Criança, consumo e publicidade: análise dos anúncios veiculados ...
A FORMAÇÃO DA INFÂNCIA PARA O CONSUMO NA PUBLICIDADE DA
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A FORMAÇÃO DA INFÂNCIA PARA O CONSUMO NA PUBLICIDADE DA REVISTA VEJA Paula Deporte de Andrade – ULBRA
ITRODUÇÃO
“Envolta em cor-de-rosa, com tênis da Xuxa, legging e camiseta da Lilica
Ripilica, prendedores da Hello Kitty nos cabelos e uma Barbie Princesa nas
mãos, Carolina, 4 anos, acompanhava sua mãe na aula de Pilates. Indagada
sobre onde aprendera a vestir-se assim tão na moda, respondeu
imediatamente e com certo orgulho: − na TV e nas revistas da mamãe!”1
A cena acima descrita pode ser considerada um clipe sobre como sujeitos
infantis se constituem no interior dos aparatos culturais de seu tempo. No caso de
Carolina, como ela mesma explica, a mídia impressa e televisiva são os sítios onde
recolhe elementos para compor sua imagem de menina alinhada aos ditames e
tendências da sociedade de consumidores. Seu fascínio por tais aparatos é ilustrativo do
lugar privilegiado que ocupam na constituição dos repertórios identitários de milhões de
crianças e jovens pelo mundo afora. Especialmente as imagens da publicidade,
conforme argumenta Kellner (2008), assumiram a posição de discurso público
dominante, difundindo estilos, modelos de conduta, valores e modos de vida.
Partindo disto, neste texto apresento recortes de minha pesquisa de Mestrado que
investiga a publicidade em revistas para mostrar a produtividade da articulação entre
estes dois territórios da mídia na constituição de uma infância para o consumo. Como
sítio de análises, trago aqui anúncios publicitários veiculados nas páginas de Veja entre
os anos 2000 a 2009. Nas páginas da Veja, a partir do critério de análise estabelecido2,
foram localizados os anúncios que permitiram problematizar os usos de jovens crianças
na publicidade de revistas, e que colaboram para a formação de uma infância para o
consumo. Uma infância que desde a mais tenra idade cresce associando felicidade e
sucesso com bens de consumo.
Optei por trabalhar com crianças em anúncios publicitários de revistas porque,
de acordo com Scalzo (2008), revistas carregam “as verdades” de seu tempo e, por
serem impressas, levam vantagem em relação a outros artefatos, já que “o impresso,
1 Retirado de registros do diário de campo da pesquisa, local de anotações de fatos e acontecimentos relacionados ao tema de pesquisa percebidos durante a realização da mesma. 2 Caso o trabalho seja aprovado, por questão de espaço, descreverei mais detalhadamente o critério de análise na apresentação do mesmo.
historicamente, parece mais verdadeiro do que aquilo que não é” (p.12). Revistas
também têm uma relativa durabilidade e grande circulação. Uma mesma revista pode
ser lida por muitas e diferentes pessoas no transcorrer de uma semana, mês ou até por
um tempo maior. É comum encontrar revistas de meses atrás em lugares públicos como
salas de espera de todo o tipo ou mesmo em escolas. Assim, com certa durabilidade (em
meio à descartabilidade), circulação considerável e incremento de recursos visuais de
boa qualidade, as revistas constituem excelente lócus de produção e disseminação de
ideias, valores, modelos, conceitos, etc. Eis alguns dos motivos porque anunciar em
revistas é uma estratégia publicitária muito efetiva e rentável, mesmo nos tempos da
cibercultura.
A publicidade em revistas nos remete a uma ação de marketing amplamente
implementada em anos recentes, que é o uso de crianças em campanhas publicitárias.
Vários autores (LINN, 2009; SCHOR, 2009) destacam, por exemplo, o grande poder de
influência das crianças nas compras de seus pais. Conforme aponta Schor (2009), hoje
as crianças escolhem não só o que elas irão vestir, mas também o que a família irá
comer, onde passará as férias, influenciando inclusive na cor, modelo e marca do carro a
ser adquirido. Outra explicação para o uso crescente de crianças em campanhas
publicitárias é que − além do poder de influência que elas detêm na família e de elas
próprias começarem a se comportar como pequenas consumidoras − as crianças de hoje
serão os jovens e adultos consumidores de amanhã. A atual aliança entre publicitários e
público infantil demonstra que transformar crianças em consumidores, especialmente
consumidores fiéis às marcas, é um objetivo produtivo e conveniente para a atual
sociedade, denominada por Bauman de “sociedade de consumidores” (BAUMAN,
2008).
Para Bauman (2008), nesta sociedade há um segredo muito bem guardado - a
transformação das próprias pessoas em mercadorias. O consumo de bens materiais pode
ser visto como um recurso para que o sujeito se sinta melhor consigo: mais belo, mais
agradável aos olhos dos outros, enfim, que seja também ele uma mercadoria vendável.
Na sociedade de consumidores desaparecem as distinções entre coisas a serem
escolhidas e os que as escolhem, entre mercadorias e consumidores. O autor
complementa sublinhando que em tal sociedade, “o que a separa de outras espécies de
sociedade é exatamente o embaçamento e, em última instância, a eliminação das
divisões acima citadas”. (p.20, grifos do autor)
Na sociedade de consumidores, o consumo desenfreado, marcado pela
efemeridade e pela descartabilidade, torna-se uma das práticas centrais a regular a vida
dos sujeitos. Conforme Bauman (2008):
Numa sociedade de consumidores, todo mundo precisa ser, deve ser e tem que ser um consumidor por vocação (ou seja, ver e tratar o consumo como vocação). Nessa sociedade, o consumo visto e tratado como vocação é ao mesmo tempo um direito e um dever humano universal que não conhece exceção. (p.73 - grifos do autor)
Nem mesmo as crianças escapam a esta nova ordem social pautada pelo
consumo, sendo a publicidade uma das importantes ferramentas que as enredam e
convocam para algo ainda mais assustador – o consumismo. É em boa parte por meio de
anúncios impressos e televisivos que crianças alimentam o desejo de obter itens “da
moda” como sandálias da Hello Kitty, mochilas do Ben 10 e o polêmico laptop da Xuxa.
É também neles que elas se enxergam como consumidores, além de se depararem com a
possibilidade de incrementar sua própria imagem para circular no supermercado das
identidades.
Pesquisando sobre os primeiros indícios da aliança entre infância e consumo,
Schor (2009) comenta que esta adquire proeminência na segunda metade do século XX,
em especial nas décadas de 1980 e 1990. A produtividade das crianças para o consumo
e para o mercado começa a ganhar relevância e espaço por meio das campanhas
publicitárias onde o objetivo é fazer das crianças consumidoras. Ainda de acordo com a
autora “a nova regra é que crianças e marqueteiros unam as forças para convencer os
pais a gastarem dinheiro” (SCHOR, 2009, p.10).
A publicidade, assim, tem contribuído produtivamente para o delineamento de
uma das características mais marcantes da infância contemporânea e que podemos ver
representada nos artefatos de nossa cultura: a emergência de uma infância para o
consumo. Uma infância que é apresentada à sociedade como interessada em consumir,
em ter, em aparecer, uma infância cuja felicidade está circunscrita, demarcada, pode-se
dizer sitiada, por sua capacidade para se movimentar em meio à mercantilização tanto
de bens como de afetos.
Neste contexto, a publicidade e seus anúncios, que produzem e fazem circular
modos de ser criança na contemporaneidade, expressam esta “tendência” ao consumo e
ainda ensinam as características e os comportamentos apropriados a esta ordem. A
publicidade emprega suas ferramentas estéticas e persuasivas no uso da imagem das
crianças para a convocação ao consumo. Ela explora, vende e dissemina sensações de
poder, status e notoriedade. A imagem, poderosa ferramenta da publicidade, é
provavelmente a aliada mais produtiva nos apelos midiáticos ao consumo. Segundo
Kellner (2008),
Embora os apologistas da indústria da publicidade argumentem que a publicidade é predominantemente informativa, um exame cuidadoso das revistas, da televisão e de outros anúncios imagéticos indicam que ela é avassaladoramente persuasiva e simbólica e que suas imagens não apenas tentam vender o produto, ao associá-lo com certas qualidades socialmente desejáveis, mas que elas vendem também uma visão de mundo, um estilo de vida e um sistema de valor congruentes com os imperativos do consumo.(p.113)
Bauman (2010), em uma de suas recentes obras traduzidas e publicadas no
Brasil, ao discorrer sobre a produtividade dos anúncios na sociedade contemporânea,
complementa que “tanto as mercadorias quanto os anúncios publicitários são pensados
para suscitar desejos e fisgar vontades” (p.36). Usar crianças na publicidade parece
enquadrar-se nesta lógica de modo até perigoso, pois assim como a criança pode desejar
o produto anunciado, o adulto pode desejar a criança do anúncio, como indica a
sugestiva imagem da campanha publicitária da Natan, a seguir (fig.1)
Figura 1 – Publicidade “4atan” – Fonte: Revista Caras nº 829 de 24/09/2009, s/p
Neste sentido, interessada em observar e analisar os diferentes e possíveis modos
como crianças vêm sendo incorporadas aos anúncios publicitários de revistas, optei por
trabalhar com as peças da Revista Veja3. Pelo recorte selecionado em minha pesquisa,
foi possível evidenciar o crescente uso de crianças. A tabela a seguir (tab.1) demonstra
3 Optei pela Veja por ser a revista informativa semanal de maior circulação e por a mesma dispor de acervo digital, o que facilita a observação nos modos como a infância vem sendo usada nos anúncios publicitário da revista.
essa associação entre crianças e consumo nos anúncios publicitários distribuídos por
décadas.
Tabela 1 – Crianças em anúncios publicitários da Veja
Publicidades por décadas Total
De 1968 a 1978 47
De 1979 a 1989 56
De 1990 a 2000 70
De 2000 a 2009 82
Foi percorrendo os anúncios publicitários da Veja que pude identificar as várias
transformações ocorridas nos modos de representar as crianças. Foi folheando as
revistas e examinando as peças publicitárias coletadas a partir do critério já
mencionado, que constatei o significativo incremento, nos limiares dos anos 2000, da
presença das crianças na publicidade desta revista, seja para anunciar produtos
destinados ao público adulto, seja para anunciar produtos destinados às próprias
crianças. Foi também folheando a revista que pude perceber a conformação da infância
como mercadoria, fenômeno a que Bauman denomina comodificação.
Mas como as crianças vêm sendo acionadas/usadas nos anúncios publicitários da
revistas? Que indícios apontam para a comodificação da infância?
Procurar responder a tais questões é o propósito do presente artigo, no qual busco,
a partir da discussão sobre a produtividade das crianças na sociedade pautada pelo
consumo, evidenciar o quanto as revistas e seus anúncios constituem um fértil campo de
análise. Busco também evidências para fortalecer o argumento de que no período
selecionado para o recorte que apresento neste artigo − 2000 a 2009 − e no artefato
escolhido − peças publicitárias com crianças na Veja − fica visível uma infância para o
consumo. Infância que ao mesmo tempo em que vende e é seduzida para comprar,
também é comodificada, já que a publicidade das revistas vende não apenas os produtos
anunciados, mas também as próprias crianças.
Representadas como portadoras de um determinado conjunto de saberes e
atributos, estas crianças são, de vários modos, estrategicamente úteis ao mercado
capitalista e aos objetivos mercantilistas da sociedade de consumidores. Nas análises
que seguem, aponto e problematizo, em seções distintas, três diferentes maneiras de
usar crianças em anúncios publicitários da Veja: quando são acionadas para vender;
quando são endereçadas pela publicidade; quando são comodificadas. Alerto que tais
modos não expressam exclusividade ou circunscrição de intenções de marketing, isto é,
que cada peça corresponderia a uma única finalidade. De fato, elas podem corresponder
a mais de uma intenção, podem se entrecruzar e se sobrepor. Tal organização foi
adotada unicamente como artifício para demarcar algumas diferenças e esmiuçar
questões para discussão.
Crianças acionadas para vender
Conforme comentei na seção anterior, crianças são usadas na publicidade para
os mais diferentes fins. Todavia, folheando digitalmente as edições selecionadas da
revista, observou-se que a preferência por crianças em estratégias de marketing acontece
especialmente em áreas como as bancárias, farmacêuticas e alimentícias.
Empresas e instituições que apostam na infância sabem tanto sobre o poder de
influência das crianças na hora da compra dos pais, quanto sabem que usar crianças em
anúncios é uma estratégia que pode causar comoção entre sujeitos das diferentes idades,
pois em nossa cultura crianças ainda são percebidas e representadas predominantemente
como sujeitos dóceis, desprotegidos e necessitados de amor e carinho. Uma vez
sensibilizados pela mensagem e pelo apelo do anúncio, a probabilidade do consumidor
tornar-se leal à marca é maior. O anúncio da FIAT (fig. 2) expressa esta acepção.
Figura 2 – Publicidade “FIAT” – Fonte: Revista Veja nº 2140 de 25/11/2009, p.42-43
O anúncio dirige-se aos pais que possuem carro desta marca, já que a redação do
mesmo afirma “o Gino cuida tão bem de seu carro quanto de sua família”. Para mostrar
este cuidado, um carismático ursinho, denominado Gino, dá a mamadeira para a doce
menininha que, no banco de trás e com cadeirinha – conforme as normas de trânsito
vigentes −, dirige um olhar encantado para Gino. No peito do ursinho está a palavra
“paixão”, uma clara alusão ao slogan da marca “FIAT – Movidos pela paixão”.
Esta associação, com fins publicitários, de marcas, ícones do momento e bens
materiais, conforme apontaram Prates (2008) e Flor (2007), é uma estratégia recorrente
e bem sucedida no marketing contemporâneo. Cria-se um “complexo” de artefatos
associados a uma marca ou produto, de forma que se realimentem mutuamente e
estimulem o desejo em várias direções. Ao desejar o ursinho, obtê-lo e expor-se com
ele, as crianças tornam-se duplamente promotoras da marca. Neste caso, para a
campanha de revisão de carros criou-se O ursinho da Fiat; a partir dele, vão surgir
mochilas, camisetas, bonés, etc.. Segundo Prates e Flor, tal complexo mercantil serve
para instigar e convocar ainda mais as crianças ao consumo, já que carregar artefatos de
personagens em evidencia gera poder e notoriedade em seus grupos sociais. Desde
pequeninas elas aprendem isso em suas variadas experiências do dia-a-dia.
A campanha veiculada em 2009 foi retomada no ano de 2010 com o mesmo
Gino, só que agora Gino Paixão foi rebatizado como Gino Passione, e a campanha
inserida nos intervalos comerciais da novela Passione da Rede Globo. Valendo-se da
doçura da menininha, da empatia do ursinho, de uma novela de sucesso em horário
nobre de uma emissora de TV, a comercialização do urso logo virou sucesso, aliada aos
serviços da concessionária. Tanto clientes FIAT quanto espectadores, adultos ou
crianças, passaram a desejar o charmoso ursinho, acessível após uma revisão na
concessionária.
O anúncio a seguir, do Banco Itaú (fig.3), também usa crianças, no caso uma
menina, para vender.
4
Figura 3- Publicidade Itaú – Revista Veja nº 1708 de 11/07/2001, p. 22-23
Como se pode observar nesta campanha, a menina Nina é usada mais para
vender a marca do banco do que serviços, já que a redação do anúncio não faz menção a
nenhum serviço específico ofertado pelo banco. Este foco na marca, conforme Klein
(2004), é uma das principais estratégias contemporâneas para conquistar consumidores.
Conforme a autora, “as corporações de sucesso devem produzir principalmente marcas,
e não produtos” (p. 27). Para isso, ainda de acordo com Klein (2004), a publicidade
sofreu algumas transformações em seu papel nas últimas décadas: passou “do
fornecimento de informações sobre os produtos para a construção de uma imagem em
torno de uma variedade identificada de produtos” (p. 30).
Segundo informa o site da Editora Abril5, 63% dos leitores da revista Veja têm
de 20 anos a 49 anos de idade, mas isso não significa que crianças – que, assim como
Carolina, folheiam as revistas de seus pais – não tenham acesso aos anúncios
veiculados. Todavia, o incremento de peças publicitárias com crianças evidencia o
poder de sensibilização das crianças junto aos adultos. Que pai preocupado com a
segurança ou a saúde de seu filho e de sua família não se comoveria com a campanha da
FIAT ou com o anúncio do Itaú?
Tais anúncios demonstram que a estratégia publicitária de usar crianças para
vender é eficaz na convocação ao consumo − especialmente pelas construções sociais
que, conforme já exposto, caracterizam tais sujeitos como frágeis e vulneráveis,
4 Redação do anúncio: “A gente investe em soluções para você conjugar os melhores verbos no seu futuro: estudar, trabalhar, sorrir, amar...” 5 Dados obtidos no site de publicidade da Editora Abril. Disponível em http://publicidade.abril.com.br. Acesso em 25 de set. 2009.
necessitando assim da atenção dos adultos −. Além disso, tais anúncios reforçam que
crianças em anúncios – dos mais diferentes serviços, das mais diferentes marcas –
quando acionadas para vender, garantem sucesso e lucros aos anunciantes, pois, a
estratégia de sensibilizar adultos a partir do uso das crianças, mostra-se clara.
Crianças endereçadas pela publicidade
Quando crianças são utilizadas em anúncios, além de incrementarem os negócios
do anunciante, elas estão ensinando tanto às crianças como aos adultos que folheiam as
revistas quais são os modos de ser criança na contemporaneidade. Numa sociedade de
consumidores, obviamente, tais modos estão fortemente imbricados com o potencial de
consumo de cada sujeito.
Dentre as lições aos leitores/consumidores está a de que ter condições de
consumir este ou aquele produto torna a pessoa mais interessante, mais “cool6”. A
publicidade das revistas ensina também que preocupar-se com a própria imagem, com o
jeito de portar-se e vestir-se é fundamental. Conforme aponta Schor (2009) “o mundo
infantil é cada vez mais construído em torno do consumo, (...) marcas e produtos
determinam quem está ‘por dentro’ e quem está por ‘fora’, quem é ‘quente’ e quem não
é, quem terá amigos e quem não os terá [...]” (p.4).
As crianças que compõem essa infância pautada pelo consumo aprendem tais
lições desde que nascem, vivendo em meio à cultura do consumo, seja no convívio
familiar ou escolar, seja em sua exposição a artefatos culturais como os midiáticos. É
especialmente por intermédio da publicidade veiculada em televisão, jornais e revistas
que elas são apresentadas aos lançamentos do mercado e convocadas a consumi-los com
variadas finalidades. O desejo por obter determinados artefatos ultrapassa amplamente o
de seu uso com a finalidade de diversão ou com a necessidade de vestir-se e alimentar-
se. Tais anúncios operam especialmente com o significado. Suas pedagogias culturais7
disseminam e promovem a valorização de determinados modos de ser criança.
Ao discorrer sobre a importância da publicidade como pedagogia cultural na
sociedade de consumo, Sabat (2001) destaca:
6 Expressão norte-americana usada por Naomi Klein (2004) que significa ser legal, divertido. 7 Conforme Silva (2000), pedagogia cultural é “qualquer instituição ou dispositivo cultural que, tal como a escola, esteja envolvido – em conexão com relações de poder – no processo de transmissão de atitudes e valores” (p.89).
A publicidade é um dos artefatos que estão inseridos em um conjunto de instâncias culturais e como tal funciona como mecanismo de representação, ao mesmo tempo em que opera como constituidora de identidades. Muito mais do que seduzir o/a consumidor/a ou induzi-lo/a a obter determinado produto, a publicidade comporta um tipo de pedagogia e de currículo culturais. Estes, entre outras coisas, produzem valores e saberes; regulam condutas e modos de ser; re-produzem identidades e representações; constituem certas relações de poder [...] (p.01)
O anúncio da C&A, a seguir (fig.4), expressa a produtividade da publicidade na
produção de valores e identidades:
Figura 4 – Publicidade “C&A” – Fonte: Revista Veja nº2132 de 30/09/2009, p.105
Como podemos ver neste anúncio veiculado na Veja em data próxima ao Dia da
Criança, a imagem da menina vestida com roupas vendidas na loja sugere uma top
model desfilando. Com olhar firme e look fashion, sua imagem está longe de ser
infantil, nos termos tradicionalmente considerados. Com exceção da blusa, as demais
peças que compõem seu visual (da marca Barbie), associadas ao lugar em que se
movimenta (um pub ou lanchonete), compõem uma representação da infância em que a
maneira de vestir-se e comportar-se sugere novos modos de ser criança e de viver a
infância. Tanto as meninas que folheiam a revista quanto suas mães, ficam fascinadas
por esses emergentes significados na publicidade que usa a infância acenando para
“sucesso, poder e dinheiro” (COSTA, 2009b, p.23).
Esta peça publicitária remete ao relato sobre a Carolina, da epígrafe deste artigo.
Anúncios como este, encontrados nas páginas de revistas endereçadas a adultos,
fornecem inspiração para crianças como Carolina comporem seu visual de menina,
ensinando-as a vestir-se de acordo com as tendências contemporâneas da imagem da
infância. Além disso, revistas como a Veja estão disponíveis também em bibliotecas
escolares e clínicas infantis, expandindo o alcance da produtividade de sua pedagogia
cultural na conformação de sujeitos contemporâneos. A infância do consumo pode ser
considerada um dos produtos de tais pedagogias.
Outra marca que, assim como anúncio da FIAT (fig.2) exposto na seção anterior,
envolve as crianças com um complexo de artefatos é a McDonald’s. Familiarizada com
as críticas de vários autores às estratégias publicitárias do McDonald’s, dediquei
especial atenção aos anúncios desta marca na Veja. Isso porque análises presentes em
obras que são referência ao tratar de questões relativas à infância e consumo (SCHOR
2009; LINN 2006, FONTENELLE, 2002) salientam fortemente o prejuízo que as
campanhas da McDonald’s acarretam às crianças, bem como chamam a atenção para os
problemas éticos da publicidade que, além de promover a venda de produtos que
comprovadamente fazem mal à saúde, dirigem as campanhas a um segmento da
população considerado vulnerável, lançando mão da irrecusável oferta de brinquedos e
jogos acoplados aos alimentos.
Selecionei o anúncio que segue (fig. 5) também para mostrar o quanto a relação
infância e consumo está presente e é forte em países de economia emergente como o
nosso. Ela se verifica tanto no caso de multinacionais como a 4estlé e a McDonald’s,
que operam com “padrões” de publicidade usados em outros países, como em relação a
empresas e marcas brasileiras. Vivemos em um mundo globalizado e tanto a
publicidade como os publicitários viajam o mundo (real ou virtual), buscando,
compondo e conjugando estratégias de persuasão para convocar e educar novos
consumidores.
8 Figura 5 - Publicidade McDonald´s – Fonte: Revista Veja nº 2001 de 28/03/2007, p.28-29
Neste anúncio, cuja extensão do texto escrito é algo incomum nos dias de hoje −
já que na publicidade contemporânea as imagens ocuparam o espaço das palavras −
vemos um menino com olhar sapeca e rosto saudável comendo batatas fritas do
McDonald’s. O extenso texto dedica-se a explicar que as batatas fritas do McDonald’s
estão isentas de gordura trans. Além disso, ao final, o texto justifica que a empresa,
buscando “evolução constante”, incorporou saladas, sucos e chás ao seu cardápio.
Contudo, como podemos observar, não é salada que o menino do anúncio está comendo
e também não é ao comprar salada com chá que as crianças que vão ao McDonald’s
ganham brinquedos.
Tal anúncio ainda nos mostra o quanto esta rede de fast-food tem sido eficaz na
convocação ao consumo já que, ainda segundo o anúncio, “1,6 milhões de pessoas todos
os dias” vão aos McDonald’s brasileiros. Isso elucida o poder de persuasão que a marca
detem (FONTENELLE, 2002).
É em meio às pedagogias culturais exercidas em diferentes artefatos de nossa
cultura que as crianças de hoje vão compondo a infância do consumo. Usar roupas de
um ícone infantil como a Barbie ou comer no McDonald’s carrega um conjunto de
significados relacionados aos imperativos de uma cultura global consumista. Costa e
Momo (2009) ao discorrerem sobre crianças desta infância moldada pelo consumo que
encontraram nas escolas pobres das periferias, afirmam:
8 Não foi colocada a legenda do texto publicitário na integra pela extensão do mesmo. Em síntese, o texto trata de explicar aos consumidores que o McDonald’s, em atenção a estudos que mostram que a gordura trans faz mal à saúde, está usando “um novo óleo, à base de sementes de algodão, soja e palma”.
Visibilidade, efemeridade, ambivalência, fugacidade, descartabilidade, individualismo, superficialidade, instabilidade, fazem parte de suas vidas. Vislumbramos nas escolas estudadas crianças que buscam infatigavelmente a fruição e o prazer e, nessa busca, borram fronteiras de classe, gênero e geração. São crianças que procuram incansavelmente inscrever-se na cultura globalmente reconhecida e fazer parte de uma comunidade de consumidores de artefatos em voga na mídia do momento; que produzem seu corpo de forma espetacular para que ele esteja em harmonia com o mundo das visibilidades; que se caracterizam por constantes e ininterruptos movimentos e mutações. São crianças que vão se tornando o que são, vivendo sob a condição pós-moderna. (p.02)
Anunciar produtos infantis numa revista que tem como público sujeitos adultos é
mais um modo de se usar a infância na publicidade contemporânea, pois como já
exposto, crianças têm acesso seja em suas casas, seja na escola a estas revistas e até seus
pais acabam desejando que seus filhos possuam tais produtos. Porém, o espectro de usos
de crianças na publicidade aponta para mais uma característica desta infância do
consumo: a sua comodificação.
Crianças transformadas em mercadorias
A crescente presença de crianças na publicidade colabora para a visibilização de
uma das características mais marcantes desta sociedade e que podemos ver representada
nos artefatos culturais contemporâneos: a comodificação dos consumidores e, no caso
que interessa ao presente estudo, a comodificação da infância. O termo comodificação,
derivado do conhecido substantivo usado entre nós em sua versão em inglês −
commodity −, é empregado por Bauman (2008) para se referir ao processo pelo qual as
pessoas, na sociedade denominada pelo autor de “sociedade de consumidores”,
transformam-se em mercadorias, em bens a serem consumidos, processo este que afeta
igualmente jovens, adultos e crianças. A comodificação das crianças pode ser observada
em diferentes artefatos de nossa cultura, entre eles, na publicidade de revistas.
Contudo, crianças não se tornam mercadorias apenas porque a publicidade as
retrata deste modo. Crianças são comodificadas também porque aprendem, nas
pedagogias culturais exercidas pelos artefatos de nossa cultura, que devem ser
mercadorias vendáveis; aprendem desde cedo – como Carolina– que usar roupas de
grife e portar objetos em voga no momento faz com que sejam apreciadas e atraentes
aos olhares dos outros. Assim, as próprias crianças investem sobre si mesmas para
tornarem-se comoditties. Como afirmam Camozzato e Momo (2009, p. 40), na
sociedade pautada pelo consumo “estamos, irremediavelmente, enredados nas tramas
que nos ‘habilitam’ ao consumo de tudo, inclusive de nós mesmos”.
Essa exacerbação do consumo traz consigo também as estratégias de
comodificação do “outro”. Conforme explica Costa (2009a):
As redes de mercantilização e consumo investem maciçamente no discurso da responsabilidade social e das políticas de inclusão. A compra de mercadorias é revestida de uma aura de ato político, em que o consumo acontece não apenas para mostrar o que se tem e o que se pode, mas também para ajudar o próximo. (...) Em cada uma destas campanhas, de certa forma, também se consome o “outro” (p.31).
Esta é outra nuance do processo de comodificação, no qual as crianças também
têm sido conveniente e constantemente acionadas. Crianças de diversos tipos étnicos
são convocadas para dirigir a atenção para empresas ou marcas que estão preocupadas
em se mostrar como “politicamente corretas”.
Ao serem utilizadas nesses anúncios publicitários, estas próprias crianças junto
com uma construção conveniente acerca do politicamente correto são consumidas.
Assim, acabamos adquirindo produtos de determinada marca porque, como
consumidores, ao escolher os produtos anunciados, compramos a ilusão de que com isso
somos tão comprometidos com o campo social quanto a marca que vende esta ideia. Um
exemplo disso é a peça publicitária da Unilever (fig. 6), a seguir.
9
Figura 6 - Publicidade Unilever – Fonte: Revista Veja nº 1903 de 04/05/2005, p. 126-127
9 Texto do anúncio: “Vitalidade é vida. É alegria de nascer a cada momento. Homenagem da Unilever no Dia das Mães. Onde existe alguém feliz, existe uma mãe. Afinal, de onde mais poderia nascer a alegria de viver? É uma maravilha criada por quem nem percebe que está deixando marcas, com sabores, perfumes e cores. E que serão para sempre a melhor referência de felicidade. Conte com a gente em todos os momentos e, no Dia das Mães, aceite mais do que uma homenagem. Um agradecimento. Obrigado.”
Neste anúncio, como podemos ler no texto publicitário, a Unilever faz uma
homenagem ao Dia das Mães. Para isso, crianças de diversas etnias são acionadas na
peça, afim de que as mães, independente de suas raças ou etnias, sintam-se
homenageadas. Mas, para além de salientar e vender a marca da empresa, esse anúncio
opera produtivamente na comodificação do “outro”, evidente na composição
“politicamente correta” da foto publicitária, onde sujeitos de várias etnias são acionados
para vender a imagem e os produtos Unilever. Dito de outro modo, neste processo de
comodificação da infância não há exclusão, todas as crianças – brancas, negras,
mestiças, asiáticas, etc. – tornam-se commodities e, por isso a mensagem que o anúncio
transmite é que todas as crianças e, todas as mães, devem usar produtos da marca
Unilever.
Outro modo de usar crianças nas campanhas publicitárias e que também aponta
para a comodificação da infância diz respeito a erotização das mesmas. Dentro do
recorte feito para este texto, também foram encontrados anúncios onde tal questão
surge. Olhemos para o anúncio da pomada Dermodex (fig. 6) a seguir.
10
Figura 7 - Publicidade “Dermodex” – Fonte: Revista Veja nº 2105 de 25/03/2009, p. 45
10 Redação do anúncio: “Contra assaduras, passe mais carinho. Dermodex prevent protege contra assaduras e é muito mais fácil de espalhar. Passe mais carinho.”
Tal peça chama a atenção por representar dois aspectos interessantes para
análise: o amor e o cuidado dispensados à infância − representados pelo coração
desenhado com a pomada exatamente na região do corpo em que bebês frequentemente
apresentam assaduras, e o sutil apelo à sexualidade pedófila. Esta imagem remete-nos à
origem do termo pedofilia. Segundo Felipe e Guizzo (2003),
(...) apesar de ser concebida nos dias atuais como uma forma de doença por parte de quem exercita tais práticas, na sua origem grega, a pedofilia remetia à idéia de amor às crianças (composta pelo substantivo grego pais = criança e pelo verbo phiJeo = amar. Paidophilos = aquele que ama as crianças; paidophiJes = aquele que ama os meninos). (p. 122, grifos das autoras)
O inquietante neste anúncio é justamente sua ambiguidade. Muitas pessoas
podem olhar para ele considerando-o apenas bonito, divertido, fofo. Todavia, quando
nos deparamos com os incontáveis casos de pedofilia expostos pela mídia, tal anúncio
pode parecer demasiadamente provocativo e arriscado, já que expõe a criança como
mercadoria disponível a todo o tipo de consumo. Ou seja, esta peça publicitária, assim
como o anúncio da 4atan apresentado no início deste artigo (fig. 1), nos mostram
crianças transformadas commodities, com seus corpos e sua sexualidade suscitando
muito mais do que exclusivamente o desejo de adquirir o produto anunciado. Eis um
outro modo de usar a infância nos anúncios contemporâneos, complexo e perigoso
demais.
Para finalizar...
Há registros de que as revistas chegaram ao Brasil trazidas pela corte portuguesa
no começo do século XIX. Teria sido na década de 1930, porém, com a revista O
Cruzeiro, que o gênero revista difundiu-se em nossa sociedade, pois esta foi a primeira
revista a firmar-se no mercado editorial nacional, conforme aponta Scalzo (2008).
Atualmente, apesar do fantástico avanço das formas digitais de informação e
comunicação, tal artefato ainda se mostra com muita vitalidade. A revista Veja é a mais
vendida em nosso país e a quarta revista semanal mais vendida no mundo (SCALZO,
2008).
Estudiosos do gênero revista (MIRA, 2001; SCALZO, 2008; CARVALHO,
2010) apontam que, presentemente, é a venda dos espaços publicitários nas revistas –
prática difundida na década de 1960 − que garante o lucro das editoras e a continuidade
de alguns títulos. A aliança entre revistas e anúncios publicitários vêm dando certo
pelos resultados significativos na convocação ao consumo, o que evidencia como as
revistas e os anúncios são competentes em transformar sujeitos em consumidores.
Ao analisar anúncios contemporâneos veiculados na Revista Veja, procurei
mostrar o quanto a infância vêm sendo útil a estratégias corporativas em que empresas
de todo o tipo e conglomerados midiáticos unem-se na formação de novos
consumidores. Particularmente, procurei demonstrar a eficácia da publicidade em
revistas na construção de uma infância conveniente aos interesses da sociedade de
consumidores: a infância do consumo. Mesmo não sendo endereçada ao público
infantil, a revista Veja constitui-se como um campo poderoso de circulação de discursos
estrategicamente persuasivos que, de diferentes modos, convocam ao consumo.
Todavia, considero importante ressaltar que a publicidade da Veja não está criando uma
nova prática, apenas está colocando em circulação práticas, saberes, discursos e
representações que estão em voga em nossa sociedade. Assim, a emergência de uma
infância para o consumo não se dá de um único modo, resultando de distintos e
incontáveis agenciamentos disseminados no interior da cultura. As táticas e estratégias
em ação nas sociedades do presente para constituir uma infância do consumo tem na
publicidade das páginas das revistas apenas um de seus nichos de operação.
Além disso, não é apenas porque crianças são usadas em campanhas
publicitárias para sensibilizar adultos e levá-los ao consumo que dizemos que a infância
está adquirindo novas características. Afirmamos que os anúncios contribuem para a
emergência de uma infância do consumo porque, para além de sensibilizar adultos, as
crianças usadas pela publicidade estão ensinando à nossa sociedade modos de ser
criança, modos que estão atrelados de forma muito forte aos pressupostos de uma
sociedade de consumidores. Sociedade onde todos devem ser consumidores e onde cada
um deve fazer de si mesmo uma “mercadoria vendável”, já que os sujeitos são, “ao
mesmo tempo, os promotores das mercadorias e as mercadorias que promovem. São,
simultaneamente, o produto e seus agentes de marketing” (BAUMAN, 2008, p.13).
Assim, as crianças aprendem desde cedo que o seu “eu” também é uma
mercadoria de consumo, pois, nessa sociedade, não importa o que elas são, mas o que os
outros pensam que elas são (FONTENELLE, 2002). É nesse contexto que a publicidade
aliada à cultura do consumo produz uma infância do consumo ao educar as crianças
contemporâneas para subjetivarem seus “eus” segundo pressupostos do capitalismo
tardio.
Nessa perspectiva, negar a importância da mídia e particularmente da
publicidade nesta sociedade é fechar os olhos para os modos como as crianças
contemporâneas se constituem, já que, conforme Linn (2006) “A longo prazo, essa
imersão de nossos filhos na cultura comercial traz consequências que vão muito além do
que eles compram ou não”, pois, ainda de acordo com a autora, o marketing “procura
afetar os valores essenciais como as escolhas de vida: como definimos a felicidade e
como medimos nosso valor próprio. (p.29).
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