Impactos sociais das políticas públicas Neoliberais e Pós-Neoliberais
A Falta de Imaginação Dos Neoliberais 17 05 2011
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Transcript of A Falta de Imaginação Dos Neoliberais 17 05 2011
Matéria
A Falta de imaginação dos neoliberais
Nunca me esqueci de uma frase que ouvi quando seminarista em Recife do já
saudoso pastor presbiteriano João Campos (tem um ainda vivo com este mesmo nome e que
mora em São Paulo): "Seja um jovem prá frente, mas não deixe Jesus para trás". Acho que
ele, sem saber, resumiu num nutshell o segredo de ser progressista sem ser liberal e a razão
pela qual falta imaginação aos teólogos neoliberais.
Quem pensa que a teologia conservadora cristã (de Agostinho a Calvino, e de lá,
passando pelos puritanos, aos calvinistas modernos) já disse tudo o que se podia dizer sobre
a Trindade, por exemplo, e que não resta mais nada a não ser conservar o dogma da
Trindade e batalhar pela fé que uma vez por todas foi dada aos santos, deveria ler John
Frame e Vern Poythress para ver como teólogos conservadores podem ser prá frente sem
deixar Jesus para trás. Ambos são apologistas de Westminster e aplicaram de forma criativa
a doutrina da Trindade à hermenêutica e à apologética, continuando a visão seminal de
Cornelius Van Til. Sem romper com os pressupostos históricos e bíblicos acerca da
natureza Triúna do único Deus, abriram novos horizontes quanto às implicações dessa Tri
unidade em disciplinas correlatas.
O problema dos neoliberais, à semelhança dos velhos teólogos liberais do passado, é
que pensam que só podem ir em frente se romperem radicalmente com tudo o que ficou
para trás. Acreditam que o conhecimento só avança com a mudança dos fundamentos sobre
os quais se ergueu o edifício de toda a teologia antes deles. Se lessem Nancey Pearson e
outros historiadores evangélicos da ciência, veriam que os avanços da ciência moderna se
deram, não com a descoberta de fatos novos que invalidaram os antigos, mas com uma
mudança de atitude para com os mesmos fatos de antes.
É preciso mais imaginação e criatividade para ser progressista na teologia sem
abandonar os pressupostos cristãos históricos do que simplesmente jogar o passado fora e
recomeçar. O que virá dai nem será algo novo e muito menos cristão, uma vez que as linhas
mestras foram abandonadas.
O que a teologia brasileira precisa não é uma crise de rompimento radical com tudo
que veio antes. Não queremos reinventar a roda. Mas precisa de imaginação e criatividade
para erguer um edifício novo sobre o firme fundamento já lançado pelos antigos. Ser
teólogos prá frente sem deixar Jesus para trás.
Autor: Augustus Nicodemus Lopes
Matéria extraída do site CACP A Falta de imaginação dos neoliberais