A Ficha Cenipa 15 (FC15) é a única maneira adequada...

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7) Nunca desvie por baixo de aves à sua frente Quanto maior a espécie, maior será a dificuldade de mudar a trajetória para escapar de possível ameaça. A maioria das aves tenta fugir trocando energia potencial por cinética. Portanto, evite, sempre que possível, passar por baixo de aves à frente de sua aeronave. Quando o desvio é feito por cima ou pelo lado a velocidade de aproximação com a ave é reduzida e o impacto causa danos menores. Jamais desvie de aves à baixa velocidade e altura, pois as consequências de colisão com o terreno serão muito mais severas que àquelas decorrentes da colisão com ave. 8) Só arremeta se tiver certeza que evitará impacto Como o dano à aeronave ou ao motor (em caso de ingestão) será mais severo com maior velocidade. Durante aproximações para pouso, considere evitar o aumento de potência e de velocidade, se não houver certeza que a manobra evitará o impacto. Esteja preparado para voar por instrumentos se o para-brisas for atingido. Após o pouso, diminua sua velocidade mas minimize o uso de reversores, para reduzir os danos ao motor, se houve ingestão de ave. 9) Tenha sempre um plano de contingência A decolagem é a fase mais crítica do voo em caso de colisão com fauna. Então, esteja preparado para executar o melhor procedimento de rejeição em sua próxima decolagem. Você sabia que 28 entre 30 acidentes causados por colisão com fauna ocorreram até 500ft de altura? - Voe a aeronave; - Monitore os instrumentos do motor; - Identifique falhas e inicie procedimentos de emergência apropriados; - Escolha o aeródromo de pouso, conforme falhas e capacidade de manter o voo controlado; - Evite acelerar o motor afetado ou a aeronave, a não ser que seja necessário; - Avalie a necessidade de reduzir a altitude, devido à possibilidade de perda de pressurização; - Em colisão com trem de pouso estendido, avalie se problema hidráulico causado pela colisão não causará pouso sem trem; - Verifique possível efeito-cascata devido à colisão; - Verifique se haverá necessidade de maior extensão de pista e planeje sua corrida após toque no solo. 10) Reporte toda colisão com fauna A Ficha Cenipa 15 (FC15) é a única maneira adequada de reportar colisões, outras opções demandam conhecimentos incomuns entre tripulantes. O uso do formulário on line facilita o reporte, pois apresenta definições que ajudam na seleção da opção mais apropriada à situação ocorrida. A mensagem-rádio do tripulante ao CTA não substitui o reporte de colisão com fauna, servindo somente como alerta a ser transmitido pelo CTA às demais aeronaves e ao operador do aeródromo, em caso de colisão ocorrida no aeródromo. Portanto, quando a carga de trabalho for menor, seja após o pouso ou durante o voo de cruzeiro, faça uso da FC15. Procure reportar: - Quantidade de fauna visualizada; - Onde ocorreu o evento em relação ao aeródromo; - Velocidade e altura da aeronave; - Fase de voo; - Efeito no voo causado pela presença de fauna. Lembre-se, entre 2011 e 2016, somente 29,34% das colisões com fauna foram reportadas no Brasil. Detectando uma colisão com fauna por indícios: Visuais – trincas no para-brisas, manchas e restos de material orgânico; Tácteis – vibração, perda ou assimetria de potência, aumento de arrasto, acionamento de stick shaker, características anormais de controle e manobrabilidade; Sonoros – ruído de impacto, surge ou estol de motor, ruído aerodinâmico causado por dano, perda de pressurização; Olfativos – fumaça, cheiro de carne queimada pelo sistema de ar condicionado; Indicações de motor – redução/flutuação de parâmetro primário de potência, fluxo anormal de combustível, extrapolação de parâmetros, estol, apagamento; Instrumento de voo – perda de dados, indicações errôneas de velocidade, altitude, atitude ou ângulo de ataque; Falha de sistema – radiocomunicação, perda hidráulica, steering, piloto automático, etc. Sempre que possível, inclua informações sobre esta ameaça nos procedimentos operacionais de sua organização, ampliando a eficiência nas medidas mitigadoras de colisões com fauna. O método mais eficiente de gerenciamento de risco de fauna é a manutenção da separação entre aeronave e fauna. MAIS INFORMAÇÕES www.fab.mil.br/cenipa [email protected]

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7) Nunca desvie por baixo de aves à sua frenteQuanto maior a espécie, maior será a dificuldade de mudar a trajetória para escapar de possível ameaça. A maioria das aves tenta fugir trocando energia potencial por cinética. Portanto, evite, sempre que possível, passar por baixo de aves à frente de sua aeronave. Quando o desvio é feito por cima ou pelo lado a velocidade de aproximação com a ave é reduzida e o impacto causa danos menores. Jamais desvie de aves à baixa velocidade e altura, pois as consequências de colisão com o terreno serão muito mais severas que àquelas decorrentes da colisão com ave.

8) Só arremeta se tiver certeza que evitará impactoComo o dano à aeronave ou ao motor (em caso de ingestão) será mais severo com maior velocidade. Durante aproximações para pouso, considere evitar o aumento de potência e de velocidade, se não houver certeza que a manobra evitará o impacto. Esteja preparado para voar por instrumentos se o para-brisas for atingido. Após o pouso, diminua sua velocidade mas minimize o uso de reversores, para reduzir os danos ao motor, se houve ingestão de ave.

9) Tenha sempre um plano de contingênciaA decolagem é a fase mais crítica do voo em caso de colisão

com fauna. Então, esteja preparado para executar o melhor

procedimento de rejeição em sua próxima decolagem. Você

sabia que 28 entre 30 acidentes causados por colisão com

fauna ocorreram até 500ft de altura?- Voe a aeronave;- Monitore os instrumentos do motor;- Identifique falhas e inicie procedimentos de emergência

apropriados;- Escolha o aeródromo de pouso, conforme falhas e

capacidade de manter o voo controlado;- Evite acelerar o motor afetado ou a aeronave, a não ser que

seja necessário;- Avalie a necessidade de reduzir a altitude, devido à

possibilidade de perda de pressurização;- Em colisão com trem de pouso estendido, avalie se problema

hidráulico causado pela colisão não causará pouso sem trem;- Verifique possível efeito-cascata devido à colisão;- Verifique se haverá necessidade de maior extensão de pista

e planeje sua corrida após toque no solo.

10) Reporte toda colisão com faunaA Ficha Cenipa 15 (FC15) é a única maneira adequada de

reportar colisões, outras opções demandam conhecimentos

incomuns entre tripulantes. O uso do formulário on line facilita o

reporte, pois apresenta definições que ajudam na seleção da

opção mais apropriada à situação ocorrida. A mensagem-rádio

do tripulante ao CTA não substitui o reporte de colisão com

fauna, servindo somente como alerta a ser transmitido pelo CTA

às demais aeronaves e ao operador do aeródromo, em caso de

colisão ocorrida no aeródromo. Portanto, quando a carga de

trabalho for menor, seja após o pouso ou durante o voo de

cruzeiro, faça uso da FC15. Procure reportar:

- Quantidade de fauna visualizada;

- Onde ocorreu o evento em relação ao aeródromo;

- Velocidade e altura da aeronave;

- Fase de voo;

- Efeito no voo causado pela presença de fauna.

Lembre-se, entre 2011 e 2016, somente 29,34% das colisões

com fauna foram reportadas no Brasil.

Detectando uma colisão com fauna por indícios:

Visuais – trincas no para-brisas, manchas e restos de material

orgânico;Tácteis – vibração, perda ou assimetria de potência, aumento

de arrasto, acionamento de stick shaker, características

anormais de controle e manobrabilidade;Sonoros – ruído de impacto, surge ou estol de motor, ruído

aerodinâmico causado por dano, perda de pressurização;Olfativos – fumaça, cheiro de carne queimada pelo sistema de

ar condicionado;Indicações de motor – redução/flutuação de parâmetro primário

de potência, fluxo anormal de combustível, extrapolação de

parâmetros, estol, apagamento;Instrumento de voo – perda de dados, indicações errôneas de

velocidade, altitude, atitude ou ângulo de ataque;Falha de sistema – radiocomunicação, perda hidráulica,

steering, piloto automático, etc.

Sempre que possível, inclua informações sobre esta ameaça

nos procedimentos operacionais de sua organização,

ampliando a eficiência nas medidas mitigadoras de colisões

com fauna.

O método mais eficiente de gerenciamento de risco de fauna é

a manutenção da separação entre aeronave e fauna.

MAIS INFORMAÇÕESwww.fab.mil.br/cenipa

[email protected]

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Aves e outros animais próximos às aeronaves, no solo ou em voo, são considerados pela Organização Internacional de Aviação Civil (OACI) como séria

ameaça à aviação, causando atrasos, prejuízos e acidentes aeronáuticos. Colisões com fauna já vitimaram mais de 470 pessoas no mundo e continuam ameaçando vidas humanas dentro de aeronaves e nas cidades.

Todo tripulante conhece bem o “Milagre do Hudson” e sabe porque a tripulação do Airbus 320 foi obrigada a pousar naquele rio norte-americano. Afinal, colisões com fauna não ocorrem ao acaso.

Mitos em relação às colisões com fauna:

Colisões com aves não acontecem à grande altura, aves não voam à noite ou sob condições de baixa

visibilidade, como nevoeiro, chuva, etc.

Os hábitos das aves são bastante variados. A colisão registrada a maior altura ocorreu na África a 37.000ft. No Brasil, entre 2011 e 2016, 35% das colisões ocorreram no crepúsculo e à noite. É possível que esta quantidade seja subdimensionada pela dificuldade de detectar colisões.

Aves conseguem perceber as luzes externas, radares meteorológicos e ruídos de

motores de aeronaves.

Não há estudo que comprove qualquer uma das capacidades acima nas principais espécies de aves que representam risco à aviação no Brasil. Além disto, a tendência de fauna fugir, nem sempre na direção apropriada, é uma resposta instintiva que, associada à percepção tardia da ameaça, não impede a continuidade de colisões.

Aves percebem aeronaves como ameaça e são afastadas pelo efeito aerodinâmico.

A identificação de ameaças é um processo evolutivo e não ocorre em apenas um século. Apesar da existência de forças aerodinâmicas ao redor de aeronaves, estas não são

suficientes para expelir as aves das trajetórias, tanto que houve aumento na quantidade de colisões com a introdução de aeronaves mais rápidas e silenciosas.

Você sabe como evitar colisões ou mitigar suas consequências?

Tripulantes desempenham papel fundamental na mitigação do risco de fauna, sendo importante que entendam algumas informações para decidir e agir com segurança.É importante que tripulantes recebam, em tempo hábil, informações de presença de fauna próxima ou dentro de aeródromos. A veiculação de alertas de fauna é essencial, pois mais de 75% das colisões reportadas no Brasil acontecem até 500ft do solo, no ambiente aeroportuário. As informações para compor tais alertas são geradas no monitoramento de fauna na Área de Segurança Aeroportuária (ASA), realizado pelo operador do aeródromo e chegam aos tripulantes quando há coordenação eficiente entre Equipe de Gerenciamento de Risco de Fauna e Controle de Tráfego Aéreo (CTA).

Todos os animais se movem, instintivamente, entre fontes de água, de alimento e de abrigo, a não ser que exista obstáculo ao

deslocamento. A fauna terrestre deve ser mantida fora do local de operação de aeronaves, o que é conseguido com a instalação de cerca operacional efetiva.As aves não são controladas tão facilmente, razão pela qual entender seus movimentos na ASA é um desafio que exige integração de esforços, até mesmo dos tripulantes.

Para evitar colisões com fauna:

1) Espere quando houver animais na faixa de pistaNão abra mão da razão, aguarde para decolar ou pousar até

que tenha sido feita a dispersão de fauna, pois os animais

reagem por instinto e podem seguir em direções inesperadas.

Tome a iniciativa, solicite dispersão de fauna à TWR antes de

usar a pista.

2) Reduza o tempo de voo abaixo de 3.500ft de alturaO voo demanda muita energia das aves, que preferem ficar

próximas da tríade: água, alimento e abrigo. Esta condição é

ratificada em 90% das colisões reportadas no Brasil. Portanto,

suba no perfil de abatimento de ruído da OACI (jato) ou na

velocidade de melhor ângulo (turboélice), até cruzar altura de

segurança, bem como retarde a descida, sem exceder a rampa

normal de aproximação, sempre em coordenação com CTA. A

aviação geral tem aeronaves menos resistentes e voa por

longos períodos em área de risco, até 3.500ft de altura, sendo

recomendado que seus tripulantes observem com atenção os

próximos itens.

3) Os danos aumentam com a velocidadeEm uma colisão com urubu a 300kt, a energia de impacto será 31% maior que a 250kt. Logo, velocidade e altura de voo devem estar associadas para a máxima mitigação do risco de fauna. Voe na menor velocidade de segurança possível abaixo de 10.000ft e reduza sua velocidade quando abaixo de 3.500ft de altura. Em caso de ingestão de ave, a rotação interna do motor é o principal causador de danos e de perda de potência, enquanto que a maior velocidade da aeronave influi em danos, falhas de sistemas e efeitos significativos ao voo.

4) Conheça os limites de sua aeronaveAs aeronaves são construídas e testadas para suportar colisões com fauna, conforme critérios de resistência que devem ser usados ao planejar seus voos. Especialmente, para-brisas e motor são áreas críticas, pois colisões nestas partes podem causar a perda imediata de consciência do piloto ou impossibilitar a continuidade do voo controlado. Após colisão, tenha atenção especial para decidir entre um pouso de precaução no aeródromo mais próximo ou prosseguir no voo, considerando a possibilidade de que ocorra falha em sistema ou mudança de desempenho devido ao impacto. Veja a seguir alguns critérios de certificação para colisão com fauna.

5) Mantenha vigilância da trajetória de voo abaixo de 3.500ft de altura.A identificação antecipada de aves à frente da aeronave permite manobras mais suaves para evitar impacto. Ao mudar sua trajetória, permaneça atento a nova direção e voo, sob pena de colidir com outros indivíduos do bando ainda não avistados. Caso perceba um ponto parado à frente da aeronave, mova a cabeça lateralmente para verificar se o mesmo permanece imóvel. Se o ponto continuar no mesmo local no para-brisas, inicie evasiva para evitar impacto. A probabilidade de detectar aves cai em velocidades superiores a 200 nós.

6) Evite sobrevoo de áreas conhecidas de alto risco Aves serão encontradas nas proximidades de cidades, lagos e ilhas, bem como ao longo de rios e do litoral. Reporte a situação, pois somente com informações será possível avaliar a necessidade de alterar rotas de navegação aérea para evitar focos atrativos significativos.