A FAIANÇA PORTUGUESA

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A FAIANÇA PORTUGUESA A cerâmica portuguesa tem as suas mais profundas raízes nas culturas megalíticas de milênios e que ocuparam o Ocidente da Península Ibérica. Quem se debruça sobre a nossa olaria encontra nela vestígios dos antepassados romanos, árabes, visigodos e celtas. Tanto os métodos de produção como os elementos decorativos e as próprias características das formas e função dos objetos são testemunhos irrefutáveis da sua origem. Já as citações de Garcia de Resende, Gil Vicente e Camões e dos cronistas da era de quinhentos atestam a evidência destes fatos. No início do Séc. XVI começam a aparecer provas documentais da existência das cerâmicas vidradas, mais propriamente das faianças portuguesas. Em meados do Séc. XVII assistimos ao aparecimento de louça muito desenhada, de muitas pequenas figuras, paisagens, fauna, flora e construções de tipo chinês, decorações estas que constituíram mais um motivo ornamental que passou a ser conhecido por «desenho miúdo». No final do Séc. XVII inicia-se na Holanda a manufatura da faiança, que vem substituir a Majólica, indo buscar temas diretos à porcelana da China, importada pela Real Companhia das Índias Holandesas. Assiste-se, então, ao aparecimento de notáveis manufaturas de faiança em Roterdã, Amsterdã, Antuérpia, Frislândia e principalmente, em Delft. Mas não foram só as faianças européias as influenciadas pelos motivos das porcelanas chinesas. Também e, por sua vez, as de origem chinesa começaram a ser influenciadas pela cerâmica não só portuguesa mas também pelas de outras origens e que iam nas naus de Portugal para essas longínquas paragens. E não eram só as naus que serviam de intermediários. Eram, também as caravanas que se abaiançavam a atingir a China, percorrendo as Rotas de Prestes João e Marco Polo, com o aliciante das especiarias e das sedas orientais. Desta comercialização sempre crescente nasceria, sem dúvida, um intercâmbio com fortes repercussões nos costumes e também nas artes,

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A FAIANÇA PORTUGUESA

A cerâmica portuguesa tem as suas mais profundas raízes nas culturas megalíticas de milênios e que ocuparam o Ocidente da Península Ibérica. Quem se debruça sobre a nossa olaria encontra nela vestígios dos antepassados romanos, árabes, visigodos e celtas. Tanto os métodos de produção como os elementos decorativos e as próprias características das formas e função dos objetos são testemunhos irrefutáveis da sua origem. Já as citações de Garcia de Resende, Gil Vicente e Camões e dos cronistas da era de quinhentos atestam a evidência destes fatos.

No início do Séc. XVI começam a aparecer provas documentais da existência das cerâmicas vidradas, mais propriamente das faianças portuguesas.

Em meados do Séc. XVII assistimos ao aparecimento de louça muito desenhada, de muitas pequenas figuras, paisagens, fauna, flora e construções de tipo chinês, decorações estas que constituíram mais um motivo ornamental que passou a ser conhecido por «desenho miúdo». No final do Séc. XVII inicia-se na Holanda a manufatura da faiança, que vem substituir a Majólica, indo buscar temas diretos à porcelana da China, importada pela Real Companhia das Índias Holandesas. Assiste-se, então, ao aparecimento de notáveis manufaturas de faiança em Roterdã, Amsterdã, Antuérpia, Frislândia e principalmente, em Delft. Mas não foram só as faianças européias as influenciadas pelos motivos das porcelanas chinesas. Também e, por sua vez, as de origem chinesa começaram a ser influenciadas pela cerâmica não só portuguesa mas também pelas de outras origens e que iam nas naus de Portugal para essas longínquas paragens. E não eram só as naus que serviam de intermediários. Eram, também as caravanas que se abaiançavam a atingir a China, percorrendo as Rotas de Prestes João e Marco Polo, com o aliciante das especiarias e das sedas orientais. Desta comercialização sempre crescente nasceria, sem dúvida, um intercâmbio com fortes repercussões nos costumes e também nas artes, principalmente nas decorativas. Foi principalmente nestas que se exerceu a influência do Oriente.

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A escola de Faenza ganhou tanta celebridade que deu seu nome a todos os objetos de cerâmica que, da Itália, se difundiam pela Europa: daí o nome faiança em português, e o faience, lembrando o nome da cidade Romana. As cerâmicas de Faenza e a Maiólica são muito parecidas, sendo muito difícil distinguir uma da outra. Esse tipo de cerâmica branca denominada de Maiólica tem a superfície lisa e vidrada. Seu nome deriva de uma ilha do arquipélago das Baleares (hoje Majorca), onde os árabes haviam implantado uma indústria bastante florescente. Em Sévres e em Capodimonte, são fabricadas graciosas e delicadas estatuetas que, às vezes, assumem excepcional valor artístico pela perfeição do acabamento ou pela raridade do desenho.

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Pratos Faiança Portuguesa - Séc. XVII

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