A Flauta

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A Flauta “Sem Mistério” Trataremos aqui dos aspectos técnicos que envolvem a arte de tocar flauta, começando pela respiração, o primeiro passo para se dominar o instrumento. Inicialmente, falaremos sobre seu mecanismo: a respiração se divide em inspiração e expiração. Durante a inspiração, o diafragma puxa o ar para os pulmões. Para se ter uma respiração silenciosa e flexível (mais rápida ou mais lenta), devemos pronunciar a vogal “Ô” como se fosse um bocejo. Assim, abrimos a garganta, abaixamos a língua e o ar passa sem obstáculos, portanto, sem barulho. A língua, além de estar abaixada, deve encostar nos dentes inferiores (apenas encostar, sem empurrar; se isso acontecer, haverá tensão demasiada, ocasionando o fechamento da garganta e, por conseqüência, do som). Na expiração, usamos os músculos abdominais para expulsar o ar dos pulmões. No controle da velocidade em que ocorre este processo de expulsão, através dos músculos abdominais, reside o controle da dinâmica. Quanto mais ar, mais forte; quanto menos ar, mais piano. Este controle se chama “apoio” ou suporte dos músculos abdominais. Os lábios se incumbem de controlar a velocidade final do ar e, por conseguinte, a afinação. Para se ter a sensação do mecanismo de inspiração e expiração e do apoio, podemos imitar a respiração ofegante de um cachorro (sempre pensando na vogal “Ô”). Progressivamente, vai-se aumentando o tempo da inspiração e da expiração, sempre mantendo a garganta aberta, expirando o ar com som de “F”(lábios mais fechados para sentir a resistência do ar sem fechar a garganta), mas com a cavidade bucal bem aberta (Ô) e inspirando o ar como um bocejo, treinando assim a sustentação e o apoio das notas. Devemos estudar a respiração sem a flauta por uma questão de concentração. Depois de devidamente trabalhado individualmente, transferimos o domínio da respiração para o instrumento. Para tanto, podemos usar uma bolsa de ar de cinco litros (conhecida como ressuscitador). O ideal é comprar a bolsa importada, mais lisa e fácil de visualizar. O exercício consiste em encher a

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A Flauta Sem MistrioTrataremos aqui dos aspectos tcnicos que envolvem a arte de tocar flauta, comeando pela respirao, o primeiro passo para se dominar o instrumento. Inicialmente, falaremos sobre seu mecanismo: a respirao se divide em inspirao e expirao. Durante a inspirao, o diafragma puxa o ar para os pulmes. Para se ter uma respirao silenciosa e flexvel (mais rpida ou mais lenta), devemos pronunciar a vogal como se fosse um bocejo. Assim, abrimos a garganta, abaixamos a lngua e o ar passa sem obstculos, portanto, sem barulho. A lngua, alm de estar abaixada, deve encostar nos dentes inferiores (apenas encostar, sem empurrar; se isso acontecer, haver tenso demasiada, ocasionando o fechamento da garganta e, por conseqncia, do som).Na expirao, usamos os msculos abdominais para expulsar o ar dos pulmes. No controle da velocidade em que ocorre este processo de expulso, atravs dos msculos abdominais, reside o controle da dinmica. Quanto mais ar, mais forte; quanto menos ar, mais piano. Este controle se chama apoio ou suporte dos msculos abdominais. Os lbios se incumbem de controlar a velocidade final do ar e, por conseguinte, a afinao.Para se ter a sensao do mecanismo de inspirao e expirao e do apoio, podemos imitar a respirao ofegante de um cachorro (sempre pensando na vogal ). Progressivamente, vai-se aumentando o tempo da inspirao e da expirao, sempre mantendo a garganta aberta, expirando o ar com som de F(lbios mais fechados para sentir a resistncia do ar sem fechar a garganta), mas com a cavidade bucal bem aberta () e inspirando o ar como um bocejo, treinando assim a sustentao e o apoio das notas.Devemos estudar a respirao sem a flauta por uma questo de concentrao. Depois de devidamente trabalhado individualmente, transferimos o domnio da respirao para o instrumento. Para tanto, podemos usar uma bolsa de ar de cinco litros (conhecida como ressuscitador). O ideal comprar a bolsa importada, mais lisa e fcil de visualizar. O exerccio consiste em encher a bolsa de ar e inspir-lo silenciosamente e o mais rpido possvel (pensar em ). Pode-se, a seguir, medir a respirao, pensandose em expirar em quatro semnimas e inspirar na ltima semnima num compasso 5 por 4 e semnima = 60. Vai se aumentando a velocidade aos poucos, respirando-se a seguir na ltima colcheia, depois na ltima semi-colcheia e assim por diante. A idia do uso da bolsa de ar para flautistas do prof. Keith Underwood. Uma boa respirao silenciosa, flexvel quanto velocidade e intimamente ligada msica, nunca cortando frases.Postura: Quando de p, devemos pensar em uma postura relaxada, ereta, com cabea e tronco erguidos, joelhos levemente dobrados, peso nas coxas, sensao de uma linha imaginria que vai do calcanhar, passando pelas costas e indo at a cabea, alongando o corpo inteiro. Para deixar a cabea na posio certa, no muito abaixada e nem muito erguida, podemos fazer um teste, cantando e sustentando a vogal e abaixando e erguendo a cabea sucessivamente. Devemos procurar o som mais ressonante e aberto, indicando que estamos abrindo a garganta e com a postura correta. A sensao de alongamento da coluna cervical (regio do pescoo). Os braos formam tringulos com o corpo. Se fssemos vistos de cima, veramos dois tringulos cujos lados seriam formados pelos braos, antebraos e corpo. Devemos sempre pensar em relaxar os ombros. O quanto levantamos ou abaixamos os cotovelos e o quanto dobramos os pulsos devem estar relacionados com o relaxamento dos ombros e o alinhamento da flauta com relao ao corpo. Vendo um flautista de frente, a linha do instrumento deve ser paralela com a linha dos lbios. Vista de cima, a linha da flauta deve estar perpendicular ponta do nariz do msico.Os ps podem ficar paralelos um ao outro ou fazendo um L, o direito sendo a base e o esquerdo frente, levemente separados. Giramos a cabea para esquerda em direo estante, ao maestro e ao pblico.Nosso corpo nunca ficar de frente para a estante e sim para a direita. O mesmo vale quando estamos sentados. Os ps devem tocar o cho, e a cadeira voltada para a direita para girarmos a cabea para a esquerda. A flauta transversal, no a tocamos como um clarinete, por exemplo. Se no prestarmos ateno a estes detalhes, pode-se desenvolver graves problemas de coluna. Devemos pensar em movimentos horizontais, seguindo as linhas das frases, para no criarmos vcios de tocar acentuando notas sem nessessidade, a menos que estejam indicados acentos na partitura. Os movimentos devem estar sempre relacionados msica, como se fssemos atores interpretando um texto.Posio dos dedos: devemos pensar em dedos naturalmente curvados e tocando as chaves com a regio da polpa. Como exceo regra, temos o dedo indicador esquerdo, que toca a chave com a ponta. O polegar esquerdo, dependendo do tamanho da mo, toca com a polpa, mas com a parte do lado esquerdo por uma questo de comodidade. O polegar direito participa da sustentao do instrumento, curvando-se naturalmente para esquerda, posicionado entre uma regio logo abaixo do indicador e na metade entre o indicador e o mdio. O indicador da mo esquerda tambm participa da sustentao do instrumento, mas com sua parte baixa, aps a segunda articulao de cima para baixo, entre a terceira e a quarta linha. Em termos de anatomia, a parte prxima da primeira falange. aquela regio onde se formam calos.Devemos pensar em segurar a flauta pelos lados, formando uma alavanca contra o queixo. O polegar direito empurra a flauta para frente, a parte baixa do indicador esquerdo empurra a flauta para trs, e a flauta vai direto contra o queixo. importante notar que tanto o polegar direito como a parte baixa do indicador esquerdo devem empurrar a flauta com um certo ngulo (aproximadamente 45 em relao ao cho) para cima, para que a flauta no tenha tendncia a girar para dentro (o que causaria perda de flexibilidade no som).Devemos perceber a importncia do dedo indicador da mo esquerda quanto sustentao do instrumento e a facilidade da tcnica de digitao da mo esquerda. Ele empurra a flauta contra o queixo com a parte de baixo, onde se formam calos. Assim como o polegar da mo direita, ele empurra com um certo ngulo para cima. Toca a chave com a ponta e no com a polpa. Assemelha-se figura de um cisne. A segunda articulao dobra, de forma a ficar perpendicular regio anterior do dedo, e a primeira articulao dobra, de modo que o dedo toca a chave com a ponta. Ateno: a terceira articulao deve dobrar de forma moderada, para que o dedo no fique nem muito alto, nem muito baixo. Com isso, se obtm maior controle da digitao da mo esquerda, facilitando passagens difceis que envolvem esta mo. O importante que tanto o dedo indicador da mo esquerda quanto o dedo polegar da mo direita fiquem relaxados.Embocadura: A embocadura uma conseqncia da forma como sopramos. Ela d o acabamento final ao ar que produzir o som. Se soprarmos de forma correta, com apoio, sem fechar a garganta, quase certo que a embocadura ser relaxada. No devemos sorrir espremendo os cantos dos lbios e nem tampouco exagerar no relaxamento, enchendo as bochechas demasiadamente de ar. Deve ser relaxada e natural, quase sem modificar a forma dos lbios quando estamos com a boca fechada. Os lbios superiores ficam levemente na frente dos inferiores, para projetar o ar na quina do buraco do porta-lbio, onde o som produzido. Segundo Keith Underwood, devemos pensar em usar mais os msculos vizinhos dos lbios e no somente o msculo orbicularis (lbios). Usamos o triangularis, que abaixa o canto dos lbios. Usamos o mentalis, msculo do queixo que leva o lbio inferior para frente, cobrindo mais o bocal. E usamos o caninus, msculo da ma do rosto, que controla os lbios superiores, dando mais foco ao som. Com o uso destes msculos faciais, a embocadura resultante permite um som maior, mais flexvel e interessante em termos de beleza e controle de timbre, dinmica e afinao!Uma analogia que sempre funciona o sopro de uma vela ou vrias velas de aniversrio. A diferena que o ngulo para soprar na flauta mais para baixo. Mas a embocadura praticamente a mesma, como se pronunciando o fonema F com dentes mais afastados.Muita polmica envolve a forma como o vibrato produzido. Primeiramente, a definio de vibrato para cantores e instrumentistas de sopros : variao da coluna de ar atravs da garganta (nos instrumentos de cordas, uma variao na freqncia do som). uma sucesso de uso alternado de uma maior quantidade de ar com uma menor quantidade de ar, como se fossem pulsos de ar. claro que, se a garganta estiver fechada, teremos o popular vibrito, o vibrato de cabrito, to tocado nas rdios. Devemos pensar em abrir a garganta enquanto fazemos uma leve ao para pulsar o ar. Para efeito de aprendizado, podemos pensar em tocar uma nota longa na flauta e tossir suavemente enquanto sopramos com a vogal , sem interromper o fluxo de ar, sempre sustentando o sopro e o som. Suavizamos cada vez mais a tosse at que no haja interrupo na coluna de ar pelo fechamento temporrio da garganta provocado pela tosse. uma verso suave de tosse, sem fechar a garganta. A variao na afinao uma conseqncia do vibrato, no o objetivo maior, que variar a quantidade de ar, alternando mais ar e menos ar no sopro. A sensao do vibrato de diafragma causada pelo ar que pode voltar para baixo enquanto vibramos com a garganta. Como sabemos, o diafragma um msculo liso, portanto, involuntrio.A afinao uma questo da superfcie de reflexo sonora e da velocidade da palheta de ar que sopramos.Quanto maior a superfcie de reflexo sonora, mais alta a afinao. Quanto menor, mais baixa. Aumentamos a superfcie de reflexo sonora cobrindo menos o bocal, e a diminumos cobrindo mais. Para cobrir menos o bocal, basta girar a flauta mais para fora ou levar os lbios inferiores mais para trs; para cobrir mais, basta girar mais para dentro ou deixar os lbios inferiores mais para frente. Por exemplo, quando vamos tocar uma nota aguda e pianssimo, a tendncia o tensionamento e conseqente colapso dos lbios inferiores para frente. Isto faz a nota cair em afinao. Se usarmos a psicologia invertida, podemos pensar em rolar os lbios inferiores nos dentes inferiores, o que evita levarmos os lbios inferiores to para frente, mantendo a superfcie de reflexo sonora e, por conseqncia, a afinao. Se mudarmos o ngulo como sopramos o ar, tambm mudamos a afinao. Se soprarmos mais para fora do bocal, a afinao sobe, pois o ar interno da flauta diminui de tamanho, aumentando a freqncia sonora e subindo a afinao. Isto ocorre porque uma menor quantidade do ar soprado participa da coluna de ar interior, diminuindo o seu tamanho. Se soprarmos mais para dentro do bocal, a afinao desce, pois o ar interno da flauta aumenta de tamanho, diminuindo a freqncia sonora e abaixando a afinao. Isto ocorre porque uma maior quantidade do ar soprado participa da coluna de ar interior, aumentando o seu tamanho.Enquanto os msculos abdominais controlam a quantidade de ar (atravs do apoio) e, por conseguinte, a dinmica, os lbios controlam a velocidade da palheta de ar e a afinao.Quanto ao controle de dinmica e afinao, pensemos na analogia com a mangueira de jardim. Os msculos abdominais representam a torneira, e os lbios, o final da mangueira. Imaginemos que vamos regar uma planta nossa frente. Para continuar regando a mesma planta com mais gua (tocar a mesma nota mais forte), ao abrirmos a torneira (empurrar mais ar com abdome) temos que, ao mesmo tempo, aumentar o tamanho do buraco da mangueira por onde sai a gua (relaxar mais os lbios, aumentando o tamanho do buraco dos lbios). Caso contrrio, a gua ultrapassa a planta com menos gua (tocar a mesma nota mais piano); ao fecharmos a torneira (empurrar menos ar com o abdome), temos que, ao mesmo tempo, diminuir o tamanho do buraco da mangueira por onde sai a gua (aproximar mais os lbios sem esprem-los, diminuindo o tamanho do buraco dos lbios). Caso contrrio, a gua se distancia da planta, indo em nossa direo (a afinao cai). Em outras palavras, deixar os lbios relaxados, flexveis, apenas moldando a coluna de ar, permitindo as mudanas de dinmica sem variar a velocidade e a afinao.Para mudarmos o timbre sem modificarmos a afinao, basta soprarmos com mais foco (som mais claro) ou menos foco (som mais escuro), sem modificar a velocidade da palheta de ar que sopramos na quina onde o som produzido. O foco diz respeito ao formato da palheta de ar. Uma palheta mais concentrada, fina, produz som mais claro. Palheta de ar mais difusa, larga, produz som mais escuro. Depende da abertura dos lbios e do uso do ar. A abertura da cavidade bucal e a posio da lngua influenciam na ressonncia do som.A articulao determinada pelo ataque, durao e dinmica de cada nota a ser tocada. Para tanto, fazemos uso de diferentes posies da lngua durante o ataque e, principalmente, do uso da coluna de ar.O ar o elemento mais importante na articulao, responsvel pela durao e dinmica da mesma, pois a lngua no deve cortar a coluna de ar, nem os lbios. A lngua responsvel apenas pela preciso do ataque, do incio da nota. Funciona como uma vlvula que inicialmente fecha o caminho do ar para fora da boca e, quando colocada para trs, libera este caminho, permitindo que o som se inicie. A lngua, portanto, no bate, ela sai do caminho. Existe uma certa presso atrs da lngua, devido ao ar que est prestes a ser liberado, articulado. Esta presso depende do apoio dos msculos abdominais, que, alm disso, controlam a quantidade de ar a ser liberado (dinmica e durao da nota). Os lbios do o acabamento final ao ar liberado, controlando sua velocidade (afinao) e direo (foco e timbre). Vale lembrar que a lngua deve estar sempre relaxada e deve-se usar movimentos mnimos.Alguns incios de frase, de to sutis, pedem articulao sem lngua. Ex.: o incio do Prlude Lapres-midi dun Faune, de Debussy. Usamos a articulao simples para passagens no muito rpidas, onde conseguimos articular grupos de notas sucessivamente com a mesma slaba. Usamos a letra T ou D, sendo que o T confere ataque mais ntido e o D ataque mais suave. Formamos diferentes slabas dependendo da vogal que queremos para a passagem em questo. Ex.: Ta, Te, Ti, To, Tu ou Da, Di, Do, Du. A lngua se posiciona entre os dentes para os registros mdios e agudos, e logo atrs dos dentes superiores (palato duro), para o registro grave.Usamos a articulao dupla para passagens mais rpidas, onde necessitamos alternar duas slabas para maior comodidade e clareza de execuo (letras T-K alternadamente ouDG). Se a passagem for muito rpida, mais aconselhvel usar oD-G, que deixa a articulao mais leve e a frase mais fluente. Como a sucesso de notas j rpida, as notas soaro naturalmente curtas. Usamos tambm em passagens rpidas a articulao tripla, onde h grupos de trs notas sucessivas. Usamos as letras T-K-T ou D-G-D. O D-G-D mais indicado para passagens muito rpidas.O importante que tcnica e musicalidade caminhem juntas. A tcnica deve ser escrava da msica, e nunca o contrrio! Exatamente por isso, a tcnica deve estar sob controle.- See more at: http://musicaeadoracao.com.br/43724/a-flauta-sem-misterio/#sthash.AEPvzL3k.dpufEntendendo a Velocidade do Ar e Aprendendo a Dominar a Afinao - See more at: http://musicaeadoracao.com.br/43715/entendendo-a-velocidade-do-ar-e-aprendendo-a-dominar-a-afinacao/#sthash.t5hY793d.dpufQuando alteramos a intensidade do som na flauta, por exemplo nos diminuendos e crescendos, notamos que a afinao tende a variar tambm, caindo medida que a intensidade do som diminui, e subindo quando a intensidade do som aumenta. Por que ser que este efeito indesejvel acontece? J pensou a respeito?Para poder entender melhor importante em primeiro lugar conhecer alguns aspectos da produo do som na flauta. Podemos comear analisando que a intensidade do som diretamente proporcional ao volume de ar que entra na flauta, ou seja, quanto mais ar assoprado para dentro do instrumento, maior ser a intensidade do som. A afinao por sua vez, tem uma relao diretamente proporcional velocidade do ar (a velocidade com que o ar atinge o orifcio do bocal), ou seja, quanto mais rpido assopramos mais alta ficar a afinao de uma nota, e vice-versa. Mas quando assopramos mais ar na flauta para fazer um som mais forte (como no caso de um crescendo) involuntariamente fazemos com que a velocidade deste ar tambm aumente, isto porque a abertura por onde este ar est passando no se alterou na mesma proporo que nosso volume de ar aumentou. Da mesma forma, num diminuendo assopramos menos ar, o que faz com que a velocidade do ar tambm diminua.Est confuso? Vamos exemplificar de uma outra forma: a fsica (hidrulica) nos ensina que quando aumentamos a quantidade de gua (ou ar) que percorre um tubo sua velocidade tambm aumenta, e quando diminumos, sua velocidade diminui. Para que a velocidade se mantivesse constante e portanto a afinao , precisaramos que o tubo tivesse medidas proporcionais ao volume de ar que assopramos. Podemos confirmar esta afirmao com uma mangueira de jardim: quando apertamos a extremidade da mangueira provocamos um aumento na velocidade da gua, fazendo com que esta atinja distancias maiores sem no entanto alterarmos a presso da gua que vem do encanamento. Quando fazemos isto, notamos tambm que o volume de gua que sai da mangueira diminui, embora sua velocidade tenha aumentado.Se voc alguma vez j assoprou numa flauta-doce ento tambm j notou que as variaes de dinmica na flauta-doce so extremamente limitadas, isto porque at mesmo pequenas variaes na intensidade da coluna de ar acarretam grandes variaes na afinao (se ainda no experimentou, vale a pena conferir!). Isto se d porque na flauta-doce o canal por onde assopramos o ar possui uma medida fixa, que no pode ser alterada (e tambm porque o ngulo que este ar atinge o bisel aquela lmina que tem no bocal da flauta-doce ou na parede oposta ao orifcio, no caso da flauta transversal tambm fixo, no podendo ser alterado pelo instrumentista). por isto que na flauta-doce a afinao varia tanto: uma vez que o canal por onde assopramos tem uma medida fixa, no h como compensar uma diminuio do volume de ar com uma diminuio na mangueira ou tubo que conduz o ar, ento a velocidade tambm diminui. Se pudssemos variar aquele canal por onde assopramos semelhantemente ao que fazemos com a mangueira de jardim, poderamos controlar melhor a afinao.Mas na flauta transversal ISTO POSSVEL! Podemos facilmente variar a extremidade do tubo que conduz o ar, compensando para evitar estas variaes na afinao. Como o ar que assopramos passa entre o cu da boca e a lngua, e tambm entre os lbios, ento quando fechamos mais a boca (e conseqentemente os lbios) estamos estreitando a passagem do ar e causando um aumento em sua velocidade (como fazemos com a mangueira de jardim), e quando a abrimos, estamos alargando esta passagem e diminuindo sua velocidade. O posicionamento da lngua dentro da boca portanto de fundamental importncia para o controle da sonoridade da flauta!O que precisamos fazer sempre compensar uma variao de volume de ar com uma variao na abertura por onde assopramos o ar, de forma que um efeito anule o outro.Ou seja, quando realizamos um crescendo estamos assoprando cada vez mais ar, o que por sua vez tende a fazer com que a velocidade do ar aumente, levando a afinao a subir tambm. Ento devemos abrir a boca progressivamente para que este aumento do volume de ar seja compensado pelo alargamento da passagem na boca de forma a no alterar a velocidade do ar, e conseqentemente, a afinao. Num diminuendo, devemos proceder de forma oposta, ou seja, medida que vamos assoprando menos ar para diminuir o som (o que tende a causar uma queda na afinao) devemos compensar fechando mais a boca para que a velocidade do ar no diminua e a afinao no caia.Na flauta transversal ainda possvel um outro controle que tambm no existe na flauta-doce como visto anteriormente: a variao do ngulo com que o ar atinge a flauta (mais precisamente o bisel). E isto muito importante, pois quando mudamos este ngulo tambm provocamos uma variao na afinao que pode ser muito til para compensar e evitar variaes na afinao. Esta mudana de ngulo pode ser conseguida atravs de um movimento dos lbios, do queixo ou mesmo da cabea, sendo que se o ar for dirigido mais para baixo (mais verticalmente) a afinao ir abaixar, enquanto que dirigindo o ar mais para cima far a afinao subir. Se combinarmos este movimento de inclinao da cabea com aquele movimento de abrir e fechar a passagem do ar naboca, ento teremos total controle da afinao na flauta, para no desafinar nos crescendos e diminuendos, por exemplo.Parece complicado, mas na verdade este controle se torna automtico com um pouco de prtica. Ento vamos a ela: para adquirir esta tcnica necessrio treinar cada um destes mecanismos separadamente. Comece assoprando ar na sua mo e experimentando com diferentes aberturas da boca, e diferentes posies da lngua, iniciando com a lngua na posio de falar e medida que assopra mova a lngua para a posio i (isto dever produzir um aumento na velocidade do ar), e depois retorne ao o. Depois de exercitar bastante, pegue a flauta e tente tocar a nota si da primeira oitava com a lngua na posio , e sem assoprar mais ar v mudando para a posio i, e veja se consegue emitir o si da oitava acima:

Mas ateno, no vale assoprar mais forte! Lembre do exemplo da mangueira de jardim: voc no precisa abrir mais a torneira para fazer a gua alcanar mais longe, basta apertar a ponta da mangueira. Da mesma forma, no necessrio assoprar mais ar para fazer intervalos, podemos fechar mais a boca. Voc saber que est fazendo corretamente o exerccio quando sentir que:seu som no cresce na oitava de cimavoc no faz nenhum esforo para conseguir o intervaloa oitava de cima vem suavemente e quase como num portamentoRepita muitas vezes e treine com outras notas: sol, sol#, l, l#, do e d#.O passo seguinte treinar as variaes de ngulo: toque o mesmo si do exerccio anterior e inclinando sua cabea para baixo faa com que o si natural abaixe at aproximadamente um si bemol (voc pode abrir um pouco a boca medida que abaixa a cabea para ajudar a abaixar a afinao). Respire, volte a cabea posio inicial e tocando um si bemol faa o mesmo movimento com a cabea para fazer o si bemoldescer at um l natural. Continue desta forma at o d grave da flauta. Repita vrias vezes, e depois faa o oposto: com a cabea inclinada para baixo (e agora com a boca mais aberta), dedilhe um d grave e levantando a cabea (e fechando levemente a boca)faa sua afinao subir meio-tom. Respire, dedilhe d# e faa o mesmo, e assim por diante. Procure dominar bastante esta mecnica.O flautista Keith Underwood (meu professor e que me ensinou estas tcnicas) costumava demonstrar que possvel abaixar ou subir uma nota at um intervalo de tera menor!Agora tente combinar todas estas coisas ao mesmo tempo: toque aquele si mais uma vez em piano (assoprando pouco, deixe a boca mais fechada e a cabea ligeiramente levantada). V aumentando a intensidade da nota lentamente, crescendo at forte medida que abre mais a boca e inclina mais a cabea para baixo, tentando fazer com que a afinao da nota no mude, e depois reduza novamente para piano retornando posio inicial. Repita vrias vezes e tente tambm com outras notas.Este um assunto bastante complexo que merece um estudo cuidadoso de nossa parte.Embora parea difcil, tenho certeza de que quase todo flautista tem ao menos uma noo destes mecanismos, mesmo que intuitiva. Usando estes recursos a seu favor e de forma racional, voc ver que fica muito mais fcil controlar diminuendos, crescendos e fortepianos, assim como corrigir a afinao daquelas notas que so imperfeitas na escala da flauta, conseguindo uma maior uniformidade de timbre e afinao em toda a extenso do instrumento.- See more at: http://musicaeadoracao.com.br/43715/entendendo-a-velocidade-do-ar-e-aprendendo-a-dominar-a-afinacao/#sthash.fQWP29Wg.dpuf

Exerccios de Flexibilidade nos Instrumentos de Metal - See more at: http://musicaeadoracao.com.br/25137/exercicios-de-flexibilidade-nos-instrumentos-de-metal/#sthash.GZLrn0fA.dpufO estudo das flexibilidades fundamento importantssimo nos instrumentos de metal, e que como o prprio nome j diz dar ao msico maleabilidade e fluncia nos vrios registros do instrumento. Aps iniciar o aquecimento com os exerccios de glissandros e a prtica de notas brancas (veja Workshop na edio 135), seguimos com exerccios de flexibilidade mais leves (ex. 4, 5 e 6), aumentando o nvel de dificuldade gradativamente. bom frisar que estes exerccios devem ser executados sem o auxlio da lngua na articulao e na passagem entre uma nota e outra. A lngua somente ser responsvel pelo ataque da primeira nota. Segundo os exemplos mostrados podemos perceber que estes estudos, a partir de um determinado momento (ex. 9 a 13), comeam a mesclar diferentes articulaes (legato e staccato). importante que nas articulaes staccato a coluna de ar se mantenha exatamente da mesma maneira como no legato, ou seja, constante e sem interrupo. A responsvel pela articulao das notas no staccato a lngua. O staccato deve ser executado com o mesmo volume de som do legato (nem mais forte e nem mais piano), e da maneira mais leve possvel, tendo sempre em mente que o staccato deve soar como se fosse um sino ou uma bolinha de ping-pong. Na seqncia, aconselho o estudo das escalas, para o desenvolvimento da tcnica, afinao e fluncia em todas as tonalidades. Estas podem ser executadas de diversas maneiras seguindo diferentes modelos (ex. 14 a 16), e devem sempre ser executadas com os dois tipos de articulao, staccato e legato e em todas as tonalidades, maiores e menores. No trombone de vara a lngua ser usada para articular as notas tanto no legato (conforme artigo de minha autoria no Workshop da Revista Weril, edio 128), quanto no staccato. Nos instrumentos a pisto ou cilindros, o legato dever ser executado sem o auxlio da lngua j que no se faz necessrio tal recurso nestes instrumentos. No legato, o exerccio executado em um andamento um pouco mais rpido para poder ser executado em uma nica respirao. A seqncia completa, inclundo o aquecimento publicado no Workshop da edio 135, tem a durao de mais ou menos uma hora e trinta minutos e acredito que a partir da sua execuo o instrumentista esteja preparado para um dia de trabalho ou de estudo. Lembro ainda, que para melhor aproveitamento dos exerccios importante a orientao de um professor ou de pessoa habilitada. Assim evita-se incorrees na execuo e o desenvolvimento de vcios, decorrentes da repetio sistemtica de erros. Procure tambm executar estes exerccios segundo dois princpios bsicos: Qualidade Total no se permita erros ou falhas; pratique cada exerccio com calma at execut-lo completamente limpo e com correo e s passe para o exerccio seguinte quando o anterior estiver sendo executado com perfeio. Estude de uma maneira musical no se esquea que voc um msico, e no um operrio de produo em srie, portanto pense em execut-los como se fossem parte de uma msica ou de um concerto, da maneira mais musical possvel, at mesmo para tornar o estudo mais interessante e prazeroso. - See more at: http://musicaeadoracao.com.br/25137/exercicios-de-flexibilidade-nos-instrumentos-de-metal/#sthash.GZLrn0fA.dpuf