A Fé de George W Bush

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De tempo devocional sozinho a cada manhã até seu frequente uso das Escrituras em seus discursos, o presidente se deleita na fé para direcionar suas ações e objetivos. A fé de George W. Bush reconta a conversão de Bush ao cristianismo em 1986, quando ele superou uma crescente dependência do álcool ao se voltar para a Bíblia para salvar seu casamento e sua família. Da tragédia de 11 de setembro ao conflito no Iraque, o Presidente Bush aprendeu a usar sua fé para ajudar a si mesmo a viver sua vida pública e privada. Este livro revelador inspirará outros a fazerem o mesmo.

Transcript of A Fé de George W Bush

ISBN: 978-85-61411-66-4

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Stephen Mansfield

gA Fé

de

George W. Bush

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Stephen Mansfield

gA Fé

de

George W. Bush

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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:© 2010, BV Films Editora Ltdae-mail: [email protected] Visconde de Itaboraí, 311 – Centro – Niterói – RJCEP: 24.030-090 – Tel.: 21-2127-2600www.bvfilms.com.br / www.bvmusic.com.br

É expressamente proibida a reprodução deste livro, no seu todo ou em parte, por quaisquer meios, sem o devido consentimento por escrito.

Copyright © 2003,2004 by Stephen MansfieldOriginalmente publicado em inglês por Charisma HouseLake Mary, Florida, USAThe Faith of George W. BushAll Rights Reserved

Translated and used by permission of Strang Communications Company.

Editor Responsável: Claudio RodriguesCoeditor: Thiago RodriguesAdaptação capa e editoração: GuilTradução: Marco Antonio CoelhoRevisão de Texto: Ariana Fátima C. Baptista Stella Rodrigues Rosemberg Christiano Titoneli Santana Foto da Capa copyright © Reuters NewMedia Inc.Design Capa: Judith McKittrickAutor da Foto copyright © Ben PearsonDesign Interior: Terry Clifton

ISBN: 978-85-61411-66-41ª edição – Março/2011Impressão: PromoveClassificação: Moral Cristã e Teologia Devocional

Available in other languages from Strang Communications, 600 Rinehart Road, Lake Mary, FL 32746 USA, Fax Number 407-333-7100 www.strang.com.

Impresso no Brasil

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Ao TenenTe Coronel eldon l. MAsnfield,

exérCiTo dos esTAdos Unidos dA AMériCA (AposenTAdo)

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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por:© 2010, BV Films Editora Ltdae-mail: [email protected] Visconde de Itaboraí, 311 – Centro – Niterói – RJCEP: 24.030-090 – Tel.: 21-2127-2600www.bvfilms.com.br / www.bvmusic.com.br

É expressamente proibida a reprodução deste livro, no seu todo ou em parte, por quaisquer meios, sem o devido consentimento por escrito.

Copyright © 2003,2004 by Stephen MansfieldOriginalmente publicado em inglês por Charisma HouseLake Mary, Florida, USAThe Faith of George W. BushAll Rights Reserved

Translated and used by permission of Strang Communications Company.

Editor Responsável: Claudio RodriguesCoeditor: Thiago RodriguesAdaptação capa e editoração: GuilTradução: Marco Antonio CoelhoRevisão de Texto: Ariana Fátima C. Baptista Stella Rodrigues Rosemberg Christiano Titoneli Santana Foto da Capa copyright © Reuters NewMedia Inc.Design Capa: Judith McKittrickAutor da Foto copyright © Ben PearsonDesign Interior: Terry Clifton

ISBN: 978-85-61411-66-41ª edição – Março/2011Impressão: PromoveClassificação: Moral Cristã e Teologia Devocional

Available in other languages from Strang Communications, 600 Rinehart Road, Lake Mary, FL 32746 USA, Fax Number 407-333-7100 www.strang.com.

Impresso no Brasil

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Ao TenenTe Coronel eldon l. MAsnfield,

exérCiTo dos esTAdos Unidos dA AMériCA (AposenTAdo)

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Índice

inTrodUção ..................................................................... ix

1. UM fArdo A levAr ......................................................... 1

2. e lUTAr CorAjosAMenTe ............................................... 19

3. os Anos nôMAdes ....................................................... 45

4. dos hoMens e dAs seMenTes de MosTArdA .................... 65

5. “MinhA fé Me liberTA” ................................................. 85

6. pArA edifiCAr UMA CAsA de fé ..................................... 119

7. UM novo diA dA infâMiA ........................................... 145

8. bUsh livre ................................................................. 167

epílogo: pArA servir A ATUAl gerAção ........................... 189

AgrAdeCiMenTos ........................................................... 197

noTAs ........................................................................... 201

índex ............................................................................ 219

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Índice

inTrodUção ..................................................................... ix

1. UM fArdo A levAr ......................................................... 1

2. e lUTAr CorAjosAMenTe ............................................... 19

3. os Anos nôMAdes ....................................................... 45

4. dos hoMens e dAs seMenTes de MosTArdA .................... 65

5. “MinhA fé Me liberTA” ................................................. 85

6. pArA edifiCAr UMA CAsA de fé ..................................... 119

7. UM novo diA dA infâMiA ........................................... 145

8. bUsh livre ................................................................. 167

epílogo: pArA servir A ATUAl gerAção ........................... 189

AgrAdeCiMenTos ........................................................... 197

noTAs ........................................................................... 201

índex ............................................................................ 219

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Da nossa vida, em meio da jornada,Achei-me numa selva tenebrosa,

Tendo perdido a verdadeira estrada.

Dizer qual era a cousa tão penosa,Desta brava espessura a asperidade,Que a memória a relembra inda cuidosa.

Na morte há pouco mais de acerbidade;Mas para o bem narrar lá deparadoDe outras cousas que vi, direi verdade.

dAnTe Alighieri

A divinA CoMédiA (CAnTo 1, 1-9)TrAdUção de José Pedro Xavier Pinheiro.

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Da nossa vida, em meio da jornada,Achei-me numa selva tenebrosa,

Tendo perdido a verdadeira estrada.

Dizer qual era a cousa tão penosa,Desta brava espessura a asperidade,Que a memória a relembra inda cuidosa.

Na morte há pouco mais de acerbidade;Mas para o bem narrar lá deparadoDe outras cousas que vi, direi verdade.

dAnTe Alighieri

A divinA CoMédiA (CAnTo 1, 1-9)TrAdUção de José Pedro Xavier Pinheiro.

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Uma grande autoridade: George W. Bush curva sua cabeça em oração antes de falar durante um culto na Segunda Igreja Batista

em Houston, Texas, no domingo, 7 de março de 1999.

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INTRODUÇÃO

É muito cedo para saber como a história julgará a pre-sidência de George W. Bush. Supor o legado de um presidente em exercício é um jogo perigoso. Afinal de

contas, a história é uma senhora misteriosa que muitas vezes comporta-se mal, tendo prazer em ir contra os padrões; pou-cas vezes isto é tão evidente quanto na política americana.

Ainda assim, o passado irradia luz suficiente para permi-tir algumas certezas. Nós podemos estar certos, por exem-plo, de que a história se lembrará deste presidente através do paralelo de John Quincy Adams. De que nosso atual presi-dente é o filho de um antigo chefe-executivo que sempre será discutido à luz de John Adams, nosso segundo presidente, tendo sido pai do sexto presidente americano. A memória histórica ama os paralelos simples, e esta é muito tentadora para se rejeitar.

ix

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Uma grande autoridade: George W. Bush curva sua cabeça em oração antes de falar durante um culto na Segunda Igreja Batista

em Houston, Texas, no domingo, 7 de março de 1999.

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INTRODUÇÃO

É muito cedo para saber como a história julgará a pre-sidência de George W. Bush. Supor o legado de um presidente em exercício é um jogo perigoso. Afinal de

contas, a história é uma senhora misteriosa que muitas vezes comporta-se mal, tendo prazer em ir contra os padrões; pou-cas vezes isto é tão evidente quanto na política americana.

Ainda assim, o passado irradia luz suficiente para permi-tir algumas certezas. Nós podemos estar certos, por exem-plo, de que a história se lembrará deste presidente através do paralelo de John Quincy Adams. De que nosso atual presi-dente é o filho de um antigo chefe-executivo que sempre será discutido à luz de John Adams, nosso segundo presidente, tendo sido pai do sexto presidente americano. A memória histórica ama os paralelos simples, e esta é muito tentadora para se rejeitar.

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A Fé de George W. Bush

x

Também não podemos duvidar que este presidente será lembrado como homem que governava a Casa Branca em 11 de setembro de 2001. Os atos terroristas sem precedentes naquele dia, e a subsequente invasão do Afeganistão e do Iraque constituirão uma grande parte do legado de Bush, não importa o que mais ele faça. Mesmo tendo morrido poucas semanas após Pearl Harbor, Franklin Roosevelt ainda será lembrado como o presidente de 7 de dezembro de 1941, pelo discurso “Dia da Infâmia” e por suas ações imediatas após o ataque japonês. Assim também será com George W. Bush.

Há também uma outra provável figura central do legado de George W. Bush que, surpreendentemente, não é muito preliminar em sua presidência para ser levada a sério. É a questão da sua fé religiosa e suas tentativas de integrar a fé como um todo na política pública americana. É aqui que aparece uma das características mais exclusivas da presidên-cia de Bush e, possivelmente, um dos assuntos mais defini-tivos de nosso tempo.

George W. Bush entrou na presidência ressoando, sem ne-nhum constrangimento, um tom religioso. Em seu primeiro dia no ofício, ele convocou um dia de oração e cortou os gastos federais com o aborto. Ele fala de ter sido chamado à presidência por um Deus que governa os interesses dos homens e dos Estados Unidos, devendo sua origem à pro-vidência divina. Os americanos tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre a conversão do presidente, sua vida de oração, qual Bíblia ele lê, qual devocional ele usa e quem são suas influências espirituais, mais do que souberam de

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Introdução

xi

qualquer outro presidente. Em nenhuma outra administra-ção da Casa Branca, houve tantos estudos bíblicos semanais e encontros de oração, e nunca os líderes religiosos foram tão bem recebidos.

Ele compartilhou as Escrituras com o primeiro-ministro da Inglaterra, discutiu a cruz com o presidente da Rússia, ajoelhou-se em oração com o presidente da Macedônia e disse ao líder da Turquia que os dois se dariam bem, por-que ambos acreditavam no “Todo-poderoso”.¹ Além disso, o Presidente Bush tem tentado usar a fé e as instituições baseadas nela para resolver os problemas da América de uma forma nova na recente memória americana; e se lhe for per-mitido um segundo mandato, poderá trazer uma transfor-mação na política social americana.

A jornada pessoal de fé de Bush é uma estrada sinuosa, não incomum em uma era de explosão de espiritualidade. Ele frequentou as igrejas Episcopal e Presbiteriana até que se casou e, pela influência de sua esposa, se tornou metodista. As sementes de fé foram plantadas, e ele viveu o que chama de “comoção”, mas não houve nenhum momento único de despertar espiritual. Então vieram as falhas nos negócios, os tempos de excessivo consumo de bebidas, e um casamento que começava a demonstrar sinais de tensão. Ao se aproxi-mar da meia-idade, ele fez a então famosa caminhada numa praia de Maine com Billy Graham, que perguntou se ele es-tava “bem com Deus”. Ele não estava e sabia disso, mas seu tempo com Graham fê-lo ciente dessa necessidade. Bush se juntou a um grupo de estudos bíblicos para homens de ne-gócios em Midland, e, em pouco tempo, seus amigos nota-ram algo de diferente nele. Perguntado durante a campanha presidencial quem era o seu filósofo favorito, ele rapidamen-

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Também não podemos duvidar que este presidente será lembrado como homem que governava a Casa Branca em 11 de setembro de 2001. Os atos terroristas sem precedentes naquele dia, e a subsequente invasão do Afeganistão e do Iraque constituirão uma grande parte do legado de Bush, não importa o que mais ele faça. Mesmo tendo morrido poucas semanas após Pearl Harbor, Franklin Roosevelt ainda será lembrado como o presidente de 7 de dezembro de 1941, pelo discurso “Dia da Infâmia” e por suas ações imediatas após o ataque japonês. Assim também será com George W. Bush.

Há também uma outra provável figura central do legado de George W. Bush que, surpreendentemente, não é muito preliminar em sua presidência para ser levada a sério. É a questão da sua fé religiosa e suas tentativas de integrar a fé como um todo na política pública americana. É aqui que aparece uma das características mais exclusivas da presidên-cia de Bush e, possivelmente, um dos assuntos mais defini-tivos de nosso tempo.

George W. Bush entrou na presidência ressoando, sem ne-nhum constrangimento, um tom religioso. Em seu primeiro dia no ofício, ele convocou um dia de oração e cortou os gastos federais com o aborto. Ele fala de ter sido chamado à presidência por um Deus que governa os interesses dos homens e dos Estados Unidos, devendo sua origem à pro-vidência divina. Os americanos tiveram a oportunidade de conhecer mais sobre a conversão do presidente, sua vida de oração, qual Bíblia ele lê, qual devocional ele usa e quem são suas influências espirituais, mais do que souberam de

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qualquer outro presidente. Em nenhuma outra administra-ção da Casa Branca, houve tantos estudos bíblicos semanais e encontros de oração, e nunca os líderes religiosos foram tão bem recebidos.

Ele compartilhou as Escrituras com o primeiro-ministro da Inglaterra, discutiu a cruz com o presidente da Rússia, ajoelhou-se em oração com o presidente da Macedônia e disse ao líder da Turquia que os dois se dariam bem, por-que ambos acreditavam no “Todo-poderoso”.¹ Além disso, o Presidente Bush tem tentado usar a fé e as instituições baseadas nela para resolver os problemas da América de uma forma nova na recente memória americana; e se lhe for per-mitido um segundo mandato, poderá trazer uma transfor-mação na política social americana.

A jornada pessoal de fé de Bush é uma estrada sinuosa, não incomum em uma era de explosão de espiritualidade. Ele frequentou as igrejas Episcopal e Presbiteriana até que se casou e, pela influência de sua esposa, se tornou metodista. As sementes de fé foram plantadas, e ele viveu o que chama de “comoção”, mas não houve nenhum momento único de despertar espiritual. Então vieram as falhas nos negócios, os tempos de excessivo consumo de bebidas, e um casamento que começava a demonstrar sinais de tensão. Ao se aproxi-mar da meia-idade, ele fez a então famosa caminhada numa praia de Maine com Billy Graham, que perguntou se ele es-tava “bem com Deus”. Ele não estava e sabia disso, mas seu tempo com Graham fê-lo ciente dessa necessidade. Bush se juntou a um grupo de estudos bíblicos para homens de ne-gócios em Midland, e, em pouco tempo, seus amigos nota-ram algo de diferente nele. Perguntado durante a campanha presidencial quem era o seu filósofo favorito, ele rapidamen-

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te respondeu com a frase que entrou para a história: “Cristo, porque Ele mudou meu coração”.²

Apesar disso, o Cristo de Bush governa o mundo, assim como o coração. Ele é, como Bush atesta em sua autobiogra-fia, o autor de um “plano divino que supera todos os planos humanos”.³ Como o presidente eleito disse em seu discurso inaugural, é Deus quem “preenche o tempo e a eternidade com Seu propósito”.4 O indivíduo é obrigado a este pro-pósito, assim como o Estado. E como o governo cumpre o propósito de Deus? A resposta de Bush não é clara, mas a implicação – aquela que preocupa aqueles que desejam pre-servar uma separação maior entre a Igreja e o Estado – é que as instituições da fé “têm um lugar de honra em nossos pla-nos e em nossas leis”.5 Se a presidência é um “púlpito agra-dável”, como declarou Teddy Roosevelt, ninguém na história recente utilizou mais aquele púlpito para o papel da religião no governo como o quadragésimo terceiro presidente.

Todavia, Bush resistiu ao papel de “Pregador no Comando”, e seus enunciados muitas vezes pareciam esconder sua própria marca de fé evangélica. Depois de uma semana dos ataques terroristas em 11 de setembro em Nova York e Washington, o presidente falou em um Centro Islâmico e chamou o islã de uma religião de paz.6 Ele tem hesitado em dizer que Jesus é o único caminho para Deus, embora certa vez tenha expressa-do essa crença para um repórter judeu e inflamado um barril de pólvora de controvérsias. E, para a tristeza de muitos cris-tãos conservadores, ele tentou engajar mesquitas e sinago-gas, assim como as igrejas, em suas iniciativas baseadas na fé.

O foco do presidente na religião originou não somente um debate nacional, mas também toda uma subcultura. E--mails foram espalhados por todo o país, cheios das mais

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Introdução

xiii

modernas lendas urbanas: o presidente visita um hospital e se ajoelha em oração com uma perna mecânica em suas mãos de um soldado condecorado. O presidente observa um estudante desamparado no campus de uma universidade que visitava e fala sobre a fé com o jovem. Ou, negativamente, o presidente está secretamente planejando destruir o muro de Jefferson que separa a Igreja do Estado para edificar a República Televangelística de Seus Sonhos. Sites gritavam em ofensa e aprovação, as Starbucks* ficaram cheias de in-dignação ou alegria motivada pela cafeína, e os programas de entrevistas de rádio trovejavam suas respostas no mercado de ideias.

Sem dúvidas, alguns dos tumultos a respeito da fé de Bush estão enraizados na ignorância da história. Como Harry Truman muitas vezes disse: “Não há nada novo no mundo, exceto aquela história que você não conhece”.7 Não conhecer nossa história faz a fé de Bush parecer estar fora de lugar. Considere a declaração do presidente a respeito do seu sentimento sobre seu chamado: “É como se um tipo de destino tivesse jogado sobre mim este serviço. Eu espero que minha tarefa esteja destinada a responder a algum bom propósito... Eu descansarei, então, confiantemente em Deus, que me preservou e tem sido generoso comigo”.8 Estes são os tipos de sentimentos que Bush muitas vezes expressa em seus discursos. Mas as palavras não são dele. Elas foram es-critas por George Washington a respeito de seus primeiros passos para a liderança há mais de dois séculos.

George W. Bush não foi o único presidente a falar so-bre religião. Todos os presidentes americanos fizeram isso, o que se tornou parte da nossa doutrina nacional. Na primeira metade de nossa história do século primeiro, muitos ameri-*[N.T.: Famosa rede americana de cafeterias.]

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A Fé de George W. Bush

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te respondeu com a frase que entrou para a história: “Cristo, porque Ele mudou meu coração”.²

Apesar disso, o Cristo de Bush governa o mundo, assim como o coração. Ele é, como Bush atesta em sua autobiogra-fia, o autor de um “plano divino que supera todos os planos humanos”.³ Como o presidente eleito disse em seu discurso inaugural, é Deus quem “preenche o tempo e a eternidade com Seu propósito”.4 O indivíduo é obrigado a este pro-pósito, assim como o Estado. E como o governo cumpre o propósito de Deus? A resposta de Bush não é clara, mas a implicação – aquela que preocupa aqueles que desejam pre-servar uma separação maior entre a Igreja e o Estado – é que as instituições da fé “têm um lugar de honra em nossos pla-nos e em nossas leis”.5 Se a presidência é um “púlpito agra-dável”, como declarou Teddy Roosevelt, ninguém na história recente utilizou mais aquele púlpito para o papel da religião no governo como o quadragésimo terceiro presidente.

Todavia, Bush resistiu ao papel de “Pregador no Comando”, e seus enunciados muitas vezes pareciam esconder sua própria marca de fé evangélica. Depois de uma semana dos ataques terroristas em 11 de setembro em Nova York e Washington, o presidente falou em um Centro Islâmico e chamou o islã de uma religião de paz.6 Ele tem hesitado em dizer que Jesus é o único caminho para Deus, embora certa vez tenha expressa-do essa crença para um repórter judeu e inflamado um barril de pólvora de controvérsias. E, para a tristeza de muitos cris-tãos conservadores, ele tentou engajar mesquitas e sinago-gas, assim como as igrejas, em suas iniciativas baseadas na fé.

O foco do presidente na religião originou não somente um debate nacional, mas também toda uma subcultura. E--mails foram espalhados por todo o país, cheios das mais

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Introdução

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modernas lendas urbanas: o presidente visita um hospital e se ajoelha em oração com uma perna mecânica em suas mãos de um soldado condecorado. O presidente observa um estudante desamparado no campus de uma universidade que visitava e fala sobre a fé com o jovem. Ou, negativamente, o presidente está secretamente planejando destruir o muro de Jefferson que separa a Igreja do Estado para edificar a República Televangelística de Seus Sonhos. Sites gritavam em ofensa e aprovação, as Starbucks* ficaram cheias de in-dignação ou alegria motivada pela cafeína, e os programas de entrevistas de rádio trovejavam suas respostas no mercado de ideias.

Sem dúvidas, alguns dos tumultos a respeito da fé de Bush estão enraizados na ignorância da história. Como Harry Truman muitas vezes disse: “Não há nada novo no mundo, exceto aquela história que você não conhece”.7 Não conhecer nossa história faz a fé de Bush parecer estar fora de lugar. Considere a declaração do presidente a respeito do seu sentimento sobre seu chamado: “É como se um tipo de destino tivesse jogado sobre mim este serviço. Eu espero que minha tarefa esteja destinada a responder a algum bom propósito... Eu descansarei, então, confiantemente em Deus, que me preservou e tem sido generoso comigo”.8 Estes são os tipos de sentimentos que Bush muitas vezes expressa em seus discursos. Mas as palavras não são dele. Elas foram es-critas por George Washington a respeito de seus primeiros passos para a liderança há mais de dois séculos.

George W. Bush não foi o único presidente a falar so-bre religião. Todos os presidentes americanos fizeram isso, o que se tornou parte da nossa doutrina nacional. Na primeira metade de nossa história do século primeiro, muitos ameri-*[N.T.: Famosa rede americana de cafeterias.]

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xiv

canos eram religiosos e compreendiam suas vidas e cidades sob termos religiosos. Entretanto, por volta das primeiras décadas do século vinte, a influência da religião entrou em declínio nos Estados Unidos, mas os presidentes ainda fa-lam religiosamente sobre a nação como um sinal de uma memória cristã e como uma tentativa de batizar a cultura americana dos seus dias.

Estudiosos como Robert Bellah e Sidney Mead chama-ram isso de “religião civil”, um tipo de xintoísmo americano, uma tentativa de tecer os ideais americanos na religião secu-lar do Estado.9 Esta é a linguagem da religião despedaçada de seu contexto original e aplicada à experiência americana. Para alguns, isto é idolatria; para outros, um corpo necessário de sentimentos unificadores. Talvez isso seja melhor exempli-ficado pelos discursos de John F. Kennedy, que citou mais passagens da Bíblia em seus discursos do que qualquer outro presidente até então, porém cuidadosamente aplicando seu significado ao americanismo do começo dos anos sessenta.

Desde Kennedy, tivemos presidentes que pareciam pos-suir profundas convicções religiosas além de uma mera reli-gião do Estado. Apesar disso, muitos tiveram dificuldade em permitir que essas convicções preenchessem suas políticas ou, em alguns casos, preenchessem até mesmo suas éticas pessoais. Richard Nixon era um Quaker fervoroso, que se gabava do seu relacionamento com Billy Graham e ainda nos deu a cultura ética de Watergate. Jimmy Carter diz ter nas-cido de novo e até mesmo ensinou na Escola Dominical du-rante seus anos na Casa Branca, ainda que parecesse levantar uma parede de separação entre fé e prática quando se tornou presidente. Ronald Reagan alegava uma fé cristã vital e um sentimento de missão, embora raramente fosse à igreja, e o

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Introdução

xv

interesse de sua esposa por astrologia deixasse muitas pesso-as céticas. E não menor que esses, Bill Clinton, apesar de sé-rios erros cometidos enquanto estava no ofício, alegava não somente ser um crente batista, mas também muitas vezes chorava sem nenhuma vergonha na igreja e falava repetida-mente da necessidade de valores religiosos na vida americana. Claramente, cada um desses homens se apoiava em valores religiosos e acreditava que a América seria um país melhor se os cidadãos fizessem o mesmo.

Ainda assim, raramente algum desses homens tentou apli-car o poder da religião às responsabilidades do governo fede-ral. Eles nunca afirmaram, por exemplo, que a pobreza está relacionada a uma crise de fé e, então, propuseram políticas para a abolição da pobreza que envolvessem instituições re-ligiosas, assim como fez George W. Bush. O estilo deles era mais falar sobre fé na oração do café da manhã, porém buscar soluções nacionais em experimentos pragmáticos ou em ide-ologias de Direita ou Esquerda.

Dessa forma, o que distingue a presidência de George W. Bush não é somente a abertura com a qual ele discutia sua conversão pessoal e vida espiritual, nem simplesmente a intensidade de seus enunciados públicos sobre a fé. Mais do que isso, ele é separado tanto pelo fato de que parece acreditar verdadeiramente no que diz em público sobre religião – quando os americanos estão mais acostumados à falta de sinceridade dos seus líderes – quanto pelo fato de buscar integrar a fé com a política pública, em um nível mais prático.

Esta iniciativa origina-se, certamente, na própria trans-formação espiritual de Bush. Mas há mais do que fervor evangélico, mais do que um homem convertido incapaz de

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A Fé de George W. Bush

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canos eram religiosos e compreendiam suas vidas e cidades sob termos religiosos. Entretanto, por volta das primeiras décadas do século vinte, a influência da religião entrou em declínio nos Estados Unidos, mas os presidentes ainda fa-lam religiosamente sobre a nação como um sinal de uma memória cristã e como uma tentativa de batizar a cultura americana dos seus dias.

Estudiosos como Robert Bellah e Sidney Mead chama-ram isso de “religião civil”, um tipo de xintoísmo americano, uma tentativa de tecer os ideais americanos na religião secu-lar do Estado.9 Esta é a linguagem da religião despedaçada de seu contexto original e aplicada à experiência americana. Para alguns, isto é idolatria; para outros, um corpo necessário de sentimentos unificadores. Talvez isso seja melhor exempli-ficado pelos discursos de John F. Kennedy, que citou mais passagens da Bíblia em seus discursos do que qualquer outro presidente até então, porém cuidadosamente aplicando seu significado ao americanismo do começo dos anos sessenta.

Desde Kennedy, tivemos presidentes que pareciam pos-suir profundas convicções religiosas além de uma mera reli-gião do Estado. Apesar disso, muitos tiveram dificuldade em permitir que essas convicções preenchessem suas políticas ou, em alguns casos, preenchessem até mesmo suas éticas pessoais. Richard Nixon era um Quaker fervoroso, que se gabava do seu relacionamento com Billy Graham e ainda nos deu a cultura ética de Watergate. Jimmy Carter diz ter nas-cido de novo e até mesmo ensinou na Escola Dominical du-rante seus anos na Casa Branca, ainda que parecesse levantar uma parede de separação entre fé e prática quando se tornou presidente. Ronald Reagan alegava uma fé cristã vital e um sentimento de missão, embora raramente fosse à igreja, e o

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Introdução

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interesse de sua esposa por astrologia deixasse muitas pesso-as céticas. E não menor que esses, Bill Clinton, apesar de sé-rios erros cometidos enquanto estava no ofício, alegava não somente ser um crente batista, mas também muitas vezes chorava sem nenhuma vergonha na igreja e falava repetida-mente da necessidade de valores religiosos na vida americana. Claramente, cada um desses homens se apoiava em valores religiosos e acreditava que a América seria um país melhor se os cidadãos fizessem o mesmo.

Ainda assim, raramente algum desses homens tentou apli-car o poder da religião às responsabilidades do governo fede-ral. Eles nunca afirmaram, por exemplo, que a pobreza está relacionada a uma crise de fé e, então, propuseram políticas para a abolição da pobreza que envolvessem instituições re-ligiosas, assim como fez George W. Bush. O estilo deles era mais falar sobre fé na oração do café da manhã, porém buscar soluções nacionais em experimentos pragmáticos ou em ide-ologias de Direita ou Esquerda.

Dessa forma, o que distingue a presidência de George W. Bush não é somente a abertura com a qual ele discutia sua conversão pessoal e vida espiritual, nem simplesmente a intensidade de seus enunciados públicos sobre a fé. Mais do que isso, ele é separado tanto pelo fato de que parece acreditar verdadeiramente no que diz em público sobre religião – quando os americanos estão mais acostumados à falta de sinceridade dos seus líderes – quanto pelo fato de buscar integrar a fé com a política pública, em um nível mais prático.

Esta iniciativa origina-se, certamente, na própria trans-formação espiritual de Bush. Mas há mais do que fervor evangélico, mais do que um homem convertido incapaz de

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A Fé de George W. Bush

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descansar até que seus companheiros vivam o mesmo. Ao invés disso, George W. Bush foi influenciado depois de sua conversão por pensadores que entendiam a mensagem cristã, tanto no pessoal quanto no público, como um poder para o coração, assim como um plano para a nação. Isso pode ser o que mais distingue a abordagem de Bush da fé pública dentre os presidentes americanos, e isso também pode dar forma à sua presidência para outros quatro anos, se os votantes – e seu Deus – permitirem.

Seja qual for o futuro, a fé de George W. Bush tem sido um grande interesse para os americanos. Histórias a este respeito apareceram em revistas diversas como Esquire, Spin, Charisma & Christian Life, Christianity Today, Vanity Fair, Atlantic Monthly e Newsweek. Documentários nos canais PBS e A&E alimentaram esse fervor, assim como artigos em dezenas dos principais jornais do país. Esta busca por respostas é compreensível. Em que o presidente acredita, e o que isso significará para a nação? Ele está construindo uma teocra-cia? Sua fé o transformou de um homem que mal poderia ler um teleprompter em um homem que nem precisaria de um? O que ele pensa sobre a separação do Estado e a Igreja? Qual a conexão entre sua fé e o que alguns chamam de “lí-der gênio”? Suas políticas a respeito do Oriente Médio são formadas por interpretações da Bíblia que clamam por apoio irrestrito a Israel? Ele acredita que a história encontrará seu fim em uma batalha final apocalíptica em algum lugar ao norte de Jerusalém?

O que segue nestas páginas é uma tentativa de responder a tais questões ao examinar a fé de George W. Bush confor-me esta entrou progressivamente em sua mente e coração e como atualmente molda os seus assuntos administrativos.

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Introdução

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Não há uma tentativa de impor uma pauta política, nem um desejo de aprisionar Bush em uma ou outra linha teológica. Mais do que isso, há uma crença fundamentada de que para entender o homem, você precisa primeiro entender qual é, como disse Paul Tillich, o “interesse fundamental” dele. E nosso objetivo aqui é: conhecer o interesse fundamental de George W. Bush. É uma questão teológica e deve, então, ser respondida ao examinar o que Bush acredita para entender quem ele é e como ele programa sua liderança.

A premissa deste livro é que a religião de um homem per-meia tudo o que ele faz, mesmo que ele saiba ou não disso. No que ele acredita funciona de modo prático em sua vida, e então há uma conexão entre sua visão da graça e Seu jar-dim, entre sua ideia de Deus e Sua forma de paternidade.

Assim é com o presidente. A abordagem aqui parte do prin-cípio de que há uma relação entre as atitudes do presidente e sua vida de oração, entre suas raízes do Oeste do Texas e sua resposta ao desastre de 11 de setembro. Entender a fé de Bush requer mais do que somente o entendimento da sua conversão, ainda que ela paire sobre a paisagem de sua vida de uma for-ma desconexa. Isso requer conhecer o estilo dele, sua cultura, o solo espiritual no qual ele cresceu, a virilidade do homem.

Finalmente, há também uma crença vital representada aqui que pode ser a beleza em uma religião que não a nossa própria. Concordando ou não com tudo o que o presidente acredita, nós podemos ainda nos maravilhar com um homem inspira-do por algo além dele mesmo. Talvez nós devamos, em nossa geração, restabelecer a habilidade de nos acostumarmos com a presença da convicção, mesmo uma outra convicção, além daquela que compartilhamos. É com a visão ampla e firme que nós nos voltamos para avaliar a fé de George W. Bush.

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descansar até que seus companheiros vivam o mesmo. Ao invés disso, George W. Bush foi influenciado depois de sua conversão por pensadores que entendiam a mensagem cristã, tanto no pessoal quanto no público, como um poder para o coração, assim como um plano para a nação. Isso pode ser o que mais distingue a abordagem de Bush da fé pública dentre os presidentes americanos, e isso também pode dar forma à sua presidência para outros quatro anos, se os votantes – e seu Deus – permitirem.

Seja qual for o futuro, a fé de George W. Bush tem sido um grande interesse para os americanos. Histórias a este respeito apareceram em revistas diversas como Esquire, Spin, Charisma & Christian Life, Christianity Today, Vanity Fair, Atlantic Monthly e Newsweek. Documentários nos canais PBS e A&E alimentaram esse fervor, assim como artigos em dezenas dos principais jornais do país. Esta busca por respostas é compreensível. Em que o presidente acredita, e o que isso significará para a nação? Ele está construindo uma teocra-cia? Sua fé o transformou de um homem que mal poderia ler um teleprompter em um homem que nem precisaria de um? O que ele pensa sobre a separação do Estado e a Igreja? Qual a conexão entre sua fé e o que alguns chamam de “lí-der gênio”? Suas políticas a respeito do Oriente Médio são formadas por interpretações da Bíblia que clamam por apoio irrestrito a Israel? Ele acredita que a história encontrará seu fim em uma batalha final apocalíptica em algum lugar ao norte de Jerusalém?

O que segue nestas páginas é uma tentativa de responder a tais questões ao examinar a fé de George W. Bush confor-me esta entrou progressivamente em sua mente e coração e como atualmente molda os seus assuntos administrativos.

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Introdução

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Não há uma tentativa de impor uma pauta política, nem um desejo de aprisionar Bush em uma ou outra linha teológica. Mais do que isso, há uma crença fundamentada de que para entender o homem, você precisa primeiro entender qual é, como disse Paul Tillich, o “interesse fundamental” dele. E nosso objetivo aqui é: conhecer o interesse fundamental de George W. Bush. É uma questão teológica e deve, então, ser respondida ao examinar o que Bush acredita para entender quem ele é e como ele programa sua liderança.

A premissa deste livro é que a religião de um homem per-meia tudo o que ele faz, mesmo que ele saiba ou não disso. No que ele acredita funciona de modo prático em sua vida, e então há uma conexão entre sua visão da graça e Seu jar-dim, entre sua ideia de Deus e Sua forma de paternidade.

Assim é com o presidente. A abordagem aqui parte do prin-cípio de que há uma relação entre as atitudes do presidente e sua vida de oração, entre suas raízes do Oeste do Texas e sua resposta ao desastre de 11 de setembro. Entender a fé de Bush requer mais do que somente o entendimento da sua conversão, ainda que ela paire sobre a paisagem de sua vida de uma for-ma desconexa. Isso requer conhecer o estilo dele, sua cultura, o solo espiritual no qual ele cresceu, a virilidade do homem.

Finalmente, há também uma crença vital representada aqui que pode ser a beleza em uma religião que não a nossa própria. Concordando ou não com tudo o que o presidente acredita, nós podemos ainda nos maravilhar com um homem inspira-do por algo além dele mesmo. Talvez nós devamos, em nossa geração, restabelecer a habilidade de nos acostumarmos com a presença da convicção, mesmo uma outra convicção, além daquela que compartilhamos. É com a visão ampla e firme que nós nos voltamos para avaliar a fé de George W. Bush.

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A vez dele: o governador do Texas e a primeira dama na festa de posse em Austin, Texas, em 19 de janeiro de 1999.

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Capítulo Um

Um fardo a levar

Não se pensava nos Longhorns, nos Aggies ou nos Dallas Cowboys naquele dia no Texas. Embora o futebol americano seja quase a religião do estado,

os texanos tinham algo a mais no pensamento deles. E eles não estavam se preocupando com o preço do petróleo. O petróleo que estava sendo vendido parecia bom. Não, na-quele dia de janeiro de 1995 a maioria dos texanos estava pensando em uma coisa: Hoje, George W. Bush tomará posse como governador do nosso estado.

E ele tomou. Muitos poucos pensaram que ele conse-guiria. Riram quando ele anunciou sua candidatura. A co-lunista Molly Ivins o chamou de “arbusto”, e até mesmo seus amigos riram quando alguém o chamou de somente um “outro filho rico de um Bush”. Mas ele surpreendeu a

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A vez dele: o governador do Texas e a primeira dama na festa de posse em Austin, Texas, em 19 de janeiro de 1999.

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Capítulo Um

Um fardo a levar

Não se pensava nos Longhorns, nos Aggies ou nos Dallas Cowboys naquele dia no Texas. Embora o futebol americano seja quase a religião do estado,

os texanos tinham algo a mais no pensamento deles. E eles não estavam se preocupando com o preço do petróleo. O petróleo que estava sendo vendido parecia bom. Não, na-quele dia de janeiro de 1995 a maioria dos texanos estava pensando em uma coisa: Hoje, George W. Bush tomará posse como governador do nosso estado.

E ele tomou. Muitos poucos pensaram que ele conse-guiria. Riram quando ele anunciou sua candidatura. A co-lunista Molly Ivins o chamou de “arbusto”, e até mesmo seus amigos riram quando alguém o chamou de somente um “outro filho rico de um Bush”. Mas ele surpreendeu a

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A Fé de George W. Bush

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todos, até mesmo a seus pais, e derrotou a extremamente popular concorrente, Ann Richards. Ele se tornaria somen-te o segundo governador republicano do Texas nos últimos 120 anos desde a Reconstrução.

Para “Dubya”*, o dia foi uma sucessão de eventos, um após o outro. Ele estava distraído quando se vestiu aquela manhã; o discurso que Karl Rove tinha escrito para ele dava voltas em sua mente. Houve algumas mudanças de palavras nos últimos minutos e, pelo fato de fazer discursos não ser seu ponto forte, ele queria fazer bem feito. O discurso duraria apenas dez minutos, mas significaria muito.

Ele estava consciente, mas não totalmente pronto quan-do seu pai chegou até ele e colocou um par de abotoadu-ras de punho em suas mãos. Ele sabia o que era aquilo e provavelmente demonstrou alguma gratidão. Mas esta deve ter sido forçada. Ele ainda estava meio confuso e não ti-nha compreendido completamente todo o significado do momento. Então, conforme eles deixaram a sede do go-verno para comparecer a um café da manhã de oração em uma igreja próxima dali, sua mãe colocou um bilhete em sua mão. Novamente, agradecimentos e abraços acon-teceram, mas nenhum sentido de peso, que ele sentiria mais tarde.

Então, houve a carreata de limusine para a igreja e a multidão que esperava. Ele acenou enquanto entrava na igreja e sentou em silêncio quando encontrou seu assento. Havia os negócios comuns de um evento assim: os cum-primentos, as canções e as leituras da Bíblia. Sua mente vagava. Talvez tudo estivesse acontecendo muito rápido para ele. Talvez ele quisesse se lembrar do dia inteiro, e este já estava se tornando obscuro. Ele ensaiou a manhã em *[N.T.: Apelido de George W. Bush.]

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Um Fardo a Levar

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seu pensamento; talvez tenha sido aí que ele se lembrou do bilhete que fora rapidamente colocado em seu bolso. O pregador estava empolgado com seu discurso, enquanto George W. tirou o envelope de seu bolso e começou a lê-lo. E as lágrimas desceram.

Outro dia, outro ano, outra cidade do Texas: é 1943. O lugar é quente, a base aérea empoeirada é próxima a Corpus Christi. A Segunda Guerra Mundial está a todo vapor, e os Estados Unidos estão treinando recrutas e os enviando as-sim que estiverem prontos. É nove de junho, e uma forma-tura acabou de acontecer neste aeroporto cheio. Três figuras estão de pé, juntas, no sol escaldante do Texas. Um parece ter quase 1,98m de altura e pesar mais de 110 kg. Há uma mulher, bem mais baixa que os outros dois e claramente a esposa do homem maior, com uma graça nobre, já entalhada em seu rosto. Então havia um que estava radiante, o mari-nheiro de segunda classe, alto e abaixo do peso, que acabara de receber suas asas de piloto. Ele mal tinha vinte anos.

O homem mais largo, obviamente o pai do novo pilo-to, alcança seu bolso para pegar algo pequeno, com o qual presenteia sem cerimônias ao seu filho. É um conjunto de abotoaduras de ouro. O filho conhece o significado delas, pois parece entender o jeito do seu pai, que não é um ho-mem muito expressivo. “Meu pai está orgulhoso de mim”, ele sente, “e esses são os símbolos da alegria neste temero-so e maravilhoso momento de minha vida”.

O menino aprecia o presente e, ainda mais, o orgulho de seu pai. Ele pensa nele mais tarde, quando é lançado no Oceano Pacífico. Ele se lembra disso quando estuda em

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todos, até mesmo a seus pais, e derrotou a extremamente popular concorrente, Ann Richards. Ele se tornaria somen-te o segundo governador republicano do Texas nos últimos 120 anos desde a Reconstrução.

Para “Dubya”*, o dia foi uma sucessão de eventos, um após o outro. Ele estava distraído quando se vestiu aquela manhã; o discurso que Karl Rove tinha escrito para ele dava voltas em sua mente. Houve algumas mudanças de palavras nos últimos minutos e, pelo fato de fazer discursos não ser seu ponto forte, ele queria fazer bem feito. O discurso duraria apenas dez minutos, mas significaria muito.

Ele estava consciente, mas não totalmente pronto quan-do seu pai chegou até ele e colocou um par de abotoadu-ras de punho em suas mãos. Ele sabia o que era aquilo e provavelmente demonstrou alguma gratidão. Mas esta deve ter sido forçada. Ele ainda estava meio confuso e não ti-nha compreendido completamente todo o significado do momento. Então, conforme eles deixaram a sede do go-verno para comparecer a um café da manhã de oração em uma igreja próxima dali, sua mãe colocou um bilhete em sua mão. Novamente, agradecimentos e abraços acon-teceram, mas nenhum sentido de peso, que ele sentiria mais tarde.

Então, houve a carreata de limusine para a igreja e a multidão que esperava. Ele acenou enquanto entrava na igreja e sentou em silêncio quando encontrou seu assento. Havia os negócios comuns de um evento assim: os cum-primentos, as canções e as leituras da Bíblia. Sua mente vagava. Talvez tudo estivesse acontecendo muito rápido para ele. Talvez ele quisesse se lembrar do dia inteiro, e este já estava se tornando obscuro. Ele ensaiou a manhã em *[N.T.: Apelido de George W. Bush.]

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seu pensamento; talvez tenha sido aí que ele se lembrou do bilhete que fora rapidamente colocado em seu bolso. O pregador estava empolgado com seu discurso, enquanto George W. tirou o envelope de seu bolso e começou a lê-lo. E as lágrimas desceram.

Outro dia, outro ano, outra cidade do Texas: é 1943. O lugar é quente, a base aérea empoeirada é próxima a Corpus Christi. A Segunda Guerra Mundial está a todo vapor, e os Estados Unidos estão treinando recrutas e os enviando as-sim que estiverem prontos. É nove de junho, e uma forma-tura acabou de acontecer neste aeroporto cheio. Três figuras estão de pé, juntas, no sol escaldante do Texas. Um parece ter quase 1,98m de altura e pesar mais de 110 kg. Há uma mulher, bem mais baixa que os outros dois e claramente a esposa do homem maior, com uma graça nobre, já entalhada em seu rosto. Então havia um que estava radiante, o mari-nheiro de segunda classe, alto e abaixo do peso, que acabara de receber suas asas de piloto. Ele mal tinha vinte anos.

O homem mais largo, obviamente o pai do novo pilo-to, alcança seu bolso para pegar algo pequeno, com o qual presenteia sem cerimônias ao seu filho. É um conjunto de abotoaduras de ouro. O filho conhece o significado delas, pois parece entender o jeito do seu pai, que não é um ho-mem muito expressivo. “Meu pai está orgulhoso de mim”, ele sente, “e esses são os símbolos da alegria neste temero-so e maravilhoso momento de minha vida”.

O menino aprecia o presente e, ainda mais, o orgulho de seu pai. Ele pensa nele mais tarde, quando é lançado no Oceano Pacífico. Ele se lembra disso quando estuda em

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A Fé de George W. Bush

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Yale, administra uma companhia de petróleo, ganha uma vaga no congresso, encabeça a CIA, se torna vice-presidente e, então, presidente dos Estados Unidos. E ele pensa em seu pai e no presente no dia que seu filho mais velho, Ge-orge W., se torna governador do Texas. Essas são as suas posses de maior valor, mas é hora de passá-las à frente.¹

George W. Bush não ouviu muito do sermão. Ainda as-sim, o pregador acha que está indo muito bem. Apesar de tudo, o governador eleito está em lágrimas. O sermão deve ser um sucesso.

Mas é o bilhete em suas mãos que fez o recém-eleito governador desmoronar. Ele foi escrito por seu pai, o an-tigo presidente. “Essas abotoaduras são meus bens mais preciosos”, escreveu o velho homem, e ele invoca aquele dia de junho de 1943, quando seu próprio pai as deu. “Eu quero que você as tenha agora”, diz o bilhete, e então o pai fala sobre o filho “receber suas asas” neste dia de posse, de como ele entende a empolgação do jovem homem, e como ele irá ser um bom governador. Isto é, de certa forma, uma bênção – o tipo de bênção que pais tem dado a seus filhos por gerações.²

Entretanto, há mais coisas no bilhete, e, em meio às lá-grimas, George W. poderia repetir cada palavra. Mas é a última linha que o prende, a que ele nunca esquecerá, a que agora o leva a chorar.

Tendo expressado seu amor, seu orgulho e sua confiança, o pai termina escrevendo para o filho: “Agora é a sua vez”.

Ao longo dos anos, a família Bush tem sido reticente em falar sobre si mesma com as palavras legado, dinastia ou,

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Um Fardo a Levar

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certamente, império. Eles preferem falar em termos, como confiança, destino e fé. Mas há uma pequena questão: aqui-lo que se passou entre o antigo presidente George Herbert Walker Bush e seu filho governador foi mais do que uma joia e um bilhete de encorajamento. Foi, como escrito por um estudioso, “uma passagem simbólica da tocha”.³

Claramente, o pai estava tentando conectar o filho a algo que tinha acontecido anteriormente e que os susten-taria nos dias à frente. Todas as famílias são definidas por suas histórias. Um conto muitas vezes repetido molda a cultura familiar e, se a história é inspiradora o suficien-te, muda o desígnio da família. A herança Bush contém histórias do tipo que adapta um sentido de destino, e se vamos entender a fé de George W. Bush, devemos primeiro considerar como a história dessa família deve ter moldado suas crenças.

É difícil dizer que parte do legado Bush mais inspirou George W., mas este certamente é um combustível para a imaginação nesta história. Houve, por exemplo, os sonha-dores/aventureiros. Obediah Bush de Vermont é um desses, um homem que deixou sua casa durante a guerra de 1812, se tornou um professor e, então, em um ímpeto, partiu para a Califórnia durante a Corrida do Ouro de 1849. Dois anos depois, tentou voltar para casa para recuperar sua família e levá-la para o Oeste. Todavia, ele morreu na tentativa e foi enterrado no mar, deixando sua esposa e sete filhos sozi-nhos em Rochester, Nova York. Embora seus sonhos não tivessem se cumprido, ele deixou o legado de um visioná-rio romântico para aqueles que levavam o nome da família.

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Yale, administra uma companhia de petróleo, ganha uma vaga no congresso, encabeça a CIA, se torna vice-presidente e, então, presidente dos Estados Unidos. E ele pensa em seu pai e no presente no dia que seu filho mais velho, Ge-orge W., se torna governador do Texas. Essas são as suas posses de maior valor, mas é hora de passá-las à frente.¹

George W. Bush não ouviu muito do sermão. Ainda as-sim, o pregador acha que está indo muito bem. Apesar de tudo, o governador eleito está em lágrimas. O sermão deve ser um sucesso.

Mas é o bilhete em suas mãos que fez o recém-eleito governador desmoronar. Ele foi escrito por seu pai, o an-tigo presidente. “Essas abotoaduras são meus bens mais preciosos”, escreveu o velho homem, e ele invoca aquele dia de junho de 1943, quando seu próprio pai as deu. “Eu quero que você as tenha agora”, diz o bilhete, e então o pai fala sobre o filho “receber suas asas” neste dia de posse, de como ele entende a empolgação do jovem homem, e como ele irá ser um bom governador. Isto é, de certa forma, uma bênção – o tipo de bênção que pais tem dado a seus filhos por gerações.²

Entretanto, há mais coisas no bilhete, e, em meio às lá-grimas, George W. poderia repetir cada palavra. Mas é a última linha que o prende, a que ele nunca esquecerá, a que agora o leva a chorar.

Tendo expressado seu amor, seu orgulho e sua confiança, o pai termina escrevendo para o filho: “Agora é a sua vez”.

Ao longo dos anos, a família Bush tem sido reticente em falar sobre si mesma com as palavras legado, dinastia ou,

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certamente, império. Eles preferem falar em termos, como confiança, destino e fé. Mas há uma pequena questão: aqui-lo que se passou entre o antigo presidente George Herbert Walker Bush e seu filho governador foi mais do que uma joia e um bilhete de encorajamento. Foi, como escrito por um estudioso, “uma passagem simbólica da tocha”.³

Claramente, o pai estava tentando conectar o filho a algo que tinha acontecido anteriormente e que os susten-taria nos dias à frente. Todas as famílias são definidas por suas histórias. Um conto muitas vezes repetido molda a cultura familiar e, se a história é inspiradora o suficien-te, muda o desígnio da família. A herança Bush contém histórias do tipo que adapta um sentido de destino, e se vamos entender a fé de George W. Bush, devemos primeiro considerar como a história dessa família deve ter moldado suas crenças.

É difícil dizer que parte do legado Bush mais inspirou George W., mas este certamente é um combustível para a imaginação nesta história. Houve, por exemplo, os sonha-dores/aventureiros. Obediah Bush de Vermont é um desses, um homem que deixou sua casa durante a guerra de 1812, se tornou um professor e, então, em um ímpeto, partiu para a Califórnia durante a Corrida do Ouro de 1849. Dois anos depois, tentou voltar para casa para recuperar sua família e levá-la para o Oeste. Todavia, ele morreu na tentativa e foi enterrado no mar, deixando sua esposa e sete filhos sozi-nhos em Rochester, Nova York. Embora seus sonhos não tivessem se cumprido, ele deixou o legado de um visioná-rio romântico para aqueles que levavam o nome da família.

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Houve também filósofos/poetas na saga Bush. O segun-do dos sete filhos de Obediah foi um desses, uma criança chamada James, que nasceu tão doente que o médico disse para sua mãe: “É melhor você bater na cabeça dele, pois se ele viver, ele não prestará para nada.”4 A mãe da criança, Harriet, vinha de uma grande tradição de persistência que era conservada nela, e estava determinada a cuidar da crian-ça até que ela ficasse saudável. E ela o fez. Dezesseis anos depois, o menino não tinha somente vivido, mas também se desenvolvido e se tornado o tipo de homem que a Facul-dade de Yale queria avidamente admitir.

Há uma descrição de James Bush enquanto ele estava em Yale, e se não tivesse sido escrita em 1907, alguém po-deria suspeitar que o autor estivesse lendo as característi-cas dos Bushes que vieram depois, vivendo a vida de seus ancestrais. “Seus colegas de classe falavam dele”, escreveu William Barrett, um amigo da família, “como uma pessoa alta e magra, mais do que sério na aparência, exceto quando estava engajado em uma ardente conversa ou em um falató-rio bem-humorado; sempre doce e atencioso e sempre um cavalheiro – ainda assim, muito decidido em seus gostos e aversões. Ele fez muitos amigos. Ansioso em aproveitar a maioria das oportunidades, ele ia muito bem nos estudos. Fã de esportes, ele conseguiu uma considerável reputação como remador, remando na equipe de sua classe. Ele tam-bém conseguiu grande visibilidade como praticante de sal-to em altura”.5

James possuía uma natureza profundamente espiritual e determinada em tornar-se um pastor presbiteriano. En-tretanto, as necessidades de sua família prevaleciam e, para sustentá-la, ele decidiu estudar Direito. Ele foi admitido no tribunal e abriu um escritório em Rochester. Não mui-

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to depois disso, James se apaixonou por uma mulher de reconhecida beleza, Sarah Freeman, e ela concordou em se casar com ele. Porém, a felicidade deles não durou muito já que ela morreu de febre apenas dezoito meses após o casamento.

James ficou arrasado e, como muitas vezes acontece com aqueles que passam pelo luto, sua mente se voltou para o espiritual. Ele decidiu desistir da prática da lei e se tornou um sacerdote episcopal. Dentro de algum tempo, ele foi ordenado pelo bispo de Nova York e assumiu uma congre-gação em Nova Jersey, onde serviu por dez anos.

O amor veio duas vezes na vida do Reverendo Bush. Ele conheceu e se casou com uma mulher que tinha o mesmo nome de sua mãe, Harriet. Ela era descendente de Samuel Prescott, que cavalgava com Paul Revere. O editor/poeta James Russell Lowell disse sobre ela: “Ela possuía o pen-samento mais fino e foi a jovem mulher mais brilhante de minha época”.6

A alma romântica de James tinha absorvido o sentimento de aventura do seu pai, e quando uma oportunidade surgiu em seu caminho para servir como capelão em uma viagem arriscada à América do Sul, ele avidamente a aproveitou. A história é contada no diário do Reverendo Bush, “The Trip of Monadnock”, que ele leu diante do Concord Lyceum em 1886. O episódio é digno de ser recontado aqui porque deu à família Bush o seu lema e guia.

Durante a viagem, um fogo começou próximo do armazém onde eram colocados os explosivos. O capitão, Sr. Franklin, pulou no porão para controlar o fogo, apesar do terrível pe-rigo de ser morto com todos que lá estavam. Um tripulante, movido pela coragem do capitão, gritou: “Sr. Franklin, você é um homem corajoso; não irá para o inferno sozinho”.

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Houve também filósofos/poetas na saga Bush. O segun-do dos sete filhos de Obediah foi um desses, uma criança chamada James, que nasceu tão doente que o médico disse para sua mãe: “É melhor você bater na cabeça dele, pois se ele viver, ele não prestará para nada.”4 A mãe da criança, Harriet, vinha de uma grande tradição de persistência que era conservada nela, e estava determinada a cuidar da crian-ça até que ela ficasse saudável. E ela o fez. Dezesseis anos depois, o menino não tinha somente vivido, mas também se desenvolvido e se tornado o tipo de homem que a Facul-dade de Yale queria avidamente admitir.

Há uma descrição de James Bush enquanto ele estava em Yale, e se não tivesse sido escrita em 1907, alguém po-deria suspeitar que o autor estivesse lendo as característi-cas dos Bushes que vieram depois, vivendo a vida de seus ancestrais. “Seus colegas de classe falavam dele”, escreveu William Barrett, um amigo da família, “como uma pessoa alta e magra, mais do que sério na aparência, exceto quando estava engajado em uma ardente conversa ou em um falató-rio bem-humorado; sempre doce e atencioso e sempre um cavalheiro – ainda assim, muito decidido em seus gostos e aversões. Ele fez muitos amigos. Ansioso em aproveitar a maioria das oportunidades, ele ia muito bem nos estudos. Fã de esportes, ele conseguiu uma considerável reputação como remador, remando na equipe de sua classe. Ele tam-bém conseguiu grande visibilidade como praticante de sal-to em altura”.5

James possuía uma natureza profundamente espiritual e determinada em tornar-se um pastor presbiteriano. En-tretanto, as necessidades de sua família prevaleciam e, para sustentá-la, ele decidiu estudar Direito. Ele foi admitido no tribunal e abriu um escritório em Rochester. Não mui-

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to depois disso, James se apaixonou por uma mulher de reconhecida beleza, Sarah Freeman, e ela concordou em se casar com ele. Porém, a felicidade deles não durou muito já que ela morreu de febre apenas dezoito meses após o casamento.

James ficou arrasado e, como muitas vezes acontece com aqueles que passam pelo luto, sua mente se voltou para o espiritual. Ele decidiu desistir da prática da lei e se tornou um sacerdote episcopal. Dentro de algum tempo, ele foi ordenado pelo bispo de Nova York e assumiu uma congre-gação em Nova Jersey, onde serviu por dez anos.

O amor veio duas vezes na vida do Reverendo Bush. Ele conheceu e se casou com uma mulher que tinha o mesmo nome de sua mãe, Harriet. Ela era descendente de Samuel Prescott, que cavalgava com Paul Revere. O editor/poeta James Russell Lowell disse sobre ela: “Ela possuía o pen-samento mais fino e foi a jovem mulher mais brilhante de minha época”.6

A alma romântica de James tinha absorvido o sentimento de aventura do seu pai, e quando uma oportunidade surgiu em seu caminho para servir como capelão em uma viagem arriscada à América do Sul, ele avidamente a aproveitou. A história é contada no diário do Reverendo Bush, “The Trip of Monadnock”, que ele leu diante do Concord Lyceum em 1886. O episódio é digno de ser recontado aqui porque deu à família Bush o seu lema e guia.

Durante a viagem, um fogo começou próximo do armazém onde eram colocados os explosivos. O capitão, Sr. Franklin, pulou no porão para controlar o fogo, apesar do terrível pe-rigo de ser morto com todos que lá estavam. Um tripulante, movido pela coragem do capitão, gritou: “Sr. Franklin, você é um homem corajoso; não irá para o inferno sozinho”.

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A coragem do capitão e seu sucesso em controlar o fogo inspiraram então o Reverendo Bush, que desafiou o Con-cord Lyceum: “Não é sempre pela coragem em fazer a coisa certa que os fogos do inferno serão removidos?” Com essas palavras, “fazer a coisa certa” se tornou o lema pessoal da família Bush e tem passado de geração em geração.7

O Reverendo Bush continuava sua obra pastoral em São Francisco e, então, em Staten Island. Seu ministério pa-recia estar dando frutos, ainda que um ano mais tarde ele tenha se demitido do pastorado. Foi uma crise de teolo-gia que o levou a isso, e esta já durava um tempo. Alguns anos antes, um amigo tinha citado linhas do poema “Pro-blem” de Emerson, um poema no qual Emerson expressava suas dúvidas sobre o sacerdócio e sua preferência por uma fé mais naturalista. James reconheceu os sentimentos de Emerson como os seus próprios, e isto colocou nele uma tensão a respeito dos seus votos ortodoxos episcopais.

O Reverendo Bush lutou com sua consciência por anos até que nem mesmo um amigo conseguisse notar: “Ele era um Liberal por natureza e formação, mas não sabia dis-to, até que sua própria natureza moral tivesse ficado forte o suficiente para arrancar a casca do hábito automático”.8 Quando a casca finalmente foi retirada, James abriu mão de seu posto e se mudou para Concord, Massachusetts, onde viveu a vida do contemporâneo Thoreau, se deleitan-do na natureza e amado por seus vizinhos até sua morte em 1889.

Houve também homens da visão industrial e cívica na linhagem Bush. Dos quatro filhos sobreviventes de James, um parecia ter aquela impressionante combinação de dom e graça que está presente em algumas famílias. Seu nome

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Um Fardo a Levar

9

era Samuel, e ele viveu uma vida impressionante. Ele era uma estrela do beisebol e do tênis, cantava com os melho-res barítonos e era vice-presidente do corpo estudantil na Stevens College, onde estudava engenharia mecânica. De-pois de sua graduação, ele se casou com uma descendente de Robert R. Livingston, a dissidente puritana que foi para a América em 1673.

Samuel se tornou líder político em Ohio, administrou uma via férrea, organizou a primeira corrida para arrecada-ção de fundos durante a Primeira Guerra Mundial, a pedi-do do famoso financista Bernard Baruch, e fundou a escola de golfe que se tornaria o solo de treinamento para Jack Nicklaus. Ele acreditava no dever social, em dar de volta ao país que deu a ele a chance de ter sucesso. A descrição que temos de Samuel, vinda de William Barrett, pode descrever bem muitos dos homens na linhagem de Bush: “O Sr. Bush estava acima da média, talvez com mais de 1,83m, com uma estrutura bem magra, de postura graciosa. Ele tinha um rosto fino, forte, lindo, com um sorriso doce e uma maneira muito charmosa. Suas principais características, pelo que me parece, eram uma natureza ingênua e uma cor-dialidade gentil no olhar. Puro e imaculado do mundo, ele tinha o sentimento mais confiável de espiritualidade. Dono de opiniões fortes, ele nunca era agressivo ou ofensivo ao defendê-las”.9

Claramente, Samuel Bush era um homem excepcional, de virtude pessoal e missão cívica, filho de um homem muito espiritual, de profundeza literária e filosófica que, por sua vez, era filho de um tempestuoso aventureiro e guerreiro. Esses são os homens que nos trazem mais diretamente para nossa história, pois o filho de Samuel foi Prescott Bush.

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A Fé de George W. Bush

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A coragem do capitão e seu sucesso em controlar o fogo inspiraram então o Reverendo Bush, que desafiou o Con-cord Lyceum: “Não é sempre pela coragem em fazer a coisa certa que os fogos do inferno serão removidos?” Com essas palavras, “fazer a coisa certa” se tornou o lema pessoal da família Bush e tem passado de geração em geração.7

O Reverendo Bush continuava sua obra pastoral em São Francisco e, então, em Staten Island. Seu ministério pa-recia estar dando frutos, ainda que um ano mais tarde ele tenha se demitido do pastorado. Foi uma crise de teolo-gia que o levou a isso, e esta já durava um tempo. Alguns anos antes, um amigo tinha citado linhas do poema “Pro-blem” de Emerson, um poema no qual Emerson expressava suas dúvidas sobre o sacerdócio e sua preferência por uma fé mais naturalista. James reconheceu os sentimentos de Emerson como os seus próprios, e isto colocou nele uma tensão a respeito dos seus votos ortodoxos episcopais.

O Reverendo Bush lutou com sua consciência por anos até que nem mesmo um amigo conseguisse notar: “Ele era um Liberal por natureza e formação, mas não sabia dis-to, até que sua própria natureza moral tivesse ficado forte o suficiente para arrancar a casca do hábito automático”.8 Quando a casca finalmente foi retirada, James abriu mão de seu posto e se mudou para Concord, Massachusetts, onde viveu a vida do contemporâneo Thoreau, se deleitan-do na natureza e amado por seus vizinhos até sua morte em 1889.

Houve também homens da visão industrial e cívica na linhagem Bush. Dos quatro filhos sobreviventes de James, um parecia ter aquela impressionante combinação de dom e graça que está presente em algumas famílias. Seu nome

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era Samuel, e ele viveu uma vida impressionante. Ele era uma estrela do beisebol e do tênis, cantava com os melho-res barítonos e era vice-presidente do corpo estudantil na Stevens College, onde estudava engenharia mecânica. De-pois de sua graduação, ele se casou com uma descendente de Robert R. Livingston, a dissidente puritana que foi para a América em 1673.

Samuel se tornou líder político em Ohio, administrou uma via férrea, organizou a primeira corrida para arrecada-ção de fundos durante a Primeira Guerra Mundial, a pedi-do do famoso financista Bernard Baruch, e fundou a escola de golfe que se tornaria o solo de treinamento para Jack Nicklaus. Ele acreditava no dever social, em dar de volta ao país que deu a ele a chance de ter sucesso. A descrição que temos de Samuel, vinda de William Barrett, pode descrever bem muitos dos homens na linhagem de Bush: “O Sr. Bush estava acima da média, talvez com mais de 1,83m, com uma estrutura bem magra, de postura graciosa. Ele tinha um rosto fino, forte, lindo, com um sorriso doce e uma maneira muito charmosa. Suas principais características, pelo que me parece, eram uma natureza ingênua e uma cor-dialidade gentil no olhar. Puro e imaculado do mundo, ele tinha o sentimento mais confiável de espiritualidade. Dono de opiniões fortes, ele nunca era agressivo ou ofensivo ao defendê-las”.9

Claramente, Samuel Bush era um homem excepcional, de virtude pessoal e missão cívica, filho de um homem muito espiritual, de profundeza literária e filosófica que, por sua vez, era filho de um tempestuoso aventureiro e guerreiro. Esses são os homens que nos trazem mais diretamente para nossa história, pois o filho de Samuel foi Prescott Bush.

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A Fé de George W. Bush

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Nós já o conhecemos. Ele era aquele homem grande na pis-ta de decolagem em Corpus Christi, Texas, aquele que deu as abotoaduras ao seu filho piloto de vinte anos de idade. Ele é pai do primeiro Presidente Bush, o avô de George W. Bush, e é o fogo moral da família Bush no século vinte.

Prescott Bush nasceu em 15 de maio de 1895 e, de mui-tas formas, deu sequência ao padrão dos homens Bush. Ele frequentou Yale como James Bush, podia cantar como Sa-muel Bush e, quando a Primeira Guerra Mundial começou, serviu na Europa do General Pershing com uma fome de aventura que deixaria o velho Obediah orgulhoso. Depois da guerra, ele se casou com uma beleza exuberante de nome Doroty, em St. Anne’s by the Sea, uma pequena igreja em Kennebunkport, Maine.

Prescott entrou nos negócios, prosperou e rapidamente ganhou uma reputação permanente por seu grande caráter, quando expôs um esquema profissional que estava acaban-do com a companhia de borracha de seu sogro. Seus dons o colocaram em Wall Street, onde seu sucesso foi lendário, e quando a Segunda Guerra Mundial começou, ele já era uma figura poderosa o suficiente para ser confiado à posição de presidente da USO (United Service Organizations). Ele ganhou reconhecimento nacional conforme viajava pelo país arrecadando milhões de dólares para o Fundo Nacio-nal de Guerra.

Durante sua escalada para a fama, Prescott e Dorothy tiveram quatro filhos. O primeiro, Prescott Jr., nasceu em 1922. O segundo foi George. Ele veio ao mundo em 1924, em uma casa vitoriana que os Bushes tinham em Adams Street, em Milton, Massachusetts. É interessante dizer que a rua se chamava John Quincy Adams, o filho do segundo presidente dos Estados Unidos.

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Um Fardo a Levar

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Depois da guerra, Prescott decidiu concorrer ao Senado dos Estados Unidos. Ele perdeu duas vezes, mas finalmen-te ganhou como um republicano, com Eisenhower e Nixon liderando a chapa. Ele serviu no Senado por uma década e foi uma figura importante durante os anos críticos do fim dos anos 50 e início dos anos 60. Prescott patrocinou o estabelecimento do Peace Corps, fundou o projeto do sub-marino Polaris e apoiou fortemente a legislação de direitos civis. Ele também favoreceu um salário mínimo maior e foi o primeiro patrocinador do sistema de estradas fede-rais. Ele foi um dos homens que ajudaram a fazer dos anos Eisenhower um tempo de transição na história da América.

Ainda assim, foi o fogo moral de Prescott Bush que deixou sua impressão mais forte em seus filhos e netos. Jeb Bush uma vez o descreveu como “um homem justo e severo”.10 E ele era. Amigos o chamavam de o “Homem dos Dez Mandamentos”. Ele insistia em usar terno e gra-vata nas refeições, esperando que sua família o chamasse de “Senador”, e exigia excelência atlética de todos – até mesmo de sua esposa. Mesmo com todo esse autoritarismo áspero, foram seu grande senso moral e sua fé cristã que deixaram a marca mais profunda.

Um exemplo é particularmente importante, não somen-te pela paixão ética que revela, mas também porque o neto de Prescott foi testemunha disso, e ele nunca se esqueceu desta lição. Aconteceu no verão em que George W. estava terminando a escola, em Andover. Prescott foi convidado para discursar numa formatura da escola de garotas Rose-mary Hall, em Greenwich, Connecticut. O público certa-mente esperava um discurso comum de um senador, mas Prescott não estava com um humor muito bom para uma educada conversa política. Ele tinha sido inflamado pela

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A Fé de George W. Bush

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Nós já o conhecemos. Ele era aquele homem grande na pis-ta de decolagem em Corpus Christi, Texas, aquele que deu as abotoaduras ao seu filho piloto de vinte anos de idade. Ele é pai do primeiro Presidente Bush, o avô de George W. Bush, e é o fogo moral da família Bush no século vinte.

Prescott Bush nasceu em 15 de maio de 1895 e, de mui-tas formas, deu sequência ao padrão dos homens Bush. Ele frequentou Yale como James Bush, podia cantar como Sa-muel Bush e, quando a Primeira Guerra Mundial começou, serviu na Europa do General Pershing com uma fome de aventura que deixaria o velho Obediah orgulhoso. Depois da guerra, ele se casou com uma beleza exuberante de nome Doroty, em St. Anne’s by the Sea, uma pequena igreja em Kennebunkport, Maine.

Prescott entrou nos negócios, prosperou e rapidamente ganhou uma reputação permanente por seu grande caráter, quando expôs um esquema profissional que estava acaban-do com a companhia de borracha de seu sogro. Seus dons o colocaram em Wall Street, onde seu sucesso foi lendário, e quando a Segunda Guerra Mundial começou, ele já era uma figura poderosa o suficiente para ser confiado à posição de presidente da USO (United Service Organizations). Ele ganhou reconhecimento nacional conforme viajava pelo país arrecadando milhões de dólares para o Fundo Nacio-nal de Guerra.

Durante sua escalada para a fama, Prescott e Dorothy tiveram quatro filhos. O primeiro, Prescott Jr., nasceu em 1922. O segundo foi George. Ele veio ao mundo em 1924, em uma casa vitoriana que os Bushes tinham em Adams Street, em Milton, Massachusetts. É interessante dizer que a rua se chamava John Quincy Adams, o filho do segundo presidente dos Estados Unidos.

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Um Fardo a Levar

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Depois da guerra, Prescott decidiu concorrer ao Senado dos Estados Unidos. Ele perdeu duas vezes, mas finalmen-te ganhou como um republicano, com Eisenhower e Nixon liderando a chapa. Ele serviu no Senado por uma década e foi uma figura importante durante os anos críticos do fim dos anos 50 e início dos anos 60. Prescott patrocinou o estabelecimento do Peace Corps, fundou o projeto do sub-marino Polaris e apoiou fortemente a legislação de direitos civis. Ele também favoreceu um salário mínimo maior e foi o primeiro patrocinador do sistema de estradas fede-rais. Ele foi um dos homens que ajudaram a fazer dos anos Eisenhower um tempo de transição na história da América.

Ainda assim, foi o fogo moral de Prescott Bush que deixou sua impressão mais forte em seus filhos e netos. Jeb Bush uma vez o descreveu como “um homem justo e severo”.10 E ele era. Amigos o chamavam de o “Homem dos Dez Mandamentos”. Ele insistia em usar terno e gra-vata nas refeições, esperando que sua família o chamasse de “Senador”, e exigia excelência atlética de todos – até mesmo de sua esposa. Mesmo com todo esse autoritarismo áspero, foram seu grande senso moral e sua fé cristã que deixaram a marca mais profunda.

Um exemplo é particularmente importante, não somen-te pela paixão ética que revela, mas também porque o neto de Prescott foi testemunha disso, e ele nunca se esqueceu desta lição. Aconteceu no verão em que George W. estava terminando a escola, em Andover. Prescott foi convidado para discursar numa formatura da escola de garotas Rose-mary Hall, em Greenwich, Connecticut. O público certa-mente esperava um discurso comum de um senador, mas Prescott não estava com um humor muito bom para uma educada conversa política. Ele tinha sido inflamado pela

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conduta do governador de Nova York, Nelson Rockefeller, que estava concorrendo à presidência naquela época. Ro-ckefeller tinha se divorciado de sua esposa de trinta e dois anos e se casou novamente com uma mulher recentemente divorciada e bem mais nova. O divórcio, independente da circunstância, era incomum naquela época, mas também era incomum um senador dos Estados Unidos repreender publicamente uma figura nacional em um discurso de pa-raninfo. Prescott Bush não poupou Rockefeller em nada:

Nós chegamos a um ponto de nossa vida como nação onde o governador de um grande estado – aquele que talvez aspire à nominação de presidente dos Estados Unidos – pode abandonar uma boa esposa, mãe de seus filhos, divorciar-se dela e, en-tão, persuadir a mãe de quatro jovens a abandonar seu marido e seus quatro filhos e se casar com o governador? ... Chegamos ao ponto no qual um dos dois maiores partidos políticos irá conferir a tal sujeito sua maior honra e grande responsabilidade? Eu realmente espero que não. 11

Foi um momento impressionante, e George W. nunca se esqueceu dele. Ele estava sentado na plateia enquanto seu avô senador discursava, profundamente movido pela coragem moral do velho homem. A experiência fez parte da fundação de sua filosofia política. Anos depois, George W. falaria para um entrevistador: “Eu posso me lembrar do meu avô criticando Nelson Rockefeller por seu divórcio... que era um tabu naquela época na política... Há uma ideia de que você é responsável pelo seu comportamento. Você

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Um Fardo a Levar

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não pode jogar seus problemas em outra pessoa. Você deve lidar com eles. Há um código individual de honra e respei-to ao seu vizinho. Há um código religioso e um sentimento religioso para isso. Eu acho que todos nós herdamos as bases para a filosofia política, e todos nós somos pessoas políticas”.12

E assim as lições foram passadas de geração em gera-ção. Faça a coisa certa. Tente a excelência. Devolva algo ao país. Não se esquive da sua responsabilidade. Seja fiel ao sentimento religioso. Essas lições, capturadas no bilhete e nas abotoaduras, foram o que George Bush, o pai, queria colocar no coração do seu filho, recém-eleito governador naquele dia de janeiro de 1995.

Não foi sem sentido que George W. Bush escolheu um dos hinos para o primeiro culto de oração, aquele no qual ele chorou com o bilhete do seu pai em mãos. O hino era um clássico metodista, um dos mais conhecidos de Charles Wesley, e um dos quais George W. tinha aprendido a amar e tomar para si. Ele se chama “A Charge To Keep I Have”, e sua história é digna de ser notada. As palavras vêm quase sem mudança da Matthew Henry’s Commentary on the Bible, um clás-sico cristão. Elas foram tiradas das reflexões de Henry so-bre Levítico 8:35, em que é dito para o sacerdote do templo guardar as ordenanças do Senhor. Como Henry escreveu:

Nós temos um fardo a levar, um eterno Deus para glorificar, uma alma imortal para abastecer, tarefas que precisam ser feitas, nossa geração para servir; e deve ser nosso cuidado diário manter este fardo,

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conduta do governador de Nova York, Nelson Rockefeller, que estava concorrendo à presidência naquela época. Ro-ckefeller tinha se divorciado de sua esposa de trinta e dois anos e se casou novamente com uma mulher recentemente divorciada e bem mais nova. O divórcio, independente da circunstância, era incomum naquela época, mas também era incomum um senador dos Estados Unidos repreender publicamente uma figura nacional em um discurso de pa-raninfo. Prescott Bush não poupou Rockefeller em nada:

Nós chegamos a um ponto de nossa vida como nação onde o governador de um grande estado – aquele que talvez aspire à nominação de presidente dos Estados Unidos – pode abandonar uma boa esposa, mãe de seus filhos, divorciar-se dela e, en-tão, persuadir a mãe de quatro jovens a abandonar seu marido e seus quatro filhos e se casar com o governador? ... Chegamos ao ponto no qual um dos dois maiores partidos políticos irá conferir a tal sujeito sua maior honra e grande responsabilidade? Eu realmente espero que não. 11

Foi um momento impressionante, e George W. nunca se esqueceu dele. Ele estava sentado na plateia enquanto seu avô senador discursava, profundamente movido pela coragem moral do velho homem. A experiência fez parte da fundação de sua filosofia política. Anos depois, George W. falaria para um entrevistador: “Eu posso me lembrar do meu avô criticando Nelson Rockefeller por seu divórcio... que era um tabu naquela época na política... Há uma ideia de que você é responsável pelo seu comportamento. Você

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não pode jogar seus problemas em outra pessoa. Você deve lidar com eles. Há um código individual de honra e respei-to ao seu vizinho. Há um código religioso e um sentimento religioso para isso. Eu acho que todos nós herdamos as bases para a filosofia política, e todos nós somos pessoas políticas”.12

E assim as lições foram passadas de geração em gera-ção. Faça a coisa certa. Tente a excelência. Devolva algo ao país. Não se esquive da sua responsabilidade. Seja fiel ao sentimento religioso. Essas lições, capturadas no bilhete e nas abotoaduras, foram o que George Bush, o pai, queria colocar no coração do seu filho, recém-eleito governador naquele dia de janeiro de 1995.

Não foi sem sentido que George W. Bush escolheu um dos hinos para o primeiro culto de oração, aquele no qual ele chorou com o bilhete do seu pai em mãos. O hino era um clássico metodista, um dos mais conhecidos de Charles Wesley, e um dos quais George W. tinha aprendido a amar e tomar para si. Ele se chama “A Charge To Keep I Have”, e sua história é digna de ser notada. As palavras vêm quase sem mudança da Matthew Henry’s Commentary on the Bible, um clás-sico cristão. Elas foram tiradas das reflexões de Henry so-bre Levítico 8:35, em que é dito para o sacerdote do templo guardar as ordenanças do Senhor. Como Henry escreveu:

Nós temos um fardo a levar, um eterno Deus para glorificar, uma alma imortal para abastecer, tarefas que precisam ser feitas, nossa geração para servir; e deve ser nosso cuidado diário manter este fardo,

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A Fé de George W. Bush

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pois é o fardo do Senhor nosso Mestre, que logo nos chamará para prestar contas sobre isso, e é ex-tremamente perigoso para nós se o negligenciar-mos. Tenha em mente que você não morre; é a morte, a morte eterna, para trair a confiança que nos foi confiada; ao considerar isso poderemos temer.13

Enquanto refletia nas palavras de Henry, Charles Wesley criou mais de quinhentos hinos. Eles tornaram-se a letra de “A Charge to Keep I Have”, as quais são amadas por muitos metodistas hoje e muitas vezes cantadas no encerramento de conferências denominacionais como um chamado para mudar o mundo.

Eu tenho um fardo a levarUm Deus para glorificarUma alma imortal para salvarE levá-la para o céuServir nesta geraçãoMeu chamado cumprir:Que eu possa engajar toda minha forçaPara fazer a vontade do meu Mestre!Arma-me com um cuidado zelosoAssim em Tua vista viverE, oh, Teu servo, Senhor, preparaUm registro completo a dar!Ajuda-me a vigiar e orarE descansar em TiSei, se minha confiança eu trairMorrerei para sempre. 14

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Um Fardo a Levar

15

George W. Bush amava o hino, a forma como estava vivo com um senso de dever e um chamado poderoso para o cumprimento de um destino, tão familiar para ele quanto uma característica de família. Ele não só pediu que este fosse cantado em sua posse, mas também o usou como título de sua autobiografia. Claramente, este é o tema de sua vida.

Mas Bush leva esse fardo com uma surpresa. Não muito tempo depois de assumir seu lugar na mansão do governa-dor do Texas, seus amigos de longa data, Joe e Jan O’Neill, compraram para ele uma pintura. O governador ficou tão comovido com a pintura que colocou-a à vista enquanto trabalhava. Ela se chamava A Charge to Keep.

Aquela pintura e o hino, que estão ligados à mente de Bush, dizem muito a respeito de sua visão de chamado, de destino e de liderança. A pintura é de W.H.D. Koerner, um imigrante alemão que é muito comparado com Frederick Re-mington em suas ilustrações do oeste americano. Na mesma tradição, A Charge to Keep mostra um cavaleiro do oeste es-poreando seu cavalo em uma montanha difícil – e sozinho.

Depois que a pintura foi pendurada no escritório do governador, Bush enviou um memorando para sua equipe. “Eu achei que deveria compartilhar isto com vocês”, ele escreveu, “um recente pedaço da história do Texas o qual resume nossa missão. Quando vocês vierem ao meu gabine-te, por favor, olhem para a bela ilustração de um cavaleiro enfrentando determinadamente o que parece ser um cami-nho íngreme e difícil. Assim somos nós. O que adiciona vida à pintura para mim é a mensagem de Charles Wesley, a qual diz que servimos a Alguém maior que nós mesmos.”15

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A Fé de George W. Bush

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pois é o fardo do Senhor nosso Mestre, que logo nos chamará para prestar contas sobre isso, e é ex-tremamente perigoso para nós se o negligenciar-mos. Tenha em mente que você não morre; é a morte, a morte eterna, para trair a confiança que nos foi confiada; ao considerar isso poderemos temer.13

Enquanto refletia nas palavras de Henry, Charles Wesley criou mais de quinhentos hinos. Eles tornaram-se a letra de “A Charge to Keep I Have”, as quais são amadas por muitos metodistas hoje e muitas vezes cantadas no encerramento de conferências denominacionais como um chamado para mudar o mundo.

Eu tenho um fardo a levarUm Deus para glorificarUma alma imortal para salvarE levá-la para o céuServir nesta geraçãoMeu chamado cumprir:Que eu possa engajar toda minha forçaPara fazer a vontade do meu Mestre!Arma-me com um cuidado zelosoAssim em Tua vista viverE, oh, Teu servo, Senhor, preparaUm registro completo a dar!Ajuda-me a vigiar e orarE descansar em TiSei, se minha confiança eu trairMorrerei para sempre. 14

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Um Fardo a Levar

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George W. Bush amava o hino, a forma como estava vivo com um senso de dever e um chamado poderoso para o cumprimento de um destino, tão familiar para ele quanto uma característica de família. Ele não só pediu que este fosse cantado em sua posse, mas também o usou como título de sua autobiografia. Claramente, este é o tema de sua vida.

Mas Bush leva esse fardo com uma surpresa. Não muito tempo depois de assumir seu lugar na mansão do governa-dor do Texas, seus amigos de longa data, Joe e Jan O’Neill, compraram para ele uma pintura. O governador ficou tão comovido com a pintura que colocou-a à vista enquanto trabalhava. Ela se chamava A Charge to Keep.

Aquela pintura e o hino, que estão ligados à mente de Bush, dizem muito a respeito de sua visão de chamado, de destino e de liderança. A pintura é de W.H.D. Koerner, um imigrante alemão que é muito comparado com Frederick Re-mington em suas ilustrações do oeste americano. Na mesma tradição, A Charge to Keep mostra um cavaleiro do oeste es-poreando seu cavalo em uma montanha difícil – e sozinho.

Depois que a pintura foi pendurada no escritório do governador, Bush enviou um memorando para sua equipe. “Eu achei que deveria compartilhar isto com vocês”, ele escreveu, “um recente pedaço da história do Texas o qual resume nossa missão. Quando vocês vierem ao meu gabine-te, por favor, olhem para a bela ilustração de um cavaleiro enfrentando determinadamente o que parece ser um cami-nho íngreme e difícil. Assim somos nós. O que adiciona vida à pintura para mim é a mensagem de Charles Wesley, a qual diz que servimos a Alguém maior que nós mesmos.”15

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A Fé de George W. Bush

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Essa é a imagem perfeita da visão de liderança de George W. Bush, assim moldada por um legado muito poderoso para ser ignorado. Ele tirou as palavras de um puritano, passou-as pelas letras de um escritor de hinos metodistas, e as enrolou em uma bota de couro do Texas para declará-las em um pedregoso monte em busca do destino. Ele pegou a fé cristã, com toda sua profundeza e herança, e encarnou nelas o símbolo eterno do cavaleiro solitário. Para ele, este é o homem que confia em Deus e declara sobre um monte intimidador, para o desconhecido, que cria história, que faz o mundo melhor para aqueles que virão depois.

Fé. Coragem. Um fardo valioso. Um destino a alcan-çar. Um legado para cumprir. Estes são os temas da vida de George W. Bush, sua liderança e sua alma. E ele os vê enquanto se vê, pelos olhos da mente, em um monte ima-ginário na pintura de Koerner. Bush é aquele cavaleiro. Seu destino está do outro lado daquele monte. Deus está com ele, e nenhuma aspereza no caminho ou versão moderna do inimigo montado no cavalo o afastará de seu destino.

Ele tem um fardo a levar. E, agora, tanto na linhagem da família Bush quanto na América, ele acredita que é “a sua vez”.

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Essa é a imagem perfeita da visão de liderança de George W. Bush, assim moldada por um legado muito poderoso para ser ignorado. Ele tirou as palavras de um puritano, passou-as pelas letras de um escritor de hinos metodistas, e as enrolou em uma bota de couro do Texas para declará-las em um pedregoso monte em busca do destino. Ele pegou a fé cristã, com toda sua profundeza e herança, e encarnou nelas o símbolo eterno do cavaleiro solitário. Para ele, este é o homem que confia em Deus e declara sobre um monte intimidador, para o desconhecido, que cria história, que faz o mundo melhor para aqueles que virão depois.

Fé. Coragem. Um fardo valioso. Um destino a alcan-çar. Um legado para cumprir. Estes são os temas da vida de George W. Bush, sua liderança e sua alma. E ele os vê enquanto se vê, pelos olhos da mente, em um monte ima-ginário na pintura de Koerner. Bush é aquele cavaleiro. Seu destino está do outro lado daquele monte. Deus está com ele, e nenhuma aspereza no caminho ou versão moderna do inimigo montado no cavalo o afastará de seu destino.

Ele tem um fardo a levar. E, agora, tanto na linhagem da família Bush quanto na América, ele acredita que é “a sua vez”.

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ISBN: 978-85-61411-66-4

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