A evolução do Urbanismo

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A Evolução do Urbanismo 1 - Os modelos do Pré-Urbanismo Diante do descaso por parte do Estado e da burguesia européia frente às condições de vida do proletariado, surgiram as primeiras propostas para novos modelos de cidade como crítica à sociedade industrial. Essas críticas eram movidas por sentimentos humanitários de dirigentes municipais, da igreja, de médicos e de higienistas ou encabeçadas por pensadores políticos, que vinculavam a crítica da cidade a uma crítica mais abrangente da sociedade. A maioria dessas críticas previa transformações sociais como decorrência do ordenamento do território, a partir de modelos de cidades consideradas ideais, que em muitos casos incorriam em uma dissociação entre seus princípios e a sua prática. Por esse motivo, Françoise Choay (1964) classificou esses modelos como pertencentes ao pré-urbanismo. 1.1 - O Modelo Progressista Segundo descreve Françoise Choay, o espaço da cidade no modelo progressista é amplamente aberto e ao mesmo tempo fragmentado pela presença de grandes vazios e áreas verdes. Essa visão decorre da exigência dos higienistas da época como forma de ordenar os crescentes problemas das cidades industriais. O espaço urbano é traçado a partir de uma análise das funções humanas. Assim, seus idealizadores postulam uma separação nítida entre os locais destinados à habitação, ao trabalho, à cultura e ao lazer. Essa lógica funcional deve ser disposta de maneira simples. O modelo progressista tem uma estética austera onde a beleza se subordina à lógica e onde qualquer herança artística do passado é totalmente renegada. O socialista utópico Charles Fourier (1772 1837) é considerado o idealizador do primeiro modelo mais detalhado do urbanismo progressista: a falange. O falanstério constitui o conjunto de órgãos necessários à falange e suas principais fundamentações teóricas são: o desejo de felicidade orienta toda a atividade humana. a felicidade não pode ser encontrada fora do desenvolvimento integral e harmônico das paixões, isto é, das tendências essenciais do ser humano. • existe uma harmonia perfeita entre o homem e o universo, ou seja, a bondade de Deus, sem a qual não será possível encontrar a satisfação completa das paixões e assim atingir a felicidade. Dessa forma, na visão de Fourier, o falanstério constitui o único modelo de associação capaz de apresentar uma combinação harmônica das paixões humanas, em perfeita correspondência com a combinação harmônica das coisas materiais. A falange seria composta de uma associação livre de 1500 a 2000 pessoas. Qualquer associação com número de indivíduos inferior a 1500 teria, segundo a teoria fourierista, uma escala de características e de paixões incompletas. Por outro lado, qualquer associação com número superior a 2000 indivíduos estaria exposta a dicotomias que destruiriam a economia e produziriam a desordem. Segundo suas paixões, os membros das falanges se repartiriam em séries, subdividas em grupos. O motivo de suas escolhas estaria exclusivamente na atração por eles provada para com as coisas, objeto de suas atividades, e para com os outros indivíduos, associados através do trabalho. O trabalho no falanstério é produtivo, intensivo e atraente. É intensivo porque emprega, desenvolve e satisfaz

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  • A Evoluo do Urbanismo

    1 - Os modelos do Pr-Urbanismo

    Diante do descaso por parte do Estado e da burguesia europia frente s condies de vida do proletariado,

    surgiram as primeiras propostas para novos modelos de cidade como crtica sociedade industrial. Essas

    crticas eram movidas por sentimentos humanitrios de dirigentes municipais, da igreja, de mdicos e de higienistas ou encabeadas por pensadores polticos, que vinculavam a crtica da cidade a uma crtica mais abrangente da sociedade.

    A maioria dessas crticas previa transformaes sociais como decorrncia do ordenamento do territrio, a

    partir de modelos de cidades consideradas ideais, que em muitos casos incorriam em uma dissociao entre

    seus princpios e a sua prtica. Por esse motivo, Franoise Choay (1964) classificou esses modelos como

    pertencentes ao pr-urbanismo.

    1.1 - O Modelo Progressista

    Segundo descreve Franoise Choay, o espao da cidade no modelo progressista amplamente aberto e ao

    mesmo tempo fragmentado pela presena de grandes vazios e reas verdes. Essa viso decorre da exigncia

    dos higienistas da poca como forma de ordenar os crescentes problemas das cidades industriais.

    O espao urbano traado a partir de uma anlise das funes humanas. Assim, seus idealizadores postulam

    uma separao ntida entre os locais destinados habitao, ao trabalho, cultura e ao lazer. Essa lgica

    funcional deve ser disposta de maneira simples. O modelo progressista tem uma esttica austera onde a beleza

    se subordina lgica e onde qualquer herana artstica do passado totalmente renegada.

    O socialista utpico Charles Fourier (1772 1837) considerado o idealizador do primeiro modelo mais detalhado do urbanismo progressista: a falange.

    O falanstrio constitui o conjunto de rgos necessrios falange e suas principais fundamentaes tericas

    so:

    o desejo de felicidade orienta toda a atividade humana.

    a felicidade no pode ser encontrada fora do desenvolvimento integral e harmnico das paixes, isto , das tendncias essenciais do ser humano.

    existe uma harmonia perfeita entre o homem e o universo, ou seja, a bondade de Deus, sem a qual no ser possvel encontrar a satisfao completa das paixes e assim atingir a felicidade.

    Dessa forma, na viso de Fourier, o falanstrio constitui o nico modelo de associao capaz de apresentar

    uma combinao harmnica das paixes humanas, em perfeita correspondncia com a combinao harmnica

    das coisas materiais.

    A falange seria composta de uma associao livre de 1500 a 2000 pessoas. Qualquer associao com nmero

    de indivduos inferior a 1500 teria, segundo a teoria fourierista, uma escala de caractersticas e de paixes

    incompletas. Por outro lado, qualquer associao com nmero superior a 2000 indivduos estaria exposta a

    dicotomias que destruiriam a economia e produziriam a desordem. Segundo suas paixes, os membros das

    falanges se repartiriam em sries, subdividas em grupos. O motivo de suas escolhas estaria exclusivamente na

    atrao por eles provada para com as coisas, objeto de suas atividades, e para com os outros indivduos,

    associados atravs do trabalho.

    O trabalho no falanstrio produtivo, intensivo e atraente. intensivo porque emprega, desenvolve e satisfaz

  • as paixes; atraente porque somente est submetido lei da preferncia pessoal. O indivduo tem direito ao

    trabalho que escolheu, devendo, no entanto, ser o seu prprio juiz sobre o quanto ir produzir de acordo com

    seus desejos e necessidades, sem perder de vista o interesse coletivo. A diviso do trabalho obedece diviso

    serial da falange realizada em sesses curtas e freqentes, visando o aumento da produtividade. Os trabalhos

    domsticos so substitudos por trabalhos coletivos, organizados segundo as regras do falanstrio. A direo

    geral do trabalho atribuda a um rgo central de registro, de classificao e de comunicao.

    A distribuio dos benefcios constitui o problema mais importante desse sistema. Ela realizada em trs

    partes; ao trabalho, ao capital e ao talento, segundo uma relao que faz variar, porm, atendendo mais ao

    trabalho do que ao talento. A distribuio da parte atribuda ao talento

    depende do voto da maioria dos membros da falange. As maiores somas seriam destinadas s sries onde os

    trabalhos seriam ao mesmo tempo os mais necessrios e os menos agradveis, as somas mdias, seriam

    destinadas s sries onde os trabalhos so os mais teis sem serem os mais necessrios ou muito desagradveis

    e as somas menores seriam destinas s sries onde os trabalhos so os mais agradveis sem serem

    desnecessrios ou teis.

    O plano da cidade deve ser traado em trs anis concntricos: o primeiro contm a cidade central; o segundo

    contm os arrabaldes e as grandes fbricas; e o terceiro contm as avenidas e o subrbio, separados por reas

    verdes e plantaes sem que essas venham a cobrir a viso do conjunto. Deveria ser totalmente ignorado o

    modelo das cidades existentes e um outro padro de edifcios deveria ser construdo.

    O centro do falanstrio, ou edifcio da falange deve ser destinado s funes tranqilas, aos refeitrios, salas

    da bolsa, do conselho, biblioteca, salas de estudo, etc. Uma das alas deve reunir todas as oficinas ruidosas,

    como: carpintaria, ferraria, e os conjuntos industriais e de crianas. A outra ala deve abrigar a hospedaria, com

    suas salas de banho e de reunies dos visitantes.

    Segundo Choay, ao contrrio da cidade ocidental tradicional e do centro das grandes cidades industriais, o

    modelo progressista no se constitui uma soluo densa, macia, mais ou menos orgnica. Esse modelo

    prope uma localizao fragmentada, em bairros atomizados, ou comunas, ou falanges, auto-suficientes,

    indefinidamente justapostos, entrecortados de espaos verdes.

    1.2 - O modelo Culturalista

    O modelo culturalista tem como ponto de partida no apenas a situao do indivduo em si, mas a totalidade

    do agrupamento humano, a cidade. Ao contrrio do modelo progressista, cada indivduo tem suas

    caractersticas prprias, sua individualidade que o torna insubstituvel dentro de sua comunidade. A principal

    premissa ideolgica deste modelo no o conceito de progresso, mas o de cultura. Nesse modelo a

    preeminncia das necessidades materiais desaparece diante das necessidades espirituais. Da prever que o

    planejamento urbano ser realizado de acordo com modalidades menos rigorosamente determinadas sem, no

    entanto, deixar de apresentar um certo nmero de determinaes espaciais e de caractersticas materiais a fim

    de poder alcanar a bela totalidade cultural, concebida como um organismo onde cada um mantm o seu papel

    original.

    Em oposio aglomerao do modelo progressista, a cidade culturalista encontra-se bem circunscrita no

    interior de limites precisos. Ela deve formar um claro contraste com a natureza que se procura preservar no

    estado mais selvagem. As suas dimenses so modestas, inspiradas em cidades como Oxford e Rouen. A

    populao descentralizada e dispersa em uma multiplicidade de pontos. O seu plano no admite nenhum

    trao de geometrismo e somente atravs da ordem orgnica possvel integrar as heranas da histria e as

    particularidades da paisagem.

    No que diz respeito s construes, nenhum prottipo ou padro aceito. Cada construo deve exprimir sua

    especificidade.

  • O importante a ser destacado que todos os pensadores deste perodo imaginam a cidade como modelo, a

    cidade ao invs de ser pensada como processo ou problema sempre colocada como objeto reprodutvel.

    1.3 - Crtica de Marx e Engels

    Ao contrrio de outros pensadores polticos do sc.XIX, Marx e Engels criticaram as grandes cidades

    industriais sem propor um modelo de cidade futura.

    Para estes pensadores a cidade constitui o lugar da histria. O horizonte da cidade a tela de fundo sobre a

    qual se desenha o conjunto do pensamento histrico e poltico desses pensadores. Foi na cidade que a

    burguesia inicialmente se desenvolveu, cresceu e foi tambm dali que o proletariado industrial nasceu, para

    depois lhe caber a tarefa de executar a revoluo socialista e de realizar o homem universal.

    2 - O Urbanismo

    Confirmando a pertinncia das idias de Marx e Engels, observa-se que as primeiras grandes intervenes

    urbanas no se deram a partir das propostas que surgiam. Ao contrrio, foi na prtica administrativa, frente

    aos conflitos da sociedade capitalista, que o Estado burgus passou a atuar nas cidades, a partir da necessidade

    de adaptao das mesmas ao desenvolvimento social e econmico do capitalismo.

    Nesta fase assistia-se a uma transformao do contexto poltico e econmico mundial. O capitalismo liberal onde as aes do livre mercado se sobrepunham ao poder do Estado progredia para a fase do capital

    monopolista, onde o mercado era dominado por conglomerados econmicos. O papel do Estado transforma-se

    passando de rbitro imparcial para assumir maior controle da circulao do capital servindo aos interesses da

    parcela que detm o poder.

    O urbanismo deste perodo, nas primeiras dcadas do sculo XX, estava concentrado nas mos dos

    especialistas, os arquitetos. Ao contrrio do urbanismo do sc. XIX, este novo movimento despolitizado.

    Essa transformao do urbanismo pode ser explicada pela evoluo da cidade industrial nos pases

    capitalistas. Depois do perodo militante do sc. XIX, a liderana das sociedades capitalistas retoma certas

    idias socialistas do sc. XIX (desde que cortadas pela raiz). Sem desprender-se totalmente da dimenso do

    imaginrio, o urbanismo comea a destinar seus tcnicos a uma tarefa mais prtica.

    2.1 - O Novo Modelo Progressista

    O importante expoente da nova verso do modelo progressista foi o arquiteto Tony Garnier. La Cit

    Industrielle proposta por ele deveria no s ser erigida com novos materiais descobertos a partir da Revoluo

    Industrial, como tambm o seu urbanismo deveria refletir toda a racionalidade da produo industrial.

    O projeto de Garnier publicado em 1917, em dois volumes, com 164 pranchas (dentre desenhos de urbanismo,

    perspectivas e plantas de detalhes arquitetnicos) sob o ttulo Une Cit Industrielle, apresenta uma cidade numa paisagem imaginada, concebida a partir de um plano geral com planos parciais de bairros de distintas

    funes com solues habitacionais diversas.

    O programa idealizado por Garnier propunha uma cidade moderna, tendo a indstria como principal elemento

    estruturador do espao. A cidade foi idealizada para uma populao de 35.000 habitantes, por considerar que

    um aglomerado urbano menor no teria os problemas que gostaria de abordar arquitetonicamente, e ao mesmo

    tempo, por considerar que uma cidade maior seria impossvel de ser administrada da forma que ele desejava.

    O arquiteto tambm propunha uma microregio, campos de lavoura para a subsistncia da populao, um rio

    para o transporte dos produtos industrializados, um afluente para a produo de energia eltrica e aquecimento

    para a cidade. Em contraposio ao contexto da poca, onde o planejamento das cidades era bloqueado pela

    propriedade privada da terra, Garnier previa como de responsabilidade pblica o fornecimento dos servios de

    transporte e infraestrutura e a definio do uso do solo e seu loteamento. Enfim, previa a entrada do Estado

    nas solues tcnicas.

  • No final da dcada de 20, o modelo progressista encontrou seu rgo de difuso internacional no grupo dos

    CIAM (Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna). Em 1933, este grupo prope uma formulao

    doutrinria intitulada Carta de Atenas.

    A idia chave do urbanismo progressista a idia de modernidade. Na publicao de es rit n uve u, Le Corbusier traduz esta idia em dois campos: a indstria e a arte de vanguarda (na ocasio, o cubismo e suas

    derivaes).

    Neste momento, o interesse dos urbanistas desloca-se das questes econmicas e sociais para as questes

    tcnicas e estticas. Para estes urbanistas a cidade do sc. XX anacrnica pois sua estrutura no est

    adaptada ao automvel e sua arquitetura no acompanha a arte de vanguarda. Portanto, a cidade industrial

    precisa realizar a revoluo industrial: no basta apenas utilizar novos materiais, mas sobretudo utilizar os

    mtodos e tcnicas da estandartizao e mecanizao da indstria. Percebe-se, a partir da uma ruptura entre a

    pesquisa de novas formas e prottipos e as artes plsticas. Movimentos como os preconizados pela Bauhaus e

    o Purismo de Le Corbusier propem uma nova relao com o objeto, baseada na concepo austera e racional

    da beleza.

    A cidade progressista no est ligada tradio cultural, ela visa ser a expresso da liberdade da razo a

    servio da esttica e da eficcia.

    2.2 - O Novo Modelo Culturalista

    O espao do modelo culturalista ope-se ponto por ponto ao modelo progressista. As cidades possuem limites

    precisos e esto circunscritas em cintures verdes. A gardencity, uma das maiores expresses desse modelo, no pode estender-se no espao, s pode desdobrar-se em outras clulas localizadas a uma distncia razovel

    cercada de verde. A cidade ocupa um lugar particular e diferenciado; a importncia do que os culturalistas

    atribuem individualidade.

    O modelo culturalista teve como principais expoentes: Camillo Sitte e Ebenezer Howard. Este modelo tinha

    como princpios bsicos: a totalidade e a cultura. A totalidade estava explcita na idia de que o todo (a

    cidade) deve prevalecer sobre as partes (o indivduo), o conceito cultural implica que a cultura deve prevalecer

    sobre a noo material da cidade. Numa clara oposio ao modelo progressista, este modelo apresentava-se

    como bem mais despolitizado, enfatizando uma abordagem esttica.

    Os aspectos da autonomia e da dimenso fsica controlada e do sistema de propriedade compartilhada foram

    algumas das caractersticas da utopia howardiana que no permitiram que o exemplo da cidade-jardim de

    Letchworth, nos termos propostos por Howard, frutificasse, embora sob o aspecto formal afirmou-se em

    inmeras experincias urbanas.

    O modelo culturalista foi intensamente criticado por seu apego ao historicismo e sua obsesso por problemas

    estticos. No caso das garden-cities, a crtica se faz ao controle exigido na expanso urbana e sua estrita

    limitao que seriam incompatveis com as necessidades do desenvolvimento econmico.

    2.3 - O Modelo Naturalista

    O modelo naturalista de cidade propunha uma volta do homem natureza rejeitava tambm o modelo da

    cidade industrial, tida como alienadora do indivduo.

    Esta viso reflete a grande transformao ocorrida na maneira pela qual os homens passaram a perceber e

    classificar o mundo natural ao seu redor.1

    Gradativamente, a partir do sc. XIX, percebe-se o crescente

    questionamento com relao viso antropocntrica de que a flora e fauna existiam exclusivamente para

    satisfazer as necessidades do homem. Desde a Idade Mdia o mundo europeu era totalmente dependente dos

    animais. Nessa poca, predominava a viso de que a natureza estava destinada a servir a algum propsito

    humano, seno prtico, ao menos, esttico e moral.

  • Novas fontes de energia passaram a ser usadas, dentre elas o vapor e a fora hidrulica, os animais passaram

    cada vez mais a serem vistos como animais de estimao. O crescimento urbano e o aumento da poluio

    passaram a ameaar o harmonioso convvio do homem com a natureza. O ideal em voga passa a ser de que

    uma cidade bela teria uma aparncia rural, o mais prximo possvel da paisagem natural.

    O modelo naturalista, concebido pelo arquiteto Frank Loyd Wright, era radicalmente utpico para que pudesse

    ser realizado. Contudo, o modelo naturalista de Wright a Broadacre City estava destinado a marcar o pensamento de grande parte dos socilogos americanos.

    importante mencionar que a partir de meados do sculo XIX, quando os meios tcnicos de interveno na

    paisagem assumem uma importncia nunca antes experimentada, e, com o aprofundamento da diviso social

    do trabalho imposta pelo desenvolvimento capitalista, que a arquitetura da paisagem comea ser comentada

    como campo de atividade profissional.

    Frank Lloyd Wright critica a cidade industrial e defende o contato com a natureza como a grande sada para

    devolver o homem a si mesmo e permitir um harmonioso desenvolvimento da pessoa como totalidade. Apesar

    de ter intitulado a sua soluo urbanstica de City, a proposta de Frank Loyd Wright no est ligada idia de

    megalpole ou de cidade em geral. Ele prope que todas as funes urbanas estejam dispersas e isoladas na

    natureza sob a forma de unidades reduzidas. A moradia individual, no existe o apartamento, mas casas

    particulares com espao suficiente para seus ocupantes desenvolverem atividades agrcolas e se dedicarem aos

    lazeres variados. O trabalho (oficinas, escritrios e laboratrio) est situado ao lado da moradia integrando

    unidades de tamanho reduzido e destinadas ao mnimo de pessoas. Wright imaginou um sistema acntrico,

    composto de elementos pontuais ligados por uma rica rede circulatria.

    A dura realidade das cidades do sculo XX demonstrou a dicotomia entre a razo e paixo existente nestes

    trs modelos. Eles no foram capazes de trazer solues grande maioria dos conflitos urbanos, posto que

    ignoravam a fora das relaes sociais e econmicas na organizao do espao. A evoluo do urbanismo

    indica tentativas de superar essas limitaes incorporando as emergentes tcnicas do planejamento.