A festa do reinado em cristais registro dossiê atualizado - correto 2013

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P PREFEITURA MUNICIPAL DE CRISTAIS – MG PR PRAÇA: JOAQUIM LUIZ DA COSTA MAIA – Nº 001 CENTRO – 37275-000 PREFEITURA MUNICIPAL DE CRISTAIS CONSELHO MUNICIPAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL REGISTRO DO BEM IMATERIAL FESTA DO ROSÁRIO / REINADO Lei Municipal Nº 1 617 de 07 de dezembro de 2011 Dossiê elaborado por: Maria Salomé Reis Alves de Lima Setor de Cultura

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Enventariado da Festa do Rosário (Reinado) na cidade de Cristais-MG.

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PREFEITURA MUNICIPAL DE CRISTAIS

CONSELHO MUNICIPAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL

REGISTRO DO BEM IMATERIAL

FESTA DO ROSÁRIO / REINADO

Lei Municipal Nº 1 617 de 07 de dezembro de 2011

Dossiê elaborado por: Maria Salomé Reis Alves de Lima Setor de Cultura Diretoria Municipal de Educação e Cultura

CRISTAIS/MG 2011

SUMÁRIO

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1. Introdução

2. Histórico do Bem cultural imaterial

2.1.Histórico do município de Cristais

2.1.1. Símbolos municipais2.1.1.1. A bandeira municipal2.1.1.2. O brasão de armas2.1.1.3. Hino a Cristais

2.2. Formação administrativa2.3. Aspectos físicos2.4. Aspectos diversos2.5. Aspectos econômicos2.6. Aspectos educacionais2.7. Serviços realizados em outras cidades2.8. Serviços de comunicação2.9. Serviços de saúde2.10. Entidades assistenciais2.11. Clubes de serviços2.12. Cultura2.13. Manifestações e tradições culturais2.14. Eventos desportivos2.15. Grupos musicais2.16. Artesanato e artes populares2.17. Gastronomia típica2.18. Atrações turísticas2.19. Espaços de lazer e cultura

3. Histórico da Festa do Rosário / Reinado - Antecedentes históricos3.1. Primeira Povoação do Ambrósio

3.1.1. Ataques em 1741/433.1.2. Guerra em 17463.1.3. As famílias afrodescendentes3.1.4. A toponímia afrocristalense

3.2. O Reino do Congo e suas relações com Portugal3.3. Do Congo à Angola3.4. Outros povos3.5. O tráfico de escravos3.6. A sociedade escravocrata3.7. Nações africanas em Minas Gerais

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4. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos4.1. Identidade e memória coletiva4.2. Histórico

5. Depoimentos de moradores e congadeiros

6. Produção de vídeos audiovisuais

7. Descrição detalhada do Bem imaterial cultural7.1. Igreja Nossa Senhora do Rosário

8. Mapa dos locais onde ocorrem as festas

9. Imagem Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos9.1. Origens da devoção9.2. Outros santos homenageados

9.2.1. São Benedito9.2.2. Santa Ifigênia

10. Símbolos do Reinado10.1. Tambores10.2. .Rosário e terço10.3. Mastros10.4. Bandeiras dos padroeiros – hasteamento e arriamento

10.4.1. Bandeiras das guardas ou ternos10.5. Coroas

10.5.1. As Coroas Grandes10.5.2. Coroa de promessa

10.6. Capa e cetro10.7. Bastão e espada10.8. Gunga ou campanha10.9. Pantagome10.10. Café e almoço10.11. Cortejo10.12. Procissão10.13. Promesseiros10.14. Festeiros10.15. Guardas ou ternos

10.15.1. Moçambique

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10.15.2. Congo10.15.3. Catupé10.15.4. Vilão

10.16. Capitão10.17. Rei e Rainha Perpétuos10.18. Rei Congo e Rainha Conga10.19. Rei e Rainha da Coroa Grande10.20. Mordomos10.21. Princesa Isabel10.22. Chico Rei10.23. Príncipes e princesas10.24. Sombrinhas e guarda sol

11. Ritual11.1. Preparação11.2. Fechamento do reinado11.3. Guardas ou ternos11.4. Consagração de capitão11.5. Coroação11.6. Descoroação11.7. Entrega da coroa11.8. Visita à coroa11.9. Transposição11.10. Levantamento dos mastros11.11. Saudação11.12. Beijo da bandeira11.13. Cruzamento de espadas11.14. Cruzamento de bastões11.15. Proteção – partida de corpo fechado11.16. Benzê o santo11.17. Enterrar o umbigo11.18. Tirá a paia11.19. Fechamento do corpo11.20. Rosário cruzado no peito11.21. Passagem de bastões11.22. Missa Conga

12. Letras e músicas

13. Festas similares

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14. Documentação fotográfica

15. Análise do Bem cultural imaterial sob os pontos de vistas: histórico, antropológico, social religioso e político relacionados com a história do município.15.1. A Festa do Rosário / Reinado em Cristais – legado cultural do Quilombo

do Ambrósio15.2. Origem da Festa do Rosário / Reinado em Cristais15.3. Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Cristais

15.3.1. Características15.3.2. Histórico

15.4. Documentos sobre a manifestação cultural15.5. Cartilha: Festa cultural o Reinado15.6. As festividades nos dias atuais

16. Ficha de inventário

17. Plano de valorização e salvaguarda17.1. Cronograma

18. Ficha técnica

19. Referências bibliográficas

20. Anexos20.1. Cópia da proposta do registro do bem imaterial20.2. Cópia da ata da instauração do registro20.3. Cópia dos questionários aplicados nas entrevistas20.4. Cópia do comunicado da instauração do processo do registro

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20.5. Cópia do parecer (Setor de Cultura) da proposta do registro20.6. Cópia da análise e parecer dos conselheiros sobre o processo instruído20.7. Cópia da ata do COMPAC – Cristais - favorável ao registro20.8. Cópia da divulgação do registro para manifestação dos interessados20.9. Cópia da ata da decisão final do COMPAC – Cristais20.10. Cópia da inscrição no Livro de Registros de Celebrações20.11. Cópia da mensagem ao público comunicando o registro do bem

imaterial: Festa do Rosário / Reinado

1. INTRODUÇÃOA Festa do Rosário ou Reinado em Cristais é uma manifestação na qual, por

meio da memória coletiva, o negro mantém viva a expressão de seus costumes, crenças e valores históricos culturais.

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A manifestação cultural remonta ao século XVIII, época da ascensão do Quilombo do Ambrósio na região. Nesta época, os negros liderados pelo Rei Ambrósio, reviviam e conservavam suas tradições culturais. É da época da escravidão a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, que se encontra sob a guarda da Irmandade com o mesmo nome, e é tombada como um Bem móvel cultural do município, sob o Decreto Nº 07 de 11 de março de 2004. Um requerimento datado de 17 de setembro de 1819, dirigido a D. João VI, solicitando colocar a imagem de Nossa Senhora do Rosário na capela de Nossa Senhora da Ajuda, comprova a existência da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, já nesta época, no município. Portanto, em Cristais, a festa do Reinado tem sua própria identidade cultural desde o século XVIII.

A palavra REINADO refere-se à festa de Nossa Senhora do Rosário, Santa Ifigênia, São Benedito e outros santos de devoção dos negros. Os devotos participam de procissões, terços, celebração da missa conga, danças dos ternos e de um café e/ou almoço oferecidos como agradecimento aos componentes dos ternos e aos demais participantes da celebração, em cumprimento de promessas. Nesta festividade há a representação da coroação de um rei congo e uma rainha, ambos negros simbolizando um antigo reino africano: o reino do Congo, de onde muitos escravos vieram para o Brasil. Essa festa popular religiosa em Cristais mantém as tradições ancestrais dos negros, sendo um dos elementos que contribuem para a formação da identidade afro-brasileira. Devido à importância histórica, torna-se imprescindível a organização das informações bibliográficas, documentais e orais para o processo de registro do Bem intangível, com o objetivo de sua preservação. Aqui abordaremos um pouco da história afro-brasileira para facilitar a compreensão dessa festa e de suas transformações, de modo a entender e viver a nossa história, nossas raízes quilombolas.

A metodologia usada para aplicar o projeto será a pesquisa qualitativa, usando as modalidades das pesquisas: campo, bibliográfica e documental.

No ano de 2008/9, iniciamos a pesquisa com a coleta de dados, tanto bibliográficos quanto documentais, para a elaboração da cartilha: ”O Segredo do Rei Ambrósio”. Essa cartilha foi aplicada e estudada nas escolas municipais do ensino fundamental e, especialmente, nas escolas da zona rural, localidade dos remanescentes quilombolas, através da organização de uma feira cultural. No ano de 2010 demos continuidade aos estudos elaborando outra cartilha: “Festa Cultural: O Reinado”, em nível de microrregião atendendo Aguanil, Campo Belo e Cristais para participar da 2ª Jornada Mineira do Patrimônio Cultural, promoção do IEPHA/MG, sob a modalidade de Educação Patrimonial. A finalidade do estudo dessas cartilhas é mostrar e demonstrar a participação do negro na formação da pátria mineira, valorizando a cultura afro-brasileira, como um dos pilares da civilização brasileira.

Devido à repercussão positiva frente às comunidades escolar e civil, tanto no que se diz respeito às cartilhas como aos eventos da feira cultural e da jornada minera do patrimônio cultural, foi sugerido que a Festa do Rosário / Reinado, uma manifestação

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cultural, que traduz a força da tradição na história de um povo presente em nossas cidades, fosse registrada como um bem cultural imaterial. A sugestão foi levada para a reunião ordinária do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Cristais/MG, lavrada em atas dos dias: 22 ( vinte e dois ) de julho de 2011 e 02 ( dois) de agosto de 2011. Todos os conselheiros aprovaram a sugestão e decidiram providenciar o processo de registro do bem imaterial visando sua preservação, manutenção e divulgação. Para tal fim, foi indicada e formada uma equipe técnica com o propósito de estudar, analisar e avaliar o bem cultural intangível.

Manter viva uma identidade cultural e preservar sua memória abre caminhos para reconstruir sua história. A importância da preservação da memória para a construção de uma história útil e expressiva da realidade de um povo, de natureza cultural, é relevante para determinar os marcos da memória e os sinais da história. Existem relações profundas entre a identidade cultural de um povo, a preservação de sua memória e a elaboração da investigação histórica. Os registros documentados e a tradição oral são exemplos, muito significativos, do fato de que os grupos ou comunidades que possuam uma consistente dimensão cultural são sujeitos mantenedores e gerenciadores de sua própria memória histórica.

O Reinado, festa de tradição afrodescendente, mantém viva sua identidade cultural preservando a memória histórica. Assim o Reinado é visto como tradição cultural devido a permanência secular que o sustenta, persistência vinda pela capacidade revitalizadora construída por sucessivas gerações. Os mais velhos, defendendo a tradição ancorada em suas vivências do passado, demonstram preocupação em transmitir e conservar a tradição cultural, ainda que cientes das intercambiações culturais tão inerentes ao Reinado e as diversas outras manifestações. Capacidade de revitalização cultural não é simplesmente substituir um aspecto do presente por algo que se pressupõe ser mais moderno. Ressignificar pode ser a busca daquilo que um dia já foi importante. O presente dialoga com o passado que se encontra vivo, demonstrando que a ressignificação pode estar vinculada ao despertar de um passado que se encontrava adormecido. Transmissões de valores são mutáveis e nenhuma geração seguirá os aprendizados culturais tal qual os recebeu. O Reinado é um movimento e tudo que se move inevitavelmente se transforma.

Pensar que os ternos de Reinado devam comportar-se culturalmente como seus antepassados seria congelar a memória dos mais jovens no passado, sem lhes permitir de construir suas vivências diante do seu próprio tempo.

Os documentos ambulantes, homens e mulheres, sejam adultos, jovens ou crianças, são fontes não classificadas que guardam a energia mística de um legado ancestral da cultura africana. Preservando essa cultura, impregnada de simbologia e conservada tradicionalmente de um modo precioso, o afro-brasileiro assimilou e conseguiu dar uma característica histórica e artística às suas próprias vivências sociais.

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2. HISTÓRICO DO BEM CULTURAL

2.1. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE CRISTAIS

O desbravador da região do Rio Grande, onde hoje se localiza o município de Cristais, foi o bandeirante Lourenço Castanho Jaques, o Moço, provavelmente de 1675 a 1690, quando perseguia os habitantes naturais da região, os índios Cataguases.

Em 1746 fez-se a primeira referência histórica ao atual município, através de um documento expedido pelo governador Gomes Freire de Andrada para atacar e destruir o Quilombo do Ambrósio I, onde se localizava a Primeira Povoação do Ambrósio, hoje região do atual município de Cristais.

As primeiras Sesmarias foram concedidas em meados de 1760, após a destruição do quilombo. Em 1765 Constantino Barbosa da Cunha obteve o registro de sua sesmaria na região do Quilombo do Ambrósio. Com o falecimento de Constantino Barbosa da Cunha, em 1771, após o inventário de seus bens, os herdeiros venderam e transferiramtodos os direitos que possuíam sobre essa sesmaria para Romão Fagundes do Amaral, que era seu genro.

Em 1791 registrou-se uma provisão pelo bispo de Mariana para uso de uma ermida, sob a invocação de Nossa Senhora da Ajuda, para os moradores do “ Rio Grande dos Cristais”.

Em 13/12/1880, o distrito de Cristais foi elevado à categoria de freguesia (paróquia); foi nomeado o primeiro vigário: Pe. Custódio Ferreira dos Reis e

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delimitadas as divisas da nova freguesia que correspondem, atualmente, às do município.

O cristal de rocha, abundante na região, teria atraído os primeiros habitantes para o local. Razão também do topônimo, conhecido, desde os primórdios, agregado ao nome da padroeira. O arraial, já no início da sua formação, era chamado:

“ Arraial Nossa Senhora da Ajuda do Rio Grande de Cristais”.

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2.1.1. Símbolos Municipais de Cristais

A Bandeira e o Brasão Municipal foram oficializados na administração do prefeito Aristeu Maia, pela lei Nº 113 de 19 de maio de 1974.

2.1.1.1. A Bandeira Municipal A Bandeira Municipal de Cristais, de autoria do heraldista Professor Arcinóe

Antonio Peixoto de Faria, será ESQUARTELADA EM CRUZ, sendo os quartéis de azul constituídos por faixas brancas de dois módulos de largura, carregadas de sobre faixas vermelhas de um módulo, dispostas em cruz deitada voltada para a tralha, tendo no ponto de encontro dos braços da cruz, um círculo branco de oito módulos de circunferência, eqüidistantes três módulos dos bordos da Bandeira e da tralha, onde o Brasão Municipal é aplicado.

De conformidade com a tradição da heráldica Portuguesa, da qual herdamos os cânones e regras, as bandeiras municipais podem ser oitavadas, sextavadas, esquarteladas ou terciadas, tendo por cores as mesmas constantes do campo do escudo e ostentando ao centro na tralha uma figura geométrica onde o Brasão Municipal é aplicado.

A Bandeira Municipal de Cristais obedece a essa regra, sendo esquartelada em cruz, lembrando nesse simbolismo o espírito cristão de seu povo. O

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Brasão aplicado na bandeira representa o GOVERNO MUNICIPAL e o círculo branco onde é contido representa a própria Cidade - Sede do Município - e o círculo símbolo heráldico da “eternidade” porque se trata de uma figura geométrica que não tem princípio e nem fim; a cor branca simboliza a paz, amizade, trabalho, prosperidade, pureza, religiosidade. As faixas brancas carregadas de sobre-faixas vermelhas que formam os braços da cruz representam a irradiação do Poder Municipal que se expande a todos os quadrantes de seu território - a cor vermelha é símbolo de dedicação, amor pátrio, audácia, intrepidez, coragem, valentia. Os quartéis de azul, assim constituídos, representam as Propriedades Rurais existentes no território municipal - a cor azul é símbolo de justiça, nobreza, perseverança, zelo e lealdade.

2.1.1.2.O Brasão de Armas O Brasão de Armas de Cristais é descrito da seguinte forma: (em termos

heráldicos)Escudo samnitico encimado pela coroa mural de suas torres de argente e

iluminada de goles. Em campo de bláu, posto em abismo, um bloco de cristal de rocha argente, encimado em chefe de uma flor - de - liz do mesmo metal. Ao termo, um triplo mantel de argente carregado de uma panóplia constituída por dois arcabuses de sable entrecruzados, sobrepostos de um gibão de bandeirante de góles.

Como apoios do escudo, a destra e sinistra - galhos de café frutificados ao natural, entrecruzados em ponta, sobre os quais se sobrepõe um listel de góles, contendo em letras argentinas o topônimo “Cristais” ladeado pela data “27 de dezembro de 1948”.

O Brasão, descrito acima, tem a seguinte interpretação simbólica:a - O escudo samnítico, usado para representar o Brasão de Armas de

Cristais, foi o primeiro estilo de escudo introduzido em Portugal por influência francesa, herdado pela heráldica brasileira como evocativo da raça colonizadora e principal formadora da nossa nacionalidade.

b - A coroa mural que sobrepõe é símbolo universal dos brasões de domínio que, sendo de argente (prata) de suas torres, das quais apenas quatro são visíveis em perspectiva no desenho classifica a cidade representada na Terceira Grandeza, ou seja, sede do Município; a iluminura de goles (vermelho), pelo significado heráldico da cor, se identifica com as qualidades próprias dos dirigentes da comuna.

c - A cor do bláu (azul) do campo do escudo é símbolo de justiça, nobreza, perseverança, zelo e lealdade.

d - Em abismo (centro ou coração do escudo) o bloco de cristais de rocha argente ( prata ) encimado em chefe por uma flor - de - liz do mesmo metal, vem a se constituir no parlantismo do escudo, posto que a flor - de - liz em campo azul é o símbolo heráldico de “Nossa Senhora da Ajuda” e o primitivo topônimo dado a cidade: Nossa Senhora da Ajuda dos Cristais.

e - O metal argente (prata) simboliza a paz, amizade, trabalho, prosperidade, pureza, religiosidade;

f - Ao termo (parte inferior do escudo) o triplo mantel de argente (prata) representa no brasão as serranias, característica regional e a panóplia constituída pelos

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arcabuses entrecruzados e o gibão de bandeira lembra ter sido a cidade fundada por bandeirantes no período de 1780 a 1800.

g - A cor sable (preto) em que são representados os arcabuses, tem significado heráldico da prudência, sabedoria, moderação, austeridade, firmeza de caráter.

h - Nos ornamentos exteriores, os galhos de café frutificados ao natural, lembram no Brasão um dos principais produtos oriundos da terra dadivosa e fértil que, além da mineração, se destaca na economia Municipal.

i - No listel de goles (vermelho), cor simbólica do amor pátrio, dedicação, audácia, intrepidez, coragem, valentia, inscreve - se em letras argentinas (prateadas) o topônimo identificador “Cristais”, ladeado pela data de sua emancipação política “ 27 de dezembro de 1948”.

2.1.1.3. HINO A CRISTAIS

Letra - Professor José Maia da SilvaMúsica - Maria de Lourdes Matoso e João Alexandrino dos Santos

Cristais, bela pedra preciosa,incrustada no Campo das VertentesÉs primeira na terra da Alterosae a que tem o mais belo sol poente

Sou brasileiro, na guerra e na pazSou mineiro nascido em Cristais

Avante, meu Brasil, muito felizcaminha com você Minas Geraisninguém segura meu grande paísninguém segura esta bela Cristais

Tua juventude é sadia a cultura é tua bela espadaglorifica teu nome todo o diae te faz conhecida e mais amada

O teu povo de tudo é mais capazlivre e forte, gentil hospitaleiroe esses filhos felizes são na paznascem em Minas e são brasileiros.

O hino a Cristais foi oficializado pela lei nº75 de 14 de abril de 1972, na administração do ex - prefeito Paulo Ribeiro.

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2.2. FORMAÇÃO ADMINISTRATIVAO distrito de Nossa Senhora da Ajuda do Rio Grande de Cristais foi criado pela

Lei 2 221 de 13 de junho de 1876, como parte da Comarca de São Bento do Tamanduá, hoje, Itapecerica.

Em fins de 1882 passou a pertencer a Comarca de Campo Belo, já com a denominação de CRISTAIS, simplesmente.

Na década de 40 havia no Estado de Minas Gerias inúmeros distritos em via de serem emancipados. Cristais era um deles. Fazendeiros, políticos, profissionais liberais e estudantes lideraram um movimento pró-emancipação político-administrativa. A emancipação se concretizou em 27 de dezembro de 1948, no art. 9º da Lei 336 assinada pelo então governador Dr. Milton Soares Campos. O novo município passou a ter o nome definitivo e oficial de CRISTAIS. Foi nomeado o 1O Intendente, Lucas Tavares Lacerda, que organizou burocraticamente o município, até a eleição do primeiro prefeito, realizada em março de 1949. Faziam parte dessa Intendência, os funcionários: Secretário: Aristeu Maia; Chefe do Serviço de Fazenda: José Alane; Fiscal: Onofre Matos Assunção.

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2.3. ASPECTOS FÍSICOSCom uma área de 629,5 km2 de extensão territorial, densidade demográfica

17,96 hab/km2, onde vive uma população de 11 286 habitantes. Cristais está localizada na zona geográfica do Campo das Vertentes, no oeste de Minas Gerais, inserida na região administrativa do Alto do Rio Grande, fazendo divisa com os municípios: Formiga, Candeias, Campo Belo, Aguanil, Boa Esperança e Guapé.

A sede está subdividida em bairros: Centro, Campinho, Serra, Morro Eduardo, São Vicente de Paulo, José de Assis Carvalho, N.S. Aparecida, Souza Reis, Campos Elíseos, Fonte, Alvorada, José Henriqueta, Maria Idalina Maia, Sta. Helena, Águas de Cristais, Cinqüentenário, Vista Alegre (Chácara) e Novo Horizonte.

Fazem parte do território municipal, o Sítio Histórico e sua toponímia e as comunidades: Segredo, Ribeirão dos Cavalos, Meia-laranja, Rosas, Fernandes, Coqueiros, Mapam, Barreiro, Areião, Tambor, Quebra-cangalha, Monjolos, Serrinha, Lambarí, Pântano, São Pedro, Bugios, Campo Redondo, Martins, Mata, Alves, Alvarenga, Òleo, Costas, Valadões, Souzas, Capão Redondo e Chácara.

Cristais é um município atípico porque, embora esteja situado à margem direita do Rio Grande, é cercado ao norte, oeste e sul pelas águas do lago de Furnas. Em muitos trechos essas águas o invadem, quase o cortando ao meio, alcançando abrangências de 101 km2 de espelho d’ água. Cristais faz jus à denominação de Município Lindeiro. Porém, sua sede, situada mais ao centro-sul do município, não é banhada pelas águas da represa.

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A hidrografia está ligada às bacias dos rios: São Francisco e Paraná. Seus cursos d’ água mais importantes são do rio Santana que, nascendo no município de Camacho, se incorpora à represa de Furnas no território de Cristais; e do Rio Grande que atravessa o município através da represa e pros- segue o seu curso para o sul.

De clima tropical de altitude, a cidade tem um índice pluviométrico de 1 395 mm e temperaturas médias que vão de 16o C a 24º C, sendo que a média anual é de 19,4º C.

A altitude máxima alcança 1018 m / local: Serra dos Cristais e a mínima 810 m. / local: foz córrego Wilson; altitude no ponto central da cidade ( Praça José Ferreira Filho) 880 m ; localizando-se nas coordenadas geográficas de latitude W 45º.30´ 54´´ e , longitude S 20º 52´30´´.

De relevo predominantemente elevado ( topografia sobre um total de 100% da área do município: Plano 20, Ondulado 60, Montanhoso 20), Cristais tem o Ribeirão dos Cavalos e o Ribeirão do Pântano, como os riachos principais ( bacia hidrográfica do Rio Grande) , além da Represa de Furnas.

O solo é rico em cristal de rocha, argila e grafite.O cerrado é a sua vegetação característica com escassez de matas e galerias. Esse

tipo apresenta árvores com troncos retorcidos e folhas grossas que crescem sobre uma vegetação de gramíneas.

2.4.ASPECTOS DIVERSOS: O município é servido pelas rodovias:

BR 369 – que liga Oliveira à Boa EsperançaBR 354 – que liga Patos de Minas à Boa EsperançaBR 381 – que liga Belo Horizonte a São Paulo – a “Fernão Dias”.

Há também o acesso à cidade por duas estadas vicinais não pavimentadas: uma com acesso a BR 369 e outra com acesso a BR 354.

O meio de transporte é rodoviário, possuindo, a serviço do município, empresas de transportes intermunicipais: Viação Campo Belo fazendo o percurso : Cristais – Campo Belo – Belo Horizonte – e/ou São Paulo; Viação Transunião fazendo o percurso: Cristais – Formiga – Boa Esperança. Está distante de: Belo Horizonte 227 km, Rio de Janeiro 515 km, São Paulo 445 km e Brasília 965 km. De acordo com o IBGE o censo de 2010 contou 11.207 habitantes. Há predominância da população étnica mulata, conseqüência da formação do Quilombo do Ambrósio I. Possui também uma população itinerante, estimada em 300 pessoas que, diariamente, vêm das cidades vizinhas prestar serviços à comunidade.

Há predominância da religião católica, com acentuadas tendências às religiões evangélicas.

2.5. ASPECTOS ECONÔMICOS: No setor primário o município possui a agricultura e a pecuária como atividades principais. Os principais produtos agrícolas são: o café, o milho, arroz, feijão e a soja. A pecuária é bovina, suína, avícola ( frangos e avestruzes).

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Com exceção da soja, os demais produtos fazem parte da agricultura familiar e todos são de suma importância na composição da renda e sobrevivência das famílias.PESCA

Dentre as diversas espécies de peixes, a traíra, a tilápia, o dourado, o mandi, o piau e o tucunaré são os mais importantes de nossa pesca. Com uma média de mais ou menos 50 kg semanais por pescador, durante 8 meses, é o principal produto na composição da renda e subsistência da maioria dos pescadores de nossa região. Planeja-se organização de uma cooperativa dos pescadores.

O produto peixe ainda não entra na merenda escolar. Deverá ser introduzido, pois se trata de um rico alimento.

Desenvolve também a extração vegetal (madeira) e mineral (cristal de rocha, argila, calcário e grafite), em baixa escala.

No setor secundário as micro-indústrias predominam. São 69 indústrias. A confecção de artigos do vestuário e acessórios é o ponto forte na atividade industrial; 45 facções gerando um considerável número de empregos diretos.

No setor terciário o município conta com um comércio variado. Possui três agências bancárias: Banco do Brasil, Banco Credibelo e Bradesco. Conta também com uma casa lotérica: Loteria “Cristal da Sorte”, respondendo pela Caixa Econômica Federal.

2.6. ASPECTOS EDUCACIONAISCristais era um povoado carente de instrução. Não havia escolas, nem

professores. O sr. Aureliano Reis, tendo constituído família, e, sentindo a necessidade de oferecer estudos para seus filhos e amigos, resolveu então, doar um terreno, conforme escritura registrada no Cartório Maia Rios, de Campo Belo, em 17/08/1915, Livro 3 A, fls. 134. Nesse local, ele construiu um prédio para a 1ª. Escola de Cristais que, a principio, recebeu o nome de “Escola Mista”. Mais tarde, sob o Decreto de Criação no. 9180 de 19/10/1929, passou a integrar o sistema de “Escolas Reunidas” ( inclusive as escolas da zona rural).

Os primeiros professores foram: João Moreira Maia, Amélio Pimenta de Abreu, Rita Maria de Oliveira, Antônio de Castro, João Pânfilo Guimarães, Amélia Moyle Maciel e outros.

No movimento pró emancipação político-administrativo do município, muitos cidadãos cristalenses trabalharam, destacando, entre vários, o sr. Pe. Celso José Pinheiro. Após a emancipação municipal a “Escolas Reunidas”, recebeu a denominação de Grupo Escolar Pe. Celso Pinheiro, passando para a autarquia estadual.

Aos 22/05/1970, a Prefeitura Municipal de Cristais, representada pelo sr. Hélio Ferreira, adquiriu um terreno para ampliação do espaço físico da escola. Na gestão do prefeito Aristeu Maia, o antigo prédio foi demolido. Iniciou-se a construção de outro, com arquitetura moderna, ampla e espaçosa, e área disponível de 1860 m2.

Mediante a LDB 9652/71, a escola recebeu a denominação de Escola Estadual Pe. Celso Pinheiro de 1º. Grau e, de acordo com a Resolução 8751/98, a autarquia administrativa da escola passou para a esfera municipal com a denominação Escola Municipal Pe. Celso Pinheiro

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Tendo a demanda escolar crescido significativamente, o povo cristalense sentiu por bem, unir-se para reivindicar do governo do Estado, representado, na época, pelo Dr. José de Magalhães Pinto, outra escola. Foi assim que, em 1964, nascia o Grupo Escolar Antero Maia. O corpo docente do Grupo Escolar Pe. Celso Pinheiro foi desmembrado, sendo que uma parte foi deslocada para o Grupo Escolar Antero Maia. Ao longo do tempo essa escola sofreu intervenções em sua estrutura física: reformas, ampliações, etc. Passou também por uma ruptura na sua estrutura funcional, no processo de negociação com o Estado, por ocasião da transferência da autarquia administrativa para o município. Hoje recebe a denominação de Escola Municipal Antero Maia.

Em 1965 foi criada pela Lei 3 844 de 17/ 12/ 65 o Ginásio Estadual D.Osmar Bicalho, para atender a demanda escolar de jovens que deixavam sua cidade natal, para ampliar seus estudos em cidades vizinhas. Em 1985 foi autorizado o funcionamento do curso de Magistério e Científico. Hoje oferece os ensinos: Fundamental e Médio.

Educação na zona rural- o ensino ficava sob a responsabilidade dos latifundiários que agregavam, além de suas famílias, as famílias dos colonos. O ensino era particular. Os donos das fazendas remuneravam professores para ensinar as primeiras letras. Assim surgiram as primeiras escolas: Escola Combinada Martins de Ázara, Escola Combinada Souza, Escola Combinada Fernandes, Escola Combinada Valadões, Escola Combinada Rosas, Lar-escola na Fazenda de São Pedro. Professores: Antenor Pio de Morais e Conceição Silveira, entre outros. Na gestão 1967/1971, do então prefeito Hélio Ferreira, foram criadas, na zona rural, 14 escolas estaduais.

A Escola da APAE de Ensino Especial foi criada pela Lei 499 de 26/11/91. A Escola Máximus, de autarquia administrativa particular, foi criada em

01/04/96. De acordo com o perfil educacional, Cristais está inserido na Mesorregião:

Oeste de Minas; Microrregião: Campo Belo; Superintendência Regional de Ensino: Campo Belo; Região de Planejamento: Centro Oeste de Minas; Polo Regional de Ensino (Sede): Sul (Varginha)

O Município de Cristais conta atualmente com: . CEMEIs – 06 unidades ( 03 na zona urbana e 03 na zona rural). APAE – 01 Ensino Especial ( zona urbana). Escola Curumim Emídio Gambogi ( metodologia diferenciada). Escola Municipal “Pe. Celso Pinheiro” – Educação Infantil e Série Introdutória à 4 ª

série ( zona urbana). Escola Municipal “Antero Maia” – Educação Infantil e Série Introdutória à 4ª série ( zona urbana ). Escola Municipal Prefeito Aristeu Maia – Educação Infantil, Série Introdutória à 4 ª

série, Ensino Fundamental 5ª à 8ª série e Ensino Médio ( zona rural). Escola Municipal João de Assis Campos – Educação Infantil, Série Introdutória à 4 ª

série e Ensino Fundamental 5ª à 8ª série ( zona rural)Escola Municipal de Alves – Ensino Infantil e Série Introdutória à 4ª série ( zona rural) . Colégio Máximus- Série Introdutória à 4ª série, Ensino Fundamental 5ª à 8ª série e Ensino Médio ( zona urbana - dependência administrativa particular)

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.Escola Estadual Dr. “Osmar Bicalho” – Ensino Fundamental 5ª à 8ª série e Ensino Médio ( zona urbana). Escola de Corte e Costura “ Joaquim Eliazar” – profissionalizante –municipal

Educação Universitária - Pedagogia, Pós graduação em Psicopedagogia.O abastecimento de energia elétrica urbana e rural é feito pela CEMIG; o

abastecimento da água na zona urbana é feito pela COPASA.A cidade conta com rede de esgoto, atendendo cerca de 95% da população.A limpeza urbana é regulamentada por legislação municipal. O serviço é

executado pela própria prefeitura através da coordenação de Assessoria Técnica e do Meio Ambiente que coleta e trata o lixo na Usina de Reciclagem e Compostagem do Lixo.

São 30 km de ruas, sendo 22 km pavimentadas.O Município possui 53 estabelecimentos de serviços prestados à população, com

estimativa de 1/3 da população na ativa. Possui ainda:. Delegacia de Polícia. Polícia Militar. Cadeia Pública. Posto de Atendimento Policial. Juizado de Pequenas Causas. Juizado de Conciliação. COMCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente). Conselho Tutelar Municipal. Junta Militar. Biblioteca Pública Municipal. Sindicato Rural. Sindicato dos Trabalhadores Rurais. Sindicato dos Pescadores. Posto da EMATER. Posto do INCRA. Posto do SIAT ( Serviço Integrado de Assistência Fiscal Tributária). Cartório de Registro Civil e Notas. Posto da CAPEBE ( Cooperativa Agropecuária Boa Esperança). Praça de Esportes CEEM ( Centro Esportivo Estudantil Municipal). Ginásio Coberto – Poliesportivo “ José Henriqueta”. Hotel Pousada “ Rota do Sol”. Restaurantes : “Das Neves” e “ José Reis”, “Boa Vista”, “Obelix”. Pizzarias – . Terminal Rodoviário. Matadouro Municipal. Funerárias

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2.7. SERVIÇOS REALIZADOS EM OUTRAS CIDADES:Campo Belo. IBGE, INSS, IEF, Fórum “Raphael Magalhães”, Superintendência Regional de Ensino, Receita Federal, Cartório de Registro de Imóveis.Varginha. FEAM

2.8. SERVIÇOS DE COMUNICAÇÃO:Cristais conta com:

. Agência de Correios

. Emissora de Rádio Comunitária “ Rádio Cristal FM “

. Sistema de Telefonia: DDD (código 35) Telefonia fixa e móvel, telefones públicos ( 44 orelhões)

. Internet

. Jornal Ocasião (regional)

2.9. SERVIÇOS DE SAÚDE:. Hospital Municipal “ Santo Antônio”. Postos do PSF ( Programa de Saúde da Família). Farmácia Básica Municipal . Farmácias Particulares ( 08). Centro Odontológico Municipal. Consultórios Odontológicos Particulares ( 10). Centros de Fisioterapia Particulares (05). Atendimento fonoaudiólogo e nutrição

2.10. ENTIDADES ASSISTÊNCIAIS: . Asilo “São Vicente de Paulo”. Clube da 3ª idade. AA ( Grupo de Alcoólicos Anônimos). Assistência “ Casa Lar”

2.11. CLUBES DE SERVIÇOS:. Rotary Club. Interact Club. Rotaract Club. Rotary Kid. CEBs, MFC, JUCAL, MCC, ( grupos ligados as suas Igrejas). Pastoral da Criança. Associações Comunitárias ( urbanas e rurais)

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2.12. CULTURAO Conselho Municipal de Cultura foi criado pela Lei no. 932 de 03/12/2001

2.13. MANIFESTAÇÕES E TRADIÇÕES CULTURAIS:

l..a. Religiosas: . Festa do Reinado. Festa de São Sebastião. Festa da Padroeira N. S. da Ajuda. Festa da Padroeira do Brasil N. S. Aparecida. Folia de Reis. Semana Santa. Mês Mariano. Procissão de Corpus Christi. Romarias: a Aparecida, a Itaci, a Santana do Jacaré, a Três Pontas, `a São

Roque de Minas, a Congonhas do Campo ( a pé e de ônibus). Cavalgadas: a Aparecida, a Guapé, a Aguanil, à Serra da Canastra.

1.b. Populares:. Festa do Dia da Cidade. Festival do Biscoito. Quermesse junina. Festa do Peão de Boiadeiro. Mutirão. Reveillon

. . Carnaval ( festejada na rua, envolvendo toda a população)

2.14. Eventos desportivos: . corridas rústicas. gincanas. torneios e campeonatos de futebol. competição de ciclismo

2.15. Grupos musicais: . Banda de Música: “Corporação Musical Cristalense”. Fanfarra “Aristeu Maia” . Corais de músicas sacras: “Sagrado Coração de Jesus”, “ Jesus Sacramentado”, “Santa Cecília”, “Àgape”, “JUCAL”, . Duplas sertanejas: Max e Moreno, Irmãs Reis e Cristalino

2.16. Artesanato e artes populares:. arranjos florais

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. fios: bordados, crochê, tricô e tecelagem

. fibras: confecção de cestos, peneiras, vassouras, chapéus

. cobre: fundição do metal para confecção de tachos

. pintura a óleo em telas e tecidos.

2.17. Gastronomia típica:Segue a mineira; o biscoito de polvilho (caseiro) é o destaque. Deu aos

cristalenses a alcunha de “biscoiteiros”.

2.18. Atrações Turísticas:Pontos visitados:

. A Igreja Matriz N. S. da Ajuda ( visitação ao túmulo do Monsenhor Celso José Pinheiro, cujos restos mortais estão depositados no interior da igreja. Padre, filho de Cristais, exerceu o sacerdócio por 48 anos em sua terra natal ).

. O cruzeiro do Morro da Boa Vista

. Montanhas de Cristais – Centro de Visitação Turística que tem como marco a escultura do Cristo Redentor.

. Serra do Garimpo (onde se encontram galerias e túneis resultantes das escavações – não são abertas ao público)

Grande foi a procura pelos cristais de rocha para exportação, na época da 2a. Guerra Mundial, pois o minério era muito empregado na fabricação de armas. Nessa época, as jazidas de cristal de rocha e citrine tiveram maior exploração, atraindo imigrantes para o local. O comércio concentrou-se no garimpo: garimpeiros, exploradores, compradores, vendedores, lapidários. Viveram um tempo estranho, onde sonho e realidade se misturavam. Isso deu origem à lenda da “Mãe do Ouro”. “ ... um pequeno cometa atravessou o céu de Cristais, vindo cair na serra. As pessoas que o viram , diziam ser a “Mãe do Ouro” e, onde caísse, ali estaria enterrado um grande tesouro. Muitas pessoas saíram à procura desse tesouro, descobrindo algumas pedras semi-preciosas , o cristal, dando origem à exploração do minério na serra dos cristais.”

Na década de 60, a extração do cristal foi reativada, mas de forma artesanal. As pedras polidas em lascas, devidamente lapidadas, eram exportadas, principalmente para o Rio de Janeiro e norte de Minas.

Hoje o garimpo é apenas um atrativo turístico.. O Lago de Furnas rico em peixes, propício à pesca. È propício também à

prática de esportes náuticos.. O Porto dos Fernandes às margens da Represa de Furnas, de águas tranqüilas

e paisagem exuberante. O Aterro (margem do Lago de Furnas, propício à pescaria). A Balsa (localizada no Porto dos Fernandes, faz a travessia da Represa de

Furnas para Guapé). A Pedra Misteriosa: marca de duas pegadas, segundo a tradição local

(localizada na comunidade de Óleo). Remanescentes do Quilombo do Ambrósio I (localizado na comunidade de

Meia-laranja).Caminhos pitorescos com restos de exploração de cristal ( lascas e “lápis”)

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2.19. Espaços de Lazer e Cultura:. praças e jardins arborizados, com pistas para caminhadas. CEEM – praça de esportes e também clube recreativo. Clube “Jubileu de Prata”- onde se realizam eventos culturais e artísticos . Ginásio Poliesportivo – onde se realizam eventos desportivos e festas religiosas e profanas. . Espaço Cultural “ D. Francisco Barroso Filho” - onde se realizam eventos religiosos, exposições de artes sacras, históricas e culturais. BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL “ JOSÉ PINHEIRO DE SOUZA” instituída pela Lei Municipal Nº 037 de 20 de setembro de 1970.

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MUSEU HISTÓRICO MUNICIPAL DE CRISTAIS instituído pelo Decreto nº 075 de 20 de novembro de 2007.ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL DE CRISTAIS/MG instituido pela Lei Municipal Nº 1. 485 de 13 de julho de 2009.

3. HISTÓRICO DO REINADO - ANTECEDENTES HISTÓRICOS

3.1. PRIMEIRA POVOAÇÃO DO AMBRÓSIO I QUILOMBO DO AMBRÓSIO – SÍTIO HISTÓRICO DE CRISTAIS

“ ... em 1746 seus habitantes e suas roças foram atacadas e destruídas pelo capitão Antônio João de Oliveira ... “

Em 1713, Antônio Albuquerque Coelho governava a Capitania de São Paulo e Minas do Ouro. Achando as minas um ponto ideal para constituírem um distrito novo, desmembrado do velho distrito de São Paulo, o então governador resolveu formar a Capitania das Minas do Ouro.

Por volta de 1720, na região dessa Capitania banhada pelo Rio Grande, começaram a florescer povoados de gente humilde que, acolhendo a todos,

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principalmente escravos fugitivos, ali mineravam e plantavam suas roças. O rio que ali corria era aurífero com terras férteis e matas abundantes, favorecendo a sobrevivência humana. As características próprias da mineração e a grande miscigenação aumentaram a população de negros livres. Eles se julgaram no direito de serem pioneiros na conquista do sertão e fundadores de povoações. Surgiram assim, os quilombos, locais bem escondidos de difícil acesso, onde os escravos fugidos se reuniam para construir suas casas e plantar suas roças. Viviam em sociedade, livres da escravidão, até que fossem atacados pelos capitães do mato. Estes primitivos núcleos deram origem a muitas cidades mineiras.

A historiografia mineira registra os fatos históricos ocorridos no século XVIII omitindo a realidade da sociedade escravocrata. O então governador, Gomes Freire de Andrade, parece ter imposto uma espécie de segredo de Estado, sobre os fatos ocorridos a respeito do Quilombo do Campo Grande. Assim, os chamados “homens bons”, os portugueses, brancos ricos, monopolizavam o poder.

O CAMPO GRANDE era uma região que abrangia uma grande extensão do sertão das Minas do Ouro. Neste local formou-se um quilombo que se tornou conhecido como O QUILOMBO DO CAMPO GRANDE. Este quilombo era formado por muitos núcleos ou vilas, sendo um deles o QUILOMBO DO AMBRÓSIO, fazendo parte da CONFEDERAÇÃO QUILOMBOLA DO CAMPO GRANDE. O Quilombo do Ambrósio por sua extensão, organização administrativa e independência econômica era considerado a capital do Campo Grande.

O Quilombo do Ambrósio já existia em 1726. Até 1746, sob a denominação de PRIMEIRA POVOAÇÃO DO AMBRÓSIO localizava-se no atual município de Cristais. A Primeira Povoação do Ambrósio foi a semente da imensa Confederação Quilombola do Campo Grande, onde reinavam Rei Ambrósio e Rainha Cândida. Preto Ambrósio ou Pai Ambrósio, era assim denominado pela sua nobreza de alma. Foi um grande líder pela sua inteligência organizadora, sua bravura. Homem dotado de todas as qualidades de um grande general.

O Quilombo do Ambrósio foi um modelo de organização, disciplina e trabalho comunitário. Havia uma hierarquia administrativa, constituída de elementos da confiança do Rei Ambrósio. O progresso que atingiu o Quilombo do Ambrósio, conseqüência de grande liderança, deixava inseguras as autoridades governamentais, “os homens bons”.

O documento seguinte mostra como os negros incomodavam: Carta do governador da Capitania das Minas do Ouro, Gomes Freire de Andrade, datada de 08 de agosto de 1746 informa à coroa que, na parte chamada Campo Grande ( entre a comarca de São João Del Rei e Goiás ) principiou , há mais de 20 anos, a formar - se um troço de negros a que vulgarmente chamam quilombo. Há anos se tem aumentado e crescendo o quilombo para fazerem dano aos brancos e de outras comarcas, destacam continuidade partidas de 20 e 30 negros que executam roubos crudelíssimas mortes; algumas partidas se apanharam e posto, lhe fez justiça, não foi bastante o remédio;

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antes, se aumentou o número de negros aquilombados, e chegou a tanto que segundo os melhores cálculos, passava já de mil negros e grande número de negras e crias; unindo este poder, elegeram rei e formaram uma falange assaz forte e determinando - se aparecer, o fazem com insolência de queimar as vivendas, mataram os senhores delas, forçaram as famílias e levaram os escravos que entendem... ( Revista do APM - Seção Colonial ).

Quilombos, até então, eram somente os esconderijos de escravos fugidos da escravidão. Na Confederação Quilombola do Campo Grande, o governador Gomes Freire de Andrade decretou que Quilombos eram também os povoados de pretos forros e brancos pobres que, juntos com seus escravos, fugiam do Sistema Tributário da Capitação que vigorou entre 1735 e 1751.

No Sistema Tributário de Capitação os pretos alforriados, isto é libertos, tinham que pagar impostos sobre suas próprias pessoas, sob pena de multa e prisão. O governo proibia, mesmo às pessoas livres, trabalharem nas lavras de mineração, nas roças ou em qualquer lugar, sem pagar o imposto de seis em seis meses. Nesta época, trabalhar era uma ocupação só para escravos. Quem trabalhasse ficava desmoralizado perante a sociedade. Quem tivesse escravos não precisava trabalhar. Porém, se não pagasse o imposto pelos seus escravos, perdia esses escravos para o governo e ainda ia preso.

O Imposto da Capitação estava levando Minas à falência, pois, a maioria dos pretos forros e brancos pobres, com seus escravos, fugiu das vilas oficiais. O governador, Gomes Freire, não conseguia arrecadar mais todo ouro que queria para mandar a Portugal.

A partir de 1735, para não serem presos, chicoteados, torturados e roubados, os pretos forros e os brancos pobres, começaram a fugir das vilas oficiais. Juntamente com os seus próprios escravos foram para os sertões do Campo Grande, onde criaram dezenas de povoações em toda região das atuais cidades de Arcos, Itapecerica, Piumhi, Formiga, Cristais, Aguanil, Guapé, Boa Esperança, Três Pontas e muitas outras.

Já, por volta de 1725, dez anos antes da implantação do Sistema Tributário da Capitação, aqui nesta região onde hoje se localiza o município de Cristais, começou a se formar uma povoação, liderada pelo Rei Ambrósio. Rei Ambrósio ou Pai Ambrósio era assim conhecido pela sua capacidade de liderança, organização e trabalho. Era um agricultor mágico. Suas mãos faziam brotar qualquer coisa. Inventava métodos e técnicas novas de plantar de tudo em suas roças. Ensinava e ajudava a todos, através dos mutirões, a construir suas casas, celeiros, barracões, salões de festas, capelas, etc. Não praticava a guerra. Era de paz. Todo mundo gostava muito do rei-agricultor que distribuía mantimentos de graça para quem não tivesse ouro para pagar os impostos.

A Povoação do Ambrósio cresceu. Sua situação geográfica, à beira do Rio Grande, dava acesso às várias povoações de fugitivos do Imposto da Capitação, através dos portos fluviais no próprio Rio Grande, no Sapucaí e no Rio Verde, etc., aos quais fornecia mantimentos de suas ricas roças.

Gomes Freire viu que quem ajudava todo mundo no Sertão do Campo Grande era o Ambrósio e sua Povoação. Enquanto as cidades oficiais ficavam vazias, as povoações de fugidos aumentavam cada vez mais. Assim, a Povoação do Ambrósio foi crescendo e ficando cada vez mais poderosa. Então, os ricos comerciantes portugueses que exploravam os brasileiros, o governador de Minas e Rio de Janeiro, os ouvidores, os

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oficiais e juízes começaram a reclamar. Decretaram que a Povoação do Ambrósio era um quilombo e que era preciso destruí-la.

3.1.1. Ataques em 1741 e 1743Os “donos do poder”, os “homens bons” não estavam satisfeitos com a

postura e a conduta dos aquilombados. Constataram que os negros já estavam formando o Quilombo do Campo Grande (Quilombo do Ambrósio) onde ficava a sua capital, a Primeira Povoação do Ambrósio (hoje município de Cristais) desde os meados de 1726, e que haviam descoberto terras férteis e com faisqueiras de ouro. Assim, precisavam expulsá-los e destruí-los, para que essas terras pudessem, com toda sua riqueza, vir às mãos dos ” homens bons”.

As reclamações foram insistentes contra os negros fugidos e os insultos que praticavam.

Foi assim que em 1741, o governador Gomes Freire de Andrade, divulgou o alvará régio de 03 de março, ordenando “a todos os capitães - mores e demais oficiais de milícia do Distrito do Sertão das Contagens para fora que, tendo notícia de que os ditos negros Quilombolas se achavam em algumas paragens arranchados ou em outra qualquer parte onde façam dano com seus roubos e malefícios, ponham todo cuidado e diligência em os prender, forçando - os com gente e seguindo - os até com efeito os amarrarem todos; e caso os ditos negros se ponham em resistência os atacarão com fogo, obrigando - os a que se rendam por força das armas. Os negros que foram aprisionados em Quilombos se punha com fogo uma marca em uma espádua com a letra “F” que, para este efeito, haverá nas Câmaras; e se quando for executar esta pena, for achado já com a marca, se lhe cortará uma orelha”. ( APM - SC )

Atacaram os negros, mas não conseguiram destroçá-los, ou talvez tenham sido derrotados.

Não tendo conseguido destruir os negros, a grande preocupação do governador Gomes Freire de Andrade passou a ser o aumento do número de quilombos que passariam a induzir os melhores escravos a praticarem roubos, massacres, perturbando a vida dos moradores.

Em 1743 aconteceu, então, outro ataque ao Quilombo do Campo Grande, destruindo vários núcleos: quilombos do Gondu, Calunga, Trombucas, Quebra-pé, Boa Vista e Cascalho Velho, correspondendo onde hoje se localizam as cidades de: Entre Rios de Minas, Nepomuceno, Três Pontas e Campos Gerais. Também desta feita, o governador e seus capitães do mato não conseguiram destruir a Primeira Povoação do Ambrósio.

Gomes Freire preparou então, um terceiro ataque.Os moradores de todas as povoações do Campo Grande, que também foram

consideradas quilombos pelo governador, se juntaram e resolveram defender a Povoação do Ambrósio.

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3.1.2. Guerra de 1746Em 1746, o próprio governador promove o maior de todos os ataques ao Campo

Grande, confiando o comando das tropas ao capitão de Cavalaria Antônio João de Oliveira, através do seguinte documento:

“Para o Capitão Governador e Comandante das Tropas Expedidas ao Campo Grande, Antônio João de Oliveira.

A grande consternação em que os negros aquilombados no Campo Grande tem posto estas duas comarcas, e o grande número que novamente concorre com os quilombos, tem feito precisa a providência tomada de extinguir os ditos quilombos, foi a pessoa de vossa mercê, por mim eleita, entre tantos oficiais capazes, para Comandante desta expedição; e eu certo de seu grande valor, zelo no serviço de sua Majestade, e do conhecimento e experiência que tem em fazer guerra a esses bárbaros matadores, adquira nos antecedentes anos à custa da sua fazenda, e do seu sangue. ( … ) Mandei três oficiais de guerra às freguesias dos Carijós, Congonhas, Ouro Branco e Pardos, para que delas tirassem e pusessem em marcha duzentos homens armados; e o Capitão - mor da Vila de São João Del Rei, ordenei tirasse daquela vila e suas vizinhanças 60 homens armados que acompanhassem outros 60 que o Capitão da Costa Chaves tem incumbência de apontar ( … ). Se os negros como entendemos pelo que estão fortificados, se defenderem, estou certo se lhes fará fogo de mosquetaria, e granadas ( … ) se defenderem se não perdoara algum, porém advertido que rendidos não consentirá vossa mercê os mantém, pois ainda que bárbaros não é justo o sejamos igualmente. Se os negros despovoarem o quilombo, o seguirá vossa mercê mandando - os matar se resistirem, e prendendo se renderem, livrando sempre o grande número que se diz ter de criança de chegar a padecer sendo inocentes. Os negros, negras e crianças por qualquer forma que sejam presos, Vossa Mercê os mandará tratar, fazendo - se remeter a esta vila ao Dr. Ouvidor Geral para proceder com eles na forma do meu bando, tudo com clareza e pela sua mão me irá dando conta do que for obrando ( … ).

Em tudo espero vossa mercê enchendo o grande conceito que faço da pessoa de vossa mercê, do seu grande zelo e capacidade, e que o efeito desta operação seja muito conforme a expectação em que fica esta Capitania, e que eu tenha a honra de por na Real presença de sua Majestade o distinto serviço que vossa mercê lhe fizer nesta ocasião. Deus o guarde. Vila Rica a 1º de junho de 1746/Gomes Freire de Andrade”. ( APM - SC 84, fls. 109v a 110v )

O Quilombo do Campo Grande que Gomes Freire de Andrade referia corresponde hoje à margem direita do Rio Grande, a região sul de Formiga e o município de Cristais ( Primeira Povoação do Ambrósio) e à margem esquerda, região compreendida dos atuais municípios de Guapé, Carmo da Cachoeira, Nepomuceno,Três Pontas, Campos Gerais, Carmo do Rio Claro e Alterosa.

Este ataque de 1746 foi o maior de todos. O Governo mandou uma tropa de mais de 400 homens a cavalo e a pé. Como Ambrósio e seus amigos eram lavradores, o governador pensou que seria fácil acabar com eles, achando que tinham somente arcos de flechas e lanças. Foi um grande erro de Gomes Freire e do capitão Antônio João de Oliveira.

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As outras povoações quilombolas, revoltadas com tamanha covardia, se reuniram e se entrincheiraram perto no Morro das Balas, numa região ao norte da atual vizinha cidade de Formiga. Sabiam que o caminho das tropas para atacar a Povoação do Ambrósio seria aquele que vinha do Tamanduá (atual cidade de Itapecerica). A luta foi sangrenta. As tropas do capitão Antônio João de Oliveira, mesmo usando armas de fogo e granadas, só conseguiram tomar as trincheiras dos amigos de Ambrósio depois de dois dias de fogo cerrado. Morreu muita gente, dos dois lados. Não se sabe ao certo o número de mortos. A população mínima estimada para a Povoação do Ambrósio, atacada em 1746, seria 1400 a 4500 homens Os quilombolas que escaparam foram se unir aos quilombolas da Primeira Povoação do Ambrósio, nos morros do Quilombo, do Redondo, da Meia Laranja, no município de Cristais.

Recompostas suas tropas, abandonando os feridos e os mortos, o capitão Antônio João de Oliveira desceu acompanhando o rio Formiga e, em sua foz, atravessou o Lambari ainda com mais de duzentos homens do mato. Continuava na crença de que matar os quilombolas lavradores era fácil, pois não tinham armas de fogo: só enxadas, enxadões, picaretas, almocafres e, talvez, alguns arcos de flecha e lanças.

As casas da Povoação ficavam de comprido, entre o Morro do Quilombo e o Morro Redondo, se espraiando em volta da Lagoa que ficava entre os locais que depois se chamaram Antonio Fernandes, José Rosa e Vargem dos Medeiros. Um punhado de gente ficou esperando, cantando e servindo de isca para atrair as tropas do governador Gomes Freire.

Quando o capitão Oliveira ia atacar, viu uma multidão de quilombolas descendo silenciosamente do Morro do Quilombo, do Morro Redondo e da Meia Laranja, a caminhar na direção de suas tropas. Ambrósio, à frente, trazia uma bandeira branca.

Oliveira pediu a cabeça do negro Ambrósio.Ambrósio largou a bandeira branca, empunhou sua lança fez sinal para os

homens. Houve o encontro entre estes três morros. Homens, mulheres e crianças enfrentaram os capitães-do-mato e as outras tropas do governador. Foram sete horas de faca batendo em faca, das lanças contra as baionetas... Morreu muita gente. Estes vales ficaram estercados de cadáveres. Até há pouco tempo, ainda se achavam por aqui pedaços de espingardas, lâminas de facas, pontas de lanças, flechas e biqueiras metálicas das bainhas das espadas.

O capitão Oliveira, quando vira que estava perdido, fugiu com os seus principais homens. Para justificar sua covardia, mentiu para o governador que pelo menos tinha matado o Pai Ambrósio. Pois, agora, com os olhos cheios de lágrimas e o corpo todo ferido e banhado de sangue dos inimigos, a pedido de seus quilombolas, o Lavrador Pai Ambrósio passou a ser chamado de Rei Ambrósio, o Guerreiro.

A partir desta grande batalha, quando foi atacada a Primeira Povoação do Ambrósio e dizimado quase todos os seus quilombolas, os que sobreviveram ao massacre e não foram presos, fugiram e chegaram à região onde hoje se encontram os municípios de Campos Altos e Ibiá. Essa região ficava na Comarca de Goiás. Goiás pertencia à Capitania de São Paulo, pois as divisas geográficas e políticas das capitanias ainda não estavam definidas

Nessa época, paulistas desafiavam o governo da capitania das Minas do Ouro, visto que estava tomando posse de inúmeras descobertas na Comarca do Rio Mortes em

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nome do Governo de São Paulo, questão que só seria resolvida legalmente, com definição das fronteiras de Minas em 1749. Nessa data, o Desembargador Tomás Rubim, ouvidor mor de São João Del Rei, fez o serviço de demarcação, colocando o Rio Grande como raia de divisão entre a comarca de São Paulo, Goiás e Minas Gerais.

Para ali, na atual região dos municípios de Campos altos e Ibiá, o Rei Ambrósio determinou a mudança de sua capital e se organizaram em outro Quilombo do Ambrósio. Porém, deixou na região do atual município de Aguanil, uma pequena povoação – Relíquias do Ambrósio – bem como, mandou que suas esquadras de guerreiros frequentassem sempre a região da Primeira Povoação, onde deixou DOIS SEGREDOS nunca encontrados.

Em 12 de maio de 1758, Diogo Bueno da Fonseca e Bartolomeu Bueno do Prado, receberam portaria do atual governador José Antônio Freire de Andrade ( irmão de Gomes Freire de Andrade ) para entrar no Campo Grande e “destruir as relíquias do Quilombo do Ambrósio que ia principiando a engrossar - se e a fazer - se temido”. ( carta da Câmara de Tamanduá a Rainha D. Maria I).

A última guerra demorou 3 anos para ser preparada e contando com o ataque de 1758 e o ataque final de 1760 foram mais de dois anos de combates acirrados.

Graças à bravura do Rei Ambrósio e de seus quilombolas, o rei de Portugal mandou acabar com o Imposto da Capitação. Ambrósio queria mais... morreu treze anos mais tarde, em 1759, no Quilombo da Pernaíba, hoje cidade de Patrocínio, lutando por um ideal maior chamado LIBERDADE.

A Guerra Geral do Campo Grande durou mais de 30 anos.Após a guerra muitos negros presos fugiram. Não aceitaram a escravidão.

Voltaram para o Campo Grande. O heroísmo e o sangue dos mártires revigoraram o Quilombo do Campo Grande que nasceu das cinzas.

Dr. Passos Maia registrou em seu livro: “ Guapé – reminicências-“, ( romance) que em 1885... “no dia seguinte chegamos à Chystaes às 5 horas da tarde... depois do jantar, sahimos. Andamos quase a noite toda por caminhos impossíveis, por serras e mattas, até que encontramos numa brenha, em meio da matta, um rancho de sapé, onde ardia um fogo, mas que estava deserto. O mulato queria por toda lei que pouzassemos ali, mas não estivemos por isso. Era um quilombo de negros fugidos e com certeza comparsas delle e, se tivéssemos tido a imprudência de lá dormir, teríamos cahido na sua esparrela... Pelo registro deste incidente, concluímos que o quilombo, renascido das cinzas estava vivo antes da abolição da escravatura, que se deu em 1888.

Os chamados “quilombos” já não eram mais só escravos fugitivos.A maioria dos povoados que floresceram foram obras dos negros fugidos. Os

povoados que se submeteram aos oficializados das vilas, sobreviveram e deram origem a muitas cidades mineiras; os que não se submeteram, foram considerados quilombos e como tal, destruídos.

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Os negros que vieram para as regiões das minas (Minas Gerais, São Paulo e Rio

de Janeiro) eram do grupo Bantos (região do sul da África). Por isso diferem na aparência física e também nos costumes dos negros do Nordeste (Pernambuco, Bahia) que eram Sudaneses. Cada grupo tinha suas tradições e seus hábitos particulares, suas normas de conduta e seus valores.

Os bantos eram agricultores e tinham conhecimento de metalurgia.Os escravos bantos que chegavam ao Brasil eram embarcados em alguns portos

africanos como Luanda, Benguela e Cabinda na Costa de Angola e os portos de Ajudá e Lagos na Costa da Mina. Notamos aqui o nome Ajudá que, mais tarde, seria o nome da padroeira do município de Cristais, influência dos colonizadores portugueses. Portugal exercia o comércio com a África através do oceano Atlântico servindo-se do porto Ajudá.

Na cultura cristalense, a influência africana é forte e viva. Temos o Reinado, a Capoeira, o samba, o batuque. No nosso vocabulário usamos: moleque, canjica, miçanga, cafuné, mandioca, quilombo, jiló, quiabo, quitanda, marimbondo, marimba, mucambo, banzo, cuíca, pandeiro, amparo, apoio, aprumar, aprumado, arigó, ariranha,

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macaia, bicota, bacuri, cafundó, cafunga, calunga, cumbaca, mumbaca, cupia, embornal, quenga, jerico, malungo, matula, mirante, moca, pinguela, capanga, pegante, pisante, saravá, mandinga, patuá, aluá (refresco feito da casca do abacaxi) etc.

Somos devotos de Nossa Senhora do Rosário, Santa Ifigênia e São Benedito, que eram os principais santos de devoção das irmandades de “homens pretos” Os africanos já eram adeptos do catolicismo, principalmente os bantos que vieram de Angola e Congo.

3.1.3. As famílias afrodescendentes A população parda é predominante no município de Cristais. As tradicionais famílias de origem quilombola se destacam no âmbito econômico social: Adão, Alexandre, Balbino, Batista, Bento, Benedito, Bras, Bueno, Caetano, Cândida, Cassiano, Celestino, Costa, Dutra, Estevão, Gastão, Jerônimo, Luiz, Mata, Miguel, Norvina, Paula, Pereira, Pimenta, Rodantino, Roque, Sabino, Teodolino e Torquato. São homens e mulheres que nunca desistiram de seus sonhos e continuam a lutar para conquistar sua identidade cultural.

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Batizado de Menores Escravos

os dezesseis dias do mês de outubro de mil setecentos e quarenta e seis, batizei e pus os santos óleos a Ana, filha de Maria, escrava de Francisco Xavier, Felipe e Joana, filhos

de Rita, escravos de Marta de Jesus, Rosa, filha de Clara, escravos de Manoel Martins e Teresa, filha de Luzia, escrava de José Dias, todos nascidos no quilombo do Ambrósio. Foram padrinhos o sargento mor Manoel de Souza Portugal e Josefa Soares do Santos, de que fiz esse assento. (ass.) O vigário Pedro Leão de Sá (Folha 30v, Mic 038, Arquivo da Paróquia do Pilar).

“A

In ELO DA HISTÓRIA DEMOGRÁFICA DE MINAS GERAIS: RECONSTITUIÇÃO E ANÁLISE INICIAL DOS REGISTROS PAROQUIAIS DA FREGUESIA DE N. S.ª A CONCEIÇÃO DO ANTÔNIO DIAS , de Kátia Maria Nunes Campos, p. 69.

Dissertação de Mestrado apresentada ao curso de Mestrado em Demografia do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do Título de Mestre em Demografia. 2007.

Através do estudo do Quilombo do Ambrósio ficamos conhecendo o poder de organização dos negros, suas lutas e conquistas pela liberdade, mudando o olhar que Cristais têm de sua própria História. Ressaltamos aqui a trajetória importante e a influência dos negros na cultura cristalense.

A historiografia mineira ocultou muitos fatos ocorridos no período da expansão dos quilombos. Na década de 80, alguns historiadores e pesquisadores, destacando entre eles Dr. Tarcísio José Martins, interessaram pelo estudo dos quilombos, trazendo à luz os mistérios que envolveram essa época. O alvo de suas pesquisas é o Quilombo do Ambrósio, realizando estudos comprovados por documentação, publicados em livros, que visam explicar ao público o significado dos vestígios desse longínquo passado, com o qual ainda não identificamos e, pelo qual, por conseguinte, ainda não zelamos. Precisamos conhecer para valorizar e preservar. A questão do Quilombo do Ambrósio, se um dia foi polêmica dentro da historiografia mineira, hoje é fato documental. O Quilombo do Campo Grande foi tão poderoso, superior e extraordinário símbolo da resistência negra, quanto o Quilombo dos Palmares.

As nossas práticas sociais e nossos aspectos culturais refletem claramente a herança de um “modo de ser” negro pouco valorizado. A História coloca o passado negro como apagado, inexistente. Tudo em perfeita consonância com ideologias de dominação. Há muitas distorções sobre a história africana no Brasil. O homo sapiens

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surgiu na África e a magistral civilização egípcia, notória em matemática, nos dá idéia como o negro é inteligente, dinâmico e guerreiro.

Muitos povos de tradição milenar africana vieram para o Brasil e aqui foram escravizados. Isso ocasionou e constituiu um dos principais eixos da formação cultural brasileira. No governo Lula foi criada a Lei 10 639/03 que institui a obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura da África e dos afro-brasileiros nas grades curriculares dos ensinos: médio e fundamental.

É de suma importância reconhecer a contribuição que os negros africanos deram para o Brasil ser o que é hoje. Para nós cristalenses que temos como berço a Primeira Povoação do Ambrósio, é preciso conhecer melhor o que esses antepassados nos deixaram como herança.

3.1.4. A toponímia afro-cristalense Na zona rural do nosso município, encontramos, nas fazendas, traços culturais

legados pelos escravos negros: correntes, algemas, troncos, onde eram castigados.O pesquisador e historiador Tarcísio José Martins fez a seguinte consideração:

A toponímia do local onde foi a Primeira Povoação do Ambrósio, até Hoje se chama Quilombo, num círculo formado pelo Ribeirão do Quilombo, Ribeirão do Paiol, Morro do Quilombo, Morro Redondo, Morro da Meia Laranja, Morro da Vigia, tem, fechando um grande círculo, o Ribeirão do Segredo e a Fazenda Segredo. Que segredos

seriam estes? Acho muito difícil não se encontrarem palavras de origem bantu na

toponímia de qualquer dos municípios mineiros. Muitos deles, na verdade marcam locais de antigos quilombos e/ou de comunidades de pretos forros e/ou brancos pobres, egressos da África.

Os remanescentes da Primeira Povoação do Ambrósio, no município de Cristais é um Bem Imaterial, decorrente da influência negra na formação da terra mineira, que deve ser preservado junto à paisagem natural do local, fomentando o turismo cultural. Há quase 300 anos eram os núcleos do Quilombo do Campo Grande. Hoje formam os municípios da Alago, componentes do Lago de Furnas, empreendimento nas corredeiras dos rios: Grande e Sapucaí, antigo cenário de lutas quilombolas e atual cenário do Mar de Minas, um rico potencial turístico cultural.

Assim, a pesquisa sobre Cristais, semente da Confederação Quilombola no século XVIII, fundamentada em documentos, traz uma real integração histórica do município no contexto cultural do Quilombo do Campo Grande. Para tanto, foi tombada a nível municipal, de acordo com a Lei 1 504 de 10 de novembro de 2009 a TOPONÍMIA GERAL DA PRIMEIRA POVOAÇÃO DO AMBRÓSIO.

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Lei nº 1.504, de 10 de novembro de 2009.

DISPÕE SOBRE O TOMBAMENTO DA TOPONÍMIA GERAL DA PRIMEIRA POVOAÇÃO DO AMBRÓSIO

O Povo do Município de Cristais, por seus representantes legais na Câmara Municipal, aprova, e eu, Maria Elizabet Santos de Souza, Prefeita Municipal de Cristais, no uso das atribuições legais e de conformidade com a Lei Orgânica Municipal, capítulo V, artigo 220 e a Lei Municipal nº 942 de 02 de abril de 2002, que estabelece as normas de proteção do patrimônio cultural deste Município, sanciono e promulgo a seguinte lei.

Art. 1º - Ficam tombados os topônimos: Morro do Quilombo, Morro do Redondo, Morro da Meia Laranja, Ribeirão do Quilombo, Ribeirão do Paiol, Morro da Vigia e, fechando um grande conjunto, o Ribeirão do Segredo e a Fazenda Segredo, restabelecendo-se a toponímia geral de “Primeira Povoação do Ambrósio” a todo esse conjunto topográfico, por seu valor histórico, como um Bem Cultural Imaterial, decorrente da contribuição negra na formação da Terra Mineira. A historiografia registra os fatos ocorridos no séc. XVIII, neste local, como as guerras quilombolas de 1741 a 1760, que deixaram marcas na formação cultural do Município de Cristais e do Estado de Minas Gerais.

A antiquíssima denominação dos morros, dos córregos e da fazenda acima citados e, também, a ora recuperada toponímia geral de seu conjunto, recebem o reconhecimento oficial do Município de Cristais porque marcam o local do primeiro Quilombo do Ambrósio, a afamada povoação de escravos, de pretos forros e de brancos pobres que aqui fixaram pioneira residência, resistindo a opressão do Imposto da Capitação implantado em 1735, contra o qual lutaram bravamente, forçando o Rei de Portugal a extinguir esse imposto em 1751. Daqui, esparramaram a insubmissão ao escravismo por todo o Centro-Oeste, Alto Paranaíba, Triângulo e Sudoeste de Minas fazendo ecoar o mais legítimo e desesperado grito de liberdade que tingiu de vermelho todo este pedaço do Chão Mineiro nos idos de 1758 a 1760.

Por esta razão, as vias de acesso à Primeira Povoação do Ambrósio deverão receber placas indicativas e, seus locais históricos, receber placas identificadoras de suas toponímias individuais que, até mesmo com a beleza natural do lugar, poderão ser grandes auxiliares de fomento à educação e ao turismo rural e cultural.

Art. 2º - Estes bens histórico-culturais de natureza imaterial, em seu conjunto, ficarão sujeitos às diretrizes de proteção estabelecida na Lei Municipal nº 942 de 02 de abril de 2002, não podendo ter sua toponímia histórica, objeto desta Lei, alterada ou modificada, sem prévia deliberação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Cristais e aprovação da Diretoria Municipal de Cultura e Turismo.

Art. 3º - Oficie-se o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas –IBGE para que este proceda aos registros na Carta Topográfica do Município de Cristais/MG, bem como à Fundação Palmares para que esta proceda ao registro deste tombamento da toponímia histórica, nos termos do inciso V do artigo 208 e artigo 209 da Constituição do Estado de Minas Gerais, na forma prevista no artigo 216, V, § 1º da Constituição da República Federativa do Brasil.

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Art. 4º - Oficiem-se as Secretarias de Estado da Cultura-SEC, da Educação-SEE e de Turismo-SETUR para que, nos termos do § 1º do art. 1º da Lei 9.934/1996, atualizado pela Lei 10.639/2003, procedam à divulgação deste fato legal e tomem as medidas que julgarem convenientes em prol da Cultura, da Educação e do Turismo do Estado de Minas Gerais.

Art. 5º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 6º - Revogam-se as disposições em contrário.

Prefeitura Municipal de Cristais, 10 de novembro de 2009.

Maria Elizabet Santos de Souza

Para situar no contexto histórico, social, antropológico e religioso da manifestação cultural afro-brasileira, denominada de Festa do Rosário, Festa do Reinado ou Congado/Congada é necessário realizar uma retrospectiva histórica.

Conhecer a História do reino do Congo e de reis que marcaram seus reinados, e são miticamente evocados na celebração, é conhecer a História e a Origem do Reinado. É também atribuir significados a elementos e símbolos que compõem esta manifestação cultural determinando os marcos da memória coletiva e os sinais da história.

3.2. O REINO DO CONGO E SUAS RELAÇÕES COM PORTUGALO antigo reino do Congo localizava onde é hoje a zona setentrional de Angola.

Abrangia grande extensão da África Centro-Ocidental e compreendia várias províncias formadas, entre outros, por grupos bantos. Banto é entendido como um macrogrupo cultural que habitava extensas áreas dessas províncias, introduzindo aí a agricultura e a metalurgia. Possuíam leis, costumes e usos próprios que os distinguiam dos demais. Praticavam magias, rituais de feitiços individuais e coletivos. Reconheciam uma divindade superior da qual haviam originado o bem e o mal. Veneravam os espíritos da natureza. O mundo era dividido em natural e sobrenatural; havia o mundo dos vivos (negros) e dos mortos ( brancos) separados entre si pela água. O mar onde estavam os mortos era o mundo do além, habitado pelos ancestrais e outros espíritos. Por meio de rituais, prestavam-lhes homenagens, ofereciam-lhes presentes e deviam-lhes obediência.

A divisão fundamental na sociedade congolesa era entre as cidades –mzamba- e as aldeias-lubata. A tradição representava uma divisão entre os nativos e os povos que vieram de fora. Os nativos habitavam a lubata e os estrangeiros a mzamba detendo o poder central. O mani Congo governava um conjunto de aldeias ou províncias. Mani eram chefes ou reis titulares. Mbanza Congo era sua capital.

Nas aldeias os chefes não tinham controle sobre a produção. Nas cidades eram os nobres, os governantes que controlavam a produção, fruto do trabalho escravo no cultivo das terras controladas pela elite.

O rei detinha a sacralidade revivendo em si a divindade suprema, o deus criador. Tinha o poder de comunicar com o além através de rituais e símbolos.

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Em 1483 os portugueses entraram em contato com o reino do Congo. Lá encontraram uma organização política com significativo grau de centralização e uma corte estruturada ao redor do rei. Os primeiros contatos dos portugueses com os diversos reinos da África Ocidental e Centro-Ocidental se deram sob a bandeira da abertura de novas rotas do comércio, da busca de metais preciosos e da disseminação da fé cristã. O principal interesse dos portugueses no Congo era o comércio, especialmente de escravos.

Os portugueses foram recebidos pelos congoleses como enviados, emissários de um mundo sobrenatural, o mundo dos mortos do qual provém toda sabedoria, visto que eles vieram do mar. O rei de Portugal passou a ser visto como “ um deus vivo superior ao seu próprio rei porque vivia em um outro mundo, além da água, onde habitam os mortos” ( SOUZA. M.M. 2006). Assim, sendo o rei de Portugal a personificação do deus Nzambi Mpungu , os congoleses passaram a fazer analogias das influências e costumes portugueses com sua própria cultura.

Os reis lusitanos não tentaram, no primeiro momento, obter o controle político do Congo, nem dominá-lo pela força das armas. Ao contrário, tentaram conquistar os reis do Congo, tratá-los como aliados, obtendo assim a sua confiança.

Logo em seguida à recepção dos portugueses, iniciou-se a construção de uma igreja, que demoraria por volta de um ano para ser erigida. Enquanto isso, os clérigos portugueses falavam ao mani Congo sobre “as maravilhosas obras de Deus”. A partir daí o rei e a rainha pediram para ser batizados. A cruz que os clérigos usavam no ato do batismo já era para os povos bantos um símbolo de especial importância entre o mundo natural e sobrenatural. Ao adotarem a cruz católica os congolenses estavam expressando suas crenças tradicionais.

Os chefes bacongos acreditavam estar ganhando mais poder ao adotar os novos ritos trazidos pelos brancos além mar, o que parecia estar comprovado pela superioridade tecnológica dos portugueses refletida nos artefatos de construção e agrícolas, no processamento dos alimentos, na escrita, etc. O rei congolês sentia-se privilegiado com o domínio de tudo isso e mais os ensinamentos religiosos. Assim, o cristianismo foi recebido pelos congoleses como um novo movimento religioso, excepcionalmente poderoso. A sua incorporação se deu, segundo as tradições bacongo não faltando danças, iniciação, incorporação de novas rezas, ritos, símbolos e encontros do objeto carregado de energia sobrenatural: a pedra cruciforme.

Mbanza Congo, a capital, em 1491, após a conversão dos reis congoleses ao cristianismo, recebeu o nome de São Salvador.

O mais importante rei congolês cristão foi d. Afonso I (século XVI – 1507/42) Impressionava os missionários com o seu saber e sua dedicação aos estudos. Com isso seu reinado foi favorecido pelos portugueses. D. Afonso I mantinha com Portugal, além de ajuda militar, o comércio que se expandira e o tráfico de escravos, que escapou do controle do rei congolês, pois as rotas e normas estabelecidas não foram respeitadas. Até nobres foram capturados em lutas e batalhas e vendidos como escravos.

Ao longo da História do Congo, lutas e batalhas foram travadas pela conquista de terras e domínio de reino e povos. O Reino do Congo ficou conhecido além das fronteiras africanas e de suas relações com Portugal como um reino estruturado, influente e forte, apesar das batalhas e guerras que enfrentou. Seu rei, D. Afonso I,

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representante máximo da soberania foi imortalizado e é um símbolo de organização, hierarquia, poder e cristianismo na realização da festa do Congado.

3.3. DO CONGO Á ANGOLAO tráfico de escravos, negócio que se tornaria imprescindível para o bom

funcionamento das colônias portuguesas nas ilhas do Atlântico e nas Américas, fez com que os lusitanos buscassem estreitar suas relações comerciais com o sul do Congo, território formado por vários estados independentes, tornou- se o que ficou conhecido como Angola. Os portugueses mantinham relações bem diferentes com os nativos, daquelas mantidas com o Congo. As relações dos dois reinos: Congo e Angola foram conflituosas desde o princípio. Angola relutava em aceitar o cristianismo. O desejo de conversão estava ligado ao desejo de acesso a novos ritos, que traziam objetos, tecnologia e conhecimentos até então insuspeitos.

O objetivo de controlar os mercados fornecedores de escravos e de alcançar as minas fez com que os portugueses se envolvessem em numerosos conflitos com os angolanos, ganhando as batalhas graças às alianças locais e a utilização de guerreiros africanos. Á frente desses conflitos sempre esteve a rainha Njinga Mbandi ( 1623/63). O reinado de Njinga Mbandi foi marcado por conflitos com os portugueses, apesar de se ter convertido ao cristianismo, por acreditar que os rituais praticados pelos brancos estrangeiros estavam relacionados à sua riqueza e poder , á semelhança do ocorrido no Congo, pois ambos os povos pertenciam ao universo cultural banto. Foi batizada com o nome português de Ana de Souza.1

A fama de Njinga assim como a de D. Afonso I atravessou os séculos e os mares, sendo evocada em festas populares realizadas no Brasil. Njinga Mbandi( Ana de Souza) e Mbemba-a Njinga ( D. Afonso I) são exemplos de como eventos históricos podem ser congelados, mitificados, ritualizados e evocados na constituição de identidades.

3.4. OUTROS POVOS Além dos congoleses e angolanos, Portugal manteve comércio com outros povos

do Noroeste da África da etnia sudanesa, praticando também com estes povos o tráfico de escravos. Gana e Daomé forneceram os Minas, assim denominados por terem habilidade para trabalhar na mineração. Da Nigéria, Guiné e Moçambique também foram comercializados outros escravos que tinham suas etnias no macrogrupo bantos. Os povos sudaneses foram principalmente para a região nordeste do Brasil, a fim de trabalhar nos engenhos das lavouras canavieiras. Os bantos para a região sudeste para trabalhar na mineração.

3.5. O TRÁFICO DE ESCRAVOSA escravidão é uma forma de exploração do trabalho efetuada por diversas

sociedades, em diferentes momentos da história da humanidade. Os escravos estiveram entre as primeiras mercadorias levadas ao reino, pelos

portugueses, em seu processo de exploração da costa africana. Altamente lucrativo o

1 SOUZA.M.M. Reis Negros no Brasil Escravista. 2006

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comércio de escravos foi fonte de renda tanto para os europeus como para os africanos. Para várias sociedades africanas, a escravidão era a principal forma de riqueza.

O tráfico de escravos provenientes da área do Congo e de Angola, no século XVIII, exerceu uma grande influência na cultura afrobrasileira porque foi estendida a todas as regiões que receberam escravos africanos até o final do tráfico. Trazidos de diversos pontos da África Centro-Ocidental, os indivíduos de diferentes etnias, ao serem agrupados pelo tráfico e pela escravidão, descobriram as semelhanças que os uniam. Noções básicas partilhadas pelo macrogrupo cultural banto teriam unido as diferentes etnias em novas relações sociais expressas numa série de manifestações: danças, crenças, simbologia, costumes, revoltas, etc. Falantes de várias línguas aprendiam a se comunicar; novas formas de relacionamento eram esboçadas.

Como no universo cultural banto a água era o elemento que dividia o mundo dos vivos (negro) do mundo dos mortos ( brancos) a travessia do Oceano Atlântico foi, para os africanos, motivo de tensão e desespero, além dos maus tratos físicos. Esses africanos que se conheceram no infortúnio desenvolveram laços de relacionamento como se fossem consanguíneos e se tornaram malungos ( companheiros de viagem) Essa foi a primeira relação desenvolvida a partir das mudanças introduzidas em suas vidas, para se inserirem numa realidade diferente e de construírem um mundo para si.

As relações sociais que os indivíduos desenvolveram para se inscrever no novo mundo foram determinantes, porém a bagagem cultural que trouxeram modelou de maneira marcante as novas comunidades. As eleições de reis negros e as festas que celebravam estas eleições, criadas a partir do encontro de culturas afroportuguesas, foram maneiras que grupos de escravos, forros e negros livres, encontraram de se organizarem em comunidades integradas à sociedade escravista. Nelas estavam presentes tradições comuns aos povos bantos, eventos de história de outros povos que foram incorporados aos símbolos da cultura africana e elementos da cultura portuguesa, reinterpretados à moda dos africanos e seus descendentes.

As raízes africanas eram visíveis no processo da escolha dos reis e se manifestavam na comemoração festiva da eleição e coroação, com ritmos próprios ao som de instrumentos de origem africana, acompanhado de danças.

As eleições de reis negros e as festas para suas comemorações aconteceram no âmbito das “ irmandades de homens pretos”. Organizações leigas formadas por negros, escravos forros ou livres, em torno de um santo protetor e de um altar no qual este era cultuado. Estas associações cumpriam diversas funções de socialização, ajuda mútua e diversão.

3.6. A SOCIEDADE ESCRAVOCRATA O mundo escravocrata que os africanos encontraram ao desembarcar no litoral

brasileiro diferia em muito do seu mundo de origem. Sem bagagem material e despidos de dignidade humana, não deixaram, contudo, de trazer consigo uma bagagem cultural e espiritual muito significativa.

O destino comum dos traficados forneceu às várias tradições culturais dos desembarcados no Brasil no período escravista, instrumentos para a construção de uma memória coletiva fundamentada na história africana. A edificação de um passado cheio

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de lembranças, mitos e adequações à nova vida, sustentando suas identidades, apresentam símbolos que resistiram às situações da diáspora e que combinam a referência à África de origem e suas variadas tradições, com as novas experiências vividas como escravos no Brasil colônia e no Brasil império.

3.7. NAÇÕES AFRICANAS EM MINAS GERAISEm 1695, ao mesmo tempo em que Zumbi dos Palmares era assassinado na

Capitania do Pernambuco, os gritos da descoberta do ouro (1674-1681) esparramaram paulistas e outros brasileiros pelos vales, morros, montanhas e penhascos das Minas Gerais, destacando-se a descoberta do Ouro Preto pelo mulato paulista, chamado Duarte Lopes.

O Brasil todo acorreu aos múltiplos gritos do ouro, que fizeram esvaziar os canaviais, desertar as tropas de soldados e, as repartições de funcionários públicos, inundando as Minas de gente de toda qualidade, desde padres até ladrões e assassinos.

Portugal, que tinha uma população de cerca de dois milhões de habitantes, ante a grande sangria populacional, temeu tanto o esvaziamento que o rei expediu dezenas de leis e portarias, restringindo e impedindo a afluxo de mais portugueses para qualquer lugar do Brasil, pois, o objetivo de todos era passar para as Minas Gerais.

A criação da Capitania de São Paulo e Minas do Ouro deu-se em 13.06.1710, tendo como primeiro governador Antônio de Albuquerque Coelho, que procurou dar uma organização administrativa para as Minas, erigindo vilas com suas câmaras de “homens-bons”, organizando-as inicialmente em quatro comarcas: Ouro Preto, Rio das Mortes, Sabará e Serro do Frio. Entre 1710 e 1721, os paulistas foram se retirando das Minas Gerais e estas foram recebendo maior número de escravos para trabalhar nas minas.

As nações predominantes em Minas Gerais do século XVIII, no período de 1718 a 1720 na Câmara de Vila Rica, dos 475 negros entrados e registrados, 39,36% eram da nação Mina, 22% da nação Benguela, 10,52% do Congo, 7.78% de Angola, 6,10% de Moçambique, 4,42% de Monjolos, etc.2.

Posteriormente, a situação foi se modificando e os angolas superaram em número, os demais negros. No período de 1731 a 1735, dos negros desembarcados no Rio de Janeiro, totalizando 42.066 escravos, 20.395 eram angolas e 11.398 eram “negros mandados do Pernambuco”3.

A importação de escravos africanos para a região das minas, principalmente para o sul e sudoeste da capitania das Minas do Ouro absorvia de 40 a 50% dos escravos desembarcados no porto do Rio de Janeiro para o abastecimento da economia interna.4

Os negros enviados para as Minas eram inicialmente sudaneses; posteriormente, os bantos os superaram em número, através dos angolanos e moçambicanos, que carregaram na memória coletiva elementos e símbolos de diferentes povos e culturas africanas. O cristianismo foi, em parte, assimilado a sua própria fé, bem como os elementos, ritos e costumes europeus integrados e associados à cultura banto- africana.

2 BARBOSA. W. A. Negros e Quilombos em Minas Gerais3 MARTINS. T.J. Q. do C.G. A História de Minas roubada do povo. 19954 FLORENTINO . M. Em Costas Negras... 1993

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4. A IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS

4.1. Identidade e memória coletivaAs adaptações dos costumes africanos ao sistema escravocrata do Brasil não

significaram uma perda das raízes culturais. Os negros organizaram-se em irmandades ou confrarias para conservar e preservar sua cultura. A unidade cultural das irmandades cria uma força de ação capaz de identificar a dimensão política da barganha do tempo livre para ocupar os espaços públicos das ruas e os espaços sagrados das igrejas, responsabilizando-se pela sepultura dos seus mortos, pela construção de suas igrejas e pela compra de alforria dos irmãos escravos, através de doações feitas por outros irmãos. Isso nos permite considerar as Irmandades do Rosário como algo além de instituições de ordenação e subordinação de seus membros. À medida que os africanos e os afrodescendentes adaptavam e recriavam suas culturas no Brasil, especificamente, no sudoeste de Minas Gerais, incorporavam símbolos e estratégias de ação de um ou outro reino africano às práticas, ritos e símbolos das irmandades e inventavam uma historicidade própria. Esta historicidade faz sentido no tempo de uma construção feita no processo de reconhecimento da África, iniciada durante a travessia do Atlântico nos navios negreiros, firmando o processo de formação e reconhecimento de identidades e de memórias, cujo transcorrer perdura até nossos dias.

No dia a dia das vilas, a população escrava e forra encontrava espaço nas Irmandades do Rosário para a expressão de sua identidade e de suas memórias. É no processo de afirmação da identidade dos praticantes do reinado congadeiro que se encontra a referência de outros líderes africanos importantes para essa comunidade, como o rei Mbemba-a Nzinga e a rainha Njinga que são reverenciados nas Festas do Reinado.

Na Festa do Rosário ou Festa do Reinado, comandada pela Irmandade do Rosário, as cerimônias mantêm as tradições culturais africanas e dão oportunidades ao espírito criador e artístico de que são dotados os negros para as artes plásticas, dança e música, memorizando o universo cultural africano.

4.2. Histórico Antes de descobrirem o Brasil, os portugueses já haviam conquistado colônias

africanas. Lá os missionários portugueses catequizaram os povos africanos, principalmente os bantos que vieram para a região, hoje compreendida: Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. O culto a Nossa Senhora do Rosário, antigo em Portugal, desde 1200, foi muito bem aceito e cultivado pelos negros, ficando evidente que a irmandade iniciou na própria África.

Nossa Senhora do Rosário era a padroeira dos povos africanos. Há registros históricos de igrejas, capelas e confrarias (irmandades) em Angola, Moçambique e Congo, onde realizavam as festas para a coroação dos reis.

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No século XVI a devoção a Nossa Senhora do Rosário já existia no Brasil, assim como nas possessões portuguesas.

Os negros organizaram-se em irmandades ou confrarias para conservar e preservar sua cultura. Na festa do Rosário, os reis eram eleitos por voto direto dos confrades, que elegiam os líderes respeitados e queridos pela sociedade. Todas as capitanias tiveram seus negros carismáticos.

Os estatutos das Irmandades de Nossa Senhora do Rosário no Brasil datam todos do século XVIII e são iguais. Nesta época, a Igreja constatando a identificação dos negros com este culto, padronizou as cerimônias e regulamentou por escrito, normalizando assim o estatuto da irmandade. O estatuto criava e prestigiava as confrarias que funcionavam como um mecanismo de controle ideológico e social sobre os escravos. Subdividiam em irmandades de brancos, pardos, pretos e crioulos e também pelo orago principal: Nossa Senhora das Mercês, Santa Ifigênia, São Benedito, etc. Todas elas originadas da Irmandade Nossa Senhora do Rosário que foi complementada com dos Homens Pretos, ficando assim designada: Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

Estas irmandades, em todo Brasil, se tornaram muito poderosas econômica e socialmente.

As Irmandades do Rosário dos Homens Pretos das Minas Gerais do século XVIII tiveram um importante papel social. Seus objetivos eram: estimular a solidariedade na vida comunitária, fortalecer o sentimento religioso, cultuar os mortos, conseguir a liberdade através da compra da carta de alforria, substituir entidades africanas por santos católicos, realizar suas festas coletivas, sem a fiscalização do senhor branco.

Na Festa do Rosário ou Festa do Reinado, as cerimônias serviam para manter as tradições culturais africanas, assim como para dar oportunidade ao espírito criador e artístico de que são dotados os negros para as artes plásticas, dança e música.

Até o século XIX quase todas as vilas brasileiras tinham sua Igreja do Rosário e a Irmandade do Rosário. Rosário era nome de vilas, ruas, praças, largos, etc. No começo do século XX foram mudados. Igrejas e capelas foram demolidas e outras festas foram introduzidas simultaneamente: Festa dos Reis Magos, Festa do Divino, Folia de Reis, etc. As Irmandades do Rosário sofreram estas mudanças impostas pela Igreja, porém resistiram. Hoje os negros dão continuidade, com sua força, à festa intocada, verdadeiro tesouro da cultura e tradição do povo mineiro.

5. DEPOIMENTOS DE MORADORES E CONGADEIROS

Helena Caetano – Rainha Conga – Matriarca da família Caetano, detentora do saber e das tradições da cultura afro-brasileira, preserva para as gerações futuras o ritual e o simbolismo da Dança da Peneira e da Dança das Mucamas.

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Conhecida e chamada carinhosamente por Tia Helena, tem muito orgulho de suas raízes. Para ela a Festa do Rosário, o respeito às tradições da manifestação cultural e a continuidade da história do Reinado é o que hoje motiva sua vida.

Para o capitão Eustáquio Ribeiro a devoção aos santos protetores dos congadeiros é o principal motivo da festa. Nossa Senhora do Rosário é a “mãe” que protege e abençoa todos

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Marcos Antônio de Paulo, presidente da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a tradição cultural e religiosa é fundamental. Aprendeu isso com sua mãe, Sra. Helena Caetano, Rainha Conga, e pretende passar para as gerações futuras.

Padre Aparecido Paulo,

conhecedor e admirador da cultura afro-

brasileira é um grande incentivador da festa no município

Para o Rei Perpétuo Denilson Cardoso Pimenta, a tradição cultural da Festa do Reinado vem de

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seus antecessores. As coroas vem passando de geração em geração, desde sua bisavó Bárbara Bajá. Ele e a mãe a Rainha Conga Denise Pimenta são conhecedores da cultura afro-brasileira.

Os reis festeiros Guilherme e Rosária agradeceram à Virgem do Rosário as graças alcançadas: Somos devotos da Virgem. Ela sempre nos concede muitas graças. Rosária ainda completou: tenho o nome de Rosária em louvor e agradecimentos a Nossa Senhora, promessa feita por minha mãe que também é devota dela...

Para Rosklin Luiz de

Oliveira, Rei Perpétuo da Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a imagem de Nossa Senhora do Rosário representa o lado feminino de Deus; é a mãe, a madrinha, a protetora. A Irmandade, a capela e a imagem de N. S. do Rosário para a cidade representam a difusão e preservação da cultura: folclore e religiosidade. Já a Festa do Reinado para a Irmandade e para a cidade expressa a fé e a cultura africana, que se incorporaram à cultura brasileira, ficando conhecida como cultura afro-brasileira. A cultura cristalense, obviamente, segue as mesmas tradições. São suas palavras:

a Irmandade se sente muito orgulhosa por organizar os festejos do Reinado, duas vezes no ano. Ela está passando por uma modificação, na sua organização, através da composição do seu Estatuto Social. Com essa medida, a Irmandade espera proporcionar à cidade festas sempre mais ricas culturalmente, despertando o gosto das novas

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gerações, incentivando-as a preservar nossas tradições.

6. PRODUÇÃO DE REGISTROS AUDIOVISUAIS

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7. DESCRIÇÃO DETALHADA DO BEM CULTURAL

            O Reinado de Nossa Senhora do Rosário de Cristais/MG é uma festa histórica cultural. Suas origens nos remetem à memória coletiva da primeira Povoação do Ambrósio. Os dados documentais são anteriores a 1819, ano em que foi mencionada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, em documento dirigido à D. João VI, solicitando colocar a imagem de Nossa Senhora do Rosário na capela de Nossa Senhora da Ajuda.

O Reinado do Rosário de Cristais mantém basicamente as características que possuía na virada do século XIX para o século XX, preservando cantos, danças, ritmos e melodias antigos. No total, a festa do Reinado envolve, em média, 150 artistas (entre músicos, cantores e dançadores) e uma parte considerável da população do município. Desta forma, a festa  conseguiu, ao longo dos anos, manter não só o valor artístico, como também se tornou responsável por preservar crenças, valores e conhecimentos tradicionais.            Na festa, persiste certa disputa entre os ternos (conjuntos de cantadores e dançadores) de Moçambique e do Congo, e ainda entre os ternos agrupados posteriormente Catupé e Vilão. Com a libertação dos escravos, a princesa Isabel também passou a ser homenageada, ao lado dos reis africanos. É provável que a introdução do Rei e Rainha da Coroa Grande, presentes no Reinado, seja também uma homenagem ao casal imperial, o que acentua o caráter híbrido da festa, que surge do encontro de manifestações tipicamente africanas numa festa de devoção a santos católicos.             As irmandades: Irmandade dos Congadeiros de Nossa Senhora do Rosário e Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, são as mantenedoras das festas, realizadas em 13 de maio e nos meses de agosto a outubro. Os santos homenageados são Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia. Cada santo tem sua bandeira com o casal do bordão do mastro. Os principais festeiros são o Rei e a Rainha da Coroa Grande, que são reis eleitos. Fazem parte da festa ainda o Rei e Rainha Perpétuos e Rei e Rainha Conga. Os ternos vão buscar e levam a corte que lhes toca até a Capela do Reinado na Rua Antônio Campos, nº 391, onde ocorrem as diferentes funções. Cada terno tem aproximadamente 35 integrantes entre dançadores, cantadores, músicos, bandeireiros e capitães.

Nas várias funções e no decorrer de todo o percurso do Reinado do Rosário, vai sendo apresentada uma grande variedade de ritmos, melodias e letras – a maior parte desconhecidos do grande público. Alguns ainda aparecem na forma em que nasceram nas senzalas do Brasil colonial.             Durante a festa do Rosário/Reinado são usados, basicamente, instrumentos de percussão – caixas, pandeiros, reco-recos, pantangomes e gungas. A sanfona também é bastante usada. Instrumentos de corda – violão, viola, cavaquinho – são mais raros e, em Cristais, só comparecem nos ternos de Vilão, provavelmente como assimilações das Folias de Reis presentes no município. Os ternos evoluem visitando os festeiros,

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buscando ou acompanhando a corte do padroeiro que lhes toca. O capitão canta os versos e os demais componentes respondem em coro, dançando em passos ritmados e graciosos. Apesar da obrigatoriedade de algumas funções, não há um enredo estabelecido. Os capitães, verdadeiros repentistas, vão tirando os versos: para chegar ou sair, cumprimentar ou despedir, agradecer ou puxar festeiro que "amarra" o cortejo. A festa toda dura mais ou menos seis dias, começando pelo levantamento de mastros, triduos com terços e missas conga, visita dos ternos aos festeiros, desfile, coroação e descida das bandeiras, seguindo, mais ou menos um roteiro: . levantamento de mastro;. matina ou alvorada. chegada dos ternos;. café da manhã;. busca do Rei e Rainha Conga; . busca dos Reis Festeiros ( Coroa Grande);. busca dos Reis Festeiros ( Coroa Pequena);. cortejo;. almoço;. pagamento de promessas;. procissão;. missa Conga;. coroação dos novos Reis Festeiros;. descerramento das bandeiras;.encerramento;. retorno das bandeiras à capela;

O modo como o grupo vivencia a Festa do Rosário/Reinado é bastante semelhante com outras festas de Congado/Reinado na região, no que diz respeito aos principais elementos da tradição. Particularidades, envolvendo significados específicos construídos pelo grupo, se apresentam na forma de “Dança das Mucamas”, “Procissão de Santa Ifigênia”, escoltada só por mulheres “mucamas”.

O ritual é fundamentado e complementado pela linguagem gestual, muito forte e concreta, e pela música com seus ritmos e cantos. A repetição dos gestos místicos, musicais e coreográficos compõe o ritual. As vestimentas e adereços são elementos que obedecem a uma estética de cores, objetos e sentidos históricos. Não só carregam significados religiosos, mas também significados éticos.

O ritual mesclado com a simbologia norteando a Festa do Rosário/Reinado tem seu significado: a música, a dança, os gestos, as indumentárias, tudo se complementa e dá razão para o que está sendo dito ali naquele ritual.

Ressaltamos a importância da música, elemento fundamental em qualquer grupo de cultura de raiz. Ela conduz todas as etapas dos diferentes rituais, através das variações de harmonias, timbres e ritmos, indicando a atuação dos congadeiros no percurso dos cortejos, além de contar em suas letras a história dos negros. O canto entoado, as batidas dos tambores e caixas, estabelece uma forte ligação entre eles, os congadeiros, e o público. Tem música para chegar, para sair, para agradecer os

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alimentos, para representação dos diversos mitos, para homenagear os ancestrais, os reis e rainhas, etc.

Observa-se que, por meio da música, o grupo vivencia aspectos de diversão, devoção e lamento. Alguns integrantes dizem que as músicas do congado são lamentos em relação à vida dura e sem direitos à diversão, em tempos de escravidão. Quando perguntei o significado deste sentimento nas músicas, Tia Helena respondeu:

“ É que naquela época os escravos não tinham oportunidade, não tinha diversão, era só mesmo no trabalho e no castigo, por isso que é uma música de lamento, todas músicas são de lamento na verdade. Porque a única diversão que eles tinham era cantar elouvar a N. S. do Rosário, pedindo sua proteção” 5

O capitão Sidney complementa o raciocínio, lembrando que:

“a dança já era uma oração, na época deles, a dança já era uma oração ...” 6

Apesar de perceberem o aspecto de lamento incorporado ao ato de reproduzir tais canções, os congadeiros percebem também a alegria em ainda reproduzir as músicas de seus antepassados em devoção a protetora Senhora do Rosário e compreendem o congado enquanto devoção, alegria e lamento. Este depoimento, além de demonstrar que os integrantes não diferenciam a dança da oração, informa a grande importância da escravidão para os congadeiros que, além de significar o castigo, também significa a importância da ancestralidade, como modelos de comportamento presentes naquele grupo. O congado é visto por seus integrantes como uma continuação de uma tradição iniciada pelos seus ancestrais, que chegou até eles. Para os participantes da festa do Rosário/Reinado a música traduz um sentimento de euforia em relação à diversão, de tristeza em relação à lembrança do cativeiro e da “ saudosa mãe pátria”, compreendendo aqui sua ancestralidade. Os rituais e os símbolos traduzem a fé no sagrado, as tradições culturais e o sentimento de pertencimento. Isso faz com que eles sintam um grande respeito, referenciando à festa, passando seus conhecimentos para os mais jovens, preservando assim a cultura afrodescendente. São os festeiros que patrocinam a festa. Os ternos se dividem e visitam as casas dos festeiros que ajudam na realização da festa doando mantimentos, dinheiro, etc. Muitas destas doações estão relacionadas a promessas feitas e atendidas pelos santos. A Prefeitura Municipal ainda entra com subvenção auxiliando na compra de instrumentos e indumentárias.

Os ternos das cidades vizinhas visitam a cidade em festa. Há exposição de barraquinhas com vendas de souvenirs, comidas típicas, água, suco, e artesanato. Aqui encontramos os grupos se interagem com alegria e confraternização.

5 Entrevista informal realizada em 15/09/20116 Ibdem

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7.1. IGREJA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIONo livro intitulado Visitas Pastorais 1821-1825, do Bispo de Mariana, Frei José

da Santíssima Trindade, há o registro de um documento que faz menção à capela Nossa Senhora do Rosário, em Cristais. “... tem neste arraial a primeira capela ou ermida no alto de um monte em telha vã e sem pavimento, a qual foi cedida para a Irmandade do Rosário e não tem ornamento algum...”

O relatório datado de 1853 do presidente da província descreve o estado em que se encontrava a capela: “ a de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora da Ajuda não têm patrimônio. Todas estão arruinadas e precisam de ornamentos.”

Essa capela, denominada de Capela Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos (assim chamada porque, na época havia a separação: igreja dos brancos e igreja dos pretos) era feita de adobe, sem forro e com apenas um altar. Conservam-se ainda as coroas dos reis da Irmandade e uma mesa em madeira de lei, maciça e sem pregos. O sino se encontra na capela dos Fernandes (zona rural). Situada no “alto de um monte”, localização hoje, do Paço Municipal, foi demolida pelo vigário da paróquia Pe. Celso Pinheiro. Em 1943, o mesmo vigário, com ajuda da comunidade, iniciou a construção de outra capela, quase no mesmo local: um pouco mais descentralizada considerando o alinhamento da rua como entorno da capela.

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Após a construção, “os brancos tomaram posse” da nova igreja.Em 1948, o Sr. José Ferreira Filho doou um terreno, onde se localiza hoje o

Hospital Sto. Antônio, para a construção de uma outra capela para a Irmandade do Rosário. Essa capela ficou conhecida por “Capela do Reinado”.Ali se concentrava a Irmandade para as reuniões, comemorações e festas do Reinado.

Em 1971, iniciou no local a construção do Hospital Sto. Antônio. A capela perdeu sua função, passando a servir com necrotério do hospital. O sr. José Ferreira Filho, doou então, outro terreno na rua Antônio Campos, para a construção de uma outra capela. Com a iniciativa da Irmandade do Rosário e a colaboração da comunidade foi assim construída outra Capela do Reinado, a Igreja Nossa Senhora do Rosário.

Em 2003, a capela passou por uma intervenção na sua estrutura, com iniciativa da comunidade, sofrendo uma descaracterização na sua arquitetura. Hoje sua estrutura física se encontra em ótimo estado, abrigando a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.

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L OCAL ONDE OCORRE A MANIFESTAÇÃO

Capela do Reinado situada na Rua Antônio Campos

É neste local, bairro São Vicente de Paula, Rua: Antônio Campos nº 391, que ocorre a manifestação cultural da festa do Reinado em Cristais. Os congadeiros se reúnem no entorno da capela, no espaço bifurcado de duas ruas que se prolongam em mais duas esquinas, dando acesso a outras ruas. É um espaço que comporta barraquinhas, os congadeiros e a comunidade participante.

A Prefeitura Municipal tem um projeto arquitetônico para a construção de espaço especial para a manifestação cultural dos congadeiros. Iniciou-se sua construção no corrente ano de 2011.

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8. MAPA DO LOCAL ONDE OCORRE A MANIFESTAÇÃO DO REINADO

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9. IMAGEM NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS

9.1. ORIGENS DA DEVOÇÃOAs origens da devoção a Nossa Senhora do Rosário remontam a um fato

histórico ocorrido nos idos anos do século XVI. Nessa ocasião, no ano de 1571, a vitória dos cristãos sobre os turcos na batalha de Lepanto foi atribuída ao auxílio da Santa Mãe de Deus, invocada na aclamação do Rosário. A prática dessa aclamação foi corroborada pelo Papa Pio V, tornando-se uma das orações preferidas da cristandade.7

Por ocasião das comemorações do aniversário daquela vitória histórica, o Papa Pio V instituiu a festa dedicada a Nossa Senhora do Rosário. A festa comemorada

7 NOSSA... 2001.

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anualmente, no dia 7 de outubro, representa a glorificação da Santíssima Virgem Maria, graças a proteção concedida a Igreja Católica pela declamação do Santo Rosário.8

A devoção a Imagem de Nossa Senhora do Rosário iniciou-se nos continentes europeu e africano, através dos frades da Ordem Dominicana, e no Brasil, em especial, pelos frades Capuchinhos.9

A invocação dessa imagem em Minas Gerais remonta ao período colonial, sendo a mesma adotada como orago de confrarias, templos e irmandades, principalmente, de negros.

A devoção a Nossa Senhora do Rosário na região onde se encontra hoje o município de Cristais, já se encontra registrada desde 1766, conforme consta no processo de demarcação da sesmaria de Constantino Barbosa da Cunha do Quilombo do Ambrósio, quando é citada a Freguesia de Nossa Senhora do Rosário de Tamanduá. A Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Pretos do povoado de Nossa Senhora da Ajuda do Rio Grande dos Cristais, através de um requerimento de 17 de setembro de 1819, dirigido a D. João VI, solicita autorização para colocar a imagem de Nossa Senhora do Rosário na capela de Nossa Senhora da Ajuda, alegando que a imagem fora transferida para outra capela.

As informações são escassas, mas mediante o registro da visita de Frei José da Santíssima Trindade em 1825, presume-se que, como o estado de conservação da capela era precário “... telha vã e sem pavimento “, a Irmandade resolveu, por bem, resguardar a imagem de Nossa Senhora do Rosário, transferindo-a para outro local. Portanto, tem-se notícia da imagem, em 1819.

A Virgem apresenta-se em pé ou sentada, geralmente sobre um bloco de nuvens com querubins, ostentando o Menino Jesus, ambos segurando um rosário na mão direita. Entretanto, outras formas de representação iconográfica da imagem podem ser encontradas.

Em pesquisas realizadas nos arquivos eclesiásticos em Cristais não foram encontrados registros documentais sobre a procedência e fatura da imagem do Rosário.

Pela tradição oral da festa do Reinado ou Congado, em Cristais, leva-nos a deduzir que a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos originou da família “Costa Maia”. O patriarca da família: sr. José Luiz da Costa Maia veio de Portugal e trouxe com ele uma imagem. O sobrenome “Costas” indicava a orla marítima, onde a pessoa havia nascido. Era fazendeiro, tinha o título de Coronel e muitos escravos sobreviventes e fugitivos do Quilombo do Ambrósio I. Dentre os escravos havia os negros “tio Júlio” e Aniceto Pimenta: Reis Perpétuos da Irmandade, que devotavam e cultuavam Nossa Senhora do Rosário. Mais tarde, passaram a Coroa Grande para “tia Bárbara Bajá”, que passou para Joaquim Silvério Pimenta e Onofra Cassiana Pimenta, que passaram para sua filha Denice Cassiana Pimenta. Essa, por sua vez, passou-a para seu filho, Denilson Cardoso Pimenta, de geração em geração, seguindo uma hierarquia familiar, preservando sempre a devoção e o culto à imagem de Nossa Senhora do Rosário.

A imagem é de suma importância para a Irmandade e para a comunidade em si, porque ressignifica a tradição dos cultos afros, enfatizando a influência do negro,

8 NOSSA... 2001.9 CUNHA, 1984. p. 31.

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remanescente do Quilombo do Ambrósio, na cultura cristalense. Destaca-se também o valor histórico, por ser de origem portuguesa e ter vindo como guia e guarda da família “Costa Maia”, assim como o valor artístico: estilo barroco, esculpida em madeira. Culturalmente, é um ícone que traz em si uma simbologia despertando a fé e a devoção. Muitos cristalenses são devotos de Nossa Senhora do Rosário, cultuando-a no dia 07 de outubro, com festejos religiosos, tanto na cidade como na zona rural. São realizados: tríduos, novenas, procissões e a tradicional Festa do Reinado, da qual a Senhora do Rosário é a protagonista, acompanhando-a outros santos: São Benedito e Santa Ifigênia. É cultuada também no mês de maio, 13 de maio, fazendo referência à Abolição dos Escravos, com grandes festejos de Reinado ou Congado. O 13 de maio é comemorado com congada cívica. Os ternos dançam, durante três dias, envolvendo toda a comunidade. Ternos de cidades vizinhas também são convidados para a festa, que inicia pela madrugada e vai noite à dentro, com muita bebida e comida típica dos afrodescendentes..

No ícone, Maria se apresenta em pé tendo a imagem de seu Filho assentada sobre o braço esquerdo. A mão direita segura o rosário. Como a maioria das efígies da Senhora do Rosário, segue o estilo barroco. Suas vestimentas possuem panejamentos ondulantes, nas cores: azul e vermelha. Sobrepõe a túnica amarela com ornatos dourados. Imagem pequena, esculpida em madeira traz no rosto uma expressão serena, demonstrando a ternura da Mãe que conduz o Filho nos braços.

Em 1998 foi feita a primeira e única intervenção na imagem, não bem sucedida, ocasionando sua descaracterização.

Para Helena Caetano de Paula, a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, representa as tradições que vieram dos antepassados até a geração presente. Ela diz:

esta cultura nós não podemos deixar acabar. Ela marca o nosso povo, a raça negra. A imagem de Nossa Senhora do Rosário é motivo de fé religiosa. Tem também o valor estimativo, pois o senhor dos escravos José Luiz da Costa Maia foi quem a trouxe de Portugal. Nossos antepassados escravos trabalharam na fazenda dos “Luiz da Costa Maia”.

As lembranças de José Fernandes Martins dão a dimensão de como eram realizadas as festividades do Reinado, no antigo Largo do Rosário:

Os ternos do Reinado dançavam nesse Largo em homenagem à N. S. do Rosário, embora a igreja não funcionasse com freqüência. Havia também as novenas e as procissões, em homenagem aos santos. O povo enfeitava as janelas das casas com toalhas bordadas e as ruas com bananeiras enfeitadas com bandeirinhas. Quando as festas eram à noite, colocavam tochas para iluminar. Havia também a recitação do terço. As festas eram bonitas e alegres.

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9.2. OUTROS SANTOS HOMENAGEADOS

9.2.1. São Benedito São Benedito de Palermo, o Negro ( 1524-1589).Descendente de negros etíopes nasceu em São Filadelfo, na Sicília, sendo por

isso, conhecido também como São Benedito de São Filadelfo, o Preto. Eremita ingressou na Ordem Franciscana como irmão leigo, vivendo no

convento de Santa Maria de Jesus, em Palermo, onde foi cozinheiro.Sua festa é celebrada a 3 de Abril ou 13 de Maio.Frequentemente representado como jovem vestindo hábito franciscano, franzido

à cintura pelo cordão da Ordem. Não há registro histórico de como a imagem veio para Cristais. Supõe-se que

data da mesma época da imagem de Santa Ifigênia, por ser cultuada juntamente com ela e ter influência afro dos remanescentes do Quilombo do Ambrósio.

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Foi restaurada em setembro de 2007 por Tarley Viglioni de Azevedo

9.2.2. Santa Ifigênia

“Santa Ifigênia, virgem da Etiópia, é mártir. Santa preta, foi uma das devoções dos escravos africanos, especialmente no sul do país”

Sua festa é celebrada em 21 de setembro.É representada vestida de hábito carmelita, trazendo, em uma de suas mãos, uma

igreja flamejante, ou não, e, na outra, a palma do martírio.Noutras representações, aparece pisando na cabeça de um rei.Não temos referências de quando a imagem veio para Cristais e nem quem a

doou. Como é cultuada em outubro, juntamente com N. S. do Rosário e São Benedito, supõe-se que ela tem também origem portuguesa, como N. S. do Rosário dos Pretos, pois simbolizam a tradição dos cultos afros e a influência do negro, remanescente do Quilombo do Ambrósio, na cultura cristalense.

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A imagem porta, no seu pedestal, uma inscrição: o nome de uma pessoa que pintou a imagem, por conta própria, em 1995. Como a imagem encontrava-se descaracterizada e mal cuidada, em setembro de 2007, ela foi restaurada por Tarley Viglioni de Azevedo.

Na cidade, é grande a devoção à Santa Ifigênia.

10. SÍMBOLOS DO REINADO O Reinado, manifestação cultural afro-brasileira, cuja simbologia rememora e celebra a história do negro, traz vários personagens, símbolos, indumentárias, cânticos, danças e rituais que compõem o contexto do discurso congadeiro. Interpretar estes símbolos permite-nos perceber a organização e a hierarquia que fundamentam e dão sentido à celebração e expressão maior de fé, identidade e cultura de um grupo.

10.1. TamboresNo mundo uterino o som já é captado pelo ser humano. As batidas do coração e

o fluido amniótico dão o ritmo e o compasso.

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O som do tambor, símbolo polissêmico com vários significados para diferentes épocas, usados desde a era primitiva, comunica e convida as pessoas para a festa do Reinado.

Para os negros a voz do tambor se negou a ficar muda. Permaneceu resguardada na fala dos corpos, dos gestos, dos passos que reconhecem no batuque a essência de uma liberdade perdida nos limites da escravidão física. O tambor não permitiu o aprisionamento da alma e garantiu a resistência espiritual necessária à transcendência das torturas materiais. Tem mistérios que não deixam a alegria fugir dos espíritos, e sonoridade que os liga com as forças sagradas. São os tambores que continuam a os ensinar e reconhecer a festa como expressão irredutível da vida.

Os saberes do mundo dos tambores pertencem àqueles que incorporam uma dedicação especial. O tambor tem que ser cuidado, sentido, desejado, respeitado e amado. Para os afro-descendentes o tambor não desaparecerá jamais. Seguirá se reinventando, multiplicando em formas que traduzem sua mística e simbologia.

A festa do Reinado tem seu inicio com as batidas dos tambores: o canbombe. Os tambores são classificados em: tambu do candombe ( três tambores de

tamanhos diferentes: Santana, santaninha e chama), caixas e tamboril.

10.2. Rosário e terçoA arma principal do integrante do Reinado é o rosário e o terço de “ contas de

lágrimas de Nossa Senhora”. Já no século XV o rosário era chamado de “arma misteriosa” por estar sempre ligado à libertação dos povos.

Seja como colar de oração ou como um conjunto de orações em tributo a Nossa Senhora, o rosário significa “coroa de rosas”. Isso porque na devoção católica cada Ave Maria rezada representa uma rosa, que é a rainha das flores, oferecida a ela, rainha do céu, da terra e dos homens.

Através do rosário, os negros convertidos fizeram a leitura da doutrina católica, traduzindo-a para seu código, observando-a sob seu próprio ponto de vista, combinando os elementos com o de sua simbologia e criando o que se chama de catolicismo africano.

10.3. MastrosSão os estandartes que sustentam as bandeiras. São hasteados dias antes da festa,

como uma bandeira de aviso, anunciando a proximidade da comemoração. De cor branca, tendo, como figura, o símbolo maior do reinado de Nossa Senhora: a coroa. Hasteada na praça, em frente a igreja, aponta para o céu, interligando terra e céu, criatura e criador, sofrimento e libertação.

10.4. Bandeiras dos padroeiros – hasteamento e arriamento As bandeiras iconografadas com seus respectivos padroeiros, a saber: Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Ifigênia, Nossa Senhora das Mercês, Senhora Santana e uma bandeira com a estampa do rosário. Ao serem hasteadas elevam-se as

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súplicas, ações de graças, hinos e ladainhas. As promessas a serem cumpridas são lembradas ali. O hasteamento evoca a elevação, a dignidade e a liberdade do negro. Nossa Senhora do Rosário, a mãe, a padroeira dos negros; São Benedito, o humilde, o negro que foi elevado à categoria de santo; Santa Ifigênia, princesa da Núbia ( Etiópia – África Oriental) a mártir, libertada da fogueira pela graça de Deus. Tudo isso simbolizando a fé em Nossa Senhora, a obediência, a resignação e conforto no sofrimento e alivio de suas dores.

O céu fica colorido com as fitas que adornam os mastros, a terra eleva-se, faz-se céu aqui na terra. O hasteamento e arriamento e/ ou descendimento das bandeiras tem o significado da vida: o alto e o baixo, o triunfo e as dores, as alegrias e os sofrimentos, os momentos nos quais as pessoas são elevadas ou rebaixadas, reis ou escravos.

O ato de hastear as bandeiras na praça ou no átrio da igreja rememora o tempo que os negros não podiam entrar na igreja. O louvor á santa era feito do lado de fora da igreja, em torno de uma fogueira e do mastro. É símbolo de um passado de segregação que é rememorado e atualizado no louvor e devoção das guardas e ternos.

10.5. Bandeira das guardas ou dos ternos Cada terno ou guarda possui uma bandeira com a estampa da imagem do padroeiro. Ás vezes, alguns ternos levam duas: uma com a estampa da imagem do padroeiro e outra com a de Nossa Senhora do Rosário. É levada em cada apresentação, inclusive no ritual do almoço.

10.6. Coroas

A coroa é o distintivo do rei. É um emblema da realeza e do poder que cria laços de identidade de um grupo que vive sob a administração de um soberano. A coroa é o

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símbolo dos reis e rainhas congos e perpétuos. Somente esses são coroados; são vitalícios. É a nobreza, a hierarquia suprema na Festa do Reinado.

10.7. A Coroa Grande As Coroas Grandes também são símbolos de realeza no Reinado. São as coroas dos reis e rainhas ( congos e grandes, que podem ser perpétuos ou convidados);

10.8. Coroa de PromessaAs Coroas de promessas são coroas pequenas, correspondendo uma para

cada promessa. É ornamentada pelo (a) pagador (a) de promessa sendo a consumação da graça alcançada por intermédio de Nossa Senhora e dos santos negros. É o símbolo da fé, da confiança e da cura dos males físicos e espirituais. A coroa de lágrimas e de sofrimento é substituída pela coroa da benção e da vitória.

10.9. Capa e cetroAssim como a coroa é símbolo da realeza e da divindade, o manto de proteção e o

cetro também o são.

10.10. Bastão e espadaO bastão é o símbolo do poder; é usado no comando da guarda do Moçambique. A

espada é a arma dos guerreiros do Congo.

10.11. Gunga ou campanhaUsada nos tornozelos dos moçambiqueiros revelam a magia incorporada a eles

através da força mística do reinado. O total de sementes ou esferas colocadas dentro da gunga é de 96, representando um número eterno para cima e para baixo. A gunga assemelha também ao instrumento usado para tolher a liberdade dos negros à época da escravidão. “Arma” de liberdade e de identidade, símbolo da cultura dos negros, marcando o ritmo, a beleza e a leveza do festejo. A gunga liga o corpo à terra propiciando um elemento de ligação entre a ancestralidade que clama pela terra, através dos passos marcados com o toque dos pés no chão.

10.12. PantagomeLata redonda com 90 esferas em seu interior e mais 9 distribuídas entre os pantagomistas. Cada uma dentro de um patuá ( bolsa) simbolizando a unidade familiar africana vivendo em sintonia espiritual plena dentro dos casulos tribais em que as mulheres transformavam nas mantenedoras dos territórios, suprindo as ausências dos homens que partiam para as guerras. Representa a mulher cultivadora de vida, paz e prosperidade. Na visão cristã africanizada é um vaso cheio de sementes lembrando a gravidez de uma mulher.

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10.13. Café e almoço O café e o almoço, oferecidos pelo rei e rainha das Coroas Grandes, são momentos de confraternização entre as guardas e ternos. O banquete que une branco e negro, realeza e súditos, numa homenagem a Nossa Senhora do Rosário.

10.14. Cortejo O cortejo compreende a corte real. É composta por rei e rainha da Coroa Grande, reis e rainhas perpétuos, rei e rainha conga, demais reis e rainhas, a princesa Isabel, demais príncipes e princesas, juízes e juízas com suas respectivas guardas que os escoltam, os carregadores do pálio e das bandeiras e os ternos. Formam um grande e solene cortejo que percorre as ruas e praças da cidade para a realização de rituais que compõem o calendário da festa. No cortejo há uma disposição e organização dos personagens durante o trajeto. Observando a hierarquia e a importância do personagem, a irmandade organiza o cortejo. O cortejo real apresenta-se com belos e ricos trajes, capas bordadas e ornamentadas com pedrarias e paetês. A indumentária das guardas e/ou ternos é chamada de farda, a qual marca a organização e a hierarquia dos grupos, destacando-se com adereços a farda do capitão, seu líder e comandante. A organização e a hierarquia é uma metáfora militar que representa os símbolos reconhecíveis de hierarquias, posições e poder de comando e de subordinação.

10.15. ProcissãoA procissão é realizada com as bandeiras e os andores dos santos padroeiros.

Simboliza a caminhada do povo negro, suas lutas, conquistas e vitórias.

10.16. Promesseiros Promesseiros são as pessoas que, em decorrência das promessas, são encarregadas de ornamentar as coroas pequenas e de oferecer uma contribuição pecuniária para o custeio da festa.

10.17. FesteirosOs festeiros são as pessoas convidadas e/ou que se oferecem para pegar a Coroa

Grande em virtude do pagamento de promessas. Promovem a festa custeando indumentárias, alimentação e outros tipos de donativos. São os reis e rainhas da Coroa Grande.

10.18. Guardas ou TernosTerno é o agrupamento de congadeiros, conduzidos pelo capitão que vai à frente,

em torno da guarda de uma bandeira do santo da devoção dos participantes.Em Cristais há quatro guardas: Moçambique, Congo, Catupé e Vilão,

subdivididas em vários ternos.Os instrumentos usados são: tambu, caixas, tamboril, canzale (recorreco)

pandeiros, guaiá ( chocalho), puita ( cuíca), violas, sanfonas, cavaquinhos, apitos, gunga e pantagome.

As cores usadas nas indumentárias tem o seu simbolismo:

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. amarela- é a cor da prosperidade; verde- traz saúde, esperança e harmonia, representa a mata que os negros atravessaram levando a santa; azul- simboliza a eternidade celestial e a certeza de vencer desafios futuros e a eterna ligação com Nossa Senhora no céu; branca- veste a paz e o perdão; azul marinho- simboliza as mulheres que eram lançadas ao mar para aliviar a carga dos navios negreiros, quando estavam ameaçados de naufragarem, em meio à tempestade; rosa- representa a sensibilidade e a humildade de Nossa Senhora e o caminho de flores feito para que ela passasse na mata; vermelha- simboliza a fraternidade o companheirismo; azul piscina- traduz a alegria dos marinheiros ao resgatar Santa Ifigênia no fundo do mar; preta e vermelha- representantes do sangue, luto e martírio de Jesus. São pouco usadas nas suas indumentárias, pois, segundo os próprios congadeiros, elas apresentam associações com os rituais malignos.

10.18.1. Moçambique- é o terno mais importante devido à lenda da aparição de NossaSenhora do Rosário no mar. Os moçambiqueiros usam o azul e o branco representando as cores de Nossa Senhora. É o encarregado de escoltar “o estado de coroas”, os reis e rainhas, enfim o reinado de Nossa Senhora do Rosário. Tem a missão de buscar a Coroa Grande no dia da festa.

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10.18.2.Congo – este terno tem função policial, pois compete aos integrantes fornecer guarda coroas, armados de espada, para reis e rainhas. O Congo se veste de rosa e verde simbolizando o caminho de galhos e flores para a Nossa Senhora passar. Usam chapéus enfeitados com fitas coloridas e os recorrecos também com fitas coloridas nas pontas, possivelmente, simulando a tradicional espada. Os instrumentos usados são caixas, pandeiros, recorrecos e sanfona.

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10.18.3.Catupé é o terno que tem a função de alegrar a festa. Seus componentes usam caixas, tambores, sanfonas e apitos para fazer a marcação. A indumentária sobressai em cores alegres, geralmente relacionadas com Nossa Senhora do Rosário ou com os santos padroeiros.

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10.18.4.Vilão considerado o enfeite da festa, alegre e colorido. Dança com bastões ou varas enfeitas com fitas coloridas. É formado por um pelotão de guerreiros, por isso que sua responsabilidade maior no cortejo é dar segurança a todos os outros irmãos congadeiros. Usam como instrumentos caixas, sanfonas e marcam o ritmo batendo as varas.

10.19. CapitãoO Capitão ao centro comanda sua guarda, cantando e dançando. Tem um rosário

colocado ao peito e sua faixa possui um crucifixo. Traz ao tornozelo a ganga e na mão um bastão com flores; com um apito faz a marcação do ritmo e das danças. É o personagem mais importante dentro das guardas.

10.20. Rei e Rainha PerpétuosO Rei e a Rainha Perpétuos constituem o reinado perpétuo, vitalício, transmitido

aos descendentes. Os trajes mais luxuosos, capas bordadas, lembram reis, rainhas e imperadores lusitanos dos séculos anteriores e reis dos países africanos em celebrações e rituais próprios daqueles povos.

10.21. Rei Congo e Rainha CongaO rei Congo e a Rainha Conga compõem um casal real para cada guarda ou cada

padroeiro. Participam do Reinado de Nossa Senhora. São negros e chamados também de Rei Preto e Rainha Preta. Não são coroados nos dias das celebrações; manifestam-se, apresentando-se coroados ás festividades. Simbolizam o Rei Congo Mbemba-a Nzinga

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e a Rainha Conga Njinga. As indumentárias reais são ricamente ornamentadas com pedrarias.

10.22. .Rei e Rainha da Coroa GrandeO Rei e Rainha da Coroa Grande são brancos e representam na festa a

confirmação da alforria, vindo, às vezes, no cortejo, atrás da princesa Isabel – o branco e o negro numa troca simbólica de poder. São reis de promessas ou convidados. Geralmente, oferecem um almoço para os ternos, como pagamento da promessa. Originaram da participação de pessoas de melhor condição financeira que apadrinhavam a festa e eram homenageados. Possuem um reinado que é renovado anualmente.

10.23. MordomosOs mordomos são os donos e responsáveis pelas bandeiras dos padroeiros.

Ornamentam-nas para o ritual de hasteamento, podem ou não, oferecer um lanche para as guardas depois do ritual.

10.24. Princesa IsabelÉ a mais exaltada depois de Nossa Senhora e dos santos padroeiros. Apenas uma

personagem para todas as guardas da Irmandade e para todos os dias da festa. É escolhida e convidada uma linda jovem para representar aquela que libertou os escravos. Durante as celebrações carrega um livro dourado, simbolizando a Lei Áurea por ela assinada.

10.25. Chico ReiConsiderado por alguns historiadores como figura lendária por não haver fontes

fidedignas de sua real existência ( apenas citação de rodapé do historiador Diogo de Vasconcelos em seu livro História Antiga de Minas Gerais, 1ª Ed. 1904) é apresentado como personagem figurante da festa do Reinado. É reverenciado como um rei congo que veio para o Brasil como escravo, símbolo da resistência à escravidão ( Não seria uma alegoria do rei Ambrósio? )10

10.26. Príncipes e PrincesasComo príncipes e princesas, crianças ou jovens, por promessa ou convidados,

participam do Reinado de Nossa Senhora. Nas procissões fazem parte do cortejo real, acompanhando e escoltando reis e rainhas. Vestem-se de nobres, trajando roupas luxuosas.

10.27. Sombrinhas e guarda sol Simbolizam a nobreza real: o céu e a proteção.

Simbolizando o céu, o guarda-sol dava a reis, nobres, deuses e sacerdotes a proteção que eles davam a seus súditos e fiéis. O guarda-sol guardava, ou seja, protegia o sol representado por essas autoridades, em torno do qual giravam seus dependentes. Ao mesmo tempo, em sua função cerimonial, desviava a atenção do sol acima delas para o sol que elas encarnavam. Na Igreja católica, os papas usavam o umbraculum,

10 . Grifos nossos.

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sombrinha semi-fechada, como símbolo de autoridade. O dossel que hoje protege os sacrários nas procissões e, eventualmente, os santos no retábulo, tem o mesmo significado de céu e de proteção

11. O RitualA Festa do Rosário ou do Reinado, como elemento integrante da cultura, é

carregada de símbolos, rituais e significados que são reapropriados e internalizados pelos irmãos e irmãs pertencentes à irmandade. Os irmãos, no interior da festa, observam, interagem, aprendem se expressam, conquistam e “ libertam-se” - pelos menos no momento – de normas de comportamento impostas pela sociedade escravista e pela igreja, mas ao mesmo tempo, incorporam padrões de comportamentos específicos presentes na sua própria cultura. Na festa, o corpo presente é o humano, o sagrado, o profano, o ritmado, o sociável.

Não há regra quando se trata de religiosidade popular. Na região de Cristais há um tipo de costume e as regras são particulares. Os ternos ou guardas vão a cada dia mais adaptando seus rituais com o que eles tem à disposição para suas práticas ritualísticas, tendo o cuidado para não descaracterizar o ritual.

11.1. Preparação Abertura do Reinado – os devotos do Reinado se aproximam do altar na capela onde se encontra um rosário. O Rei e a Rainha Conga presidem a cerimônia. Faz-se a reverência a Virgem do Rosário através da reza. O capitão mais velho do Moçambique entoa um hino. A bandeira guia de Nossa Senhora do Rosário é alçada sobre os devotos, abençoando-os. Os capitães saravando tocam os ombros realçando a autoridade e o poder dos indivíduos. A festa se inicia com o pedido de licença: “o sinhô me dá licença, me dá licença pr´eu cantá nessa baixada, nessa baixada...”.

11.2. Fechamento do ReinadoDe acordo com a tradição quando “ o oriente desce, o Reinado fecha”, no último

domingo de agosto e setembro, de acordo com as normas dos estatutos das respectivas irmandades. Neste período os tambores descansam para retornar após o período pascal.

11.3.Guardas ou ternosAs guardas representam os irmãos africanos, as nações. A fundação das guardas

ou ternos se define através da narrativa mítica. O Candombe ( tambores) abre o Reinado. O Congo “puxa” todos os dançantes, em movimento rápido, abrindo caminho. Sua cantoria denota sofrimento. Em seguida vem o Moçambique que é o fundamento da festa porque sem ele não se faz o Reinado. No cortejo, entre o Congo e o Moçambique, vemos a guarda do Vilão que representa os portugueses e o Catupé que representa o nativo africano.

Estas guardas se estruturam com: . um comandante ( 1º capitão ) que tem a patente do grupo; . os capitães que são os líderes; . as autoridades que conduzem os cantos e comandam o ritual; . os vassalos, entre eles, os dançantes e os instrumentistas; . os alferes que puxam as filas; . os fiscais que zelam pelos instrumentos; embaixadores, rainhas e princesas que completam a guarda.

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11.4. Consagração de CapitãoConvido o irmão ( dizer o nome) ... O candidato a capitão se posiciona ao

centro, em frente ao Rei Perpétuo, e inicia uma marcha suplicando ao capitão oficiante que o coroe como capitão. O candidato pede na mesma marcha que coloque os paramentos do fardamento, o rosário cruzado no peito e o bastão da capitania. Em seguida, o capitão oficiante retira a coroa do Rei Perpétuo e , sustentando-a com a capa, toca três vezes a cabeça do candidato como se o coroasse. O novo capitão entoa um canto para suplicar por sua benção demonstrando sua alegria e fidelidade à irmandade.

11.5. CoroaçãoNa coroação da Rainha, a sua coroa se une ao manto – alusão a Virgem santa – que deverá ser honrado e bem cuidado como símbolo de proteção e poder. É a representação do coletivo, pois um dos papéis que assumirá será o de guiar ( aconselhar, unificar) as pessoas que estarão sob seu reinado. Alem da coroação e integração da rainha na comunidade, há a constatação do legado que lhe é transmitido e que deverá ser cuidado.

11.6. DescoroaçãoA descoroação assim como a coroação resgata um comportamento ancestral

possibilitando a interação mnemônica entre o presente e o passado vivido. O ritual é regido pelo sentimento de perda. As crianças, jovens e adultos com o rosário no peito cantam, dançam prestando a última homenagem à rainha. As guardas se despedem da rainha e dão “viva” à Nossa Senhora do Rosário, Nossa Senhora das Mercês a São Benedito, Santa Ifigênia, Senhora Santana e Santa Isabel. Reza-se um Pai Nosso e três Ave Marias. Cada membro do cortejo beija a coroa da rainha e um líder canta “ Vô entregá eeê... vô entregá eeê...” A coroa é entregue à filha que a beija e a segura solenemente, perpetuando o legado ancestral. O estandarte de Nossa Senhora é erguido e o rito da descoroação e da despedida finaliza.

Quando o Rei ou a Rainha Perpétuos falecem, o ritual retira as obrigações que o falecido (a) tinha em vida para que, dessa forma, sua alma possa gozar das alegrias junto a Deus, sem que sua alma fique aflita pelos compromissos e promessas feitas em vida. Com o falecimento do Rei Perpétuo o trono ganha sua alforria. Os votos de obediência são considerados como cumpridos. Os coroados para continuar na guarda deverão refazer seus votos perante o novo Rei, a ser coroado no início dos rituais de abertura do Reinado.

11.7 . Entrega da coroaTernos, guarda-coroas e reis coroados acompanham os novos reis festeiros até suas

casas onde serão guardadas as coroas até a festa do próximo ano. O translado das coroas é realizado no domingo anterior ao fechamento do Reinado.

11.8. Visita à coroaSinal de respeito ao símbolo e ao portador. Visitar a coroa é visitar os ancestrais.

Investido do poder máximo os Reis Congos representam as nações africanas. Por isso essa função é exercida por pessoas negras que fazem parte do Reinado.

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11.9. TransposiçãoPortas, porteira, encruzilhadas, esquinas são espaços de manifestação de forças que

tem o poder de interromper ou invibilizar o desenvolvimento. Os umbrais são transpostos de costas, com o corpo de frente para o altar; na encruzilhada e na esquina o Congo fecha a passagem com a “meia-lua”. O Moçambique transpõe de costas e os reis e rainhas cruzando os dedos polegares. São defesas contra as forças que circundam estas passagens.

11.10. Levantamento dos mastrosO mastro agrega as forças telúricas da natureza por onde orbitam os espíritos dos

antepassados. Representa a continuidade da eterna aliança entre os negros e a Virgem do Rosário, entre o céu e a terra. As bandeiras trazem as imagens dos santos padroeiros e de devoção. No buraco onde o mastro é colocado, os fiéis depositam velas acesas simbolizando seus pedidos e agradecimentos por graças alcançadas. Quando o mastro é abençoado e levantado consolida-se um ciclo da cultura popular que simboliza, com propriedade, a fusão de traços culturais africanos, europeus e indígenas.

Os dançadores realizam intensos movimentos corporais, dançando em círculos como se abraçando o mastro e, logo depois, com os bastões erguidos, sustentam a base do madeiro até que o mesmo atinja a posição vertical.

A crença que a divindade está abaixo do solo é muita antiga, por isso, o ato de depositar pedidos no buraco em que o mastro é colocado é o mesmo que alcançar o sobrenatural.

Na mesma cerimônia vários traços culturais distintos estão reunidos. A experiência histórica dos escravos trazidos da África e submetidos à conversão do catolicismo provocou a crença em santos cujas características físicas e de martírio os aproxima dos escravos africanos.

Quem levanta os mastros tem que descê-los.

11.11. SaudaçãoNos rituais da Festa do Reinado há a saudação e o pedido de benção feito pelo

capitão dos ternos ao encontrar pessoa de destaque na hierarquia da festa.Saravar significa salvar ( corruptela da palavra salvar). O termo existe como

mantra que significa a força que mantém a natureza. O cumprimento na forma de um gesto solene, feito com a mão direita de ambos realizando o sinal da cruz, frente à face de um e depois do outro e, finalmente, no meio. Os ombros se tocam pela direita e pela esquerda, com as mãos unidas erguem e as tocam com a testa. O ombro representa o poder e o domínio.

11.12. Beijo da bandeiraA bandeireira passa com a bandeira da outra guarda por todos os integrantes que

se curvam para beijá-la, ajoelhando-se e tirando seus quepes (chapéus) e fazendo o sinal da cruz.

11.13. Cruzamento de espadas

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Acontece quando dois capitães do Congo com suas espadas em forma de “ X “ escoltam os componentes do Reinado até chegar diante da Igreja do Rosário.

11.14. Cruzamento de bastõesEste ritual é usado como forma de saudar, através de orações, os companheiros

de outro terno.

11.15. Proteção – partida de corpo fechado Este ritual acontece quando uma guarda vai viajar. Todos os integrantes passam dentro de um grande rosário. Após orar e sair, nenhum componente pode retornar.

11.16. Benzê o santo A guarda vai às casas dos devotos e realiza cantoria e rezas diante das imagens.

Isso traz proteção e bênçãos para as famílias.

11.17. Enterrar o umbigoUm preparado de ervas engarrafado fica enterrado durante sete dias. Nesses dias

é proibido ter relações mundanas. Deve-se evitar encruzilhadas e outras superstições.

11.18. Tirá a paiaRitual que reúne os moçambiqueiros antes de saírem dos quarteis. Só após

benzer os instrumentos é que podem partir. Acredita-se na necessidade da proteção antes e depois da jornada realizada.

11.19. Fechamento do corpoPreparo de remédios à base de ervas medicinais que fortalece a resistência física do

congadeiro.

11.20. Rosário cruzado no peito Protege os maus fluidos das pessoas invejosas.

11.21. Passagem de bastõesQuando o patriarca passa o bastão para outra pessoa escolhida: filho, sobrinho ou

alguém de confiança para prosseguir a missão.

11.22. Missa CongaA Missa Conga foi introduzida após o Concilio Vaticano II. A missa afro une-se

e mistura-se ao ritual litúrgico da missa católica romana, mas é expressa e vivenciada a partir do fundamento do ritual do Reinado.No ofertório os símbolos da realeza são colocados no altar e são devolvidos aos donos, já abençoados, após a comunhão. O que era proibido é aceito pela Igreja católica; o que era profano recebe as bênçãos sacerdotais; o que antes era excluído é celebrado e festejado.

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12. LETRAS E MÚSICASAs músicas e as letras cantadas no cerimonial da festa são as conhecidas na

região do centro oeste mineiro. Aqui registramos as partituras de exemplares gravadas e usadas nos festejos da vizinha cidade de Oliveira que também são usadas, assim como outras, em Campo Belo.

A música é iniciada com versos mais longos, cantados na língua do negro ( como falam) , depois os versos ficam mais curtos, iniciam-se as evoluções coreográficas e o coro responde os versos do capitão.

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13. FESTAS SIMILARES

CONGOS, CONGADO, CONGADA, REINADO, FESTA DO ROSÁRIO, REISADO são terminologias bastante usadas. Existe uma correspondência entre Congos, Congado e Congada. A denominação Congos é mais usada no norte e nordeste, designando o auto; pode também designar um terno ou guarda como em Minas Gerais e no Paraná. Congado é formado basicamente de três elementos, como afirma Câmara Cascudo: 1. Coroação dos reis do Congo- 1. Préstitos e embaixadas- 3. Danças guerreiras comemorativas. A variação de Congado e Congada trata-se apenas do uso dos dois gêneros para a mesma palavra, ora na forma masculina, ora na forma feminina. O Reinado é um dos componentes do Congado, exatamente aquele que se refere à coroação dos reis e à constituição de uma corte. Esse fator – REINADO - se tornou muito forte em Minas Gerais devido a atuação das numerosas Confrarias. Nas Irmandades de Nossa Senhora do Rosário havia os cargos de reis, cujas eleições e funções se regulamentavam através dos Compromissos. O costume de se alforriar o rei eleito anualmente no Congado deu grande prestígio à instituição do Reinado, principalmente em Minas Gerais. Embora existam reis eleitos em outros estados, o Reinado mineiro se marcou pelo fato de ser conseqüente ao catolicismo de confraria, com forte atuação das Irmandades do Rosário.

Considerando o destaque dos reis e das Irmandades, alguns autores preferem dar às festividades do ciclo do Rosário em Minas a denominação de Reinado. Popularmente, a manifestação cultural no município de Cristais é conhecida como Festa do Rosário ou Reinado, embora com alguma variante para Congado. O uso do nome Reinado implica na demonstração da especificidade das comemorações mineiras das festas do Rosário.

O Reisado se distingue como um folguedo bastante diferenciado. A referência aqui se dá aos Reis Magos, figuras presentes no ciclo natalino. As festas de Reisado ou de Reis e conhecidas ainda como Folia de Reis são autos populares de Natal, com enredo ou se constituindo em simples cortejo com cantos.

As festas de Reinado no Brasil com devoção a santos negros, como Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia, são tradições mantidas em diversas localidades, com destaque para Minas Gerais, São Paulo e Goiás. Porém existem grupos do Rio Grande do Sul até o Pará, mesmo que isolados, mas que conseguiram resistir e reinventaram- se no mundo de hoje e ainda comemoram suas festas, como no interior do Pará, na Vila da Juaba em Cametá-PA, o Bambaê do Rosário ou em Sergipe com os Cacumbis, Cheganças e Taiera, que mantêm a tradição de coroação, procissão e embaixadas, e ainda em muitas outras localidades.

Em Minas Gerais a manifestação cultural Reinado e/ou Congado é tradição afro brasileira impregnada de religiosidade. Na microrregião de Campo Belo ( Aguanil, Cristais, Cana Verde, Santana do Jacaré, Candeias) os festejos ocorrem, simultaneamente, nos meses de agosto a outubro. Os festejos das cidades vizinhas: Perdões, Oliveira, Três Pontas, Itapecerica, Lavras, Divinópolis, Ilicínea, Boa Esperança seguem os mesmos rituais e fazem parcerias nos eventos com intercâmbios de ternos, de músicas e de barraquinhas.

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Nestas mesmas cidades citadas, como referência da microrregião, tendo Campo Belo como cidade pólo, e nas citadas como cidades vizinhas, ocorrem outras manifestações culturais correlatas ao Reinado. São elas: Folia de Reis, Festa do Divino, Cavalhadas, Cavalgadas e Romarias. São manifestações culturais, de cunho religioso, caráter antropológico e fundamentação mítica.

A tradição da Folia de Reis remonta ao nascimento de Cristo, quando Baltazar, Gaspar e Melchior, conhecidos como os Três Reis Magos, ofereceram a Jesus: extrato de mirra, uma planta usada como remédio e muito perfumada; ouro, símbolo da riqueza, e incenso, que expressa o desapego, a humildade e a esperança. O objetivo do cortejo é reproduzir a viagem dos Magos a Belém, ao encontro do Filho de Deus. Geralmente, ele é o resultado de uma promessa, na qual o folião, para obter a graça, se compromete a organizá-lo. Os foliões reúnem-se nas vésperas de Natal, rezam, cantam ladainhas e oram diante do presépio. Depois de abençoada a bandeira inicia-se a peregrinação que dura até o dia 06 de janeiro, dia dos Reis.

Fotos do Arquivo Público Municipal

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A Festa do Divino se caracteriza pelo Cortejo do Império e Coroação do Imperador e da Imperatriz do próximo ano. Durante o ano, à procura de oferendas, o Imperador envia “folias” para cantar junto às portas, conduzindo uma bandeira de cetim vermelho, tendo ao centro uma pombinha branca ou dourada, com resplendor ou orla de nuvens. Encerrados os festejos religiosos, os participantes se reúnem ao redor de uma mesa farta, onde cantam e dançam ao som das violas.

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Na microrregião de Campo Belo, a cidade de Santana do Jacaré tem a Cavalhada como uma forte tradição cultural que atrai muitos turistas.

A Cavalhada se resume na encenação de uma disputa travada na Península Ibérica (Portugal e Espanha) entre mouros e cristãos. A encenação caracteriza a perseverança dos cristãos para a implantação e divulgação da doutrina cristã.

Logo após a encenação, vem o momento mais esperado da tarde, a disputa entre todos cavaleiros por sorteio para retirada da Bandeira do Brasil. O cavaleiro precisa acertar a ponta de sua lança num anel de 10 cm de diâmetro que segura a bandeira do Brasil no alto de 3 metros. A retirada da bandeira é o momento alto da festa que dura três dias. Tradicionalmente a festa acontece no Domingo, Segunda e Terça de Carnaval.

As Cavalgadas são realizadas na festa de São Sebastião, geralmente para pagar promessas. Os cavaleiros saem da zona rural para a cidade, em procissão, levando a imagem do santo no andor, ao som do berrante. À frente da tropa vai a “madrinha”, uma amazona, levando na mão a bandeira de São Sebastião.

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As Romarias são realizadas em diversas modalidades: a cavalo ( cavalgada), a pé, de carro/ônibus, de motos. Vão, em comitiva, levando a frente uma bandeira de Nossa Senhora Aparecida ou de outro santo padroeiro do local destinado. São também pagadores de promessas.

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14. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA

As fotos registram as festas do Rosário / Reinado vividas pela comunidade, em momentos de datas comemorativas, como, por exemplo: Aniversário da Cidade e em momentos da aplicação de atividades de Educação Patrimonial: estudo da cartilha: Festa Cultural: O Reinado na 2ª Jornada Mineira do Patrimônio Cultural e na comemoração do Dia da Consciência Negra

Terno de Reinado infantil apresentando ao público em atividades de Educação Patrimonial – 2011 - - Arquivo Público Municipal -

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Rainhas Congas e Jeremias Brasileiro na 2ª Jornada M. do P. Cultural - 2010

Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007 - Arquivo Público Municipal

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Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007 – Reis Festeiros, Capitão e Meirinho - Arquivo Público Municipal

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Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007 – Ternos: Moçambique - Arquivo Público Municipal

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Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007 – Almoço e café

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Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007 – Rei e Rainha das Coroas Grandes - Arquivo Público Municipal

Cortejo

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Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007 –Cortejo e descida dos mastros - Arquivo Público Municipal

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Terno Moçambique capitão e meirinho

Terno Congo

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Festado Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007- Terno Vilão - Arquivo Público

Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007- Terno Moçambique reverenciando a Rainha da Coroa Grande - Arquivo Público Municipal

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Terno Catupé- Arquivo Público Municipal

Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007- Reis e Rainhas: Perpétuos e Congo- Arquivo Público Municipal

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Festa do Reinado de Nossa Senhora do Rosário – 2007- Encenação e Descida dos mastros - Arquivo Público Municipal

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Levantamento de mastros em 2009

Criança - Rei da Coroa Grande - cumprindo promessa

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FESTA DO ROSÁRIO / REINADO DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO – 2011 Documentação fotográfica do Arquivo Público Municipal

Local ( nova construção ) da manifestação cultural

Ritual do levantamento dos mastros

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Fotos tiradas em outubro de 2011 – H Studio -

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Ritual do levantamento dos mastros

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Fotos tiradas em outubro de 2011 – H Studio

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Ritual após o levantamento dos mastros

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Ritual após o levantamento dos mastros

Fotos tiradas em outubro de 2011 – H Studio

Reis Festeiros – Coroa Grande e Coroas Menores - Fotos H Studio - out/2011

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Terno Moçambique

Fotos H Studio - out/2011

Chegada para o almoço

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Almoço- Fotos H Studio - out/2011 Terno Catupé

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Cantorias e evoluções Fotos H Studio - out/2011

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Cantorias e evoluções Fotos H Studio - out/2011

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Madrinha do bordão Fotos H Studio - out/2011

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Príncipe Princesas

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Reis festeiros Guilherme e Rosária – Coroa Grande – saída do cortejo

Fotos H Studio - out/2011

Família real Fotos H Studio - out/2011

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Rainha e Rei Perpétuos

Denise Cassiana Pimenta e Denílson Cardoso Pimenta

Fotos H Studio - out/2011

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Bordão do mastro de Santa Ifigênia José Salvador e Ilza Maria Nicolau

Fotos H Studio - out/2011

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Bordão de São BeneditoAntônio do Lei e Luzia

Fotos H Studio - out/2011

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Bordão do mastro de N. S. do Rosário

Antônio Gonçalves e Jorgina Gonçalves

Fotos H Studio - out/2011

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Bordão de Nossa Senhora do Rosário

Fotos H Studio - out/2011

Procissão

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Santa Ifigênia e São Benedito – imagens procissionais

Imagem de Nossa Senhora do Rosário no andor

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Imagem de Nossa Senhora do Rosário no andor ladeada pelas imagens de Sta. Ifigênia e São Benedito

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O Cortejo real

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O Cortejo real Fotos H Studio - out/2011

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Benção das coroas

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Missa Conga – orações finais e palavra da Rainha Conga - Fotos H Studio - out/2011

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Coroação dos novos Reis Festeiros, Nélio e Enilda, pelo Rei e Rainha Perpétuos para a festa de 2012 Fotos H Studio - out/2011 Em orações para o Rei e Rainha da Coroa Grande coroados para 2012

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Descimento dos mastros

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Descimento dos mastros Fotos H Studio - out/2011

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Exposição de Barracas Fotos H Studio - out/2011

15. ANÁLISE DO BEM CULTURAL IMATERIAL – FESTA DO ROSÁRIO/ REINADO – SOB OS PONTOS DE VISTA: HISTÓRICO,

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ANTROPOLÓGICO, SOCIAL, RELIGIOSO E CULTURAL RELACIONADOS COM A HISTÓRIA DO MUNICÍPIO.

15.1. A FESTA DO ROSÁRIO / REINADO EM CRISTAIS – LEGADO CULTURAL DO QUILOMBO DO AMBRÓSIO

As Irmandades do Rosário, particularmente no sudoeste de Minas Gerais, a partir do século XVIII, foram instituições importantes para a integração social dos escravos e ex-escravos das freguesias, vilas e arraiais. E, paradoxalmente, os africanos e seus descendentes conseguiram, a partir das oportunidades abertas pelas irmandades leigas no sistema escravocrata, fazer de uma instituição vinculada à igreja católica um lugar de expressão de sua identidade africana e de experiência da liberdade.

O Quilombo do Ambrósio é uma lembrança na ordem do tempo, herança de uma historicidade que estaria ao mesmo tempo nos quilombos e nas manifestações culturais africanas. O lugar comum que tanto o quilombo como o Reinado se insere é o de uma memória coletiva que cria uma idéia de África, integrando experiências passadas a uma identidade africana, construída através de sentimentos de resistência, comunidade, adaptação, recriação, raiz, força, união, luta, preservação, liberdade, etc. No entanto, em cada região e à partir de cada manifestação cultural, essa identidade africana é construída com elementos culturais de referências ancestrais específicas. Os descendentes de africanos da região do sudoeste de Minas Gerais têm símbolos, nomes de portos de origem nas costas africanas: Angola, Congo, Moçambique como referência da memória coletiva dos festeiros do Reinado.

O Quilombo do Ambrósio faz parte desse conjunto, primeiramente, porque é hoje entendido a partir da ideia de resistência étnica de uma comunidade capaz de se organizar e se reproduzir, no espaço geográfico que seus ancestrais viveram em condições adversas. Em segundo lugar, a referência toponímica dos locais onde os quilombolas viveram: Morro e Córrego do Quilombo, Morro do Vigia, Serra da Gurita, Fazenda e Córrego do Segredo ( lenda do segredo do tesouro, os potes de ouro deixados pelo Rei Ambrósio, escondidos em valas na região conhecida como Segredo no município de Cristais). Em terceiro lugar, a língua banto da qual se originou vários vocábulos usados na região. O próprio nome Ambrósio também tem seu radical na língua banto, tal como o porto de Ambriz ao norte do litoral do antigo reino Congo.

Rei Ambrósio e sua esposa Rainha Cândida se tornaram mitos na região dando suporte à construção da memória do reinado africano em Minas Gerais. Fazer parte da Irmandade do Rosário é perpetuar o sentimento de pertença a um reinado africano que também estava representado no quilombo do Rei Ambrósio.

A construção da memória coletiva das nações africanas nas Festas do Rosário/ Reinado é feita da agregação de várias gerações e suas genealogias familiares que sobrepõem experiências, mitos e tradições africanas no espaço da realização da festa.

A preservação das culturas centro- africanas tratada como resistência negra é também identificada através do roteiro das festas anuais do Reinado. Este roteiro marca lugares de memória, pois quando um capitão de um determinado terno sai da cidade de Cristais em visita à festa de outra cidade, está homenageando sua

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própria linhagem, ao prestigiar a festa de seus parentes. É possível constatar entre as famílias dos ternos do Reinado uma rede de comunicação e solidariedade.

A Irmandade se dá através das nações dos ternos, tais como: Moçambique, Congo, Catupé, Vilão, dependendo das afinidades culturais e circunstâncias históricas.

15.2. ORIGEM DA FESTA DO ROSÁRIO / REINADO EM CRISTAIS

O Quilombo do Ambrósio, núcleo do Quilombo do Campo Grande, já existia em 1726. Até 1746, sob a denominação de PRIMEIRA POVOAÇÃO DO AMBRÓSIO localizava no território hoje compreendido o município de Cristais. A Primeira Povoação do Ambrósio foi a semente da imensa Confederação Quilombola do Campo Grande.

Rei Ambrósio, lider do quilombo, trouxe suas tradições, crenças, língua banto, usos e costumes. Não temos registro histórico da comemoração da Festa do Reinado ou Congado na Primeira Povoação do Ambrósio. Porém, como a festa era a tradição e o

culto de grande pujança dos africanos, entendemos que, no quilombo, os quilombolas também cultuavam seus santos, festejando Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia, como também coroavam seus reis, especialmente o Rei Ambrósio.

No poema abaixo, escrito em 1806 por Joaquim José de Lisboa, entende-se que os negros quilombolas elegem rei e rainha, rezam, dançam e cantam sua libertação, fazendo uma alegoria à festa do Reinado.

Os negros pretos lá,Quando dão com maus senhores,

Fogem, são salteadores,E nossos contrários são.

Entranham-se pelos matos,E como criam e plantam,Divertem-se, brincam e cantamDe nada tem precisão.

Elegem logo rainhaE rei a quem obedecem.Do cativeiro se esquecemToca a rir, toca a dançar.

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15.3. IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS DE CRISTAIS

15.3.1. Características

Uma das características da festa é o sincretismo religioso, onde temos a presença das religiões africanas, ou pelo menos de alguns ritos, mescladas com a religião católica. Esta foi a forma que o negro encontrou para sustentar sua fé e cultura, preservando assim, sua identidade, já que para conseguir aceitação por parte do branco que o dominava, teve que incorporar a religião dele a sua, formando no Reinado uma nova identidade cultural. Porém, muitos historiadores insistem que não há sincretismo e sim uma inculturação, isto é, a assimilação de tradições e conceitos de religiões tribais, dando-se novos nomes e significados a antigos ritos, objetos, gestos e lugares. A inculturação permite que os africanos sejam considerados católicos e ainda se apeguem à práticas, cerimônias e crenças de suas religiões.

As festas promovidas pela irmandade, além de ser uma manifestação cultural, pode ser entendida como um momento de alegria, de transgressão à ordem e a oportunidade para questionar a sociedade vigente. A festa representava para os negros instantes de esquecer ou contrariar os conformismos sociais. Esta característica de ruptura que a festa apresenta em relação a vida cotidiana mostra como a festa rompe com a ordem estabelecida pela sociedade e, como o negro, a todo instante, busca manter viva sua identidade e sua cultura.

15.3.2. Histórico

As Confrarias ou Irmandades do Rosário foram criadas pelos dominicanos na Idade Média. O papa dominicano Pio V foi o primeiro a recomendar oficialmente a recitação do Rosário, que se tornou a oração popular, por excelência.

A principal irmandade de pretos e pardos era a de Nossa Senhora do Rosário. Essa irmandade cresceu e subdividiu am Confrarias de pretos, pardos, crioulos e brancos, tais como a Confraria de Nossa Senhora das Mercês, São Benedito, Santa Efigênia, todas surgidas como dissidência das Confrarias do Rosário

Alguns historiadores e etnógrafos insistem em escrever que essas confrarias, antes de tudo, eram sobrevivências totêmicas: celebrações das cerimônias de coroamento de reis e rainhas, com cortejos pelas ruas e danças. Os negros que sempre viveram na África, em torno de seus totens, teriam aqui no Brasil, durante a escravidão, se congregados em torno de um santo da religião católica. Nossa Senhora do Rosário teria tido larga preferência dos pretos, pois já na África, anteriormente ao tráfico de escravos, existia a devoção levada pelos missionários portugueses inclusive com igrejas e irmandades de Nossa Senhora do Rosário desde os anos seiscentos em Angola e Moçambique.

Após a destruição do Quilombo do Ambrósio I, os escravos sobreviventes e fugitivos agregaram-se fazendo florescer povoados. A colonização foi feita através de doações religiosas. Assim, o povoado de Cristais foi se formando dentro do patrimônio

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religioso doado por pessoas devotas, ao redor das capelas de Nossa Senhora do Rosário (dos pretos) e de Nossa Senhora da Ajuda (dos brancos).

O processo Judicial de Demarcação da Sesmaria do Quilombo do Ambrósio registrou que, no religioso, a região da atual Cristais, no ano de 1766, estava subordinada à Freguesia de Nossa Senhora do Rosário do Tamanduá que, portanto, já se encontrava sob essa devoção.

No livro intitulado “Visitas Pastorais – 1820/1825 de Frei José da Santíssima Trindade faz-se menção à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Cristais, em 1819. Essa irmandade tem sobrevivido ao longo dos tempos, conservando suas tradições. Realizam a Festa do Reinado, que antigamente era só no mês de outubro, duas vezes ao ano, nos meses de maio e outubro. Devotam e cultuam Nossa Senhora do Rosário, tendo-a como padroeira e madrinha.

Em 2003, na gestão do prefeito Dr. Mauro Gamboge Reis, a Irmandade dos Congadeiros de Nossa Senhora do Rosário foi legalmente registrada e, por indicação do presidente da Câmara de Vereadores, Edilberto Reis Maia, a Irmandade foi reconhecida pela Lei no.985 de 23/04/2003, como entidade de Utilidade Pública.

Em 2011, na gestão da prefeita Maria Elizabet Santos de Souza, a Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foi legalmente registrada. A Festa do Reinado foi reconhecida como um bem cultural imaterial pelos seus valores: histórico, social e religioso, de acordo com a Lei Municipal Nº 1 617 de 07 de dezembro de 2011.

Nas festas do Reinado há grande participação de toda comunidade, representando a cultura afro-cristalense e atraindo turistas.

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15.4 .Manchetes sobre a manifestação cultural na microrregião

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Cristais comparece à

2ª Jornada Mineira do Patrimônio Cultural

Nos dias 16 e 18 de setembro, foi realizada na cidade de Campo Belo, a 2ª Jornada Mineira do Patrimônio Cultural, que contou com a participação das cidades de Campo Belo, Aguanil e Cristais.

Na oportunidade esteve presente o Palestrante Jeremias Brasileiro, que fez sua explanação sobre o Congado em sala de aula a vários alunos das cidades citadas, destacando-se a grande presença dos alunos da Rede Municipal de Cristais, das Escolas Municipais, Padre Celso Pinheiro e Antero Maia. Houve também uma palestra especial aos Congadeiros da Região. Presente ainda o Professor Carias Frascolli e o Historiador Tarcísio José Martins e a Diretora Municipal de Educação e Cultura Leila Aparecida

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Pinheiro Maia, o Presidente do Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural Marcos Antonio Marques e a Coordenadora de Educação Patrimonial Maria Salomé Reis Alves de Lima, Coordenadora do Projeto da 2ª Jornada Mineira Alexa Bastos Gambogi Meireles, Chefe Divisão de Cultura Julia de Sá Carvalho.

No dia 18/09 houve uma grande festa com apresentação de Ternos de Reinado e Danças típicas africanas.

Destacou-se muito nesta apresentação a Dança da Peneira, realizada pela

Rainha Conga Helena Caetano, de Cristais. Abaixo segue uma parte do texto que foi lido por sua filha, Rosemeire, durante a Dança da Peneira.

SE O SENHOR PENEIRAR...

Essa dança foi criada na alegria, na fé e no amor a Deus. Fazemos parte da cultura negra, do congado; e cultura é alegria, é dança, é cor, é a nossa história negra continuando com a força Divina. Nós precisamos saber de que lado vamos ficar.

“Joio e trigo, lado de lá, lado de cá, não podemos vacilar. Á nossas crianças e jovens devemos ensinar de que lado elas devem ficar”.

Na Dança da Peneira, as fitas simbolizam a inclusão dos negros na sociedade, ter atitude e coragem para crescer, porém, não abandonar seus costumes e Cultura.

A Peneira simboliza a sociedade que as vezes exclui, porém, muitas portas estão sendo abertas a nós negros, estas fitas coloridas sendo erguidas são mulheres e crianças negras querendo ocupar seus lugares, mostrar seus valores.

“A Força Divina virá, devemos estar firmes e firmes do lado de cá. Nossa Senhora do Rosário, vem nos ajudar”.

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15.5. Cartilha: Festa Cultural: O Reinado

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Aguanil, Campo Belo e Cristais

A força da tradiçãoA história de um povoPresentes em nossas cidades

Uma publicação para

2ª Jornada Mineira do Patrimônio Cultural

realizada pelas prefeituras dos municípios de

Aguanil, Campo Belo e Cristais.

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Editorial

Esta Cartilha compõe uma série de ações que integram um projeto conjunto de participação na 2a Jornada Mineira do Património Cultural, neste ano de 2010. 0 objetivo desta publicação é de oferecer aos alunos e à sociedade, em geral, uma série de conhecimentos, que possam fundamentar uma nova concepção do que seja a Festa do Reinado, típica manifestação cultural nestes municípios e em vários outros do Estado de Minas Gerais.

Esta festividade, acontecida, ano após ano, desde os idos do século XVIII do segundo milénio, é uma digna e valorosa lembrança daqueles africanos que no Brasil só serviram para o trabalho escravo. Mas não são poucos, senão uma maioria, que se esquece que estes indivíduos, rejeitados por uma sociedade ainda preconceituosa e excludente, os responsáveis pela existência de uma história, uma nação e uma cultura brasileira.

É isto que este trabalho pretende mostrar. Em muitas das suas nuances, uma forma de valorizar a cultura afro-brasileira como um dos pilares da civilização brasileira.

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DE QUEM VAMOS FALAR?

Você já deve ter ouvido falar em Congada? E festa do Reinado? Bem... Se você mora em Aguanil, Campo Belo ou Cristais, tanto já ouviu falar quanto deve ter presenciado uma festa como essa.

Somos capazes de afirmar que você relaciona esta festa com um evento promovido por afrodescendentes, que misturam religião com misticismo, barraquinhas e coisas afins! Pois bem...Você não está totalmente errado. A festa do Congado, ou do Reinado (como vamos chamá-la de agora em diante) é uma mistura de muitas tradições que a maioria de nós não compreende e, por isso, vê esta comemoração com um olhar meio preconceituoso.

Esta Cartilha é um documento que pretende mostrar a você o valor da festa do Reinado, que representa uma herança da cultura africana em nosso país. Vale lembrar que os africanos foram trazidos para o Brasil contra a vontade, para trabalhar como escravos nas fazendas de cana-de-açúcar, de café e nas minas de ouro. Um trabalho difícil e desgastante, sob a constante ameaça de castigos físicos, de pressão psicológica e humilhações, mas que garantiu a sobrevivência econômica do Brasil, enquanto colônia, e também depois de independente.

Os africanos trazem sua Cultura.

A história que pretendemos contar vai mostrar a você como o africano e seus descendentes conseguiram preservar a sua cultura e a sua história nas mais adversas condições. Acima do medo e do desrespeito, eles souberam conservar a cultura tãoimportante para a história do Brasil, de Minas Gerais, de Aguanil, Campo Belo e Cristais.

Aqui no Brasil, quando nosso país ainda era uma colônia, os portugueses se conscientizaram que não seria possível utilizar o índio como escravo, e por isso resolveram trazer pessoas que já eram usadas como escravas em outras colônias portuguesas. Então eles trouxeram para cá os africanos.É interessante, pois os habitantes daquela região já praticavam a escravidão. Na África - continente imenso considerado o berço da humanidade, viviam muitos povos diferentes entre si. Em cada região, grupos de africanos se tornaram adversários e realizavam muitas guerras. Quando um destes era derrotado, se tornava escravo do vencedor. Uma escravidão diferente daquela que conhecemos. Os europeus, especialmente os portugueses, se

utilizaram deste costume para comprar os negros escravizados por seus próprios conterrâneos, e levá-los para as colônias, entre elas a colónia portuguesa na América, que um dia iria se transformar no Brasil.04

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Observe no mapa que escravos vieram de Moçambique da região de Angola, Guiné, Congo e Sudão.

No Reino do Congo uma das tradições mais importantes eram os festejos em homenagem aos reis. Nestas ocasiões, os súditos saíam pela aldeia cantando e homenageando a corte. A festa era ainda maior quando se comemorava a coroação de um novo soberano.Este mesmo costume é relembrado quando assistimos a festa do Reinado, uma vez que grande parte dos africanos que vieram para a região sudeste do Brasil é descendente da região do Congo.Sendo assim, em vários municípios do Brasil comemoram-se o Reinado: uma festa que remonta ao início do século X VÏII da colônia brasileira.

A IRMANDADE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS

Antes de descobrirem as terras brasileiras, os portugueses já haviam conquistado colônias na África. Lá os missionários catequizaram os povos nativos, principalmente os bantus, que foram enviados para o Brasil, especialmente nas regiões compreendidas pelos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Estes missionários ensinaram aos africanos o culto e devoção a Nossa Senhora do Rosário, praticado em Portugal desde o século XIII.

Nossa Senhora do Rosário tornou-se padroeira de muitos povos africanos, havendo registros de igrejas e capelas em seu nome em Angola, Moçambique e no Congo. Nestes países os devotos se reuniam em grupos que receberam o nome de confrarias ou irmandades. Especialmente no Congo Junto a devoção à Nossa Senhora

do Rosário, se realizava a coroação dos reis.

Esta devoção a Nossa Senhora do Rosário também existiu no Brasil, desde o século XVI. E aqui no Brasil colônia, a principal função das irmandades era de conservar e preservar a cultura, o culto a Nossa Senhora do Rosário, e a tradição da coroação.

Assim, relembrando a cultura congalesa na festa do Rosário, osrepresentantes dos reis eram eleitos por voto direto dos integrantes da irmandade. Erarn líderes respeitados e queridos na comunidade. Esta irmandade

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chamada de Irmandade de Nossa Senhora do Rosário em todas regiões do Brasil possuem regras iguais, desde o século XVIII

Quando a Igreja percebeu que os negros se identificavam com esta comemoração, criou regras para as cerimônias e para as irmandades, como uma forma de controlá-las. A Igreja subdividiu as irmandades segundo a cor da pele dos integrantes. Eram irmandades de brancos, pardos, pretos e crioulos, tendo como patronos principais: Nossa Senhora das Mercês, Santa Ifígênia, São Benedito. Todas originadas da Irmandade Nossa Senhora do Rosário que foi complementada com "dos homens pretos", ficando assim designada: Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Estas irmandades, em todo Brasil, se tornaram muito poderosas: econômica e socialmente.

As irmandades do Rosário dos Homens Pretos das Minas Gerais, a partir do século XVIII, tiveram um importante papel social. Seus objetivos eram o de estimular a solidariedade na vida comunitária, fortalecer o sentimento religioso, culto aos mortos, conseguir a liberdade de escravos através da compra da carta de alforria, substituir entidades (deuses) africanas por santos católicos, realizar suas festas coletivas, sem a fiscalização do senhor branco.

Na Festa do Reinado, as cerimônias serviam para manter as tradições culturais africanas, assim como um meio de mostrar a habilidade e capacidade dos descendentes africanos para as artes plásticas, a dança e também a música.

Até o século XIX quase todas as vilas brasileiras tinham sua Igreja do Rosário e a Irmandade do Rosário. No começo do século XX muitos destas igrejas ou capelas, bem como as praças e ruas que :ambém se chamavam "do Rosário", foram demolidas e outras festas introduzidas, como a Festa dos Reis Magos, Festa do Divino, Folia de Reis, etc. As Irmandades do Rosário sofreram mudanças, porém resistiram. Hoje muitas pessoas dão continuidade à festa, como um verdadeiro tesouro da cultura e tradição dos povos de Aguanil, Campo Belo e Cristais.

Como é a festa do Reinado?

Na região de Aguanil, Campo Belo e Cristais, como no restante do Brasil, a festa do Reinado é comandada pela Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e acontece nos meses de agosto a outubro.

A Irmandade determina quando a festa se realizará. Vinte e dois dias antes do início é realizada a elevação dos mastros. Estes, são peças de madeira, em cujas pontas estão fixadas bandeiras com as imagens dos patronos. Decorrido o prazo, a festa é realizada. São três ou quatro dias de festas.

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Em cada dia, um santo é homenageado. Durante a festividade também são homenageadas várias pessoas. Há uma hierarquia entre elas e entre os participantes, especialmente os congadeiros que, para quem observa com atenção, são muito diferentes entre si tanto nas vestimentas quanto nos instrumentos e danças.

A festa homenageia a corte do Congo e tenta reproduzir os cortejos festivos realizados naquela região da África. Para isso as irmandades indicam pessoas que serão homenageadas como se fossem monarcas. Para acompanhá-los pelas ruas, existem os Ternos.Como são muitos os homenageados, também são muitos os Nobres: o Rei e Rainha da Coroa Grande, o Rei e a Rainha Perpétuos e o Rei e a Rainha Conga. Existem as coroas menores distribuídas para os príncipes e juizes. Depois da abolição, ainda há a homenagem a Princesa Isabel, relembrada em algumas cidades.

CURIOSIDADES Durante o almoço oferecido aos Ternos o General deve permanecer na cabeceira da mesa durante toda a refeição, e será o ultimo a se a alimentar.

Os Patronos homenageados na Festa do Reinado de nossas cidades:

Nossa Senhora do Rosário

Nossa Senhora relembra Maria, mãe de Jesus. Ela recebe vários títulos, e "do • Rosário" é um deles. Em 1208, São Domingos de Gusmão teve uma visão de Maria, quê lhe deu um rosário. A oração do rosário talvez seja a mais popular da Igreja.

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Santa IfigêniaIfigênia era filha dos reis da Nóbia, antiga Antioquia, na África. Ifígênia foi salva duas vezes das chamas, após clamar pela proteção de Jesus. Tornou-secolaboradora do apóstolo Mateus, na evangelização.

São BeneditoConhecido como o santo das causas impossíveis, foi comandante de tropas romanas. No século III, após se converter ao cristianismo, foi sacrificado e martirizado, tendo sua cabeça cortada com uma espada.

Hierarquia de forma mais simplificada

Quem ? - O que representam e como são escolhidos

Rei e Rainha da Coroa Grande - São os festeiros, que oferecem as refeições. Representam a casa imperial brasileira, responsável pela abolição da escravidão.Em algumas situações são eleitos, mas normalmente são pessoas que se apresentam para oferecer as refeições da festa

Rei e Rainha Perpétuos – Representam os monarcas do Congo

Rei e Rainha Conga - Homenageiam e representam * os antepassados reis africanos

Coroas Menores - Distribuídas, sem quantidade definida, a pagadores de promessas, que recebem simbolicamente o titulo de príncipes, princesas e juizes.

As festas tem o presidente da Festa e seus auxiliares, membros da Irmandade que devem garantir a organização de todo o evento. Vejamos como se estrutura a Irmandade:

Diretoria da Igreja:Presidente (preside e coordena), General (acompanha o Rei Congo; usa farda), Secretário, Tesoureiro, Secretário das Coroas, Zelador.

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• Diretoria externa (da rua):Rei Perpétuo, Reis Congo (auxiliares dos Reis perpétuos), Reis da Bandeira (guardam as bandeiras), Presidente, General, Meirinho (encarregado de diligências), capitão do povo (administra todos os ternos).

•Componentes reais permanentesRei e rainha perpétuos são vitalícios, sendo que a coroa é passada tradicionalmente de pai para filho.

CURIOSIDADE S

No século XVIII, o escravo africano denominado Rei Ambrósio, fugindo do Imposto de Capitação, que vigorou na Capitania de Minas Gerais, estabeleceu-se, com muitos outros negros, na região onde hoje se encontram os municípios de Aguanil, Campo Belo e Cristais, formando o Quilombo do Ambrósio. Neste quilombo os negros reviviam suas festas culturais e conservavam suas tradições, celebrando a festa do Reinado.

Durante a festa, os principais figurantes são os Ternos (grupos vestidos a caráter, que tocam e cantam). Eles estão encarregados de acompanhar os cortejos reais. Existem quatro tipos de ternos. Cada um deles tem um capitão e uma função. Vejamos: Terno de Moçambique: Estão encarregados de abrir as festividades inclusive para iniciar o banquete. Dançam corn instrumentos de chocalho nos pés, simbolizando os grilhões que prendiam os escravos .

Terno do Congo: Guardam as coroas. Usam espadas, que simbolizam os guerreiros antepassados, especialmente nas guerras ern que os reis africanos foram escravizados. Como instrumentos usam a zabumba, o reco-reco, o violão e a sanfona, com um ritmo marcante.

Ternos Catupé e Vilão: sua função é comemorar as festividades legadas da cultura africana. Relembram a confraternização, a irmandade a saudade e a alegria de um povo. Seus ritmos são marcantes e alegres.

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Suas indumentárias são mais coloridas e esvoaçantes.

No primeiro dia da festa as coroas (dentre elas as que foram eleitas ou nomeadas no ano anterior), são distribuídas. No segundo dia, domingo, o dia começa com alvorada de fogos. Na sequência os ternos fazem evoluções pelas ruas, indo em direção à residência dos Reis Festeiros (Rei e Rainha da Coroa Grande), onde é servido o café com quitandas. Ao meio

dia o almoço é servido, e à tarde realiza-se o desfile pelas ruas da cidade, com os ternos conduzindo toda a corte à Igreja do Rosário, onde se realiza a missa. No terceiro dia, segunda-feira, os ternos se reúnem dançando e cantando, para ao meio dia estarem novamente na casa dos Reis Festeiros onde é servido o banquete. À tarde realiza-se novo cortejo, agora sem as coroas menores, novamente em direção a Igreja. Faz-se uma pausa para descanso, para em seguida haver a cerimônia de descoroação dos reis e rainhas. O Rei e Rainha Perpétuos coroam os novos Reis para o ano seguinte, para somente então serem descidos os mastros com as bandeiras, oficializando o encerramento da festa. Os tambores ainda podem soar até a meia noite.

CURIOSIDADES

Os ternos, apesar de estarem voltados para um só objetivo, que é a comemoração do Reinado, são adversários. Buscam incessantemente ser superiores uns aos outros, em suas evoluções, música e beleza. Por isso não podem, por exemplo, e segundo algumas tradições, fazer as refeições juntos. Na casa dos Reis Festeiros, após cada terno almoçar, é preciso que se coloque novamente a mesa, para o outro terno. Isto mostra um dos aspectos mais interessantes da história da África, que tem relação com a diversidade dos povos africanos, de .suas tribos, costumes e hábitos.

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REVITALIZAÇAO CULTURAL DO REINADO

A origem do Reinado na região de Cristais, Campo Belo e Aguanil é anterior a abolição da escravatura, ocorrida em 1888. Pela conservação das danças, dos cantos, dos ritmos, da simbologia, da devoção e da fé que perpetuam as tradições, o reinado tornou-se patrimônio cultural imaterial desses municípios.

Com o decorrer do tempo houve inovações, não deixando, contudo interferir na estrutura cultural dos festejos. Trocam-se as indumentárias, mas as cores permanecem; modificam-se os instrumentos, mas os ritmos não se alteram, inovam-se as coreografias, mas conservam-se os rituais. Recriam-se a estrutura física dos bastões, mas o simbolismo continua.

Observamos ainda o surgimento dos cantos de improviso, mas os cantos específicos que fundamentam a existência dos ternos asseguram a continuidade ao serem transmitidos de geração em geração, dos mais velhos para os mais novos. Neste contexto, observamos também a fluência de jovens e crianças participando, compondo os ternos e motivando o intercâmbio de culturas regionais.

Assim o Reinado é visto como tradição cultural devido a permanência de sua existência que revitaliza suas tradições. Os mais velhos, defendendo a tradição ancorada em suas vivências do passado, demonstram preocupação em transmitir e conservar a tradição cultural. O mundo de hoje está em contato com o passado, e por isso a Festa do Reinado se encontra tão viva e cada vez mais interessante e importante. Revitalização Cultural não é simplesmente substituir um aspecto do presente por algo que se pressupõe ser mais moderno.

Conhecer, respeitar e preservar o que temos de mais representativo de nossa historia afro-brasileira é sem dúvida, poder participar e contribuir de forma efetiva para a construção do mundo que queremos e que temos direito, garantindo nosso espaço, enquanto cidadãos conscientes de suas origens. Um povo desenvolvido busca e divulga sua cultura como forma de identidade, nacionalidade e cidadania.

CURIOSIDADES

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Um dos aspectos mais importantes da festa do Reinado diz respeito à magia que a envolve. Uma magia que para muita gente é negativa, o que faz com que tenhamos medo em participar da festa. Este é mais um olhar de preconceito. E vamos tentar explicar o porquê. Na África se praticava (e alguns povos ainda praticam), uma religião que chamamos primitiva. Nesta religião, os muitos deuses se manifestavam na natureza, nos animais. Esta prática nos é estranha, pois é contrária à crença cristã, que tem um só Deus. Ainda na África, eram os curandeiros que também se tornavam chefes da religião. Por isso eles passaram a exercer um papel muito importante, pois conheciam as plantas medicinais e alguns fenômenos da natureza. Todos achavam que eles tinham contato com o além, e temiam estes homens e mulheres.

Quando os africanos vieram para o Brasil, também trouxeram suas crenças, que tiveram que misturar com ideias do cristianismo, pois somente assim não seriam impedidos de praticar seus costumes.

Aqui eles acabaram usando este conhecimento para causar medo nas pessoas. E isto foi uma estratégia também utilizada pelos líderes da festa. Só como exemplo, diz-se que quem passar à frente de um terno, estaria enfeitiçado. Esta foi apenas uma maneira de fazer com que as pessoas respeitassem os ternos, não interferindo no seu trajeto. Varnos nos lembrar que o terno conduz os reis, e por isso não podem ser interrompidos.Como se não bastasse, vamos também lembrar que no Brasil colonial o conhecimento das plantas muitas vezes pode ter sido usado contra os brancos, pois uma planta com propriedades medicinais, também pode causar doenças ou até a morte. E muitos escravos vingavam a violência e o desrespeito da escravidão, utilizando este conhecimento. Assim ficava armado o cenário para que as pessoas acreditassem que os africanos, escravos e seus descendentes praticavam a magia negra. Se ainda nos lembrarmos que nestas religiões, também se acreditava na comunicação com o mundo dos mortos, vamos entender porque estas práticas são relacionadas a rituais satânicos. E não é nada disso. É apenas uma prática religiosa diferente das que nós conhecemos.

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ATIVIDADES:

Depois de ler a nossa cartilha, convidamos você a fazer algumas atividades mãos à obra? (Atenção: as questões 5, 6 e 7 requerem uma pesquisa em sua comunidade.1) Localize, através de um círculo, a região onde fica o Congo, na África.2) Faça um desenho, bem bonito, mostrando o que para você significa a Festa do Reinado. Se preferir, desenhe um integrante de um terno.3) Reproduza a hierarquia dos homenageados na festa.4) Qual a irmandade que comanda a festa em sua cidade?5) Quais são as pessoas envolvidas com a festa?6) Quais os ternos que existem na sua cidade? Quem são os responsáveis por eles?7) Você entende a Festa do Reinado como um patrimônio Cultural de sua cidade? Justifique a sua resposta.8) Explique a relação que existe entre a Festa do Reinado, a religião cristã e o misticismo.9) Você faz parte da história da sua cidade, do seu estado e do seu país. Portanto você faz parte de uma sociedade formada por muitas culturas. Tendo em vista esta afirmação, você acredita que a Festa do Reinado é uma manifestação cultural apenas dos descendentes africanos? Justifique a sua resposta.10) Temos agora algumas sugestões de atividades mais divertidas, escolha uma delas ou faça todas: Chame sua turma e façam um teatro sobre a Festa do Reinado. Você pode também fazer uma produção literária que trate do tema. Pode ser um texto ou uma poesia. Que tal escrever a letra de uma música para ser cantada por um terno?

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Sebastião Elói de Sousa Campos: Prefeito Municipal de Aguanil/MG Romeu Tarcísio Cambraia: Prefeito Municipal de Campo Belo/MG Maria Elizabeth Santos de Sousa - Prefeita Municipal de Cristais/MG

Equipe T écnica

Wilmar Antônio da Silva- Secretário Municipal da Educação- Aguanil Maria Floripes de Paula- Secretária Municipal de Educação, Cultura, Esporte e

Lazer - Campo Belo Leila Aparecida Pinheiro Maia - Diretora Municipal de Educação e Cultura -

Cristais Evandro Izaias Almeida -Arte gráfica - Aguanil Alexa Bastos Gambogi Meireles - Presidente da Fundação Museu e Arquivo

Público de Campo Belo e Coordenadora do Projeto. Maria Salomé Reis Alves de Lima - Texto e Confecção do Projeto – Setor de

Cultura - Cristais Júlia de Sá Carvalho - Presidente do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural

de Campo Belo e Chefe de Divisão de Cultura. Flávia Reis de Souza - Secretária da Fundação Museu e Arquivo Público de

Campo Belo/MG; Apoio na arte Gráfica e execução do Projeto.

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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Participação do terno Moçambique da Irmandade N. S. do Rosário dos Homens Pretos

H Foto Studio – Hermelindo Pinheiro - Novembro de 2011 Cristais – MG

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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

Participação do terno Catupé da Irmandade N. S. do Rosário dos Homens Pretos

H Foto Studio – Hermelindo Pinheiro - Novembro de 2011 Cristais – MG

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15.6. AS FESTIVIDADES, NOS DIAS ATUAIS, MANTÊM O RIGOR DAS TRADIÇÕES DOS ANTEPASSADOS

Em Cristais esta manifestação é comumente chamada de Festa do Rosário /Reinado e sempre comemorada com muita participação da comunidade. Durante três dias rendem homenagens aos santos e preservam uma das mais importantes manifestações folclóricas e de religiosidade popular.

O branco e o azul das vestimentas contrasta com a cor negra e parda brilhante dos rostos suados e expressivos. Fitas coloridas esvoaçam, em torno dos ombros como se fossem dezenas de arco - íris em miniaturas dançando na tarde. Serena, discreta, a Rainha pisa o solo da praça com a majestade que lhe confere a condição de festeira.

O cortejo de devotos que se vestem de reis, rainhas, príncipes e princesas, acompanhados por guarda - coroas, desfilam na cadência dos tambores. A melodia nostálgica entoada pelos cantores, soa como um lamento mesclado de saudade, esperança e liberdade...

Comemora - se o Reinado, com todo esse aparato, no mês de maio, especificamente no dia 13, data consagrada à libertação da escravatura; e, nos meses que variam de agosto a outubro, de acordo com os reis festeiros. A festa tem início no Sábado, continua no Domingo e encerra na segunda feira, com o seguinte procedimento: os mastros e as bandeiras são elevados 22 dias antes dos festejos. É festejado um dia para cada santo, perfazendo assim, três dias de festividades, comemoradas da seguinte forma: Sábado há a distribuição das coroas. As primeiras a serem distribuídas são as Coroas Grandes do Rei e da Rainha. Depois são distribuídas as Coroas Menores para os pagadores de promessas: príncipes, princesas, juizes e juízas.

Domingo inicia - se com uma grande alvorada com a participação de todos os ternos. Nesta alvorada, os membros dos ternos formam uma única fila, fazendo evoluções pelas ruas da cidade. Após a alvorada, os ternos dirigem à casa dos Reis, onde é servido o café com a tradicional broa de amendoim, biscoito, pão de queijo, acompanhados de café e leite. Ao meio dia é servido o banquete, almoço festivo. À tarde, realiza - se desfile pelas ruas da cidade. Os ternos vão à frente do Séquito Real até à igreja do Rosário, levando às pessoas pagadoras de promessas. Todos usam indumentárias características e luxuosas.

Segunda feira os ternos reúnem, dançando e cantando, para ao meio dia estarem novamente na casa do Rei onde é servido o banquete. À tarde, realiza - se outro cortejo, porém sem as Coroas Menores pois, as mesmas já cumpriram suas promessas no Domingo. Ao chegarem no interior da igreja, faz - se uma pausa. Ojuizado descansa e os ternos param de tocar. Em seguida, há a cerimonia de Descoroação dos Reis pelo Presidente e seu Auxiliar. O Rei e a Rainha Perpétuos coroam o novo Rei para a festa do ano seguinte. O Rei e a Rainha Conga coroam o novo Rei e a Nova Rainha. Eles são apresentados ao público e aos ternos. São saudados com palmas e repiques. Em seguida, faz - se o descendimento das bandeiras.

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TernosMoçambique. Congo, Catupé e Vilão

. Composição da irmandadeDiretoria da Igreja: presidente, secretário, tesoureiro, secretário exclusivo das coroas, zeladora.Diretoria externa da rua: Rei perpétuo e Rei congo, presidente, general, meirinho, capitão do povo.Componentes reais permanentes: Rei e Rainha perpétuo são vitalícios, Joaquim Silvério Pimenta e Onofra Cassiana Pimenta herdando a hierarquia de sua mãe: Tia Bárbara. Atualmente, quem responde por ela é sua filha Denise Cassiana Pimenta e o filho Denilson Pimenta. As famílias Cassiano e Pimenta são afrodescendentes dos remanescentes do Quilombo do Ambrósio. Já estão com a coroa há mais de 70 anos Estes reis são do Mastro. Eles iniciam a festa. A coroa é passada de pai para filho, de geração em geração.Rei e Rainha Conga: São os auxiliares dos Reis perpétuos. Eles dão as ordens para o juizado quando todo o juizado estiar com os paramentos reais.São herdeiros do Chico Rei: Príncipe e Princesa do Rei Congo, são substitutos e herdeiros do Rei Congo. Reis da Bandeira -são os que guardam as bandeiras dos santos em suas casas, de um ano para outro, até o dia de levar o Mastro.

Temos ainda a figura da Princesa Isabel simbolizando a Redentora e Abolicionista da Escravidão.

Quem comanda a festa é o presidente que acata as ordens dos Reis da Coroa Grande. General - sua função é acompanhar o Rei Congo. Sua indumentária é uma farda. No banquete, fica na cabeceira da mesa até o último terno almoçar. Meirinho - Encarregado de certas diligências com os ternos. Capitão do povo - é quem administra todos os ternos.

As coroas não podem ficar expostas depois do por do sol. Elas devem ser protegidas por sombrinhas. Hoje as figuras principais desta festa são o Rei e a Rainha da Coroa Grande, pois sem eles não há festa.

O Reinado é movido por uma energia mística, impregnada de supertições, que marcam profundamente o imaginário popular com suas crenças e mitos, conservadas tradicionalmente por seus membros de uma maneira preciosa e confidencial.

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16. INVENTÁRIO DO BEM CULTURAL IMATERIAL

1. Município:Cristais / MG

2. Distrito:Sede

3. Lugar onde ocorre a atividade:Bairro: São Vicente de Paulo

4. Responsável / relação com o bem:

Irmandade dos Congadeiros Nossa Senhora do Rosário Presidente: Donizete Antônio PereiraIrmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens PretosPresidente: Marcos Antônio de Paulo

5. Designação:Festa do Rosário / Reinado ( Manifestação Cultural)

6. Periodicidade:A festa acontece nos meses de maio e de agosto a outubro

7. Autoria:Congadeiros do município de Cristais, componentes das: Irmandade dos Congadeiros Nossa Senhora do Rosário e Irmandade Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos

8. Origem:Quilombo do Ambrósio - cultura africana. Os escravos a trouxeram para o Brasil como manifestação cultural e, aqui, conservaram suas tradições como símbolo de resistência ao sistema escravista.

9. Procedência:Irmandade de Nossa Senhora do Rosário

10. Bens integrados:Ternos ou guardas, instrumentos musicais, indumentárias, espadas, bastões, coroas, rosários, bandeiras, etc.

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11. Documentação fotográfica:

Registros do local onde ocorria a Festa do Reinado antiga e onde ocorre hoje em Cristais. Fonte documental: Arquivo Público Municipal de Cristais

12. Descrição Folclore, segundo Aurélio, significa o conjunto das tradições, conhecimentos ou crenças populares expressas em provérbios, cantos ou canções.

Folclore é tudo que simboliza os hábitos de um povo que foram conservados através do tempo, como conhecimento passado de geração em geração, por meio de lendas, canções, danças, mitos, hábitos, incluindo festas, culinária, utensílios, brincadeiras, enfeites, etc.

No Brasil, o folclore recebe influências determinantes dos povos que aqui já habitavam como os índios, e os que vieram depois, os brancos e os negros.

O mês de agosto é dedicado à Cultura. 17 de agosto é dia do Patrimônio Cultural. Desde 1965, temos um dia oficial para comemorarmos as nossas tradições folclóricas: o dia 22 de agosto.

O folclore cristalense segue as manifestações tradicionais do povo mineiro.O estudo folclórico é parte integrante da cultura de um povo. Desentranha seus

recursos artísticos e afirma sua identidade.Para conhecermos a história de um povo, de um país ou de uma região é

importante que conheçamos sua cultura, suas tradições, ou seja, o seu folclore. Sob o olhar do folclorista, Reinado é folclore; sob o olhar do antropólogo,

Reinado é cultura. Atualmente, a tendência de ambos é considerá-lo patrimônio. O folclore é também uma forma de manifestação cultural de um povo. É, nesse

sentido que abordamos a festa do Rosário / Reinado em Cristais, uma manifestação cultural e religiosa dos afrodescendentes.

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Reinado, Reisado, Congada, Congado são nomes genéricos dados ao conjunto de elementos que circundam a Festa do Reinado, na qual se encena a coroação de Reis do Congo, em louvor a um santo negro: Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, São Benedito e Santa Ifigênia. Em geral, trata-se de uma festa e/ou dança dramática, organizada por irmandades de santo, em que participam: brincantes ou dançadores, tocadores, capitães, reis, rainhas, príncipes, princesas, juízes e mestres que desfilam em um cortejo processional, organizado em ternos. É também festa de devoção, fé, um ritual sagrado, embora o profano esteja presente.

O Reinado em Cristais remonta ao século XVIII, época da ascensão do Quilombo do Ambrósio na região. Nesta época, os negros liderados pelo Rei Ambrósio, reviviam e conservavam suas tradições culturais. Dançavam a Capoeira, a dança do Pau de Fitas e celebravam a festa do Reinado. É desta época a imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, que se encontra sob a guarda da Irmandade com o mesmo nome, e é tombada como um Bem móvel cultural do município. Um requerimento datado de 17 de setembro de 1819, dirigido a D. João VI, solicitando colocar a imagem de Nossa Senhora do Rosário na capela de Nossa Senhora da Ajuda, comprova a existência da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, já nesta época, no município. Portanto, em Cristais, a festa do Reinado tem sua própria identidade cultural desde o século XVIII.

O grupo, antes formado só por pessoas negras, hoje é uma miscigenação de cores. Os componentes da direção da Irmandade e das diretorias do Reinado são, geralmente, pessoas que receberam a tradição como herança de seus antepassados ou possuem algum referencial da cultura afrobrasileira.Composição da Irmandade:

1)-Diretoria da Igreja2)- Diretoria da rua ( externa)

Componentes reais permanentes: Rainha Perpétua- Denice Cassiana PimentaRei Perpétuo – Denílson Cardoso PimentaRainha Conga – Helena CaetanoRei Congo – Valdelino RosaPríncipe Congo – LucianoPrincesa Conga – Cândida Maria da Silva

Bordão da BandeiraN.S. do Rosário – Antônio Gonçalves e Jorgina GonçalvesSão Benedito – Antônio do Lei e LuziaSta. Ifigênia – José Salvador Nicolau e Ilza Maria Nicolau

Ternos: Catupé – Marcos Antônio de Paulo

Catupé – Eustáquio RibeiroMoçambique – Sidney Antônio da Costa “ - Pedro Pimenta “ - Vicente “ - Marcos Linhares

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Congo - Helena Caetano “ - LuziaVilão - Donizete Antônio Pereira

No total, a Festa do Rosário / Reinado envolve, em média, 150 artistas (entre músicos, cantores e dançadores) e uma parte considerável da população do município. Desta forma, a festa  conseguiu, ao longo dos anos, manter não só o valor artístico, como também se tornou responsável por preservar crenças, valores e conhecimentos tradicionais.            Na festa, persiste certa disputa entre os ternos de Moçambique e do Congo, e ainda entre os ternos agrupados posteriormente Vilão e Catopé. Com a libertação dos escravos, a princesa Isabel também passou a ser homenageada, ao lado dos reis africanos. É provável que a introdução do Rei e Rainha da Coroa Grande, presentes no Reinado de Cristais, seja também uma homenagem ao casal imperial, o que acentua o caráter híbrido da festa, que surge do encontro de manifestações tipicamente africanas numa festa de devoção a santos católicos.

As irmandades: Irmandade dos Congadeiros Nossa Senhora do Rosário e a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, são as mantenedoras das festas, realizadas em maio e nos meses que variam de agosto a outubro. Os santos homenageados são Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Ifigênia. Os principais festeiros são o Rei e a Rainha da Coroa Grande, que são reis eleitos. Fazem parte da festa ainda o Rei e Rainha Perpétuos e Rei e Rainha Conga. Os ternos vão buscar e levam a corte até a Capela do Reinado, à rua Antônio Campos, onde ocorrem as diferentes funções. Cada terno tem aproximadamente 35 integrantes entre dançadores, cantadores, músicos, bandeireiros e capitães.

Nas várias funções e no decorrer de todo o percurso do Reinado do Rosário vão sendo apresentada uma grande variedade de ritmos, melodias e letras – a maior parte desconhecidos do grande público. Alguns ainda aparecem na forma em que nasceram nas senzalas do Brasil colonial.             Durante a festa do Rosário / Reinado são usados, basicamente, instrumentos de percussão – caixas, pandeiros, reco-recos, pantangomes e gungas. A sanfona também é bastante utilizada. Instrumentos de corda – violão, viola, cavaquinho – são mais raros e, em Cristais, só comparecem nos ternos de Vilão, provavelmente como assimilações das Folias de Reis presentes no município. Os ternos evoluem visitando os festeiros, buscando ou acompanhando a corte do padroeiro que lhes toca. O capitão canta os versos e os demais componentes respondem em coro, dançando em passos ritmados e graciosos. Apesar da obrigatoriedade de algumas funções, não há um enredo estabelecido. Os capitães, verdadeiros repentistas, vão tirando os versos: para chegar ou sair, cumprimentar ou despedir, agradecer ou puxar festeiro que "amarra" o cortejo. A festa em si dura três dias, porém a preparação começando pela visita dos ternos aos festeiros, passando pelo levantamento de mastros, novenas e rezas do terço prolongam os festejos por vários dias seguidos de desfile, coroação, descida das bandeiras, procissão, missa Conga, etc.

A festa do Rosário/Reinado conta com muitos atores sociais. São reis, rainhas, princesas e mordomos interpretados pela comunidade local. São conhecidos como os

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festeiros que patrocinam a festa. Os ternos se dividem e visitam as casas dos festeiros que ajudam na realização da festa pagando as promessas feitas e atendidas pelos santos.

10. HISTÓRICOAs origens das Igrejas do Rosário partiram, ao longo do processo histórico

brasileiro, de iniciativas da população negra, escrava ou livre, estabelecida nos antigos arraiais. Porém não foram encontradas quaisquer informações relativas sobre a data de construção e autoria da obra do primitivo templo de Cristais.

Entretanto, nas Visitas Pastorais empreendidas pelo Bispo de Mariana, entre os anos de 1821 e 1825, o arraial é citado e, as informações, apesar de sucintas, sobre esse templo, apontam para uma construção simples e rudimentar, não esclarecendo se a empreitada poderia ser atribuída a população negra, uma vez que esses templo fora cedido à Irmandade do Rosário.

“... tem neste arraial a primeira capela ou ermida no alto de um monte com telha vã e sem pavimento, a qual foi cedida para o Rosário e não tem ornato algum, nem ornamentos” (SANTÍSSIMA TRINDADE, 1998 P. 267)

Sabe-se que o primitivo templo foi edificado na região próxima onde, atualmente, está instalado o Paço Municipal, sendo demolido posteriormente pelo vigário Pe. Celso Pinheiro para a edificação de uma nova construção, quase no mesmo local. O padre iniciou em 1943, com o apoio da comunidade, a nova construção, não utilizada para as manifestações religiosas da Irmandade do Rosário.

Em 1948 , o sr. José Ferreira Filho, homem de posses e político influente no município e região, doou o terreno para a construção de um novo templo para a irmandade do Rosário, que ficou conhecido como Capela do Reinado. Nessa nova edificação foram acolhidas as manifestações tradicionais da Irmandade, como a Festa do Reinado.

Em Cristais o Reinado é sempre comemorado com muita participação da comunidade. Durante três dias rendem homenagens aos santos e preservam uma das mais importantes manifestações folclóricas e de religiosidade popular.

O branco e o azul das vestimentas contrastam com a cor negra e parda brilhante dos rostos suados e expressivos. Fitas coloridas esvoaçam, em torno dos ombros como se fossem dezenas de arco - íris em miniaturas dançando na tarde. Serena, discreta, a Rainha pisa o solo da praça com a majestade que lhe confere a condição de festeira.

Os cortejos de devotos que se vestem de reis, rainhas, príncipes e princesas, acompanhados por guarda - coroas desfilam na cadência dos tambores. A melodia nostálgica entoada pelos cantores soa como um lamento mesclado de saudade, esperança e liberdade...

Comemora-se o Reinado, com todo esse aparato, no mês de maio, especificamente no dia 13, data consagrada à libertação da escravatura; e, nos meses que variam de agosto a outubro, de acordo com os reis festeiros. A festa tem início no

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sábado, continua no domingo e encerra na segunda - feira, com o seguinte procedimento: os mastros e bandeiras são elevados 22 dias antes dos festejos. É festejado um dia para cada santo, perfazendo assim, três dias de festividades, comemoradas da seguinte forma: Sábado há a distribuição das coroas. As primeiras a serem distribuídas são as coroas grandes do Rei e da Rainha. Depois são distribuídas as coroas menores para os pagadores de promessas: príncipes e princesas.

Na semana que antecede á festa, reza-se o terço e celebra-se tríduos.Domingo inicia-se com uma grande alvorada com a participação de todos os

ternos. Nesta alvorada, os membros dos ternos formam uma única fila, fazendo evoluções pelas ruas da cidade. Após a alvorada, os ternos dirigem à casa dos Reis, onde é servido o café com a tradicional broa de amendoim, biscoito, pão de queijo, acompanhados de café e leite. Ao meio-dia é servido o banquete, almoço festivo. À tarde, realiza-se desfile pelas ruas da cidade. Os ternos vão à frente do Séqüito Real ate à igreja do Rosário, levando às pessoas pagadoras de promessas. Todos usam indumentárias características e luxuosas.

Segunda-feira os ternos reúnem, dançando e cantando, para ao meio dia estarem novamente na casa do Rei onde é servido o banquete. À tarde, realiza-se outro cortejo, porém sem as Coroas menores pois, as mesmas já cumpriram suas promessas no Domingo. Ao chegarem no interior da igreja, faz-se uma pausa. O juizado descansa e os ternos param de tocar. Em seguida, há a cerimônia de Descoroação dos Reis pelo Presidente e seu Auxiliar. O Rei e a Rainha Perpétuos coroam o novo Rei para a festa do ano seguinte. O Rei e a Rainha Conga coroam o novo Rei e a nova Rainha. Eles são apresentados ao público e aos ternos. São saudados com palmas e repiques. Em seguida, faz-se o descendimento das bandeiras.

TernosMoçambique - é uma guarda especial que vai protegendo os Reis. É o mais

importante, segundo a lenda, era o preferido de Chico - Rei e foi o terno que Nossa Senhora do Rosário acompanhou até à igreja.

É o terno que abre as festividades. Sem a presença dos moçambiqueiros os outros ternos não podem, por exemplo, aproximar da mesa do banquete. Dançam com latas nos pés, significando os grilhões que prendiam os escravos. Os membros do Moçambique fazem a “demanda” que é uma espécie de desafio cantado. Os cânticos são louvores à Virgem homenageada. É composto de pouca gente e com idade mais avançada. Pouco vistoso e com ritmo dolente. O capitão usa um bastão, considerado mágico, feito de três madeiras: braúna, acácia, e cedro. Congo - Sua função é guarda das Coroas. Usam espadas. Seus instrumentos são zabumbas, violas, reco-recos, sanfonas e seu ritmo é bem marcante. Suas vestes são mais simples: calça, camisa de manga comprida, saia de fitas, quepe também com fitas até a cintura.

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Catupé - Sua função é divertir o público com cantos e danças. Seus instrumentos são: zabumba, reco–reco e sanfona. Suas vestes são mais coloridas. Usam chapéus cheios de fitas até o calcanhar.Vilão - Sua função também é divertir e enfeitar a festa. Seus instrumentos são: caixas, sanfonas, violas e triângulos. Cada componente leva uma varinha de dois metros com fitas em sua extremidade. Apresentam evoluções e suas roupas são coloridas.

Composição da IrmandadeDiretoria da igreja: presidente, secretário, tesoureiro, secretário exclusivo das

coroas, zeladora.Diretoria externa da rua: Rei perpétuo e Rei congo, presidente, general,

meirinho, capitão do povo.Componentes reais permanentes: Rei e Rainha perpétuos são vitalícios, Joaquim

Silvério Pimenta e Onofra Cassiana Pimenta que já estão com a coroa há mais de 100 anos, herdando a mesma de sua mãe: Tia Bárbara. Atualmente, quem responde por ela é sua filha Denise Cassiana Pimenta. Estes Reis são do Mastro. Eles iniciam a festa. A coroa é passada de pai para filho.

Rei e Rainha Conga: são auxiliares dos Reis perpétuos. Eles dão as ordens para o juizado quando todo juizado estiver com os paramentos reais. São herdeiros do Chico Rei: Príncipe e Princesa do Rei Congo são substitutos e herdeiros do rei Congo.

Reis da BandeiraSão os que guardam as bandeiras dos santos em suas casas, de um ano para o

outro, até o dia de levar o Mastro.Temos ainda a figura da Princesa Isabel simbolizando a Redentora e

Abolicionista da Escravidão.Quem comanda a festa é o presidente que acata as ordens dos reis da coroa Grande.

GeneralSua função é acompanhar o Rei Congo. Sua indumentária é uma farda. No

banquete, fica na cabeceira da mesa até o último terno almoçar.

MeirinhoEncarregado de certas diligências com os ternos.

Capitão do PovoÉ quem administra todos os ternos.As coroas não podem ficar expostas depois do pôr do sol. Elas devem ser

protegidas por sombrinhas. A sombrinha é também símbolo da nobreza real.Hoje as figuras principais desta festa são o Rei e a Rainha da Coroa Grande, os

reis festeiros, pois sem eles não há festa.

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O Reinado é movido por uma energia mística, impregnada de superstições, conservadas tradicionalmente por seus membros de uma maneira preciosa e confidencial.

13. Recursos financeiros:Os recursos financeiros são obtidos através de doações dos congadeiros, da população participante da festa e subsídios da prefeitura municipal.

14. Transmissão de saberes para gerações futuras:Há uma preocupação em manter a tradição cultural. Os pais transmitem aos filhos a tradição cultural e instituições públicas da comunidade também se empenham em manter viva a Festa do Reinado, preservando a identidade coletiva, legado dos ancestrais quilombolas na região.

15. Proteção legal:Nenhuma

16. Proteção proposta:Registro do bem cultural imaterial

17. Referências bibliográficas:Entrevistas...

ARQUIVO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE CRISTAIS LIMA, Maria Salomé Reis Alves de. & PARREIRA, Maria Tereza Reis. História de Cristais. Belo Horizonte, Lithera Maciel, 2000.PESQUISA DE CAMPO

18. Informações ComplementaresInformações obtidas juntas á comunidade

19. FICHA TÉCNICA Alexa Bastos Gambogi Meireles

Maria Salomé Reis Alves de LimaMozart Victor de CarvalhoMarcos Antônio MarquesMaria Daniela Bischir Ferreira

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17. PLANO DE VALORIZAÇÃO E SALVAGUARDA

A festa é realizada e financiada pelos reis festeiros e, em algumas ocasiões, recebem subvenção da prefeitura municipal. As indumentárias usadas são doadas pelos reis festeiros e, geralmente, são guardadas pela irmandade, servindo para outras festas, quando o rei festeiro não tem condições financeiras para custeá-las. Os instrumentos, quando precisam ser renovados, são adquiridos por meio de rifas e/ou doações de terceiros. Alguns, como reco-recos, pandeiros, triângulos e determinados tipos de tambores são confeccionados pelos próprios congadeiros.

A festa do Reinado apresenta em si o produto cultural: implica uma determinada estrutura social de manutenção, transmissão e valorização do conhecimento luso-afro-brasileiro. Envolve a participação concreta de um coletivo. Aparece na interrupção das atividades diárias e articula-se em torno de um objeto focal, apresentando a produção e o consumo de produtos artesanais e culinários na exposição e comércio em barraquinhas, onde são oferecidos: souvenirs, santinhos com estampas dos santos devotados, tercinhos, lembrancinhas da festa, bijuterias, além de quitandas, sanduíches, pipoca, algodão doce, beijinhos, refrigerantes, água, etc.

É também uma produção social que gera produtos materiais comunicativos como: objetos de conhecimento, perspectivas de leitura para construções do próprio conhecimento, produção da memória geradora de identidades no tempo e no espaço social, responsáveis por encontro de grupos, bairros, brincantes que transmitem e ensinam para os mais novos o ritual e a tradição da festa. Ou produtos simplesmente significativos como o diagnóstico da situação real que se encontra o bem patrimonial. Tudo isso colocado em suporte de papel: livros e documentário fotográfico, fitas de vídeo ou em suporte acrílico: DVDs e CDs.

As Festas do Rosário / Reinado ainda fomentam o turismo cultural no município. De âmbito regional faz movimentar e circular o comércio entre as cidades vizinhas. Proporcionam descobrir a magia da diversidade cultural que se traduz na gastronomia, nos monumentos, artesanatos, igrejas, praças jardinadas, lago de Furnas e histórias de séculos...

O público alvo é toda a comunidade cristalense, porém o fluxo maior de participantes encontra-se no bairro São Vicente de Paulo, local onde se localiza a capela do Reinado. Há o intercâmbio de visitas das guardas e as cidades vizinhas que estão em festa. Na microrregião o Reinado segue os mesmos rituais, conservando as tradições da cultura africana.

Os estatutos das Irmandades de Nossa Senhora do Rosário é que estabelecem as normas de conduta e postura dos congadeiros de Cristais, dentro de uma estrutura hierárquica e organizacional tradicional conservada com muito respeito pelos seus integrantes. Porém, alguns problemas de ordem e organização internas dos ternos são evidenciados: alguns congadeiros mais antigos detém o saber e o poder. Sentem-se ameaçados pelos congadeiros das outras guardas ou ternos, gerando disputas entre os capitães dos ternos, por exemplo: Moçambique e Catupé. Há também conflitos internos entre os mais velhos e os mais novos, especialmente adolescentes, que preferem se distanciar dos ternos a procura de outros meios de reconhecimento social, bem como

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muitos dançadores se convertem às igrejas evangélicas que os impedem de exercer os rituais congadeiros.

Outro problema detectado se refere à discriminação social. A história e o conhecimento das festas populares são se encontram ao alcance do povo, por isso são tão desvalorizadas. Elas são substituídas pela massificação cultural com o advento da televisão e do computador.

Outra questão importante para ser resolvida é a que diz respeito ao financiamento da festa. Os congadeiros encontram dificuldades para a compra das indumentárias, dos instrumentos, viagens para apresentação em outras cidades, estadia, alimentação, condições de empregos de participantes que não conseguem conciliar o horário de trabalho com o horário dos festejos. Má estruturação arquitetônica da Capela do Reinado. Recentemente foi iniciada a construção de um posto de combustível ao lado da capela, reduzindo o espaço dos congadeiros, dificultando a exposição das barraquinhas.

Também se faz presente aqui o uso de bebidas alcoólicas e de drogas ilícitas. Trata-se de uma questão muito séria que precisa ser resolvida com a ajuda de toda população: poder público, jurídico, religioso e educacional.

O primeiro passo para a preservação da memória da Festa do Rosário/ Reinado em Cristais é o Dossiê para Registro do Bem Imaterial. Esse dossiê tem como fundamento a História do Reinado contextualizada dentro do aspecto religioso, sociológico e antropológico. Torna-se uma atualizada bibliografia para posteriores estudos nas escolas de ensino fundamental e médio, de acordo com a Lei 10 639 de 09/01/2003 que estabelece as diretrizes para o ensino obrigatório sobre História e Cultura Afro-Brasileiras.

Como medida de salvaguarda do bem cultural imaterial, o Reinado, é necessário implantar, especificamente, políticas públicas de proteção e preservação do patrimônio; programas de planejamentos e projetos pedagógicos de Educação Patrimonial como elaboração de cartilhas, editoração de vídeos, exposições de acervos afro-brasileiros referentes à festa do Reinado; designar ou criar organismos competentes de proteção, exemplo: Núcleo de Defesa do Patrimônio Cultural; adotar medidas jurídicas, administrativas e técnicas, principalmente para o que se refere á permissão do uso de bebidas alcoólicas e ao “ uso drogas” ; despertar a comunidade, em geral, para a preservação dos saberes e conhecimentos das tradições culturais; sensibilizar a comunidade para a participação na identificação, proteção, preservação, promoção e valorização do bem imaterial; ensinar a comunidade a emitir um novo olhar sobre a cultura popular, valorizando o passado coletivo, as formas orais da transmissão dos saberes, vivenciar as tradições no cotidiano, manter o vínculo com o sagrado; promover educação para a proteção e conservação dos lugares onde ocorrem a manifestação cultural, lugares de memória, cuja existência é indispensável para que o patrimônio imaterial se expresse; utilizar o novo espaço construído pela Prefeitura Municipal para as irmandades de Nossa Senhora do Rosário realizarem suas atividades organizacionais e festivas; viabilizar verbas públicas para a manutenção da festa, da igreja e/ou capela, da irmandade, das indumentárias, dos instrumentos; integração ao meio social, combatendo o preconceito, a discriminação promovendo acesso à escolaridade, enfim a melhoria da qualidade de vida dos congadeiros valorizando sua auto-estima, sua cultura afro-brasileira.

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17.1. CRONOGRAMAMÊS AÇÃO TÉCNICA OBJETIVO TEMPO AVALIAÇÃO

ANO2012

Jan/Mar

Programa de preservação, proteção,promoção e valorização do bem imaterial

Reuniões do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural e Diretoria Municipal de Educação e Cultura com a Prefeitura Municipal de Cristais;

Elaboração do Planejamento das Ações Pedagógicas

Implantar um programa de planejamento para salvaguardar o bem imaterial, observando que as medidas de identificação, documentação, inventário e registro já foram viabilizadas. Tomar conhecimento das ações de construção do espaço destinado à irmandade p/ a festa do Reinado

03 meses A avaliação deverá ser realizada trimestralmente , antes de se passar a açãoseguinte.

Abr/Jun Projeto Pedagógico de Educação Patrimonial

Pesquisas bibliográficaspara elaboração do projeto contendo cartilha informativa e educativa;editoração de vídeo

Informar e sensibilizar a comunidade escolar e civil da importância do conhecimento, da valorização, da preservação e transmissão dos valores históricos e culturais do bem imaterial

03 meses

Jul/Set Medidas jurídicas,

Planejamento de medidas

Informar e dar a conhecer a

03 meses

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administrativas e técnicas

jurídicas, administrativas e técnicas de cunho educativo, usando o suporte de cartilha, para ensinar o controle do uso de bebidas e combate ao uso de drogas;viabilizar verbas públicas para as medidas educativas, para o financiamento das festas e manutenção dos espaços usados para a manifestação cultural.

estrutura histórica da festa do Reinado, valorizando-a como cultura afro- brasileira, estimulando a auto-estima dos congadeiros

Out/Dez Medidas concretas para a transmissão do conhecimento, da valorização, da preservação e da continuidade da festa

Planejamento e promoção de eventos educativos: palestras, exibição de vídeos, exposições de documentação fotográfica, acervo, artesanato, culinária referentes à festa do Reinado

Convidar e levar o público participante a (re)conhecer, compreender, respeitar e valorizar o Reinado como uma manifestação cultural, entendendo que as práticas culturais populares são importantes por revelarem a identidade cultural do

03 meses com a culminância de todas as ações no final do trimestre, em dezembro de 2012

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município. É a identidade do povo que ajuda a construir e a enriquecer a história da cidade.

18. FICHA TÉCNICA

Alexa Bastos Gambogi Meireles- Engenheira civilMárcio Vinicius Reis - ArquitetoCarlos Ronaldo Torres – Engenheiro civilJúlia de Sá Carvalho - ProfessoraMaria Salomé Reis Alves de Lima- BibliotecáriaFotografias: Hermelindo Pinheiro - Fotos H Studio - fotógrafo Editoração de vídeo: Marcos Antônio Marques – Informática

Levantamento Alexa Bastos Gambogi Meireles- Engenheira civilMárcio Vinicius Reis - ArquitetoCarlos Ronaldo Torres – Engenheiro civilJúlia de Sá Carvalho - ProfessoraMaria Salomé Reis Alves de Lima- BibliotecáriaFotografias: Hermelindo Pinheiro - Fotos H Studio - fotógrafoEditoração de vídeo: Marcos Antônio Marques – Informática

11/03/ a 30/06/2011

ElaboraçãoAlexa Bastos Gambogi MeirelesMárcio Vinicius Reis - ArquitetoJúlia de Sá Carvalho - ProfessoraMaria Salomé Reis Alves de Lima- Bibliotecária

02/07 a

30/10/2011

03/11 a19/12/2011

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19. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ARQUIVO PAROQUIAL DE CRISTAIS2. ARQUIVO PÚBLICO MINEIRO. 3. ARQUIVO PÚBLICO MUNICIPAL DE CRISTAIS/MG4. BARBOSA, Waldemar de Almeida. Negros e quilombos em Minas Gerais. Belo

Horizonte: Imprensa Oficial, 1972.5. BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil: contribuição a uma sociologia

das interpenetrações de civilizações. São Paulo: Pioneira, 1971.6. ______________. Sociologia do folclore brasileiro. São Paulo: Anhembi, 1959.7. BEIGUELMAN, Paula. A crise do escravismo e a grande imigração. São Paulo:

Brasiliense, 1981.8. BOSCHI, Caio. Fontes primárias para a história de Minas Gerais em Portugal.

2.ed. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1998.9. BRASILEIRO, Jeremias. Congadas de Minas Gerais. Brasília: Fundação Cultural

Palmares, 2001.10. CARNEIRO, Edson. Religiões negras, negros bantos. Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, 1981.11. CASCUDO, Luís da Câmara. Dicionário do folclore brasileiro. 3.ed. Brasília:

Instituto Nacional do Livro, 1972. 2v12. CODICE COSTA MATOSO. Varia História. Número Especial.13. CUNHA. Maria José. 14. ENTREVISTAS com congadeiros – 201115. ESTATUTO DA IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO DOS

HOMENS PRETOS. 16. ESTATUTO DA IRMANDADE DOS CONGADEIROS DE NOSSA

SENHORA DO ROSÁRIO.17. FLORENTINO, Manolo. Em costas negras: uma história do tráfico de escravos

entre a África e o Rio de Janeiro: séculos XVIII e XIX. Rio de Janeiro: Companhia das Letras, 1993.

18. FLORENTINO, Manolo; GÓES, José Roberto. A paz das senzalas: famílias escravas e o tráfico Atlântico - Rio de Janeiro, c.1790-c.1850. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1997.

19. GOMES, Núbia Pereira de Magalhães; PEREIRA, Edimilson de Almeida. Arturos: olhos do rosário. Belo Horizonte: Mazza, 1990.

20. _______________________. Assim se benze em Minas Gerais. Juiz de Fora, MG: EDUFJF; Belo Horizonte: Mazza, 1989.

21. ________________________. Os tambores estão frios: herança cultural e sincretismo religioso no ritual de candombe: excerto iconográfico. Juiz de Fora:

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FUNARTE, 1997. (Monografia classificada em 2o. lugar Prêmio Sílvio Romero/Funarte. 1997).

22. HISTÓRIA DE MINAS GERAIS. As Minas Setecentistas. V. 223. INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE

MINAS GERAIS. Pasta do município de Cristais. 24. INVENTÁRIO DE PROTEÇÃO DO ACERVO CULTURAL DO MUNICÍPIO

DE CRISTAIS.. 25. LIMA, Maria Salomé Reis Alves de Lima. PARREIRA, Maria Tereza Reis.

História de Cristais. Belo Horizonte, Lithera Maciel. 2000. 26. LOPES, Nei. Dicionário Banto do Brasil. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de

Cultura, 1999.27. MACHADO FILHO, Aires da Mata. O negro e o garimpo em Minas Gerais. Belo

Horizonte: Itatiáia,  1985. 28. MACHADO, Aires da Mata et al. Introdução ao estudo do congado. Belo

Horizonte, Universidade Católica de Minas Gerais, 1974.29. MAIA, Antônio. C. M. Pequeno dicionário de Nossa Senhora. Belo Horizonte: O

Lutador, 198630. MARTINS, Joaquim. Sabedoria cabinda, símbolos e provérbios. Lisboa: Junta de

Investigações do Ultramar, 1968.31. MARTINS, Saul. Folclore brasileiro, Minas Gerais. Rio de Janeiro: Instituto

Nacional do Folclore; Belo Horizonte, UFMG, 1982.32. MARTINS, Tarcisio José. Quilombo do Campo Grande : a História de Minas

Gerais roubada do povo. São Paulo: A Gazeta Maçônica, 1995.33. ____________________. Quilombo do Campo Grande : a História de Minas

Gerais que se devolve ao povo. São Paulo: A Gazeta Maçônica, 2008.34. ___________________. Pesquisa Ultramar. Processo de Justificação de Inácio

Correia Pamplona.35. MOURA, Clóvis. Historia do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1989.36. MOURA, Margarida Maria. Os deserdados da terra: a lógica costumeira e judicial

do processo de expulsão e invasão da terra camponesa no sertão de Minas Gerais. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1988.

37. MOURÃO, Paulo Krüger Corrêa. As igrejas setecentistas em Minas Gerais. Belo Horizonte: Imprensa Oficial, 1964

38. NOSSA39. PORTO, Guilherme. As Folias de Reis no Sul de Minas. Rio de Janeiro: Funarte,

1982.40. SOUZA. Marina de Mello. Reis Negros no Brasil Escravista. Belo Horizonte.

UFMG, 200241. QUINTÃO, Antônia Aparecida. Irmandades negras: outro espaço de luta e

resistência (São Paulo: 1870/1890). São Paulo: Fapesp, 2002.

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42. WILGES, Irineu. Cultura religiosa. Petrópolis: Vozes, 1982.

20. ANEXOS

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20.1. Cópia da proposta do registro do bem imaterial20.2. Cópia da ata da instauração do registro20.3. Cópia dos questionários aplicados nas entrevistas20.4. Cópia do comunicado da instauração do processo do registro20.5. Cópia do parecer (Setor de Cultura) da proposta do registro20.6. Cópia da análise e parecer dos conselheiros sobre o processo instruído20.7. Cópia da ata do COMPAC – Cristais - favorável ao registro20.8. Cópia da divulgação do registro para manifestação dos interessados20.9. Cópia da ata da decisão final do COMPAC – Cristais20.10. Cópia da inscrição no Livro de Registros de Celebrações20.11. Cópia da mensagem ao público comunicando o registro do bem

imaterial: Festa do Rosário / Reinado

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20.1. Cópia da proposta do registro do bem imaterial

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20.2. Cópia das atas da instauração do registro

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20.3. Cópia dos questionários aplicados nas entrevistas

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QUESTIONÁRIO PARA ENTREVISTAS

1. O Reinado para você é folclore, religião ou cultura?

2. Como é realizada a organização da festa?

3. O que representa a Festa do Rosário / Reinado para você e seu bairro?

4. O que representa a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário?

5. O que representa os outros santos de devoção: São Benedito e Santa Ifigênia?

6. Você conhece a história dos reis e rainhas congas?

7. E histórias da África? E de seus ancestrais?

8. Os reis festeiros devem ser sempre brancos?

9. Qual a guarda mais importante? Por quê?

10. Você participa de qual terno ou guarda? Se sente feliz com essa participação?

11. Quais os símbolos do Reinado mais significativos para a Irmandade?

12. Você já levantou o mastro? Como é o ritual usado?

13. Qual a função do capitão?

14. Qual é o símbolo da coroa, das sombrinhas e do cetro?

15. O que representa o rosário para o congadeiro?

16. Como é feita a abertura da festa? E o encerramento?

17. O que você acha da participação de jovens e crianças nas guardas ou ternos?

18. Você é a favor da revitalização das tradições da festa?

19. Dê sugestões para que essa revitalização aconteça determinando a continuidade da festa.

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20. Você, como membro da Irmandade, gostaria que seus filhos e netos também participassem da festa como irmãos?

21. Você acha que a sociedade, em geral, dá apoio à continuidade da festa?

22. O que você acha de inovações na festa com: aquisição de novos instrumentos, novos ritmos, cantos e indumentárias que não são próprios do Reinado?

23. Você sente preconceito ou discriminação dentro da festa? E fora dela, em ocasiões do dia a dia?

24. Você gostaria que a Festa do Rosário / Reinado em sua cidade tivesse a participação de muitos brancos? Justifique sua resposta.

25. O que você acha da Missa Conga?

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20.4. Cópia do comunicado da instauração do processo do registro

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20.5. Cópia do parecer (Setor de Cultura) da proposta do registro

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20.6. Cópia da análise e parecer dos conselheiros sobre o processo Instruído

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20.7. Cópia da ata do COMPAC – Cristais - favorável ao registro

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20.8. Cópia da divulgação do registro para manifestação dos interessados

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20.7. Cópia da ata da decisão final do COMPAC – Cristais

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20.8. Cópia da inscrição no Livro de Registros de Celebrações

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21.11. Cópia da mensagem ao público comunicando o registro do bem imaterial: Festa do Rosário / Reinado

MENSAGEM À POPULAÇÃO CRISTALENSE

A Prefeitura Municipal de Cristais, através da Diretoria Municipal de Educação e Cultura e do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Cristais, comunica a toda população que, a manifestação cultural FESTA DO ROSÁRIO / REINADO, se encontra registrada como um Bem Imaterial Cultural, inscrita no Livro de Registro de Celebrações sob o Nº 01, de acordo com a Lei Municipal Nº 1 617 de 07 de dezembro de 2011, devida a sua importância histórica, religiosa e cultural para o município exerce importante influência na formação do cidadão cristalense, devendo ser preservada, divulgada e revitalizada, com a finalidade de dar continuidade à festa legada pelos afrodescendentes

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O Reinado é visto como tradição cultural devido a permanência secular que o sustenta, persistência vinda pela capacidade revitalizadora construída por sucessivas gerações