A expressividade na Performance de Paulo Moura

3
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE MÚSICA BACHARELADO EM MÚSICA POPULAR ESCUTANDO PAULO MOURA CLIFF KORMAN - RENATO FROSSARD A Expressividade na Performance de Paulo Moura Paulo Moura, clarinetista e saxofonista brasileiro, nasceu em 15 de julho de 1932, na Cidade de São José do Rio Preto, São Paulo, e faleceu em 2010, no Rio de Janeiro. Além de intérprete de obras famosas, tanto populares quanto eruditas, Paulo também foi compositor, arranjador e maestro. De acordo com o Instituto Paulo Moura, o artista criou trios, quartetos, heptetos, pequenas orquestras populares, bandas de jazz, além de reinventar o som da gafieira. Graças ao seu talento e curiosidade, bem como seu início precoce no estudo da música, Paulo desenvolveu uma técnica e uma habilidade fenomenais, sendo capaz de executar com destreza tudo aquilo que se propunha a tocar. Porém, o que mais marcava suas performances era a maneira como ele reinventava as peças que executava e a forma como conseguia se movimentar por vários estilos, sempre com muita qualidade. Paulo usava e abusava da expressividade em suas performances, o que fazia com que a música produzida por ele fosse nada monótona ou entediante. Ao contrário, sua música, que pode ser considerada atual até os dias de hoje, é muito agradável de se ouvir, pois paulo sempre fugia do comun, e utilizava-se de sua incrível técnica e conhecimento para incluir ornamentos e marcas de expressividade em tudo que tocava. Além disso, era improvisador e tinha uma grande facilidade para mudar a melodia da música, sem contudo perder a idéia central do tema ou a identidade da peça. É sobre essa expressividade que este trabalho pretende discorrer. Será feita uma breve análise dos recursos mais utilizados pelo músico em sua performance, sobre sua recorrência e frequência e será verificado se há recorrência da utilização de tais recursos em mais de uma peça executada pelo músico. Começaremos por analisar o uso de diferentes articulações pelo músico. Paulo alternava as articulações, hora usando ataque em todas as notas (staccato), ora ligando as mesmas (legato). No Trecho abaixo, da música Tarde de Chuva, podemos ver essa variação.

description

Trabalho academico sobre Paulo Moura

Transcript of A expressividade na Performance de Paulo Moura

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE MSICA

ESCUTANDO PAULO MOURA

Professor: Cliff Korman

ALUNO: Renato Frossard

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE MSICA

ESCUTANDO PAULO MOURA

Professor: Cliff Korman

ALUNO: Renato Frossard

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

ESCOLA DE MSICA

BACHARELADO EM MSICA POPULAR

ESCUTANDO PAULO MOURA

CLIFF KORMAN - RENATO FROSSARD

A Expressividade na Performancede Paulo Moura

Paulo Moura, clarinetista e saxofonista brasileiro, nasceu em 15 de julho de 1932, na Cidade de So Jos do Rio Preto, So Paulo, e faleceu em 2010, no Rio de Janeiro. Alm de intrprete de obras famosas, tanto populares quanto eruditas, Paulo tambm foi compositor, arranjador e maestro. De acordo com o Instituto Paulo Moura, o artista criou trios, quartetos, heptetos, pequenas orquestras populares, bandas de jazz, alm de reinventar o som da gafieira. Graas ao seu talento e curiosidade, bem como seu incio precoce no estudo da msica, Paulo desenvolveu uma tcnica e uma habilidade fenomenais, sendo capaz de executar com destreza tudo aquilo que se propunha a tocar. Porm, o que mais marcava suas performances era a maneira como ele reinventava as peas que executava e a forma como conseguia se movimentar por vrios estilos, sempre com muita qualidade.Paulo usava e abusava da expressividade em suas performances, o que fazia com que a msica produzida por ele fosse nada montona ou entediante. Ao contrrio, sua msica, que pode ser considerada atual at os dias de hoje, muito agradvel de se ouvir, pois paulo sempre fugia do comun, e utilizava-se de sua incrvel tcnica e conhecimento para incluir ornamentos e marcas de expressividade em tudo que tocava. Alm disso, era improvisador e tinha uma grande facilidade para mudar a melodia da msica, sem contudo perder a idia central do tema ou a identidade da pea. sobre essa expressividade que este trabalho pretende discorrer. Ser feita uma breve anlise dos recursos mais utilizados pelo msico em sua performance, sobre sua recorrncia e frequncia e ser verificado se h recorrncia da utilizao de tais recursos em mais de uma pea executada pelo msico.Comearemos por analisar o uso de diferentes articulaes pelo msico. Paulo alternava as articulaes, hora usando ataque em todas as notas (staccato), ora ligando as mesmas (legato). No Trecho abaixo, da msica Tarde de Chuva, podemos ver essa variao. TARDE DE CHUVA

No exemplo, vemos que, embora o desenho meldico dos dois trechos seja semelhante, no primeiro foi usada uma articulao com legato, ao passo que no segundo, no h indicao de ligadura, devendo ser, portanto, executado com ataque em cada nota. Segundo depoimentos sobre Paulo, muitas vezes ele escrevia os improvisos e ornamentos que faria, e tocava como estava escrito. Assim, podemos supor que, no caso acima, ele faria o primeiro trecho com as ligaduras, enquanto atacaria todas as notas no segundo. Alis, podemos dizer que esse recurso de tocar as notas ligadas era um dos mais usados por Paulo Moura. Pode-se at dizer que fazia parte do estilo do dele ligar todas as notas, principalmente em sequncias rpidas de escalas ou arpejos ou algo parecido. Outra pea executada por Paulo que nos permite perceber o uso deste recurso a msica Mistura e Manda. Nesta pea, Paulo toca utiliza o legato sempre que possvel, ou seja, em quase todas as sequncias rpidas de notas, chegando a ligar frases inteiras. Ele tambm utiliza ataque em outras sequncias, como forma de variar a sonoridade. Outro recurso usado por Paulo com frequncia o recurso de glissando. O msico aproveitava-se das caractersticas da clarineta e do saxofone, explorando a facilidade que estes instrumentos tm para emitir esse som. Geralmente, esse recurso era empregado pelo msico em finais de frase. Na pea Mistura e Manda um artifcio frequentemente usado, em geral nos finais de frases. Tambm possvel ouvir o glissando em vrias outras peas interpretadas pelo instrumentista como Tarde de Chuva, A Beno, Ingnuo, entre outras. Podemos considerar que esse era um recurso que Paulo utilizava para com frequncia enriquecer sua performance e criar novas sonoridades, mesmo que no estivesse indicado na partitura dessa ou daquela pea, mas podendo ser utilzada sempre que o msico achasse que cabia sua utilizao.Paulo ainda utilizava vrios outros recursos para enriquecer a msica que produzia, valendo-se de sua supremacia tcnica. Por conhecer muito bem os instrumentos que tocava e domin-los incrivelmente bem, fazia uso de todos os recursos sonoros dos mesmos, utilizando ornamentos como apojaturas, grupetos, portamentos, etc.