A FLORESTA E A ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES POLÍTICAS, PEDAGÓGICAS E SOCIOAMBIENTAIS PRODUZIDAS ENTRE O...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPIRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO, POLITICA E SOCIEDADE
TARCISIO LOPES WANDENKOLKEN VINICIUS DE ARAUJO PRIMO
A FLORESTA E A ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES POLÍTICAS, PEDAGÓGICAS E SOCIOAMBIENTAIS PRODUZIDAS ENTRE O CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE DA FONTE
GRANDE, O ENSINO DE GEOGRAFIA E COTIDIANOS ESCOLARES
VITÓRIA
2015
TARCISIO LOPES WANDENKOLKEN
VINICIUS DE ARAUJO PRIMO
A FLORESTA E A ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES POLÍTICAS,
PEDAGÓGICAS E SOCIOAMBIENTAIS PRODUZIDAS ENTRE O CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE DA FONTE
GRANDE, O ENSINO DE GEOGRAFIA E OS COTIDIANOS ESCOLARES
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Departamento de Educação, Politica e Sociedade, do Centro de Educação, da Universidade Federal do Espirito Santo, como requisito para obtenção do grau de Licenciado em Geografia. Orientador: Profº. Dr. Soler Gonzalez Co-orientador: Wilson de Souza
VITORIA
2015
TARCISIO LOPES WANDENKOLKEN VINICIUS DE ARAUJO PRIMO
A FLORESTA E A ESCOLA: CONTRIBUIÇÕES POLÍTICAS, PEDAGÓGICAS E SOCIOAMBIENTAIS PRODUZIDAS ENTRE O CENTRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO PARQUE DA FONTE
GRANDE, O ENSINO DE GEOGRAFIA E OS COTIDIANOS ESCOLARES
COMISSÃO EXAMINADORA
______________________________
Prof. Dr. Soler Gonzalez
Universidade Federal do Espírito Santo
______________________________
Prof (a). Ms. Andreia Teixeira Ramos
Universidade de Sorocaba
______________________________________
Wilson de Souza Géografo – Prefeitura Municipal de Vitória
VITORIA
2015
AGRADECIMENTOS
Pela construção dessa importante pesquisa e chegar a essa etapa do curso
de Licenciatura de Geografia, foi preciso contar com importantes pessoas. Mas
primeiramente em contar com Deus, que é o gerador da vida, e que se não existisse
vida certamente nada disso teria sequer sido pensado. E assim também destacar a
minha família, amigos, minha namorada, pelo amor e paciência que tiveram em me
apoiar nesses momentos de tantas dificuldades, mas acima de tudo de vitórias.
Seria também injusto não destacar nessa oportunidade os professores que ao longo
da graduação, me deram a oportunidade de construir e desconstruir pensamentos e
ideias. Além do João e do seu Luís, moradores do parque, que nos receberam de
porta abertas, sendo muito solícitos; a direção do Centro de Educação Ambiental do
Parque da Fonte Grande, e aos demais CEA´s que nos ajudaram muito.
Pela paciência e amor, agradeço aos meus pais, Beth e Chico, tudo aquilo
que se dispuseram a abrir mão para me ajudar nessa caminhada, amo vocês! A
Deus, aquele que me da, a cada dia, forças para prosseguir. A minha irmã, pelo
amor incondicional. Agradeço aos tão falados, sujeitos praticantes, que acabam por
se tornar amigos. João, sua esposa e filhos, seu tio Luís, obrigado por abrir suas
casas e nos receber tão carinhosamente. A EMEF Rita de Cássia, e seus
educandos que ativamente construíramesse projeto. Ao Professor Soler, que a cada
encontro, conversa sempre nos incentivou a construirmos outros olhares para com o
outro. Certeza que sem suas orientações, nada disso poderia ter sido coletivamente
construído. A Professora Andreia que nos deu a honra de estar presente na banca,
suas contribuições serão muito bem vindas. Aos amigos da Gerencia de Educação
Ambiental, que ao longo de dois anos de estágio pude fazer, em especial, Fábio,
Tania, Cida, Kati e sem sombra de dúvida, ao Wilson, que me supervisionou durante
essa passagem na prefeitura. Grato de poder aprender tanto sobre esse universo
que me atrevo a entrar. Seu trabalho é de excelência, e espero ter esse carinho,
amor e dedicação evidentes em você. Obrigado...
Os problemas ambientais foram criados por homens e
mulheres e deles virão as soluções. Estas não serão
obras de gênios, de políticos ou tecnocratas, mas sim de
cidadãos e cidadãs - Marcos Reigota
RESUMO
Pensamos essa pesquisa como sendo um espaço aberto para se
problematizar os saberes socioambientais, e assim visibilizar as práticas
pedagógicas cotidianas daqueles a qual nós chamamos como sendo os “Moradores
da Floresta”, através das pesquisas com os cotidianos. Entendemos que as práticas
cotidianas desses sujeitos, estão carregadas de sentidos políticos, éticos,
socioambientais, geográficos e pedagógicos, que podem contribuir em diversos
espaços em nossa sociedade. Nesse sentido, o objetivo geral desta pesquisa se
constituiu em problematizar os saberes socioambientais e geográficos de moradores
que residem nas áreas do Parque Estadual da Fonte Grande, sendo denominados
aqui como moradores da “floresta”, e as contribuições politicas, pedagógicas e
socioambientais desses saberes para o Centro de Educação Ambiental do Parque e
os cotidianos escolares da região. Nossos objetivos específicos consistiram em
mapear saberes socioambientais e geográficos produzidos pelos moradores do
parque, com entrevistas-conversadas e narrativas, e, acompanhar no cotidiano
escolar, como os saberes geográficos e socioambientais dos moradores do parque
atravessam as atividades do CEA e o ensino de Geografia. Para tal análise,
utilizamos como produção de dados, os diários de campo, narrativas, fotografias e
entrevistas conversadas, com os moradores do Parque da Fonte Grande, que nos
permitiram irmos aonde esses sujeitos de fato estabelecem suas atividades
cotidianas, assim como as atividades realizadas pelo Centro de Educação
Ambiental, em conjunto com o cotidiano e a comunidade escolar.
Palavras chave: saberes socioambientais; cotidiano escolar; ensino de Geografia;
narrativas; Centro de Educação Ambiental.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEA – Centro de Educação Ambiental
PEFG – Parque Estadual da Fonte Grande
RMGV – Região Metropolitana da Grande Vitória
IDAF – Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal
SEMMAM – Secretaria Municipal de Meio Ambiente
PMV – Prefeitura Municipal de Vitória
SEAMA – Secretária de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hidricos
SEME – Secretária Municipal de Educação
APA – Area de Proteção Ambiental
SNUC – Sistemana Nacional de Unidades de Conservação
IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico e Cultural
EMEF – Escola Municipal de Ensino Fundamental
SUMÁRIO
Capítulo 1: Aproximações com a temática da pesquisa e com o Parque
Estadual da Fonte Grande. ....................................................................................... 9
1.2. Potencialidades socioambientais e geográficas do Parque da Fonte Grande e
suas aproximações com o ensino da Geografia e a educação ambiental. ............ 14
Capítulo 2: Perspectivas de Educação Ambiental e de ensino de Geografia no
contexto da pesquisa .............................................................................................. 18
2.1. Movimentos da Educação Ambiental nos contextos oficiais e das políticas
governamentais...................................................................................................... 19
2.2. Educação Ambiental pós-moderna e geografias menores .............................. 23
Capítulo 3: Conversas com os “moradores da floresta” do Parque da Fonte
Grande: contribuições metodológicas para o ensino de geografia e a educação
ambiental. ................................................................................................................. 29
3.1. O Centro de Educação Ambiental do Parque Estadual da Fonte Grande ...... 31
3.2. O Centro de Educação Ambiental, o ensino de Geografia e o cotidiano
escolar. .................................................................................................................. 34
4. Considerações Finais ......................................................................................... 46
5. Referencias .......................................................................................................... 48
9
Capítulo 1: Aproximações com a temática da pesquisa e com o
Parque Estadual da Fonte Grande.
Os questionamentos e a proposta desta temática de pesquisa surgiram com
nossas aproximações com o maciço central, a educação ambiental, o centro de
Vitória e com o Centro de Educação Ambiental (CEA), do Parque Estadual da Fonte
Grande (PEFG), praticando visitas monitoradas nas trilhas interpretativas e
conversando com os estudantes e visitantes.
Com as experiências das visitas monitoradas, trilhas percorridas nas matas e
as conversas com os moradores do parque, temos a oportunidade de aprendermos
e compartilharmos saberes, vivenciando diferentes educações ambientais praticadas
pelos moradores da floresta, descortinando outras temporalidades e modos de viver
na cidade. O Parque Estadual da Fonte Grande abriga uma área de 218 hectares de
remanescentes de Mata Atlântica no Maciço Central de Vitória.
10
A história de criação do parque se efetiva em meados dos anos 19801, sendo
que em anos anteriores, a cidade e a Ilha de Vitória viveram um notável crescimento
territorial e demográfico, com ocupações que são naturalmente limitadas pelos
diversos canais fluviais, manguezais, litoral e o Maciço Central de Vitória, formado
por morros e vales.
A intensa ocupação demográfica2 após a segunda metade do século XX foi
motivada pela crise cafeeira e a implementação dos Grandes Projetos Industriais,
como o Porto de Vitória, Arcelor Mittal Tubarão, antiga Companhia Siderúrgica de
Tubarão (CST) e a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) atual Vale, que ocasionou
o êxodo rural.
1 O parque foi criado pela Lei nº 3.875, de 30 de julho de 1986. (Plano de Manejo, 1996)
2 O foco do trabalho não é em problematizar o processo de ocupação da Ilha de Vitória,
somente um breve contexto. Para uma leitura mais aprofundada indicamos o livro: O Novo Arrabalde, CAMPOS JUNIOR, C.T; 1ª. ed. Vitória: PMV, Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 1996. v. 1. 250p .
11
Devido às singularidades naturais de uma ilha litorânea, rodeada por áreas
protegidas e de ecossistemas costeiros, como praias, restingas, manguezais, canais
fluviomarinhos, e com sua parte central recoberta por fragmentos de Mata Atlântica
de Encosta, foi necessário criar espaços e alternativas para conter a ocupação
urbana nestas áreas naturais. Mesmo assim, atualmente as áreas de manguezais,
restinga e as encostas do maciço central estão indevidamente ocupadas por
moradias.
A cidade de Vitória possui 13 parques3 municipais oferecendo variadas
opções de lazer, atividade física ou simplesmente a contemplação da paisagem. O
Parque Estadual da Fonte Grande figura entre essas possibilidades que a cidade
oferece à população. O principal diferencial do parque é o seu uso, constituindo um
parque natural com fragmentos de Mata Atlântica de encosta e com locais em
processo de regeneração. O parque se caracteriza como um espaço de extrema
importância para o município de Vitória e aos municípios da Região Metropolitana da
Grande Vitória (RMGV)4.
O Parque Estadual da Fonte Grande oferece aos visitantes, infraestrutura
com sede administrativa, Centro de Educação Ambiental (CEA) promovendo visitas
monitoradas com estudantes e grupos de visitantes, realizando e contribuindo com
ações de pesquisa, educativas, trilhas interpretativas e mirantes.
Diante das potencialidades pedagógicas e das ações do CEA do Parque da
Fonte Grande, apostamos neste trabalho acadêmico, na possibilidade de
problematizar os saberes socioambientais e geográficos dos moradores que habitam
as encostas e matas do parque e suas relações cotidianas com o parque, com as
aproximações teóricas e metodológicas entre o ensino de Geografia e a Educação
Ambiental.
As fotografias encontradas ao longo do nosso trabalho assumem a função de
serem imagensnarrativas, que têm como objetivo potencializar e proliferar sentidos e
outros possíveis nos leitores e leitoras, de maneira que algumas imagensnarrativas
serão apresentadas sem legendas. Somado a isso pensamos também em dar asas
à imaginação do que pode ser observado no trabalho, não limitando os olhares por
3 Disponível em: http://www.vitoria.es.gov.br/cidade/parques, acessado em: 11/11/2015. 4 Criada pela Lei Complementar Estadual nº58/95, a Região Metropolitana (RM) da Grande
Vitória é composta por 7 municípios.
12
meio de legendas ou identificações genéricas, que tendem a levar os olhares por
apenas um caminho.
Diante da complexidade do campo problemático da pesquisa, apresentamos
algumas problematizações: que saberes socioambientais e geográficos são
produzidos pelos moradores que vivem na área do parque? Como esses saberes se
entrelaçam com as atividades do CEA e com o ensino de Geografia? Como esses
saberes podem contribuir de modo político e ético com as práticas pedagógicas do
CEA?
Nesse sentido, o objetivo geral desta pesquisa consiste em problematizar os
saberes socioambientais e geográficos de moradores que residem nas áreas do
Parque Estadual da Fonte Grande, sendo denominados aqui como “moradores da
floresta”5, e as contribuições politicas, pedagógicas e socioambientais desses
saberes para o Centro de Educação Ambiental do Parque e os cotidianos escolares
da região.
Como objetivos específicos foram mapear saberes socioambientais e
geográficos produzidos pelos moradores do parque, com entrevistas-conversadas e
narrativas, e, acompanhar no cotidiano escolar, como os saberes geográficos e
socioambientais dos moradores do parque atravessam as atividades do CEA e o
ensino de Geografia.
A pesquisa demandou idas ao campo de estudo, sendo necessário
compreendermos as trajetórias dos sujeitos praticantes do cotidiano (ALVES, 2003).
Atrásves das pesquisas com o cotidiano foi sendo construído esse trabalho,
teorizando a partir da prática.
A complexidade do campo problemático da pesquisa apresenta
singularidades socioambientais que podem ser encontradas nos modos de vida das
comunidades que vivem nas encostas, nas manifestações culturais, conflitos de
terra com o parque, memórias, histórias de vida, conflitos urbanos e impactos
ambientais.
Dessa forma podemos problematizar as possibilidades geográficas e
socioambientais das memórias, saberes, trilhas, mirantes, práticas culturais, conflitos
5 A presente pesquisa se inspira no livro “A Floresta e a Escola: por uma educação ambiental
pós-moderna” – 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2011, de Marcos Reigota. Buscando o entrelaçamento
entre o Parque da Fonte Grande e o cotidiano escolar da EMEF Rita de Cássia Oliveira.
13
e lugares do Parque da Fonte Grande, e que aguçam nossas sensibilidades,
ampliando nossos modos de perceber a cidade de Vitória, com outros pontos de
vista.
No desejo de problematizar as vivências e experiências cotidianas praticadas
pelos moradores do parque e pelo CEA, pretendemos potencializar ações de
educação ambiental que aproximam esses espaçostempos e seus saberes
socioambientais e geográficos, contribuindo com a realização de projetos de
Educação Ambiental que contemple as aproximações entre escolas, moradores e
CEA do parque.
Com isso, desejamos disseminar ideais, princípios e objetivos da educação
ambiental, com uma aposta ética, política e estética, comprometida com a
participação e diálogo de saberes, com a Escola Municipal de Ensino Fundamental,
Rita de Cassia Oliveira, localizada no entorno do macico central de Vitoria.
Os sujeitos praticantes envolvidos na pesquisa foram os estudantes e
professores/as do Programa Educação em Tempo Integral, e que desenvolvem
práticas pedagógicas com o Centro de Educação Ambiental do Parque da Fonte
Grande, potencializando a criação de espaços de convivência (MATURANA, 2012) e
de aprendizagens, com as visitas monitoradas pela equipe do CEA da Fonte
Grande.
14
1.2. Potencialidades socioambientais e geográficas do Parque da
Fonte Grande e suas aproximações com o ensino da Geografia e a
educação ambiental.
Dentre os parques existentes na cidade de Vitória, o Parque Estadual da
Fonte Grande possui uma singularidade: a de ser a maior área de mata atlântica do
município. Criada a Lei Nº 9.985, de 18 de Julho de 2000, que gerou o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação – SNUC. Ao ser instituído, o SNUC
estabelece critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de
conservação.
Pela definição dada no SNUC em seu Capitulo 1, Art. 2º, entende-se por:
Unidade de Conservação um espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo
aguas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituído
pelo Poder Publico, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime
especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
Em seu Capitulo 2, Art. 4º, o SNUC estabelece objetivos que norteiam os
usos desses espaços como Unidade de Conservação - UC. Todos voltados para a
manutenção da biodiversidade, preservação e conservação da fauna e flora local,
como a paisagem natural, as características geológicas, geomorfológicas entre
outras. Outro objetivo é: favorecer condições e promover a educação e interpretação
ambiental, a recreação em contato com a natureza e o turismo ecológico. E,
proteger os recursos naturais necessários a subsistência de populações tradicionais,
respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e
economicamente.
15
Além disso, há uma subdivisão na categoria que essa unidade entrará sendo:
uma Unidade de Proteção Integral ou de Uso Sustentável. Em particular, a Fonte
Grande se enquadra na Unidade de Proteção Integral, sendo definida como Parque
Natural, que quando criada pelo estado ou município, em seu Art. 11, orienta que
serão denominados, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.
O objetivo principal de uma Unidade de Proteção Integral é preservar a
natureza, admitindo apenas o uso indireto dos recursos naturais, excetuando-se
alguns casos previstos em lei.
16
O Parque da Fonte Grande possui uma importância histórica e isso se
evidencia no momento em que ao local é atribuído nome. Antigamente, a Ilha de
Vitória era abastecida por duas fontes: a Fonte Limpa e a Fonte Grande (Plano de
Manejo, 1986) culminando em dois chafarizes.
Além dos aspectos hídricos na região e na atualidade, o que chama atenção
no local é a presença de uma exuberante faixa de Mata Atlântica de Encosta. Sendo
esse um dos fatores principais para a criação do parque, a fim de se preservar esse
bioma, levando em consideração a fauna e flora existente ali e também, mostrando a
preocupação dos órgãos competentes no controle da ocupação de áreas de risco.
O governo estadual declarou através do decreto nº 3.095 de 30 de setembro
de 1985, a área do atual Parque Estadual da Fonte Grande como de preservação
permanente com uma área inicial de 257 ha. Posteriormente, em 31 de julho de
1986 a Lei nº 3.875 confirma a proteção da área, com a criação do Parque Estadual
da Fonte Grande que teve sua área reduzida para 216 ha (Vitória 1992). Segue
alguns fios da conversa com um membro da equipe do Parque da Fonte Grande em
relação a criação do parque.
17
Na realidade o fator primordial, fundamental para a criação do parque foi
quando o vice governador Zé Morares entrou com um trator aqui na frente do
mirante do Mochuara e foi fazendo a estrada que tem aquela trilha que agora a
gente faz manutenção, né ?! Ele foi com o trator até lá embaixo e o objetivo era
chegar lá no fundo do Vale do Ganda e fazer um condomínio fechado. Se a
comunidade não tivesse mobilizado, não tivesse entrado com um mandado de
segurança, embargado a obra dele e tal, hoje em dia a gente não teria o Parque da
Fonte Grande, a gente teria um bairro ali no meio que consequentemente em volta ia
povoar tudo né, ia ter pedaços de mata, lotes de mata e não parque como é hoje em
dia.
Embora sua área encontra-se dividida (Glebas A e B), esta Unidade de
Conservação de Proteção Integral possui todos os seus limites envolvidos pela Área
de Proteção Ambiental - APA6 do Maciço Central, que atua como zona de
amortecimento.
Em 1996, foi assinado um contrato de gestão entre o município e o estado,
pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF) dando início à sua gestão
municipal por parte da Secretária Municipal de Meio Ambiente, sendo apresentado o
Plano de Manejo7.
Embora este parque ainda não possua um regimento interno publicado, trata-
se de única UC no município devidamente implantada e com conselho próprio em
atividade, criado pelo Decreto Municipal nº 11.947, de 2 junho de 2004. Desta forma,
a categoria de manejo desta UC encontra-se perfeitamente enquadrada, atendendo
as características gerais de uso atual.
6 Área de Proteção Ambiental: é uma em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana,
dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida
e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica,
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade de alguns recursos naturais. (SNUC, 2000) 7 Plano de Manejo: documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma
unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o
manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação de estruturas físicas necessárias a gestão da Unidade.
(Roteiro Metodológico de Planejamento, 2002)
18
Capítulo 2: Perspectivas de Educação Ambiental e de ensino de
Geografia no contexto da pesquisa
Apostamos neste trabalho, numa Educação Ambiental que amplie nossos
olhares e a capacidade de perceber e problematizar nossas práticas e relações
cotidianas, considerando que vivemos em tempos no qual o sistema capitalista nos
convida, a todo o momento, a sermos consumidores em larga escala.
A educação ambiental como educação política enfatiza antes a questão “por que” fazer do que “como” fazer. Considerando que a educação ambiental surge e consolida num momento histórico de grandes mudanças no mundo, ela tende a questionar as opções políticas atuais e a própria educação escolar e extraescolar, quando preocupadas em transmitir conteúdos científicos que terão utilidade apenas para os concursos e exames” (REIGOTA, 2012, p. 14 e 15)
Assumimos aqui a responsabilidade de problematizarmos nossas práticas
cotidianas, afastando-nos das concepções de uma educação ambiental passiva, e
que se manifesta através de velhos clichês, do tipo, “vamos preservar a natureza” ou
“salvem o planeta”, e, é justamente nesse sentido, que Reigota (2012) nos lembra
que a educação ambiental é antes de tudo “política e questionadora”. Precisamos
lembrar que a Educação Ambiental não está “fora do sujeito”, e que só é possível
sua absorção quando passamos por caminhos acadêmicos para alcança-lá, ou seja,
ela é uma condição que está inserida em nós.
É digno também destacar que podemos sim repensar nossas práticas e
relações cotidianas, buscando uma autoleitura do modo em que vivemos e das
problemáticas socioambientais que nos atravessam. Para isso, trazemos aqui
algumas leituras que contribuem para essa análise de uma educação ambiental
numa perspectiva pós-moderna, dialogando com as noções de Belinaso Guimarães
e Sampaio (2012).
Atividades de educação ambiental, como as que mencionamos antes, colocam em operação discursos, imagens e modos de subjetivação conectados ao dispositivo da sustentabilidade, com o propósito de produzir sujeitos conscientes do seu papel na construção de sociedades sustentáveis. (BELINASO, L.; SAMPAIO, M.S. 2012.)
Apostamos então, nas perspectivas de uma Educação Ambiental pós-
moderna, principalmente ao problematizarmos, nos cotidianos escolares, práticas
pedagógicas denominadas como sustentáveis.
19
Cabe realçar que nos interessa combater as narrativas que produzem certa estabilidade, previsibilidade, homogeneidade nos modos de se pensar as práticas pedagógicas em torno das questões ambientais. Defendemos uma pedagogia que promova fissuras, ranhuras no dispositivo da sustentabilidade” (GODOY, 2008; Preve et al., 2012)
Por isso uma das propostas deste presente trabalho, inerentes a Educação
Ambiental, consiste em expor outros saberes e práticas se aprender e de ensinar,
outros rumos e caminhos alternativos para se construir diferentes “geo-grafias”.
A Educação Ambiental permeada pelos “moradores da floresta”, aqui por nós
destacada, nos mostra como esses sujeitos e moradores do parque da Fonte
Grande, praticam seus cotidianos, por isso, apresentamos e apostamos nas
potencialidades e nas contribuições políticas, pedagógicas e socioambientais destes
saberes e fazeres, aproximando-nos das noções de Oliveira Jr. (2009) por meio do
que ele denomina como “geografias menores.
2.1. Movimentos da Educação Ambiental nos contextos oficiais e
das políticas governamentais.
Nosso meio ambiente tem sido extremamente explorado devido aos atuais
modos de produção associados aos padrões culturais, diante disso, surgem
questões que nos incitam a problematizar, como as praticas cotidianas dos
moradores do Parque da Fonte Grande podem auxiliar na construção coletiva de um
ambiente mais justo para todos.
Dessa forma, apresentaremos aqui alguns movimentos da educação
ambiental praticada nos contextos oficiais e nas políticas governamentais, nas
esferas mundiais, estaduais e municipais. Nesse sentido, compartilharemos esses
movimentos, tendo como ponto de partida, o ano de 1968, quando foi realizado em
Roma, um encontro dos países industrializados, cuja pauta discussões envolveiam o
consumo, as reservas de recursos naturais não renováveis e o crescimento da
população mundial.
Alguns anos após esse encontro, em 1972, aconteceu a Primeira Conferencia
Mundial sobre o Ambiente Humano, promovido pela Organização das Nações
Unidas (ONU) em Estocolmo, Suécia, na qual foram discutidos a importância do
processo educativo e o potencial da educação ambiental.
20
Em meio a essas questões, preocupações, os países que possuíam
empresas potencialmente poluidoras, viram nas multinacionais a saída para dar
continuidade aos seus processos de produção. E a saída para esses países foi a
instalação das empresas nos países em desenvolvimento.
O Brasil estava passando por um período conhecido como milagre
econômico, governado por uma ditadura civil-militar, tendo o desenvolvimento como
meta e pautado em um ideal de desenvolvimento a todo o custo. O Brasil, e a
América latina estavam de braços abertos para as empresas poluidoras, que em
muitos casos estavam proibidas de continuar a produção em seus próprios países.
Para os governantes, a poluição era o preço a se pagar pelo progresso.
Durante esse período foi criado a Secretaria Especial de Meio Ambiente –
SEMA, constituindo o primeiro órgão a nível nacional direcionado ao meio ambiente.
É de se esperar a atuação limitada desse órgão, se analisarmos a conjuntura politica
em que fora criado. É elaborado então a Politica Nacional de Meio Ambiente8, pela
Lei 6.938 de 31 de Agosto de 1981, onde encontramos certo movimento por uma
educação ambiental.
Assim, dispõe a Politica Nacional de Meio Ambiente de 1981, em seu art. 2
(inciso X)
Art. 2. A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os seguintes princípios: [...] X - a educação ambiental a todos os níveis de ensino, incluindo a educação da comunidade, com o objetivo de capacitar para participação ativa na defesa do meio ambiente.
Alguns anos após a Conferencia de Estocolmo foi realizada no Rio de Janeiro
a Conferencia das Nações Unidas para o Meio Ambiente em Desenvolvimento.
No período de vinte anos que separa as Conferências da ONU- de Estocolmo em 1972 e a do Rio de Janeiro em 1992- houve uma veloz mudança nas ideias sobre a ecologia tanto nos países do Norte quando nos do Sul.” (REIGOTA, 1999, p.39)
No ano de 1992, durante a Conferência conhecida como Rio 92, realizada na
cidade do Rio de Janeiro, é elaborado um documento voltado a sustentabilidade, a
8 Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm> acessado em: 16 de Novembro de 2015
21
justiça social e a paz, denominado de Carta da Terra, que possui alguns princípios
básicos para que se alcance uma qualidade de vida esperada, através de uma
construção coletiva, promovendo o espírito de solidariedade.
Além da Carta da Terra, é proposto também a chamada Agenda 21, onde se
propõe medidas de se conciliar o crescimento econômico e social dos países e a
preservação do meio ambiente, tendo como um dos pontos de discussão a
participação da sociedade civil, que ganha um importante protagonismo.
A “formação” do cidadão e cidadã ganha visibilidade e a educação ambiental
deixa de ser vista ou praticada por pequenos grupos militantes. Além dessa, outras
conferências oficiais se efetivaram apontando a importância de se pensar maneiras
e possíveis soluções para os problemas ambientais.
No Brasil, em suas várias esferas públicas, foram criadas leis que instituem as
politicas e programas de educação ambiental com objetivos e metas bem
estruturados e definidos.
Dispõe então, a Política Nacional de Educação Ambiental - PNEA, criada pela Lei nº
9.795, de 27 de abril de 1999 em seu primeiro capítulo define educação ambiental
como:
[...] processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.
De acordo então com a Lei, a participação popular é essencial para que o
processo educativo então se concretize. Mas será que o processo foi feito de forma
a valorizar a cultura, as experiências e práticas vivenciadas por aqueles moradores?
E mais, o quão a lei está se aproximando da realidade vivida por aquela
comunidade, que tem ali uma relação com a terra diferentemente do modo que o
SNUC propõe?
A PNEA cria também através do decreto nº 4.281/2002 o seu órgão gestor,
sendo composto pelo Ministério da Educação - MEC e Ministério do Meio Ambiente
– MMA. Os ministérios tem a função de coordenar a política, definir diretrizes e
supervisionar os possíveis programas.
Um dos pontos dessa política é a questão da transversalidade por eles defendida. A
educação ambiental então não se limitaria a se constituir em apenas uma disciplina,
permeando os mais variados conteúdos e com caráter multidisciplinar. Dessa lei,
22
surge o Programa Nacional de Educação Ambiental – ProNEA, constituindo um
instrumento de participação social para o seu planejamento, execução e avaliação.
Os estados e municípios devem então seguir as diretrizes e parâmetros
estabelecidos pela PNEA e pelo ProNEA. No Estado do Espirito Santo, o órgão
gestor responsável pela Educação Ambiental instituida é a Secretaria de Estado da
Educação – SEDU e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
– SEAMA sendo definidos pela Lei nº 9.265, de 16 Julho de 2009, definindo a
educação ambiental como:
Art. 2. Os processos permanentes de ação e reflexão individual e coletiva voltados para a construção de valores, saberes, conhecimentos, atitudes e hábitos, visando uma relação sustentável da sociedade humana com o ambiente que integra
O Programa Estadual está ainda em construção, sendo que durante essa
proposta de pesquisa foram desenvolvidas oficinas a fim de se definir propostas
para a elaboração do programa.
No município de Vitória, a Lei nº 8.695 de 2014, institui a Politica Municipal de
Educação Ambiental, em que tem como órgão gestor as Secretarias de Meio
Ambiente - SEMMAM e Secretaria Mudenicipal de Educação - SEME.
Cabe aqui questionarmos o processo de institucionalização da Educação Ambiental
pelo poder do Estado, ou seja, como fica o potencial político e contra-hegemônico da
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educação ambiental, uma vez que ela se torna institucionalizada? Quais as
consequências da institucionalização da Educação Ambiental por um Estado que
tem como princípios, o modo de produção capitalista e o consumo? São questões
que movem nosso modo de pensar e de problematizar a Educação Ambiental.
2.2. Educação Ambiental pós-moderna e geografias menores
Além da educação ambiental oficial dos Estados-nações e dos governos,
apostamos aqui no potencial contra-hegemônico e descolonizador das Educações
Ambientais praticadas na vida cotidiana, ressaltando aqui as ideias de Reigota
(2012), que antes dessa Educação Ambiental oficial, muitos grupos e pessoas, da
forma mais discreta ou ativa, já realizavam ações educativas e pedagógicas bem
próximas desse termo posteriormente surgido.
Os apontamentos feitos por esse autor indicam algumas reflexões para
pensarmos nas noções de meio ambiente e de educação ambiental. No livro O que
é Educação Ambiental (2012), Reigota nos convida à ficarmos atentos às nossas
relações cotidianas.
[...] um lugar determinado e/ou percebido onde estão em relação dinâmica e em constante interação os aspectos naturais e sociais. Essas relações acarretam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e políticos de transformações da natureza e da sociedade. (REIGOTA, 2012, p.36)
Suas ideias nos levam a problematizar nossa cultura moderna que caminha
em uma direção em que exclui o ser humano da própria natureza, ou seja, ele não é
concebido mais como um elemento da natureza, um ser que a compõem. E dessa
forma, essa atitude parece dar ao ser humano, a isenção em todas as
consequências provocadas à natureza em que vive. É como se os males causados à
natureza, pautados na destruição, poluição e total “desamor”, não fossem ter uma
consequência para si e para a vida no planeta.
Apostamos aqui numa noção de Educação Ambiental que se constitui em
espaços de discussões considerando aspectos políticos, sociais, culturais e
socioambientais do nosso modo de vida contemporâneo, a fim de se debater, junto
as mais diversas áreas de estudo, “o que, e aonde” se pretende chegar, quando
analisamos a forma com que se estabelece a atitude humana no ambiente onde
vive.
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Dessa forma Reigota (2012) traz a ideia de convívio mútuo, na qual a espécie
humana é chamada para um lugar de onde ele não pode se ocultar, que é a própria
natureza. Esse distanciamento inventado, da humanidade em relação à natureza,
fundamenta nossas ações éticas, estéticas e políticas, cujas graves consequências
exigem, neste início de século, respostas pedagógicas e políticas concretas e
rápidas contra o antropocentrismo9. Desconstruir e problematizar essa noção
antropocêntrica, é um dos princípios éticos e políticos da educação ambiental pós-
moderna (Reigota, 2012) que acreditamos e apostamos com este trabalho
acadêmico.
Quando afirmamos e definimos a educação ambiental como educação politica, estamos afirmando que o que deve ser considerado prioritariamente na educação ambiental é a analise das relações politicas, econômicas, sociais e culturais entre a humanidade e a natureza e as relações entre os seres humanos, visando a superação dos mecanismos de controle e de dominação que impedem a participação livre, consciente e democrática de todos[...]na buscas de soluções e alternativas que permitam a convivência digna e voltada para o bem comum. (REIGOTA, 2012, p.13)
Dialogando com as ideias acima, o biólogo chileno Humberto Maturana
(2004), em uma de suas entrevistas feitas à Revista Humanitates10, exposta no
seminário de comemoração dos 10 anos do Mestrado em Educação da
Universidade Católica de Brasília, foi perguntado acerca de como ele via a
Democracia no momento atual.
Eu penso que o que se passa com a democracia é que tanto está fundada na possibilidade de colaborar para um projeto comum de mútuo respeito como se vê ligada por outras dinâmicas emocionais que se entrecruzam com ela, que tem a ver com noções filosóficas ou políticas, mas que enfatizam justamente a competição ou a desconfiança e o controle. Ou seja, se estamos gerando um espaço de colaboração na convivência em que apareça a competição, será destrutor da própria colaboração. Agora, se estamos gerando uma democracia, ou se queremos viver uma democracia que seja essencialmente um espaço de colaboração de pessoas que se respeitam a si mesmas, em um projeto comum, que é a convivência democrática em que apareçam noções de competição ou atitudes de competição, dependendo, é claro, do grau desta competição, como por exemplo, em nossa cultura, neste momento, toda a visão do comércio que se associa ao estímulo da cobiça, é destruidora da democracia. (MATURANA, 2004)
9 O Antropocentrismo tratado neste presente momento, a partir de análises daquilo que trás
Marcos Reigota (2012), acerca da relação humano/ espaço natural, refere-se ao fato de que não podemos dissociar essa relação mútua e de convivência, serhumano/ natureza, a fim de colocar o serhumano como o centro, o destaque, ditador das regras no meio onde vive. Sem esclarecer que toda ação humana, na natureza, possui uma reação. E essa por sua vez, de fato afetará o mesmo aonde estiver. 10
Disponível em <http://www.humanitates.ucb.br/2/entrevista.htm> Acessado em: 18 de Novembro de 2015
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Podemos perceber o potencial ético e político da colaboração, da convivência
e do respeito em uma sociedade democrática, na qual o desejo do sujeito afetará
inevitavelmente o espaço social de todos, e é justamente nessa convivência
amorosa cotidiana que podemos aprender a negociar conflitos, tensões e diferenças
nas relações cotidianas.
A partir dessa análise podemos entender que a Educação Ambiental, na
atualidade, se configura como uma contestação política e social com o intuito de
potencializar práticas coletivas, solidárias, participativas e libertárias. Ou seja,
assumir a responsabilidade de proporcionar outras formas de postura política, ética
e estética nas relações de convivência na vida cotidiana, que nos permita, como diz
Reigota (2012) “... Superação dos mecanismos de controle e de dominação que
impedem a participação livre, consciente e democrática de todos”.
É possível aqui fazer algumas observações, com inspirações a partir das
ideias e do pensamento de Humberto Maturana, Marcos Reigota e Paulo Freire,
principalmente em seu livro “Pedagogia da Autonomia (1996) ”, pensando assim na
Educação como dimensão política, ética, estética, humana e crítica.
Nesse caso, como educadores/as, precisamos provocar nos cotidianos
escolares, reflexões e debates sobre as problemáticas socioambientais dos lugares
que vivemos, incluindo debates de temas das mais diversas escalas. Por isso,
assuntos relacionados a condição dos bairros onde os estudantes moram, as
condições em que vivem, a escola onde eles estudam, a participação, e, o ambiente
familiar em que são pertencentes; devem estar “ a flor da pele” nos cotidianos
escolares.
Por que não aproveitar a experiência que têm os alunos de viver em áreas da cidade descuidadas pelo poder público para discutir, por exemplo, a poluição dos riachos e dos córregos e os baixos níveis de bem-estar das populações, os lixões e os riscos que oferecem à saúde das gentes. Por que não há lixões no coração dos bairros ricos e mesmo puramente remediados dos centros urbanos? Esta pergunta é considerada em si demagógica e reveladora da má vontade de quem a faz. É pergunta de subversivo, dizem certos defensores da democracia. (FREIRE, 1996, p.15)
Sendo assim, e inspirado em Paulo Freire (1996), apostamos aqui na
intenção de problematizarmos e ampliarmos, no cotidiano escolar, as nossas
possibilidades pedagógicas para além do instituído e dominante, é uma alternativa
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potente para criarmos um espaço de convivência e de aprendizagem acerca das
realidades em que vivemos.
Por que não discutir com os alunos a realidade concreta a que se deva associar a disciplina cujo conteúdo se ensina, a realidade agressiva em que a violência é a constante e a convivência das pessoas é muito maior com a morte do que com a vida? Por que não estabelecer uma necessária “intimidade” entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos? (FREIRE, 1996, p.15)
Nos Inspiramos também em algumas contribuições do pensamento de
Humberto Maturana, para problematizarmos as questões socioambientais na
atualidade, considerando as diferentes temporalidades, culturas e escalas espaciais,
entendendo e assumindo nossas responsabilidades locais e globais. Em uma de
suas entrevistas, o autor provoca em nós algumas ideias em relação a questão,
“para quem seria a conservação da natureza”, questionando as narrativas que
enfatizam nossa pretensão de sermos os salvadores da vida no planeta.
... a conservação não é pela Terra, não é pela biosfera, é por nós. A biodiversidade é importante para nosso bem-estar fisiológico, psíquico, estático. O grande dom dos seres humanos é que podemos criar tecnologia, mas, também, podemos detê-la, nos livrar das máquinas quando deixam de adequar-se ao que queremos; é uma questão de desejo.” (Entrevista feita com cientista chileno Humberto Maturana 17/08/2015- Antroposmoderno)
Que pretensão é essa, de acharmos que somos “melhores” que o planeta, a
água e o ar, e que podemos, enquanto seres humanos, salvar a vida no planeta?
Precisamos refletir sobre nossas relações cotidianas e de convivência,
potencializando uma ética que considere o outro como legítimo outro.
A educação ambiental como condição politica, ética e estética, está
comprometida com a afirmação e ampliação da cidadania, liberdade e autonomia,
visando e buscando que o cidadão, possa ser sujeito ativo no processo de
construção da sociedade, e em busca por melhores condições de convivência e bem
comum.
Conforme preconiza Reigota (2012), a proposta ética, política e estética da
educação ambiental e sua possível contribuição, está em fornecer subsídios para a
construção de uma aliança coletiva onde seres humanos e a natureza possa
conviver e sobreviver com dignidade.
A educação ambiental deve ser entendida como politica, no sentido que ela reivindica e prepara os cidadãos e cidadãs para exigir e construir uma
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sociedade com justiça social, cidadanias (nacional e planetária), autogestão e ética nas relações sociais e com a natureza (Reigota, 2012, p.14)
Pensando assim, apostamos nas dimensões éticas e políticas das relações
de convivência na vida cotidiana, trazendo para nossa proposta de trabalho,
procedimentos metodológicos pautados nos diálogos, entrevistas, conversas e
observações com moradores do Parque da Fonte Grande, equipe do CEA e
comunidade escolar, considerados aqui como sujeitos praticantes da pesquisa
(ALVES, 2003).
Os sujeitos praticantes da pesquisa produzem saberes geográficos e
socioambientais em seus cotidianos, considerados aqui como educações
ambientais, dialogando assim como as ideias de Reigota, que em seu livro, O que é
educação ambiental (2012), relata que a educação ambiental nasce em nosso
cotidiano, que é repleto de práticas e relações socioambientais com o mundo em
que vivemos.
Por isso enquanto sujeitos, que nos movemos pelas relações que
estabelecemos com o outro e com o meio, não podemos aqui achar que a educação
ambiental, teve exatamente uma data para o seu surgimento. Se assim fosse,
desconsideraríamos os saberes e fazeres socioambientais e geográficos dos
“moradores da floresta” e sujeitos praticantes da pesquisa, que existem, antes
mesmo de se pronunciar o que viria a ser educação ambiental.
São sujeitos e “moradores da floresta” que dialogam com o solo onde plantam
e moram e as aguas, quando ainda haviam, bebem e se refrescam. Esses saberes e
fazeres permeiam os cotidianos de várias comunidades há séculos, sendo assim
seria “forçar a barra” acharmos que seríamos os responsáveis por “transmitir
conhecimentos” e ensiná-los a sobreviver no lugar onde estão.
Por isso é necessário entender que os sujeitos praticantes já estão ali e
inseridos no meio onde vivem, envolvendo e sendo envolvidos com o lugar onde
cotidianamente produzem suas práticas, suas educações ambientais e suas
geografias menores.
A partir das narrativas e das entrevistas-conversadas dos sujeitos praticantes
apresentaremos os saberes socioambientais e as geografias menores dos
“moradores da floresta”, que muitas vezes são colocados à “margem”, mas que são
extremamente ricos e permeados pelas suas relações com o Parque da Fonte
Grande.
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Sendo assim, nossos procedimentos metodológicos pretenderam aproximar
os saberes geográficos e socioambientais e o ensino de Geografia, com inspirações
no pensamento do professor Wenceslao de Oliveira Junior (2009), ao destacar, que
há outras formas de enxergar, perceber, sentir e praticar o meio em que vivemos,
assim também como existem outras formas de linguagem de se trabalhar o ensino
de Geografia.
Quando estamos em nosso campo problemático de pesquisa, no Parque
Estadual da Fonte Grande, e nos deparamos com as diversas potencialidades de
ensinos de Geografia, que podem emergir daquele local e das experiências,
relações de convivência e com o meio ambiente, abrimos espaços para aguçarmos
olhares outros, que certamente não podem ser capturados em livros didáticos e nas
propostas curriculares oficiais.
O ensino de Geografia praticado nas experiências com o lugar e com as
sensações, gestos e emoções, ampliam as possibilidades de ser um simples
conjunto de temas e conceitos “enciclopédicos”, distantes dos estudantes e de seus
cotidianos, trazendo aos processos de aprender e ensinar, as experiências,
sentidos, fazeres e saberes, desencadeado outros olhares.
Com as fotografias produzidas no campo problemático da pesquisa,
entrevistas-conversadas com os moradores da floresta, equipe do CEA e
professores/as, tentamos acompanhar os movimentos e atravessamentos entre os
saberes que são produzidos nos espaçostempos da pesquisa. Sendo assim, as
narrativas, fotografias e as idas à campo, foram procedimentos metodológicos
fundamentais para problematizarmos as educações ambientais pós-modernas e as
geografias menores praticadas.
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Capítulo 3: Conversas com os “moradores da floresta” do Parque
da Fonte Grande: contribuições metodológicas para o ensino de
geografia e a educação ambiental.
Com o tempo a chuva vai indo embora...
quando minha mãe era viva chuvia mais.
Neste capítulo faremos uma sistematização do projeto de EA realizado entre
o CEA e o cotidiano da EMEF Rita de Cássia Oliveira, por meio de oficinas,
encontros e atividades de EA realizadas nos espaçostempos da escola e do Parque
Estadual da Fonte Grande, com a intenção de apresentarmos as contribuições
metodológicas com as entrevistas-conversadas, diário de campo e fotografias, que
possibilitaram as aproximações entre os saberes geográficos e socioambientais
produzidos nas relações entre “moradores da floresta”, equipe do CEA e sujeitos
praticantes do cotidiano escolar.
No diálogo com um dos moradores da floresta como sujeitos praticantes da
pesquisa foi possível perceber, com as narrativas e entrevistas-conversadas as
relações de cuidado com o ambiente local e com o território do Parque da Fonte
Grande.
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Deixa eu perguntar para o senhor, Seu Luiz, o senhor cuida daqui com muito
amor né, o senhor foi criado aqui né ?
— Agora eu já estou desanimado, a planta está ruim e a água sumiu, tem que
ficar molhando. Hoje não chove...quando eu era menino, começava uma chuvinha,
de noite, de tardezinha, ai você podia deixar molhando e ia a noite toda, e
amanhecia enxarcada. Hoje não, hoje começa uma chuva batendo na telha e vai
logo embora. Não chove não, acabou. Com o tempo a chuva vai indo embora.
Quando minha mãe era viva, chuvia mais. Cada ano a chuva vai embora. Mas o
povo não acredita isso não.... Aonde vai achar água? Daqui mais alguns dias, o
prefeito, o governo, não acha mais água não. Eles querem recuperar a água, mas
eles não querem a chuva, vai vir água de onde? Eles são estudados, mas eles são
burros! Vai fabricar água? Com o tempo não vai chover mais não, e ai eu quero ver
aonde é que eles vão achar água”.
Ao nos depararmos com a narrativa deste antigo morador do parque,
conhecemos seus saberes socioambientais locais, suas geografias menores
(Oliveira Jr., 2009). Seu Luiz com suas narrativas expressa problemáticas
socioambientais locais.
Seu Luiz talvez não tenha tido a oportunidade de estar por muito tempo na
escola, ou se de fato não esteve, mas como nativo de uma das poucas porções de
Mata Atlântica ainda restantes no estado, esbanja sensibilidade, ao declarar tudo
aquilo que vem sentindo, através de um saber que não se adquire em livros
didáticos, ou mesmo na escola, mas na convivência cotidiana com o lugar.
Por isso o tema da educação ambiental não pode ser tratado por um viés
passivo, sem ação, mas deve haver um propósito para sua existência.
Problemáticas socioambientais como as narradas pelo morador, contribuem para
repensarmos politicamente nossas relações cotidianas e o modo de vida que hoje
fazemos parte e reproduzimos.
Queremos nos solidarizar aqui, com as inumeras familias que perderam tudo
quanto tinham, no crime socio-ambiental promovido pela mineradora Samarco,
tendo como principais acionistas a também mineradora Vale e a empresa algo-
australiana, BHP. O rompimento da barragem de Fundão ocorreu no dia 5 de
novembro de 2015, ocasionando a inundação de vários distritos e os rejeitos usados
nos processos indústriais foram lançados nos rios, principalmente o Rio Doce.
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O acidente, noticiado pela midia, impactou significativamente a vida das
pessoas que habitavam ali, tendo além de seus bens materiais perdidos, também a
vida de seus familiares, amigos, bem como suas lembranças, memórias…vivencias.
Como se isso não bastasse, o Rio Doce, que corta o estado do Espirito Santo foi
tristemente condenado, com a lama de rejeitos despejada em seu leito.
3.1. O Centro de Educação Ambiental do Parque Estadual da Fonte
Grande
Um Centro de Educação Ambiental, para ser devidamente
implantado/construído, necessita seguir algumas orientações ou recomendações
vindas por parte do Ministério do Meio Ambiente – (MMA) 2011, solicitando a
presença de uma equipe multidisciplinar, espaço físico adequado e um Projeto
Politico Pedagógico.
O CEA é um espaço onde projetos e ações de educação ambiental estão
sempre em foco. Dentre essas recomendações, alguns objetivos foram elencados,
para que a efetividade do CEA seja alcançada e que os resultados sejam
perceptíveis. Em sua Recomendação nº11, de 04 de Maio de 2011, os objetivos que
o CEA busca promover são:
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1. disponibilizar informações de caráter socioambiental para o desenvolvimento das atividades de educação ambiental;
2. incentivar processos de reflexão crítica sobre os problemas ambientais atuais, visando à revisão de valores e comportamentos individuais e sociais aos quais se relacionam;
3. promover ações formativas e de capacitação em educação ambiental; 4. desenvolver atividades interpretativas, de sensibilização, de contato
com a natureza e de interpretação histórico-cultural; 5. delinear e implementar projetos, processos e eventos relacionados à
educação ambiental; 6. articular e apoiar grupos, entidades, instituições e pessoas para
potencializar ações comunitárias locais; 7. constituir-se em espaço educativo, de lazer e de convivência, com a
realização de atividades lúdicas, esportivas e culturais; 8. desenvolver projetos de pesquisa, produção ou socialização do
conhecimento, inclusive os saberes locais, tradicionais e originais; 9. promover o intercâmbio científico, técnico e cultural entre os CEAs,
entidades e órgãos nacionais e estrangeiros na área socioambiental.
O CEA Fonte Grande, assim como os demais Centros de Educação
Ambiental do município de Vitória, desenvolvem projetos e ações em diversas
regiões da cidade, sendo pretendida em seu Programa da Gerencia de Educação
Ambiental (PROGEA) a atuação dos CEAs como “elementos disseminadores” da
Educação Ambiental, configurando-se como polo irradiador dessas ações (PPP do
CEA da Fonte Grande, 2006).
Os CEAs seriam “bases” espalhadas pelo município onde a abrangência das
informações, a sensibilização e construção/desenvolvimento de atitudes críticas
podem ser mais efetivas. Além do que, o compartilhamento das experiências e a
vivencia com as comunidades existentes no entorno dos parques sejam melhores
aproveitadas.
Na conversa tecida com a equipe do CEA do Parque da Fonte Grande, o
educador ambiental e geógrafo, fez ponderações importantes em relação a algumas
dessas recomendações dadas pelo Ministério do Meio Ambiente:
O ideal é que você tenha uma equipe multidisciplinar, ou seja, profissionais de
diversas áreas trabalhando dentro do Centro de Educação Ambiental, o que na
atualidade não acontece aqui porque sou Geógrafo e tenho estagiários de
Geografia, o interessante era que, além de educador ambiental Geógrafo, tivesse
uma educadora ambiental Bióloga, ou outra educadora ambiental Pedagoga, quer
que seja Turismóloga, Socióloga... porque essas pessoas têm outro olhar sobre o
trabalho que a gente desenvolve, senão fica focado só naquele olhar da Geografia,
do Geógrafo.
33
O local, propriamente dito, onde se localiza o CEA, é comumente denominado
Centro de Visitantes, até por que não dispõe de uma estrutura independente da
administração, sendo aproveitada uma sala para o desenvolvimento, planejamento
das ações e projetos que o CEA Fonte Grande irá desenvolver. Ademais, um
auditório é utilizado onde são ministradas palestras, formações e outras atividades
de cunho ambiental. Quanto a infra-estrutura e equipe do CEA, segue alguns fios da
conversa com o educador ambiental do Parque.
O Ministério do Meio Ambiente também recomenda que além de uma equipe
multidisciplinar, tenha um espaço físico adequado e na realidade o espaço físico
atual não foi pensado/planejado nem sequer arquitetonicamente para conceber um
Centro de Educação Ambiental. Então essa Unidade de Conservação tem um
Centro de Visitantes que vai diferir de um centro de educação ambiental. O Centro
de Visitantes tem uma administração, tem uma sala de técnicos, que a gente ocupa
aqui como centro de educação ambiental e tem um auditório para educação
ambiental, um hall de entrada que deveria ser um espaço para exposições ao longo
do ano, dos trabalhos do centro de visitantes, quer seja educação ambiental, quer
seja interpretação ambiental.
A recomendação do Ministério do Meio Ambiente a respeito da elaboração de
um Projeto Politico Pedagógico é importante, pois constitui um documento onde será
desenvolvido propostas de ações a se concretizarem, além de envolver diversos
sujeitos, onde processos reflexivos, críticos e de construções de novas ideias
possam surgir, modificando o ambiente em que se encontram.
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É a partir da elaboração do Projeto Politico Pedagógico, das definições de
seus objetivos e do que se espera alcançar, que as mais diversificadas formas de
ensino são possibilitadas. O CEA e o Parque da Fonte Grande dispõem de inúmeras
possibilidades de ensino, pesquisa e formação de professores/as.
3.2. O Centro de Educação Ambiental, o ensino de Geografia e o
cotidiano escolar.
A aposta do trabalho consiste no fluir da conversa, na convivência, nas
relações. É por meio da conversa que percebemos a simplicidade das coisas sem
desmerecer o “conhecimento” ali impresso na fala. É nesse movimento de aceitação
do outro que as relações são criadas e (re)criadas e são carregadas de emoção.
E mais, como nos incita Maturana, a aceitação do outro junto a nós só nos
enriquece, pois é das relações éticas entre os seres humanos baseada nas
conversas e no compartilhamento da vida cotidiana que está a potencia da vida.
Foi se baseando nas experiências de Maturana que a pesquisa foi se
encaminhando. Através do compartilhamento das experiências do outro e das
nossas com eles, que as questões foram sendo respondidas pouco a pouco.
O CEA desenvolve projetos de trilhas interpretativas, onde escolas
previamente agendadas vão ao parque a fim de se tornar mais agradável e palpável
os modos de aprender-ensinar, por meio de aulas de campo.
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Queremos enfatizar aqui, o compromisso que o CEA tem com a educação
ambiental, apostando também nos saberes geográficos e socioambientais, e nas
educações ambientas praticadas e compartilhadas entre os visitantes do parque. É
nesse sentido que o ensino de geografia e a educação ambiental se aproximam,
quando buscamos potencializar os saberes geográficos e socioambientais dos
visitantes, que em sua maior parte são invisibilizados, e que constituem movimentos
de geografias menores (OLIVEIRA Jr., 2009) tecidas nas relações com o parque e
entre si.
As geografias menores (OLIVEIRA Jr., 2009), não é no sentido de
inferioridade ou desqualificação diante das geografias ditas “maiores”, mas, como
saberes que vão muito além daquilo que se está em evidência nos livros didáticos e
na nossa formação acadêmica. São saberes que desestabilizam e ampliam as
possibilidades do que está prescrito, abrindo espaço para as experiências
compartilhadas nas relações que são estabelecidas no encontro entre as pessoas,
saberes e no encontro com o parque.
Geografias menores: estas são como ilhas no entorno do continente da geografia maior, são potências de expansão desse continente, são também as primeiras aproximações desse continente para quem vem do oceano livre e flutuante do pensamento...(OLIVEIRA Jr. 2009)
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As ideias acima se aproximam também das noções que Paulo Freire nos
ensina, em seu livro Pedagogia da Autonomia (1996), quando ele nos incita a
respeitar os saberes que os educandos possuem.
Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, à escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os da classes populares, chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas também, como há mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos.” (FREIRE, 1996, p. 15)
As trilhas interpretativas realizadas pela equipe do CEA da Fonte Grande
potencializam modos de aprender e de ensinar Geografia, assim como relações
socioambientais com o parque, criando diálogos de saberes. Apesar das
abordagens realizadas entre a equipe do CEA e os grupos de visitantes, atenderem
aos objetivos pré-definidos, outros movimentos, experiências e saberes são
produzidos e compartilhados na relação com o parque e nas redes de conversações.
Pelas trilhas podemos compartilhar questões relacionadas à Mata Atlântica,
encostas, fauna, flora, maciço central, solos, rochas, memórias coletivas e demais
experiências vivenciadas. Com os mirantes são possíveis problematizações que
envolvem as noções de paisagem, espaço, lugar, território e muitos outros aspectos,
como é o caso do mirante do Sumaré e mirante da cidade, que permitem aos
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visitantes perceberem que Vitória é uma ilha composta por rios, manguezais e
morros, compondo uma vista de 360 graus da ilha.
O CEA da Fonte Grande desenvolve alguns projetos em educação ambiental
com as comunidades do entorno, principalmente com as escolas, em parcerias
realizadas entre a SEMMAM e a Secretaria Municipal de Educação – SEME. Dentre
esses projetos, faremos um zoom no projeto realizado com uma turma de Tempo
Integral da EMEF Rita de Cássia Oliveira.
O projeto entre o CEA Parque Fonte Grande e a EMEF Rita de Cássia
Oliveira contemplou ações e encontros, iniciou-se a partir de uma conversa, nas
dependências do parque e do CEA, a respeito da Mata Atlântica, contextualizando
aspectos deste bioma, trazendo características do próprio Parque e suas
contribuições socioambientais para o município.
O projeto foi composto por três momentos em que os educandos, com a
monitoria da equipe do CEA e as professoras responsáveis da EMEF, foram ao
parque e em cada encontro havia uma temática principal. O estudo do meio
contemplou todos os educandos do Tempo Integral separados em dois grupos de 20
pessoas pela manhã e outro pela parte da tarde.
A cada encontro era marcada reunião para avaliação. O projeto contemplava
também a exposição sobre a Mata Atlântica, da Prefeitura de Vitória em parceria
com o Instituto Últimos Rrefúgios, que foi instalada na EMEF.
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Os encontros ocorreram às quintas-feiras do mês de setembro e a instalação
da exposição na escola para o mês de outubro, tendo em vista a Mostra Cultural que
seria realizada na escola. O primeiro encontro realizado no dia 03 de setembro com
os educandos tinha a seguinte temática: Onde está a Mata Atlântica? Foi
apresentada a floresta. Eles puderam ter uma noção do que se constitui o parque, a
importância para a cidade de Vitória, manutenção do microclima, proteção das
encostas do Maciço Central, das nascentes, da fauna e flora local e os demais
serviços ambientais que o parque oferece a população de Vitória e RMGV.
O segundo encontro no dia 10 de setembro, foi abordado a seguinte temática;
308 ao Nível do Mar: O Caminho das Águas, onde 308 marca o ponto culminante da
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Ilha de Vitória e próximo ao nível médio do mar está a escola de onde eles partiram.
Foi dialogado com os educandos algumas problemáticas socioambientais que o
parque enfrenta na atualidade, dentre eles, os processos de desmatamentos dos
topos dos morros e os impactos destes desmatamentos nas nascentes do parque.
Neste encontro se abordou a problemática da água, os educandos se
dispuseram a participar de uma dinâmica com a intenção de apurar os sentidos,
sendo que vendas foram distribuídas e logo em seguida sons de chuva foi colocado
e com um borrifador foram molhados.
Além da chuva, nascentes, cachoeiras, ondas do mar quebrando na areia
foram compartilhados e a cada som uma surpresa surgia, curiosidades de tentar
identificar os sons ali envolvidos. Essa experiência só tornou os momentos de
conversas melhor aproveitados, a curiosidade demonstrada pelos sujeitos
envolvidos foi aflorada, devido as mais variadas sensações, sentimentos, contatos
que foram sendo promovidos.
Em seguida fomos “fazer” a trilha do Caracol. No ponto de parada
interpretativa existe uma das nascentes do córrego Fradinhos, os estudantes foram
levados a problematizar sobre os porquês que levaram a secar. Diante da conversa
surgiu a seguinte problematização por parte de um dos educandos: O tio olha a
grossura daquela arvore ali.
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Seguindo a trilha, no ultimo ponto de parada interpretativa no mirante da
cidade, a abordagem foi a respeito da paisagem, com a observação do espaço e dos
lugares. Do Mirante da Cidade, podíamos ter uma certa noção da localização da
EMEF Rita de Cássia Oliveira sendo que esta localizada entre Unidades de
Conservação dentre elas, o Parque Natural Municipal Vale do Mulembá, Área de
Proteção Ambiental do Maciço Central de Vitória e a Estação Ecológica Ilha do
Lameirão.
Nesse momento de observação do mirante da cidade, o mesmo educando
que antes havia levantado uma reflexão, surpreende a equipe do CEA com a
seguinte problematização: o tio, você sabia que é lá no Mulembá que as mulheres
retiram o barro pra elas fazerem as panelas?
Reflexões foram feitas em conjunto, englobando toda turma a respeito de
seus próprios conhecimentos e do local em questão, da melhor maneira de
preservá-lo e como que pessoas utilizam daquele espaço para seu próprio sustento.
Aqui as palavras de Freire (1996) fazem todo sentido, quando ele nos
incentiva o respeito ao saberes dos educandos e no fomento a criticidade e
processos reflexivos que podemos exercitar. Além do mais, ao se valorizar esses
“pequenos” conhecimentos, os educandos se tornam parte ativa no processo de
aprender e ensinar (ALVES, 2000)
41
Às vezes, mal se imagina o que pode passar a representar na vida de um aluno um simples gesto do professor. O que pode um gesto aparentemente insignificante valer como força formadora ou como contribuição à do educando por si mesmo (FREIRE, 1996, p.19).
O Parque Natural Municipal Vale do Mulembá possui características
interessantes e de grande importância para os moradores locais, devido a sua
posição geográfica e as condições climáticas. No Vale do Mulembá é encontrado um
tipo de barro utilizado pelas paneleiras de Goiabeiras Velha11, que retiram esse
material para produzirem as famosas panelas de barro, sendo referencia no Estado
e o primeiro patrimônio material declarado pelo IPHAN.
No último encontro realizado no parque ocorrido no dia 17 de setembro, foram
abordados os diversos conflitos e problemas socioambientais que o parque enfrenta.
A temática do encontro era: A Fonte Grande pode secar?
Para isso, diferentemente do primeiro encontro, a fauna e flora do parque foi
abordada um pouco mais. Por que além de problemas de incêndios, deposito de lixo
e desmatamento, o tráfico de animais e outras espécies do parque tem se mostrado
preocupante. A partir dessa problemática, coletivamente buscamos conhecer um
pouco mais sobre os animais pertecentes nesse espaço, partindo do princípio que
se conhecemos mais, cuidamos melhor.
A pegunta que fica é: como que os educandos ali conhecem mais outros
animais que não fazem parte da nossa fauna, como por exemplo o leao, e não
conhece o tatu-galinha que esta do lado de sua casa? Como que ele cuidará,
preservará sendo que ele mal conhece as potencialidades, fragilidades, do local q
mora?
11 O oficio das paneleiras é uma atividade praticamente feminina, constituindo um bem cultural e modo de vida de mais de 120 famílias. Disponível em <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/Paneleiras%20de%20Goiabeiras.pdf> acessado em: 20/10/2015
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As geografias então vivenciadas durante as trilhas são produtos das
experiências pessoais, do cotidiano dos educandos que estão carregados do senso
comum. Bem como os próprios moradores do parque, que no dia-a-dia produzem e
reproduzem suas próprias „ciências‟.
Por que então, inviabiliza-las? Educação ambiental não seria o respeito ao
próximo, a socialização do(s) saber(es), as grandes riquezas que podem surgir
dessas trocas e juntos, desenvolverem e criarem ideias, projetos ou apenas
aconteça a sensibilização para outras atitudes ?
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Após os encontros no parque, foi realizada a exposição dos banners da Mata
Atlântica para dar continuidade a conversa iniciada na Fonte Grande. Além
das turmas que participaram do projeto, os momentos de conversas se estenderam
para outras turmas da escola, em que todos e todas se mostravam curiosos com o
material ali compartilhado.
Durante o diálogo, foram levantadas algumas questões, junto a turma que
participou do projeto, das práticas que eles antes do contato com o parque
realizavam e que, agora depois dos encontros e conversas tecidas, tiveram a
possibilidade de construção de novos olhares sobre o meio que os cercam. Um
menino faz a seguinte narrativa: O tio, antes de conhecer a importância desse local,
eu matava os bichos tudo... E hoje eu não mato mais.
Através dessa narrativa, tudo aquilo que foi sendo construído ao longo da
pesquisa, da proposta do projeto, e das relações estabelecidas entre esses sujeitos
praticantes, do cotidiano escolar e os “moradores da floresta”, estava se encaixando.
Em um das narrativas, João, um “morador da floresta”, foi perguntado como que ele
passava essa noção de respeito, de amor para os filhos deles, com o local que ali
moram.
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O que você procura passar pros seus meninos ai João, de conhecimento, da
área, de vida mesmo, como cidadão?!
— Rapaz, eu ensino aqui pra eles tipo assim, não matar os bichos, não cortar
as árvores porque, eu explico pra eles, que são como a gente né...só não tem o
poder de falar...sente dor igual um ser humano, não maltratar dos animais, das
formigas, todos eles sentem dor...é um ser vivo. Faz parte da natureza.
Pela conversa com João evidencia-se o cuidado que tem com o local onde
reside. Por mais que não haja registros, em suas narrativas, João deixa escapar
como a ancestralidade se faz presente em suas praticas cotidianas. É certo que tudo
aquilo que ele ensina a seus filhos com a contribuição de sua esposa, é fruto daquilo
que seus pais e avós vivenciaram naquele espaço. O respeito ao meio ambiente, o
amor e o carinho no trato com as pequenas coisas são ações praticadas quase que
involuntariamente, contrastando com a correria da vidas nas cidades.
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A educação ambiental deve orientar-se para a comunidade, para que ela possa definir quais são os critérios, os problemas e as alternativas, mas sem se esquecer de que dificilmente essa comunidade vive isolada. Ela esta no mundo, recebendo influencias diversas e também influenciando outras comunidades, num fluxo continuo e reciproco (REIGOTA, 2012, p.18)
Com as práticas cotidianas, narrativas e experiências vivenciadas durante a
pesquisa, pretendemos apresentar as contribuições politicas, questionadoras e
provocativas dos saberes geográficos e socioambientais que são tecidos nas
relações entre o CEA os “moradores da floresta” e os cotidianos escolares.
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4. Considerações Finais
Iniciamos nosso trabalho com muitas expectativas e sabíamos que o caminho
a percorrer não seria tão simples. Mas, ainda assim, a nossa proposta em trabalhar
com a Educação Ambiental em conjunto com as escolas, a comunidade do entorno
do Parque e o Centro de Educação Ambiental, nos instigou a seguirmos “arriscando”
com o tema proposto e com o campo problemático da pesquisa.
A construção desse trabalho teve seu início muito antes de escrevermos as
primeiras linhas desta pesquisa, mas se deu com as nossas aproximações pessoais
pelo tema proposto e diante de como o campo problemático se expressava diante de
nós, por meio das nossas vivências com o parque, pelas amizades construídas com
os moradores, as experiências com a Educação Ambiental, e sem dúvida, pela
nossa aproximação com o ensino de Geografia.
Para isso construímos os nossos objetivos a partir das experiências com o
campo e das aproximações com os sujeitos praticantes da pesquisa, iniciando pelos
objetivos gerais, que se propôs em problematizar os saberes socioambientais e
geográficos de moradores que residem nas áreas do Parque Estadual da Fonte
Grande, sendo denominados aqui como “moradores da floresta”, e as contribuições
politicas, pedagógicas e socioambientais desses saberes para o Centro de
Educação Ambiental do Parque e os cotidianos escolares da região.
E dentre as muitas possibilidades que o assunto da nossa pesquisa nos
apresentava, foi preciso também definirmos alguns objetivos específicos, que ficou
sendo em mapear saberes socioambientais e geográficos produzidos pelos
moradores do parque, com entrevistas-conversadas e narrativas, e, acompanhar no
cotidiano escolar, como os saberes geográficos e socioambientais dos moradores do
parque atravessam as atividades do CEA e o ensino de Geografia.
Podemos aqui também destacar que a presente pesquisa envolveu muitos
sujeitos e espaçostempos de convivência e de aprendizagens, sendo assim
precisávamos ir a campo para percebermos, na prática, aquilo que iriamos
problematizar. E assim a pesquisa foi sendo construída coletivamente, onde a
prática foi um princípio da forma com que o trabalho foi teorizado.
Estivemos acompanhando algumas escolas em suas visitas ao Parque da
Fonte Grande, e esses momentos nos permitiram observar a forma como os
educandos e eucadores “viviam e sentiam” aquele ambiente. Sendo assim vimos no
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campo prático, um potencial de oportunidades para que esses “jovens” se
sentissem, como destaca Marcos Reigota, integrantes da natureza, e assim se
enxergarem como construtores de suas Educações Ambientais.
Diante desse fato percebemos a contribuição política e pedagógica dos
Centros de Educação Ambiental, em particular do CEA da Fonte Grande, em
potencializar a produção de saberes geográficos e socioambientais entre educandos
e educadores, tecendo conexões entre a educação ambiental e o ensino de
Geografia no cotidiano escolar.
Pelas trilhas do parque chegamos até aos “moradores da floresta”, dentre
eles, a família do Sr. João e de seus dois filhos e esposa, na qual tivemos a
oportunidade de conhecer suas vivências, experiências e saberes produzidos na
relação com o parque e a floresta.
Além disso, as narrativas e as conversas tecidas com os sujeitos praticantes
dessa pesquisa, evidenciaram o potencial político, pedagógico, ético e estético, de
uma educação ambiental que não está aprisionada em leis, projetos e documentos
oficiais, sendo construídas e atualizadas coletivamente a partir das práticas
cotidianas.
Desde a comunidade escolar, passando pelos “moradores da floresta” e a
equipe do CEA, as narrativas e conversar, surgiram contribuições para pensarmos
em outros modos de aprender e ensinar Geografia, considerando o respeito aos
saberes do outro, desde os educandos do Tempo Integral, equipe do CEA e os
“moradores da floresta”.
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5. Referencias
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Rio de Janeiro, ano 4, nº 7-8, jan/dez 2003
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16 de Novembro de 2015
BRASIL. Lei Nº 9.795, de 27 de Abril de 1999, dispoe sobre: Educação Ambiental
e institui a Policita Nacional de Educação Ambiental. Disponivel em <
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm> acessado em: 16 de Novembro
de 2015
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Conservação – SNUC. Decreto nº 4.340, de 22 de Agosto de 2002.
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de 2014. Disponível em <http://www.humanitates.ucb.br/2/entrevista.htm> Acessado
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REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental - São Paulo: Brasiliense, 2012.
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______. A contribuição Politica e Pedagógica dos que vem das margens.
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