A Filha do Babaçu · Dedicatória Dedico este livro a todos que acreditam e adoram a Deus e...

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A Filha do Babaçu Val Maranhão

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A Filha do Babaçu

Val Maranhão

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Val Maranhão

A Filha do Babaçu

Primeira Edição

São Paulo

2013

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“Escreva a história de sua vida

Pois quando seus olhos se fecharem,

Sua memória estará viva.”

Val Maranhão / 2013

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Dedicatória

Dedico este livro a todos que acreditam e adoram a Deus

e confiam que ele é o Deus do Impossível.

A todos que lutaram e lutam pelos os seus sonhos, não

importa se tiveram que saírem de suas terras em busca de uma

Canaã.

Em memória ao meu pai Valder que sempre teve visão

por minha vida, a minha amada mãe Divina que muito me in-

centivou e acompanhou todo processo desse sonho. Obrigada

mãe pelas noites que a senhora passou ouvindo eu ler os rascu-

nhos desse livro.

A grande amiga Sonia Elisabeth pelo apoio, a Antônia

Querida por toda força e palavras animadoras.

Enfim a todos que acreditaram e torceram.

Obrigada.

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Sumário

Apresentação........................................................ 9

Na grande Mansão ............................................ 11

Adolescência Sonhadora .................................. 16

A grande Decisão .............................................. 22

A Fuga ................................................................. 27

A realidade da grande Cidade ........................ 32

O início da Batalha ............................................ 38

Dando um tapa no Visual ................................ 42

Conhecendo a Av. Paulista .............................. 48

Vendas das Pamonhas ...................................... 51

Dando notícias após Fuga ................................ 55

Um ano Depois .................................................. 59

Marmitas, mais uma oportunidade ................ 63

Largo da Concórdia no Brás ............................ 67

Dinheiro ajuda e muito. Mas ... ....................... 71

De volta a Piscina da Mansão .......................... 76

Participação no Programa de TV .................... 80

Visita do Decorador .......................................... 87

Festa Inauguração da Decoração..................... 93

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A dor da Realidade .......................................... 98

A justiça foi Feita ............................................ 105

Transformação - Vida Nova .......................... 113

Coisas que o Dinheiro não compra .............. 123

Lutando por seu grande Amor ..................... 128

O Amor Vence Tudo na Vida ....................... 133

Na Ilha do Amor São Luís ............................. 139

Glossário de Termos Regionais .................... 143

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Apresentação

Caros leitores

Estou muito agradecida por sua atenção.

Ao folhear este livro você irá deparar-se com algumas

palavras que talvez não lhe seja familiar, não fique triste pen-

sando se tratar de um desprezo a tão maravilhosa língua portu-

guesa.

Também aproveito para justificar a ortografia desviada,

a real é que o escrevi da forma que é falado em alguns povoados

e regiões do Maranhão, palavras essas que convivi com a maior

naturalidade na minha infância e adolescência.

E hoje temo que, algumas destas desapareçam com o

passar dos anos.

O nosso vocabulário Maranhense é recheado dos diale-

tos trazidos pelos nossos ilustres visitantes, temos uma mistura

de palavreado que muitos chegam a necessitar de um intérprete.

Palavras essas de influência Portuguesa, francesa, e africana. É

claro que não devemos também esquecer de nossos irmãos ín-

dios que também tiveram sua parcela de colaboração.

Por tanto, se delicie com essa leitura e aproveite pois aqui

tem algumas palavra que somente meus bisa e tataravós fala-

vam.

No final você encontrara um dicionário com algumas

dessas palavras.

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Pronto, com isso você já está mais do que preparado(a)

para vim desfrutar das riquezas naturais e do aconchego do povo

desse maravilhoso Estado, do nosso amado Brasil.

E viva ao Maranhão !!

Um abraço e paz ao seu coração.

Val Maranhão

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Na grande Mansão

Sol escaldante de verão, nada se parece com a grande São

Paulo outrora chamada terra da garoa.

A água cintila o telhado de vidro da grande mansão, e lá

no meio da piscina, de óculos escuros e chapéu, encontra se Cres-

valda com seu maiô de bolinha rosa choque, deitada no colchão

d’água, pensando sobre o rumo que tomara sua vida, desde os

tempos de sua infância no distante *cafundó do Maranhão, de

onde saíra fugida na idade de dezessete anos.

Lembrou do pai seu Cresmentino, velho metido a valen-

tão do lugar, mas pense num sanfoneiro arretado de bom que

fazia o povo alevantar pó no salão até o dia raiá, e sua mãe dona

Valdomira eita doceira boa, rapaz as cocadas cheirava a quilô-

metros, mulher disposta e trabalheira pulso firme é quem admi-

nistrava o ganha pão da família. Criação de porcos, galinhas e

gados. Também vendia umas bijugangas trazida da capitá. E

nisso a família era uma das melhorzinha do lugar onde a pobreza

reinava, é pobreza de *tutu bufufa mesmo, porque alegria meu

bichin é o que não faltava naquele lugar, eita povo festeiro só

vendo.

Nesses pensamentos meio que voltando, Cresva também

lembrou da dureza de quebrar coco babaçu, lavar roupa no poço

ou na grota isso quando água não estava barreta.

Sorriu ao pensar no seu namorico com Zé, apelidado por

todos de Zé asa dura, coisa que Cresvalda detestava, porque

amava demais o cabra.

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- Em que a senhorita está pensando, parece está em outro

mundo

Gigi sua amiga, pegando sol ao lado em uma cadeira,

prestava atenção nas mudanças de expressão e sorriso no rosto

da amiga.

- Eita Gigi tava eu aqui pensando no meu povo, na mi-

nha terrinha, e olhe que é lembrança que num se acaba mais.

- Tua vida dá um roteiro cinematográfico

- Cine o que?

- Uma história de cinema, um filme

- Hum, hum

Gigi é uma mulher estudada, é negra ,simpática de pala-

vreado bonito, nasceu em lar humilde na periferia paulista, mas

muito interessada no aprendizado por entender os preconceitos

de alguns por seu tom de pele, meio que um pouco acima do

bronzeado, trabalhou como doméstica em várias casas até que

por indicação conheceu um casal de europeus que a levara para

morar por alguns anos em Paris , isso lhe proporcionou uma

bagagem de grandes conhecimentos na área de etiqueta, retor-

nou ao Brasil para trabalhar como personal stylist, onde veio co-

nhecer Cresvalda que de cara ficou interessada na sua prestação

de serviço

As duas se deram muito bem, tanto que viraram amigas

confidentes.

Gilda Maria como foi registrada na sua certidão, se pas-

sou a se chamar carinhosamente por Cresvalda de Gigi.

Gigi faz tudo que pode para ajudar Cresva, instruindo a

em todas as áreas

O que ás vezes se torna uma tarefa enfadonha, uma vez

que Cresvalda é *birreta, e tem atitude é autêntica, mas......... é

impregnada de costumes, sotaque e palavreado que muitas ve-

zes só um bom dicionário para saber a origem, e isso sem falar

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nos seus modos que as vezes teima em não querer mudar, e as

roupas e bijuterias com joias é um caso à parte. Porque o que

mais marca Cresvalda mesmo é sua desenvoltura, coisa que o

trabalho duro, a perseverança fizeram da pequena menina me-

lindrosa se tornar uma guerreira de ousadia e força.

A cidade Gonçalvina está em festa, raramente aparece

uma atração, mas quando chega um circo todos querem apreciar

a empolgação é grande em toda cidade.

O carro com seu megafone a circular, palhaço com perna

de pau a passear, distribuindo bombons pra meninada é o indí-

cio que o circo chegou, vai ter palhaçada sim senhor e a euforia é

completa do mamando ao caducando todos querem participar

dessa alegria afinal é lá uma vez na vida que aparece por essas

bandas.

- Mãe deixa, eu ir pro circo

Dona Valdomira lhe dá uns trocadinho e lá se vai Cres-

valda com suas amiguinhas Tiduca, Nedinha e Flor de Maria.

Ficaram sentadas na primeira fileira pra não perder na-

dica mesmo.

Lá pra tantas horas o palhaço grita.

- Criançada maravilhosa desta querida cidade, temos um

grande presente para criança que vi aqui e dança uma música.

Nesse instante Tiduca cutuca Cresva, como quem ani-

masse ela ir, mas Cresva toda amedrontada balançou a cabeça

dizendo não. O palhaço voltou a insistir mais o silêncio foi total,

não se ouvia um pio em todo circo. Então ele meio que no debo-

che.

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- Mas não é possível que nessa cidade não tenha uma cri-

ança de coragem, vai me dizer que todos vocês são matutos e

ahahahaha

Ria bem alto segurando a barriga falsa por dentro do ma-

cacão *afulezado.

A essa foi demais, Cresva se sentiu ofendida, e disse bai-

xinho

- Quem esse remelento pensa que é, espera um bocadin

só.

Arrumou o vestido e olhou firme para Tiduca e se levan-

tou

- Eu vou lá e é agora.

Nesse impulso se levantou e com passos firmes foi até o

palhaço que se surpreendeu com tamanha coragem de uma me-

nina magrelinha até então por volta de seus nove anos de idade.

Foi colocado um forró para Cresva dançar.

Filha de sanfoneiro como era, conhecia o rebolado de to-

dos os acordes, e rebola de lá, rebola de cá, Poe a mão na cintura,

dá uma viradinha. A criançada de alma lavada e aliviadas por

alguém honra-las todas se levantaram batendo palmas, gritando

e festejando foi um *fuzié só.

- Olhe mãe que ganhei no circo

- Que é isso menina

- Um disco de lambada

Toda orgulhosa segurava o disco vinil que mal conse-

guia abraçar.

Mas segurava com tanto gosto como se fosse um grande

troféu, como tinha uma radiola velha do seu avô Anízio, isso era

lambada de manhã e de tarde a casa inté levantava o pó da me-

ninada dançando, só perdia pra noite que seu pai ensaiava o con-

junto de forró.

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Depois do episódio do circo o gostinho pelas palmas

ainda ecoava seus ouvidos de menina sonhadora. E para com-

pletar a televisão ainda em preto em branco que mesmo sem o

colorido manifestava a ela todas as cores existentes no planeta,

tamanha era sua imaginação.

Ficava a observar as cidades pelas novelas e começou a

desejar ir para uma cidade grande, mas grande mesmo até onde

sua imaginação lhe levava e vire mexe dizia

- Mãe quando eu crescer eu vou pra São Paulo, a senhora

vai ver.

A mãe ria demais da filha sonhadora, mas tinha cuidado

para a menina não crescer iludida, pois para ela (mãe) era impos-

sível.

São Paulo até parece.

- Só se tu for pra São Paulo dos pretos.

Dizia a mãe em tom de brincadeira porque esse era o

nome de um povoado da região.

- A senhora vai ver mãe, um dia a senhora vai lembrar

disso, insistia a menina.

Esse desejo virou algo incontrolável Cresva só pensava

nisso, e isso saiu de casa e foi pra praça como dizem lá, ou seja

foi pra praça, pra escola e pra todas as bandas.

- São Paulo é longe viu, dizia alguns meninos caçoando.

- Só se tu for na mala de alguém, cutucava a tia.

A menina cresceu nesse dilema, ás vezes olhava para o

céu e indagava.........ah vou sim !!!!!, só não sei como, mas que eu

vou a eu vou.