A Experiência de Pessoas Surdas Em Esferas de Atividade Do Cotidiano

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  • 7/23/2019 A Experincia de Pessoas Surdas Em Esferas de Atividade Do Cotidiano

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    A experincia de pessoas surdas em esferas deatividade do cotidiano

    The experience of deaf people in the spheres of daily activities

    Carla Regina MarinI; Maria Ceclia Rafael de GesII

    IFonoaudiloga e mestre em educao. E-mail: [email protected] do Programa de Ps-Graduao em ducao da !ni"ersidade #etodistade Piracicaba $!%I#P&. E-mail: mcrgoes@unime'.br

    R!"#M$

    ( artigo analisa de'oimentos de su)eitos surdos sobre os modos como 'artici'am

    de esferas de ati"idade* nas +uais diferentes segmentos da 'o'ulao circulam eme"entos do dia-a-dia $no trabalho* em casas comerciais e em ser"ios ',blicos* 'oreem'lo&. 'artir de entre"istas* os achados indicam +ue os surdos enfrentamdificuldades em situa/es +ue* em geral* so tri"iais 'ara os ou"intes. demais* osentre"istados mostram um reconhecimento muito 'arcial das condi/esinsatisfatrias e desiguais 'ara sua insero nesses "0rios es'aos* admitindo anaturalidade da de'end1ncia do ou"inte ou mesmo atribuindo ao 'r'rio surdo ares'onsabilidade 'elos 'roblemas. s an0lises e"idenciam +ue as mudanas'ol2ticas anunciadas reali3am-se de maneira inconsistente. 4 eliminao debarreiras atitudinais e de comunicao4 im'lica o enfrentamento de +uest/esconcernentes 5s rela/es de 'oder entre surdo e ou"inte e no 'ode ser concebidacomo uma soma de iniciati"as locali3adas.

    %alavras&chave'6urde3. Formao bil2ng7e. Incluso social.

    A("TRACT

    8his 'a'er analy3es statements of deaf sub)ects on the 9ays they 'artici'ate tos'heres of acti"ities in 9hich different segments of the 'o'ulation circulate in theire"eryday life $at 9or* in commercial 'laces and in 'ublic ser"ices* for eam'le&.8he inter"ie9s re"eal that the deaf are faced 9ith difficulties in situations that*usually* are banal for hearing 'eo'le. Furthermore* the inter"ie9ed sho9 a "ery'artial recognition of the unsatisfactory and une+ual conditions for their insertion inthese different s'aces* and admit their de'endency on the hearing as natural or

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    e"en blame themsel"es for their 'roblems. 8he analyses manifest that the 'oliticalchanges announced occur in an inconsistent 9ay. 4liminating attitude andcommunication barriers4 im'lies co'ing 9ith issues lined to the 'o9errelationshi's bet9een deaf and hearing 'eo'le and cannot be concei"ed of as asum of locali3ed initiati"es.

    )ey *ords'Deafness. ;ilingual training. 6ocial inclusion.

    Introdu+,o

    %o momento atual* em +ue comeam a se delinear 'ol2ticas e a/es +ue 'rometema su'erao de 4barreiras atitudinais e de comunicao4 'ara di"ersos gru'os desu)eitos* sob a diretri3 do res'eito 5s diferenas* < 'reciso indagar sobre o +ue* defato* est0 sendo alcanado e +uais mudanas se fa3em urgentes. s 'ossibilidadese os modos de 'artici'ao em "ariadas esferas da sociedade constituem uma+uesto crucial 'ara a com'reenso da realidade de "ida desses gru'os.

    %a tentati"a de contribuir 'ara o conhecimento sobre essa +uesto* no +ue serefere 5s 'essoas surdas* focali3amos* neste estudo* as o'ortunidades +ue estast1m de se inserir em algumas esferas de ati"idade nas +uais diferentes segmentosda 'o'ulao circulam em seu dia-a-dia.

    %as ,ltimas d

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    Por isso* a formao humana no 'ode ser 'ensada e estudada 5s margens dascondi/es culturais. omumente* tende-se a 'ensar em cultura como algo eterno*algo 4'ronto4* +ue influencia o su)eito. ssa "iso redu3 o 'a'el das forasculturais* +ue so 'ro'riamente formati"as* e negligencia o fato de +ue aindi"iduao se d0 dinamicamente no en"ol"imento em 'r0ticas sociais.

    Para igotsi $=>>H&* a formao indi"idual se d0 em rela/es +ue se "inculam* em'rimeiro momento* 5 estrutura social de coleti"os* referente ao cam'o inter'essoal*e* em outro momento* 5 estrutura social da 'ersonalidade* referente ao cam'ointra'essoal. inda +ue a nature3a de tais estruturas se)a a mesma* < fundamentalreconhecer +ue os modos de o'erar so distintos. Isso fundamenta a afirmao de+ue os 'rocessos mentais so +uase sociais: 4a relao entre as fun/es'sicolgicas su'eriores foi outrora relao real entre 'essoas4 $igotsi* BCCC* '.BH&.

    organi3ao da "ida humana < da ordem da cultura* +ue < constru2da etransformada nas 'r0ticas sociais ao longo do tem'o. Aogo* < im'rescind2"elconsiderar sua dimenso histrica. m suma* a cultura emerge da sociabilidade

    humana e* esta* 'or sua "e3* < condicionada historicamente. as duas dimens/es*histrica e cultural* 'odem ser concebidas somente no entrelaamento com'rocessos semiticos* como discute Pino $BCCC&.

    Dada a centralidade atribu2da ao signo e* em es'ecial* 5 'ala"ra* torna-se crucial a+uesto dos discursos en"ol"idos nos encontros humanos. onforme 'ro'osi/es de;ahtin $=>>J* '. K=L&* cada su)eito assimila discursos +ue circulam no gru'o sociale* em seus di3eres* ecoa as "o3es de outros nesse sentido* o +ue < dito 4est0re'leto dos ecos e lembranas de outros enunciados4* e cada enunciado relaciona-se inesca'a"elmente com outros* 'ois 4refuta-os* confirma-os* com'leta-os*baseia-se neles* su'/e-nos conhecidos e* de um modo ou de outro* conta comeles4. demais* o autor argumenta* todo discurso < determinado tamb?L&. Por essa ra3o* como lembra Freitas $BCCB* '. B>&* os discursosconstroem 4uma "erdadeira tessitura da "ida social4.

    onsiderando as 'ro'osi/es mencionadas* neste trabalho buscamos contribuir'ara a com'reenso das condi/es de formao de 'essoas surdas e* maises'ecificamente* tomamos como foco suas e'eri1ncias de insero e 'artici'aoem algumas esferas de ati"idade da "ida do dia-a-dia. Pelas refer1ncias tericasassumidas* entendemos +ue a constituio de su)eitos surdos de'ende menos da

    condio orgEnica em si e mais dos modos 'elos +uais as rela/es sociais soconstru2das ou significadas* frente a caracter2sticas +ue configuram sua diferena* edos modos 'elos +uais essa diferena < falada* olhada e )ulgada* em situa/es demaior ou menor acolhimento.

    Caracteri-a+,o do estudo

    ( estudo en"ol"eu entre"istas e tomou 'or base uma escuta dos 'r'rios surdos*=5 semelhana de outras 'es+uisas +ue t1m abordado e'eri1ncias escolares e

    outras e'eri1ncias de "ida desses su)eitos $'or eem'lo* 6ou3a* =>>? #oura*BCCC&.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622006000200007&lng=pt&nrm=iso&userID=-2#nt01http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-32622006000200007&lng=pt&nrm=iso&userID=-2#nt01
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    situao de entre"ista no de"e ser "ista como uma sim'les alternEncia de'erguntas e res'ostas* uma "e3 +ue o su)eito* ao se e'ressar* re-elabora suase'eri1ncias de "ida e d0 'istas sobre as condi/es +ue as 'rodu3iram. Freitas$BCCB* '. B>&* a'oiando-se em formula/es de ;ahtin* indica +ue 4na entre"ista K. [ Links]

    A(DI* ..;.A leitura como espao discursivo de construo de sentidos( oficinascom surdos. BCC. B?Bf. 8ese $Doutorado em Aing72stica 'licada e studos daAinguagem& Pontif2cia !ni"ersidade atlica de 6o Paulo* 6o Paulo. [ Links]

    #NI%* .N. Educao e promoo da sa)de: um olhar 'ara as condi/es de "idado su)eito surdo e sua formao social. BCC. =B?f. Dissertao $mestrado& Faculdade de ducao da !ni"ersidade #etodista de Piracicaba* Piracicaba. [ Links]

    #(!N* #.. * surdo caminhos 'ara uma no"a identidade. Nio de Oaneiro:Ne"inter* BCCC. [ Links]

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    IG(86VI* A.6. Ae" 6. igotsi: o manuscrito de =>B>. Educao + !ociedade*am'inas* ". B=* n. J=* '. B=-* )un. BCCC. [ Links]

    Necebido em outubro de BCCH e a'ro"ado em fe"ereiro de BCCL.

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