A Fogueira de Xangô - O Orixá Do Fogo, José Flávio Pessoa de Barros - Port

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    Oba of Okure at CourtCulture, Nigria

    A CASA EM FESTA - OS SDITOS

    O sol se pe, e comea a escurecer na casa de Obalad. A casa de Xang, especialmente iluminada neste

    dia, aguardava o incio da festa. As rvores do terreiro foram plantadas por Obalad a mais de 21 anos,quando recebera de Xang , seu orix, a ordem de abrir uma casa desanto.

    Lenta e calmamente, interrompe suas divagaes, dirigindo-se para frente da casadeAir sentando-se em um pequeno banco. A poucos metros erguia-se majestosamente a fogueira, armada be cedo e jcontendo os axs prprios do orix do fogo.

    A um aceno seu , uma filha de Oitraz o seu Adjarim. Obalad, com delicadeza, apanha a sineta que, aoser vibrada, anuncia o incio de uma reza.

    As esteiras so estendidas e sobre elas os iniciados se ajoelham, busto curvado, pousando a cabea nocho, em direo a Obalad. Sua voz faz-se ouvir, ento, salmodiando cada verso como um lamento, umcanto em solo ouvido e que se repetir por trs vezes. um lento responsrio, em que o oficiante cantaprimeiro, acompanhado em um segundo momento , pelos presentes.

    Oba kaw o Rei, meus cumprimentos.Oba kaw o Rei, meus cumprimentos.O, o, Kabysl Sua majestade, o Rei mandou construir uma casa.Oba ni klOba sr O Rei do xere, o Rei prometeu e traz boa sorte,Oba n jje o dono do pilo.Se re aldBon gbos e O ( wo ) bit iko Bambox abidik, meus cumprimentos ( ao )Os Kaw Ox, sua majestade.O, o, Kbysil Meus cumprimentos.

    O som do Adjarim marca o incio do pa, palmas compassadas que a anunciam uma nova reza para oorix do fogo....... o cntico continua:

    nka, Nka Ele cruel, ele cruel(o trovo ).w j att Eu jejuo para o punidor.Bad, bad y Tmi Bad, bad, meu esprito sofre

    A fogueira de Xang ... o orix do fogo

    Fragmentos de Textos extrado do livro de Jos Flvio Pessoa de BarrosFesta de Xang no terreiro de Obalad no Rio de Janeiro

    Aps executada a 1parte do cerimonial de abertura , segue a continuao...

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    nka, nka r n lde o Ele cruel, o trovo cruel sim. O dono da coroa cruel. nka we j attu Ele cruel, ele cruel(o trovo )Eu jejuo para o punidor.Ai ra ma s re awo, ariw o, ale od Air(o trovo), verdadeiramente voa e cai ruidosamente.Ma s Forte como um pilo, como um tambor ( barulho ).Ai ra ma s re awo, ariw o, ale od Air(o trovo), verdadeiramente voa e cai ruidosamente.Ma s Forte como um pilo, como um tambor ( barulho ).Yy, kr-kr lo ni joko ayagba O pssaro vagarosamente senta e chora para as grandes mes.Ale od m a s Forte como um pilo, como um tambor ( barulho ).

    A reza diz que o trovo cruel, implorando a Bad... "ele a voz estrepitosa e aterrorizante do Trovo, afora que deflagra a carga irregular dos raios". Os nags dizem ser Bad um vodum, isto , de origemjje, e que os jjesdo maranho, dizem que um orix nag e que, quando ele se apresenta na CasadasMinas, fala por sinais para no revelar os segredos dos nags.

    Os pssaros lembram as feiticeiras que ameaam os seres humanos, necessrio implorar as grandesmes senhora dos pssaros, para que no flagelem os homens.Air tambm mencionado no texto sagrado, recolhido entre os que se originam do ax de I Nas. Esteorix ocupa um lugar especial nesta comunidade, estando ligado a primeira no nominao...Ax AirIntil.

    Novamente o Adjarimanuncia que o Rei Xangcontinuar sendo louvado, e uma nova reza comea:

    Oba r l k O Rei lanou uma pedra.Oba r l k O Rei lanou uma pedra.ymasse k w Iymasse cavou ao p de uma grander oje rvore e encontrou.Ag anju ko m nje lek an Aganju vai brilhar, ento , mais uma vez como trovo.r l ok ly Lanou uma pedra com fora (coragem)Tb i rs, O Grande Orix do orum (terra dos ancestrais) vigia.Oba s run O Rei dos troves, est no pr oba o je de uma grande rvore ( pedra de raio )

    A orao sada o Rei dos troves, como sendo Aganju, o Alafin de Oi, filho de Ajake sobrinho de

    Xang. Iamassconsiderada sua me quem revela aos mortais, que a pedra de raio, smbolo do seupoder, encontrada ao p de uma grande rvore. O brilho dos raios e o barulho dos troves lembram queAganju vigia do orum, terra dos ancestrais, seus sditos fiis.

    O Adjarimmarca um novo momento, Obaladlevanta-se e se dirige a casa de Xang pousando no choda mesma uma gamela cheia de Amal, a comida predileta deste orix.

    B ni je a! p bo Sim, comer(amal)dentro(de uma gamela) com satisfao, de uma s vez,adorando.Je b o o n i a! p bo Comer, nascer dele, dentro(de uma gamela)com satisfao, de uma s vez,adorando.

    E n i p lrn d b li Cortado muitas vezes(o quiabo),sempre com cutelo, dentro da gamelam w mn mw Procurar conhecimento,K je n mm s certamente torna inteligente.K je n mm s A comida (amal) faz adquirirK je n mm s e aumenta o conhecimento do Ax.

    A reza indica que, ao se desfrutar da comida sagrada, descobre-se o ax, isto , a fora, que dconhecimento e sabedoria aos que delas usufruem.Nos ltimos acordes da reza, os ogans de Xang pousam os xeres e acendem a fogueira. Varias vozesgritam..

    Kaw Kbysil !!! Kaw Kbysil !!! = Meus cumprimentos sua majestade !!!A RODA DE XANG.....

    Alguns minutos decorrem entre as imagens fortes do fogo e o incio do xir do Rei de Oi, no barraco. Oritmo da Hamunha convida a todos, os da casa e os convidados a iniciarem a roda de Xang.Comea o xir, louvando Ogum, em seguida, Oxossi, Obaluai, Ossaim, at que, repentinamente, ouve-se o som do bat , ritmo prprio de Xang.

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    A roda deXang ou bat-de-Xang comea a ser exec utada :

    wa dp oba dod Ns agradecemos a presena do Rei que chegou.A dp oba dod Ns agradecemos a presena do Rei que chegou.

    A dup ni m n o ba e k alA dup ni mn oba e k al Ns agradecemos por conhecer o Rei, boa noite a vossamajestade.

    w , w nil Ele veio, est na terra.A du p ni mn o ba e k alOs primeiros cnticos dirigem-se ao Rei, a Xang. Sua presena louvada e a sua saga mtica sercontava atravs do canto e da dana. No ser somente o seu aspecto guerreiro que ser homenageado,outros sero lembrados.... O Xang justiceiro ser um deles.

    F l f l Ele quer poder...ele quer poder ( vir )Yemo nja w okun Iemanj banha (lava) com gua do marYemo nja w okun D-nos licena para vermos atravs dosg f ir mn seus olhos e conhecer-mos...g fi r mn D-nos licena...

    Aj ak igba ru , ig ba ru Ajak traz na cabea, traz na cabea ( gua do mar ) w e Ento estas de volta.

    O canto dedicado Ajakfala da gua do mar, como tambm de ver atravs dos olhos. Ajak cultuadodurante as festas de Xangjunto com sua me, Iamass, considerada como uma Iemanj.

    Sngb sngb Ele executou feitos maravilhosos, feitos maravilhosos.Did n gbdo Pairou sobre Igbodo,Ode ni m os caadoresSy n, n sabem disto.

    O cntico fala de Ajak, destronado por seu irmo Xang, refugiando-se em Igbodo. Ficou nesta cidade

    por sete anos, perodo em que reinou sobre Oiseu irmo Xang.n Dda , g l r Senhor Dad, permita-nos v-lo !!n Dda , g l r Senhor Dad, permita-nos v-lo !!

    Dda m sokun mDda m sokun m Dad no chore mais. feere n feer e franco tolerante, bg l orun ele vive no orun,Bb kn l onn da r o pai que olha por ns nos caminhos.

    Ajakalm deste nome , tambm era conhecido como Baaiyanie tambm como Dad, em razo de seus

    cabelos anelados. O Ritmo forte e cadenciado do bat louva Dad ou Ajak.Bynni gdigdi , Bynni o lBynni gid ig id i , Bynni o l Baiani ( Ajak ) forte como um animal e muito , muito rico.Bynni ad, Bynni w A coroa de Baiani honrosa e muito rica.Bynni ad, Bynni w

    A coroa de Baiani, descrita no cntico, da qual dita ser honrosa e pertencer a um Ob, refere-se a Ajak,terceiro Rei de Oi. A palavra ow, significa , dinheiro, riqueza, e est relacionada a uma grandequantidade de bzios que ornam esta coroa e que antigamente serviam como moeda. Referente ao termo:gidigidi, que um superlativo, isto , muito; e gdigdi, animal grande e forte. Trata-se de um trocadilhocomum no iorub. Os cnticos continuam sucedendo-se. Discutem normas morais, e tambm falam de

    particularidades referentes ao culto dedicado ao Deus do fogo.Fura ti n, Fu ra ti n e , Fura ti n, Desconfie do fogo, desconfie do fogo.r l s i s j O raio a certeza de que ele queimar.Fura ti n, Fu ra ti n e , Fura ti n, Desconfie do fogo, desconfie do fogo.r l s i s j O raio a certeza de que ele queimar.

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    O cntico chama a ateno para que os descuidados, no tenham a devida cautela e respeito com o fogo.Este elemento, fundamental na vida do homem, pode lhe proporcionar conforto, mas quando sem controle,pode significar a morte. O raio a certeza de que ele queimar, pois seu direcionamento incerto.

    b rsb Onl Abeno dos orixs,Onl mo jb o Abeno do Senhor da terra,b rs , b Onl Ao Senhor da terra (Onil)Onl mo jb o minhas saudaes.

    O cntico sada Onilo "Senhor da terra",nas cerimnias dedicadas a Xang, oferendas so destinadas terra, para que este orix permita sobre seu templo, "A Terra" ser acesa a fogueira de Xang.

    O canto a seguir fala que o "rei no se enforcou" , por tanto no morreu, sumiu cho adentro comoconvm a um orix.

    rn in a lde o Sim, a circunstncia o colocou de fora.Bar a en j, nia r ko O mausolu real quebrou ( no foi usado )Oba n Ko so n r l o O homem no se pendurou.Bar a en j, nia r ko O rei sumiu, no se enforcou, sumiu no cho e reapareceu. nka wn b lrun krj O mausolu real quebrou ( no foi usado )

    nka wn b lrun O homem no se pendurou.Krj gtn Ele cruel, olhou, retornou para o rum,ten pd w lna deu um grito enganando ( seus inimigos ). nka s i rel O carneiro mansamente procura e encontra o caminhoIbo si rn in a lde o Ele cruel contra os que humilham.Bar a en j, nia r ko A consulta ao orculo foi negativa.On ma, ni w j O verdadeiro senhor contra juras ( falsas ) .Bar a en j, nia r ko Sim, a circunstncia o colocou de fora. O homem no sependurou.

    Oba sre l a fhin ti Incline-se o rei do xere salvou-seOba sre l a fhin ti Incline-se o rei do xere salvou-se

    Oba n i w y b l r un Suplique ao rei que existe e vive no orum.Oba sre l a fhin ti Incline-se o rei do xere salvou-se

    Dizem que o rei recebeu um cesto contendo ovos de papagaio. Era o sinal determinado pela tradio deque deveria renunciar coroa e talvez vida. Xangretira-se para o interior seguido de alguns amigos e desua esposa Oi,que volta para sua cidade de origem, Ir. O mito diz que entristecido o Rei enforca-se emum p de Arab. Seus companheiros vo a Oie relatam o fato, quando retornam ao local, encontram umburaco vazio, por onde ele teria entrado, aps uma crise de fria, tornando-se assim um Orix. Em Oiosque admitiam a sua morte ( inimigos ) falavam "Ob so"que significa "o rei enforcou-se"Os seus partidrios falam Ob ko so" o que significa "o rei no se enforcou" afirmando o Rei virouOrix.Xang no morreu, ele existe e vive no Orum, esta a crena dos seus fiis sditos.

    Um breve cntico, sada a me deste poderoso orix:

    Eye kkr O pequeno pssaro na cabea, da esquerda,Ad s i arl parente da me do rio , mase.y l od maseEye ko kr ln Apanhou com gentileza, o pequeno e sofrido pssaroSo ko ygba l od mase a grande me do rio , mase.

    Os pssaros so um dos smbolos mais conhecidos das Iagbs, alm de serem sua representao, sopor elas cultuados e protegidos. So criaturas das grandes mes, consideradas como seus filhos.O orix do fogo mltiplo, reconhecem seus fiis, e nesta acepo seus sditos imploram a Xang Air,

    para que as chuvas no sejam destruidoras, que elas apenas limpem e fecundem a terra.Aira jo A chuva de Air,M pr s apenas limpa e faz barulho como um tambor.A m pr s Ele apenas limpa e faz barulho como um tambor.

    A Roda-de-Xangatinge o seu clmax com este canto, mais rpido e vibrante.

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    Comeam a surgir os primeiros sinais da presena dos Orixs. O primeiro a chegar foi Ogum, logo acolhidopelas Ekedis. Em seguida quase que no mesmo momento, apresentou-se Oxum, Iemanj, Oi e Ob.Finalmente a vez de Oxagui, o deus funfun ( do branco ) da criao e tambm guerreiro.

    A casa de Xang, esta em festa, Obaladest feliz.. os cnticos continuam...

    A nw wre Ns temos a existncia e a boa sorte.A wre nw Ns temos a boa sorte e a existnciaA nw wre Ns temos a existncia e a boa sorte.

    A wre nw Ns temos a boa sorte e a existnciaOba lgb oba lad O rei afugentou ( os maus feitores ) o rei do pilo.Obalad r s O rei do pilo olha e arremessa ( os raios )Obalad O rei do pilo.

    O rei sempre protege seus adeptos, dando-lhes boa sorte. O Ob tambm faz justia e persegue os ladres,mentirosos, perjuros e jamais esquece os que contra ele blasfemam.

    Olw Abastado Senhor, aquele que definitivamenteK m b , m b d proteo, d proteo.K m b Aquele que definitivamente d proteo.Olw Abastado Senhor, aquele que definitivamente

    K m b , m b d proteo, d proteo.A lfn rs Senhor do palcio e orix.

    Xang considerado muito rico, grande proprietrio das riquezas da terra, possuidor de tesouros e cidades, palcios, filhos e mulheres.

    Omo sk Br Os filhos , com o tempo, iniciaram o ( culto do )k inn , k inn fogo de k ( lagos ), o culto do fogo de k.Omo sk Br Os filhos , com o tempo, iniciaram o ( culto do )k inn , Lde roko fogo de k, ao redor das plantaes.Omo sk Br Os filhos , com o tempo, iniciaram o ( culto do )k inn , k inn fogo de k ( lagos ), o culto do fogo de k.

    Omo sk Br Os filhos , com o tempo, iniciaram o ( culto do )k inn , fogo de k,r njj com medo extremo.

    O canto talvez relembre o incio da imigrao Yorub, em direo ao mar, ligados aos mitos de origem dacidade de Lagos e a diviso das terras entre filhos do conquistador, que implantaram na regio sua cultura eseus deuses, provavelmente o culto a Xang ou Jakut.

    ....O CANTO E A DANA DO REI...

    Mal termina o Aluj, um novo surge. Ele pede licena para percorrer os caminhos e determina que os orixsesto chegando. Todos em gala, portando em suas mos as insgnias que identificam sua procedncia.

    g l na e Licena no caminho.Dde ma dago Levantem-se, eles esto chegando na horago go l n a prevista ( de costume )E dde ma yo Levantem-se com alegria habitualKr w nise o Que o ritual teve trabalho.

    frente do cortejo estava Ogum, a quem cabe a primazia, logo aps Ex, de ser o primeiro louvado. Logoaps. XangAir, todo de branco, exibia dois oxsprateados e uma coroa tambm de prata que reluzia,dando majestade ao patrono da casa. Logo a seguir deste mais trs Xangs, todos portando seus oxsporm desta vez de cobre, seguidos de Oy , Oxum, Obe fechando o cortejo Oxagui.

    Comea, ento os louvores ao orix do fogo....ao ouvirem os atabaques, os quatro Xangs levantam-seprecedidos pelo mais velho, ou seja, Xang Air.

    Oba n s r lk od Ele o rei que pode despeda-lo sobre o pilo; b r omon Aquele que cumprimenta como um guerreiro os filhos,Oba n s r lk od Ele o Rei que pode despeda-lo sobre o pilo.Oba kso ay O Rei de kos com alegria.

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    Neste cntico Xang chamado de rei de Kos, cidade prxima de Oye que teria sido sua primeirainvestida em sua trajetria guerreira e poltica daqueles tempos. Uma a uma vo sendo "contadas ashistrias" de Xang,Elas falam dos lugares sagrados percorridos, de suas esposas, seus filhos, seus feitose poderes.

    M inn innM in n wa inn inn No mande fogo, no mande fogo sobre ns,Oba Kso vos pedimos em vosso templo, no mande fogo;

    Olko so araye o lavrador pede pela humanidade,M inn inn no mande fogo,Oba Kso araye rei de Kos que governa a humanidadeM inn inn no mande fogo,Oba Kso araye rei de Kos que governa a humanidade

    A relao de Xang com o fogo, domnio este conseguido atravs das foras mgicas, definitivo emtermos de conquistas por ele empreendidas.

    Alkso e m o jb O Senhor de Kos, a vs meus respeitos, l si oba ny in ns iremos a vs,Oba tan j l sb rei a quem iremos

    L s i o ba ny in contar tudo.A sn e doba ra Ns vos cultuamos, rei dos raios, quera y l sb nyin estes raios vo para (l)longe de ns.A sn e doba ra Ns vos cultuamos, rei dos raios, quera y l sb nyin estes raios vo para (l)longe de ns.

    Neste momento, ao ouvir o cntico, o Xang de branco, o dono da festa, dirige-se at a frente da orquestraritual e, curva-se frente aos tambores e seus ogs e emite seu brado em sinal de aceitao cantiga emque esta contida a sua louvao.

    Aira l l, a ire l l Air est feliz, ele est sobre a casa.

    A ire l l, a ire l l Estamos felizes, ele est sobre a casa.Aira , ore gd pa, Air nos presenteie afastando os que podem nos matarOre gd (wa) nos presenteie afastando os que podem nos matarAira , ore gd pa, Air nos presenteie afastando os que podem nos matarOre gd nos presenteie afastando os que podem nos matarAira , Ad jaosi pa... Adj aosi Air Adjaosi (tipo de Air) pode matar, (nos presenteie)Aira , ebora pa... Ebora Air, Ebora pode matar, (nos presenteie )

    O primeiro cntico faz referencia a Air muito velho e seu enredo com Oxaluf, relao esta ligada ao mito ecerimonial denominado guas de Oxal em que se comemora a criao do mundo e colheita dosinhames. A seguir o cntico fala de Air Adjaosi como ebora parte integrante dos Doze Xangs cultuados

    na Bahia, juntamente com Air Intile e Air Igbonan. A partir deste canto, comea a se instaurar o domniodo Aluj. Os orixs danam com gestos mais largos e vigorosos. O canto enumera as incurses guerreirasdos diferentes Alafins de Oi aumentando seu poder atravs das guerras. Baiani (Baynn) um dosttulos de Ajakjunto com Iamass, so cultuados na festa.

    Gb y lse onl lk, baynn Ele possui um ax enormeGb y lse senhor da riqueza.Gb y lse onl lk, baynn Que governa acima das coroas.Gb y lse

    Sng e pa bi r ay ay Xang mata com o raio sobre a terra.Sng e pa bi r ay ay Xang mata arremessando raios sobre a terra.

    Fr nn fr nn Ele lana rapidamente o fogo, lana rapidamente o fogoFr nn biynj rapidamente o fogo o fogo s vezes fraco(poucas luz)M nn, m nn No nos mande fogo, no nos mande fogoFr nn biynj Ele lana o fogo s vezes fraco.

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    Quando um raio atingia alguma casa, podia ser um sinal de que a justia de Xang estava sendo aplicadacabia ao dono da casa provar sua inocncia. O fogo sempre presente nos mitos adquire significado especialquando relacionado a Xang, o fogo originado dos fenmenos naturais, como raios, meteoritos e vulces.

    Bar de sobo ada Bar faz emboscada em Sob de faco.se k r, se k r Faz gritar e vitorioso.de sobo ada

    Xang Barera muito destemido, o cntico alude s guerras empreendidas s diferentes cidades-estado e

    esta refere-se a Sobouma cidade localizada no reino do Benin.

    Os mitos apontam Ajakcomo terceiro rei ou oba da cidade de Oi. Foi destronado por Xang, seu meioirmo, por parte de pai, Oranian. Ajak tambm conhecido como Baayani ou Dad, segundo P.Verger.

    jk ma b k wo Ajak no implora nem mesmo ao poderoso Xang.jk ma b k wo Ajak no implora nem mesmo ao poderoso Xang.A e bb jk ma b k wo Nosso pai Ajakjk ma b k wo no implora nem mesmo ao poderoso Xang.jk ma b k wo

    jk k rs O orix do monte jk.

    jk k rs O orix do monte jk. be ri , nDda skun, Ele existe, eu vi, e Dada quem chorawa ri n Dada sku n. Ele existe, eu vi, e Dada quem chora

    Ajak mesmo destronado no implora clemncia, mas aps 7 anos ele retorna a ser o Oba da cidade deOi em virtude de Xang ter sido forado abdicar. O Canto a seguir faz referencia a fundao da cidadede Oi por Oranian no topo de um monte chamado jke assim o meio irmo de Xang tomou este nomepara si. jk tambm conhecido por Dad, durante seu primeiro reinado impunha pesados impostos aseus sditos a fim de financiar as guerras empreendidas, e quando os recursos demoravam a chegarpunha-se a chorar, e danava alegre quando estes chegavam em boa hora.

    A a gb l mns oj omon A a ele reconhece pelo olhar seus filhos.A a gb l mns oj omon A a ele reconhece pelo olhar seus filhos.Oba olr lg ni y oba olr Chefe dos Reis, fino e agradvelIl fonj d , a a b, ri Chefe da terra, ele fonj que chega a aa a b, r i a a b, ri Ele existe, eu o vi, a a ele existe, eu o vi, b, r i ( i k kjd- kt r) eu o vi, (ele levou a morte para fora - ele vende osmedrosos)

    fonj foi um general, isto , Kakanf, doA laf in Ao l.Empreendeu inmeras batalhas, sendo consideradoum grande comandante militar. O cntico fala do chefe da terra, comandante que reconhece os seus pe loolhar.Agon j rs awo gb n i Aganj orix do culto gbni

    Agon j rs awo gb n i Aganj orix do culto gbniwre, Sng wre Nos d boa sorte, Xang, nos d Boa sorte.gbni, g bni, g bni gbni, gbni, gbniwre, Sng wre Nos d boa sorte, Xang, nos d Boa sorte.

    Aganjum dos Alafin Oi, filho de Ajak, e seu nome consta das genealogias levantadas pelo InstitutoFrancs da frica Negra e por diversos historiadores dedicados historia Yorub. gbni um dassociedades secretas extremamente poderosa em territrio Yorub, e uma das mais antiga. umasociedade que presta homenagens a ONIL,o "dono da terrae zela pela ordem dos velhos costumes.

    ...E A FESTA CONTINUA NO IL DE OBA LAD

    Kwo, Kwo Sng Dhm Vossa Alteza Real,Kwo Ka b iy si e Sua Real Majestade !!Sng Dhm Poderoso Xang! Proteja-nos das guerras do Dhmi.

    As guerras pontuaram a trajetria de Xango canto refere-se s disputas travadas entre os de Oie osDahomeanos, na disputa pelo imenso territrio pertencente ao reino de Oi.

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    Oba sre w a f y sn para o rei que tocamos o xere, e a este rei que queremoscultuarOba sre w a f y sn para o rei que tocamos o xere, e a este rei que queremoscultuarOba wa j o ro n oba Nosso rei da tempestade, ele o reiOba sre oba f y sn para o rei que tocamos o xere, e a este rei que queremoscultuar

    Os Xeres, instrumentos musicais que, segundo as comunidades-terreiros e alguns autores reproduzem o

    barulho das chuvas quando tocados juntos, soariam como o das tempestades. Instrumento sagradoutilizado para invocar Xang o senhor dos troves e das tempestades.

    Kn ba, kn ba, r won p Poderoso Senhor que racha o pilo e oculta-seKn ba, o sre alado wre. Que impe os raios e os chama de volta, abenoe-nos.

    Obalad um dos ttulos de Xang significando o rei que racha o pilo

    wre l, wre lkl Abenoe-nos e traga boa sorte nossa casa, que ela no seja roubada.wre l, wre lkl Abenoe-nos e traga boa sorte nossa casa, que ela no seja roubada.w a b o nyin ma ri wa j al Ns que o cultuamos, jamais veremos nossa casa roubada.wre l, wre lkl Abenoe-nos e traga boa sorte nossa casa, e que no venham

    ladres.Trata-se de uma louvao ao orix justiceiro que protege a comunidade contra os mal feitores.Verger(1999), ao descrever os rituais na frica, destaca as bolsas de couro que adornam os elegunsdeXang. Delas dito que contm as edun ara, as pedras de raio, smbolo deste orix. Verger(1999:307) falade inmeros templos dedicados a Xang distribudos entre as diversas cidades iorubasedificados em sua homenagem. disto que fala os prximos dois cnticos.

    f lb, lb.... f lb Ele usa bolsa de couro... f lb, lb.... f lb Ele usa bolsa de couro.

    jgn wa lnp jgn n l Ele imenso, o maior de nossa casa, ele gigantesco

    Jgn wa lnp jgn n l Em nossa casa o chamamos de o maior entre os gigantes.O cntico que se segue faz aluso a Tapa, territrio dos Nupes, situado a noroeste da cidades de Oi.

    E k Yemon j ago , Tapa Tapa Cumprimentemos Iemanj pedindo licena a nao Tapa.E k Yemon j ago , Tapa Tapa Cumprimentemos Iemanj pedindo licena a nao Tapa.

    Xang considerado sempre como muito rico e poderoso, sendo destacado em seus mitos a vaidade comoum dos elementos que compe a sua principal caracterstica. A tradio oral dos terreiros sempre destaca ariqueza do Ob e os tesouros por ele acumulados.E assim falam as prximas cantigas.

    Oba s rew ele mi j j Rei que ama o belo, senhor que me conduz serenamenteK t k t awo d r s antes do culto chega com o seu oxOba s rew O rei que ama o belo

    Sng t r ol imensa, imensa a riqueza que eu viT e t r o l t Xang, imensa a riqueza que eu viSng t rolT e t r o l to

    ....A CORTE REAL CELEBRA

    Os comentrios sobre Xang, suas roupas e danas cessam quando se ouvem os sons dos atabaques. O

    canto sada Ogun, tambm ligado ao fogo. Da assistncia eclodem saudaes ao Senhor dos caminhosOgun l, o momentos de louvar o grande ferreiro, aquele que produz as ferramentas dos orixs. Ogum demos s costas, caminha para iniciar seu bailado rpido e guerreiro, exibindo sua espada, e vs por outraempreendendo uma luta contra inimigos invisveis, porm conhecidos de todos.

    Kkk alkr Grite somente alakorKkk alkr O chefe dos mundo gosta de cumprimentar,

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    Oliyki fgn senhor de Ir e do Akor, chefe do mundokr On ir que acendeu a fogueira, chefe do mundoOliy tnnn que acendeu a fogueira.

    Ogum, senhor de Ir , cidade Nigeriana onde ele cultuado, com o ttulo de Onir, o grande ferreiro.

    Kt-Kt gbn mje Em distncias iguais ele plantou 7 sementes. gbn mjnn gbogbo Ele plantou 7 sementes em todos os caminhos.

    A luta, as guerras so aspectos associados a Ogum, na frica porm, alm de guerreiro, ele o grandeprotetor de todos aqueles que vivem da agricultura. No Brasil como no continente Africano ele patrono detodos aqueles que trabalham com o ferro assim como na proteo dos Ils colocado nos portais o Mari,folhas novas de palmeiras que so desfiadas para poder afastar os espritos dos mortos e das influnciasnegativas do mundo profano, e disto que fala o cntico .

    gn n i algbde Ogum o senhor da forja(ferreiro) e caadorMrw od e que se veste de folhas novas de palmeiras.Ode mrw

    Um novo canto sada agora Iemanj, e Ogum, seu filho mtico que, dirigindo-se at o local onde sua meestava placidamente sentada, a sada. Ele levanta-a com carinho e se despede de todos, retirando-se.

    E k m ro ni ngb RS r Que nos jamais sejamos magoados por voc Orix do rioLod eE k m ro ni ru ngb rs r que voc carregue( a magoa ) em seu rio Orix.Lod e

    Na qualidade de progenitora dos seres humanos, possui o ttulo de I Or, isto , me de todas ascabease , com este ttulo, que saudada nas principais cerimnias do Candombl.

    E y kker a k ri d k Mezinha Senhora do rio (da existncia) a mezinhaOlwa od , e y kker aquela que a senhora do rio.wa je omon wa je omon Ns somos seus filhos, ela a mezinha.

    Yemonj sgbw, sgbw rereYemonj sgbw, sgbw rere Iemanj intercedeu a nosso favor Sgbw rere Yemonj intercedeu para nosso bem Iemanjsgbw rere intercedeu para nosso bem.

    Os cnticos a Iemanj ressaltam sempre a sua relao maternal, a imagem da grande me protetora oque se no seu culto. Na frica o local preferido para colocar suas oferendas no rio Iemanj. Sua louvao sempre entoada com entusiasmo, Od ia, alm do seu lado maternal, tambm tem seu lado guerreiro,portando por vezes uma espada, para defender aqueles que necessitam de sua proteo. Terminado obailado de Iemanj, comea o ritmo forte, rpido e vibrante de Oi/Ians, a esposa guerreira de Xang.Oy a senhora dos raios, das tempestades, me de todos os ancestrais-egunguns. O frenesi toma conta do

    barraco ao ritmo rpido e alucinante dos atabaques. Deslumbrante ela chega, belamente vestida, na suamo esquerda traz o er-kerou eruexm feito de crina de cavalo, na mo direita uma pequena espadalembrando uma cimitarra.

    Oy kooro nil geere-geere Oi ressoou na casa incandescente e brilhante.Oy kooro nl g r g r Oi ressoou com grande barulho, ela corta com o raio.Obrim sapa kooro nl geere-geere Ela corta com o raio, divindade arrasadora que ressoou nacasa.Oy K m r l Saudamos a Oi para conhece-la melhor.

    Od h y-y-y Redemoinho dos rios.

    D ni a pad lod Quem pode cessa-lo para podermos voltar pelo rio OyOy od h y-y-y O redemoinho do rio, quem pode cessar Oi.

    No primeiro cntico nos mitos relativos ao fogo ela sempre est presente, ora como emissria e portadoradeste poder, dividindo com seu real esposo Xang, o medo e a admirao por ele infundido.

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    No prximo, Oi est relacionada como as outras Iabs s guas. O rio Oi, na Nigria a ela dedicado,suas guas turbulentas forma em alguns trechos redemoinhos. Aplacar a ira de Oi garantir uma boatravessia.

    Aps vrios cnticos e danas cessam os atabaques, Oi est dirigindo-se orquestra ritual, abraa todosos msicos e se despede dos presentes.Ecoa no barraco o ritmo forte e cadenciado do i jexa , se faz presente agora a, senhora da beleza e dasriquezas Oxum. Todos se levantam para admir-la, e , em passos midos e graciosos, comea a evoluirem uma dana que empolga a todos os presentes. Comea assim a evoluir uma dana graciosa ao som dosIls......

    A ri i de g bo !! ! Aquela que consegue fazer soar as pulseiras como uma cano.Omi ro a!! wr-wr om i ro Soam como o barulho das guas rpidas.O fide semo ly Ela balana as pulseiras em Oy.Omi ro a!! wr-wr om i ro Soam como o barulho das guas rpidas.O fide semo lowo Ela balana as pulseiras com respeito.Omi ro a!! wr-wr om i ro Soam como o barulho das guas rpidas.O fide semo lrun Ela balana as pulseiras no Orun.

    Oxum, orix vaidosa e feminina, suas pulseiras lembram o murmrio das guas dos rios, quando ela vaibanhar-se faceira, exibindo sua riqueza e encanto. A palavra Wr-wr, alm de significar rapidamente,tem o sentido de uma onomatopia, que lembra o rudo das guas, como das pulseiras de Oxum no cntico.

    su n e lo l im ol lom i Oxum, senhora que tratada com todas as honras.su n e lo l Senhora dos espritos das guasAyab a imol lom i Oxum, senhora que tratada com todas as honras.

    Yyyolom i , yyy, Me compreensiva, dona das guasOlom i ...

    Ayab a bal su n A grande me Oxum toca (reverencia) o cho ( a terra ).Ayab a bal su n

    y d sn ma gb y wa oro A me do rio a quem cultuamos nos proteger.

    y d sn ma gb y wa oro Me que nos guiar nas tradies e costumes.Os cnticos reverenciam a Senhora dos espritos das guas e dos rios. Foi na beira de um riacho que o ReiLar, o primeiro Atao j, ttulo dos Obs da regio de Ijex, na Nigria, fez um pacto com este Orix. Sob aforma de peixe, ela dirige-se ao rei, que faz construir, neste local mtico, o templo de Oxum, em Osogbo,onde ainda se cultua o orix Oxum. Os iyiy, aves mticas ligadas aos ancestrais femininos, so lembradostambm nos cnticos e de forma especial nas louvaes dedicadas a Oxum ora Iyiy saudando umadas mais prestigiosas e muitas vezes temida, me ancestral. Dela tambm se diz ser a grande feiticeira.

    E MA IS UM CNTICO ECOA.....

    Ig b yaw igb s i sun rw Ib iaw(cabaa contendo tecidos, roupas. alimentos e pertences

    Ig b yaw i gb s i sun rw da noiva) para Oxum no dia do seu casamento.w sin e ki igb rw rw Ns cultuamos a formosa noiva que recebeu linda cabaa deIg b yaw igb s i sun rw presente de casamento. Oxum estava linda no dia do seu casamento.

    O Ib Ia, a cabaa da noiva, pode tambm aludir a um outro tipo de aliana ou de compromisso. Como asnoivas de hoje e de antigamente, os Ias, quando de sua iniciao preparam seu enxoval , recebendotambm presentes dos mais prximos de sua futura famlia mtica, para que este possa brilhar no dia dacerimnia do enlace ou da sua iniciao. Lentamente a senhora dos rios, despede-se dos convidados, eoutros acordes so executados para saudar Ob, As Ekejis certificam-se de que Oxum no esteja maispresente na sala. Os convivas de Obaladesto radiantes, seguindo a cadencia dos ils, uma batida maisforte do run, vem ela Oba a Yab guerreira, a grande caadora das florestas. Ao compasso do somsuavemente retira a adaga presa o ao busto, colocando em seu lugar o of. Elegantemente com a adaga

    em punho avana graciosamente e comea seu bailado cadenciado ao cntico de.....Ob elk j s Ob da sociedade Elek, guardi da esquerda.

    jgb elk j s Anci, guardi da esquerda na sociedade Elek.Or awo m gbo Oba O ritual do mistrio entendido e ouvido por Ob.

    jgb elko j s Anci, guardi da esquerda na sociedade Elek.

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    O Cntico fala da sociedade Elek, informando que Ob sua suprema guardi. Pouco se sabe destasociedade secreta de mulheres no Brasil, se bem que seu ttulo principal de y-Egb o que ostenta achefe da comunidade nos terreirosLsEgn. Por outro lado, Oba representao coletivas dos ancestresfemininos, venerados nesta sociedade, cultuada nos terreiros Lese rs. Terminado este primeirocntico, relembrando o papel de guardi dos segredos da sociedade Elek, Ob retoma o seu Of guardadono atac e, com um gesto incisivo, solicita o escudo, que ela confiara a um dos presentes. Um novo ritmolaudatrio se aproxima saudando a guerreira das florestas, atravs de passos rpidos, numa caada, ondenuma das mos, exibe o arco e flecha, mostrando destreza daquela que se rivaliza, no ofcio, com o maiordos caadores, Oxossi.

    t wr Do trono de madeira rapidamente ela constriOf e r w seu arco e flechas que saem serpenteando.

    P` p p Soando como um tambor abafado, o OfF de w, n i chegou at ns.P p p Soando como um tambor abafado,Ele n o !! A proprietria o perdeu.

    ya el e n o (Quando) A me est enfraquecida.Ob elk dl Ob da sociedade Elek, volta para casa,Ob Sb o faz adivinhao, prepara uma armadilha e

    Ob db kr volta a sair.E brin p E vai em direo ( casa ) db k r Faz adivinhao, prepara armadilha e volta a sair.

    Ob rpida como a sua flecha. Dela dito ser uma caadora ta eficiente, e talvez melhor, que a maioriados caadores. Foi por isso que teve o respeito de Oxossi, o grande caador. Dizem que foi ele quemensinou a ela esta arte, e ela aprendeu com maestria. Oba obsessiva, e seu instinto guerreiro sempre afaz pelejar. Porm, quando sente que as foras acabam, volta para casa ( floresta ), recupera-se e retornarapidamente. A casa o lugar da magia, da consulta a If, deus da adivinhao. E disto que falam oscnticos acima. Terminada a homenagem a grande guerreira, a mesma despede-se de todos com arimponente. Uma pausa se faz no Il de Ob alad......

    O toque dos atabaques anuncia que todos devem retornar ao barraco. O ritmo do Igbin anuncia aospresentes que Oxalse faz presente nas celebraes de Xang, e que o final da festa est para chegar. Ocanto explode com um entusiasmo muito especial. A melodia de rara beleza ecoa por todo o terreiro e cantada com muita emoo por todos. Os versos dirigidos ao Pai-da-criao chega a ser quase umasplica.

    Onsa wre a n l j Senhor que faz com que tenhamos boa sorteOnsa wre br omon e com que sejamos grandes.Onsa wre Senhor que nos d o encantamento da boa sorteA n l j Bb cumprimenta os filhos.Onsa wre br omon Pai, Senhor que nos d boa sorte e nos torna grande.

    O Orix do branco e da calma est presente, lembrando a todos a importncia de serem to grandes quantoele nos atos, to calmos, porm dignos e conscientes de seus direitos e obrigaes. Agora quem danamajestoso, tranqilo e de porte altivo Oxagui, o mais novo e guerreiro dos Orixs Funfun, empunhandouma espada evolui em passos firmes e cadenciados. Segundo antigas lendas, ele faz parte da trilogia dosOrixs guerreiros juntamente com Ogunje Ieman j-Ogunt.

    Ajagnnn (n)gb wa o !!! Aj agnnn Ajagunan ( guerreiro ) nos acuda nos socorra, AjagunanElms, Bb ssg inyn Senhor dos lindos ornamentos, Pai OxaguiAjagnnn (n )gb wa o !!! Ajagunan ( guerreiro ) nos acuda nos socorra.Elms ,Bb olr ogn Pai das guerras ( guerreiro ), Senhor de Elemes,Ajagnnn (n )gb wa o !!! nos acuda nos socorra.

    O povo ioruba o relaciona como um dos filhos de Oduduaque, a partir de If, povoam o mundo, e assimfunda a cidade de Elej igbo, sendo este considerado seu primeiro Obou Rei.

    hora da partida, as exclamaes de Exeu babso pronunciadas com entusiasmo ao rei dabenevolncia. Todos solicitam a sua boa vontade. Seu afeto e imprescindvel, e mais do que isso, suaestima, para que possa nos envolver com a ternura do seu abrao e a proteo de sua espada que amparae luta ao nosso lado.

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    O dia amanhece, os primeiros raios de sol acordam a natureza. Ouvem-se os primeiros cantos dospssaros que tambm anunciam a presena de um novo dia.

    calma e tranqilidade no Il de Obalad.....

    ...... o fogo lentamente se extingue na fog ueir a de Xang......