A família PONTUAÇÃO
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Esta história passou-se há muitos anos no tempo em que uma menina
ajuizada não namorava sem licença do papá.
Era uma vez uma menina ajuizada:
Chamava-se Vírgula. Gostava de passear, devagarinho, e… parar de
vez em quando (para ver as montras…).
Ora um dia, num dos seus passeios, apareceu um cavalheiro muito
simpático e elegante no seu chapéu de coco: sempre que a menina Vírgula
parava, ele parava também, tirava o seu chapéu e ficava a olha-la
demoradamente.
Foi numa dessas pausas que acabou por meter conversa e…
(imaginem só!) pedir ali mesmo a mão da menina Vírgula!
Claro que esta disse logo: “ Não resolvo nada sem primeiro falar com
o meu pai, o senhor Travessão.”
E o senhor Ponto e Vírgula (era o nome desse cavalheiro), lá foi.
O pai da menina Vírgula, um senhor muito respeitável e, como guarda
que era do “JARDIM DAS PALAVRAS”, fez uma cara de poucos amigos.
Mas quando ouviu o nome do cavalheiro, afirmou:
- Ponto e Vírgula? É como se chama? Bem… parece que foi feito para
a minha filha! Realmente deve ser o marido ideal para ela.
…E de facto o senhor Ponto e Vírgula acabou mesmo por casar com a
agora, Sra. D. virgula.
Tiveram então o seu primeiro filho, um menino rabino e muito
curioso. Imaginem que tinha o hábito de se pôr de pernas para o ar, e
espreitar para debaixo dos móveis!
E puseram-lhe o nome de Ponto de Interrogação.
O segundo filho, como o primeiro, tinha um nome bastante distinto:
chamava-se Ponto de Exclamação.
Era muito mais sossegado que o seu irmão mais velho e ficava tão
admirado com as coisas que este descobria e as perguntas que fazia, que
ele levava o dia a soltar “ohs” e “ahs” de espanto.
E foi então que a D. Vírgula deu à luz um lindo par de gémeos.
Andavam sempre a lutar um com o outro (ambos queriam sempre
ficar por cima!...), mas eram tão cómicos que toda a gente concordava em
afirmar:
-“ Aquilo são mesmo Dois Pontos!!...”
Mas a D. Vírgula estava a ficar cansada com a confusão dos seus
rapazes.
“Se tivesse ao menos uma rapariga”, comentava, “assim sempre
poderia ajudar-me na lida da casa…”
E se bem o pensou, melhor o consegui: teve logo gémeas, três
gémeas duma vez.
Eram iguais, como gotinhas de água, e muito sossegadinhas! Como
não se distinguiam uma das outras, receberam o nome de “manas
Reticências ”. Como eram tímidas e um pouco indecisas, só sabiam andar
juntas.
Mas toda a gente gostava delas e, quando partiam não eram
facilmente esquecidas: deixavam sempre um resto na memória de todos…
Foi então que o Sr. Ponto e Vírgula disse para mulher:
- Ponto Final !!!
E foi então que nasceu o menino mais novo da família pontuação, o
Ponto Final. Ora este menino recebeu tanto mimo dos pais, que se tornou
um pouco antipático, guloso, tornou-se redondo que nem uma bola e um
pouco egoísta.
Os outros afastavam-se (pena que uma família tão simpática tenha
educado tão mal o seu último filho).
Mas enfim. Nós não temos nada com isso. E também não queremos
ser más línguas… portanto, ponto final no assunto.