A flor e a arma flor

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7 JORNAL DO BAIXO GUADIANA - ABRIL 2004 ESPAÇO INFANTIL CENA: Jardim muito florido, carregado de tonalidades vermelhas. Cartazes estili- zados para a compreensão infantil das ini- ciativas da aliança entre o povo português e os militares revolucionários, após a queda do fascismo em Portugal, em 25 de Abril de 1974. Personagens (por ordem de entrada em cena) - Cravo - Rosa - Flor-Negra - Arma-Flor - Multidão No começo tudo é negro. A luz eleva-se lentamente, enquanto a marcha “Sobre as Ondas do Mar” se faz ouvir. Algumas pala- vras do Comunicado do Movimento das For- ças Armadas soam de seguida. Cravo – (entra de rompante, com os de- dos em V de vitória). Vivam as Flores! E vee- mente: - sou a fraternidade, nesta terranova! Adorno os canos das armas-flor e a minha mensagem é de paz e liberdade para este Jardim! Um viva às flores tropicais africa- nas, sedentas da nossa união! A minha cor é a esperança da vida a renascer... Rosa – (vinda a pequenos passos graci- osos). Bom dia! – E feliz: - Que bom nasce- res de novo neste Jardim! Cravo – As Flores-Negras, Rosa! As Flo- res-Negras do Monte da Cobiça tinham-me trancado num jardim sem Sol. Mas, hoje, a Arma-Flor foi ao Monte da Cobiça, derrubou- as e pôs todos os cravos em liberdade, to- dos! Rosa – Tinha ficado com a dor de te ver partir, nem sabes o quanto sofri, meu cravo! Noites a fio na vigília das lágrimas e do si- lêncio, olhando pelas florinhas que brota- vam neste Jardim sombrio sem o teu am- paro e companhia, esperando, sempre es- perando por ti! Nem sabes o quanto sofri! Cravo – E eu Rosa! Atrás das grades sem sentido, rodeado pelas Flores-Negras, as mais horríveis, ofendido, torturado, ape- nas por ter pretendido que as flores nascem e são iguais e de igual modo devem ser am- paradas. Por querer este Jardim mais belo e para todos, com borboletas esvoaçando li- vres e os pássaros a entoar hinos à paz! Rosa – (firme) O pesadelo acabou! Es- tás de novo na nossa companhia, és livre! Criaremos mais flores e faremos deste jar- dim o melhor de todos os jardins! O Sol será convidado permanente e jamais terás a es- curidão! E, de todos os jardins do Mundo, flores hão-de vir para nos visitar! Cravo – (reconhecido) Graças à Arma- Flôr, Bela planta desta Primavera renovada. Este Abril será o início de uma nova era das nossas vidas! – E melancólico: Estive tanto tempo encerrado... Rosa – O teu vermelho ainda é vivo! Cravo – Nada apaga a cor da esperança das flores! Rosa – A minha cor é mais suave, mas sou amor puro e, como todas as mulheres, doce... Agora tu, Cravo, tu és a Revolução! Um ruído sinistro troa. Entra a Flor-Ne- gra Flor-Negra – Quem falou em revolução? Cravo – O amor! Rosa – A justiça! Flor-Negra – Essa cor – aponta o cravo – é a do sangue! Os traidores aos jardins oci- dentais espalharam-na por este Jardim pá- trio. Salvé flores do passado imorredouro! As Armas-Flor, já para os seus jardins aquar- telados! Arma-Flor – Cala-te maldita! Insistes em espalhar a tua peçonha? Cala-te ou a honra de minha justiça se abaterá sobre ti! Flor-Negra – A liberdade... Arma-Flor – (imperiosa e firme) Cala-te!!! Ao Cravo prendes-te num jardim sem Sol, onde as suas mais belas pétalas murcha- vam rumo ao Outono da vida. “A Rosa en- cheste de solidão e lágrimas roubando-lhe a companhia do cravo. Vai-te! Ela, ele e eu esmagar-te-emos!. Flor-Negra – O vermelho trai o jardim...! A Luz esmorece, até que tudo fica ene- grecido. Um baile de figuras vestidas de negro, com máscaras de dentes afiados, co- mandadas pela Flor-Negra, percorre o jar- dim. Surgem cravos, rosas e armas-flor, in- terrompem o bailado e expulsam essas fi- guras, ao som de uma marcha triunfal. Flor-Negra – (ainda em cena). É o caos! É o caos...! (retira-se em fuga) Arma-Flor – (apontando a Flor-Negra). A tua cantiga, aos olhos das flores deste Jar- dim, já perde o significado. Já se começa a entender a paz dos cravos, nascida de Abril! De agora em diante, nascerão livres as pe- quenas flores! Rosa – Que susto! Pensei que te levari- am de novo... Cravo – Já sou forte, meu amor! As Ar- mas-Flor estão a meu lado e os meus ir- mãos já saem comigo à rua, quando as Flo- res-Negras atacam! Até as flores de outras cores se põem do nosso lado e entendem a nossa luta. São já tantas, tantas...! Rosa – E como se deu tudo isto? Porque voltavam as flores-negras? Cravo – Foi uma Flor-Negra, a Espinha, traiçoeira. Quis murchar os cravos deste jar- dim. Temos de estar alerta. Eles querem dominar as flores.-tropicais que vivem lon- ge de nós, noutros jardins além-mar e que também desejam ser livres e independen- tes. Arma-Flor – A Espinha não vencerá! Nos cá estaremos ao vosso lado. A terra onde nascemos, os regadores, a água, os poços, os adubos, têm de estar ao serviço de todas as flores. E ajudaremos as nossas amigas flores tropicais a quem nos obrigaram a combater durante tanto tempo, para que elas também sejam livres. Uma multidão multicolor de pequenas florinhas irrompe manifestando-se. Multidão – Abaixo as Flores-Nedras! Abaixo as Flores-Negras! Cravo – (perante a multidão)Hoje, meus irmãos infligimos uma grande derrota à flo- res-negras! A liberdade deste Jardim, o seu perfume mais belo, as visitas do Sol e das abelhas estão garantidas. As manobras da Flor-Negra, da Espinha, foram derrotadas! As comemorações dos 30 anos do 25 de Abril são um dos destaques deste número, e devido a esse facto, decidimos publicar uma peça de Teatro Infantil, escrita pelo nosso colega de redacção José Cruz, logo após se ter dado o acontecimento. Foi já posta em cena no teatro infantil de Vila Real de Santo António. Para nós é uma novidade, aqui fica! Teatro Infantil A Flor e a Arma-Flor ramentas na mão. O Cravo é o primeiro a dar o exemplo, mostrando-se mais aplica- do no trabalho e orientando as outras flores. Numa pausa em que todos se erguem para limpar o suor: Cravo – Só teremos bonito este jardim quando os regadores, os poços, a água e a terra onde crescemos forem nossos, por- que nós somos quem trabalha. Juntos à Arma-Flor iremos arrebatar das Flores-Ne- gras todas essas coisas. Para que não nos obriguem mais a trabalhar de Sol a Sol e se apropriem dos néctares deste Jardim! Um zumbido terrível enche os ouvidos, parece uma enorme abelha, quase um avião. Há um estrondo, uma flor cai. A Flor-Negra aparece sorrateira, agredindo o Cravo de forma traiçoeira. Ele cai desamparado. Flor-Negra - (triunfal) – Ah! Apanhei-te! Querias ficar com o meu jardim, hem! Agora dou-te o golpe de misericórdia e depois a todas as outras flores! – (virando-se para estas, assustadas) – Vocês! Têm de traba- lhar para mim toda a vida! Queriam o meu jardim, hem? Eu já vos digo! A Flor-Negra apronta-se para destruir o Cravo. Ouve-se a marcha “Sobre as Ondas do Mar”. A Arma-Flor entra acompanhada de rosas e cravos. Juntam-se às outras flores que ganham coragem. Manietam a Flor-Ne- gra. Arma-Flor – Declaro que os regadores são nossos, os poços são nossos, a água é nossa. Para que os cravos e rosas e as demais flores deste Jardim cresçam livre- mente e se multiplique o Jardim da Liberda- de. Multidão – (manifestando-se). – Luz, cor, viva Arma-Flor! Cravo – Irmãos, somos muitos! Vamos Fazer, com o nosso trabalho, um Jardim belo e cheio de paz! Outra Flor-Negra assoma. Arma-Flor – atentos Às flores-negras, muita vigilância, para que este jardim seja sempre nosso e nele valha a pena viver! União das flores com as armas-flor! Cravos – União das flores com as ar- mas- flor! Multidão – União das flores com as ar- mas-flor! (Várias vezes). Luz, cor, viva a arma- flor! Unidos venceremos! A Flor-Negra foge espavorida. Ouve-se a marcha “Sobre as Ondas do mar”. FIM Ilustrações Ana da Luz Este jardim será melhor com a vossa união. Avancemos, pois, nós, as flores, todas as flores, de braço dado com a Arma-Flor e vi- veremos felizes no nosso jardim. Multidão – Abaixo as Flores-Negras! Viva a Arma-Flor! Viva a amizade das flores com a Arma-Flor! De novo soa a marcha “Sobre as ondas do mar”. A Arma-Flor e a multidão retiram-se. Rosa – A Arma-Flor está vigilante! Pediu- nos trabalho para embelezarmos o nosso jardim. Cravo – Já viste, Rosa, como este Jar- dim está diferente? O céu, a luz do Sol, a alegria das flores nossas irmãs, tudo chei- ra de novo a vida intensa! Reforçaremos a nossa unidade! Saem abraçados. Ouve-se, então, um ruído sinistro. Um avião. A Flor-Negra asso- ma. Do outro lado o Cravo aparece a correr. Grita: Cravo – Vai Rosa, vai! Chama a Arma- Flor. As intenções da Espinha ainda são más. Vai dizer-lhe que querem de novo o negro neste Jardim! Rosa – Como sabes? Cravo – Não vês como a Flor-Negra as- soma a cabeça? Rosa – (espreitando). E digo-lhe que não nos dão a água e os adubos? Cravo – Que nos tiram tudo! Enquanto Rosa sai a correr, entram al- gumas flores de vários matizes, enxada na mão, entoando hinos ao trabalho produtivo. Cavam, regam, fertilizam. Outras flores abrem furos, erguem poços, tiram água, fer-

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Teatro infaltil. Alegoria ao 25 de Abril de 1974 em Portugal

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7JORNAL DO BAIXO GUADIANA - ABRIL 2004ESPAÇO INFANTIL

CENA: Jardim muito florido, carregadode tonalidades vermelhas. Cartazes estili-zados para a compreensão infantil das ini-ciativas da aliança entre o povo português eos militares revolucionários, após a quedado fascismo em Portugal, em 25 de Abril de1974.

Personagens(por ordem de entrada em cena)

- Cravo- Rosa- Flor-Negra- Arma-Flor- Multidão

No começo tudo é negro. A luz eleva-selentamente, enquanto a marcha “Sobre asOndas do Mar” se faz ouvir. Algumas pala-vras do Comunicado do Movimento das For-ças Armadas soam de seguida.

Cravo – (entra de rompante, com os de-dos em V de vitória). Vivam as Flores! E vee-mente: - sou a fraternidade, nesta terranova!Adorno os canos das armas-flor e a minhamensagem é de paz e liberdade para esteJardim! Um viva às flores tropicais africa-nas, sedentas da nossa união! A minha coré a esperança da vida a renascer...

Rosa – (vinda a pequenos passos graci-osos). Bom dia! – E feliz: - Que bom nasce-res de novo neste Jardim!

Cravo – As Flores-Negras, Rosa! As Flo-res-Negras do Monte da Cobiça tinham-metrancado num jardim sem Sol. Mas, hoje, aArma-Flor foi ao Monte da Cobiça, derrubou-as e pôs todos os cravos em liberdade, to-dos!

Rosa – Tinha ficado com a dor de te verpartir, nem sabes o quanto sofri, meu cravo!Noites a fio na vigília das lágrimas e do si-lêncio, olhando pelas florinhas que brota-vam neste Jardim sombrio sem o teu am-paro e companhia, esperando, sempre es-perando por ti! Nem sabes o quanto sofri!

Cravo – E eu Rosa! Atrás das gradessem sentido, rodeado pelas Flores-Negras,as mais horríveis, ofendido, torturado, ape-nas por ter pretendido que as flores nasceme são iguais e de igual modo devem ser am-paradas. Por querer este Jardim mais belo epara todos, com borboletas esvoaçando li-vres e os pássaros a entoar hinos à paz!

Rosa – (firme) O pesadelo acabou! Es-tás de novo na nossa companhia, és livre!Criaremos mais flores e faremos deste jar-dim o melhor de todos os jardins! O Sol seráconvidado permanente e jamais terás a es-curidão! E, de todos os jardins do Mundo,flores hão-de vir para nos visitar!

Cravo – (reconhecido) Graças à Arma-Flôr, Bela planta desta Primavera renovada.

Este Abril será o início de uma nova era dasnossas vidas! – E melancólico: Estive tantotempo encerrado...

Rosa – O teu vermelho ainda é vivo!Cravo – Nada apaga a cor da esperança

das flores!Rosa – A minha cor é mais suave, mas

sou amor puro e, como todas as mulheres,doce... Agora tu, Cravo, tu és a Revolução!

Um ruído sinistro troa. Entra a Flor-Ne-gra

Flor-Negra – Quem falou em revolução?Cravo – O amor!Rosa – A justiça!Flor-Negra – Essa cor – aponta o cravo –

é a do sangue! Os traidores aos jardins oci-dentais espalharam-na por este Jardim pá-trio. Salvé flores do passado imorredouro!As Armas-Flor, já para os seus jardins aquar-telados!

Arma-Flor – Cala-te maldita! Insistes emespalhar a tua peçonha? Cala-te ou a honrade minha justiça se abaterá sobre ti!

Flor-Negra – A liberdade...Arma-Flor – (imperiosa e firme) Cala-te!!!

Ao Cravo prendes-te num jardim sem Sol,onde as suas mais belas pétalas murcha-vam rumo ao Outono da vida. “A Rosa en-cheste de solidão e lágrimas roubando-lhea companhia do cravo. Vai-te! Ela, ele e euesmagar-te-emos!.

Flor-Negra – O vermelho trai o jardim...!

A Luz esmorece, até que tudo fica ene-grecido. Um baile de figuras vestidas denegro, com máscaras de dentes afiados, co-mandadas pela Flor-Negra, percorre o jar-dim. Surgem cravos, rosas e armas-flor, in-terrompem o bailado e expulsam essas fi-guras, ao som de uma marcha triunfal.

Flor-Negra – (ainda em cena). É o caos!É o caos...! (retira-se em fuga)

Arma-Flor – (apontando a Flor-Negra). Atua cantiga, aos olhos das flores deste Jar-dim, já perde o significado. Já se começa aentender a paz dos cravos, nascida de Abril!De agora em diante, nascerão livres as pe-quenas flores!

Rosa – Que susto! Pensei que te levari-am de novo...

Cravo – Já sou forte, meu amor! As Ar-mas-Flor estão a meu lado e os meus ir-mãos já saem comigo à rua, quando as Flo-res-Negras atacam! Até as flores de outrascores se põem do nosso lado e entendem anossa luta. São já tantas, tantas...!

Rosa – E como se deu tudo isto? Porque

voltavam as flores-negras?Cravo – Foi uma Flor-Negra, a Espinha,

traiçoeira. Quis murchar os cravos deste jar-dim. Temos de estar alerta. Eles queremdominar as flores.-tropicais que vivem lon-ge de nós, noutros jardins além-mar e quetambém desejam ser livres e independen-tes.

Arma-Flor – A Espinha não vencerá! Noscá estaremos ao vosso lado. A terra ondenascemos, os regadores, a água, os poços,os adubos, têm de estar ao serviço de todasas flores. E ajudaremos as nossas amigasflores tropicais a quem nos obrigaram acombater durante tanto tempo, para queelas também sejam livres.

Uma multidão multicolor de pequenasflorinhas irrompe manifestando-se.

Multidão – Abaixo as Flores-Nedras!Abaixo as Flores-Negras!

Cravo – (perante a multidão)Hoje, meusirmãos infligimos uma grande derrota à flo-res-negras! A liberdade deste Jardim, o seuperfume mais belo, as visitas do Sol e dasabelhas estão garantidas. As manobras daFlor-Negra, da Espinha, foram derrotadas!

As comemorações dos 30 anos do 25 de Abril são um dos destaques deste número, e devido a esse facto,decidimos publicar uma peça de Teatro Infantil, escrita pelo nosso colega de redacção José Cruz, logo após

se ter dado o acontecimento. Foi já posta em cena no teatro infantil de Vila Real de Santo António.Para nós é uma novidade, aqui fica!

Teatro InfantilA Flor e a Arma-Flor

ramentas na mão. O Cravo é o primeiro adar o exemplo, mostrando-se mais aplica-do no trabalho e orientando as outras flores.

Numa pausa em que todos se erguempara limpar o suor:

Cravo – Só teremos bonito este jardimquando os regadores, os poços, a água e aterra onde crescemos forem nossos, por-que nós somos quem trabalha. Juntos àArma-Flor iremos arrebatar das Flores-Ne-gras todas essas coisas. Para que não nosobriguem mais a trabalhar de Sol a Sol e seapropriem dos néctares deste Jardim!

Um zumbido terrível enche os ouvidos,parece uma enorme abelha, quase um avião.Há um estrondo, uma flor cai. A Flor-Negraaparece sorrateira, agredindo o Cravo deforma traiçoeira. Ele cai desamparado.

Flor-Negra - (triunfal) – Ah! Apanhei-te!Querias ficar com o meu jardim, hem! Agoradou-te o golpe de misericórdia e depois atodas as outras flores! – (virando-se paraestas, assustadas) – Vocês! Têm de traba-lhar para mim toda a vida! Queriam o meujardim, hem? Eu já vos digo!

A Flor-Negra apronta-se para destruir oCravo. Ouve-se a marcha “Sobre as Ondasdo Mar”. A Arma-Flor entra acompanhada derosas e cravos. Juntam-se às outras floresque ganham coragem. Manietam a Flor-Ne-gra.

Arma-Flor – Declaro que os regadoressão nossos, os poços são nossos, a águaé nossa. Para que os cravos e rosas e asdemais flores deste Jardim cresçam livre-mente e se multiplique o Jardim da Liberda-de.

Multidão – (manifestando-se). – Luz, cor,viva Arma-Flor!

Cravo – Irmãos, somos muitos! VamosFazer, com o nosso trabalho, um Jardim beloe cheio de paz!

Outra Flor-Negra assoma.Arma-Flor – atentos Às flores-negras,

muita vigilância, para que este jardim sejasempre nosso e nele valha a pena viver!União das flores com as armas-flor!

Cravos – União das flores com as ar-mas- flor!

Multidão – União das flores com as ar-mas-flor! (Várias vezes). Luz, cor, viva a arma-flor! Unidos venceremos!

A Flor-Negra foge espavorida.Ouve-se a marcha “Sobre as Ondas do

mar”.

FIMIlustrações Ana da Luz

Este jardim será melhor com a vossa união.Avancemos, pois, nós, as flores, todas asflores, de braço dado com a Arma-Flor e vi-veremos felizes no nosso jardim.

Multidão – Abaixo as Flores-Negras! Vivaa Arma-Flor! Viva a amizade das flores coma Arma-Flor!

De novo soa a marcha “Sobre as ondasdo mar”. A Arma-Flor e a multidão retiram-se.

Rosa – A Arma-Flor está vigilante! Pediu-nos trabalho para embelezarmos o nossojardim.

Cravo – Já viste, Rosa, como este Jar-dim está diferente? O céu, a luz do Sol, aalegria das flores nossas irmãs, tudo chei-ra de novo a vida intensa! Reforçaremos anossa unidade!

Saem abraçados. Ouve-se, então, umruído sinistro. Um avião. A Flor-Negra asso-ma. Do outro lado o Cravo aparece a correr.Grita:

Cravo – Vai Rosa, vai! Chama a Arma-Flor. As intenções da Espinha ainda sãomás. Vai dizer-lhe que querem de novo onegro neste Jardim!

Rosa – Como sabes?Cravo – Não vês como a Flor-Negra as-

soma a cabeça?

Rosa – (espreitando). E digo-lhe que nãonos dão a água e os adubos?

Cravo – Que nos tiram tudo!

Enquanto Rosa sai a correr, entram al-gumas flores de vários matizes, enxada namão, entoando hinos ao trabalho produtivo.Cavam, regam, fertilizam. Outras floresabrem furos, erguem poços, tiram água, fer-