos ordena, porque isto não é prudência, mas fuga e temor de viver.

Por isso a Bíblia nos ordena que deixemos as coisas próprias de crianças quando chegamos a

ser adultos. Crianças não podem enfrentar

desafios pesados e encarar de frente as vicissitudes da vida, mas toda pessoa

verdadeiramente adulta, está capacitada a fazê-

lo.

Pessoas maduras não vivem se justificando de tudo o que pensem estar lhe contrariando, por

estar em desacordo com o seu modo de pensar

e sentir.

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Aitofel era tão fraco emocionalmente se falando que se enforcou quando o parecer que dera a

Absalão foi rejeitado em face da aceitação do

que lhe fora dado por Husai.

Saul procurava se vingar de todo aquele que lhe contrariasse, por discordar dele, mas Davi raramente deixava de agir segundo a vontade de

Deus, mesmo quando era contrariado e

aborrecido.

Quanto não teve que suportar da parte de Joabe? Com que grande dignidade suportou e

enfrentou a rebelião de seu próprio filho Absalão!

Mas o exemplo máximo do espírito de paciência e tolerância que devemos ter especialmente em

face dos ataques do reino das trevas, com o

intuito de nos roubar a paz, encontramos no

próprio Senhor Jesus Cristo, que jamais se deixou governar por sentimentos melindrados,

senão exclusivamente pela vontade de Deus Pai.

Importa termos sempre a atitude do apóstolo Paulo, conforme ele se expressou em I Cor 4.3:

“Todavia, a mim mui pouco se me dá de ser julgado por vós, ou por qualquer tribunal

humano; nem eu tampouco a mim mesmo me

julgo.” (I Cor 4.3)

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Ainda que o juízo que fizerem de nós seja de inspiração satânica ou não, e se tal juízo não

corresponde à verdade, devemos nos guardar

de qualquer tipo de melindre, porque por isto, seremos vencidos pelo mal, não propriamente

do ataque que nos fizeram ou que julgamos que

nos tenham feito, sem que fôssemos de fato atacados, mas, seremos vencidos pelo mal em

nós mesmos, do nosso próprio coração

ressentido e abatido.

Importa então, se queremos ser sempre vencedores deste mal, para que possamos

manter a nossa paz, amor e alegria, diante de

Deus e dos homens, que tenhamos a mesma

atitude do apóstolo Paulo, de não sermos conduzidos por nossos sentimentos ou pelos

juízos de outros, mas pelo que a Palavra de Deus

afirma acerca do nosso comportamento ou de

nossas atitudes e reações.

O grande alvo do reino espiritual da maldade em fazer com que nos firamos com

suscetibilidades, ou seja, que fiquemos

melindrados com o que ouvimos ou vimos, disseram ou fizeram em relação a nós ou a

outros, e que não aprovamos, é principalmente

o de produzir amarguras e ressentimentos, que

nos afastam da comunhão com o Senhor. Por isso somos alertados a não abrigar tais

sentimentos, como por exemplo no texto de Tg

3.13-18.

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Nunca haverá qualquer perda em perdoar e esquecer ofensas reais ou supostas como tal

sem que o sejam, porque com isto estaremos

provando para nós mesmos que temos de fato nos negado para amarmos e perdoarmos os que

nos ofendem, sejam eles nossos inimigos ou

não.

Sem o aprendizado desta negação do nosso ego, não poderemos viver a vida cristã e fazer

qualquer serviço constante para Cristo, porque

o inferno não dará descanso às nossas almas,

sempre procurando nos tornar ressentidos contra alguém que nos tenha contrariado.

Alarguemos então os nossos espíritos e corações!

Amemos como Cristo nos ama, ou seja, suportando ofensas e todo tipo de pecado,

exceto a blasfêmia contra o Espírito Santo.

Olhemos para o Senhor, e não para nós mesmos ou para os outros, para acharmos o perfeito

amor e o perfeito bem, porque isto jamais será

achado em qualquer pessoa enquanto

estivermos na terra.

Estejamos prontos então a superar ofensas, palavras proferidas precipitadamente, juízos

incorretos, ou qualquer ponto que possa

suscitar algum tipo de discórdia onde deveria

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reinar o amor, porque sempre estaremos

sujeitos a errar, por maior que seja o nosso

desejo de acertar.

Todavia não erremos no dever de perdoar, de esquecer ofensas, de amar até mesmo nossos inimigos, de não guardarmos qualquer tipo de

ressentimento ou rancor, porque nossa ira

acabará se voltando contra nós mesmos para

nos destruir, e nos arrancará da nossa comunhão com Deus.

Lembremos que somos convocados pela Bíblia a sermos amadurecidos, espiritualmente se

falando, e muito deste crescimento se

comprova pelo modo como nos conduzimos não segundo os nossos sentimentos melindrados,

mas segundo a verdade da Palavra de Deus.

Como já dissemos antes, se alguém decidir continuar vivendo segundo os seus

sentimentos, terá certamente muitos

problemas, mas se viver segundo a Palavra de Deus, os problemas surgirão, mas serão

vencidos pela verdade e pelo poder de nosso

Senhor Jesus Cristo.

Uma vez desfeitas as amarras do mal, o navio da nossa alegria, força, e amor, seguirá o seu rumo, vendo restauradas todas as coisas que haviam

sido arruinadas pelo nosso mau temperamento,

que se permitia ser vencido pelo diabo.

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Miremo-nos no exemplo que nos foi deixado pelo apóstolo Paulo, o qual havia aprendido a ter

o prazer da comunhão com Deus, o deleite de

praticar e fazer a Sua vontade divina, em meio às ofensas que lhe dirigiam, nas necessidades, nas

perseguições e nas angústias que suportava por

causa do Seu amor a Cristo, de modo que sabia que importa aprendermos a conviver com os

espinhos na nossa carne, oriundos de

mensageiros de Satanás, que são usados para

nos humilhar.

“9 e ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas

fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o

poder de Cristo.

10 Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições,

nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte.” (II

Cor 12.9,10)

Em troca da nossa paciência e decisão de suportar ofensas por amor a Cristo, o Senhor

nos dará do Seu poder e nos fará fortes não

somente para suportar tais ofensas e angústias, como também para que possamos fazer toda a

Sua vontade, ou seja, continuarmos na prática

do bem, mesmo para os que nos tenham

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ofendido, ou que imaginamos que nos

ofenderam, sem que o tivessem feito de fato.

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A Pérola da Paciência

"Eis que temos por felizes os que perseveraram

firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes

que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.”

(Tiago 5.11)

Este texto é precedido por uma exortação

tripla para a paciência. No versículo 7, lemos:

"Sede pois pacientes, irmãos, até a vinda do

Senhor." E ainda: “Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até

receber as primeiras e as últimas chuvas.”.

E mais adiante, no versículo 10, lemos: “Irmãos,

tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do

Senhor. "Somos três vezes exortados à

paciência? Não está claro que necessitamos

dela muito mais agora? Nós somos, a maioria de nós, deficientes nesta excelente graça e por isso

perdemos a maioria dos privilégios e

desperdiçamos muitas oportunidades em que poderíamos ter honrado a Deus. A aflição teria

sido o fogo que removeria a nossa escória, mas a

impaciência furtou o metal mental do fluxo de

submissão que teria garantido a sua purificação adequada. Ele é inútil, desonroso, fraco e nunca

nos trouxe benefício e jamais trará.

Acho que somos três vezes exortados à paciência, pois precisaremos muito dela no

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futuro. Entre aqui e o céu não temos qualquer

garantia de que o caminho será fácil, ou que o

mar será mais vítreo. Nós não temos nenhuma

promessa de que seremos mantidos numa estufa como flores num jardim de inverno.

A voz da sabedoria disse: "Seja paciente, seja paciente, seja paciente. Você pode precisar de uma medida tripla disso. Esteja pronto para a

provação." Suponho, também, que somos

repetidamente exortados a sermos pacientes,

porque é uma elevada realização. É brincadeira de criança ser mudo como a ovelha perante os

seus tosquiadores e ficar quieto enquanto as

tesouras estão tirando tudo o que nos aquecia e

consolava. O cristão mudo debaixo da vara que o aflige não é encontrado todos os dias. Nós

chutamos como os bois quando sentem o

aguilhão pela primeira vez! Nós somos, a

maioria de nós, por anos, como um novilho ainda não domado. "Seja paciente, seja paciente,

seja paciente", é a lição a ser repetida para os

nossos corações, muitas vezes, assim como

temos que ensinar as crianças uma e outra vez as mesmas palavras, até que as reconheçam

pelo coração.

É o Espírito Santo, sempre paciente sob nossas provocações, que nos chama a ser "pacientes". É Jesus, o sacrifício resignado, que nos cobra a "ser

pacientes". É o Pai de longanimidade que nos

convida a "ser pacientes". Ó vocês que estão

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prestes a irem para o céu, sejam pacientes

porque daqui a pouco tempo a sua recompensa

será revelada!

I. Não é uma virtude inédita ser PACIENTE: "Você já ouviu falar da paciência de Jó".

Observe bem que a paciência de Jó foi a paciência de um homem como nós, imperfeita e

cheia de fraquezas, pois, como se tem bem

observado, ouvimos do Jó impaciente, bem

como de sua paciência! Fico feliz que o biógrafo Divino era tão imparcial, pois se não tivesse

apresentado Jó sendo um pouco impaciente,

poderíamos ter pensado sobre a paciência como

sendo algo completamente inimitável e acima do alcance dos homens comuns. Os traços de

imperfeição que vemos em Jó provam ainda

mais ser poderosa a graça divina que pode fazer

grandes exemplos de constituições comuns, tornando-as um modelo de paciência. Eu sou

grato que eu sei que Jó falou um pouco

amargamente e provou ser um homem, pois

agora eu sei que ele era um homem como eu, que disse: "O Senhor o deu e o Senhor o tomou:

bendito seja o nome do Senhor". Ele era um

homem de carne e osso como eu, pois disse:

"Aceitaremos o bem das mãos de Deus, e não receberemos o mal?" Sim, era um homem de

paixões como eu, que disse: "Embora Ele me

mate, ainda assim eu confio nele."

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Você já ouviu falar da paciência de seu Senhor e Mestre, e tentou imitá-lo, meio

desesperançado! Mas agora você já ouviu falar

da paciência de seu servo, Jó, e sabendo como Jó disse que seu Redentor vive, você deve ser

encorajado a imitá-lo em submissão obediente à

vontade do Senhor! "Você já ouviu falar da paciência de Jó", isto é, a paciência de um

homem muito experimentado. Nós não

teríamos ouvido falar de Jó, se ele não tivesse

conhecido uma aflição extraordinária! Toda a sua riqueza foi tomada! Dois ou três empregados

sobreviveram apenas para lhe trazer as más

notícias, cada um dizendo: "Eu somente escapei

para lhe contar." Seus rebanhos e suas manadas desapareceram. A casa em que seus filhos se

encontravam sofreu um desastre e o homem

principesco de Uz se sentou sobre um monturo

e não houve sequer um ímpio que lhe fizesse reverência. Você já ouviu falar da

paciência de Jó em perda e pobreza. Não têm

visto que, se todas as posses falharem, Deus

ainda é a sua porção?

Além de tudo isso, Jó suportou o que é, talvez, a pior forma de provação, ou seja, a angústia

mental. A conduta de sua esposa deve ter muito

lhe pesado quando ela o tentou para "amaldiçoar

a Deus e morrer." Ela falou como uma louca quando o marido precisava de consolo sábio. E

então os "consoladores molestos" - que

coroaram o edifício da sua miséria! Veja como

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os amigos de Jó o afligiam com argumentos e

acusações. Eles esfregaram sal em suas feridas!

Eles lançaram pó nos seus olhos. Suas

misericórdias eram cruéis, embora bem-intencionadas

Jó foi levado a triste luto, miséria e terrível tormento do corpo e da mente! Mas, apesar de

tudo, "você já ouviu falar da paciência de Jó", e

ouviu mais de sua paciência do que de suas aflições!

A paciência de Jó foi a paciência de um homem que resistiu até o fim. Que homem maravilhoso

ele foi com todas aquelas dores, ainda dando

testemunho do seu Deus. Ele tem a sua integridade e não a deixará ir. E o melhor de

tudo, ele clama: "Eu sei que o meu Redentor vive

e que por fim se levantará sobre a terra, e depois

que os vermes destruírem este corpo, ainda em minha carne verei a Deus."

O inimigo não poderia triunfar sobre Jó, ele fez do monturo em que se sentou um trono mais

glorioso do que o trono de marfim de Salomão!

Não podemos também perseverar até o fim? O que dificulta a Graça Divina de ser glorificada

em nós?

Podemos mais uma vez dizer que a paciência de Jó é a virtude de quem assim se tornou uma

grande força para o bem. "Você já ouviu falar da

Page 30: A escola da paciência divina

30

paciência de Jó". Sim, e pessoas de todas as

épocas já ouviram falar da paciência de Jó e o céu

já ouviu falar da paciência de Jó, e o inferno já

ouviu falar dela, também, e não sem resultados em cada um dos três mundos. Entre os homens,

a paciência de Jó é uma força grande, mortal e

espiritual. Esta manhã, quando meditando sobre ela, senti-me envergonhado e humilhado,

como milhares fizeram antes de mim. Eu me

perguntava: "O que eu sei de paciência quando

eu me comparo com Jó?" E eu senti que eu era tão ao contrário do grande patriarca, como eu

bem poderia ser.

Jó foi paciente e não somos. No entanto, como eu pensei sobre a paciência de Jó, isto me fez ter esperança! Se Jó foi paciente sob provação e

aflição, por que eu não deveria ser paciente

também? Ele era apenas um homem, e o que foi

trabalhado em um homem pode ser feito em outro! Ele tinha Deus para ajudá-lo e eu também

tenho. Ele poderia recorrer ao Redentor, e eu

também posso.

II. Há uma grande e terna misericórdia de Deus manifestada na nossa paciência. "Tendes

ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o

Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.”

Na história de Jó, deve ser considerado corretamente, que o Senhor estava em tudo.

Page 31: A escola da paciência divina

31

Não é uma narrativa em que o diabo é o único

ator, e controlador de tudo. O Senhor está

evidentemente presente. Foi ele quem desafiou

Satanás a considerar Jó. Deus não estava longe, enquanto seu servo sofreu!

Na verdade, se houvesse qualquer lugar onde os pensamentos de Deus foram centrados mais do que em qualquer outro lugar, na Providência,

naquele tempo, era onde o homem íntegro e

reto estava arcando com o ônus da tempestade.

O Senhor estava governando, também. Ele não estava presente como um mero espectador, mas

como o dono da situação! Ele não entregou as

rédeas a Satanás, longe disso, pois cada passo

que o inimigo deu foi somente com a permissão expressa do Trono de Deus. Ele permitiu que ele

atingisse o seu servo, mas segundo o limite que

Ele definiu: “somente contra ele não estendas a

tua mão."

Quando foi concluída a primeira prova, foi permitido que o inimigo assolasse o seu corpo,

mas o Senhor acrescentou: "Mas poupa-lhe a vida." Ao Cão do Inferno é permitido ladrar e

rosnar, mas sua corrente não é removida e a

coleira de contenção Onipotente está

firmemente nele. Venham, queridos amigos, vocês que estão com problemas, lembrem-se

que Deus está na sua tristeza, governando-lhes

para o seu fim desejado. E vocês não sofreram,

Page 32: A escola da paciência divina

32

nem no futuro irão sofrer mais do que o Amor

Infinito permitir!

Além disso, o Senhor estava abençoando Jó em toda a sua tribulação. Bênçãos incontáveis

estavam vindo para o grande homem, enquanto

ele parecia estar perdendo tudo. Não foi

simplesmente que ele obteve uma porção dupla no final, mas o tempo todo, cada parte do

processo da prova funcionou para o seu maior

bem. O Senhor estava presente em todos os

momentos do processo de refino, e quando este tinha chegado ao ponto adequado, nada mais

deveria suceder a Jó que não fosse realmente

benéfico para o cumprimento do propósito

gracioso de Deus em relação a ele. A verdadeira misericórdia é obrigada, às vezes, a parecer

difícil, por isso o mal pode ser grande e ao longo

da vida e o cirurgião não deterá o bisturi até que

o trabalho esteja concluído.

A misericórdia Eterna estava apresentando sua energia irresistível e Jó foi chamado a suportar a

provação até que ela fizesse dele um sábio e melhor homem.

Tal é o caso com todos os santos aflitos. Podemos muito bem ser pacientes sob nossas

provações, porque quando o Senhor as envia, Ele está governando todas as nossas

circunstâncias. Ele está nos abençoando por

elas, Ele está esperando para por um fim nelas.

Page 33: A escola da paciência divina

33

Não devemos nos submeter alegremente ao Pai

de nossos espíritos? Não é este o nosso desejo

mais profundo: "Seja feita a Tua vontade"?

Vamos brigar com aquele que nos abençoa? Vamos nos aborrecer quando o fim da provação

está tão perto e será tão abençoado? Não! Vemos

que o Senhor é cheio de compaixão e de misericórdia e, por isso, vamos ter paciência.

Amados, vamos aceitar no futuro as tristezas com alegria, pois é o Amor Divino que vai

acrescentar aos nossos anos quaisquer épocas

tristes ainda por vir a nós. A vida de Jó poderia ter acabado na primeira etapa sem a provação,

mas se o patriarca, com perfeito conhecimento

de todas as coisas, poderia ter tido a sua escolha,

não teria ele escolhido suportar a provação por causa de toda a bênção que viria da mesma? Nós

nunca teríamos ouvido falar da paciência de Jó

se ele tivesse continuado na sua prosperidade e

a primeira parte de sua vida tivesse sido uma história comum muito pobre em comparação

com a que hoje encontramos nas páginas das

Escrituras! Camelos, ovelhas, servos e filhos

formam uma imagem de riqueza, mas podemos ver isso em qualquer dia! A visão rara é a

paciência, isso é o que levanta Jó à sua

verdadeira glória! Deus estava lidando bem com

seu servo fiel e até mesmo recompensando sua retidão quando Ele o considerou digno de ser

provado. O Senhor estava tomando o caminho

mais seguro e mais amável para abençoar e

Page 34: A escola da paciência divina

34

honrar aquele que era um homem justo,

temente a Deus e que se desviava do mal.

Sem dúvida, o Senhor viu algumas falhas no caráter de Jó, que não podemos ver, as quais Ele

desejava remover e, talvez, Ele também marcou

alguns toques de graça que precisavam ser

providos a Jó e o Amor Divino se comprometeu em tornar o seu caráter perfeito.

Amados, nós não sabemos quem será abençoado por nossas dores, pelos nossos lutos,

por nossas cruzes, se tivermos paciência em tudo isto! Especialmente este é o caso com os

ministros de Deus, se Ele quiser fazer da

tribulação o seu caminho para a utilidade. Se

formos confortar as pessoas que sofrem, devemos, em primeiro lugar, ser afligidos nós

mesmos. A tribulação vai tornar o nosso trigo

apto a ser pão para os santos. A adversidade é o livro mais escolhido na nossa biblioteca,

impresso em letras sombrias, mas

grandiosamente iluminado!

Bildade, Zofar, ou Elifaz, eram "consoladores molestos" porque nunca tinham sido provados

na aflição. Vocês, de quem Deus fará filhos da

consolação para seus familiares, devem, em sua

medida, passar pela escola do sofrimento, uma espada deve passar através de seus próprios

corações, como Simeão disse a Maria. No

entanto, vamos todos nos lembrar que a aflição

Page 35: A escola da paciência divina

35

não nos abençoará, se for impacientemente

suportada. Se batermos na ponta da faca ela nos

ferirá. Se nos rebelarmos contra as

dispensações de Deus, podemos transformar medicamentos em venenos e aumentar nossa

dor, recusando-nos a suportá-la. Seja paciente,

seja paciente, seja paciente e da nuvem escura deve cair uma chuva abundante! "Você já ouviu

falar da paciência de Jó". Imite-o. "Você viu o fim

que o Senhor lhe deu". Sejam pacientes na

tribulação. Alegrem-se nisto. "O Senhor é cheio de compaixão e de misericórdia." Apresentem-

se a ele. Oh Espírito Divino, planta em nós a doce

flor da paciência, por amor do nosso paciente

Salvador! Amém.

Texto de Charles Haddon Spurgeon, em

domínio público, traduzido, adaptado e reduzido pelo Pr Silvio Dutra.

Page 36: A escola da paciência divina

36

O Dever da Paciência

“Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria

o passardes por várias provações, sabendo que a

provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve

ter ação completa, para que sejais perfeitos e

íntegros, em nada deficientes.” (Tg 1.2-4)

Nós, neste momento somos pouco capazes de

formar uma concepção do estado da Igreja na

era apostólica. O Cristianismo entre nós não possui nenhum dos males a que os cristãos

primitivos foram expostos. Mas a que isso é

devido? Está o Cristianismo mudado em tudo?

ou é menos ofensivo do que era aos olhos dos homens ímpios? Não. É o mesmo de sempre, e,

se aqueles que professam ser cristãos não são

desprezados e odiados agora como eram nos

tempos antigos, é porque eles mantêm "apenas a forma de piedade, e não têm o seu poder.”

Deixe as pessoas entrarem no espírito do

Cristianismo, agora, quanto ao que os cristãos

fizeram nos dias apostólicos, e eles serão tratados precisamente como eles foram; pelo

menos, as leis da terra admitirão isso; e, se não

forem perseguidos até a morte, isto não será

procedente de terem mais amor à piedade no coração carnal agora, do que havia então; mas

em razão da maior proteção que é

proporcionada pelas leis do país, e de um

Page 37: A escola da paciência divina

37

espírito de tolerância moderno que comumente

é estabelecido.

A real e vital piedade foi então universalmente odiada, e é assim ainda. Não foi para os judeus

convertidos na Palestina que Tiago escreveu, mas para "as doze tribos que andavam

dispersas.", ou seja os cristãos judeus que viviam

fora dos termos de Israel. A religião não foi perseguida apenas parcialmente, mas em todas

as partes e em todos os lugares, e ainda é, em

todos os lugares, porque os cristãos são uma

pedra de tropeço para os judeus, e loucura para os gregos, e todos aqueles que cultivarem isto,

mais cedo ou mais tarde precisarão ter o

consolo do nosso texto administrado a eles para

apoiá-los.

Nas palavras que lemos, vemos,

I. A parte designada por povo de Deus.

Nos séculos anteriores eram odiados por causa da justiça.

Volte ao tempo de Abel. Você bem sabe que ele foi assassinado por seu próprio irmão Caim. E

qual foi a razão da inimizade de Caim contra ele?

Somos informados em I João 3.12: "não segundo Caim, que era do Maligno e assassinou a seu

irmão; e por que o assassinou? Porque as suas

obras eram más, e as de seu irmão, justas.”.

Page 38: A escola da paciência divina

38

Desça a todas as épocas sucessivas, e você ainda

irá encontrar a mesma inimizade subsistindo

entre a semente da mulher e a semente da

serpente. Como a luz e as trevas, assim também Cristo e Belial, tanto em si mesmo e em seus

membros, sempre foram, e sempre serão,

opostos um ao outro, 2 Cor 6.14,15. Assim, a diversidade de provações a que os piedosos

foram expostos, são apresentadas em resumo

no 11º capítulo da Epístola aos Hebreus: "Alguns

foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição; outros, por

sua vez, passaram pela prova de escárnios e

açoites, sim, até de algemas e prisões. Foram

apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos,

vestidos de peles de ovelhas e de cabras,

necessitados, afligidos, maltratados (homens

dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos

antros da terra.”

Vá ao tempo de Cristo e seus apóstolos: pode-se esperar que a sua luz superior e piedade, e os

inúmeros milagres com os quais a sua missão divina foi confirmada, iria livrá-los de tal

tratamento mau; e, especialmente, que o

Senhor Jesus Cristo, cujo caráter era tão

impecável, e cuja sabedoria era infinita, fosse capaz de superar os preconceitos de um mundo

enfatuado e cego. Mas eles somente foram mais

expostos aos insultos e crueldade dos ímpios em

Page 39: A escola da paciência divina

39

tal proporção que a sua luz brilhou com um

esplendor mais brilhante. E todos os que nos

primeiros séculos da Igreja se

tornaram seguidores de Jesus, foram, em sua medida, submetidos às mesmas tentações, e

tiveram que beber do mesmo cálice amargo.

O mesmo tratamento que lhes foi dado é encontrado nos presentes dias.

Temos observado que uma mera forma de piedade passará sem sofrer oposição; mas a

piedade real e vital, nos sujeitará à censura em nossos dias, mais do que nunca. "Ora, todos

quantos querem viver piedosamente em Cristo

Jesus serão perseguidos.” (2 Tim 3.12). Esse tipo

de piedade que surge a partir de si mesma e termina em si mesma, vai nos levar a estarmos

no favor do mundo, mas a que é derivada

completamente de Cristo como sua boa fonte e autor, e que é exercida exclusivamente para

o avanço de sua glória, é, e sempre será, odiosa

aos olhos dos ímpios, precipitará a fúria dos

demônios; e um homem que incorpora isso em sua vida e conversação não pode escapar da

perseguição mais do que o próprio Cristo podia.

Receber tudo de Cristo, e fazer tudo por Cristo, é a própria essência da piedade cristã, e ao exigir isto de seus seguidores, o nosso bendito Senhor

legou à sua Igreja uma fonte que nunca falha

quanto ao mundo. Isto ele mesmo nos diz: "Não

Page 40: A escola da paciência divina

40

penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer

paz, mas espada. Pois vim causar divisão entre o

homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre

a nora e sua sogra. Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa.” (Mt

10.34,35)

Consequentemente, encontramos de modo universal, que, quando uma pessoa começa a viver pela fé no Senhor Jesus Cristo, e a dedicar-

se ao seu serviço, todos os seus amigos e

parentes ficarão alarmados, e tentarão, por

todos os métodos de ridicularização, ou ameaça, ou persuasão, desviá-lo de seu propósito. Deixe

ele viver com todo o descuido de sua alma, e

ninguém vai se incomodar com ele. Ele pode

viver toda a sua vida em tal estado, e nenhum amigo vai exortá-lo a servir ao Senhor, mas a

menor abordagem da piedade será

desencorajada por cada amigo e parente que ele

tiver. Não que a religião será desaprovada como religião em si; algum nome mal deve ser dado a

isto em primeiro lugar, e em seguida, será

reprovado sob esse caráter. Mas as próprias

pessoas que mantêm na mais alta veneração os nomes dos apóstolos e dos grandes

reformadores da nossa Igreja, e que elevariam

santuários e monumentos aos santos falecidos

punirão os santos vivos com o maior rancor; e fossem os apóstolos ou reformadores viverem

novamente na terra, e receberiam o mesmo

tratamento daqueles que lhes foi dado pelo povo

Page 41: A escola da paciência divina

41

da época em que eles viveram. Se eles

chamaram de Belzebu ao Dono da casa, é em vão

para qualquer um dos seus servos abrigar a

esperança de que ele deve escapar de uma acusação semelhante.

Dolorosa como essa parte é a carne e o sangue, ninguém precisa temer isto, se atender às

II. Instruções dos Apóstolo em relação a isto.

Deus graciosamente designa a seu povo esta parte, a fim de promover seu bem-estar espiritual, e para progressivamente transformá-

los à imagem divina em verdadeira justiça e

santidade. Daí Tiago exortar os seus irmãos que

estavam sendo afligidos a considerarem suas provações como um meio para um fim; e,

1. Para darem boas-vindas aos meios.

A própria tendência das tentações é trabalhar a paciência em nossas almas. Elas, primeiro,

operam efetivamente para a produção de

impaciência, ou, melhor, devo dizer, para suscitar aquelas disposições más que se

escondem em nossos corações. Desde que

tenhamos o nosso orgulho em alguma medida,

subjugado, não sabemos como suportar a indelicadeza que recebemos; nós nos

preocupamos sob isto, e nos iramos como o

novilho ainda não domado, mas quando

Page 42: A escola da paciência divina

42

descobrimos a nossa fraqueza, temos vergonha

disso, e nos humilhamos diante de Deus por

conta disso, e imploramos a sua graça para nos

apoiar, e assim, somos gradualmente instruídos pela disciplina, e somos, finalmente,

"fortalecidos com todo o poder, segundo a força

da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria, dando graças ao

Pai", Col 1.11, que tem feito em nós uma grande

mudança de coração e de vida que nos expõe à

inimizade do mundo ímpio.

Agora, quando vemos o que o nosso bom Deus nos designou para estas tentações, devemos não

somente estar reconciliados com elas, mas ser

gratos por elas, como diz o apóstolo: "tenham

por motivo de grande alegria o passardes por várias tentações.", pois, o preço pode ser muito

grande para a aquisição de algo tão valioso como

a de um espírito manso, submisso e paciente?

Nós submetemos nossa vontade a muitas coisas que desagradam a carne e o sangue para o

avanço da nossa saúde física, e não devemos

ficar felizes em não tomar as prescrições do

nosso celeste Médico para a saúde de nossas almas? Que importa que sejam impalatáveis

para o nossos gosto? Devemos considerar a

aflição como algo bom, quando sabemos quais

os benefícios que resultarão delas; e isto é assegurado: “que os sofrimentos da presente

vida não são dignos de serem comparados com

o peso da glória que há de ser revelada em nós.",

Page 43: A escola da paciência divina

43

Rom 8.18. Quando vemos, portanto, as nuvens se

reunindo ao nosso redor, não devemos ficar

alarmados, mas devemos dizer sim, com o

agricultor cuja lavoura está morrendo com a seca, agora Deus está prestes a renovar e

frutificar meu coração estéril, e suas nuvens

devem cair copiosamente na minha alma. E no que meditam seus inimigos, senão somente no

mal? Isto deveria trazer qualquer preocupação

para você, quando sabe que eles têm se

empenhado somente para anular tudo o que é bom? Digo, com o profeta : "Não temais"

quaisquer ameaças, por maiores que elas

possam parecer, nem se queixem de qualquer

tentação, embora seja opressiva, mas se alegrem em meio a elas no seu Deus, e lhe

bendigam por estar lhes considerando “dignos

para suportá-las”, e aceitá-las como um

inestimável "presente de suas mãos" , "e" ter prazer nelas" por saber o que elas vão

certamente produzir para o seu bem-estar e

para a “glória de Deus”, I Pe 4.14-16.

2. Para cultivar o fim.

Deus tem designado as provações como um meio de torná-lo semelhante a ele, que "foi

oprimido e humilhado, mas não abriu a boca;

como cordeiro foi levado ao matadouro; e, como ovelha muda perante os seus tosquiadores, ele

não abriu a boca.”, Is 53.7. Busquem

experimentar esse benefício delas, e "tenha a

Page 44: A escola da paciência divina

44

paciência a sua obra perfeita em vocês, para que

sejas perfeitos e completos, sem faltar nada.",

não se queixe que suas tentações são pesadas,

ou de longa duração, mas esteja mais ansioso para ter a sua escória consumida, do que ter a

intensidade do forno reduzida. Foi "por meio de

sofrimentos que o Senhor Jesus Cristo foi aperfeiçoado", Heb 2.10, e se "Ele aprendeu a

obediência pelas coisas que sofreu", não

devemos estar prontos para aprendê-la da

mesma forma? Estamos sempre prontos para pensar que a perfeição consiste em virtude

ativa, mas Deus não é nem um pouco menos

honrado na virtude passiva, e quando a

paciência até agora tem operado em sua alma como para fazê-lo "gloriar-se nas tribulações"

por amor ao Senhor, e você possa dizer a partir

do íntimo de sua alma, em todas as

circunstâncias, "Não a minha vontade, mas seja feita a tua", você terá atingido aquela medida de

santidade que constitui a perfeição, e você vai

em breve, como o trigo que está completamente

maduro, ser guardado no celeiro de seu Pai celestial. Você já leu que Jesus, depois de ter

sofrido a cruz, desprezando a vergonha, se

assentou à direita do trono de Deus, esteja então

contente, por "sofrer juntamente com ele, para que, no devido tempo, você possa ser

glorificado." Que este seja o seu único objetivo; e

ore para que "o Deus de paz, que tornou a trazer

dos mortos a nosso Senhor Jesus através do sangue da aliança eterna, lhe aperfeiçoe em

Page 45: A escola da paciência divina

45

toda boa obra para fazer a sua vontade, operando

em você o que é bom e agradável à sua vista,

através de Cristo Jesus.”

Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de um texto de Charles Simeon, em domínio público.

Page 46: A escola da paciência divina

46

A Escola da Paciência

"Pacientes na tribulação" (Romanos 12.12)

Há muitas escolas no mundo onde podemos

aprender muitas lições valiosas, mas somente

há uma em que pode ser ensinado a

suportarmos os nossos problemas com

paciência, e que é a escola de Cristo. Em uma grande escola pública um menino tem que

enfrentar muitas dificuldades, e uma rigorosa

disciplina, mas, no fim, isto faz dele um homem

preparado para a vida.

Então, na escola de Cristo, temos algumas tarefas muito difíceis, o uso das mesmas, nem sempre entendemos; a disciplina, por vezes, é

muito severa, nossos corações ficam muitas

vezes doridos, os nossos olhos muitas vezes

vertem lágrimas, mas se usarmos essas lições da maneira correta elas irão fazer homens de

nós, homens cristãos aqui na Terra, e nos

preparar para o grande porvir, quando o nosso

tempo de escola estará concluído, e iremos para a casa do nosso Pai.

Quando Paulo disse aos cristãos em Roma, para serem pacientes na tribulação, ele estava escrevendo para aqueles que eram eruditos na

escola de Cristo. Eles viviam numa das cidades

mais pervertidas do mundo, e sob o olhar de um

Page 47: A escola da paciência divina

47

imperador que era um monstro de crueldade. Se

ele soubesse que eles eram cristãos, infligiria

neles todos os tipos concebíveis de

torturas horríveis.

Todas as vezes que eles se encontravam para a adoração eles estavam em perigo de vida. No

entanto, eles perseveraram. Por quê? Porque estavam na escola de Cristo, e tinham aprendido

entre outras coisas que todo aquele que quiser

salvar a sua vida, perdê-la-á, quem perder a sua

vida por amor a Cristo e ao Evangelho terá a vida eterna.

Aqueles mártires cristãos não poderiam ter suportado as suas tristezas e provações caso não

o tivessem aprendido. Antes eles haviam retribuído mal por mal, murmuravam e ficavam

aflitos, mas agora eles tinham aprendido a lição

de serem alegres na esperança e pacientes na tribulação.

Acredite-me, não há nenhuma escola como a escola de Cristo, nenhum professor como a

Cruz. Em alguns hospitais há uma sala onde os pacientes são preparados para uma cirurgia.

Quando eles voltam a si, eles acham que

deixaram algo para trás deles, uma perna, um

braço, uma mão, ou algum órgão interno, e que eles estão indo recomeçar a vida como pessoas

novas e saudáveis. É assim com o povo de Cristo.

Temos que passar pela sala de cirurgia, a sala de

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48

tristezas e tentações, temos que suportar o

bisturi afiado; e quando voltamos a nós mesmos

achamos que deixamos algo para trás, algo que,

talvez, era tão precioso como a nossa mão direita, ou o nosso olho direito, mas sabemos

que isso significa saúde para a nossa alma, nós

somos novas criaturas, que estavam morrendo, e eis que vivemos. Assim aprendemos a lição de

ouro, muitas vezes aprendida com lágrimas,

para sermos pacientes na tribulação.

É frequentemente perguntado por que Deus, que é amor, permite tanta tristeza e sofrimento

assim no mundo, especialmente no caso

daqueles que estão levando as mais puras e

santas vidas. Certamente essa pergunta e dúvida é muito irrazoável. Não questionamos o

amor de um pai que castiga seu filho, ou um

professor que governa os seus alunos de forma

rigorosa, ou um comandante que mantém severa disciplina entre os seus soldados. Por que

deveria a escola de Deus ser a única onde não há

lágrimas que são derramadas?

Algumas pessoas gostam muito de criticar o método de Deus de governar o mundo. Elas

parecem pensar que se eles estivessem no lugar

do Todo-Poderoso fariam muito melhor. Elas

nos dizem que tal e tal declaração na Bíblia relativas aos atos de Deus não são justas, nem

corretas; eles dizem que sabem melhor, e que

Deus não será rigoroso para punir o que é feito

Page 49: A escola da paciência divina

49

errado, e que não punirá o pecado, porque não

agrada a um Pai amoroso fazer Seus filhos

sofrerem.

Meus irmãos, que direito temos nós para questionar os atos do Deus Todo-Poderoso?

Somos mais sábios do que Deus, o filho está mais

apto para aconselhar do que o pai, deveria o barro discutir com o oleiro, ou o restolho resistir

ao poder do fogo? Não, deixe-nos sentir que o

que Deus faz, não sabemos agora, mas

saberemos mais tarde. Somos filhos na escola, vamos aprender as lições, mesmo se tivermos

que chorar por causa delas.

Se você fosse viajar na Suíça entre as montanhas, e quisesse subir até o topo do sublime Alpes, e os guias lhe mostrassem um

caminho íngreme, muito estreito e, por vezes

muito perigoso, e eles dissessem que esse é o

caminho; e se você hesitasse, e dissesse que o caminho era muito difícil para você, e que

deveria subir de alguma outra maneira, a

resposta seria que aquela era a única maneira, e

você não poderia chegar ao topo da montanha, exceto por esse caminho difícil. Assim é a

Vontade de Deus que se quisermos chegar ao

terreno elevado da Terra Melhor, temos que

viajar no caminho da dor que conduz através do Getsêmani e do Calvário, é a Sua boa vontade

que passemos por grande tribulação para

chegarmos ao nosso descanso.

Page 50: A escola da paciência divina

50

Se o jardineiro permitir que as árvores do jardim, ou as plantas na estufa, cresçam

selvagens e luxuriantes à sua própria vontade,

ele sabe que haverá pouco ou nenhum fruto no próximo ano. Então ele as poda. Isto parece algo

muito duro, talvez, que os galhos e ramos devam

ser podados e cortados tão radicalmente, mas veja a próxima estação, e você encontrará as

rosas mais fortes e os frutos mais abundantes.

Deus poda seu povo com uma dor aguda, um

luto amargo, que produzirá mais fruto de santificação, mais flores brancas de pureza.

Quando os homens vão a uma mineração de ouro, muitas vezes encontram o metal precioso

alojado no quartzo. E ali ele é inútil. Então, eles esmagam o quartzo, e do esmagamento vem o

ouro fino. Meus irmãos, o melhor ouro em

nossa natureza sai no esmagamento. Nós temos

que ser passados no moinho antes que o melhor de nós possa ser revelado.

A pedra preciosa que brilha entre as joias da coroa teve que ser severamente cortada e polida, antes de ser aquilo que se tornou. Joias

brutas são de pouco valor, elas precisam de

métodos rígidos afiados antes de se tornarem

realmente valiosas, e assim sucede com os cristãos. Deus deseja que todo o Seu povo seja

salvo, deve ser a mais preciosa joia de ouro

refinado, então, Ele implanta em nós a nossa boa

Page 51: A escola da paciência divina

51

qualidade através do moinho da dor e do

sofrimento.

Então, Deus nos envia sofrimentos para nos

tornar mais aptos para ajudar a outros na dura batalha da vida. Devemos ter trilhado o caminho

áspero dos nossos próprios sofrimentos antes

de estarmos aptos para orientar os outros ao longo do mesmo. Diz-se que os fabricantes dos

melhores violinos produzem seu som

maravilhoso, quebrando e consertando

habilmente novos instrumentos, que, quando feitos pela primeira vez tinham pouco poder

melodioso. Quando Deus nos quebra com um

duro problema, Ele sabe como nos consertar

novamente, e nós damos daí por diante a música da gentileza, do amor e altruísmo, que éramos

incapazes de ter antes. Alguma vez você já viu

homens consertando uma estrada em nossas

grandes cidades? O rolo compressor pesado esmaga toda a rugosidade das pedras, e faz um

caminho fácil para as pessoas viajarem. Assim,

Deus nos envia provações e aflições que

esmagam os pontos duros, afiados do nosso caráter, e nos faz aptos para ajudar os outros na

viagem da terra para o céu.

O homem próspero, com um forte corpo saudável, e uma voz alta e arrogante, não pode compreender os sentimentos do sofredor aflito,

ou o entristecido pelo leito de morte. Ele não

sabe, ele não pode compreender quando

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52

estamos numa grande dor ou tristeza, e

desejamos que alguém que já sentiu dor e

tristeza, seja encontrado para ministrar a nós.

Aquela pessoa que diz que sabe o que eu sinto. A mãe com seus filhos todos ao seu redor,

saudável e feliz, não pode simpatizar

plenamente com as tristezas daquela outra mãe que chora pela cama vazia onde seu filho

querido morreu. O melhor ferro tem sido

temperado pelo fogo e pela prensa, de modo que

o melhor e mais verdadeiro do povo de Deus se formou na escola da tristeza.

A tentação sempre tem ocupado um lugar de destaque na produção dos santos de Deus. Olhe

para Elias. A melhor parte de seu caráter não se

mostrou até que ele passou pelo vento impetuoso, e pelo terremoto, e o fogo. Então, ele

pôde ouvir a voz suave que lhe falava. Irmãos, às

vezes ouvimos Deus nos falando pela primeira

vez, quando temos passado por uma grande aflição. Quando o sol estava brilhando, e todas as

coisas sorrindo para nós, negligenciávamos a

Deus, e não podíamos ouvi-lo falar conosco.

Então o grande vento da aflição se levantou, e quebrou a nossa casa de delícias, e destruiu

nosso barco de prazer, e depois da tempestade

ouvimos a voz mansa e delicada. Ou o terremoto

veio e engoliu a nossa propriedade, e os ídolos que fizemos por nós mesmos para adorar, e

depois do terremoto ouvimos a voz do Senhor.

Ou o fogo veio feroz, a tentação ardente, e

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passamos por aquele fogo pela misericórdia de

Deus, assim como os três jovens santos que

foram jogados na fornalha; fomos provados no

fogo, mas não consumidos, e depois do fogo, ouvimos a voz de Deus.

São os melhores soldados aqueles que passaram pelo fogo e a fumaça da batalha, e são os melhores cristãos aqueles que enfrentaram a

tempestade, e o fogo, e o terremoto, que têm

conhecido a tristeza. Veja o profeta Jonas. A

melhor parte dele não foi revelada até que ele foi julgado severamente. Quando Deus preparou

algo agradável a ele, fazendo surgir

miraculosamente uma planta frondosa, Jonas

estava mal-humorado, descontente, e desobediente, Deus ainda lhe deu a aboboreira,

com a qual Jonas se alegrou em extremo. Isso

nos ensina que o mesmo Deus nos envia

prosperidade, bem como tristeza, e ainda que descontentes e ingratos, temos recebido dele

coisas boas, às vezes.

Mas Deus ia fazer um homem melhor de Jonas, e assim ele lhe tirou a aboboreira que lhe dava

prazer. O Senhor preparou um verme que feriu

a planta e ela se secou.

Deus trata assim com o Seu povo agora. Ele lhe tem dado algo que fez com que você ficasse

muito alegre - saúde, dinheiro, esposa, filho.

Talvez você pense mais neles do que em Deus.

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Você disse em seu coração, "Ora, eu nunca serei

movido." Você se sentou à sombra confortável

de sua prosperidade, e pensou que o amanhã

seria como o ontem, e Deus não estava em todos os seus pensamentos. Então Deus, em Sua

misericórdia, enviou o verme, alguma coisinha

que podia fazer coisas grandes.

Você era forte e saudável, e se alegrava sobremaneira, e ficava contente com seus

membros ativos e estrutura atlética, e alguma

queda acidental, algum deslize ou tropeço, veio como o pequeno verme, e sua saúde e força em

que você confiava, secou. Você fez um ídolo de

uma esposa ou filho, você os amava mais do que

a Deus, deixou que suas alegrias caseiras ficassem entre você e o seu dever, entre você e

Jesus. Então, numa manhã o seu querido está

febril e inquieto, e quase antes de conhecê-lo o

verme veio e fez o seu trabalho, e sua planta de prazer ficou murcha e morreu.

Às vezes tristezas vêm sobre tristezas, como o vento oriental veio sobre Jonas depois que ele

perdeu a aboboreira. Ele era um homem melhor depois de ter passado por aquela nuvem de

problemas do que quando ele estava sentado à

vontade sob a sua planta favorita. Ele aprendeu

a ver a mão de Deus mais claramente no dia sombrio de sua perda do que no sol da

prosperidade, assim como vemos as estrelas

mais claramente quando o mundo está escuro.

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Jonas aprendeu a ver Deus em sua prosperidade

e em sua adversidade. Vamos fazer o mesmo.

Dores sem Deus são terríveis. Nunca suponha

que o julgamento e aflição beneficiam as pessoas de si mesmas. Eles fazem algumas

pessoas piores, como um criminoso é feito

mais endurecido pelo espancamento. Dores somente nos beneficiam quando podemos ver a

mão de Deus dando o remédio amargo. Luto e

perdas podem fazer algumas pessoas

amaldiçoarem a Deus e morrer, e torná-las infiéis à bondade do Senhor.

A argila é endurecida como uma pedra no fogo, já a prata é derretida e purificada. Aqueles que

não amam a Deus são como o barro, quando eles têm que passar pela fornalha ardente da aflição,

eles saem mais duros do que quando entraram.

Aqueles a quem o Espírito Santo tem dado o

precioso fruto da paciência, veem Deus no fogo, e são purificados e tornados pessoas melhores.

Sim, tristeza e perda, sem Deus são coisas

terríveis.

Nós lutamos, as chutamos, e apenas nos ferimos e nos magoamos ainda mais. A criança chamada

a sofrer alguma dor aguda diz que pode suportar

qualquer coisa se a mãe estiver no quarto. Assim, o filho de Deus pode suportar todas as

coisas, mas se ele souber que Deus está com ele,

e que por baixo de si estão os braços eternos.

Page 56: A escola da paciência divina

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Finalmente, como podemos aprender melhor a lição de ser pacientes na tribulação?

Não busque problemas no meio do caminho, e

se retire antes que você seja convidado a enfrentá-los. Algumas pessoas estão sempre

olhando para as nuvens de tempestade, mesmo

no melhor dia, e estragam as suas horas mais felizes, antecipando problemas. Aproveite o sol

brilhante e a chuva como eles vêm, e acredito

que o mesmo Deus amoroso manda ambos.

Então mantenha-se muito próximo de Deus. Não viva longe de Jesus, quando você está próspero,

e tente correr para Ele em busca de abrigo

quando a tempestade vier. Mantenha-se perto

dEle sempre, então você estará seguro. O pai diz a um filho tímido: mantenha-se sob o cuidado da

mão de sua mãe. Durante toda a jornada da vida,

mantenha-se seguro na mão do Senhor Jesus.

Em tempos de prosperidade apegue-se à mão que alimentou os cinco mil no deserto. Em

tempos de tristeza e provação segure-se

rapidamente na mão que foi pregada na amarga

cruz do Calvário. Eu disse que somente aqueles que têm conhecido a tristeza podem simpatizar

com os entristecidos. Quem pode entender os

nossos problemas, assim como Jesus?

Há um pulsar de nossos nervos trêmulos, um soluço de nosso peito ofegante, uma dor de

nossos feridas, um desolado coração que não

encontre eco no Homem de Dores? Traga suas

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dores e problemas a Ele em oração. Diga-lhe

completa e voluntariamente. Abra o seu coração

a Jesus. Muitas de nossas orações são

desperdiçadas porque elas não têm objetivo definido nem propósito. Tenha um objetivo fixo,

um objetivo bem definido diante de você, e seu

pedido irá acertar diretamente o alvo.

Tradução e adaptação de um sermão em domínio publico de Harry John Wilmot –

Buxton

Nota do tradutor: Louvo muito ao Senhor Jesus porque no dia 19-10-2013, quando traduzia este

texto, recebi a triste notícia de que alguém

muito querido e amado fora terrivelmente ferido, um ser amado que vive comigo debaixo

do mesmo teto. Isto foi bem cedo pela manhã,

enquanto estávamos bem no início do trabalho

de tradução.

Acompanhamos sua cirurgia, compramos e começamos a lhe ministrar os medicamentos

necessários para a sua recuperação, e voltamos ao nosso posto de trabalho, para concluir a

tarefa que havíamos começado e compartilhá-la

com os amados antes que o dia acabasse.

Grande é o amor e a misericórdia de Jesus que nos fortalece no dia da angústia para estarmos

calmos e sossegados em Sua presença fazendo o

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trabalho do qual fomos encarregados por Ele a

fazer.

O tipo de paciência cristã da qual temos falado esteve bem representada na vida de Charles

Simeon, de quem temos traduzido e publicado

vários textos que se encontram em domínio

público, e de cuja biografia o Pr John Piper extraiu o seguinte testemunho:

A Prova de Paciência de Charles Simeon

Deixe-me finalizar com uma ilustração de um homem que viveu e morreu em uma batalha de

sucesso contra a incredulidade da impaciência.

Seu nome era Charles Simeon. Ele foi pastor na Igreja da Inglaterra de 1782 a 1836 na Igreja

Trinity em Cambridge. Ele foi nomeado para sua

igreja por um bispo contra a vontade do povo.

Eles se opunham a ele não porque ele era um mal pregador mas porque ele era um

evangelista - ele acreditava na Bíblia e clamava à

conversão e à santidade e à missões mundiais.

Por 12 anos o povo recusou deixá-lo dar os sermões nos cultos de domingo a tarde. E

durante esse tempo eles boicotaram os cultos

de domingo de manhã e trancaram seus bancos reservados de maneira que ninguém podia

sentar-se neles. Ele pregou para pessoas nos

corredores por 12 anos! Como ele aguentou?

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Neste estado de coisas eu não vi outro remédio senão fé e paciência. [Note a conexão de fé e

paciência!] A passagem da escritura que

dominava e controlava minha mente era essa, "O servo do Senhor não deve contender." [Nota:

A arma na luta por fé e paciência era a Palavra!]

Era doloroso de fato ver a igreja, exceto os corredores, quase abandonados; mas eu

pensava que se Deus somente desse uma

benção em dobro para a congregação que

comparecesse, no total seria tão bem feito quanto se a congregação fosse dobrada e a

benção limitada a apenas metade da quantia.

Isso me confortou muitas, muitas vezes, quando

sem esse tipo de reflexão, eu teria afundado debaixo dos meus fardos. (Charles Simeon, por

H.C.G.Moule, p. 39)

Onde ele conseguiu a certeza de que se ele seguisse o caminho da paciência, haveria uma

benção no seu trabalho que compensaria a

frustração de ter todos os bancos trancados? Ele

a conseguiu, sem dúvida, de textos como Isaías 30:18, "Bem-aventurados aqueles que esperam

no Senhor." A Palavra venceu a incredulidade e

a confiança venceu a impaciência.

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A Paciência Bíblica

Os apóstolos Paulo, Pedro e Tiago, falaram do

grande valor da paciência que é operada pelas tribulações na vida cristã (Rom 5.3,4; II Cor 1.6;

6.4; Tg 1.3,4,12; 5.11; I Pe 2.20; 2 Pe 1.6).

A palavra no original grego para paciência é

hupomoné, e que é traduzida também como perseverança ou constância.

Na verdade as três formas de interpretar se somam na transmissão do pensamento bíblico

sobre o seu uso.

A paciência cristã não se relaciona a indolência, passividade, resignação, mas à ação de

perseverar na fé com constância no aprendizado e prática das virtudes que estão na

nossa nova natureza obtida em Jesus Cristo.

Daí o apóstolo Pedro ter se referido ao crescimento na graça e no conhecimento de

Jesus, como sendo, principalmente:

2Pe 1:5 por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a

virtude; com a virtude, o conhecimento;

2Pe 1:6 com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a

perseverança, a piedade;

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2Pe 1:7 com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor.

É pela graça da paciência (perseverança, constância) que podemos prosseguir no

cumprimento dos nossos deveres espirituais, notadamente aqueles que se referem à

proclamação e testemunho do evangelho por e

em nossas próprias vidas.

Nosso Senhor diz em Lucas 2;19: “É na vossa perseverança (paciência, constância) que

ganhareis a vossa alma.”

A noção comum de que a palavra paciência na Bíblia reporta às pessoas calmas e tranquilas,

ainda que isto seja uma virtude requerida, não corresponde, como vimos, ao uso bíblico desta

palavra, que significa a nossa persistência em

viver o evangelho, fazendo o bem e cumprindo a

vontade de Deus revelada nos mandamentos, inclusive quando nos deparamos com

tribulações, aflições e perseguições.

Isto deve ser aprendido na nossa carreira cristã, e será aperfeiçoado pelo Senhor, à medida em

que lhe permanecermos fiéis.

Daí Tiago ter afirmado: “Ora, a perseverança (ou paciência) deve ter ação completa, para que

sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.”

(Tg 1.4)

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Esta obra perfeita ou completa que a perseverança deve ter, conforme dizer de Tiago

neste versículo citado, pode ser exemplificada

com a vida de Abraão, a do apóstolo Paulo e tantos outros que completaram a sua carreira,

não somente no sentido de a terem concluído,

quanto também no de terem sido confirmados na fé, permanecendo firmes e fiéis a Deus,

especialmente nas aflições e tribulações que

sofreram por amor a Ele e à Sua vontade.

Não somos chamados como cristãos, a termos e demonstrarmos paciência (suportar aflições em graça, com gratidão a Deus em nossos corações)

em determinadas situações específicas, mas em

todo o curso de nossas vidas, e em todas as

circunstâncias.

Por conseguinte, é necessário amadurecimento espiritual na Palavra, no poder do Espírito Santo,

e para isto, contribuirão de modo particular as

tribulações que experimentamos ao longo da

nossa jornada neste mundo.

“Rom 5:3 E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo

que a tribulação produz perseverança;

Rom 5:4 e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança.”

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Paulo continuava sua caminhada espiritual sempre se gloriando, mesmo nas tribulações.

Elas jamais seriam motivo para que parasse com

a sua fidelidade a Deus e a sua chamada ministerial, mesmo nas várias prisões que

sofreu, porque sabia que tudo contribuiria

afinal para confirmá-lo para ser inabalável na perseverança, na experiência e na esperança.

Na perseverança, por ser constante em sua fidelidade.

Na experiência, por conhecer com convicção firme e inabalável o Deus no qual havia crido.

Na esperança, pela certeza do cuidado de Deus em sua vida, e da coroa de justiça que esperava

por ele na glória.

Ele não se gloriava nas tribulações, nem mesmo na sua perseverança, experiência ou esperança,

mas em Jesus Cristo, por meio de quem recebeu

todas as coisas que dizem respeito à salvação e à vida eterna.

Ele se gloriava em Cristo nas tribulações que sofreu.

Nada conseguiu fazer com que a sua glorificação de Deus fosse interrompida por qualquer

circunstância, quer agradável ou desagradável.

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Paciência na Aflição

Os cristãos não devem ser vingativos nem

injuriosos, mas devem bendizer aqueles que

praticam o mal contra eles, porque a vocação

deles para se esforçarem em prol da salvação dos pecadores, demandará deles tal atitude, e é

agindo deste modo que são abençoados por

Deus (I Pe 3.9).

O apóstolo confirma as palavras do Salmo 34.12-16 como sendo a fórmula da vida abençoada por

Deus.

Ali se destaca a necessidade de se refrear a língua da maledicência e do engano; o ato de se separar do mal e praticar o bem, e buscar a paz e

permanecer nela (I Pe 3.10,11).

O motivo de tal necessidade é apresentado como sendo o fato de que os olhos de Deus estão

voltados para os justos, e os Seus ouvidos abertos para atender às suas orações, mas o

rosto do Senhor é contra aqueles que praticam o

mal (I Pe 3.12).

Para reforçar o argumento para a prática das coisas que havia ordenado, o apóstolo afirmou

que não é comum que alguém se disponha a

fazer o mal a quem é zeloso do bem. Revelando

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com isto que é sendo zeloso do bem que se evita

muitos males (I Pe 3.13).

Porém, sabendo que há um sofrimento injusto que os cristãos padecem da parte de outros, o

qual é permitido por Deus para a provação da fé

deles, Pedro diz que os cristãos continuam sendo bem-aventurados aos olhos de Deus

quando padecem tais sofrimentos por amor da

justiça, e não devem temer as ameaças dos seus inimigos, e nem ficarem com suas mentes e

corações turbados por causa deles, mas,

permanecerem em santificação com Cristo em

seus corações, sujeitando-se ao Seu Senhorio, de maneira que continuem dando um bom

testemunho do evangelho, com mansidão em

seus corações (I Pe 3.14,15).

Os que sofrem devem ter no entanto uma boa consciência, isto é, eles devem se assegurar que

não estão sofrendo por nenhum mau procedimento deles, de maneira que não

tenham qualquer sustentação as palavras

injuriosas daqueles que falam contra o seu bom

procedimento em Cristo (I Pe 3.16).

Afinal, sofrem pelo seu amor à verdade, não propriamente à verdade de fatos históricos, mas à verdade relativa à revelação da vontade de

Deus para os homens, feita por e em Nosso

Senhor Jesus Cristo.

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Não são os seus próprios pontos de vista que estão defendendo, mas a verdade revelada por

Deus, nas Escrituras, que são discernidas em

santidade, no Espírito Santo.

Isto lhes trará oposições e perseguições, como as que eles estavam padecendo sob o imperador

romano Nero.

O apóstolo revela que está na esfera da vontade soberana de Deus que passemos por determinadas aflições, apesar de estarmos

fazendo o bem, e procurando somente o bem do

nosso próximo, especialmente por lhes

anunciar o evangelho verdadeiro que é poderoso para salvar as suas almas.

Cristo havia passado pelo mesmo tipo de sofrimentos para servir de modelo para nós

naquilo que sofremos por causa do nosso amor

à justiça do evangelho (I Pe 3.17).

Não havia nEle nenhum pecado ou injustiça como há em nós. Mas assim como Ele sofreu até

a morte de cruz, para que pudesse quitar a dívida

dos nossos pecados, nós devemos nos armar do

mesmo sentimento estando dispostos a sofrer em favor da salvação dos eleitos de Deus (I Pe

3.18).

Cristo morreu na carne, mas não no espírito, e antes de que estivesse num corpo glorificado

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depois da Sua ressurreição, Ele foi em espírito

aos espíritos em prisão.

Não é dito no texto bíblico qual foi o propósito da Sua ida até eles, mas podemos, com base no todo

da revelação, inferir que foi provavelmente para pregar que a condenação daqueles espíritos

rebeldes que haviam morrido nas águas do

dilúvio, apesar da longanimidade de Deus ter

esperado para lhes trazer a destruição, e nem assim eles se converteram com a pregação de

Noé.

O Senhor tendo ido a eles depois da Sua morte na cruz deve lhes ter revelado que foi a salvação

que haveria nEle que eles rejeitaram por terem fechado seus ouvidos e corações à pregação de

Noé.

Certamente não foi a possibilidade de salvação de algum deles que Jesus foi lhes pregar porque

estavam presos em cadeias há séculos, e seria

impossível que Deus tivesse feito um juízo incorreto em relação a eles.

Pedro citou isto em sua epístola para servir de alerta aos seus leitores; e para que a pregação do

evangelho com base nesta passagem da sua

epístola, deixasse de modo bastante claro que não se deve abusar da longanimidade de Deus,

pela qual adia, mas não suspende o Seu juízo, tal

como haviam feito aqueles que morreram no

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dilúvio, e que não deram o devido crédito à

pregação de Noé.

A arca livrou Noé do dilúvio. A arca era uma figura de Cristo, no qual somos salvos pela nossa

associação com Ele no nosso batismo tanto na

Sua morte, quanto na Sua ressurreição.

Os que dão crédito à pregação do evangelho serão salvos assim como Noé foi salvo, por ter

dado crédito à Palavra de Deus (I Pe 3.19-22), que

aponta Cristo como o Único que pode nos justificar do pecado, quando morremos

juntamente com Ele para vivermos em novidade

de vida, no Espírito.

Há esperança se salvação enquanto vivemos neste mundo, porque se diz que: “E, assim como

aos homens está ordenado morrerem uma só

vez, vindo, depois disto, o juízo,” (Hb 9.27).

“Evita discussões insensatas, genealogias, contendas e debates sobre a lei; porque não têm

utilidade e são fúteis.

Evita o homem faccioso, depois de admoestá-lo primeira e segunda vez,

pois sabes que tal pessoa está pervertida, e vive

pecando, e por si mesma está condenada.” (Tito 3.9-11)

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Paciência na Tribulação (Rom 12.12)

Os sofrimentos e tribulações suportados com

paciência cristã são agradáveis a Deus,

conforme se declara em I Pe 2.18-20, porque Ele determinou no Seu conselho eterno, que:

Aqueles que pertencem a Cristo devem

compartilhar dos Seus sofrimentos em alguma medida.

Nosso Senhor foi o maior dos injustiçados, porque não tinha qualquer pecado, mas na sua

identificação conosco, para a nossa salvação, suportou com paciência tudo o que sofreu,

visando ao nosso bem.

Como Seus seguidores, devemos imitar o Seu

exemplo, em prol da salvação de outros.

A paciência na tribulação (Rom 12.12) dá

aos cristãos a oportunidade de

experimentarem o poder sobrenatural do Espírito Santo, que lhes é concedido para

terem alegria e paz em meio aos seus

sofrimentos.

Nisto, a fé e confiança deles em Deus é aperfeiçoada, lhes capacitando para toda boa

obra, em meio a toda e qualquer tribulação e

perseguição.

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o gozo que se sente em meio às aflições,

suportando as injustiças e perseguições

sofridas com paciência, por amor ao Senhor e ao evangelho, é a principal

marca da eleição do cristão, ou seja, ele

terá a plena certeza da sua salvação,

porque sem a assistência do Espírito Santo no coração, não é possível mantê-lo

alegre e em paz em tais circunstâncias

adversas.

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Aprendendo com Tiago Sobre a

Paciência Cristã Verdadeira

O apóstolo Tiago nos diz o seguinte, no quinto

capítulo da sua epístola:

“1 Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir.

2 As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça.

3 O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e

comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes

para os últimos dias.

4 Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi

diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos

exércitos.

5 Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança.

6 Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.

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7 Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso

fruto da terra, aguardando-o com paciência, até

que receba a chuva temporã e serôdia.

8 Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor

está próxima.

9 Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz

está à porta.

10 Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.

11 Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e

vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o

Senhor é muito misericordioso e piedoso.

12 Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa

palavra seja sim, sim, e não, não; para que não

caiais em condenação.

13 Está alguém entre vós aflito? Ore. Está alguém contente? Cante louvores.

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14 Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da Igreja, e orem sobre ele,

ungindo-o com azeite em nome do Senhor;

15 E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-

lhe-ão perdoados.

16 Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração

feita por um justo pode muito em seus efeitos.

17 Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra.

18 E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto.

19 Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter,

20 Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte

uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados.”.

Tantas e variadas eram as opressões que os servos de Deus, e não somente eles, como os

demais homens de condição humilde sofriam

da parte dos homens poderosos e ricos nos dias de Tiago, que poderia parecer a muitos servos

do Senhor que Ele não investigava a causa da

justiça ou então que pouco ou nada se importava

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com o comportamento injusto, especialmente

daqueles que exploravam os seus servos, e que

até mesmo tiravam as suas vidas pelos motivos

mais caprichosos.

Fortunas foram acumuladas e ainda têm sido acumuladas neste mundo à custa da miséria e do sangue de muitos.

Os que acumulavam tais fortunas viviam em

deleite enquanto aqueles que eram usados para juntá-las para eles viviam em extrema miséria.

Então qual seria a resposta de Deus para os Seus servos quanto a isto?

Que eles fizessem uma revolução?

Que se insurgissem contra os seus senhores?

Nós aprendemos na epístola de Pedro que é coisa agradável a Deus que alguém suporte

injustiças pacientemente, e entregando em

Suas mãos todas as suas causas, por confiarem que Ele é realmente o Grande Juiz que passará

em revista as ações de todos os homens, sejam

eles grandes ou pequenos, ricos ou pobres,

senhores ou servos.

As riquezas acumuladas pelos poderosos não poderão livrá-los no dia do Juízo.

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Tudo o que eles entesouraram de modo injusto será consumido pelo fogo do juízo divino.

Em vez de se regalarem e rirem eles deveriam portanto chorar e lamentar pelas misérias que

certamente lhes sobrevirão da parte do justo

Juiz.

Os salários injustos e não pagos e todo o

sofrimento que eles causaram aos seus empregados estão devidamente registrados na

memória do Senhor para o devido ajuste de

contas.

O Senhor é um Juiz perfeito que nem sequer deixará de julgar até mesmo palavras ociosas

que foram proferidas, quanto mais atos de injustiça praticados pelos homens.

Todas as delícias que eles viveram na terra à custa do sofrimento alheio trará a eles um juízo

ainda maior quando o Senhor se levantar para

julgar tanto vivos quanto mortos.

Então Tiago proferiu este ai contra os poderosos injustos para consolar os crentes que estavam

padecendo injustiças da parte deles, e para que soubessem que o Senhor não é um Juiz que está

indiferente às coisas que sofremos neste

mundo.

Deus não abrevia logo o Juízo e nem o aplica direta e imediatamente a cada injustiça

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praticada contra os Seus filhos porque através

destas aflições, como Tiago já havia ensinado no

primeiro capítulo da sua epístola, Deus está

aperfeiçoando a cada um deles em paciência e perseverança, de maneira que sejam

amadurecidos na fé, para darem o bom

testemunho de continuarem na prática do bem, ainda que debaixo de senhores maus e

perversos, tudo fazendo, não como para

homens, mas por amor a Deus.

Jesus sofreu grandes injustiças para poder pagar o preço exigido para nos resgatar do poder da

morte e da maldição.

Com os nossos sofrimentos pelo evangelho temos também a oportunidade de valorizar o

preço que Ele teve que pagar por nós.

Além disso não somos pessoas perfeitamente justas, senão também pecadores, e de algum

modo, ainda que não para expiação do nosso

pecado, que foi feita totalmente por Jesus,

podemos também experimentar que Deus nos corrige e disciplina, porque é um Pai zeloso que

não deixará nenhum de seus filhos sem o

conhecimento de que por causa do pecado

vivemos num mundo de sofrimentos e dores.

Também aprendemos que este é de fato um mundo de trevas ao qual não devemos ficar

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apegados, ao contrário, do qual devemos nos

desarraigar e desmamar.

Além disso, há muita glória e graças ao nome do Senhor quando por nossa paciência e orações

cooperamos com o Espírito Santo para que

alguém seja livrado das trevas para poder vir para a luz.

Tiago diz que devemos ser pacientes até à vinda do Senhor, tal como o lavrador é paciente

esperando o fruto precioso da terra.

Assim como o lavrador aguarda com paciência a chuva temporã e serôdia, nós devemos também

esperar que o Senhor derrame a chuva do

Espírito Santo, pela qual poderemos colher os preciosos frutos espirituais do nosso

testemunho de trabalho paciente na lavoura de

Deus para a colheita de almas.

Ele indica qual é o modo como devemos ser pacientes na obra do Senhor e nas tribulações

que sofremos neste mundo, a saber, “fortalecendo os nossos corações” e sabendo

que a vinda do Senhor está próxima.

Quando estivermos com Cristo, todas estas lutas e injustiças cessarão para sempre.

Ocorrerá o fortalecimento do nosso coração não com a nossa própria força, mas com a força

operante do poder de Deus que é mediante a

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graça de Jesus que é derramada nos nossos

corações.

Jesus virá como Juiz e portanto importa deixar toda forma de julgamento nas Suas mãos.

Não devemos portanto, viver a nos queixar uns contra os outros porque o Senhor tudo julgará

no Seu tribunal.

Se fizermos, enquanto crentes, e em nome de Jesus, o papel de juízes seremos condenados por

termos sentado no lugar que pertence ao Senhor, não para uma condenação eterna, mas

para a perda de galardão e para sofrer o dano a

que Paulo se refere quanto à obra que se

queimar pelo fogo da provação de Deus.

Importa portanto sermos longânimos e pacientes, seguindo o exemplo de paciência na aflição que nos foi deixado pelos profetas do

Senhor.

Tiago estava basicamente dizendo que os crentes não concentrassem suas atenções nas

injustiças que estavam sofrendo, nem mesmo

naqueles que as estavam praticando, mas que ao contrário, olhassem para o exemplo daqueles

que haviam sofrido com paciência por causa do

Senhor, tal como foi o caso de Jó.

Ele lhes lembrou que todos os que sofreram com a mesma paciência de Jó e dos profetas

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foram bem-aventurados, porque o Senhor lhes

deu um fim abençoado, porque o Senhor é

muito misericordioso e piedoso.

Então a condição de se enfrentar tribulações, aflições, enfermidades, é orando e se sujeitando

a Deus.

E quando se experimentar o contentamento que provém da parte do Senhor, devemos cantar louvores ao Seu nome; exaltando-O pelo Seu

cuidado por nós.

No caso específico de enfermidades os pastores devem ser chamados para orarem pelo

enfermo, ungindo-o com azeite em nome do

Senhor.

E a oração que é feita com fé e no poder do Espírito curará o doente, e a força do Senhor o

levantará, e em sendo curado por ter buscado auxílio no Senhor, pela fé nEle, caso a causa da

sua enfermidade tenha sido pecados, estes ser-

lhe-ão também perdoados.

Assim, os crentes devem se exortar mutuamente à santificação, e devem orar uns

pelos outros, confessando as culpas de possíveis pecados que tenham cometido contra seus

irmãos, para que sejam perdoados por eles e

pelo Senhor.

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Muitas enfermidades são curadas quando procuramos ao irmão contra o qual pecamos e

lhe pedimos perdão.

Se forem irmãos amados e santos, que vivam de forma piedosa e justa diante do Senhor,

podemos estar certos de que as intercessões deles por nós serão ouvidas por Deus, porque as

orações de tais crentes espirituais são muito

eficazes em seus efeitos.

Elias era um destes homens piedosos e justos que andavam permanentemente diante de

Deus.

No entanto, era um homem tal como nós.

Assim, devemos nos estimular pelo seu exemplo, e buscarmos tal como ele,

consagrarmos nossas vidas a Deus, porque poderemos ser tal como Elias, também

poderosos em nossas orações.

Ele prevaleceu de tal maneira com Deus na oração que fez vir fogo do céu; ressuscitou um

menino; e as chuvas foram retidas por três anos

e meio, e somente voltaria a chover quando ele tornasse a orar, e muitos outros milagres foram

feitos por Deus atendendo às orações do profeta.

Quanto mais não deveríamos nós, a quem têm chegado o fim dos tempos, e a quem Deus

confiou o glorioso evangelho de Cristo para ser

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pregado para a salvação dos pecadores, nos aplicarmos à santificação de nossas vidas para

que sejamos pessoas poderosas na intercessão

em favor da conversão daqueles que têm se

desviado da verdade.

Pelas nossas orações e testemunho de vidas santificadas, Deus poderá nos usar para salvar

almas e cobrir multidão de pecados.

Jesus consumou a Sua obra perfeitamente na cruz do Calvário, mas Ele necessita de obreiros

aprovados para a Sua seara.

Para tanto, é preciso ser íntegro e irrepreensível

diante de Deus, sendo o nosso falar sim, sim, e não, não.

Sendo retos em nossa comunhão com nossos irmãos e confiáveis em tudo pela transformação

do nosso caráter pelo Espírito Santo de Deus, de

maneira que em vez de ficarmos sujeitos a juízos do Senhor, por um viver na falsidade e na

mentira, tenhamos a Sua inteira aprovação e

agrado, de maneira que nos coloque no

ministério, tal como fizera com os apóstolos e todos aqueles que têm se consagrado

verdadeiramente a Ele.