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MÁGADA TESSMANN SCHWALM A FORMAÇÃO DE CONCEITOS DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DA UNESC CRICIÚMA-SC 2007

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MÁGADA TESSMANN SCHWALM

A FORMAÇÃO DE CONCEITOS DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM

ENFERMAGEM DA UNESC

CRICIÚMA-SC

2007

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MÁGADA TESSMANN SCHWALM

A FORMAÇÃO DE CONCEITOS DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM

ENFERMAGEM DA UNESC

Dissertação apresentada à Diretoria da Una de Humanidades, Ciência e Educação do Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, como pré-requisito para a obtenção do título de Mestre em Educação. Orientador: Prof. Dr. Paulo Rômulo de Oliveira

Frota.

CRICIÚMA, MARÇO, 2007.

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Dedico esta Dissertação a meu Esposo e Filho, que demonstraram muita

paciência, abdicando de momentos de lazer e alegria, para que eu

pudesse desenvolvê-la.

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O conhecimento é o processo pelo qual o pensamento se aproxima

infinita e eternamente do objeto. O reflexo da Natureza do pensamento

humano deve ser compreendido não de maneira “ morta”, mas “

abstratamente”, não sem movimento, não sem contradição, mas sim no

processo eterno do movimento, do nascimento das contradições e sua

resolução.

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC

DIRETORIA DA UNA DE HUMANIDADES, CIÊNCIA E EDEUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

MESTRADO EM EDUCAÇÃO

LINHA DE PESQUISA I

A FORMAÇÃO DE CONCEITOS DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM

ENFERMAGEM DA UNESC

Esta Dissertação foi submetida ao processo de avaliação pela Banca para obtenção do título de

MESTRE EM EDUCAÇÃO e aprovada em sua forma final em 22 de março 2007, atendendo às normas da legislação vigente do Programa de Pós-graduação em Educação, da Universidade do Extremo Sul Catarinense – Unesc.

_______________________________________________ Profº Dr. ADEMIR DAMÁSIO – Coordenador do Curso

BANCA EXAMINADORA:

______________________________________________ Dr. PAULO RÔMULO DE OLIVEIRA FROTA - Orientador

_______________________________________________ Drª MARIA SALONILDE FERREIRA - Examinadora externa/UFRN

______________________________________________ Drª MARIA TEREZA LEOPARDI – Examinadora /UNESC

______________________________________________ Dr. ADEMIR DAMÁSIO – Examinador suplente/UNESC

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A FORMAÇÃO DE CONCEITOS DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM

ENFERMAGEM DA UNESC

RESUMO

Autor: Mágada Tessmann Schwalm

Orientador: Profº Dr. Paulo Rômulo de Oliveira Frota

O Estudo Intitulado “A formação de Conceitos dos Estudantes de Graduação em

enfermagem da UNESC” foi desenvolvido com 60 estudantes, objetivando analisar

os conceitos de Enfermagem – cotidianos e científicos – apropriados pelos

acadêmicos do último semestre do curso de Enfermagem da Unesc (2005b), em

relação ao que é encontrado nas primeiras fases do curso. Foi realizada a

sistematização de um grupo de categorias – a partir dos atributos dos conceitos –,

para classificá-los de acordo com os aportes conceituais sobre Enfermagem

ministrados no Curso, possibilitando subsidiar, a partir das conclusões obtidas,

modificações e ou implementos ao currículo de Enfermagem vigente na Unesc. O

estudo é uma abordagem qualitativa e foi desenvolvido durante os meses de

setembro de 2005 a dezembro de 2006. Os dados revelam que a maioria dos

graduandos em Enfermagem porta conceitos sobre a Enfermagem considerados em

transição do conceito cotidiano ao conceito científico, ou seja, trazem consigo, ainda,

atributos característicos dos conceitos cotidianos como questões históricas, mas

contemplam no horizonte (alguns mais distantes, outros mais próximos), o ser

humano na sua totalidade, vendo-o como ser integral, ativo e histórico, capaz de

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transformar com sua atividade o mundo ao seu redor. Também contempla as

Teorias de Enfermagem sendo que a metade dos participantes identifica-se com a

Teoria Transcultural e a outra metade, com a Teoria do Ser Humano Unitário. Estas

opções refletem de certa forma que o Curso tem alcançado seus objetivos na

medida em que apregoa o cuidado terapêutico humanitário e o respeito pelo ser

humano tal qual é, carregado de crenças e valores pessoais, tendo como pano de

fundo o compromisso do enfermeiro com a mudança social. Isso reflete o exercício

da educação no desenvolvimento de conceitos científicos, cumprindo desta forma,

seu objetivo primordial – o ensino –, neste caso, o ensino na Enfermagem.

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ABSTRACT

THE FORMATION OF CONCEPTS OF THE STUDENTS OF GRADUATION IN

NURSING OF THE UNESC

Author: Mágada Tessmann Schwalm

Orienting: Profº Dr. Paulo Rômulo de Oliveira

The Intitled Study "the formation of Concepts of the Students of Graduation in

nursing of the UNESC" was developed with 60 students, objectifying to analyze the

concepts of Nursing - daily and scientific - appropriate for the academics of the last

semester of course of Nursing of the UNESC (2005 b). Systematization of a group of

categories was carried through - from the attributes of the concepts -, to classify them

in accordance with arrives in pot conceptual on Nursing given in the Course, marking

possible to subsidize, from the gotten conclusions, modifications or implementation to

the curriculum of Nursing at the UNESC. The study it is a qualitative boarding and it

was developed during the months of September of 2005 December 2006. The data

disclose that the majority of Nursing students carries concepts on the Nursing

considered in transition, of the daily concept to the scientific concept, or either, still

have characteristic attributes of the daily concepts, such as historical questions, but

they contemplate, in the horizon (some more distant, and others nearest ones), the

human being in the totality, seen as integral human being, active and historical,

capable to transform the world around with their activity. Also it contemplates the

Theories of Nursing, and the half of the participants is identified the Transcultural

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Theory and to another half to the Theory of the Unitary Human being. These options

reflect of certain form that the Course has reached its objectives the measure that

proclaims the humanitarian therapeutic care, proclaimed as respect for the human

beings such which they are, for personal beliefs and values, having as deep

commitment of the nurse with the social change of their activity. This reflects the

exercise of the education in the development of scientific concepts basically in its

priority objective, the education, in this in case, education in Nursing formation.

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RESUMEN

LA FORMACIÓN DE LOS CONCEPTOS DE LOS ESTUDIANTES DE LA

GRADUACIÓN EN EL OFICIO DE ENFERMERA

Del autor: Mágada Tessmann Schwalm Schwalm

Del Orientador: Dr. Paulo Rômulo de Oliveira Frota

El estudio denominado "La formación de los conceptos de los estudiantes de la

graduación en Enfermería de UNESC, echo con 60 estudiantes, tuve por objeto

analizar los conceptos de enfermería - diario y científico - apropriados por los

estudiantes del último semestre curso de enfermaría de UNESC (2005b), usado para

describir y orientar el ejercicio de la profesión. También tuve como objetivo,

organizar un grupo de categorías - de las cualidades de los conceptos para clasificar

los conceptos del oficio de enfermera espreso por la muestra, en la búsqueda de sus

características; para cotejar los conceptos del oficio de enfermera espreso por la

muestra con los que llegan en las primeras fases del curso, de eses que se dan en el

curso de enfermería de UNESC y subvencionar, de las conclusiones que se obtener,

modificaciones y o implementación al currículo actualmente en validez en la UNESC.

El estudio es de carácter cualitativo y fue desarrollado durante los meses de

septiembre de 2005 al diciembre 2006. Los datos expresan que la gran mayoría de

los estudiantes en el oficio de enfermera, tienen conceptos en transición, del

concepto diario al concepto científico, o sea, traen cualidades características de los

conceptos diarios, tales como preguntas históricas, pero contemplan en los

horizonte(algunos más distantes que otros) el ser humano en su totalidad,

respectando a el como ser integral, activos e históricos capaces de transformar con

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su actividad el mundo a su rededor. También comtempla las teorías del cuidado en

profundidad mayor o de menor importancia. La mitad de los que tiene parte en la

opción de la teoría Transcultural y a otra mitad a la teoría del Ser Humano Unitario.

Esas opciones reflejan de cierto molde que el curso ha alcanzado sus objetivos la

medida que proclama el cuidado terapéutico humanitario, y el respecto por el del ser

humano tal que es, cargado de creencia y de valores personales, teniendo como

paño del fondo de la comisión de la enfermera con el cambio social. Esto refleja el

ejercicio de la educación en el desarrollo de satisfacer la aprehension científico de

los conceptos como su objetivo primero en la educación, en esto en caso, educación

en enfermaria.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por presentear-me com inteligência e sabedoria.

Agradeço ao corpo Docente do Mestrado da Unesc, pela oportunidade de

tê-los como Professores, e pela paciência despendida; em especial, a meu

orientador Prof. Dr. Paulo Rômulo de Oliveira Frota.

Agradeço ao secretário do Mestrado em Educação, Walter de Fáveri pelo

apoio prestado no decorrer do curso e à Patricia Elaine Medeiros pelo esforço

fatigante em me auxiliar na formatação.

Agradeço à minha amiga Luciane Ceretta, pelo incentivo e compreensão.

Agradeço às colegas enfermeiras e docentes do Curso de Graduação em

Enfermagem da Unesc, pelas inúmeras vezes que me socorreram, em especial, à

Neiva e à Mira.

Agradeço, acima de tudo, ao Hugo e ao Lucas por me terem suportado

durante este tempo, cumprindo assim, a palavra de Deus que diz: “[...] suportai-vos

uns aos outros. Ef. 4.2-3”, e demonstrado o imenso amor que temos um pelo outro.

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SUMÁRIO

DEDICATÓRIA..................................................................................................... 03

RESUMO.............................................................................................................. 06

ABSTRACT.......................................................................................................... 08

RESUMEN............................................................................................................ 10

AGRADECIMENTOS ........................................................................................... 12

SUMÁRIO............................................................................................................. 13

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ 15

LISTA DE TABELAS ........................................................................................... 16

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .............................................................. 17

LISTA DE ILUSTRAÇÕES .................................................................................. 18

LISTA DE ANEXOS ............................................................................................. 19

APRESENTAÇÃO................................................................................................ 20

CAPÍTULO 1. CONTEXTUALIZANDO O OBJETO DE ESTUDO....................... 25

1.1 A universidade e seu contexto........................................................................ 25

1.1.1 O curso de enfermagem seu funcionamento e estrutura............................. 25

1.1.2. Módulos de ensino e ementas .................................................................... 29

1.1.3. A elaboração de conceitos espontâneos e científicos segundo Vygotsky .. 30

1.1.4. A elaboração de conceitos segundo Fleck 40

1.1.5. Tendências pedagógicas............................................................................ 55

CAPÍTULO 2. REFERÊNCIAS METODOLÓGICAS............................................ 63

2.1 Sujeitos do estudo .......................................................................................... 63

2.2. Procedimentos metodológicos....................................................................... 65

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2.2.1 Entrevista..................................................................................................... 65

2.2.2 Questionário ................................................................................................ 65

2.2.3. Identificação teórica.................................................................................... 66

2.3 Análise dos dados .......................................................................................... 68

CAPÍTULO 3. TEORIAS E CONCEITOS DE ENFERMAGEM ............................ 71

3.1 Teoria de enfermagem do auto-cuidado......................................................... 74

3.2 Teoria de enfermagem dos seres humanos unitários .................................... 79

3.3 Teoria de enfermagem das necessidades humanas básicas ......................... 84

3.4 Teoria de enfermagem relação pessoa/pessoa.............................................. 91

3.5 Teoria de enfermagem da transculturalidade ................................................. 104

CAPÍTULO 4. PROCESSO FORMATIVO E INSERSAO PROFISSIONAL......... 114

4.1 Processo formativo ......................................................................................... 114

4.2 A atuação profissional .................................................................................... 119

CAPÍTULO 5. OS ALUNOS E SEUS CONCEITOS DE ENFERMAGEM............ 128

5.1. O Conceito de enfermagem........................................................................... 128

5.2 A identificação teórica..................................................................................... 144

CAPÍTULO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 151

REFERÊNCIAS.................................................................................................... 159

ANEXOS .............................................................................................................. 166

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Funções da(o) enfermeira(o), apresentada por Horta ........................ 92

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Classificação dos conceitos.............................................................. 134

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

DNPS – Departamento Nacional de Saúde Pública.

MEC – Ministério da Educação

LDB – Diretrizes Básicas da Educação

DNSP – Departamento Nacional de Saúde Pública

PSF – Programas de Saúde da Família

ESF – Estratégia de Saúde da Família

PACS – Programa de Agentes Comunitários

AMREC – Associação dos Municípios da Região Carbonífera

SUS – Sistema Único de Saúde

USP – Universidade de São Paulo

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

E – Estudantes de enfermagem do último semestre.

G – Estudantes de enfermagem do primeiro e segundo semestre.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 01 – Conceito dos estudantes de Enfermagem sobre trabalho............ 120

Ilustração 02 – Conceito dos estudantes de Enfermagem sobre sociedade ........ 124

Ilustração 03 – Contribuições da Enfermagem com a sociedade......................... 126

Ilustração 04 – Classificação dos conceitos ......................................................... 139

Ilustração 05 – Relação Enfermeiro/Paciente ...................................................... 147

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO 01 – Questionário/entrevista ................................................................... 166

ANEXO 02 – Cartões de Identificação dos Conceitos .......................................... 170

ANEXO 03 – Termo de consentimento livre e esclarecido................................... 171

ANEXO 04 – Matriz Curricular.............................................................................. 172

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APRESENTAÇÃO

O presente estudo teve como mola propulsora o desejo de que ele possa

contribuir com os enfermeiros docentes que, como nós, inquietam-se com o

processo de ensino-aprendizagem nos Cursos de Graduação em Enfermagem, em

especial, no que diz respeito à Formação de Conceitos. Esta história tem início

quando adentramos aos mistérios da docência.

No ano de 1995, ingressamos como docente no Curso de Graduação em

Enfermagem da UNC, em Concórdia/SC e, posteriormente, em 2001, assumiu a

docência da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, onde

permanecemos até os dias de hoje. Desde então, algum aspecto referente a esta

docência e ao aprendizado do aluno vem nos inquietando, dentre eles, a formação

de conceitos dos graduandos de enfermagem.

Observamos de forma empírica, que os estudantes adentram a

Universidade com um universo de conceitos informais (cotidianos) sobre a

Enfermagem e a profissão como um todo, e que durante a trajetória acadêmica,

esses conceitos vão sendo trabalhados, re-elaborados e seguindo o movimento

apontado por Vygotsky (1993), ou seja, assumindo caráter cientifico. É importante

informar que a maioria dos Cursos de Graduação em Enfermagem oferece

Formação com olhar bastante voltado às questões técnicas, sendo pouco discutido

com os estudantes e entre os próprios docentes, as questões filosóficas e

pedagógicas do curso, que normalmente limitam-se à elaboração do PPP (Projeto

Político Pedagógico).

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Quando se iniciou a caminhada no Curso de Pós-Graduação (Mestrado

em Educação), em um primeiro momento aconteceu um susto por não ter o domínio

dos conteúdos filosófico-pedagógicos que subsidiam as questões educacionais e,

num segundo momento, um encantamento com a possibilidade que surgiu sobre o

entendimento das novas formas de pensamento. É como se estivesse desbravando

um mundo novo, uma realidade nunca outrora assumida. Percebeu-se neste ínterim,

que o mundo técnico é importante e não se discute aqui seu mérito, mas não é a

única forma de pensar, e nas diferenças encontrou-se um caminho para o

crescimento pessoal e profissional.

Na prática pedagógica da pesquisadora, a forma de ver o estudante

mudou, na medida em que avançaram as discussões acerca da formação do espírito

científico e da formação dos conceitos cotidianos e científicos. Assim, surgiu a

curiosidade pelo tema.

Isto a levou a novas reflexões: se esta mudança acontece com os

docentes, com prática profissional e em qualificação, pressupõe-se que também

aconteça com o estudante de graduação de enfermagem.

A Enfermagem, em seus primórdios, era desenvolvida por damas de

caridade, freiras ou por prostitutas (do santo ao profano). Esta realidade, a partir de

Florence Ninghtingale, tem sido redirecionada, instituindo a Enfermagem como

profissão, com bases científicas, estudadas e pesquisadas no meio acadêmico.

Partindo do exposto até aqui, procurou-se desenvolver um estudo com

coerência e consistência, orientado pelo seguinte problema de pesquisa: qual é o

conceito de Enfermagem construído e internalizado pelos estudantes do último

semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Unesc?

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A preocupação em saber qual a filiação teórico-filosófica dos estudantes

se fez necessária porque todo conjunto profissional possui um coletivo de

pensamento, como afirma Fleck (1986), e este coletivo age sobre seus membros

como se fosse um paradigma, implicando em seu pensamento, comportamento,

suas ações e sua disseminação desta visão de mundo.

Este estudo teve como Objetivo Geral, a análise dos conceitos de

Enfermagem – cotidianos e científicos - apropriados pelos estudantes do último

semestre do curso de Enfermagem da UNESC, utilizados para descrever e guiá-los

no exercício da profissão. Foram objetivos específicos: sistematizar um grupo de

categorias – a partir dos atributos dos conceitos, para classificar os conceitos de

Enfermagem emitidos pela amostra, em busca de suas características; comparar os

conceitos de enfermagem emitidos pela amostra com os aportes conceituais das

“escolas de enfermagem”, as quais são apresentadas no curso de enfermagem da

UNESC e subsidiar, a partir das conclusões obtidas, modificações e ou implementos

ao currículo de Enfermagem, atualmente em vigência na UNESC.

Para tanto, subdividiu-se em capítulos, assim organizados:

CAPÍTULO 1- Contextualizando o objeto de estudo. Nele,

contextualizou-se o Curso de Graduação em Enfermagem e a Universidade do

Extremo Sul Catarinense. O Curso de Enfermagem propõe-se a oferecer uma

graduação diferenciada, com matriz curricular modular. Esta é guiada por um eixo

temático, que orienta sua ementa e seus objetivos. Também se aborda neste

capítulo, as tendências pedagógicas e a tendência pedagógica pela qual o curso se

propõe a caminhar.

No CAPITULO 2 - Referências metodológicas. Apresentamos os

sujeitos do estudo, os procedimentos metodológicos adotados como, por exemplo, a

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entrevista, a utilização do questionário, a identificação das teorias de enfermagem e

o processo de análise. Há uma breve apresentação dos conceitos cotidianos e

científicos proposto pela abordagem histórico-cultural de Vygotsky e a classificação

proposta pela pesquisadora, quais sejam, o conceito cotidiano, o conceito em

transição 1, o conceito em transição 2 e os conceitos científicos.

No CAPÍTULO 3 - As teorias de Enfermagem. São apresentados os

pressupostos teóricos das Teorias do Auto-cuidado, da Transculturalidade, da

Relação pessoa/pessoa, das Necessidades Humanas Básicas e do Ser Humano

Unitário.

No CAPÍTULO 4 – O Processo formativo e inserção profissional. São

apresentadas as perspectivas e o olhar dos alunos, no que se refere à estrutura

oferecida pela UNESC, ao Curso de Enfermagem. Também se relata e se discute

acerca dos conceitos emitidos pelos graduandos de enfermagem sobre o mundo, o

homem, a sociedade e o trabalho, que se julga interferir diretamente na atuação

profissional dos mesmos.

No CAPÍTULO 5 – Os alunos e seus conceitos de Enfermagem. São

apresentados os conceitos emitidos e se discute acerca destes, na perspectiva da

abordagem histórico-cultural de Lev S. Vygotsky e os pressupostos de Ludvick

Fleck. Também são relatadas as preferências teóricas dos alunos, no que diz

respeito à enfermagem, que foram as Teorias da Transculturalidade e do Ser

Humano unitário.

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No CAPÍTULO 6 – Considerações Finais, discorre-se sobre as

considerações finais, frente aos dados obtidos neste estudo e o que estes possam

representar ou vir a representar ao Curso de Graduação em Enfermagem da

UNESC.

Como resultados do estudo, em linhas gerais, encontraram-se estudantes

da graduação em Enfermagem em estágio de Transição no que diz respeito à

formação de conceitos e estudantes com seus conceitos de enfermagem, formados

cientificamente. Consideram-se aqui, conceitos em transição, os conceitos

construídos historicamente e centrados em alguns pressupostos ou elementos das

Teorias de Enfermagem como o cuidar, a individualidade, instrumentos de trabalho,

intencionalidade, finalidades e conceitos científicos; os que contemplam o ser

humano na sua totalidade, vendo-o como ser integral, ativo e histórico, capaz de

transformar com sua atividade o mundo ao seu redor e contempla profundamente as

Teorias de Enfermagem.

Acredita-se que esta formação de conceitos científicos e sua maior

identificação com as Teorias de Enfermagem da Transculturalidade e do Ser

Humano Unitário permitirá aos estudantes o desenvolvimento de ações

diferenciadas, com caráter mais humanizado, tornando-os participantes ativos nas

dificuldades do ser humano, do mundo e da sociedade.

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CAPÍTULO 1. CONTEXTUALIZANDO O OBJETO DE ESTUDO

1.1 A universidade e seu contexto

1.1.1 O curso de enfermagem seu funcionamento e estrutura

Entende-se que seja importante, para a compreensão dos objetivos deste

estudo, que seja brevemente descrita a trajetória histórica da implantação dos

cursos de Graduação em Enfermagem e sua contextualização no município de

Criciúma e na Região Carbonífera.

Criciúma/SC é considerada cidade pólo da região Sul, por sua localização

estratégica. Está a 200 Km de Florianópolis e 300 Km de Porto Alegre, as duas

capitais dos estados do extremo sul brasileiro. Faz parte da AMREC (Associação

dos Municípios da Região Carbonífera). Conta com cerca de 186.000 habitantes e

com a UNESC, que no ano de 1968, marcou o início de suas atividades, com os

cursos de licenciatura.

Na medida em que a demanda solicitasse e atendendo às necessidades

regionais, centrou seu foco na formação de recursos humanos especializados. No

ano de 1996, transformou-se de União de Faculdades em Universidade e assumiu

como missão: “Promover o Desenvolvimento Regional para Melhorar a Qualidade do

Ambiente de Vida”.

Os 12 (doze) municípios que compõem a AMREC1 foram fundados e

colonizados por imigrantes europeus. Durante muitos anos, a atividade

predominante era a agricultura e a pecuária. Depois da descoberta do carvão, na

cidade de Lauro Müller, a região passa a explorá-lo, baseando sua economia nesta

1 Criciúma, Içara, Cocal do Sul, Forquilhinha, Morro da Fumaça, Treviso, Siderópolis, Urussanga, Orleans, Lauro Müller e Nova Veneza.

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atividade extrativa. Com a mudança dos meios de produção de trabalho local, ocorre

também a mudança do perfil epidemiológico. Passam a prevalecer às doenças do

trato respiratório, em especial as ocupacionais, decorrentes da inalação de

partículas de carvão, como por exemplo, a pneumoconiose.

A extração do carvão era feita, na maior parte das vezes, em minas

profundas, sem tecnologia de ponta e sem o uso de equipamentos de proteção

individual. A escavação de túneis, o escoamento das minas e a retirada de rochas

são exemplos de atividades que produzem poeira, favorecendo a inalação de

partículas de carvão.

Além desta exploração, a região tem sua economia calcada no plantio de

arroz irrigado e fumo. Tais atividades produzem um aumento significativo no uso de

agrotóxicos por parte dos agricultores, pressupondo um aumento na poluição

ambiental e preocupantes indícios no que diz respeito às tentativas de suicídio pelo

fácil acesso aos produtos tóxicos (Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem da

UNESC, 2000).

Todas estas condições, aliadas a um perfil epidemiológico desfavorável,

no qual se encontram as morbidades referidas relacionadas às condições precárias

de vida – como a não existência de rede de esgotos – corroboraram para o

desenvolvimento de doenças provenientes da falta de cuidados com a higiene (dor

de barriga, diarréia, verminoses, processos respiratórios alérgicos). A mortalidade

infantil (dt

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27

A mortalidade geral da região, no mesmo período, foi de 36,5%,

ocasionada por doenças do aparelho circulatório, como as doenças isquêmicas do

coração, doença cardiovascular e doença hipertensiva, seguidas pelas neoplasias

(14,4%). Além disso, ocorreram por causas externas, como acidentes das mais

diversas causas. Esse quadro foi tomado para justificar a abertura de um curso de

Enfermagem para formar mão-de-obra capacitada ao exercício da profissão numa

região tão afetada por índices impróprios à saúde humana.

Nas últimas décadas, a enfermagem tem crescido profissionalmente e,

conseqüentemente, o leque para atuação deste profissional foi ampliado. Com as

novas perspectivas do SUS (Sistema Único de Saúde), a partir de 1990, novas

demandas surgem: atenção básica e especializada (Programas de Saúde da Família

– PSF, hoje Estratégia de Saúde da Família – ESF), PACS (Programa de Agentes

Comunitários), unidades de saúde, centros de saúde, clínicas e policlínicas,

hospitais gerais e especializados, serviços de saúde em empresas, administração e

gerência de saúde em instituições públicas e privadas, organizações não

governamentais, ensino de enfermagem em nível técnico e universitário, pesquisa,

dentre outros.

Destas possibilidades de atuação, há no município de Criciúma, 50

unidades de saúde (entre postos, policlínicas, ambulatórios...), dois hospitais gerais

(um privado e outro de caráter filantrópico) que atendem especialidades como

cirurgias ortopédicas, cardíacas, dentre outras, um hospital pediátrico, serviços de

hemodiálise e diversas clínicas particulares.

Tendo como missão “Promover o Desenvolvimento Regional para

Melhorar a Qualidade do Ambiente de Vida”, sentiu-se necessidade, como

universidade, dispor à comunidade, profissionais qualificados. Por isso, a

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28

preocupação e o empenho na implantação de um Curso de Graduação em

Enfermagem.

A proposta é de um curso diferenciado, tendo optado pela estratégia do

currículo integrado, com a intenção de conduzir o aluno a um processo crítico

reflexivo, sustentado na construção do conhecimento, a partir da problematização da

realidade, na práxis, na interdisciplinaridade e na participação ativa do aluno no

processo ensino-aprendizagem. O pressuposto é de que tal opção leve à formação

do profissional, apto a suprir com habilidade e competência às necessidades

demandadas no mercado do trabalho.

A instalação do Curso de Enfermagem deu-se amparada pelas bases

legais, estabelecidas na Constituição Federal Brasileira de 1988 (capítulos da

Educação e da Saúde). Também atendeu aos demais estatutos legais como a Lei

8.080, de setembro de 1990 (Lei Orgânica da Saúde), que dispõe sobre a promoção,

proteção e recuperação da saúde, a organização e funcionamento dos serviços

correspondentes.

Além disso, obedece aos critérios estabelecidos na Lei 9.394, de 20 de

dezembro de 1996, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional –

LDB; Lei 7.498, de 25 de junho de 1996, que regulamenta o exercício profissional da

enfermagem; Lei 11.378, de 18 de abril de 2000, que estabelece os requisitos para a

criação, autorização, funcionamento, acompanhamento e reconhecimento dos

cursos de graduação na área de saúde; Portaria do MEC 1721/94, que apresenta o

currículo mínimo para os cursos de graduação de enfermagem, e ainda a outros

documentos referentes às diretrizes curriculares.

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29

O primeiro ingresso ao curso ocorreu em fevereiro de 2002, com 40

alunos regularmente matriculados, e a conclusão desta primeira turma em dezembro

de 2005.

O Curso tem como objetivo geral à formação de enfermeiros generalistas

para atuarem em todos os níveis de atenção à saúde do indivíduo e da coletividade,

no gerenciamento de serviços e no desenvolvimento de pesquisas nas áreas das

ciências da saúde, respeitados os preceitos éticos e legais no exercício de suas

funções (Projeto Pedagógico do Curso de Enfermagem da UNESC).

O curso oferece, atualmente, 40 vagas semestrais (80 anuais), com

ingresso mediante concurso vestibular, conforme sistema Associação Catarinense

de Fundações Educacionais – ACAFE, sendo ministrado no período vespertino, e

aulas em sábados alternados no período matutino. Tem duração de 04 anos, ou

seja, 08 semestres, com total de carga horária de 3.780 horas/aula. A matriz

curricular faz parte do Anexo 4, ao final desse documento.

1.1.2. Módulos de ensino e ementas

Apresentaremos, neste sub-capítulo, os módulos de ensino que compõem

o Curso de Graduação em Enfermagem e seus eixos temáticos.

O Curso é formado por 28 módulos, sendo utilizada a numeração romana

para sua identificação. Cada um destes módulos, como já dito, tem um eixo temático

e todos os conteúdos são elaborados e trabalhados a partir desse eixo. Por

exemplo, o módulo XVII tem como eixo norteador, “Saúde do adulto hospitalizado”.

Os conteúdos de Processos Patológicos, Bioquímica, Farmacologia, Cuidado de

Enfermagem, Gerontogeriatria são planejados com este olhar. Enquanto nos

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processos patológicos se estudam eventos relacionados ao sistema cardiovascular,

a bioquímica trata de enzimas que se alteram quando na presença destes eventos; a

farmacologia aborda que medicamentos serão utilizados (sua ação, contra-

indicação, efeitos colaterais...); os cuidados de enfermagem debruçam-se sobre

como manejar com este sujeito (utilizando a sistematização da assistência do

método OTDP – ouvir, tocar, diagnóstico de enfermagem e plano de cuidados), e

assim sucessivamente.

Os módulos de I a V são trabalhados no primeiro semestre do curso; os

módulos VI a VIII, no segundo semestre; módulos IX a XII, no terceiro semestre;

módulos XIII a XV, no quarto semestre; módulos XVI a XVIII, no quinto semestre;

módulos XIX a XXII, no sexto semestre; módulos XIX e XXV, no sétimo semestre e

os módulos XVI a XVIII, no oitavo semestre (anexo 5).

1.1.3 A elaboração de conceitos espontâneos e científicos segundo

Vygotsky

Os conceitos não criam o mundo, mas atuam no contexto sócio-histórico

que circunda o ser humano que os elabora. Esta formação de conceitos não se dá

no vazio e nem de forma solitária; antes é um processo que se desenvolve de forma

dinâmica, viva e complexa do pensamento, desenvolvendo significações,

compressões e buscando resolução de problemas (VYGOTSKY, 1993).

A crescente valorização da participação da cultura no desenvolvimento

humano tem instigado o surgimento de uma vertente multiculturalista, consonante

com o pensamento histórico-cultural, que se preocupa em delinear os aspectos do

comportamento especificamente humanos e analisar como eles se formam ao longo

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da história da humanidade e durante a vida do sujeito. Também busca elucidar

questões relacionadas à compreensão do movimento que ocorre entre o ser

humano, o ambiente físico e o ambiente social.

Para Vygotsky (1994, p.76), as características humanas que compõem a

relação indivíduo/sociedade não estão presentes desde o nascimento no indivíduo,

tampouco são simples produtos do meio. Para ele, estas características são

desenvolvidas a partir da influência recíproca entre homem e meio sócio-cultural.

Vale esclarecer que, da mesma forma como o ser humano influencia o

meio em que vive, modificando-o por meio de seu comportamento, também é

influenciado por ele, que o transforma, integrando, desta forma, os aspectos

biológicos e sociais.

A cultura, historicamente construída e organizada, é internalizada,

tornando-se parte das características psicológicas do sujeito que lhe permite a

operacionalização das informações pela atividade do cérebro.

Os atos humanos não são baseados em tendências biológicas, mas

impulsionados pela necessidade de: construir e adquirir novos conhecimentos,

comunicação, participação na sociedade, coerência com os valores instituídos pela

própria sociedade, convicções religiosas e políticas dentre outros.

O homem é considerado um ser racional, distinguindo-se dos demais

animais por sua capacidade de raciocínio, abstração, relacionamento, reflexão,

interpretação e por assumir a concretização de seus pensamentos, que se dá na

manifestação das decisões.

Por ser racional, é diferente seu comportamento em relação ao animal. O

comportamento animal é transmitido por características genéticas. Por exemplo,

nenhum leão precisa “ensinar” seu filhote a caçar, porque já está determinado

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geneticamente. Por mais que tentem domesticar um animal deste porte, nunca o

vimos solto andando pelo quintal de uma casa como animal de estimação, mesmo

que o fosse, este convívio não seria seguro e confiável. Por sua vez, o

comportamento do ser humano tem, além das definições hereditárias, a experiência

individual e o acúmulo das experiências humanas, construídas pela história social e

transmitidas por meio da aprendizagem.

Desta forma, a interação do ser humano com o meio físico e social vem

sendo construída milenarmente, pela apropriação da cultura, “ensinada” pelas

gerações mais velhas.

Toda atividade humana é intercedida por instrumentos técnicos e por

sistemas de signos. Estes instrumentos mediam as relações dos seres humanos

entre si próprios e com o mundo.

A mediação é pressuposto fundamental na abordagem histórico-cultural

por entender que é por meio dos signos e dos instrumentos que os processos

psicológicos são formados, entendidos ou influenciados pela cultura, sendo a

linguagem um dos mediadores, por traduzir os conceitos generalizados e elaborados

pela civilização humana. Para Vygotsky (1993, p. 48)

Todas as funções psíquicas superiores são processos mediados, e os signos constituem o meio básico para dominá-las e dirigi-las. O signo mediador é incorporado à sua estrutura como parte indispensável, na verdade a parte central do processo como um todo. Na formação de conceitos, esse signo é a palavra, que em princípio tem um papel de meio na formação de um conceito e, posteriormente, torna-se o seu símbolo.

De acordo com a abordagem histórico-cultural, o instrumento regula as

ações sobre os objetos e o signo regula as ações sobre o psiquismo das pessoas.

Apesar de serem diferentes, apresentam-se intimamente ligados no decorrer do

desenvolvimento de cada sujeito.

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O próprio homem, distinguindo-se dos outros animais, produz seus

instrumentos com o objetivo de desenvolver atividades específicas, conservando-os

para uso posterior. Em decorrência, preserva e transmite a sua função ao grupo,

aperfeiçoando os instrumentos e criando novos; a exemplo da machadinha para

lapidar pedra, que se tornou faca, que cortou a carne e permitiu ao “açougueiro”

exercer sua profissão.

A perspectiva teórica histórico-cultural mostra que a origem da sociedade

humana, o desenvolvimento de habilidades e o delineamento das funções

psicológicas superiores do homem são resultantes do surgimento do trabalho, que

se deu a partir do uso e desenvolvimento dos instrumentos. O próprio surgimento do

fogo deu-se não somente pela função de aquecer, mas de cozer a carne que

alguém, necessariamente, precisou caçar utilizando lanças, armas que no decorrer

da história foram se “ensinando” às gerações vindouras.

Quanto aos signos, é por meio deles que o ser humano tem

possibilidades de ampliar sua capacidade de atenção, memória e controlar

voluntariamente sua atividade psicológica. A perspectiva histórico-cultural aponta

para a linguagem como um dos principais sistemas simbólicos humanos, por ser

construída no decorrer da história da sociedade e desempenhar importante papel na

formação das características psicológicas. Vygotsky (2003, p.44), quando se refere à

linguagem, diz que:

O pensamento verbal não é uma forma de comportamento natural e inata, mas é determinado por um processo histórico-cultural e tem propriedades e leis específicas que não podem ser encontradas nas formas naturais de pensamento e fala.

Vygotsky (1993, p. 50) apresenta para o estudo da formação de conceitos

o método da dupla estimulação, desenvolvido por L. S. Sakharov, que consiste em

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dois conjuntos de estímulos apresentados ao sujeito observado: um como objeto de

sua atividade e outro como signos que podem servir para organizar essa atividade.

Este método mostra que a formação de conceitos passa por três fases

básicas. (VYGOTSKY, 1993):

A primeira delas é de que o significado das palavras denota para a

criança nada mais do que um “conglomerado vago e sincrético de objetos isolados

que se aglutinam numa imagem em sua mente” (VYGOTSKY, 1993, p. 50). Esta

fase é subdividida em três estágios distintos: estágio de tentativa e erro; estágio de

organização do campo visual da criança e estágio caracterizado pela possibilidade

de haver elementos de grupos ou amontoados diferentes.

A segunda fase é considerada uma das mais importantes na formação de

conceitos, pois abrange o que Vygotsky chama de pensamento por complexos. Os

objetos isolados associam-se na mente da criança não apenas pelas impressões

subjetivas, mas devido às relações que de fato existem entre eles, superando assim,

o egocentrismo. Apresenta-se sob cinco níveis: associativo, coleção, cadeia, difuso e

pseudoconceito.

Na fase por complexos, ocorre ligação entre seus componentes, de forma

concreta. Há abstração e lógica, porém, em estágios diferentes ao exigido para seja

considerado um conceito científico. Os significados das palavras são previamente

determinados pela linguagem de quem emite a fala, não é uma construção da

criança. No nível do pseudoconceito, ocorre a generalização aparentemente

semelhante ao conceito do adulto, porém é muito diferente do conceito propriamente

dito.

Na terceira fase, o conceito genuíno é determinado pelo grau de

abstração que possibilita a simultaneidade de generalizações. Ou seja, é necessário

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que haja uma proximidade maior com o objeto, internalizando o que é essencial no

conceito para a compreensão de que ele faz parte de um sistema.

Aqui, se faz importante exemplificar, narrando uma experiência

desenvolvida com os estudantes de graduação em enfermagem, do quinto semestre,

no módulo XVIII, que tem como eixo norteador: “saúde do adulto com risco de vida”.

Desenvolve-se com eles um esquema mental para verificar a capacidade

de memória e síntese dos estudantes acerca do tema “choque”. Foram recapitulados

com os acadêmicos acerca dos esquemas mentais e efetuado a distribuição de

tarefas que caracterizavam as linhas: 1) identificação geral da patologia; 2)

caracterização do choque; 3) causas; 4) classificação dos choques; 5) sinais e

sintomas semelhantes e diferenciais. Os alunos foram orientados para que,

respeitando os níveis conceituais, ordenassem os mesmos. Para surpresa, 100%

dos alunos conseguiram enumerar os atributos gerais da patologia; 92%

conseguiram caracterizá-la; 33% não conseguiram estabelecer as causas da

doença; 100% conseguiram classificá-la e 83% não conseguiram estabelecer os

sinais e sintomas que são semelhantes e diferentes, em especial, os diferenciais.

Neste estudo, pôde-se observar claramente a segunda fase do

desenvolvimento dos conceitos apresentada por Vygotsky (1993). Não foram

objetos, mas palavras isoladas que se associaram na mente dos estudantes, não

apenas pelas impressões subjetivas, mas devido às relações que de fato existem

entre elas.

Obter e utilizar o significado das palavras guarda relação com o domínio

das funções psicológicas superiores quais sejam: atenção deliberada, memória

lógica, abstração, capacidade de comparar e diferenciar, entre outras. Não basta

“transmitir” o conceito, como afirma Vygotsky (1993); quando assim acontece,

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geralmente não se efetua a aprendizagem. Ocorre algo improdutivo, gerando

apenas o verbalismo, uma vez que os resultados obtidos são as meras repetições de

palavras e uma “verborréia” desenfreada.

Isto ocorre porque:

Um conceito é mais do que a soma de certas conexões associativas formadas pela memória, é mais do que um simples hábito mental; é um ato real e complexo do pensamento que não pode ser ensinado por meio de treinamento, só podendo ser realizado quando o próprio desenvolvimento mental da criança já tiver atingido o nível necessário. Em qualquer idade, um conceito expresso por uma palavra representa um ato de generalização[...]. (VYGOTSKY, 1993, p. 72).

Quanto à formação de conceitos, verifica-se que acontece por intermédio

de dois processos genéticos diferentes, mas que caminham juntos vida afora, quais

sejam: os conceitos cotidianos e os conceitos científicos.

Segundo a abordagem em pauta, os conceitos cotidianos são aqueles

que têm sua formação desencadeada por experiências concretas que não dão conta

da complexidade dos processos, devido ao pequeno grau de generalização que

estabelecem. O sujeito se defronta com coisas e situações corriqueiras e, delas, vão

por experiência acumulada e tradição, recolhendo respostas prontas. Dirige suas

perguntas às pessoas mais experientes de seu grupo de convivência, obtém

respostas calcadas na prática deste, a partir do conjunto de idéias e valores

estabelecidos em comum.

É uma construção assistemática, baseada em atributos comuns aos

objetos, considerados não essenciais do pensamento. A verbalização de um

conceito sem consciência, associada a uma situação concreta, é a característica

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mais forte do conceito cotidiano. Tais conceitos são adquiridos na informalidade da

vida diária.

Os conceitos científicos por sua vez caracterizam-se pela elevada

capacidade de abstração; ocorre de forma sistemática e é intencional. As operações

mentais são analíticas, sintéticas e acontecem de forma consciente. Estes conceitos

são adquiridos formalmente, por intermédio de ações mediadas na escola.

No que diz respeito às funções psicológicas elementares e superiores,

Vygotsky distingue entre o desenvolvimento natural e o desenvolvimento

social/cultural. O primeiro produz funções com formas primárias, enquanto que o

desenvolvimento cultural transforma os processos elementares em processos

superiores.

Vygotsky menciona quatro critérios principais para distinguir funções

psicológicas elementares e superiores: a passagem do controle do ambiente ao

indivíduo – é decidir a emergência da regulação voluntária –; o surgimento da

realização consciente do processo psicológico; as origens sociais e a natureza social

das funções psicológicas superiores; o uso de signos como mediadores das funções

psicológicas superiores (VYGOTSKY, 1996).

Os conceitos humanos estão em constante reformulação, não são fixos.

As mudanças acontecem na medida em que conhecemos os fenômenos do mundo

exterior, do mergulho no mundo real, apropriando do que é essencial dos objetos,

dos fenômenos e da realidade (AGUIAR, 2002).

No processo de desenvolvimento dos conceitos, é possível que ocorra o

aprofundamento de velhos conceitos e a evolução destes para um nível mais

elevado e/ou a formulação de novos. O que diferenciará os níveis conceituais será a

capacidade de generalização e abstração do sujeito.

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Para Vygotsky (1993, p. 92), é no processo de aprendizagem com a

colaboração do adulto que se formam os conceitos da criança. Para ele, os

conceitos científicos não estão à frente dos cotidianos, pois os pequenos adquirem

consciência de seus conceitos cotidianos tardiamente. Eles têm um conceito do

objeto, mas não estão conscientes de seu ato de pensar. O desenvolvimento do

conceito científico tem início quando se estabelece uma definição verbal e com

aplicação em operações não-cotidianas.

Vygotsky (1993, p. 93) afirma que:

O desenvolvimento dos conceitos espontâneos da criança é ascendente, enquanto o desenvolvimento de seus conceitos científicos é descendente[...] embora os conceitos científicos e espontâneos se desenvolvam em direções opostas, os dois processos estão intimamente relacionados. É preciso que o desenvolvimento espontâneo tenha alcançado um certo nível para que a criança possa absorver um conceito científico correlato[...] os conceitos científicos desenvolvem-se para baixo por meio dos conceitos espontâneos; os conceitos espontâneos desenvolvem-se para cima por meio dos conceitos científicos.

Mesmo seguindo em direções contrárias, conceito cotidiano e conceito

científico passam por um processo de desenvolvimento, sendo que o primeiro segue

em direção de “baixo para cima”, enquanto o segundo “de cima para baixo”. Para

que um conceito científico seja internalizado, é necessário que o conceito cotidiano

tenha atingido certo nível de estágio2.

Dito de outra forma, os conceitos cotidianos são apreendidos a partir da

experiência sensorial, em direção à generalização. Já os conceitos científicos são

apreendidos por meio de símbolos e signos, indo da generalização para abstração, e

2 Enquanto o conceito cotidiano é considerado por Vygotsky como ascendente, o conceito científico é considerado descendente, ou seja, para que o conceito cotidiano chegue a ser um conceito científico, é preciso que ao conceito cotidiano seja incorporado novos saberes, permitindo que volte ao ponto de partida, porém,

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depois para o concreto. Desta forma, o movimento de ascendência e descendência

faz parte do processo da elaboração e organização do conhecimento e da evolução

dos conceitos.

Conceitos cotidiano e científico fazem parte de um processo passível de

interferências externas e internas, origem da experiência individual e das condições

formais de aprendizagem. Não resultam somente da individualidade, mas da prática

social coletiva vivenciada em diferentes contextos sociais.

Isto quer dizer que uma vez internalizado um dos conceitos de

enfermagem, há possibilidade do estudante ver desta maneira o mundo, a

sociedade e o trabalho, refletido no ato do exercício profissional, nos

relacionamentos pessoais e técnicos.

A função reprodutiva da educação assegura a repercussão desta visão de

mundo, cumprindo com uma das principais características da escola e do fenômeno

educativo. Neste caso, a Universidade deve contribuir para o desenvolvimento de

níveis conceituais mais elaborados. A formação de conceitos é influenciada por

fatores externos, entre os quais é incluída a escola como local adequado à

apropriação do conhecimento.

O acesso à escola (universidade) não garante por si só a formação de

conceitos científicos. É preciso muito mais. Uma condição é que a universidade, nos

seus cursos de graduação, estimule e dê condições para que os alunos consigam

desenvolver a memória lógica, a abstração e a capacidade de diferenciar e

comparar, planejar volitivamente, ou seja, os processos que caracterizam as funções

psicológicas superiores.

em estágio superior, o que Bachelard (1986), chama de formação do espírito

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40

1.1.4 A elaboração de conceitos segundo Fleck

Fleck (1986), não se ocupou somente da medicina, mas interessou-se

pela filosofia. Tinha o hábito de ler, e dentre essas leituras se debruçava sobre obras

filosóficas, sociológicas e de história da ciência.

A primeira publicação epistemológica de Fleck foi em 1927, resultado de

uma conferência em 1926, Na Sociedade de Amigos da História da Medicina de

Lwów (sobre algumas características especiais do pensamento médico).

Devido a relação entre os aspectos teórico-experimentais e terapêutico-

práticos, dirige sua atenção, desde o princípio, para o caracter cooperativo,

interdisciplinar e coletivo da investigação. Uma vez que se tenha descoberto a “cara

social da atividade científica”, a autoria da investigação pode ser tanto do sujeito

individual quanto da coletividade.

Fleck (1986), vê na medicina, das particularidades que é possível, a

particularidade das concepções científicas frente as outras disciplinas científico-

naturais. Nesta, o conhecimento está dirigido à regularidade, às manifestações

“normais”, o que se afasta deste princípio, está enfermo (tipo estatístico). A

Segunda particularidade é que a meta cognitiva da medicina, primordialmente, não é

a extensão do saber em si mesmo, mas outra mais pragmática: o domínio dos tais

estados patológicos.

Para ele, o saber médico, está guiado em primeiro lugar por padrões

explicativos existentes até o momento, que tentam formular subtipos de definições

de enfermidades estabelecidas. Assinala o enorme número de nomes utilizados na

científico em espiral.

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medicina como sufixos e prefixos, que obrigam a formular novas definições de

enfermidades.

No trabalho publicado “Sobre a crise da realidade” (em 1929) FLECK

(1986) distingue duas linhas de pensamento que sustentam sua epistemologia: Os

conceitos de pensamento de acordo com um estilo; “estilo de idéias” e “estilo de

pensamento” e a relação entre objeto, atividade cognitiva e o marco social da

ciência.

Fleck (1986, p.20) sociologiza a análise da ciência e distingue 3 tipos de

fatores sociais influentes em toda atividade cognitiva:

a) O peso da formação: O conhecimento se compõe em sua maior parte do

aprendido, e não do novo. Toda transmissão de conhecimento, durante o processo

de aprendizagem, se produz de forma imperceptível, deslocando-se do conteúdo

cognitivo. Desta forma, o conhecimento transmitido não é exatamente o mesmo para

quem “dá” e para quem “recebe”. O conhecimento se transforma ao passar de uma

pessoa a outra.

b) A carga da tradição: Todo saber novo está direcionado pelo já conhecido.

c) A repercussão da sucessão do conhecimento: Uma vez que tenha sido formulado

em forma de concepção, limita o campo de movimento das concepções construídas

sobre elas. Por tanto, somente tendo em conta as condições sociais do conhecer,

pode se ter a compreensão de muitas outras realidades, junto a realidade

estabelecida pelas ciências naturais. Cada um forma, consequentemente, seu

próprio estilo de pensamento com o qual compreende os problemas e os orienta de

acordo com seus objetivos.

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Para Fleck (1986), o conceito de sífilis era concebido como mal venéreo

juntamente com a gonorréia, o cancro mole, dentre outros. Três idéias interferiram

neste conceito: a primeira é a já comentada teoria da natureza venérea (entidade

nosológica ético-mística). A segunda baseada na forma dos médicos empiristas

utilizarem os remédios farmacológicos e por último, a sífilis como uma mera

enfermidade local sem sintomas generalizados (entidade nosológica empírico-

terapêutica).

Seria errôneo segundo Fleck (1986), acreditar que os experimentos por

mais lógico que tenham sido concebidos proporcionem resultados corretos. São

significativos, como embriões de um novo método, mas não tem nenhum valor como

prova.

Fleck, refere ser possível contemplar vários conceitos de sífilis (Século

XVIII e XIX): o primeiro como mal venéreo, o segundo como empírico-terapêutico

(mercúrio), o terceiro como experimental-patológico(unitários, dualistas e defensores

da teoria da identidade). Todos estes pontos de vista, se apoiam em observações

que às vezes inclui experimentos, e que ninguém pode declarar como falsos, mas

que a sífilis, também pode ser definida de outra maneira.

No princípio, parece que existiam certas liberdades que uma vez

selecionadas as definições, se convertem em conexões necessárias. Para os

convencionalistas, existia a liberdade de definir sífilis como mal venéreo por

autonomasia, o que implicaria na inclusão da gonorréia, do cancro mole, etc. e a

renúncia de um tratamento especifico.

No século XVI, não era possível trocar-se um conceito místico-ético por

um científico-natural de sífilis. Existe uma ligação no estilo de muitos conceitos da

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época, porém só se podia falar do estilo de pensamento que determina cada

conceito.

Também, segundo Fleck (1986), se pode constatar regularidade histórica

específicas no curso de desenvolvimento das idéias, e dizer que fenômenos gerais

característicos da história do conhecimento se evidenciam na observação do

desenvolvimento das idéias, quanto mais sistematicamente está construída uma

rama de saber, mas rica é em detalhes e conexões com outras ramas, e tanto menor

será a diferença de opiniões sobre ela.

Assim, na história da sífilis o agrupamento das enfermidades venéreas,

está submetido ao conceito genérico de mal venéreo em uma conexão ativa dos

fenômeos explicáveis histórico-culturalmente. Do contrário na frase “as vezes só o

mercúrio não cura o mal venéreo”, quando não o agrava, limita o efeito curativo do

mercúrio a uma conexão passiva com respeito ao ato cognitivo. Não é possível

nenhuma relação passiva sem a conceitualização de mal venéreo, da mesma

maneira que o conceito de mal venéreo, contém elementos ativos e outros passivos.

Älém da teoria das relações ativas e passivas e de sua interconexão inevitável, a história do desenvolvimento do conceito de sífilis pode ser manifesto no significado limitado de um experimento concreto frente ao conjunto de experiências neste campo, formada com experimentos, observações, capacidades e transformações conceituais. (FLECK, 1986, p.56)

Para o mesmo autor (FLECK, 1986 ,p. 56),

[...] entre o experimento e a experiência existe uma diferença muito importante: enquanto o experimento pode interpretar-se como um simples sistema de pergunta-resposta, a experiência tem que ser concebida como um complexo processo de treinamento intelectual, baseado em uma ação recíproca entre o conhecedor, o já conhecido e o que se tem por conhecer. A aquisição das faculdades físicas e psíquicas, a acumulação de certa quantidade de observações e experimentos e a habilidade para moldar e transformar os conceitos forma, sem dúvida, um todo incorporado lógico-

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formalmente, de onde a ação recíproca de seus componentes impede completamente qualquer consideração sistemática do processo cognitivo.

Não há erro absoluto e nem tampouco verdade absoluta, no que diz

respeito a gênese de um conceito. Não existe formação expontânea de um conceito,

senão o que está determinado por seus conceitos antepassados. O passado para

ele pode ser muito perigoso quando nossas ligações com ele se mantém

inconscientes e desconhecidos (FLECK, 1986).

Os conceitos devem ser investigados pela história das idéias e como

resultado do desenvolvimento da consciência de algumas linhas coletivas de

pensamento. Contentar-se com a constatação generalizadora (no caso da sífilis),

das relações históricas concretas, seria um erro. É necessário descobrir as leis

destas relações e as forças sócio-cognitivas que influenciam sobre elas (FLECK,

1986).

Ao se observar o desenvolvimento de muitas ações científicas

solidamente estabelecidas, Fleck (1986) vê que se encontram unidas por inegáveis

vínculos, a protoidéia, a preidéias científicas, mesmo que seus conteúdos não

possam ser comprovados.

Toda teoria atravessa primeiro uma época clássica em que as ações se

encaixam perfeitamente nela, e qualquer complicação se apresenta como exceção.

Toda tentativa de legitimação de uma proposição concreta como única

correta tem um valor limitado. Não se pode formular em termos lógicos nem o estilo

de concepção, nem a destreza das técnicas necessárias para cada investigação

científica. Portanto, uma legitimação só é possível onde haja o saber compartilhado

entre pessoas com as mesmas concepções intelectuais e, especialmente, a mesma

formação, conforme um determinado estilo (FLECK, 1986).

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Uma declaração de estilo, uma vez que anunciada, se constitui como

parte das forças sociais que formam conceitos e criam hábitos de pensamento, que

determinam junto com outras declarações de princípios, “o que não podem ser de

outra forma”. Estes princípios se convertem em realidade, evidente que condiciona

por sua vez, outros atos de cognição (FLECK, 1986).

O estado de conhecimento de cada momento tem que ser considerado

fator fundamental para todo novo conhecimento tem que ser componente da

relação. As relações históricas e “esterelizadas” de um saber, indicam que existe

uma inter-relação entre o conhecido e o a conhecer. O já conhecido, condiciona a

forma e a maneira do novo conhecimento, e este conhecer expande e renova o novo

sentido do já conhecido.

O conhecer não é um processo individual de uma teoria de “consciência em geral”. Mas é, o resultado de uma atividade social, em que o estado do conhecimento de cada momento excede a capacidade de qualquer indivíduo. (FLECK, 1986, p86).

Os três fatores que participam no conhecimento são: o indivíduo, o

coletivo e a realidade objetiva(o que está por conhecer). O coletivo se forma de

indivíduos; a realidade objetiva pode ser analisada em seqüência histórica das idéias

pertencentes ao coletivo (FLECK, 1986).

O indivíduo quase nunca tem consciência do estilo de pensamento

coletivo, que quase sempre exerce sobre seu pensamento uma coerção absoluta e

contra o qual é sensivelmente impossível a oposição. A existência de um estilo de

pensamento é necessária e imprescindível para a construção do conceito de

“coletivo de pensamento”. Se eliminar-mos o coletivo de pensamento, terá que ser

introduzido juízos de valores e dogmas de fé na teoria do conhecimento, e teremos

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ao invés de uma epistemologia comparativa geral, uma especial e dogmática. Um

coletivo bem organizado é portador de um saber que supera em muito, a capacidade

de qualquer indivíduo.

Na organização das ciências humanas, toda aprendizagem está

relacionada, apesar de tudo, com a tradição de uma sociedade. As palavras e os

costumes são suficientes para criar um vínculo coletivo.

O conhecer representa a atividade pessoal, mas condicionada

socialmente, e o conhecimento e a criação social por excelência. Os pensamentos

circulam de indivíduo a indivíduo, transformando-se pouco a pouco, pois cada

indivíduo estabelece diferentes relações entre si. Pressupõe que, no sentido restrito,

o receptor não entende o pensamento da mesma maneira que o transmissor tinha

intenção que entendesse.

As palavras que até pouco eram simples termos, se transformam em

gritos de guerra, e isso, muda completamente seu valor sócio-cognitivo, não

influenciam mais intelectualmente por seu sentido lógico, mas simplesmente por sua

presença.

Aparecem novos termos, que o pensamento isolado de qualquer indivíduo seria incapaz de gerar: propaganda, imitação, autoridade, competência, solidariedade, inimizade e amizade. Todos estes motivos adquirem importância epistemológica, considerando que o acumulo dos conhecimentos e a interação intelectual dentro do coletivo co-atuam em cada ato de cognição, ato que sem eles seria a princípio impossível. Qualquer teoria do conhecimento que não leve em conta, como princípio geral e concreto, esta condicionalidade sociológica de todo conhecimento, é uma trivialidade. (FLECK, 1986, p90).

Um coletivo de pensamento existe sempre que as pessoas trocam idéias.

Analogamente, o coletivo de pensamento consiste em distintos indivíduos e tem,

assim mesmo, sua forma psíquica, particular e suas próprias leis de comportamento.

Um mesmo indivíduo pertence a vários coletivos de pensamento ao mesmo tempo.

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A fonte do pensamento não está no indivíduo, mas no ambiente social em

que vive, na atmosfera social que respira. As pessoas não podem pensar de outra

maneira porque sua mente está estruturada de determinado modo, devido influência

do ambiente social que a rodeia.

Para Fleck (1986), não há nenhuma experiência em si que possa tornar

acessível, o inacessível. Todo indivíduo vive as experiências de uma maneira

particular. A experiência científica em particular procede das condições específicas

estabelecidas pela história das idéias e pela sociedade.

A partir de conexões passivas não se pode formar nenhuma afirmação,

pois elas sempre estão presentes no ativo, ou seja, no subjetivo. Uma conexão

passiva, pode ser considerada ativa de outro ponto de vista e vice-versa.

A teoria do pensamento coletivo se mostra precisamente na possibilidade que nos proporciona para comparar e investigar de forma uniforme o pensamento primitivo, arcaico, infantil e psicótico, também pode aplicar-se ao pensamento de um povo, de uma classe ou de um grupo. (FLECK, 1986, p98).

As palavras não possuem em si mesmo um significado fixo, adquirem seu

sentido mais exato somente em um contexto, isto é, dentro de um campo de

conhecimento. Esta materialização do significado das palavras só pode ser

percebidas de forma introdutória, se são históricas ou didáticas. A história ou mesmo

ou acontecimento científico não é logicamente construído, a não ser pelo fato dos

conceitos estarem cristalizados, sendo vagos e indefinidos (FLECK, 1986). Para

Fleck (1986, p.110)

Todo ato de cognição procura, em primeiro lugar constatar que conexões passivas seguem de forma necessária a um determinado grupo de pressuposições ativas. A análise de como se trocam às pressuposições se consegue somente por meio das investigações do estilo de pensamento. O estilo de pensamento, sugerido na introdução a qualquer ciência e que delega aos menores detalhes das ciências especializadas, exigem a utilização de um método sociológico na teoria do conhecimento. O estilo de

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pensamento[...] não é todo o conceito

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contraditórias, que levam ao ver orientado, de um lado a outro: é uma luta entre os

distintos campos da visão. Não há nada fixo e acabado. Tudo pode ser visto de um

prisma ou de outro. Falta firmeza, coação, resistência.

Por tanto, todo descubrimiento empírico sólo puede concebirse como un

complemento como un desarrollo o como una transformación del estilo de

pensamento. (FLECK, 1986, p139).

O estilo de pensamento passa por 3 etapas: o VER confuso que é a

primeira observação inadequada, a Segunda etapa é o estado da experiência

irracional, formador de conceitos e transformador de estilo e por último, o VER

formativo desenvolvido, reproduzido de acordo com o estilo (FLECK, 1986).

A primeira observação confusa eqüivale a sentimentos caóticos como

surpresa, busca de semelhanças, experimentar, desesperança, esperança e

desilusão. Sentimento, vontade e razão trabalham em uma unidade indivisível.

O propósito geral de todo trabalho cognitivo é, portanto, atingir ao maior

coerção de pensamento com a menor arbitrariedade de pensamento. Assim surge a

ação. Primeiramente há um sinal de resistência no pensar caótico inicial, depois

uma determinado coerção de pensamento e finalmente, uma forma diretamente

perceptível.

A meta de todas as ciências empíricas é a elaboração deste “solo firme

das ações”. Epistemologicamente, temos dois pontos importantes: primeiro, é o

trabalho contínuo, não tem nenhum começo ou fim demonstrável. É saber viver no

coletivo e re-elaborar incessantemente. Também pode variar o “lugar” das ações,

isto é, o que antes pertencia a um elemento passivo do saber, pode depois

pertencer ao ativo.

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Fleck (1986) se refere à relação entre a reação de Wassermann e a sífilis

como um fato incontestável, é um acontecimento na história do pensamento. Este

fato não pode ser demonstrado por nenhum experimento isolado, senão pela

experiência generalizada, pelo estilo de pensamento especial, construído a partir de

um saber prévio, de muitos experimentos atingidos positivamente e outros

fracassados, de muita prática e informação e de diversas adaptações e

transformações conceituais.

Fleck (1986) considera que o pensamento uma atividade social por

excelência, não pode ser preso completamente dentro dos limites do indivíduo.

Todos os caminhos que tem uma epistemologia positiva e frutífera, desembocam em

um conceito de estilo de pensamento, cuja variedades são comparáveis entre si e

investigáveis como resultado do desenvolvimento histórico.

Fleck (1986) define estilo de pensamento como um perceber dirigido com

a correspondente elaboração intelectual e objetiva do percebido, ou seja, o estilo de

pensamento, como qualquer estilo, consiste em uma determinada atitude e no tipo

de execução que realiza. Esta atitude tem duas partes estreitamente relacionadas

entre si: a disposição para um sentir seletivo e a ação consequentemente dirigida. O

estilo de pensamento pode também vir acompanhado de um estilo técnico e literário

do sistema de saber.

Ao pertencermos a uma comunidade, o estilo de pensamento coletivo

experimenta o reforço social que corresponde a todas as estruturas sociais, e está

sujeito, a um desenvolvimento independente e através das generalizações. Força os

indivíduos e determina “que não podem pensar de outra forma”. Surge assim, uma

dependência histórica entre os distintos estilos de pensamento. No desenvolvimento

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das idéias se encontram processos que com freqüência conduzem, sem

continuidade, desde as pré-idéias até as concepções científicas modernas.

Tais processos evolutivos das idéias se ajudam entre si de formas

variadas, e estão sempre se relacionando com o estado do saber total do coletivo de

pensamento. Sua expressão em cada caso particular, adquire caráter único e próprio

de um sucesso histórico.

Por exemplo, o processo de desenvolvimento da idéia de enfermidade

infecciosa, vai da crença primitiva de um demônio, até a teoria do agente patológico.

Durante o predomínio de cada pensamento, uma única solução era vista ao

problema como adequada, conforme o estilo de pensamento. Tal solução, conforme

este estilo se denomina, verdade. A verdade não é convencionada senão quando

vista com perspectiva histórica, é um sucesso na história do pensamento e dentro de

seu contexto momentâneo, é uma coerção do pensamento marcada por um estilo.

O campo de conhecimento, ao sinal de resistência, que se opõe a livre

arbitrariedade do pensamento, recebe o nome de ato ou ação. O sinal de resistência

caracteriza-o como pertencente a um coletivo de pensamento, pois toda ação tem

uma tripla relação com o coletivo de pensamento: toda ação tem que estar alinhada

com os interesses intelectuais de seu coletivo de pensamento; a Segunda relação é

que a resistência tem que ter eficácia como tal, dentro do coletivo de pensamento e

deve fazer-se presente a cada componente como coerção de pensamento e também

como forma diretamente experienciável (método aplicável) e como terceira relação a

ação tem que ser expressa no estilo do coletivo de pensamento.

Para Fleck (1986), uma ação nunca é totalmente independente de outra.

Elas se apresentam misturadas, mas ao mesmo tempo com inúmeras informações

individuais, como um sistema de saber que obedece a leis próprias. Por isso, cada

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ação repercute sobre outros a cada mudança, cada descobrimento, exercendo

influência sobre um terreno virtualmente ilimitado. Cada descoberta é uma criação

nova do mundo completo de um coletivo de pensamento.

Fleck (1986) afirma, que um coletivo de pensamento existe sempre que

duas ou mais pessoas trocam idéias. Este é um coletivo de pensamento

momentâneo e casual, que nasce e desaparece a cada momento. Além desses

coletivos de pensamento casuais e momentâneos estão os estáveis, ou,

relativamente estáveis, que se formam especialmente em grupos socialmente

organizados.

Uma comunidade de pensamento não coincide perfeitamente com a

comunidade oficial. O coletivo de pensamento de uma religião por exemplo, inclui

todos os crentes verdadeiros, enquanto, a comunidade oficial de uma religião inclui

todos os membros formalmente aceitos, sem considerar a sua forma de pensar. Por

isso podemos pertencer a um coletivo de pensamento de uma religião sem ser

admitido formalmente na comunidade. O contrário, também é verdadeiro.

Os coletivos de pensamento estáveis permitem investigar exatamente o

estilo de pensamento e as características sociais gerais destes coletivos em suas

relações recíprocas. As comunidades de pensamentos estáveis, cultivam como

outras comunidades organizadas, uma certa exclusividade formal e temática.

Disposições legais e hábitos arraigados, e as vezes uma linguagem especial(termos

especiais) isolam formalmente, ainda que não de forma absolutamente obrigatória, a

comunidade de pensamento.

Para cada profissão, para cada atividade artística, comunidade religiosa,

para cada campo de saber a um tempo de aprendizagem, durante o qual tem-se

lugar, às idéias puramente autoritárias, que não podem ser substituídas, por

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exemplo, por uma construção intelectual “racional geral”. O sistema de uma ciência,

a organização de seus princípios, só servem de norma legitimadora ao especialista,

porém, para a aprendizagem, o resultado é ininteligível. Por isso podemos dizer, que

toda introdução didática é portanto, literalmente um conduzir-dentro, ou uma suave

coerção.

A todo estilo de pensamento é correspondido um efeito prático. Todo pensar é aplicável, desde que a convenção exija, uma confirmação prática, sendo a suposição certa ou não. A verificação da eficiência prática está, portanto, tão unida ao estilo de pensamento como a pressuposição. (FLECK, 1986, p.151).

Segundo Fleck (1986), há características estruturais comuns a todas as

comunidades de pensamento, que consistem na formação de um pequeno circulo

esotérico (doutrina secreta de filósofos antigos que comunicavam seus princípios

apenas aos discípulos) e um grande circulo exotérico (doutrina ou teoria exposta em

público, contrário de esotérico) formado pelo componentes do coletivo de

pensamento em torno de um determinado pensamento criado, seja um dogma de fé,

uma idéia científica ou um pensamento artístico.

Também os indivíduos concretos têm uma posição especial entre si na circulação intracoletiva do pensamento. Se entre dois indivíduos o coletivo de pensamento tem uma relação de superioridade ou inferioridade mental, como a que tem entre o maestro e seu discípulo, então não há propriamente dito uma relação entre os indivíduos, mas uma relação entre elite e massa. De uma parte tem confiança e de outra, dependência da opinião pública. Se tratamos de dois membros do coletivo com o mesmo nível mental, então temos certo sentimento de solidariedade intelectual a serviço de uma idéia supra-pessoal, que causa uma dependência intelectual dos indivíduos entre si e uma atitude comum. (FLECK, 1986, p.153).

Quanto mais especializada, mais restrito o conteúdo de uma comunidade

de pensamento, mais forte é o vínculo do pensamento entre os membros,

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ultrapassando inclusive as fronteira das nações, estado, classe ou idade. Se

compararmos entre os vários estilos de pensamento, notaremos que as diferenças

entre eles podem ser maiores ou menores. Quanto maior a diferença dos estilos de

pensamento, menor é a circulação intercoletiva das idéias.

A palavra como tal constitui um objeto especial de circulação intercoletiva,

que podem mudar ou produzir certa variação em seu significado, devida a essa

intercoletividade. Assim como a circulação coletiva das idéias tem como

conseqüência um deslocamento na formação dos valores de pensamento, da

mesma forma, uma atitude comum dentro de um coletivo de pensamento reforça

seus valores.

Fleck(1986), salienta que o indivíduo, ao pertencer a varias comunidades

de pensamento simultaneamente, atua como veículo de pensamento. A

uniformidade de seu estilo de pensamento(fenômeno social) é muito mais forte que a

construção lógica de seu pensamento.

O simples comunicar um saber não é comparável a translocação de um

corpo rígido em um espaço. A comunicação nunca ocorre sem transformação e sem

que se produza uma remodelação que concorde com o estilo, que intracoletivamente

se traduz em um reforço e intercoletivamente em uma mudança fundamental do

pensamento comunicado.

Fleck(1986), descreve a estrutura geral do coletivo de pensamento

científico: o primeiro efeito desta estrutura consiste a oposição entre o saber

especializado e o saber popular. Há que se delimitar dentro do circulo esotérico

especializado, um grupo de especialistas particulares e outro de especialistas gerais.

Paralelamente, se distingue as ciências de revistas e as ciências manuais(que juntas

se constituem a ciência especializada).

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1.1.5 Tendências pedagógicas

Todas as áreas do conhecimento humano têm, nas últimas décadas,

passado por transformações significativas. Na educação, o ensino de enfermagem,

como outros ramos do saber, depara-se com novos pressupostos.

As universidades, em seus cursos de Graduação em Enfermagem, têm

proposto a troca de um ensino verticalizado, pela valorização do educando como

cidadão, valorizando o capital humano para o mundo do trabalho (VASCONCELOS;

PRADO, 2004).

Para Luckesi (1994 , p. 37):

.

[...] é da compreensão de educação e de seu direcionamento é que teremos a percepção do valor da educação na e para a sociedade. Essa compreensão é expressa nas escolhas pedagógicas, que traduzem a compreensão de educação dominante na sociedade e a tendência pedagógica para a qual se está inclinado.

O autor acima citado analisa as tendências de educação na sociedade a

partir de três vertentes: a primeira vertente apresenta a educação como redentora

“responsável pela formação, não só de habilidades, mas de valores éticos

necessários para o convívio social e manutenção da harmonia dos indivíduos no

todo social que já existe”. (LUCKESI, 1994, p. 37). Ao invés de receber as

influências da sociedade, é ela quem influencia quase que de forma absoluta no

destino do todo social. A educação é autônoma na medida em que mantém a

conformação do corpo social. Está dentro da sociedade e atua corrigindo desvios.

Porém é considerada não crítica.

Na segunda vertente, a Educação é apresentada como “reprodução da

sociedade” que, ao fazer parte desta, é determinada por seus condicionantes

econômicos, sociais e políticos e, por isso, a reproduz. É considerada uma posição

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crítica, por abordar a educação e seus condicionantes, porém, reprodutivista, por ser

vista como elemento destinado a reproduzir estes mesmos condicionantes.

Por último, apresenta a Educação como “transformação da sociedade”,

que pode ser compreendida como interveniente de um projeto social. Ela não

absolve nem reproduz a sociedade. É um dos meios para projetar a sociedade, seja

de forma conservadora ou transformadora. Permite compreender a educação dentro

da sociedade com seus determinantes e condicionantes, mas com a possibilidade de

trabalhar para sua democratização.

A concepção filosófica de educação sedimenta-se em uma pedagogia,

permitindo ao professor situar-se e realizar suas práticas docentes baseadas nelas.

Luckesi (1994) apresenta duas grandes tendências pedagógicas: a Pedagogia

liberal e a Pedagogia progressista.

Ele inclui na Pedagogia liberal: a pedagogia tradicional, renovada

progressista, renovada não-diretiva e tecnicista. Na pedagogia progressista, estão

incluídas as pedagogias libertadoras; libertária e crítico-social dos conteúdos. Pode-

se, neste momento, discorrer sobre elas e relacioná-las com o ensino na

enfermagem e seus reflexos na sociedade.

A tendência pedagógica tradicional prepara intelectual e moralmente os

alunos para assumir sua posição na sociedade. Na enfermagem, a repercussão

desse modelo começa com a chamada enfermagem moderna-normatizada,

institucionalizada, com roupagem científica, da escola fundada por Florence

Nightingale, na Inglaterra, em 1860.

Os princípios de sua organização religiosa e militar permitem relacioná-la

às características dos ensinos tradicionais, representados por uma educação

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autoritária, pouco questionadora, centrada nos conteúdos. O professor representava

a autoridade e o poder, exigindo do aluno o domínio dos conteúdos ensinados.

Esse quadro gera uma concepção de educação rígida, dogmática e

autoritária: um obstáculo à transformação. Reprime a criatividade e o diálogo

comunicativo e se concretiza num assistencialismo educativo.

A tendência pedagógica tradicional reprime a criatividade e o diálogo

comunicativo, é refletida no exercício profissional da enfermagem da época, mas

ainda se manifesta até os dias de hoje, por se constituírem historicamente. A origem

da enfermagem está ligada ao voluntariado de guerra, com Florence Nightingale,

que imprime em suas ações valores militares e o espírito tarefeiro de abnegação,

obediência e dedicação.

Essa construção histórica da enfermagem marcou profundamente a

profissão, de forma a imprimir a obediência e a disciplina até os dias de hoje. Não

era importante que o enfermeiro exercesse a crítica social, mas consolasse e

socorresse as vítimas da sociedade.

Estas podem ser citadas como prováveis causas para que ainda hoje, os

enfermeiros enfrentem sérias dificuldades profissionais, computando aqui, tanto as

exaustivas jornadas de trabalho, como baixos salários, se comparados aos de outros

profissionais com o mesmo nível de escolaridade, caracterizando-se ainda como

uma profissão com pouca autonomia.

Na pedagogia renovada progressivista, o objetivo é adequar as

necessidades individuais do aluno ao meio social, cabendo à escola suprir

experiências que permitam a este, educar-se.

Na enfermagem, esses pressupostos eram fortemente marcados na

disciplina, ajustamento Profissional ou Ético em que o aluno recebia orientações

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para a sua realização pessoal, fundamentadas no sentimento de religiosidade, bem

como no compromisso de servir e demonstrar afeto ao semelhante. Esta

característica vocacional era valorizada pela Pedagogia Nova e, devido às

características históricas do início da profissão, foi destaque na enfermagem.

Com a Pedagogia Tecnicista, a escola funciona como modeladora do

comportamento humano, valendo-se de técnicas específicas. A enfermagem

expressa o marco da pedagogia tecnicista, no seu currículo, com o Parecer n.163/72

(MEC) e da Resolução n.4/72 (MEC), que ressalta a necessidade do enfermeiro ter

domínio das técnicas em saúde, considerando a evolução científica e consolidando

o modelo biomédico. (SILVA et al, 2002).

Quanto às características da Pedagogia Progressista, na tendência

Crítico-social dos conteúdos, evidencia-se a difusão dos conteúdos não abstratos,

vivos, concretos e indissociáveis das realidades sociais. Esta tendência valoriza a

escola como ferramenta da apropriação do saber, contribuindo desta forma, com a

democratização. Isto, no entanto não quer dizer, que absoluto, que esta tendência

pedagógica considere apenas os aspectos concretos da realidade, pois, não se

pode afirmar que no concreto não exista abstração, nem que na abstração não

exista o concreto.

Na enfermagem, o vigor desta tendência evidencia-se na organização e

elaboração da proposta de currículo mínimo, na qual se destaca, segundo Silva et al

(2002, sp), "[...] a estreita relação do processo de formação com o processo de

trabalho em saúde (da enfermagem e do enfermeiro), cuja prática deve responder às

necessidades de saúde da população".

Também parecem relacionadas à tendência, as Leis de Diretrizes e

Bases, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento do espírito científico,

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do pensamento reflexivo e crítico e o estímulo ao conhecimento dos problemas

regionais dentre outros.

A tendência Libertadora, inaugurada por Paulo Freire, traz, assim como a

tendência pedagógica crítico-social dos conteúdos, a preocupação com a

transformação social, com vista a uma sociedade mais igualitária. Se considerarmos

a história do nosso povo, as dificuldades do setor saúde e a formação do enfermeiro,

compreenderemos que o ser humano, até então assistido, ficava de fora do

atendimento, não participava das decisões de seu tratamento e cuidado. Era do

começo ao fim do seu atendimento, "um paciente". O enfermeiro inicia seu

movimento e uma caminhada com ponto de saída: passa a questionar seu lugar de

submissão e se posicionando frente à estrutura institucional. Assim, no aluno, é

estimulado o aspecto humanista e crítico do pensamento freireano; aprende a

respeitar o homem no seu modo de ser, como um ser inacabado, que “guarda em si

conotações de pluralidade, de criticidade, de conseqüência e de temporalidade”.

(FREIRE, 1979, p. 62).

A relação dialógica, preconizada por essa tendência pedagógica, também

é desenvolvida pelos acadêmicos na relação paciente-enfermeiro. Ambos se fazem

sujeitos do seu processo, superando o intelectualismo alienante e o autoritarismo do

educador bancário. (FREIRE, 1983).

Como o professor não é o único detentor do saber – sabe, mas não tudo,

o enfermeiro também assume a mesma postura na relação ao paciente. Compartilha

e aprende, desenvolvendo, desta forma, a consciência crítica tanto do professor

quanto do aluno.

O processo de formação do enfermeiro nas últimas décadas tem sofrido

inúmeras mudanças, consideradas positivas. Nos anos 80, esta formação ainda

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estava muito centrada no tecnicismo, não estimulando o estudante a pensar, mas a

executar.

As discussões filosóficas na enfermagem limitavam-se à apresentação de

algumas Teorias de Enfermagem, normalmente a Teoria das Necessidades

Humanas Básicas (de Horta), da Teoria do Déficit do Auto-Cuidado (de Orem), e de

outras que salientam os aspectos tecnicistas.

A Universidade (Curso de enfermagem) pouco falava sobre a formação de

conceitos e das implicações destes conceitos na vida profissional. As opções do

enfermeiro em se filiar ao “estilo de pensamento” eram limitadas, porque pouco se

discutia. O homem era visto de forma fragmentada, característica do ensino

biologicista, o que, aliás, em poucas escolas tem mudado. O ensino na enfermagem

não era voltado a um profissional generalista, do contrário, o enfermeiro saía da

graduação com seu olhar voltado à obstetrícia ou ao ensino. O curso de graduação

denominava-se “Enfermagem e Obstetrícia”; no entanto, de obstetrícia se aprendia

exatamente o que hoje se ensina nas matrizes curriculares do enfermeiro

generalista. Se a intenção era formar enfermeiro com ênfase em alguma área, não

funcionava.

No mercado de trabalho, deformações de gerenciamento das instituições

de saúde que contratam os enfermeiros apontam a visão de que a universidade é

um “reformatório”, e que ela é a única responsável pela mudança radical do ser

humano que vem carregado de conceitos cotidianos, de hábitos e costumes, com

personalidade e caráter já formado.

Acredita-se que, de acordo com a tendência pedagógica assumida pela

Universidade, o estudante assumirá sua postura, mas, ela não é a única responsável

por isso. A própria sociedade cobra posturas que andam em direção contrária ao

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que a universidade se propõe. Por exemplo, a academia orienta e estimula o

exercício profissional com liberdade e responsabilidade, de forma autônoma, mas

com a participação multiprofissional. A sociedade e algumas instituições de saúde,

no entanto, por fatores histórico-culturais, insistem em manter muitas vezes a

enfermagem submissa a outras categorias profissionais, reproduzindo a hegemonia

destes profissionais.

Muito se fala na tendência dialogicista, que propõem discussões e

decisões democráticas, mas o que se observa em muitos cursos de graduação em

enfermagem é a postura autoritária, onde não há verdadeira preocupação e

interesse com a opinião de todos, a começar pelos docentes; há sim, prepotência

em se pensar que um título põe alguém em posição de superioridade como ser

humano. Há um profundo desencontro entre o discurso falado e a prática.

Na universidade, se ensina sobre ética, enquanto muitos docentes não

conseguem manter postura ética. Ensina-se sobre “respeito”, enquanto alguns se

sentem detentores de todo saber, não consideram os saberes (seu e dos outros),

consideram apenas seu próprio saber como único e verdadeiro. De que ética e de

que respeito se fala? De que educação se fala? De que tendência pedagógica se

fala? O que o estudante reproduzirá?

O que tem mudado? As tendências pedagógicas ou apenas as matrizes

curriculares? Não seria necessário retomar-se as discussões sobre o processo

ensino-aprendizagem, a formação de docentes universitários e a importância da

formação do espírito científico?

Quem sabe se nos cursos de graduação se falasse menos, pensasse

mais, respeitasse aplicando os conceitos elaborados, o ser humano, o trabalho, a

sociedade e o mundo não estariam melhores? Existe um grande distanciamento

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entre o discurso e a prática. E preciso mais coerência entre o que o ensino se

propõe e o que de fato oferece.

No curso de Graduação em Enfermagem da UNESC, optou-se pela

tendência instalada por Paulo Freire – Tendência Libertadora e crítico-social dos

conteúdos. O curso busca contribuir na transformação social, com vistas à formação

do enfermeiro como ferramenta para uma sociedade mais igualitária, onde os

princípios de eqüidade, igualdade e universalidade à saúde possam ser cumpridos

de forma humanizada.

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63

CAPÍTULO 2. REFERÊNCIAS METODOLÓGICAS

Considerando que o método é o caminho pelo qual se chega a uma meta,

optou-se pela abordagem qualitativa.

Para Minayo (1993), pesquisas qualitativas são entendidas como aquelas

capazes de incorporar a questão do significado e da intencionalidade como

inerentes aos atos, às relações e às estruturas sociais.

A investigação teve caráter descritivo, uma vez que analisa dados obtidos

a partir de entrevistas efetuadas junto aos alunos de último semestre do curso de

Enfermagem da UNESC/2005B.

A identificação e categorização destes conceitos científicos e cotidianos

permitiram desta forma, analisar a possibilidade de

“apropriação/manutenção/repasse” de conhecimento, oferecidas ao graduando.

2.1 Sujeitos do estudo

A população e a amostra foram constituídas por 60 estudantes, sendo 60

concluintes do Curso de Graduação em Enfermagem, da Universidade do Extremo

Sul Catarinense – UNESC/2005, 20 estudantes do primeiro semestre e 20

estudantes do segundo semestre. A maioria dos entrevistados é do sexo feminino

com idade média entre 23 e 27 anos.

Os entrevistados concluintes do curso, já atuam como Enfermeiros em

Unidades Básicas de Saúde ou na área hospitalar. Como critérios de inclusão e

exclusão utilizados, citamos:

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a) Critérios de Inclusão – ser concluinte do Curso de Graduação em

Enfermagem, ano 2005b (primeira turma); cursar o primeiro ou segundo semestre do

Curso de Graduação em Enfermagem, ser possível sua localização após a

entrevista para novas abordagens; aceitar participar da pesquisa mediante

autorização verbal e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

b) Critérios de Exclusão – não ser estudante do Curso de Graduação

em Enfermagem da Unesc, período 2005b, não ser possível sua localização após a

entrevista para novas abordagens se necessário, e ou não aceitar participar da

entrevista.

Em cumprimento aos preceitos éticos, que têm como principal objetivo a

garantia do respeito à pessoa, à justiça e à eqüidade, foi solicitado aos participantes

da entrevista que assinassem um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(Anexo 3), no qual constam os objetivos da pesquisa, da possibilidade de sua

desistência em qualquer etapa da mesma, da manutenção de sua identidade em

sigilo e de sua autorização para publicação dos dados. Neste termo, o entrevistado

também autoriza a pesquisadora a gravar sua voz, caso necessário, com as

respectivas perguntas e respostas constantes no questionário. Dados como o nome

da pesquisadora, o número de telefone para contato e o Pesquisador responsável

(no caso o orientador do projeto) também deverão constar no Termo de

Consentimento.

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2.2. Procedimentos metodológicos

2.2.1 Entrevista

A entrevista contou com dois momentos; o primeiro com perguntas

estruturadas e semi-estruturadas, referentes à estrutura e organização do Curso de

Enfermagem e o segundo momento com perguntas não-estruturadas. Para Trivinos

(1987, p. 46):

Entrevista semi-estruturada é aquela que parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses que vão surgindo a medida que se recebem as respostas dos informantes. Desta maneira, o informante seguindo espontaneamente a linha de seu pensamento e de suas experiências, dentro do foco principal colocado pelo investigador, começa a participar do conteúdo da pesquisa.

Inicialmente, agendou-se um encontro com o participante da pesquisa,

para apresentação do projeto e convite formal para participação do estudo. As

entrevistas duraram, em média, 2 horas com cada participante.

2.2.2 Questionário

Para Leopardi (2002, p.180):

[...] questionário refere-se a um meio de obter respostas as perguntas que o próprio informante preenche, contem um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema central.

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Segundo Lakatos (1993, p.195-196):

Um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional (...) que proporciona ao entrevistador, verbalmente, a informação necessária.

Partindo destes conceitos, primeiramente a pesquisadora entregou o

questionário, mantendo-se afastada do entrevistado, oportunizando-lhe maior

liberdade para responder às perguntas que compõe as partes I a V da entrevista.

Considerou-se mais adequado, devido ao fato de a entrevistadora ser professora

dos graduandos e sua presença, pressupostamente, pudesse inibir as respostas. O

preenchimento do questionário teve a duração média de uma hora do total da

entrevista.

No segundo momento, os graduandos foram questionados quanto a sua

concepção sobre a Enfermagem, trabalho, sociedade, mundo e homem (ser

humano). As falas foram ouvidas pelo entrevistador e descritas pelos próprios

estudantes. Este momento dispensou tempo médio de duração de uma hora do total

da entrevista.

2.2.3. Identificação teórica

No terceiro momento, lhes foram apresentados cinco cartões. Cada um

deles correspondia a um conceito de Enfermagem (Anexo 2), emitido por uma das

TeoriaS de Enfermagem, sendo: o cartão número 01 – Teoria da Transculturalidade,

que tem seus pressupostos calcados em que cada indivíduo traz consigo hábitos e

costumes culturais que precisam ser respeitados pela enfermagem quando do

planejamento e implementação do cuidado de enfermagem; o cartão 02 – Teoria do

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Auto-cuidado, que pressupõe que os indivíduos possam, de alguma forma e em

algum grau, participar de seu cuidado, parcial ou totalmente, de acordo com o grau

de dependência, ou seja, de necessidade, sendo que sempre deve-se estimular o

auto-cuidado. O cartão 3 – Teoria dos Seres Humanos Unitários, na qual são

calcados seus pressupostos em que cada sujeito é singular e assim precisa ser

tratado e respeitado. Ele não se repete, é único, mesmo que tenha características e

possa sofrer de moléstias semelhantes. O cartão 4 apresenta a Teoria da Relação

pessoa/pessoa, que pressupõe que um cuidado de enfermagem se baseie no

conhecimento do outro e no auto-conhecimento, a fim de manter ou recuperar a

saúde física ou mental do sujeito. Esta teoria permite que a relação

enfermeiro/paciente seja vivenciada e participada por ambos; acredita que ninguém

possa dar o que não tem. E, por último, o cartão 5, que apresenta a Teoria das

Necessidades Humanas Básicas afetadas. Nesta teoria, os pressupostos são de que

todo ser humano tem necessidades humanas básicas e que a enfermagem precisa

atuar, a fim de satisfazer as necessidades afetadas. A responsabilidade de suprir

estas necessidades é totalmente da enfermagem, não que requeira,

necessariamente, a participação ativa do paciente.

Depois de apresentados os cartões, foi solicitado que os participantes da

pesquisa escolhessem um dentre os cinco apresentados, caracterizando desta

forma sua identificação pessoal com a teoria de enfermagem. É necessário explicar

que o cartão continha apenas um conceito de enfermagem segundo a teoria, não

continha o nome da teoria.

Para que pudéssemos ter parâmetro do ponto de partida da formação de

conceitos, foram aplicadas as perguntas do questionário referentes aos conceitos de

Enfermagem, de trabalho, homem, mundo e sociedade (segundo momento) com os

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graduandos do primeiro semestre (20 graduandos) e da segundo semestre (20

graduandos), sen

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coisas e situações corriqueiras, e delas vão, por experiência acumulada e tradição,

recolhendo respostas prontas, a partir do conjunto de idéias e valores estabelecidos

em comum. É uma construção completamente assistemática e apresenta

verbalização de um conceito sem consciência.

Os conceitos científicos (VYGOTSKY, 1993) são caracterizados pela

capacidade de abstração; ocorre de forma sistemática e intencional. As operações

mentais são analíticas e sintéticas, acontecendo de forma consciente. Estes

conceitos são adquiridos formalmente, por intermédio de ações mediadas, na

escola.

Não há passe de mágica para a transformação de um conceito cotidiano

em conceito científico. Ocorre como um processo e por isso, a fim de contribuir na

classificação dos conceitos dos graduandos de enfermagem, foram elaboradas duas

fases de transição, denominadas ET 1 e ET 2.

Foram considerados conceitos cotidianos, os construídos de forma

elementar, associados a experiências vivenciadas, que não contemplem quaisquer

atributos essenciais do conceito científico de Enfermagem.

No conceito de ET 1, foram incluídos os conceitos construídos

historicamente e centrado nos pressupostos da Enfermagem – o cuidar e a

individualidade.

No conceito de ET2, incluíram-se respostas que contemplassem, além

dos elementos construídos historicamente, do cuidar e da individualidade, alguns

elementos das Teorias de enfermagem; instrumento de trabalho, motivação,

intencionalidade e finalidades.

Por último, no Conceito Científico, foram inclusas as respostas que

contemplassem no conceito de enfermagem a profissão como ciência, contemplasse

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o ser humano na sua totalidade, como ser integral, ativo, histórico e capaz de servir

como instrumento de mudança no mundo e ao seu redor, além de contemplar a

teoria de enfermagem do ser humano unitário, de Martha Rogers.

Muito se tem dito acerca da educação e da escola enquanto aparelho do

estado, igualitária e unificadora, reprodutora do “status quo”, atividade a ser modelo

filosófico de comunidade – conservadora, liberal, tecnicista. Verifica-se, todavia, que

ela consegue cumprir a função reprodutora, citada como segunda vertente, por

Luckesi (1994), de tal sorte, que os conceitos aqui elaborados fazem parte do

substrato cultural que constituirá a visão de mundo do estudante, acompanhando-o

na vida profissional.

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CAPÍTULO 3. TEORIAS E CONCEITOS DE ENFERMAGEM

A história de uma profissão é considerada sua vida, suas raízes,

ocorrência de eventos e manifestações e conhecendo-a constatamos possibilidades

de renovação. O advento da ciência estimula a constituição de novas relações na

sociedade, que tornam o homem capaz de construir novos conceitos. É nesta

perspectiva que descreveremos, primeiramente, o desenvolvimento dos conceitos de

enfermidade, saúde e enfermagem no decorrer das décadas, segundo olhar de

Leopardi (2006).

Na idade pré-clássica, 450 a.C a enfermidade era considerada como

fenômeno sobrenatural, castigo divino, e se recorria aos curandeiros com suas

fórmulas mágicas e rituais para golpear o doente ou objeto, como tentativa de cura.

Na era clássica (300 a 100 anos a.C), na Índia, surgem os primeiros

hospitais para humanos e animais, com escolas de medicina junto a estes. Nesse

período, a medicina indiana destaca-se por seus princípios básicos, que observa os

aspectos físicos, psicológicos e espirituais da vida, mantendo o equilíbrio entre

corpo, mente e consciência.

No mundo ocidental, as formas científicas e pré-científicas são rompidas a

partir da Segunda metade da antigüidade, quando há predomínio dos conceitos de

filosofia, arte grega e organização social. O saber estava envolto por conceitos

sociais unificados na polis.

Demarca-se, claramente, a divisão social do trabalho manual e do

intelectual. As atividades ainda eram designadas pela medicina e instituídas de

forma jurídica e política pela sociedade. A prática terapêutica era determinada pelo

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médico, com breves notícias de amas-enfermeira participando do processo

terapêutico.

Os conceitos de saúde incitavam a buscar estar o mais próximo possível

da perfeição física. Os serviços de saúde eram classificados como atenção privada

(destinada aos aristocratas) e do templo (onde as donzelas se dedicavam à

prescrição higiênica e terapêutica).

No período medieval (de 476 d.C até 1453), a Igreja Católica consolidou-

se. A ciência faz-se através da teologia e da política subordinada à Igreja, inclusive o

saber.

No século XVI, apresentava-se na Europa uma estreita relação entre as

ordens religiosas e a enfermagem. Surge com os monges - considerados

precursores da enfermagem da era moderna - o atendimento aos pobres como

preceito moral.

Os monges foram banidos com o surgimento do protestantismo. Assim, a

enfermagem passa a ser desempenhada por prostitutas e ladrões, como forma de

cumprir sua pena, marcando um período que transita da santidade ao profano.

Entre 1453 e 1789, na era moderna, advento do modo de produção

capitalista, o quadro das ciências básicas completa-se com o surgimento das

ciências sociais. Travam-se discussões acerca da filosofia, da ciência, da tecnologia

e de seus papéis em relação às condições de vida do sujeito.

O trabalhador já não tem mais controle sobre os meios de produção,

vendendo, desta forma, sua força de trabalho, valorizando seu corpo e sua

capacidade física. A medicina já não está mais próxima das questões religiosas e

políticas, mas sim das questões econômicas. Instaura-se a hegemonia médica, e a

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subalternidade dos demais profissionais, pelo desempenho de tarefas mais manuais

e com “menos valor social”.

No período contemporâneo, a enfermagem institucionaliza-se, a partir de

Florence Nightingale, que difunde princípios de organização hospitalar e da

profissão, por meio da implantação do ensino formal para enfermeiros (em nível

superior). A “mãe da Enfermagem” , como é conhecida, desenvolve seu trabalho em

hospitais militares na guerra da Criméia, conseguindo diminuir a taxa de mortalidade

de 42 para 2%, por meio de medidas higiênicas. Implantou os serviços de

lavanderia, nutrição, farmácia e organizou as estatísticas médicas.

A partir da década de 1950/60, é desencadeada na enfermagem a

preocupação de estabelecer um corpo de conhecimentos próprios, que a caracterize

como ciência. Faz parte desta construção o (re)estudo de conceitos, modelos e

teorias da enfermagem que se constituem em ferramentas para o ensino e a

pesquisa. Este olhar novamente é dirigido ao ser humano como um todo, em uma

perspectiva não fragmentada, mantendo unidos corpo, mente e vida social. A saúde

e a doença são percebidas constituintes de um todo e associadas ao modo de viver

e organizacional da sociedade.

Enquanto os animais e coisas somente estão no mundo (dos quais depende o equilíbrio ecológico na cadeia alimentar), o ser humano trata de entendê-lo e transformá-lo para seu conforto. Constrói um mundo artificial, pelo conhecimento racional, sistemático, exato, verificável e falível. Isto é ciência: um tipo específico de conhecimento. (LEOPARDI, 2006, p.36).

A enfermagem é a ciência que tem como objeto de estudo o “cuidado

humano”. É guiada por teorias que não descrevem a prática da enfermagem, mas a

idealizam. Uma teoria, segundo Dickoff et al (apud LEOPARDI, 2006, p.117), “é um

sistema conceitual ou marco de referência inventado para algum propósito”.

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Soares et al (2002, sp) referenciam os conceitos de Barnum, no que diz

respeito às estratégias de análise de uma teoria:

Barnum elaborou estratégias para análise e compreensão das teorias, ressaltando que a natureza dos julgamentos de uma teoria passa pela utilização de critérios previam

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Mestrado em Ciências da Educação para a Enfermagem em 1945, juntamente com

o Título de Mestre em Enfermagem. Assumiu, então, como Diretora da Escola de

Enfermagem do Hospital da Providência e Diretora de Enfermagem do Hospital de

Detroit.

A teoria do auto-cuidado de Orem, engloba o auto-cuidado, a atividade de

auto-cuidado e a exigência terapêutica de auto-cuidado. Considera-se o auto-

cuidado como a prática de atividades iniciadas e executadas pelos indivíduos em

seu próprio benefício para a manutenção da vida e do bem-estar. A atividade de

auto-cuidado constitui uma habilidade para engajar-se em auto-cuidado e a

exigência terapêutica de auto-cuidado, constitui a totalidade de ações de auto-

cuidado, através do uso de métodos válidos e conjuntos relacionados de operações

e ações (TORRE et al, 1999).

OREM (1980) refere-se ao auto-cuidado como a prática de atividades que

o indivíduo inicia e executa em seu próprio benefício, na manutenção da vida, da

saúde e do bem-estar. O auto-cuidado tem como propósito as ações que, seguindo

um modelo, contribuem de maneira específica, na integridade, nas funções e no

desenvolvimento humano. Esses propósitos são expressos através de ações

denominadas requisitos de auto-cuidado. Para ela, são três os requisitos de auto-

cuidado ou exigências: universais, de desenvolvimento e de desvio de saúde.

Os requisitos universais estão associados a processos de vida e à

manutenção da integridade da estrutura e funcionamento humanos, são comuns a

todos os seres humanos durante todos os estágios do ciclo vital, como por exemplo,

as atividades do cotidiano e os processos fisiológicos.

O auto-cuidado, no olhar de Orem, inclui as demandas que a espécie

humana possui, seja por condição biológica, seja por condições sócio-psicológicas

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são: ar; água; alimentos; eliminações e excreções; equilíbrio entre estar só e a

interação social; prevenção aos riscos de vida, ao funcionamento e bem-estar como

ser humano.

Os requisitos de desenvolvimento são as expressões especializadas de

requisitos universais que foram particularizados por processos de desenvolvimento,

ass

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Quando a Enfermagem é aceita como arte e ciência, duas necessidades

são identificadas: o conhecimento e o método. O método é constituído pelo

desempenho das ações das enfermeiras (os) e das circunstâncias que permitem as

ações.

Em 1970, foi criada pelo grupo da Conferência do Desenvolvimento da

Enfermagem, uma expressão, um conceito teórico para a organização do serviço de

enfermagem, que estimulou o trabalho, e adicionou elementos a teoria de

Enfermagem do auto-cuidado (OREM, 1995).

Ela é descrita primeiramente no que diz respeito às funções do

Enfermeiro de forma generalizada. Quanto aos aspectos que dizem respeito ao

desenvolvimento de suas premissas, são apresentadas de forma refinada: a

Enfermagem e a Teoria do auto-cuidado não são a explanação de uma situação

individual, de um situação concreta, particular de sua prática, mas a expressão de

uma combinação singular de concepções da Enfermagem.

São os enfermeiros que desenvolvem a prática da enfermagem, validam o

conhecimento e ensinam. São apresentadas por Orem (1995) oito funções do

enfermeiro, na aplicação da teoria do Auto-cuidado:

a) Cuidar do ser humano que necessita da Enfermagem.

b) Especificar o foco e o objeto da enfermagem na sociedade.

c) Determinar os conceitos chaves da Enfermagem, considerando-a como

um campo do conhecimento e praticas, estabelecendo um sistema de

símbolos e linguagem.

d) Ajustar limites para orientar e pensar a prática, o desenvolvimento de

pesquisas, e o Ensino na Enfermagem.

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e) Fornecer subsídios (pelo conhecimento), informações, que permita as

pessoas compreenderem a Teoria e a Enfermagem.

f) Permitir que as interferências sejam feitas, sobre outros campos do serviço

humano, na vida diária dos indivíduos e das famílias nas comunidades.

g) Gerar nos enfermeiros e nos estudantes, um estilo de pensamento sobre o

cuidado.

h) Trazer os enfermeiros para junto das comunidades, escolas, envolvendo-

as(os) no desenvolvimento continuado, estruturando e validando a

Enfermagem.

3.2 Teoria de enfermagem dos seres humanos unitários

Martha E. Rogers, autora da teoria dos Seres Humanos Unitários, nasceu

na cidade de Dallas (Texas) em 1914, Bacharelou-se em Ciências em Enfermagem

de Saúde Pública (1937-Tenesse), obtendo o título de Mestre em Supervisão de

Enfermagem na área de Saúde Pública, no ano 1943 (New York), e Mestre em

Filosofia (1952). Seu Doutorado foi concluído em 1954, em Ciências na Universidade

de Johns Hopkins.

Propõe a Ciência dos Seres Humanos Unitários como teoria norteadora

de suas ações e pensamentos. Esta teoria requer uma nova visão de mundo, um

sistema conceitual relacionado com as metas da enfermagem, envolvendo uma

linguagem específica. Para ela, há necessidade de ocorrer interação entre os

campos energéticos humano e ambiental, sendo que qualquer modificação entre os

campos gera alterações no outro (FERNANDES; NAGAY, 2001).

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A enfermagem é dita na visão de Rogers (apud LEOPARDI, 1999, p. 106)

como

[...] ciência e arte. A Ciência da Enfermagem é formada por um corpo de conhecimentos abstratos, a que se chegou pela pesquisa científica e análise lógica. A prática de Enfermagem engloba a arte e consiste na utilização do corpo de conhecimento, a serviço do ser humano.

O ser humano unitário, para Rogers (apud LEOPARDI, 1999), é um

campo de energia neguentrópica3, quadridimensional4, identificado pelo padrão e

organização, manifestando características que são diferentes daquelas de suas

partes e não podem ser previstas a partir do conhecimento destas partes. Ele é

caracterizado pela sua capacidade de abstração e imaginação, linguagem e

pensamento, sensação e emoção.

Homens – diferentes das coisas orgânicas e inorgânicas do universo, cresce além de seu trabalho, anda acima das escadas de seus conceitos, emerge antes de suas realizações. (ROGERS, 1985, p. 67).

Rogers (1985), refere-se à organização da vida como um organismo que

vai do simples ao mais complexo na hierarquia evolutiva do desenvolvimento na

escala filogenética, onde no topo, encontramos o homem triunfante, revelando-se

como único ser, capaz de se realizar.

O que há no homem que o torna tão diferentes uns dos outros e diferente

das outras espécies vivas, no que se refere à complexidade evolucionista? É

realmente tão único? Ao mesmo tempo em que o homem expande seu

conhecimento sobre o universo, busca seu lugar na imensidão do desconhecido. É

3 Neguentropia é um conceito que envolve princípios da física relativística dos quanta, para negar a segunda lei da Termondinâmica.

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nisto que se encontra “o ser único” do homem. Nos registros de vida na terra,

somente é perceptível o homem e o cosmos. Que outra criatura viva é conhecedora

de seu passado evolucionário? Quem, além do homem, prevê seu futuro? A

abstração das imagens, a linguagem e a sensação de emoção são atributos

fundamentais do ser humano (ROGERS, 1985).

O homem tem sentimento, e o estudo desses sentimentos foi

desenvolvido historicamente e predominantemente na psicologia. O sentimento é

subjetivo. A linguagem não serve apenas para falar, mas também para transmitir

mensagem singular de um homem para o pensamento de outro homem,

preservando o passado, e antecipando o futuro. A linguagem é mais do que um

objeto é o meio pelo qual o homem comunica suas idéias e abstrações. (ROGERS,

1985).

O homem busca organizar o mundo e dar sentido às suas experiências.

Sua capacidade de compreensão transcende a acumulações dos fatos e eventos,

levando o homem para além do pensamento racional. O crescimento da ciência

moderna deu-se ao mesmo tempo em que o seu pensamento tornou-o, de certa

forma, um ser frio e objetivo. Muitos métodos científicos buscaram revelar novos

conhecimentos e dar ao homem uma maravilhosa riqueza tecnológica que o

beneficia. Com a era industrial e cibernética e as descobertas atômicas, os homens

foram se tornando terríveis e temíveis máquinas, estimulando a necessidade de um

novo pensamento científico, mais humanístico.

Enfermeiros existem para cuidar de pessoas. O sucesso do enfermeiro no

que diz respeito à sua contribuição à saúde e ao bem-estar de seres humanos,

4 Quadridimensional é a noção dinâmica da correlação espaço-tempo, segundo Einstein( na Teoria da Relatividade) em que os eventos são síntese não-linear de eventos anteriores

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depende da natureza do conhecimento teórico que subscreve os cuidados práticos

que desenvolve. (ROGERS, 1985).

Para Rogers (1985), a Ciência da Enfermagem não é uma soma de fatos

e princípios extraídos de outras fontes. A Enfermagem é emergente - um produto

novo. Apresenta a unificação dos princípios e as generalizações hipotéticas básicas

que descreve a profissão, explica, e prediz sobre a finalidade central da profissão –

o homem.

Por isso, é inevitável seu desenvolvimento e seu compromisso com os

cuidados à saúde humana e ao bem-estar. Com as rápidas mudanças, hoje, é

necessário um corpo de conhecimento específico e científico para a Enfermagem.

Somente sendo reconhecida e organizada como ciência, a Enfermagem será

reconhecida. Os cuidados humanísticos de enfermagem são indispensáveis também

na saúde pública, pois, estes valores humanitários são fundamentais na busca pela

construção de um mundo mais compreensivo pelo homem. (Rogers, 1985).

A ciência procura compreender o mundo e a experiência do homem. A

Enfermagem procura compreender o homem e seu mundo, que tem significado

especial. O fenômeno central do sistema conceptual da Enfermagem é o processo

da vida do homem. A Enfermagem concerne mais significado aos fatos. A estrutura

conceptual de referência é pré-requisito indispensável para a organização,

formulações e proposições significativas.

Os conceitos não são apenas mais um repositório de observações

experimentais que podem enriquecer o sistema conceptual, mas auxilia os

relacionamentos sistemáticos na escala dos fenômenos. Um sistema conceptual é

caracterizado pela relação que tem entre seus postulados e a relevância de um

fenômeno central. (ROGERS, 1985).

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Um modelo conceptual é uma abstração, uma representação do universo

ou de uma parte dele. É a construção imaginária de sua maneira de perceber e

pensar a vida. (ROGERS, 1985).

O homem como a natureza tem um campo energético, que é contínuo,

mas varia em sua intensidade. Pode ser comparado aos campos do mundo físico em

sua capacidade de demonstrar a presença de cargas elétricas e de seus correlatos.

Teoricamente, os campos energéticos são infinitos, mas limitados. Há interação

entre o homem e o ambiente, estão juntos e coexistem com o universo. (ROGERS,

1985).

A natureza e a intensidade desta relação variam entre indivíduos,

segundo o lugar que o indivíduo ocupa no tempo e no espaço. É como se a vida se

movesse ao longo de espirais, o ser humano ocupa o campo ao longo deste espiral

e se estende para fora, em todos os sentidos e em qualquer posição. (ROGERS,

1985).

A capacidade de transcender este processo é expressa pelas diferenças

das características do homem e do ambiente, considerando o espaço-tempo. Os

eventos ao longo do continuo espiral são originais, não acabam e não se repetem. A

similaridade entre eventos não pode ser interpretada como a repetição dos eventos.

O comportamento humano não volta para trás depois de haver atingido estágios

mais adiantados - o trajeto da vida é unidirecional. (ROGERS, 1985).

O modelo do processo da vida no homem, para a Enfermagem, pode ser

representado pelo campo da energia, que se torna cada vez mais complexo

enquanto evolui ritmicamente, ao longo da linha central longitudinal da vida, quando

mantidos os princípios da homeodinâmica.

[...] aqueles que têm bastante conhecimento teórico, julgamento crítico, e disciplina na aprendizagem se adaptam e se levantam rapidamente às

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situações e aos problemas novos do mundo moderno. René (apud ROGERS, 1985, p.121).

A Enfermagem é ciência e arte. A ciência da Enfermagem se constitui de

um corpo de conhecimentos abstratos, pesquisa científica e análise lógica. Este

corpo de conhecimentos, princípios descritivos, exploratórios e preditivos que

sustentam a Enfermagem e são indispensáveis para a prática profissional.

(ROGERS, 1985).

A Enfermagem existe para a prática social. Deve-se ter claro que a teoria

e a prática são diferentes e a experiência não substitui o saber. Campbell (apud

ROGERS, 1985, p. 121) indicou que

[...] nenhum provérbio popular é mais enganador do que aquele que nós aprendemos sobre a experiência. Realmente, a capacidade para aprender a partir da experiência é um dos presentes mais raros, alcançados por povos, porém, somente após árduos e longos treinamentos [...] quando nós depositamos muita confiança no conhecimento prático, então nós estaremos em boa posição para ver o valor da teoria [...], Polanyi adiciona enfatizando que quase todos os erros sistemáticos, por milhares de anos aconteceram, porque o homem confiou na sua experiência prática.

A Enfermagem apresenta-se carregada de idealismo para enfrentar a

realidade: o século do sofrimento humano, da irresponsabilidade social e de serviços

de saúde inadequados.

3.3 Teoria de enfermagem das necessidades humanas básicas

Para Horta (1979), nenhuma ciência pode sobreviver sem filosofia própria.

A filosofia leva a unidade de pensar, e este busca a verdade, o bem e o belo.

Filosofar é pensar a realidade, é a interrogação, a pergunta. Mesmo que possa

haver inúmeros conceitos de filosofia, o que todos têm em comum é o ser, o

conhecer e a linguagem.

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Esta autora apresenta o ser como aquilo que é, e apresenta os três seres

da enfermagem, o ser-enfermeiro (é um ser humano com todas as suas dimensões,

potencialidades, restrições, alegrias e frustrações, é aberto para o futuro, para a vida

e nela se engaja pelo compromisso assumido com a enfermagem, ou seja, ser-

enfermeiro é gente que cuida de gente), ser-paciente (também dito como ser-cliente,

pode ser o indivíduo, a família ou a comunidade que necessite de cuidados de

outros seres humanos em qualquer fase do ciclo vital ou do ciclo saúde-

enfermidade) e ser-enfermagem (é um ser que tem como objetivo assistir as

necessidades humanas básicas, desencadeadas no ciclo saúde-enfermidade ou em

qualquer outra fase do ciclo vital). (HORTA, 1979).

A ação do ser-enfermeiro surge do que é rotineiro, cotidiano, não ficando,

no entanto a ele limitado, mas, transcendendo-o, ou seja, é estar comprometido,

engajado na profissão e compartilhar com cada ser humano seus cuidados e as

experiências vivenciadas. É ir além da obrigação, do “ter que fazer”.

Horta (1979) apresenta os conceitos de ciência e teoria. Para ela, ciência

é:

“[...] um conjunto de conhecimentos organizados e sistematizados [...]”, “[...] uma atividade humana desenvolvendo um conjunto crescente, do ponto de vista histórico, de técnicas, conhecimentos empíricos e teorias relacionadas entre si e referentes ao universo natural [...]”, e ainda “[...] uma apresentação da realidade pela inteligência, por uma sistematização de conceitos, pressupostos [...]”. (HORTA, 1979, p. 4).

Desta forma, a enfermagem estaria enquadrada no segundo conceito de

ciência emitido, por ser, uma atividade humana que acumulou conhecimentos

empíricos do ponto de vista histórico e de maneira crescente, conta com teorias

relacionadas entre si e referentes ao universo natural.

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Horta utiliza-se dos conceitos de Lahr (apud HORTA, 1979, p. 5) sobre

“teoria”, como:

“[...] um conjunto de leis particulares mais ou menos certas, ligadas por uma explicação comum, toma o nome de teoria [...]”, ou ainda “[...] é um conjunto logicamente ordenado, de proposições hipotéticas, conceitos e definições, que visa explicar uma ou mais classes de eventos naturais.”

Uma teoria é importante como guia de ação, não que ela diga como agir,

mas apresenta o que acontecerá quando se atua de determinada maneira. Segundo

James (apud HORTA, 1979), as teorias se classificam em quatro níveis, quais sejam

Nível I - Isolamento de fatores (são estáticas, por exemplo, a zoologia e a

botânica),

Nível II – Relacionamento de fatores (são estáticas, por exemplo, a

anatomia e a fisiologia),

Nível III - Relacionam situações, são inibidoras ou reprodutoras (são

dinâmicas, por exemplo, as teorias enzimáticas, o fenômeno B só ocorre se o A

ocorrer).

Nível IV – São prescritivas, produtoras de uma situação (prescreve todos

os elementos ou fatores para que a situação ocorra (é dinâmica, por exemplo, a

teoria das necessidades humanas básicas).

As teorias de nível IV, na qual a Teoria das Necessidades Humanas

básicas (foco deste sub-capítulo) é classificada, tem como características a

especificação de um “objetivo-conteúdo” como finalidade de uma atividade,

prescrevem o necessário para realizar esta atividade, e dispõe de uma “lista de

levantamento“ que serve como suplemento a presente prescrição e como

preparação para futura prescrição para a atividade para atingir o “objetivo-conteúrição p

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Esta lista é composta por agentei (quem ou o que faz a atividade), o

paciente (quem ou o que recebe a atividade), estrutura (qual é o fim da atividade), o

procedimento (qual é o processo orientador, técnica ou protocolo de atividade) e por

último a dinâmica (qual é a fonte de energia para as atividades - químicas,

fisiológicas, biológicas, psicológica, e outras.).

Horta (1979) apresenta a Enfermagem como ciência, calcada nos

pressupostos de que os fenômenos que a enfermagem estuda são reais e passíveis

de experimentação, as teorias já desenvolvidas exprimem relações necessárias

entre os fatos e os atos, e suas conclusões, estão dentre da certeza probabilística

que explica não somente as ciências hermenêuticas, como as empírico-formais e até

a física, considerada ciência formal e positiva.

A Enfermagem sistematiza e organiza seus conhecimentos científicos a

partir do ser, do objeto e do ente. O ser, como já mencionado, é o indivíduo a, a

família e a comunidade dentro de um ecossistema. O objeto é o conhecimento das

teorias de enfermagem, o processo, o cuidado, as síndromes, os níveis de

atendimento de enfermagem. O ente, As necessidades humanas básicas

classificadas por Mohana como psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais

(HORTA, 1979).

A Teoria das Necessidades Humanas Básicas, apóia-se e engloba leis

que regem os fenômenos universais, como a lei do equilíbrio5 (homeostase- todo o

universo de mantém por processos de equilíbrio dinâmico entre os seus seres), a lei

da adaptação (todos os seres do universo interagem com seu meio externo

buscando sempre formas para se manterem em equilíbrio, a lei do holismo (o

universo é um todo, o ser humano é um todo e a célula é um todo, ele não é

5 Sublinhado, as leis que regem os fenômenos universais, segundo Horta (1979).

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meramente a soma das partes). Mas principalmente, se desenvolve a partir da

Teoria da Motivação humana desenvolvida por Maslow, onde o ser humano é parte

integrante do universo dinâmico, sujeito a todas as leis e em constante interação

com o universo, dando e recebendo energia, que provocam mudanças, levando-o a

estados de equilíbrio ou desequilíbrio no tempo e no espaço.

O ser humano distingue-se dos demais seres do universo por sua

capacidade de reflexão, por ser dotado de poder de imaginação e simbolização e

poder de unir presente, passado e futuro, o que permite sua unicidade, autenticidade

e individualidade. O ser humano é também agente de mudança no universo

dinâmico, no tempo e no espaço, logo, também pode ser causa de equilíbrio e

desequilíbrio em seu próprio dinamismo, gerando necessidades que se caracterizam

por

[...] estados de tensão consciente ou inconsciente que levam a buscar satisfação de tais necessidades para manter seu equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço. (HORTA, 1979, p.28).

Quando as leis não são atendidas, ou são atendidas inadequadamente

trazem desconforto, e se este se prolonga é causa de doença. Para Horta, estar com

saúde é estar em equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço. (HORTA, 1979).

A enfermagem é parte integrante da equipe de saúde, e como tal, deve

manter o equilíbrio dinâmico, prevenir desequilíbrios e reverter desequilíbrios em

equilíbrio do ser humano, que tem necessidades humanas básicas necessárias para

seu completo bem-estar. O conhecimento do ser humano a respeito de suas

necessidades é limitado pelo seu próprio saber, o que exige o auxílio de

profissionais habilitados, em estado de equilíbrio que possam prestar a assistência

necessária. Todos os conhecimentos e técnicas acumuladas pela enfermagem

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dizem respeito ao cuidado com o ser humano, no atendimento de suas

necessidades humanas básicas.

A enfermagem como ciência é fundamentada por conceitos, proposições

e princípios. Um dos conceitos que a fundamenta é o conceito de si mesma:

Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, torná-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do auto-cuidado, de recuperar, manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais. (HORTA, 1979, p.29).

Para Horta (1979, p. 30), assistir em enfermagem

[...] é fazer pelo ser humano aquilo que ele não pode fazer por si mesmo, ajudar ou auxiliar quando parcialmente impossibilitado de se auto-cuidar, orientar ou ensinar, supervisionar e encaminhar a outros profissionais.

A partir dos conceitos apresentados, Horta (1979) considera que as

funções do enfermeiro estão centralizadas em três grandes áreas ou campos

distintos.

Figura 01 - Funções da enfermeiro apresentada por Horta (1979, p.30).

Específica

Assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas e ensinando o auto-cuidado.

Social

Ensino, pesquisa, administração, responsabilidade legal, participação na associação da classe.

Interdependência

Manter, promover e recuperar a saúde.

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Horta (1979) considera o processo de enfermagem como “a dinâmica das

ações, sistematizadas e inter-relacionadas, visando a assistência ao ser humano”,

que apresenta em seis passos, quais sejam:

a) Primeiro passo - o Histórico de Enfermagem, que é o levantamento de

dados do ser humano, que possibilita a identificação de seus problemas.

b) Segundo passo – Diagnóstico de enfermagem, é a identificação das

necessidades do ser humano que precisa de atendimento e a determinação pela

enfermeiro do grau de dependência deste atendimento em natureza e em extensão.

c) Terceiro passo – Plano assistencial, encaminhamentos, supervisão,

orientação, ajuda e execução de cuidados.

d) Quarto passo – Plano de Cuidados ou prescrição de enfermagem, é a

implementação do plano assistencial pelo roteiro diário (aprazamento) que coordena

a ação da equipe de enfermagem na execução dos cuidados adequados ao

atendimento das necessidades básicas e específicas do ser humano.

e) Quinto passo – Evolução de Enfermagem, é o relato diário das

mudanças sucessivas que ocorrem com o ser humano, enquanto estiver sob os

cuidados profissionais.

f) Sexto passo - Prognóstico de enfermagem, é a estimativa da

capacidade do ser humana em atender as necessidades básicas alteradas após a

implementação do plano assistencial à luz dos dados fornecidos pela evolução de

enfermagem.

Existe certa diferenciação entre os conceitos de assistência de

enfermagem e cuidado de Enfermagem. Para Horta (1979, p. 36).

Assistência de enfermagem é a aplicação pelo enfermeiro do processo de enfermagem para prestar o conjunto de cuidados e medidas que visem atender as necessidades básicas do ser humano [...], cuidado de

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Enfermagem, é a ação planejada, deliberada ou automática, do enfermeiro, resultante de sua percepção, observação e analise do comportamento, situação ou condição do ser humano.

A autora aponta ainda para os instrumentos básicos, que são as

habilidades, conhecimentos e atitudes indispensáveis para a execução das

atividades do enfermeiro. Os instrumentos citados são a observação, comunicação,

aplicação de um método científico, aplicação de princípios científicos, destreza

manual, planejamento, avaliação, criatividade, trabalho em equipe, utilização dos

recursos da comunidade.

3.4 Teoria de enfermagem relação pessoa/pessoa

Travelbee nasceu em 1926. Obteve seu diploma de enfermeira no ano de

1946, na cidade de Nova Orlens. Tornou-se Bacharel em Enfermagem dez anos

depois, Mestre na cidade de Lousiana no ano de 1959. Sua área de maior afinidade

era a psiquiatria.

Para o desenvolvimento de um marco conceitual na relação pessoa-

pessoa é necessário compreender que alguns fatores como a experiência do

enfermeiro e sua capacidade para utilizá-la, suas crenças sobre a natureza do

homem e do próprio enfermeiro, suas funções e sua especialidade clinica interferem

em como, quando, onde e porque o enfermeiro ajuda os enfermos.

Para Travelbee (1969), as bases teóricas dos enfermeiros psiquiátricos,

seus conhecimentos práticos e os grandes conceitos que são adquiridos e

aplicados na prática, são extremamente abstratos por serem reconhecidos como

uma área autônoma e não como parte integrante da enfermagem.

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A mesma autora cita uma Declaração da Associação Americana de

Enfermeiros, sobre a pratica do enfermeiro psiquiátrico:

La enfermería siquiátrica se describe como un área especializada de la practica de la ciencia y el arte de la enfermaria. El carácter cientifico de la enfermería psiquiátrica consiste en la aplicación de teorías nuevas y complejas del comportamiento humano baseadas en las ciencias utilizadas em todos los campos de la enfermaeia. El arte de la enfermería psiquiátrica se ejerce mediante utilización consciente de la propia persona en la práctica de la profesión. La enfermería siquiátrica utiliza así una amplia gama de conocimientos y habilidades para abordar situaciones diversas, que implican aplicar diferentes enfoques psiquiátricos en el cuidado de cada paciente. Mediante estudios sistemáticos del fenómeno clínico, se formulan nuevas teorías y se desarrollan nuevas practicas de enfermaria psiquiátrica[...] La enfermería psiquiátrica posee funciones y practicas encaminadas a prevenir o lograr un impacto correctivo sobre la enfermidad mental y aspira promover la salud mental óptima de todos los individuos y familias de la comunidad. (TRAVELBEE, 1969, p. 3).

Desta forma, pode-se dizer que a enfermagem psiquiátrica se define como:

[...] un proceso interpersonal mediante el cual la enfermera profesional ayuda a una persona, familia o comunidad com el objeto de promover la salud mental, prevenir o afronto la experiencia de la enfermedad y el sufrimiento mental y, si es necesario, contribuye a descubrir un sentido a estas experiencias. (TRAVELBEE, 1969, p. 4).

O processo interpessoal proposto pela autora, sempre se ocupa de

pessoas, seja de forma individual, familiar ou grupos que necessitem de ajuda e que

o enfermeiro possa oferecer. O enfermeiro seria como um facilitador, interessado em

prevenir a enfermidade e promover a saúde dos outros e de si mesmo e a ajudar aos

que de alguma forma são incapazes de se auto-ajudar por imposição da

enfermidade ou do sofrimento.

A autora entende, que o conceito de saúde mental seja um juízo de valor,

mais tendencioso a uma analise psicológica do que propriamente dito, uma definição

cientifica, pois, fundamentalmente depende do conceito que o sujeito tem da

natureza do homem. Os juízos de valor referente a saúde mental são determinados

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por regras culturalmente estabelecidas, regras sobre conceitos de comportamento

apropriado dentro de uma dada sociedade em determinada época.

Conseqüentemente, os juízos de valor são em certo sentido relativos e não

estáticos, são gerados por uma pauta repetida com possibilidade de mudança, por

um mosaico incompleto e interminável, formado pelas concepções vigentes sobre o

homem e sua natureza, assim como a natureza da sociedade que vive.

(TRAVELBEE, 1969).

Enquanto não exista uma definição funcional sobre saúde mental que

considere o homem como uma criatura biológica com certas necessidades humanas

e fisiológicas básicas a serem satisfeitas para a sobrevivência, deve-se buscar a

satisfação destas necessidades a fim de oferecer o até então conhecido como saúde

mental. É necessário considerar-se saúde mental não apenas o que a pessoa tem,

mas o que a pessoa é, que são demonstrados em três atitudes, quais sejam - atitude

de amor, capacidade de enfrentar a realidade e capacidade para descobrir um

propósito ou sentido da vida.

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A capacidade de transcendência consiste basicamente em ser capaz de

olhar para além de si mesmo, para alcançar outros seres humanos; é a capacidade

de se preocupar desinteressadamente pelos demais, simplesmente por ser um ser

humano capaz de identificar-se e compadecer-se.

Transcender-se é, também, a capacidade de perceber o outro como

indivíduo único e não como réplica de si mesmo ou de outra pessoa que se tenha

conhecido no passado.

Travelbee (1969, p.8) pergunta: “Quem é a humanidade e a que o amor

se refere?” A humanidade para são os vizinhos, familiares, amigos, conhecidos,

todos os indivíduos com os quais me relaciono, trabalhadores, estudantes, membros

de outras categorias da área da saúde, assim como os enfermos e enfermas que se

cuida na prática de enfermagem. Fazem parte da humanidade, os estranhos que

não conhecemos, os que estão separados de nós por barreiras físicas, sociológicas

como a cor da pele, religião, credo ou modo diferente de vida, o abandonado, a

prostituta, o ladrão, o assassino, o drogado, o alcoólatra e o indivíduo mentalmente

e\ou fisicamente enfermo. São aqueles que conhecemos e aceitamos e os que

conhecemos e não aceitamos e os que não conhecemos e muitas vezes preferimos

não conhecer.

A Segunda atitude para se ter e ser mentalmente saudável, é a

capacidade para enfrentar a realidade. A capacidade para enfrentar a realidade tal

como ela é e não como nós gostaríamos que fosse, requer que o indivíduo se

identifique a si mesmo como um ser humano único e diferente, como uma pessoa

capaz de dirigir e controlar suas próprias condutas. Inclusive a capacidade de

reconhecer a sua própria situação em uma experiência e a perceber corretamente e

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validá-la como uma situação sem necessidade de distorcê-la para apresentar a si e

aos outros como uma boa situação.

Implica em reconhecer os próprios sentimentos, de confrontar-se com

eles e buscar ajuda profissional. A capacidade de enfrentamento de conflitos

constitui um dos núcleos da condição humana. O indivíduo é flexível na medida em

que seu comportamento não se repete invariavelmente, quaisquer que sejam as

situações que enfrenta. As decisões são tomadas conscientemente, sendo

conhecidas as conseqüências que nelõ e

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(traumas, síndromes cerebrais agudas e crônicas...) e as perturbações e desordens

funcionais tais como os transtornos afetivos, a esquizofrenia e outros

De qualquer forma, a enfermidade mental tem sido considerada como

uma classificação, um rótulo, uma categoria e um juízo de valor formulado com base

em certos critérios, principalmente nas enfermidades funcionais, os critérios

normalmente são determinados por fatores culturais, regras ou formas de

comportamento apropriadas em uma dada sociedade.

A enfermidade mental constitui uma experiência vivida por um ser

humano, mas, pode também ser reconhecida por alguns como a expressão de um

estilo de vida, como uma forma de enfrentar e adaptar-se a pressão. Culturalmente,

ainda predomina a idéia que a enfermidade mental é causada por pecado, pelo

domínio ou por outras forcas malignas.

Como no caso da enfermidade física, na enfermidade mental nos

enfrentamos com a pergunta – por que isso está acontecendo comigo (ou com um

amigo ou familiar)? Considera-se difícil descobrir um sentido quando o enfermo está

envolvido por uma ansiedade crescente que não diminui, pelo contrário, não dá

trégua, destruindo o que a pessoa é ou foi. Quando o sujeito assim se pergunta,

emite um grito que pede ajuda por não mais conseguir contestar a nada.

A enfermeira(o) psiquiátrico tem como funções promover a saúde mental,

prevenir a enfermidade mental, ajudar o afetado a enfrentar a sua própria pressão

bem como a da enfermidade mental e assistir o paciente, sua familiar e a

comunidade a encontrar o verdadeiro sentido da enfermidade mental.(TRAVELBEE,

1969).

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A enfermeira(o) psiquiátrico consegue cumprir sua função a medida que

aplica sua capacidade de observação, formulando interpretações válidas de

inferências deduzidas pela observação e intervindo inteligentemente.

O Enfermeiro (a) psiquiátrico participa de um processo interpessoal que

evolui por etapas, quais sejam, observação, interpretação, tomada de decisões,

ação e avaliação de suas ações.

Travelbee (1969) define processo como um elemento de experiência que

a enfermagem possui, e acontece entre enfermeira (o) e paciente. Uma premissa

fundamental é que muitos elementos do processo interpessoal são recíprocos, ou

seja, a enfermeira (o) observa exclusivamente aspectos que possam ser observados

também pelo paciente. Tanto enfermeiro quanto paciente desenvolve interpretações

sobre o significado da conduta do outro, ambos tomam decisões, atuam e podem

evoluir suas ações e as de outras pessoas. Na prática, o processo e a teoria

(interpessoal) são inseparáveis.

El proceso también influye en el contenido puesto que los principios y conceptos han sido extraídos de la práctica de la enfermaría, lo contrato también es cierto, puesto que los conceptos y principios se aplican en la práctica. La reación entre contenido (teoria) y proceso tiene un cacácter circular y fluctuante, ambos se influyen recíprocamente. (TRAVELBEE, 1969, p. 22).

Processo como atitude e destreza - um indivíduo que possui atitude ou

destreza, conhecimento que serve de base para a atitude, ou seja, entende e pode

aplicar conceitos teóricos, leva a cabo sua tarefa de forma eficaz e segura,

aproveitando e dando sentido as oportunidades e evolui o trabalho realizado. Ele é

capaz de identificar e comunicar esses conceitos a outros, possui o saber. Conhecer

os meios de levar a cabo o trabalho implica em conhecer também os métodos

alternativos para alcançar as mesmas metas.

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Como já foi dito o processo é constituído por etapas, as quais passaremos

a descrever. A primeira etapa é denominada observação. Observação é a

recopilação de informações empíricas sem elaboração. É anterior à interpretação. A

observação inclui o conteúdo da informação, ou seja, o que se vê, escuta e percebe.

É dar-se conta, estar consciente, concentrar-se no que está ocorrendo em uma

situação. É um método ativo dotado de sentido e de propósito.

Para que a observação ocorra com precisão, é preciso que o enfermeiro

(a), esteja concentrado (a) no que está buscando. A observação constitui um fim em

si. Segundo Travelbee (1969), o enfermeiro (a) profissional não “observa sinais da

enfermidade”, observa sim

[...] una persona enferma que puede (o no pueda), estar experimentando síntomas de una enfermedad particular y evalúa (con la persona enferma, si es posible) las experiencias subjetivas que la persona está viviendo. (TRAVELBEE, 1969, p. 25).

A observação é um método usado para conhecer o indivíduo(s)

enfermo(s) como um ser humano único. O processo de observação começa com um

evento externo, o fenômeno e o estímulo de um órgão dos sentidos e seus

receptores, seguido pela formação de uma percepção que lhe confere sentido e

clareia o que foi percebido e conduz ao desenvolvimento dos conceitos. Todo

conhecimento do homem vem através e se origina nos sentidos.(TRAVELBEE,

1969).

A experiência é um elemento da observação. Ela não ocorre somente

uma vez, ela é um processo contínuo. Experimentar a singularidade do outro não é

uma arte esotérica, reservada as práticas da enfermagem psiquiátrica. Tanto nas

relações pessoais, quanto nas profissionais, sempre que se quer apreciar a

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singularidade de outra pessoa antes de interpretar seu comportamento, se está

vivendo uma experiência.

Porém, pode haver obstáculos no desenvolvimento da capacidade de

observação. O indivíduo tende a observar o que está acostumado a observar,

desejando algum tipo de informação percebível. Enquanto a familiaridade pode ou

não induzir a mostrar-se indiferente em situações interpessoais, não se pode negar

que o familiar em uma situação interpessoal, evento ou lugar pode ser descartado

ou passar totalmente inadvertido. Esta tendência pode ser fundamentada na

premissa de que o que é familiar é conhecido e não necessita ser observado.

Os indivíduos estão sempre em processo de mudança, por isso, deve ser

observado sempre, partindo do clichê “ver com olhos novos” e com nova

perspectiva. Mas o que isso significa? Significa que devemos observar objetos

familiares ou pessoas como se as estivéssemos vendo pela primeira vez. Isso

implica em adotar uma atitude passiva e experimentar novamente o familiar e o

desconhecido, estando realmente aberto às percepções dos sentidos e à

experiência, que é exatamente o contrário da atitude letárgica, fossilizada e imutável

na percepção dos objetos e pessoas. (TRAVELBEE, 1969).

A incapacidade para separar a informação empírica e a interpretação

pode ser outro obstáculo a se apresentar no desenvolvimento da capacidade de

observação. Uma interpretação não se constitui informação empírica. O salto rápido

da informação para a interpretação (sem verificação) é a causa de algumas

intervenções inapropriadas, ineficazes e às vezes danosas dos (as) enfermeiros

(as). Outros obstáculos são a incapacidade para usar os recursos de nossos

sentidos, a incapacidade para mudança de perspectivas e a angústia da

observação.

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A Segunda etapa do processo é a interpretação. Interpretar informações

requer um cabedal de conhecimentos e compreensão da natureza das informações

percebidas. Para adquirir esses conhecimentos, é necessário o desenvolvimento de

diversas atitudes cognitivas, como a capacidade para utilizar e aplicar conceitos e

informações, e é exatamente neste campo, que se encontram as maiores

dificuldades no nível da interpretação: La interpretación consiste en la explicación de

la información empírica, intentando situar lo que ay sido observado dentro de un

conjunto significativo.(TRAVELBEE, 1969, p. 31).

Para esta autora, a capacidade para interpretar informações sensoriais é

congênita e progressiva através das etapas de crescimento e desenvolvimento do

indivíduo. O ser humano esforça-se para organizar a informação empírica, classifica

de alguma forma esta informação. Para ela, um conceito é uma abstração ou uma

idéia, oposta a uma percepção. As interpretações e conclusões que concernem à

informação empírica requerem o uso de conceitos em diversos níveis de abstração e

complementaridade. A capacidade de pensar logicamente e para usar conceitos se

desenvolve lentamente, à medida que o indivíduo cresce e adquire desenvoltura no

uso da linguagem e na capacidade de se comunicar com os outros.

Se estima que los conceptos poseen diversos grados de complejidad, desde las abstracciones de nivel rudimentario, tales como objetos o cosas, a las ideas más abstractas que carecen de una referencia externa visible. Los conceptos de nivel inferior son mas susceptibles de ser corroborados por consenso que las abstratcciones de más alto nivel. (TRAVELBEE, 1969, p. 32).

As interpretações podem ser analisadas em quatro níveis, quais sejam, os

níveis de associação (fato estabelecido que algo seja verdade sem analisar

criticamente os dados para determinar se tal afirmação de fato tem alguma

validade), nível de opinião (conclusões altamente subjetivas acerca das informações,

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que podem ser validas ou invalidas), nível de suposição (conclusão ou interpretação

que se sustenta como provisória e aberta a investigação, que podem ou não ser

corretas), e por último, o nível de hipóteses (grau ou suposição de alto nível, que

permite em algum grau a verificação).

A terceira etapa do processo é a tomada de decisão e a ação da

enfermeira (o). A decisão é um juízo emitido sobre as formas de resolver um

problema ou comprovar uma hipótese. As decisões, segundo Travelbee (1969),

situam-se na esfera do conhecimento e não na esfera da ação. Os juízos formulados

têm relação direta com a atenção do enfermeiro (a) e estão, portanto, dentro dos

limites da definição legal da prática da enfermagem. As decisões são indicadores de

ação, propostas de ação ou ações diretivas.

A qualidade das decisões adotadas em relação às formas de como

resolver um problema ou de comprovar uma hipótese na enfermagem é determinada

por muitos fatores, dentre os quais a natureza do conteúdo dos dados empíricos, a

capacidade da enfermeira (o) separar os dados empíricos da interpretação, as

classes de níveis de interpretação, e a capacidade para comprovar as

interpretações. Uma decisão é, no fundo, a escolha entre possíveis alternativas.

A evolução das ações do enfermeiro (a), constitui-se como quarta fase do

processo. É a fase em que se julga, aprecia e estima o valor e a qualidade da

intervenção. Travelbee (1969, p.40) destaca que

[...] en los programas educacionales, el proceso de valoración o evolución se concentra necesariamente en la capacidad o destreza adquirida por el estudiante, como resultado del adiestramiento impartido. Aquí nuevamente en “progreso del paciente” no constituye un punto decisivo. Es de esperarse que la persona enferma mejorará como resultado del proceso interactivo de aprediz-paciente, pero la valoración e evalución no se practica en términos del grado de mejoria del enfermo, sino que mide que el estudiante há aprendido, es decir, hasta qué punto el estudiante es capaz de alcazar los objetctivos del curso. Los objetctivos del curso incluyen las capacides

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necesarias para planificar estrutucturar y evaluar la intervención en enfermeria.

No que se refere aos aspectos da relação pessoa/pessoa, por decreto ou

instrução, os pacientes são as pessoas mais importantes em um hospital. Por

definição sim, mas a realidade não é assim que se apresenta. Seria melhor dizer que

o paciente deveria ser a pessoa mais importante no hospital e, sem dúvida, é bem

diferente do que afirmar que ela é. Estes pronunciamentos se convertem em

palavras vazias. Assim como, quando falamos que um enfermeiro presta apoio

emocional ao paciente. Seria melhor dizer, que o enfermeiro é capaz de prestar

apoio emocional ao paciente.

Travelbee (1969) entende que, para que se possa substituir uma série de

mitos e suposições, é necessário que o enfermeiro (a) não aceite nenhuma

afirmação dada como verdadeira que não possa ser comprovada na relação

pessoa/pessoa na prática e para isso, propõe o estudo de quatro conceitos

principais através dos quais é possível analisar-se suposições.

O primeiro conceito é o de compromisso emocional - este é algumas

vezes cognitivo outras vezes afetivo. É a capacidade de transcender-se a si mesmo

e interessar-se por outra pessoa. Quando em um nível maduro, este compromisso

ajuda o ser humano (que é o paciente) a experimentar com interesse o cuidado que

é oferecido por outro ser humano (o enfermeiro). Este compromisso emocional

requer conhecimento, introspecção e autodisciplina por parte do enfermeiro, porém

permite a ela (e) que também possua fraqueza e liberdade necessárias para se

revelar um ser humano a outro ser humano. O cuidado amoroso não pode ser

determinado, precisa dar-se livremente.

Esta política de se comprometer é discutida por várias linhas de

pensamento e discordada por muitas delas. Geralmente, o enfermeiro (a) que se

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compromete com o paciente é tido como alguém imaturo. Alguns enfermeiros (as),

no entanto, preferem “proteger-se” contra talvez o incômodo da angústia. A

qualidade do profissional não diminui quando há envolvimento, do contrário,

melhora, pois permite ao enfermeiro (a) crescer como ser humano, a ponto de

permitir-se se comprometer com outro ser humano.

O segundo conceito ou diretriz é o de aceitar o paciente como ele é.

Aceitamos automaticamente as pessoas como elas são normalmente quando elas

satisfazem nossas necessidades. O ser humano por si só não é capaz de aceitar

automaticamente a toda pessoa que conhece e a enfermeira (o) não constitui uma

exceção. Qual o enfermeiro que aceita todo o comportamento de um paciente

somente porque é um paciente? Quem aceita uma bofetada, o uso de linguagem

vulgar e assim por diante? As enfermeiras (os) são produtos da cultura em que

vivem e dos pontos de vista culturalmente estabelecidos por bom comportamento,

que desviam o olhar do enfermeiro apesar do conhecimento que tem acerca das

causas patológicas que causam tal mudança no comportamento do paciente.

Travelbee (1969) sugere que o enfermeiro (a) reconheça e admita seus

sentimentos de raiva, desgosto e decida que terá respeito por estes sentimentos. O

reconhecimento de que somos seres humanos e reagimos de forma humana é

melhor do que negar nossos sentimentos e voltar nossas raivas sobre a pessoa

enferma, xingando-a, ignorando-a e encontrando alguma forma mais sutil de castigá-

la por seu comportamento.

Na verdade, o enfermeiro (a) não aceita o paciente como ele é, eles (as)

se esforçam constantemente para efetuar mudanças nas condições do paciente e

realizam para isso, atividades orientadas.

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104

Como terceiro conceito a ser discutido, a objetividade da relação

enfermeiro paciente. É perfeitamente aceitável o fato que a objetividade absoluta é

incansável. Para alguns enfermeiros (as), ser objetivo significa não se comprometer,

para outras é ter uma atitude neutra com todos os pacientes, outros exibem um rosto

sempre indiferente e inexpressível.

Somente é possível estabelecer uma relação quando cada participante

percebe o outro como ser humano único. Somente uma enfermeira (o) psiquiátrica

qualificada está preparada para supervisionar a prática de outra. A experiência de

aprendizagem mais importante em um curso para enfermeiros psiquiátricos

proporciona e oferece a oportunidade para o estudante estabelecer, manter e

terminar a relação pessoa/pessoa. Os enfermeiros (as) necessitam saber usar a

biblioteca e encontrar as obras relacionadas com as informações desejadas, ou seja,

precisam estudar sempre. O conhecimento, a compreensão e a habilidade

requeridos para planejar, estruturar e evoluir a atenção durante a relação

pessoa/pessoa, constituem requisitos prévios e indispensáveis para desenvolver a

capacidade de trabalhar em grupo.

3.5 Teoria de enfermagem da transculturalidade

Madeleine Leininger, autora da Teoria de Enfermagem Transcultural, é

uma teórica norte-americana, graduada em 1948 por Denver. Tornou-se Bacharel

em Ciências no ano 1950 e, em 1965, concluiu o Doutorado em Antropologia.

Ao desenvolver um trabalho com crianças, Leininger percebeu que elas

apresentavam algumas diferenças nas suas características comportamentais, que se

repetiam com certa freqüência. Atribuiu estas diferenças como sendo de base

cultural e percebeu que a enfermagem não possuía e conhecia suficientemente a

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105

cultura dessas crianças para compreendê-las melhor e desenvolver as práticas de

cuidado de forma diversificada, significativa e eficaz.

Segundo Oriá et al. (2004), Leininger desenvolveu um método de

pesquisa que define como etnoenfermagem, o qual se refere a uma abordagem de

pesquisa qualitativa na enfermagem, naturalística, aberta a descobertas, e

amplamente indutiva, para documentar, descrever, explicar e interpretar a visão de

mundo, significados, símbolos e experiências de vida dos informantes e como eles

enfrentam o atual ou potencial fenômeno do cuidado de enfermagem.

O cuidado tem sido apontado como necessidade humana essencial, para

o desenvolvimento, a manutenção da saúde, e sobrevivência dos seres humanos

em diferentes culturas. São, sem dúvida, provocações e desafios para os

Enfermeiros - profissionais do cuidado.

Nos últimos anos, há um estímulo com novas linhas de investigação

sistemática sobre o cuidado. Leininger (1984) surpreendeu-se quanto à insatisfação

que observa ao presenciar discussões sobre a importância do cuidado, a essência

do cuidado e como o cuidado na saúde ainda pode ser encontrado.

Para Leininger (1984), o interesse geral por parte dos profissionais e do

público, sobre o cuidado não recebe o mesmo grau de atenção do que a cura.

Questiona porque houve uma retardação cultural no estudo do cuidado? Por que os

meios públicos dão mais atenção ao estudante de medicina que se volta a cura, do

que ao enfermeiro que tem sua atenção voltada ao cuidado? Fatores culturais,

sociais, políticos, e fatores profissionais tendem a influenciar e dominar a ênfase

voltada mais a cura do que ao cuidado? Salienta que, como conseqüência, há mais

dinheiro investido na pesquisa para a cura do que para a pesquisa do cuidado, e,

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106

assim, aplicam-se mais recursos financeiros na medicina curativa do que nas

ciências do cuidado.

Muitas perguntas especulam a respeito deste problema. Por exemplo, a

cura recebe mais atenção porque foi associada tradicionalmente aos homens, que

recebem o reconhecimento público de seus esforços. O público tende a valorizar

curas dramáticas que usam tecnologias novas, ferramentas diagnósticos, e

modalidades físicas do tratamento. Tais métodos novos da cura recebem geralmente

status mais elevado e o reconhecimento mais rápido nos meios públicos nacionais

ou internacionais.

Em contrapartida, para Leininger (1984), a história das mulheres mostra

que estas se importam mais com os indivíduos, com os familiares e com os grupos

onde convivem. Continua, dizendo que, geralmente, as enfermeiras (os) sabem os

benefícios e a importância positiva do cuidado. Muitas enfermeiras (os),

principalmente as mulheres, apresentaram comportamentos que demonstram mais

compaixão, de suporte e conforto e são geralmente estes comportamentos, os

considerados como importantes no cuidado e na recuperação do paciente.

O estudo do cuidado é certamente uma área negligenciada e de um

potencial revolucionário, na qualidade dos serviços de saúde no mundo.

Apresentaremos de forma sintética, segundo Leininger (1984), a importância geral

do cuidado na saúde, e a necessidade que enfermeiras (os), profissionais do

cuidado, e o público em geral, em dar mais atenção a estes fenômenos, para isso

alguns termos precisam ser esclarecidos

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O Cuidado6 genericamente refere-se à assistência, suporte, facilitação de

atos de um individuo para um outro indivíduo do grupo, suprindo as necessidades ou

melhorando uma circunstância, a vida humana.

Humanizar significa, de forma direta (ou indireta) e naturalmente,

desenvolver habilmente as atividades, os processos, e as decisões relacionadas à

ajuda as pessoas, de todos os povos, refletindo atributos comportamentais como a

empatia, a paciência, a compaixão, proteção, educação, e outros, dependendo das

necessidades, dos problemas, dos valores, e dos objetivos do indivíduo ou do grupo

que está sendo ajudado.

A essência diz respeito a um fator constituinte necessário como atributo

em algo que se faz ou em um ato.

A saúde refere-se a um estado de bem estar que é expresso de maneiras

diferentes, conforme a cultura.

Enfermagem refere-se ao aprendizado da arte do cuidado, humanístico e

cientifico, de forma personalizada (individual e grupal), cuidando conforme as

funções, seguindo o processo, a partir de comportamentos dirigidos para a

promoção, proteção ou recuperação da saúde, respeitando os significados de saúde

e doença de quem está sendo cuidada (o), de acordo com sua cultura e sociedade.

Profissional Enfermeiro do Cuidado refere-se ao profissional com

capacidade para compreender e apreender comportamentos, técnicas, processos,

ou testes padrões de compreensão culturalmente instruídos que ajuda de forma

individual, familiar, ou na comunidade a melhorar as condições saudáveis de vida.

Para Leininger (1984), as mudanças freqüentes no mundo, a violência, as

guerras e conflitos, impedem os profissionais de realizam o cuidado essencial, no

6 Em negrito, Conceitos dados como importantes para Leininger (1984).

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sentido de ajudar proteger, desenvolver, e permitir a sobrevivência dos povos de

diversas maneiras.

Como antropóloga, cita que registros desta natureza, da longa

sobrevivência dos seres humanos nos fazem parar e pensar no papel do cuidado na

evolução da humanidade. Diferentes contextos ecológicos, culturais, sociais e

políticos influenciaram o cuidado na saúde humana e na sobrevivência da raça

humana.

Hoje, sabe-se que o cuidado vital à recuperação da doença é a

manutenção de hábitos de vida saudáveis. Agora, como no passado, as atitudes e o

comportamento do cuidado são importantes. Para Leininger (1984), um

questionamento que se deve fazer hoje é – como o mundo seria hoje sem os

serviços que cuidam dos humanos?

Para melhor considerar a importância do cuidado, diversos postulados e

suposições foram identificados por Leininger (1984, p.5), na literatura, como

apresentado a seguir:

a) Cuidar do ser humano é um fenômeno universal, mas as expressões, os processos, e os padrões de cuidado variam entre as culturas. b) Os atos e os processos de cuidar são essenciais para o nascimento, o crescimento, o desenvolvimento, e a sobrevivência dos seres humanos, e para uma morte calma. c) Cuidar é a essência da dimensão intelectual e prática unificada dos profissionais. d) Para que haja cuidado holístico aos povos, é necessário considerar as dimensões biopsicológicas, culturais, sociais e as dimensões ambientais do paciente. e) Os atos dos enfermeiros devem ser transculturais e requerem que o enfermeiro identifique e use interculturalmente os dados disponíveis. f) O cuidado, o comportamento, os objetivos, e as funções variam com estrutura social e valores específicos dos povos, das diferentes culturas.

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g) A prática dos enfermeiros varia de acordo com as diferentes culturas e em diferentes sistemas. h) A identificação do comportamento universal e não-universal dos povos e dos profissionais, das opiniões, e de práticas do cuidado, é essencial para o avanço do corpo de conhecimentos genéricos do cuidado. i) O cuidado por parte da maioria das culturas é derivado e requer conhecimento e habilidades para que seja eficaz. J) Não pode haver nenhuma cura sem cuidado, mas pode haver cuidado sem cura.

As indicações e as hipóteses teóricas a seguir explicitadas por Leininger

(1984, p. 6) foram desenvolvidas para estimular investigações adicionais sobre o

cuidado.

a) As diferenças interculturais de opiniões e os valores refletem diferenças identificáveis nas práticas do cuidado. b) Culturas que preservam seus valores culturais/individuais mostram sinais de práticas do auto-cuidado, em contrapartida, culturas que não avaliam o individualismo como modalidade de independência, apresentam sinais limitados de práticas do auto-cuidado e mais sinais de práticas de cuidar do outro. c) Há uma forte relação entre o comportamento do cuidador e o comportamento do receptor do cuidado. d) Os povos das culturas diferentes podem identificar comportamentos e atitudes de cuidado e de não-cuidado. e) Quanto maior a diferença entre os valores populares do cuidado e os valores profissionais do cuidado, maiores os sinais culturais que se opõem e estressam, entre o cuidado proposto pelo profissional e o receptor não profissional do cuidado. f) Os atos, as técnicas, e as práticas do cuidado, diferentes da grande cultura apresentam resultados diferentes dos esperados das práticas do cuidado da saúde. g) Quanto maiores os sinais de dependência tecnológica para o cuidado, maiores os sinais de despersonalização do cuidado humano aos pacientes. h) A simbologia e os rituais de comportamentos do cuidado são diferentes em cada cultura, e precisam ser conhecidos quanto à sua forma de funcionamento. i) Há um relacionamento próximo entre valores políticos, religiosos, econômicos, e culturais e a qualidade dos cuidados de saúde realizados.

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Leininger (1984) refere-se várias vezes à limitação de muitos enfermeiros

ao discurso, transformando a língua em uma rede viva do pensamento. Talvez, tudo

que nós pensamos seja parte de uma rede cósmica, e nós somos um tipo cósmico

de cuidado, para o sistema inteiro. Se a noção de uma consciência cósmica fosse

implantada, a consciência seria as ‘pernas’ do cuidado a ser usada no cuidado com

outros seres humanos, como coletivo de pensamento. É preciso, no entanto

considerar não somente as dimensões do cuidado, mas também as dimensões do

pensamento filosófico.

Leininger (1984, p. 24), diz que há muitas chamadas filosóficas criativas

específicas de pensamento e cita:

1. Compreender a perspectiva conduz para uma visão generalizada, é um convite "ver a vida firmemente e vê-la inteira." 2. Penetrar é uma maneira de pensar que requer um ir além dos slogans usuais, dos clichês, e dos estereótipos, e exige uma ida às raízes das perguntas ou dos problemas para descobrir dificuldades fundamentais. 3. Flexibilidade é uma chamada a ser criativa em pensar, a

não julgar. Todas as coisas são consideradas possíveis.

Pergunte não o que é ele? Mas pergunte o que poderia ser.

Flexibilidade na pesquisa conduz à avaliação, à possibilidade

da hipótese, e à reconstrução da tentativa do julgamento e da

ação.

O alvo da análise filosófica é esclarecer e nutrir nosso pensar sobre a

ciência, examinando as características lógicas das expressões e dos argumentos

por que isto se manifesta em pensamento próprio. Uma comunicação defeituosa e

exacerbadas disputas desviam a atenção das edições genuínas. Nós nos tornamos

divididos pela língua com que nós procuramos nos comunicar. Se nós quiséssemos

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compreender os problemas, as políticas, e os conceitos de Enfermagem, nós

faríamos bem em examinarmos primeiramente com cuidado a linguagem do discurso

da Enfermagem. Nós devemos respeitar a lógica informal das palavras e

expressões, quando nós sabemos as possibilidades verdadeiras de língua, nós

devemos procurar nos comunicar eficazmente. Uma comunicação eficaz não

garante acordo mútuo, mas garante a compreensão mútua. (Leininger, 1984).

Leininger (1984, p. 24), propõe algumas perguntas a serem ponderadas:

a) Quais são as funções importantes a serem mantidas pela Enfermagem (em todas suas fases) para conduzir a uma melhora sistemática e inteligente do cuidado? b) Quais são os recursos disponíveis, que podemos e devemos usar no cuidado de Enfermagem para nos libertar da rotina, da tradição e das influencias? c) De que forma nós devemos promover o crescimento constante e cumulativo, o “insight” inteligente e comunicativo, no sentido de pesquisar os fenômenos do cuidado?

A enfermagem tem força para alavancar ajustes de valores distorcidos

que prevalecem em nossa sociedade. A começar por nós mesmos, precisamos

abandonar velhos valores trazidos, como mulheres e como enfermeiras.

Enfermeiros (as) precisam pesquisar sobre perguntas essenciais e

investigar perguntas sobre valores, como por exemplo, "o cuidado humanizado".

Embora nós precisemos de Teorias de Enfermagem e de Pesquisa, nós também

necessitamos do “cuidado e da bondade humana”.

Leininger (1984) apresenta um estudo, onde a descrição teórica do

cuidado é desenvolvida nos termos das categorias da ação que poderiam ser

usadas para identificar competências, cuidando e propondo conceitos para estudos

adicionais.

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Este estudo teve como objetivos específicos (1) dirigir um jogo de

perguntas que utilizavam técnicas filosóficas, (2) formular uma descrição teórica do

cuidada adequada às tarefas de competência do c

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29), um corpo crescente de evidências mostra que a atuação da enfermeira (o) no

bem-estar do paciente influencia extremamente a relação estabelecida e mantida

com o paciente.

A percepção do paciente quanto ao relacionamento

paciente/enfermeiro(a) no cuidado, mostra que a comunicação pessoa-a-pessoa é

indicativo do aceite ou rejeição do cuidado.

Para Leininger (1984. p. 29) “a construção do cuidado e o importar-se é

uma das áreas de estudo mais negligenciadas, contudo, das mais importantes.”

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CAPÍTULO 4. PROCESSO FORMATIVO E INSERSAO PROFISSIONAL

Relembrando, a pesquisa teve a participação de 20 entrevistados, com

predominância do sexo feminino, idade média entre 23 anos e 27 anos. Muitos dos

estudantes já trabalham em serviços relacionados a área de formação.

Passamos a descrever os enunciados encontrados no que diz respeito ao

olhar dos acadêmicos sobre o Curso, professores e suportes.

4.1 Processo formativo

Sobre os pontos fortes e pontos fracos do curso de graduação em

enfermagem, as categorias predominantemente elencadas foram às relacionadas

aos aspectos organizacionais, pedagógicos, de qualificação profissional dos

docentes e à matriz curricular das quais se destaca nos pontos fracos, o aspecto

organizacional e dos pontos fortes, os aspectos pedagógicos.

Não nos surpreende os aspectos organizacionais surgirem como pontos

fracos, considerando que o curso estava em fase de implantação e de antemão,

sabe-se dos muitos equívocos que podem ser cometidos e que caracterizam de

alguma forma, a desorganização citada.

Atribuímos em parte, o aparecimento dos aspectos pedagógicos como

ponto forte, a proposta curricular de Matriz Modular, que objetiva a integração dos

conteúdos e acredita ser possível o desenvolvimento do espírito científico como que

em um movimento espiral, onde o saber tem um ponto de partida, melhora e volta

não mais ao mesmo ponto, mas acima dele, sem desconsiderá-lo, permitindo desta

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forma aprender o simples e o complexo ao mesmo tempo. Esta é forma de

desenvolvimento do espírito científico apresentado por Bachelard (1996).

Os estudantes apontam como pontos positivos e ao mesmo tempo

negativos de sua trajetória estudantil, os aspectos didático-pedagógicos.

Entendemos que o fato dos aspectos didáticos pedagógicos surgirem em categoria

positiva e ao mesmo tempo negativa desvele o que Charlot (2005) chama da lógica

do aluno e a lógica do professor no que se refere ao processo ensino-aprendizagem.

Para o professor, os aspectos didáticos pedagógicos podem ter outra

lógica do que para o estudante. Por exemplo, um dos aspectos didáticos

pedagógicos que surgiram nesta categoria, tanto no aspecto positivo quanto no

negativo, foi a reprovação do estudante no estágio curricular dos conteúdos de

Saúde Materno-neonatal. Enquanto o professor analisa a reprovação sob a lógica da

possibilidade de aprender melhor determinado “conteúdo, habilidade e

competência”, o estudante vê sob o aspecto da tragédia, da impossibilidade, do não

ser capaz.

No que diz respeito à qualificação profissional, os entrevistados se

referem aos docentes como suficientemente qualificados para a função que

exercem, que possibilita que os auxiliem na compreensão do processo saúde-

doença bem como, de seus determinantes.

De forma geral, os estudantes se consideram tanto aptos para a

compreensão da política de saúde no contexto das políticas sociais, quanto para

desenvolver a atenção de enfermagem ao conjunto da atenção à saúde,

considerando as diferentes necessidades apresentadas pelo indivíduo, família e

grupos populacionais. Consideram-se aptos a reconhecer o perfil epidemiológico da

área de atuação e relacioná-lo com as de outras populações.

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Quando questionados quanto à capacidade para formulação e gerência

de programas e serviços de saúde, segundo os preceitos do SUS, entendemos que

os estudantes apresentam certo grau de insegurança. Classificaram sua capacidade

como “mais ou menos” preparados.

A compreensão das políticas de saúde, do desenvolvimento das ações de

enfermagem que envolva o indivíduo em sua integralidade, a capacidade de

reconhecimento do perfil epidemiológico da região e sua correlação com outras

regiões, manifestam de alguma forma o cumprimento dos objetivos propostos no

Curso de Graduação em Enfermagem se propõe, bem como o desenvolvimento do

perfil proposto pela LDB, de um enfermeiro generalista, e que atenda as

necessidades do Sistema Único de Saúde.

Em alguns momentos, observamos certa contradição nas respostas. Por

exemplo, quando questionados sobre a aptidão e participação em pesquisas, ou de

outra forma de produção de conhecimento científico, os estudantes responderam

quase que unanimemente, que se consideram aptos a desenvolver tais ações.

Quando questionados sobre sua produtividade científica durante a vida

acadêmica, mais da metade deles nunca publicou nenhum artigo ou trabalho, seja

como autor (a) ou como co-autor (a). Participaram de alguns eventos, principalmente

das Semanas de enfermagem e Seminários, na categoria de ouvintes. E aqui

questionamos, será que é por falta de incentivo, por unilateralização de

conhecimentos, será que o curso ainda possui de certa forma um caráter tecnicista?

Ou extremamente humanista? E a pesquisa a onde fica? Será que o professor não

desempenha o papel de facilitador?

Na educação, para Bachelard, o professor não pode fazer o papel do

facilitador, de mediador, mas sim, de complicador, pois o professor que facilita

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encurta o caminho; quanto mais perguntas surgirem, mais será germinado o espírito

científico. Para ele, a formação do pensamento científico se faz desmistificando os

saberes já estabelecidos. A ciência não acontece por soma, mas por cultura, se

constitui no coletivo.

Segundo Bachelard (1996) é preciso se refazer o percurso do

pensamento que se quer produzir objetivamente, o que se dá por ruptura do já

estabelecido. Não pode ocorrer dicotomia entre teoria e prática. A ciência não se dá

por aproximação, mas sim, na contradição do saber absoluto, por ruptura, por saltos

que valorizam o erro. A formação do espírito científico se dá de forma espiral, o

conhecimento volta, mas não mais ao mesmo lugar da mesma forma, em um nível

mais elevado e mais complexo.

Bachelard (1996, p. 309) diz:

Na obra da ciência só se pode amar o que se destrói, pode-se continuar o passado negando-o, pode-se venerar o mestre contradizendo-o. Aí, sim, a Escola prossegue ao longo da vida. Uma cultura presa ao momento escolar é a negação da cultura científica. Só há ciência se a Escola for permanente. É essa escola que a ciência deve fundar. Então, os interesses sociais estarão definitivamente invertidos: a Sociedade será feita para a Escola e não a Escola para a Sociedade.

Aspectos relacionados à estrutura física, disponibilidade de materiais e

equipamentos, também foram contemplados na entrevista. Os entrevistados

classificam, o número de laboratórios que dão suporte ao curso como suficientes, o

que é perfeitamente discutível, pois os entrevistados são estudantes do último

semestre, da primeira turma. Com isso queremos dizer, que no período em que se

utilizavam os laboratórios, o número de alunos do curso ainda não estava completo

e a UNESC implantou outros cursos na área da saúde, que utilizam os mesmos

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laboratórios. Neste período não foram ampliados os respectivos espaços físicos,

portanto consideramos este dado insuficiente para qualquer avaliação.

Da mesma forma, classificam como suficientes os materiais e

equipamentos para as aulas práticas (nos laboratórios citados), e como suficientes e

muito bons, a atuação tanto dos professores quanto dos técnicos que atuam nestes

laboratórios.

No que tange aos serviços da Biblioteca, atendimento, de pessoal,

espaço físico, condições de estudos e acervo (quantidade, títulos e periódicos) os

estudantes classificam como suficientes e muito bom, para o subsídio da

aprendizagem.

Os estudantes foram questionados quanto ao seu Trabalho de Conclusão

de Curso: as respostas predominantes foram que tiveram auxílio e orientação por

parte dos professores.

Consideram ainda, que os conteúdos ministrados durante o curso de

graduação são suficientes para subsidiarem uma boa prática profissional. A metade

dos entrevistados considera, porém, que os estágios, aulas de laboratório e

monitorias, poderiam ser mais longos.

Manifestaram-se no que diz respeito ao relacionamento docente-discente,

como bom, e consideram que a competência dos docentes seja o mais interfira

nesta relação.

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4.2 A atuação profissional

Entendemos que cabe aqui falarmos um pouco sobre os conceitos

emitidos pelos estudantes de enfermagem acerca das questões que envolvem o

trabalho.

Ilustração 01 – Conceito dos Estudantes de Enfermagem sobre Trabalho.

Fonte: Dados do pesquisador

A ilustração anterior representa as três categorias que emergiram das

falas do discurso dos estudantes do curso de graduação em Enfermagem, quando

questionados sobre o qual o conceito de trabalho. A primeira categoria diz respeito

ao trabalho como uma tarefa a cumprir; a segunda categoria surge na representação

do trabalho como atividade objetivadora7, ou seja, a reprodução do indivíduo e na

terceira categoria o trabalho é relacionado à produção da sociedade8.

As falas que surgiram que caracterizam as categorias são as descritas a

seguir, destacadas em negrito:

7 Baseado na categorização de trabalho apresentado por Duarte (Work ; Labour), 2001, p .44-45. 8 Idem 5

Sobre o Trabalho

Cumprimento de tarefas

Trabal comh7df9c9desobietl4auarão barod, 3

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E9 – “Trabalhar para mim é toda atividade que eu exerço com amor e dedicação, visando em primeiro lugar o bem estar do paciente e o meu”. E14 – “É algo que você faz que goste, que tenha prazer ou faça com amor, fazendo com que a hora passe sem perceber”. E15 – “São as tarefas que são desempenhadas sozinha ou em conjunto, visando um objetivo e que este se realize com qualidade”.

Na Segunda categoria elencada, apresentamos o Trabalho como

atividade objetivadora (reprodução do indivíduo)

E1 – “Atividade desenvolvida para fins de auto-realização e retorno financeiro” E3 – “Trabalho é algo em que nos dedicamos a fim de fazer bem a nós mesmos, a nossa auto-estima. É algo que nos faz sentirmos valorizados, que devemos realmente gostar e sermos remunerados para tal”. E4 – “Toda ação do homem sobre o mundo e as pessoas destinado a obter um retorno”. E6 – “Como diz o ditado, o trabalho é o que dignifica o homem. Trabalhar significa a concretização de anos dedicados ao estudo e a certeza de que fi

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necessidades do trabalhador, ex: alimentação, lazer, educação, saúde. Produzir algo é receber dinheiro para poder comprar o que ele necessita, sem nada não se consegue nada, trabalhar sem ganhar dinheiro não dá. Na enfermagem o trabalho nem sempre é valorizado. Se trabalhar bem, fizer bem vai te dar valor, em termos de salário nem sempre é muito valorizado, valorizam mais o médico que passa um segundinho, é o enfermeiro que passa para o médico as informações. Não me sinto tão mal com isso porque gosto do que faço e vendo o paciente bem fico bem”.

Como terceira categoria, mas não menos importante elencamos os

conceitos de trabalho relacionados à produção da sociedade, destacados em

negrito.

E2 – “O trabalho consiste em tudo o que pensamos ou praticamos, de maneira planejada ou não, para resolver uma situação através de uma ação”. E5 – “É a ligação prática construída, tendo significado concreto de transformação da realidade, onde a relação sujeito-objeto deixa de ser abstrato”. E10 – “Trabalho é ação, é colocar em prática sua capacidade de fazer, pensar, reagir... Na enfermagem o trabalho é assistencial, organizacional, gerencial”. E11 – “Trabalho é a ação propriamente dita em relação ao objeto de trabalho. Ação que visa transformação, interação e integridade”. E13 – “ Trabalho é a concretização de um sonho que busquei por meio de meu esforço e dedicação. Vai além dos aspectos de remuneração, pois em minha profissão o trabalho é uma dedicação ao outro, com o compromisso de ajudar as pessoas, fazendo com que elas tenham uma melhor qualidade de vida”. E16- “Tarefas que devem ser desenvolvidas em conjunto”. E18- “Prática do processo terapêutico ”.

Duarte (2001) estabelece relações entre o trabalho educativo proposto

por Saviani e por Agnes Heller. Segundo Saviani (1994, 35), “[...]o trabalho

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educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular,

a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens”

enquanto para Heller, dois aspectos são importantes: um deles como

execução/realização e outro como atividade. Marx denominou o primeiro de Labour

e o segundo de Work.

O labour não faz parte da vida cotidiana só pelo fato de ser imprescindível

à reprodução do indivíduo, mas pelo fato de que existe um âmbito da reprodução do

indivíduo que é necessário à execução do trabalho. O trabalho é uma atividade

objetivadora, e para ser realizado é necessário à apropriação dos bens materiais e

não materiais sem os quais não há objetivação. Quanto mais alienado for o trabalho

mais a apropriação necessária a execução do trabalho será parcial, fragmentada,

externa a personalidade do trabalhador, mas mesmo assim, ocorre alguma forma de

apropriação de meios materiais e não materiais necessários a execução do mesmo

como afirma Duarte (2001).

Já Work é visto como atividade de trabalho relacionada à produção da

sociedade. Seu produto não pode somente atender as particularidades do indivíduo,

precisa sim (sendo material ou não) atender as necessidades de produção do ser da

sociedade, ou seja, sintetizar objetivamente as funções sociais que dão significado

social a existência desse objeto. (DUARTE, 2001).

Saviani (2001) fala sobre o trabalho na educação escolar. A educação

escolar se diferencia das demais formas de educação espontâneas, porque sua

finalidade é a ampliação “da humanidade” do homem e também de sua consciência

histórica. E no dizer de Duarte (2001, p. 38), é um processo sistematizado e

intencional de elaboração do conhecimento, de modo a possibilitar ao estudante o

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desenvolvimento de conceitos científicos, que o leve a “conhecer de forma mais

concreta, pela mediação das abstrações, a realidade da qual ele é parte”.

Após estas reflexões, verifica-se que quanto mais próximos dos conceitos

científicos de Enfermagem, quanto mais o estudante se apropria do conceito de

trabalho como Work, menos alienado será e maior significado social encontrará no

cuidar, que é o objetivo central da enfermagem.

Em conseqüência disso, portanto, os conceitos de trabalho, enfermagem

e sociedade estão fortemente relacionados, a ponto de não termos claro o que é a

sociedade, que tipo de sociedade temos, e que sociedade de certa forma

“queremos”, não poderemos desenvolver um trabalho que atenda as necessidades

sociais e ao mesmo tempo objetive suas funções.

A ilustração 02 representa a categorização realizada a partir das falas dos

estudantes, no que tange ao olhar deste sobre a sociedade. Citamos a seguir,

respectivamente uma fala de cada categoria; julgamos que seja importante para a

compreensão e análise:

E15- “É o meio em que vivemos”. E6 – “Entendo por sociedade, um grupo de indivíduos que vivem num determinado espaço, que possuem um mesmo estilo de vida, que buscam um ideal semelhante”. E4 – “Contexto onde as pessoas estão inseridas, convivendo sobre regras estabelecida por grupos, associações...”. E1 – “Capacidade dos seres humanos de conviverem com outros seres humanos regidos por suas próprias leis e com diferenciação das ações, opiniões e modos de “construir” a vida”.

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Ilustração 02 – Conceito dos Estudantes de Enfermagem sobre Sociedade.

Fonte: Dados do pesquisador

O foco desta pesquisa não é o trabalho, mas não podemos nos furtar de

apresentar algumas considerações que presumimos serem interessantes, acerca da

relação trabalho/autonomia.

Na atualidade, o mundo do trabalho caracteriza-se por uma crescente e

acelerada introdução de novas tecnologias, que envolvem tanto as transformações

incorporadas aos equipamentos quanto às no mercado de trabalho e as novas

tendências das relações de trabalho.

Para Melo (apud BEZERRA, 2003), considera que o padrão de

desenvolvimento atual da Enfermagem, a elaboração de conhecimentos essenciais

e a formação de habilidades cognitivas são hoje elementos básicos para que as

pessoas consigam conviver em ambiente saturados de informação, e com

capacidade para processá-las, selecionar o que se torna relevante para continuar

aprendendo. Complementa, dizendo que o conhecimento tem aumentado em ritmo

acelerado e isso contribui para a busca pela atualização em busca de novos

conhecimentos.

Sociedade

Espaço de convivência

Campo de relações intersubjetivas em busca dos mesmos Ideais

Meio Regulador das Relações Humanas

Local onde se desenvolvem relações humanas capazes de contribuir com a construção da história individual e coletiva

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Na Enfermagem, segundo Leopardi (1999), o modelo de assistência tem

procurado instrumentos adequados à racionalização do trabalho e maior

produtividade. À medida que cada Enfermeiro executa sua parte das ações

assistenciais, podem se estabelecer possibilidades de trabalho com autonomia

relativa, uma vez que o modo como cada profissional organiza e controla o seu

próprio trabalho ou da equipe, tem papel de complementaridade com as demais

profissões ultrapassando de certa forma o modelo médico-cêntrico biologicista.

A autonomia a ser exercida no trabalho, como produção da sociedade,

decorre pelo processo de apropriação do conhecimento, ou seja, a aprendizagem.

Para Aguiar (in FROTA, 2003, p.29).

O homem, ao nascer, é candidato à humanidade e a adquire no processo

de apropriação do mundo, físico e social. Nesse processo, converte o mundo

externo em um Mundo interno e desenvolve, de forma singular, sua Individualidade.

(Bocck; Gonçalves, 2003, p. 29).

Os conceitos de Enfermagem, destarte relacionam-se intimamente com o

trabalho e com a sociedade, com as ações e posturas assumidas frente a este

trabalho e esta xocdi õm8Td(Tj18.72 01415168 Tc88 Tf1 0 0 1 271 597.716 Tm(c)Tj5.63999 0 Td(o)Tj6.23999 0 Td(t)Tj3.23999 o Td-0.15168 Tc8 0 Td(x)Tj5.63510b.716 Tm(c)Tj5.63j99 0 Td(c)Tj5.48 0 Tx)Tj5.63510.52 0 Td(a)Tj6.23999 0 Td(t)Tj3.12 0 Td(i)Tj2.52 0 Td(v)Tj5.611.4 0 Td(a)Tj6.28.77584 Tw(o )Tj17.88 ã

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126

Ilustração 03 – Contribuições da Enfermagem com a sociedade

Fonte: Dados do pesquisador

Na ilustração anterior, a categoria “Através da Educação em Saúde”, se

refere a uma das formas de que a Enfermagem pode contribuir com a sociedade.

Trabalhar com Educação em Saúde, não é apenas o desenvolvimento de

“palestras”, sua significância vai além. Significa fazer com que o sujeito participe do

processo de saúde no qual é o ator principal, estimulando a responsabilidade do

cidadão pela sua própria saúde, e pela saúde da comunidade a qual pertence.

Educação em saúde é entendida como processo, que visa capacitar os indivíduos a agir conscientemente diante da realidade cotidiana, com aproveitamento de experiências anteriores, formais ou informais, tendo sempre em vista a integração, continuidade, democratização do conhecimento e progresso no âmbito social. Visa também a capacitação dos vários grupos sociais para lidar com problemas fundamentais da vida, tais como nutrição, desenvolvimento biopsicológico, reprodução, tudo isto no contexto de uma sociedade dinâmica . (VASCONCELOS et al, 1997, sp).

As práticas educativas, via de regra segundo Gazzinelli et al (2005), não

acontecem de fato, pela dificuldade de transposição no olhar dos atores, que pode

estar ancorada na manutenção de um modelo hegemônico da prática profissional.

Este modelo estruturado de forma vertical estabelece novos comportamentos, como

o parar de fumar, de beber, entre outros.

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Entendemos que se o Enfermeiro assumir esta posição hegemônica do

conhecimento, ditando regras e normas, não respeitando a cultura de cada

indivíduo, estará como que “atirando em seu próprio pé”, perdendo a confiança dos

sujeitos e impedindo o acesso destes a educação em saúde e conseqüentemente, a

possibilidade de mudança de conceitos e das próprias atitudes.

As outras duas categorias que apontam formas de contribuição do

enfermeiro para e na sociedade são: as questões da ética e do cuidar.

O cuidado a que se refere é o “cuidado terapêutico”, que é descrito por

Leopardi (2004), a partir de duas bases: a biológica e a humana. A autora faz um

resgate dos conceitos com que Florence Nightingale (apud LEOPARDI, 2004, p.

177) descreve a enfermagem como: “[...] uma arte, e para realizá-la como arte,

requer uma doação tão exclusiva e um preparo tão rigoroso, como uma obra de

qualquer pintor ou escultor”.

Essa arte transcrita para o processo de trabalho da Enfermagem, diz

respeito ao cuidado. O cuidado é praticado em vários cenários, onde encontramos a

enfermagem e o sujeito ao qual se presta o cuidado. Esse cuidado pode ser

prestado tanto no aspecto tecnicista, quanto humanístico. Qual a diferença? A

diferença está na forma com que é prestado o cuidado.

Quando quem pratica o cuidado, não vê apenas um corpo, mas um

sujeito que possui uma família, que tem uma história e um saber, este cuidado

transforma-se em cuidado terapêutico. Logo, orientar, atuar na educação em saúde,

quando considerado os aspectos sócio-econômico-culturais do sujeito, também é

cuidado terapêutico.

A seguir, discutiremos os conceitos de enfermagem elaborados pelos

alunos, atores do estudo.

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CAPÍTULO 5. OS ALUNOS E SEUS CONCEITOS DE ENFERMAGEM

5.1. O Conceito de enfermagem

A Segunda parte da entrevista constou da enunciação dos conceitos

propriamente dito quanto à enfermagem. Estes serão apresentados após leitura e

releitura dos dados, a partir de quatro categorias identificadas nas respostas dos

informantes: Conceitos cotidianos; conceitos em transição I, conceitos em transição

II e conceitos científicos.

Quadro 01 - Classificação dos Conceitos

CONCEITO COTIDIANO OU ESPONTÂNEO

CONCEITO EM ESTÁGIO DE TRANSIÇÃO

(ET1)

CONCEITO EM NÍVEL DE TRANSIÇÃO (ET2)

CONCEITO CIENTÍFICO

Conceito construído de forma elementar associados a experiências vivenciais. Não contempla quaisquer dos atributos essenciais ao conceito científico de enfermagem.

Conceitos construídos historicamente e centrado em alguns pressupostos da enfermagem como, o cuidar e a individualidade.

Conceito que contempla elementos construídos historicamente; e alguns elementos das Teorias de Enfermagem, como instrumento de trabalho, com motivação, intencionalidade e finalidades.

Conceitua e contempla o ser humano na sua totalidade, vendo-o como ser integral, ativo e histórico, capaz de transformar com sua atividade o mundo ao seu redor; contempla profundamente as Teorias de Enfermagem.

Fonte: Adaptado de Aguiar 2002, p.32.

Antes de analisarmos os conceitos dos alunos do último semestre,

acreditamos que valha a pena e seja necessário descrevermos a trajetória que

antecedeu a pesquisa com estes estudantes. Para analisarmos o ponto de chegada

dos conceitos dos estudantes do último semestre, foi necessário conhecermos o

ponto de partida destes nos primeiros semestres.

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Aplicamos com 20 estudantes do primeiro semestre do Curso de

Graduação em Enfermagem (aqui chamados de G), as perguntas da parte VI do

instrumento de coleta de dados, que diz respeito ao pensamento/conceito dos

estudantes com relação à Enfermagem, mundo, homem, sociedade e trabalho.

O mesmo procedimento foi realizado com os alunos do segundo

semestre, e como a estes já foi apresentado conceito de enfermagem a partir das

Teorias de Enfermagem, foi acrescida a apresentação dos cartões descritos no

anexo 02.

Os resultados obtidos chamam atenção em alguns aspectos: nas falas

dos estudantes fica evidente “palavra chavões” (destacadas em negrito) utilizados

por professores que ministram os conteúdos disciplinares, que no primeiro semestre

são voltados às ciências humanas, e onde já se apresenta aos estudantes,

conceitos de enfermagem (sem citação das Teorias de Enfermagem). Por exemplo:

G1 – É o cuidado ao ser doente, não apenas o cuidado com o corpo exerce também uma ação terapêutica. É Ter uma relação impessoal, valores individuais. G2 – Eixo da saúde, cuidando do enfermeiro com o paciente e não somente sua patologia. G3 – Área ou campo de trabalho da saúde que tem por finalidade de cuidar do paciente (cliente) assim como curar a doença. G11- É uma profissão que tem como objetivo cuidar, educar e pesquisar. G13 – Para mim, é um cuidado terapêutico.(Fonte: dados do pesquisador).

Para Mendonça; Miller (2006) ao se deparar com um novo conceito, a

criança busca seu significado na aproximação de um conceito já internalizado, já

apropriado por ela. Explicando melhor, a utilização de termos, é analisada como

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“novo saber”, ou seja, os estudantes se apropriam de palavras que até então eram

desconhecidas, o qual servirá de apoio ao desenvolvimento do conceito científico e

de alguma forma, esboça o movimento do desenvolvimento do saber.

Nos demais conceitos, surgem na grande maioria das respostas as

questões referentes ao amor ao próximo, à cura da doença, evitar a morte, trabalho

com pacientes doentes, o cuidado inespecífico, a pessoas que necessitem do

cuidado; demonstra a associação do conceito com experiências vivenciais sem,

contudo ser observado quaisquer atributos essenciais, classificando-se desta forma

como conceito cotidiano.

Apresenta de forma bem intensa como ponto de partida das ações de

enfermagem, a “caridade”, que durante muito tempo foi um dos pilares da profissão,

como dom recebido por Deus. Também fica evidente que a relação

enfermeiro/paciente, é de compaixão e não de solidariedade, no sentido de alguém

que necessita (tem menos) receber de alguém que pode dar (tem mais).

Também é manifesto nas respostas, a visão biologicista, quando põem no

centro da ação da Enfermagem o ser humano “doente”, ações especificamente

curativas.

Com os estudantes do curso de Graduação em Enfermagem do segundo

semestre, os resultados não são muito diferentes: as ações de enfermagem são

voltadas a um ser “doente”, o cuidado é exercido “sobre” a doença ou sobre o

paciente.

Estão fortemente presentes, as questões vinculadas à religiosidade e

valores dogmáticos como amor ao próximo e o não preconceito. Também é

manifesta a integralidade do cuidado terapêutico ao sujeito, a educação e o

aconselhamento, a necessidade do saber para cuidar.

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G3 – Cuidado que o profissional exerce sobre determinada doença, e o cuidado ao paciente; G10 – Enfermagem é um Dom de Deus, é gostar de que faz, ato de cuidado e cuidar; G11 - Cuidar, dedicação, educação, aconselhamento; G18 – É o ato de cuidar, de colaborar para o bem estar do ser humano em toda sua vida, vê-lo como um todo sem distinção nem preconceito.(Fonte: Dados do pesquisador).

Aos estudantes do segundo semestre, a exemplo dos estudantes do

último semestre, também foram apresentados os cartões que Identificam sua

tendência (preferência) no que diz respeito às Teorias de Enfermagem. Os

estudantes do segundo semestre apresentaram a Teoria dos Seres Humanos

Unitários de Martha Rogers como de primeira escolha, e a da Transculturalidade de

Madalaine Leininger em segundo lugar, e em terceiro a do Déficit do Auto-cuidado

de Dorothea Orem, sendo que destas, a última se caracteriza com uma Teoria com

preceitos do “fazer”, ou seja, tecnicista.

Os conceitos biologicistas ainda estão nas entranhas do saber na saúde.

Acreditamos que Fleck (1986) tenha razão quando diz que o saber médico,

considerado como saber de disciplinas metafísicas, ainda é guiado por padrões

explicativos, que tentam formular subtipos de definições de enfermidades

estabelecidas, assinalando sufixos e prefixos, que obrigam a formular novas

definições de enfermidades.

Neste sentido, é uma corrente sem fim, em que certas idéias metódicas

do pensamento direcionado, acabam formando pontos de vista dominante; ao

mesmo tempo, são concepções específicas e temporais que se transformam

dinamicamente em novas orientações.

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É bom ressaltar que os estudantes do segundo semestre, que escolheram

os cartões de número dois (2- Teoria do Déficit do Auto-cuidado), foram os

estudantes que já trabalham na enfermagem. Entendemos que os conceitos são

elaborados e podem ser re-elaborados, por isso é provável que tais estudantes até o

término do curso venham a mudar seus conceitos e suas escolha.

O estudo propriamente dito contou com a participação de 20 estudantes

do Curso de Graduação de Enfermagem do último semestre (2005b) e as respostas

obtidas nas entrevistas, indicaram que os conceitos da grande maioria, oscila entre

os conceitos em Estágio de transição 1 e 2, o que, como já falamos anteriormente,

não significa que sejam definitivos. Acreditamos que os resultados passem pela

lógica do aprender apresentada por Charlot (2005, p. 52):

Há aqueles que estudam não para aprender, mas para passar para a série seguinte, em seguida, novamente para a série seguinte; para ter um diploma, um bom emprego, uma vida normal ou mesmo um belo caminho. Estudar para passar, e não para aprender é o processo dominante na maioria dos alunos do meio popular, mas não de todos. Há aqueles que não entendem porque estão na escola alunos que de fato nunca entraram na escola, estão matriculados, presentes fisicamente, mas jamais entraram na lógica específica das escolas.

É preciso que entendamos o que significa para um aluno aprender. O

aluno precisa se mobilizar (remete-nos a uma dinâmica interna, a idéia de motor =

de desejo: é o aluno que se mobiliza). Alguns utilizam o termo motivado (a

motivação no olhar de Charlot remete a uma ação externa).

Apresentaremos a seguir a ilustração que apresenta a formação de

conceitos dos estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem do último

semestre (2005b)

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Ilustração 04 – Classificação dos Conceitos.

Fonte: Dados do pesquisador

A ilustração anterior diz respeito aos conceitos elaborados pelos

estudantes do curso de Graduação em enfermagem, acerca da profissão. Para

Baquero (apud MENDONCA; MILLER, 2006, p. 45), os conceitos cotidianos podem

ser “formas rudimentares de construção de significados”.

Não foram encontrados conceitos cotidianos nas falas emitidas pelos

atores sociais da pesquisa. Todos os conceitos de alguma forma apresentaram

lógica ou intencionalidade, em maior ou menor grau, apesar de serem encontradas

falas que se referem à enfermagem como apenas responsável pelo cuidar.

Cabe aqui lembrar-mos, que não é necessário ser enfermeiro para cuidar.

A criança quando nasce está sob os cuidados de seus pais. Quando alguém

adoece, por exemplo, tem um episódio de vômito, não faltam vizinhos cuidadores

que lhe façam chás. Quando uma criança cai e bate o joelho, não faltam cuidadores

para lhe socorrer, porém, todos estes cuidados são prestados de forma voluntária,

sem contemplar o aspecto terapêutico, sem considerar o risco-benefício daquele

Conceito Cotidiano Ou Espontâneo (2 estudantes)

Conceito Científico (3 estudantes)

Conceito em Estágio de Transição (Nt1) (10 estudantes)

Conceito em Estágio de Transição (Nt2) (7 estudantes)

Formas de Conceito

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cuidado, porque na maioria das vezes, não há embasamento científico, não se

constituindo desta forma este cuidar como profissão.

Da mesma forma o cuidado humanizado de forma isolada não caracteriza

a enfermagem como profissão, nem mesmo a gentileza com colegas de trabalho,

apesar, das ações de enfermagem primarem por estas características.

Segundo Vygotsky (1994, p. 40)

Desde os primeiros dias do desenvolvimento da criança, suas atividades adquirem um significado próprio num sistema de comportamento social e, sendo dirigidas a objetivos definidos, são refratadas através do prisma do ambiente da criança. O caminho do objeto até a criança e desta até o objeto passa através de outra pessoa. Essa estrutura humana complexa é o produto de um processo de desenvolvimento profundamente enraizado nas ligações entre história individual e história social.

Quer dizer, que cada estudante chega à universidade com uma histórica

construída, e que o desenvolvimento individual é influenciado por condicionantes

individuais e sociais.

Para Fleck (1986) três fatores sociais influenciam na atividade cognitiva.

O primeiro fator é a “formação”, onde o conhecimento se compõe em sua maior

parte do aprendido, não do novo. Todo conhecimento, durante o processo de

aprendizagem, se produz de forma imperceptível, deslocando-se do conteúdo

cognitivo. O conhecimento transmitido não é exatamente o mesmo para quem “dá” e

para quem “recebe”, ele se transforma entre uma pessoa e a outra.

O segundo fator apontado por Fleck é que todo saber novo está

direcionado pelo já conhecido; e como terceiro fator, cita que somente levando em

conta as condições sociais do conhecer, pode-se ter a compreensão de muitas

outras realidades, junto à realidade estabelecida pelas ciências naturais.

Vale notar que para o autor, o estilo de pensamento formado determina a

compreensão dos problemas e os orienta de acordo com seus objetivos, e o

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conhecer está ligado a seus pressupostos culturais e sociais, que também influi

reciprocamente sobre a realidade social. (FLECK, 1986).

No segundo fator apontado por Fleck (1986), entendemos que possa

dizer respeito ao que Bachelard (1996) chama de “obstáculo da experiência

primeira”, quer dizer, muitos não conseguem ultrapassar o obstáculo do

conhecimento já dado, do que já é conhecido. E por último, e não menos importante,

o terceiro fator, se relaciona com o desenvolvimento cognitivo, que é considerado

não apenas como uma evolução natural do ser humano, mas que sofre sob os

condicionantes sociais.

Dest’arte acreditamos que os conceitos emitidos pelos estudantes ainda

poderão sofrer mudança, pois de acordo com Vygotsky (1993, p. 50)

O desenvolvimento dos processos que finalmente resultam na formação de conceitos começa na fase mais precoce da infância, mas as funções intelectuais que, numa combinação específica, formam a base psicológica do processo de formação de conceitos amadurecem, se configura e se desenvolve na puberdade [...] A formação de conceitos é o resultado de uma atividade complexa, em que todas as funções intelectuais básicas tomam parte.

Vygotsky e Fleck andam em direções aproximadas no que diz respeito ao

conhecimento, ao conceito já formado. Se para Vygotsky (1993) o conceito não é

estático e sofre interferência dos pressupostos histórico-culturais, Fleck (1986) se

refere às influências recíprocas entre a realidade social, a cultura, as organizações

sociais, os grupos, as atividades e o processo de conhecimento.

Os Conceitos em Estágio de Transição 1 e 2, nos oferecem pistas de que

o conceito é construído historicamente, e por isso, ainda há nos conceitos

formulados pelos estudantes da Graduação em enfermagem um forte predomínio do

pensamento sobre a profissão como entrega, doação, o que centenariamente tem

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feito parte da história de enfermagem. Chega a referir-se a ação de Enfermagem

como “além da profissão”, o que compreendemos se referir a algo transcendental no

sentido de servir e assistir como “dom recebido”.

Consideramos NT1 os conceitos construídos historicamente e centrado

em alguns pressupostos da enfermagem como, o cuidar e a individualidade. Foram

apresentados:

E1-“É a arte do cuidar, visando o ser humano como um todo, como cidadão sujeito de sua própria história na sociedade”. E14 – “Enfermagem é o cuidado, atenção, humanismo com o paciente e colegas de trabalho”. E16 – “É uma profissão humana, pois lida com vidas, porém, conta-se com a consciência dos profissionais”.

Consideramos os enunciados citados a seguir como conceitos em

transição (NT2), por contemplarem elementos construídos historicamente e alguns

elementos das Teorias de Enfermagem, como instrumento de trabalho, motivação,

intencionalidade e finalidade:

E4 – “É a ciência e também a arte voltada ao cuidado do homem durante o ciclo vital, promovendo e mantendo a satisfação de suas necessidades humanas básicas considerando o contexto em que está inserido”. E7 – “É na enfermagem que se encontram os profissionais da área de saúde que estão em maior contato com o paciente/sujeito. Somos responsáveis por todos os cuidados referentes ao sujeito. Trabalhamos com a prevenção, promoção e cuidado com a saúde do sujeito. Trabalhamos com o processo saúde-doença. É você enxergar o sujeito como um todo, integral. É saber avaliar custo-benefício. É a arte do cuidar com base em conceitos científicos”. E18- “Processo cujo principal objetivo é cuidar; planejando, diagnosticando e promovendo o cuidado. Além disso, se constitui em liderança, gerenciamento e administração dos serviços e equipe de enfermagem”.

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E19 – “ É a profissão que possui principal instrumento o cuidado terapêutico, onde seus profissionais irão se inserir num sistema de prática objetivando para a aplicação dos níveis 1º e 2º na saúde”. E20 – “Ser competente, dinâmico, solidário, um olhar integral do sujeito, humanizado e um bom acolhimento. Ser bom profissional, Ter ética profissional, ser solidária. Para mim na enfermagem o olhar é humanizado que em poucas profissões se tem, como pessoa humana, dialogar com o paciente. A enfermagem é guiada por teorias que te guia e te orienta. O que nos diferencia dos outros cuidadores é o conhecimento e as teorias de enfermagem que nos guiam”.

A fonte do pensamento não está no indivíduo, mas no ambiente social em

que se vive, na atmosfera social que respira. As pessoas não podem pensar de

outra maneira porque sua mente está estruturada de determinado modo, devido à

influência do ambiente social que a rodeia. (FLECK, 1986).

Mais uma vez fica notório o papel da educação neste processo de

formação de conceitos. Fleck se refere a “atmosfera social”. É claro que o simples

fato de estar dentro da academia não garante a formação de conceitos científicos,

mas a universidade deve proporcionar condições iguais, e cada estudante a seu

tempo, influenciado por esta atmosfera e pelos demais condicionantes individuais e

sociais, tornar-se-ão aptos a desenvolver o conceito científico.

Finalmente, abordaremos a partir daqui, os conceitos científicos emitidos

pelos estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem, amostra deste nosso

estudo. Entendemos que dois dos estudantes, emitiram conceitos científicos que

serão citados a seguir:

E10 – “Enfermagem é uma profissão subsidiada no conhecimento científico, trata-se de uma ciência, na qual se tem fundamento, tem processos, procedimentos e teorias. Para mim, também é uma arte, deparamo-nos com inúmeras dificuldades que somente serão superadas com utilização da

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criatividade. Como é uma profissão, nosso objeto de trabalho é o ser humano e o nosso instrumento de trabalho é o cuidado terapêutico. Cuidamos com a intenção de cura”. E17 – “Profissão que utiliza o cuidar para proporcionar o bem-estar integral ao interagente, através do processo terapêutico calcado no conhecimento técnico e ético”.

Consideramos que seja importante, recordamos aqui o que permitiu esta

categorização: Conceito cientifico é aquele que conceitua e contempla a

enfermagem como ciência e o ser humano na sua totalidade, vendo-o como ser

integral, ativo e histórico, capaz de transformar com sua atividade o mundo ao seu

redor; contempla as Teorias de Enfermagem, neste caso a Teoria de Martha Rogers.

Nos conceitos anteriormente citados, surgem as características

destacadas em negrito, quando o estudante denominado E4, cita que Enfermagem é

“a arte do cuidar, visando o ser humano como um todo, como cidadão sujeito de sua

própria história na sociedade”.

Este conceito aborda a ação da Enfermagem, o papel de cidadão do

Enfermeiro e sua participação como sujeito ativo na sociedade, não apenas como

parte integrante de uma ordem. Quando se refere ao cuidado com o ser humano

como um todo, nos lembra a Teoria de Martha Rogers que aborda o ser humano

unitário, impossível de compartimentalização.

Segundo Vygotsky (1994) as idéias e conceitos e as demais estruturas

mentais, durante a idade de transição, deixam de ser organizadas por classes e

passam a ser organizada como conceitos abstratos:

A verdadeira essência da memória humana está no fato de os seres humanos serem capazes de lembrar ativamente com a ajuda de signos. Poder-se-ia dizer que a característica básica do comportamento humano geral é que os próprios homens influenciam sua relação com o ambiente e, através desse ambiente, pessoalmente modificam seu comportamento, colocando-o sob seu controle. (VYGOTSKY, 1994, p. 68).

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Nos conceitos científicos emitidos pelos estudantes de Graduação em

Enfermagem, é possível perceber a capacidade de abstração, e das demais

características presentes no desenvolvimento das funções psicológicas superiores,

como a similaridade e as diferenças e a atenção volitiva.

Em Ach, citado por Vygotsky (1993, p. 47)

[...] a formação de conceitos como um processo criativo, e não um processo mecânico e passivo; que um conceito surge e se configura no curso de uma operação complexa, voltada para a solução de algum problema; e que só a presença de condições eternas favoráveis a uma ligação mecânica entre palavra e objeto não é suficiente para a criação de um conceito.

Não se trata apenas de os estudantes memorizarem palavras, de acordo

com Ach, o fato de memorizar palavras e conseguir associá-las a objetos não indica

por si só, que houve formação de conceitos. A palavra, neste caso, é um signo que

assume papel de meio na formação de conceitos, para posteriormente tornar-se

símbolo (VYGOTSKY, 1993).

O desenvolvimento dos processos que finalmente resultam na formação de conceitos começa na fase mais precoce da infância, mas as funções intelectuais que, numa combinação específica, formam a base psicológica do processo de formação de conceitos amadurece, se configura e se desenvolve na puberdade[...] A formação de conceitos é o resultado de uma atividade complexa, em que todas as funções intelectuais básicas tomam parte. No entanto, o processo não pode ser reduzido a associação, `a atenção, à formação de imagens, à interferência ou as tendências determinantes. Todas são indispensáveis, porém insuficientes sem o uso do signo, ou palavra, como o meio pelo qual conduzimos as nossas operações mentais, controlamos o seu curso e as canalizamos em direção à solução do problema que enfrentamos. (VYGOTSKY, 1993, p.50).

O autor citado nos informa que não há nenhuma experiência em si que

possa tornar acessível, o inacessível. Todo indivíduo vive as experiências de uma

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maneira particular. A experiência científica em particular procede das condições

específicas estabelecidas pela história das idéias e pela sociedade. Afirma ainda,

que um coletivo de pensamento existe sempre que duas ou mais pessoas trocam

idéias. Este é um coletivo de pensamento momentâneo e casual, que nasce e

desaparece a cada momento. Além desses coletivos de pensamento casuais e

momentâneos estão os estáveis, ou, relativamente estáveis, que se formam

especialmente em grupos socialmente organizados. (FLECK, 1986).

Exemplificando: uma comunidade de “pensamento” não coincide

perfeitamente com a “comunidade oficial”. O coletivo de pensamento de uma

religião, por exemplo, inclui todos os crentes verdadeiros, enquanto, a comunidade

oficial de uma religião inclui todos os membros formalmente aceitos, sem considerar

a sua forma de pensar. Por isso podemos pertencer a um coletivo de pensamento de

uma religião sem ser admitido formalmente na comunidade. O contrário, também é

verdadeiro.

No caso da enfermagem, todos os enfermeiros são incluídos em uma

comunidade oficial, e são formalmente aceitos (Conceito Regional de Enfermagem),

porém, nem todos pertencem à mesma comunidade de pensamento. Uns pactuam

com a Enfermagem como necessária unicamente na função administrativa, outros

pactuam com a enfermagem tendo como foco de seu trabalho o cuidar, e dentro

dele, de forma tecnicista ou humanista, e assim por diante.

Fleck (1986, p.64), fala sobre as conseqüências epistemológicas da

história do conceito da sífilis em sua obra “A gênese e o Desenvolvimento do

Conceito Cientifico” e se refere ao conceito científico como resultado do

desenvolvimento histórico do pensamento. Para ele, “[...] não há erro absoluto e nem

tampouco verdade absoluta”, no que diz respeito a sua gênese. Não existe formação

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espontânea de um conceito, senão o que está determinado por seus conceitos

antepassados.

Portanto, é uma ilusão acreditar que a história do conhecimento tem

pouco a ver com o conteúdo da ciência, pois, não há possibilidade cortar-se laços

com a história e não compartilhar com a opinião de que o único e principal objetivo

da teoria do conhecimento, consista na comprovação da consistência de conceitos e

suas conexões.

Fleck diria (1986) que como os conceitos de Sífilis, os conceitos de

enfermagem devem ser investigados pela história das idéias, e como resultado do

desenvolvimento da consciência de algumas linhas coletivas de pensamento. Seria

equivocado, contentar-se com a constatação generalizadora das relações históricas

concretas, pois, é preciso descobrir as leis destas relações e as forças sócio-

cognitivas que influenciam sobre elas, as protoidéia e as preidéias científicas. Ele

entende que:

As palavras não são originalmente nomes para as coisas e o conhecer não consiste em uma figuração ou reconstrução mental dos fenômenos ou ainda na adaptação do pensamento a certas ações externas que se manifestam em uma pessoa normal. As palavras e as idéias são originalmente, equivalentes sonoros e mentais das vivências que se dão simultaneamente entre elas[...] o desenvolvimento do significado das palavras, segundo Hornbostel, tem um desenvolvimento de idéias que não acontece por abstração do particular e do geral, mas pela diferenciação(especialização) do geral e do particular (FLECK, 1986, p.74)

Acreditamos que seja difícil para alguns estudantes contrariar a

concepção de Enfermagem como Profissão, não subalterna, mas autônoma, de

cunho científico, enquanto ainda predominar no coletivo de pensamento, da

enfermagem como profissão subordinada e cumpridora de ordens de outras

profissões.

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Fleck fala sobre a tendência e a persistência das concepções. Se uma

concepção de liga suficientemente forte a um coletivo de pensamento, de tal forma a

penetrar inclusive na vida diárias e no uso lingüístico de forma inversa a um ponto de

vista, ao sentido literal da expressão, parece impossível haver ali uma contradição.

(FLECK, 1986)

Para ele, toda teoria atravessa primeiro uma época clássica em que as

ações se encaixam perfeitamente nela, e qualquer complicação se apresenta como

exceção. Toda tentativa de legitimação de uma proposição concreta como única

correta, tem um valor limitado.

Não se pode formular em termos lógicos nem o estilo de concepção, nem

a destreza das técnicas necessárias para cada investigação científica. Portanto, uma

legitimação só é possível onde haja o saber compartilhado entre pessoas com as

mesmas concepções intelectuais e, especialmente, a mesma formação, conforme

um determinado estilo. (FLECK, 1986)

O futuro nunca está livre do passado, tendo ele sido normal ou anormal, a

menos que se rompa com ele, como resultado das leis características de sua

estrutura de pensamento particular. A Enfermagem nunca estará livre de sua história

e de seus conceitos históricos, pois:

A tendência e a persistência dos sistemas de idéias nos mostram que temos que considerar até certo ponto, como unidades, como estruturas independentes marcadas por um estilo, que não são meras somas de enunciados parciais, mas que mostra uma totalidade harmônica, característica deste estilo de pensamento, que determina e condiciona cada uma das funções cognitivas. (FLECK, 1986, p. 85).

O estado de conhecimento de cada momento tem que ser considerado

fator fundamental para todo novo conhecimento tem que ser componente da

relação. As relações históricas e “esterilizadas” de um saber, indicam que existe uma

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inter-relação entre o conhecido e o a conhecer. O já conhecido condiciona a forma e

a maneira do novo conhecimento, e este conhecer expande e renova o novo sentido

do já conhecido. (FLECK 1986)

Três fatores estão envolvidos na construção do conhecimento: o

indivíduo(o estudante de forma geral), o coletivo(os estudantes de graduação em

enfermagem do último semestre) e a realidade objetiva(o que está por conhecer, ou

seja, o conceito de enfermagem).

O indivíduo quase nunca tem consciência do estilo de pensamento

coletivo, que quase sempre exerce sobre seu pensamento uma coerção absoluta e

contra o qual é sensivelmente impossível a oposição. A existência de um estilo de

pensamento é necessária e imprescindível para a construção do conceito de

“coletivo de pensamento”. (FLECK, 1986). Continua dizendo, que se eliminarmos o

coletivo de pensamento, terá que ser introduzido juízos de valores e dogmas de fé

na teoria do conhecimento, e teremos ao invés de uma epistemologia comparativa

geral, uma especial e dogmática. Se o coletivo de pensamento sobre a enfermagem

for retirado, sem dúvida ela voltaria a ser valorada por dogmas, a razão, os saberes

seriam esquecidos e ela se tornaria uma profissão sem base científica, guiada pelo

“achismo”, perdendo sua cientificidade.

As palavras que até pouco eram simples termos, se transformam em

gritos de guerra, e isso, muda completamente seu valor sócio-cognitivo, não

influenciam mais intelectualmente por seu sentido lógico, mas simplesmente por sua

presença.

Aparecem novos termos, que o pensamento isolado de qualquer indivíduo seria incapaz de gerar: propaganda, imitação, autoridade, competência, solidariedade, inimizade e amizade. Todos estes motivos adquirem importância epistemológica, considerando que o acumulo dos conhecimentos e a interação intelectual dentro do coletivo co-atuam em cada ato de cognição, ato que sem eles seria a princípio impossível.

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Qualquer teoria do conhecimento que não leve em conta, como princípio geral e concreto, esta condicionalidade sociológica de todo conhecimento, é uma trivialidade. (FLECK, 1986, p. 90).

Ao mesmo tempo em que o estudante E9 caracteriza de certa forma a

enfermagem como a velha “enfermagem tarefeira”, aquela que sempre tem muito a

fazer e que precisa cumprir com todas as obrigações, outros atores sociais

apresentam pressupostos da Enfermagem como o princípio do conhecimento e a

necessidade de desenvolver habilidades. Surge em várias falas a questão da

individualidade como necessária no processo do cuidar.

5.2 A identificação teórica

Foram apresentados aos estudantes, cartões de identificação de cinco

Teorias de Enfermagem (conforme anexo 02), e solicitado aos estudantes, que

escolhessem uma das tarjas, segundo identidade pessoal com o conceito

apresentado. As teorias escolhidas com maior freqüência foram a da

Transculturalidade (50%) e a do Ser Humano Unitário (50%).

Acreditamos que a opção de escolha pelas teorias da transculturalidade e

do ser humano unitário, não seja por acaso. O Curso de Graduação em Enfermagem

da UNESC preza pela aproximação professor/aluno, enfermeiro/paciente e

considera em suas relações, cada ser como único, que não se repete, dotado de

conhecimento, de cultura e de necessidades individuais.

Lembramos, que o Enfermeiro é um profissional que se relaciona de

forma integral e intensa com “o outro”, que é o “ser” cuidado. Por isso, entendemos

que seja importante citarmos as falas que surgiram quando os estudantes forma

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questionados sobre como deveria ser o relacionamento paciente/enfermeiro.

Apresentaremos em categorias:

Ilustração 05 – Relação enfermeiro/paciente.

Fonte: Dados do Pesquisador

Nas categorias referentes à relação enfermeiro/paciente anteriormente

citadas, fica espraiada a visão dos estudantes quanto ao homem, não como gênero,

mas como ser humano, como sujeito participante do processo do cuidar.

O enfermeiro não deve executar simplesmente o cuidado sobre o ser

humano, mas envolvendo-o e respeitando sua culturalidade, seus determinantes

sociais, seus valores e conceitos pessoais.

Vygotsky e Fleck caminham muito próximos no que diz respeito à

formação de conceitos. Vygotsky diz que os conceitos cotidianos e científicos apesar

de caminharem em sentidos opostos estão intimamente relacionados, que enquanto

os conceitos cotidianos precisam ser ascendentes os cotidianos precisam ser

descendentes; enquanto para Fleck, o conceito se dá pelo “estilo de pensamento”, a

relação entre objeto, atividade cognitiva e o marco social da ciência.

Como deve ser o relacionamento do paciente com o enfermeiro?

Baseada em valores

Baseada na possibilidade de desenvolvimento de vínculos

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De acordo com os resultados do estudo, o que observamos é que ambos,

com seus pressupostos contemplam o que acontece na formação de conceitos dos

estudantes de Graduação em enfermagem do último semestre (2005b).

Os alunos trazem consigo o conceito histórico da enfermagem como

profissão como bases religiosas e caritativas. à medida que caminham vão tendo

informações, orientações e acesso aos conceitos cotidianos, os seus próprios

conceitos são transformados, assumindo desta forma através da aprendizagem, a

cientificidade da Enfermagem.

Também passam a assumir, o estilo de pensamento, que neste caso é

representado pelo estilo de pensamento docente, calcado sob bases

humanizadoras, ou seja, tornar o homem (enfermeiro ou enfermeira) mais humano,

participando com eles e estimulando-os a ser instrumento para mudança da

sociedade. Tal afirmativa é evidente quando nos primeiros semestres, na escolha do

cartão de identificação das Teorias de Enfermagem, surgem escolhas tecnicistas, e

no final do curso, as Teóricas escolhidas predominantemente, são de bases

humanistas, que consideram os aspectos histórico-culturais.

Para Fleck, a formação do conceito científico não se dá somente pelo

experimento, ele pode contribuir, mas por si só não consegue fundamentá-lo; sofre

também a influência do empirismo. Vygotsky diz que o método de definição de um

conceito não pode se dar apenas pelo desenvolvimento biológico do ser humano,

mas necessariamente precisam ser considerados os fatores sócio-históricos em que

este sujeito está inserido.

Consideramos aqui os experimentos para Enfermagem os momentos de

aulas laboratoriais e os momentos de empirismo, os estágios curriculares, onde fica

evidente que nem sempre o experimento é suficiente. Há que se considerar o

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ambiente, o meio em que o estudante está inserido (atenção primária ou hospitalar)

e que cada ser humano é diferente, apesar das características biológicas serem

semelhantes. Cada um apresenta uma capacidade cognitiva para o momento, e

precisa-se considerar não apenas o que o estudante é, mas o que poderá vir a ser.

Fleck diz que na história da sífilis o agrupamento das enfermidades

venéreas, está sub

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Quando os estudantes ampliarem o olhar sobre as ações da enfermagem

e observarem que seu cuidado não está voltado somente ao enfermo, mas também

em promover e proteger a saúde e recuperá-la, então incluirão a educação na

saúde, a educação em saúde, o estudo filosófico das ações quer assistenciais

quanto administrativas.

Para Vygotsky (1993, p. 50), a formação dos conceitos passa por três

fases básicas: a primeira delas em que o significado das palavras denota para a

criança nada mais do que um ”[...] conglomerado vago e sincrético de objetos

isolados que se aglutinam numa imagem em sua mente”. Esta fase é subdividida em

três estágios distintos: a) estágio de tentativa e erro; b) estágio de organização do

campo visual da criança e c) estágio caracterizado pela possibilidade de haver

elementos de grupos ou amontoados diferentes.

A segunda abrange o que Vygotsky chama de pensamento por

complexos. Os objetos isolados se associam na mente não apenas pelas

impressões subjetivas, mas devido às relações que de fato existem entre eles.

Apresenta-se sob cinco níveis: Associativo, coleção, cadeia, difuso e

pseudoconceito.

Na fase por complexos ocorre ligação entre seus componentes, de forma

concreta. Não há abstração ou lógica. Os significados das palavras são previamente

determinados pela linguagem de quem emite a fala, não é uma construção da

criança. No nível do pseudoconceito ocorre a generalização aparentemente

semelhante ao conceito do adulto, porém é muito diferente do conceito propriamente

dito.

A terceira fase, o conceito genuíno é determinado pelo grau de abstração

que possibilita a simultaneidade de generalizações. Ou seja, é necessário que haja

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uma proximidade maior com o objeto, internalizando o que é essencial no conceito

para a compreensão de que ele faz parte de um sistema. (VYGOTSKY, 1993).

De forma parecida, Fleck (1986), afirma que o estilo de pensamento para

se consolidar, passa por três etapas: o VER confuso que é a primeira observação

inadequada, a Segunda etapa é o estado da experiência irracional, formador de

conceitos e transformador de estilo e por último, o VER formativo desenvolvido,

reproduzido de acordo com o estilo.

A primeira observação confusa equivale a sentimentos caóticos como

surpresa, busca de semelhanças, experimentação, desesperança, esperança e

desilusão. Sentimento, vontade e razão trabalham em uma unidade indivisível.

(FLECK, 1986).

Para ele, o propósito geral de todo trabalho cognitivo é atingir maior

coerção de pensamento, com a menor arbitrariedade de pensamento. Assim surge a

ação. Primeiramente há um sinal de resistência no pensar caótico inicial, depois uma

determinada coerção de pensamento e finalmente, uma forma diretamente

perceptível.

De certa forma as fases de desenvolvimento da formação de conceitos

elaboradas por Fleck e Vygotsky são semelhantes, ambos apresentam três fases.

Na enfermagem entendemos que na primeira fase apresentada por Vygotsky

(conglomerado de palavras), e por Fleck (ver confuso) se dão quando as pessoas

apenas citam palavras como Enfermagem sendo cuidado, humanismo e atenção.

Nos dados da pesquisa, pode-se perceber claramente que a segunda

fase, apresentada por Vygotsky (por complexos) e por Fleck (estado da experiência

irracional, formador de conceitos e transformador de estilos), acontece a partir da

relação que se estabelece entre as palavras e a ação, mas que ainda não é o

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conceito propriamente dito. Os estudantes já conseguem relacionar, por exemplo, o

cuidado terapêutico e a família ou grupo social onde o sujeito (paciente) está

inserido.

Na terceira e última fase, para Vygotsky (capacidade de abstração e

generalização) e para Fleck (ver formativo, sobre o estilo de pensamento) se dá na

Enfermagem, quando é possível refletir porque cuidar, como cuidar, de quem cuidar,

quem é cuidado e quem é que cuida, o que é o cuidado terapêutico e o que é

preciso para cuidar.

Ambos descrevem a formação de conceitos de forma diferenciada, mas

apresentam a influência histórico-cultural como condicionantes e chegam a um único

ponto, a formação de conceitos.

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CAPÍTULO 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Algumas características diferenciam o ser humano dos animais. Enquanto

a atividade dos animais é dirigida somente por leis biológicas que permitem sua

adaptação à natureza, a fim de garantir sua sobrevivência e perpetuação da

espécie, os seres humanos, através do trabalho, desenvolvem capacidades que

permitiram a ruptura com o paradigma organismo-meio (próprio dos animais).

Esta ruptura se dá a partir dos pressupostos sócio-históricos, pela

apropriação e objetivação, que permitem ao homem criar pela sua atividade, uma

realidade para si (sócio-histórica), ultrapassando as atividades previstas pela

natureza para a espécie humana, pois “[...] o homem se torna humano

transformando a natureza para adaptá-la a si e não para o homem adaptar-se ao

existente”. (MENDONÇA; MILLER, 2006, p.23).

Entendemos que aqui entra o papel da escola, neste caso, da

universidade: além de possibilitar a apropriação do conhecimento pelos alunos, é a

partir destes conhecimentos, da formação de conceitos científicos que o estudante

irá guiar sua vida e perpetuar seus pressupostos. Ela tem como finalidade, tornar o

indivíduo mais humano, possibilitar ao estudante ir além dos conhecimentos

cotidianos, superando-o com a elaboração de novos conhecimentos científicos.

Este estudo foi desenvolvido com 60 estudantes do último semestre do

curso de graduação em Enfermagem da UNESC, objetivando identificar e analisar

qual é o conceito de Enfermagem construído por eles, sistematizar um grupo de

categorias a partir dos atributos dos conceitos classificá-los e confrontá-los com os

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conceitos de Enfermagem das Teorias estudadas ao longo de sua formação

profissional.

No primeiro momento, os estudantes fizeram uma rápida avaliação do

processo formativo, observando os aspectos organizacionais, pedagógicos, de

qualificação profissional dos docentes e a matriz curricular. Na oportunidade

destacaram como pontos fracos, os aspectos organizacionais e como ponto forte, os

aspectos pedagógicos. É importante lembrar aqui que os atores do estudo

participaram de forma intensa da construção do curso, por isso, não surpreendem os

aspectos organizacionais surgirem como pontos fracos, e o aparecimento dos

aspectos pedagógicos como pontos fortes, sendo esta a proposta da curricular de

Matriz Modular.

Avaliaram a qualificação profissional dos docentes como suficiente para a

função que exercem, possibilitando que lhes auxiliem na compreensão do processo

saúde-doença e de seus determinantes. Os estudantes se consideram tanto aptos

para a compreensão da política de saúde no contexto das políticas sociais, quanto

para o desenvolvimento da atenção de enfermagem ao conjunto da atenção à

saúde.

Esta compreensão manifesta, de alguma forma, o cumprimento dos

objetivos aos quais o curso de graduação em Enfermagem se propõe, bem como o

desenvolvimento do perfil proposto pela LDB, de um enfermeiro generalista, e que

atenda às necessidades do Sistema Único de Saúde.

Aspectos relacionados à estrutura física, disponibilidade de materiais e

equipamentos, também foram contemplados na entrevista. Os entrevistados

classificam o número de laboratórios que dão suporte ao curso como suficientes; da

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mesma forma, os materiais e equipamentos para as aulas práticas (nos laboratórios

citados) e a atuação dos professores e dos técnicos que atuam nestes laboratórios.

Consideram ainda, que os conteúdos ministrados durante o curso de

graduação são suficientes para subsidiarem uma boa prática profissional e no que

diz respeito ao relacionamento docente-discente, consideram que a competência

dos docentes seja o que mais interfira nesta relação.

Com relação às questões específicas da formação dos conceitos, os

estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem do último semestre (2005b),

em sua maioria, encontram-se em estágio de transição dos conceitos cotidianos

para os conceitos científicos.

Este dado é otimista, quando se considera, segundo a abordagem

histórico-cultural, que a formação de conceitos é um processo, e como tal não é

estático; do contrário, está em constante movimento, permitindo aos estudantes que

aprendam, e quando já sabem, segundo Bachelard (1996), aprendam melhor, ou

seja, elaborem e re-elaborem seus conceitos, consentindo ao indivíduo o melhor

conhecimento da sua realidade de forma crítica.

Desta forma, a escola (universidade) se funda em uma local

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(MENDONÇA; MILLER, 2006. p, 23).

Esta apropriação do conhecimento e o conseqüente desenvolvimento dos

conceitos científicos é que permitirão ao estudante sua filiação a determinado

pressuposto, que conduzirá suas ações e sua atuação profissional. Quando falamos

aqui em atuação profissional, consideramos o enfermeiro alguém que atue na, para

e com a sociedade; que se preocupe com as condições de vida do ser humano e

invista seus esforços na resolução dos problemas.

O estudante só poderá se filiar a este pressuposto, quando estiver claro

para ele porque devsEsal

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ou retomem o seu bem-estar, de uma forma culturalmente significativa e satisfatória,

e que o ser humano é parte de um povo (o que permite que todas as culturas sejam

capazes de conhecer e definir maneiras de experimentam e perceberem os cuidados

de enfermagem) relacionando as experiências e percepções das suas crenças e

práticas gerais de saúde, acredita-se que os atores deste estudo, como enfermeiros,

dentre outros:

a) Respeitarão todos os seres humanos e suas culturas, não impondo seu modo de pensar e de agir;

b) Adaptarão os cuidados de enfermagem à necessidade e aos hábitos de cada sujeito que necessite do cuidado;

c) Envolverão os sujeitos que recebem os cuidados de enfermagem como atores ativos e não passivos deste;

d) Ensinarão e aprenderão novas formas de cuidar, estando desta forma, sempre participando do processo de ensino e aprendizagem.

Por outro lado, outros estudantes nortearão suas ações e pensamentos, a

partir da Teoria do Ser Humano Unitário, proposta por Rogers, olhando o mundo de

outra maneira, tendo na enfermagem metas e utilizando-se de linguagem específica.

Primarão pelo ambiente como extensão do universo, buscando o equilíbrio pessoal e

do outro, o conhecimento que lhe habilite a promover uma interação complementar

simultânea e contínua, na intervenção sobre o padrão e repadronização do processo

vital dos seres humanos sob seus cuidados.

Certamente trabalharão, considerando suas atividades diárias como

oportunidades de intercâmbio entre ser humano e meio e não como obrigação,

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propondo ações terapêuticas apropriadas, que favoreçam a reorganização dos

padrões de mudanças, que influenciarão tanto o ambiente quanto o homem.

Este estudo permitiu identificar os pressupostos, o estilo de pensamento

que estes estudantes se filiaram ou se filiarão, definindo desta forma suas ações,

visão de mundo, de homem, de sociedade e de trabalho. Por isso foi dito,

anteriormente, que este é um dos papéis da escola, permitir o acesso aos conceitos

e oportunizar o aluno ao desenvolvimento dos conceitos científicos. A formação

destes conceitos científicos é que de certa forma, definirão a atuação destes

estudantes na vida profissional.

Objetivou-se, no início deste estudo, apresentar propostas para o curso

de graduação em Enfermagem. Após a análise dos dados e por ser a pesquisadora

uma das docentes do curso, propõe-se: ampliar as discussões filosóficas do curso

com relação ao processo ensino-aprendizagem, manter a apresentação das Teorias

de Enfermagem desde o início do curso, ou seja, no primeiro semestre, mas,

paralelamente, provocar no estudante a discussão do que interferirá sua adesão a

esta ou àquela teoria. Estas discussões devem ser ampliadas, inclusive, com os

docentes (enfermeiros) do curso, considerando que os que lá atuam são produtos

em sua maioria, da tendência pedagógica que vê a educação como redentora

corretora de desvios e não como crítica atuando de forma verticalizada.

Também se propõe que na matriz curricular, se mantenham discussões

filosóficas sobre a enfermagem em todos os módulos, tornando um hábito entre os

estudantes, e provocando os futuros enfermeiros à não as abandonarem em

detrimento do desenvolvimento de técnicas.

A UNESC se propõe a formar cidadãos críticos, enfermeiros generalistas,

capazes de atuar em todas as esferas e áreas inerentes à profissão, de forma

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humanista, ou seja, resgatando a humanidade do ser humano, dando-lhes o direito

de participar de seu próprio cuidado e do cuidado do outro.

A partir deste estudo sugerimos aos estudantes do Curso de Graduação

em Enfermagem que busquem desenvolver seus conceitos científicos o mais

precocemente possível, para que durante o período acadêmico, se amplie sua visão

de mundo, sociedade e ser humano, podendo desta forma ser protagonista do

desenvolvimento de um mundo melhor.

Aos docentes, sugerimos que seja deflagrada ampla discussão sobre as

questões filosóficas da educação, dentre elas o processo de formação do

pensamento científico, logo, dos conceitos. Ainda temos uma visão limitada acerca

da educação, nos mantemos por demais nas reflexões tecnicistas.

Ao curso de graduação em enfermagem, sugerimos que frente ao nível de

desenvolvimento dos conceitos em que os estudantes se encontram, seja iniciada a

discussão sobre eles mais cedo e de forma mais ampla, e que invistam na formação

profissional dos docentes nessa área.

Entendemos que este estudo não só contribuiu de forma particular com o

pesquisador, na qualidade de docente do curso de Graduação em Enfermagem e

em suas práticas; mas também seus resultados contribuem para o próprio curso, no

sentido de se auto-avaliar, enfatizando seus acertos e propondo mudanças nos

pontos que ainda deixam a desejar.

O Programa de Pós-Graduação - Mestrado em Educação permitiu ampliar

horizontes para além da esfera tecnicista; descobrir as maravilhas do mundo

psicológico, filosófico e histórico; a importância da formação de conceitos e a

possibilidade de os re-elaborar, a oportunidade de não estagnar-se no tempo e no

próprio pensamento, mas de compartilhar com outros o que se é.

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No entanto, o que se é e pensa agora, não é o fim, não está consumado,

mas é o início de uma nova etapa, de uma nova trajetória, que se quer continuar

caminhando, não sozinho, mas com todos os que têm o objetivo de contribuir com a

enfermagem, a sociedade, pela educação.

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REFERÊNCIAS

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l270.4 10.8005 lhW nq 10 0 0 10 0 0 cm BT/R1074 11.28 Tf1 0 088j13182j786.556 Td(l2Tj5.63999 0 Td(o)Tj6.12 0 Td(.)Tj3.23999 0 bd(p)Tj6.12 0 r(. )Tj3.72 0 Td(/)Tj3.23999 0 Td(s)Tj5.75999 0 Td(c)Tj5.63999 0 Td(i)Tj2.39998 0 Td(e)Tj6.23999 0 Td(l2Tj5.63999 0 Td(o)Tj6.12 0 Td(.)Tj3.23999 0 Td-0.03168 Td(ph)Tj12.48 0 Td(p)Tj6.35999 0 ?d(o)Tj6.12 0 8832 Tc(sc)Tj11.28 0 Td(r)Tj3.72 0 Td(i)Tj2.63999 0 Td(p)Tj6.23999 0 Td(t)Tj3.12 0 =d(o)T57.79998 0 Tc(sc)Tj11.28 0 Td(i)Tj2.52 0 _d(p)Tj6.35999 0 Td(a)Tj6.12 0 Td(r)Tj3.83999 0 Td(t)Tj3.23999 0 Td(t)Tj3.12 0 Td(e)Tj6.23999 0 Td(x)Tj5.63999 0 Td(t)Tj3.12 0 &d(P)Tj6.35999 0 Td(p)Tj6.23999 0 Td(i)Tj2.39998 0 Td(d)Tj6.23999 0 =d(o)T12.72 0 Td(S)Tj7.55999 0 Td(0)Tj6.12 0 Td0.08832 1c(00)Tj12.72 0 4w( )TjET QQq270.4 7920 m5866 7920 l5866 10.8005 l270.4 10.8005 lhW nq 10 0 0 10 0 0 cm BT/R1074 11.28 Tf1 0 411 447182j786.556 Tm(-)TjET QQq270.4 7920 m5866 7920 l5866 10.8005 l270.4 10.8005 lhW nq 10 0 0 10 0 0 cm BT/R1074 11.28 Tf1 0 0 1 106169.532.796 Td-0.03168 11Td(6)Tj18.72 0 Td(9)Tj6.35999 0 2c(00)Tj12.48 0 Td(0)Tj6.35999 0 1c(00)Tj12.48 0 Td(0)Tj6.35999 0 Td(0)Tj6.12 0 Td0.08832 1c(00)Tj12.72 0 Td(0)Tj6.12 0 Tc(00)Tj12.72 0 Td(8)Tj6.12 0 &d(P)Tj6.35999 0 Td(l)Tj2.52 0 Td(n)Tj6.23999 0 gd(e)Tj6.12 0 =d(o)T12.72 0 Td-0.03168 Tc(an)Tj12.48 0 &d(P)Tj6.35999 0 Td(n)Tj6.35999 0 Td(r)Tj3.72 0 Td(m)Tj9.47998 0 =d(o)T57.79998 0 Td(i)Tj2.52 0 Td(s)Tj5.63999 0 Td(o)Tj6.23999 0 >d(o)T57.79998 0 Td-0.01584)Tj11c0 Tw(. )TjET QQq270.4 7920 m5866 7920 l5866 10.8005 l270.4 10.8005 lhW nq 10 0 0 10 0 0 cm BT/R1074 11.28 Tf1 0 02Tj.84169.532.796 Td(A)Tj4.43999 0 cc(sc)Tj11.28 0 Td(e)Tj6.23999 0)Tj4421584 sTw(s 26j23.16 0 Td-0.03168(oc(an)Tj12.48 0 Td-0.01584)Tj880.12 Tw(: )Tj18.12 0 Td-0.03168 1 c5.9584 23(s 27 349.56 0 Td(A)Tj6.36001 0 Td(u)Tj6.23994 0 Td-0.15168)2d-0.9584 g(an )Tj21.12 0 Tm(2)Tj6.23999 0 Td(0)Tj6.36001 0 Td-0.03168 T6(an)Tj12.48 0 Td-0.01584)Tj11c0 Tw(. 112.48 0 Td(d)Tj6.36001 0 Td(o)Tj6.23994 0 Td(i)T23994 00Tj22.86468- Tc0.24 Tw(: )TjET QQq270.4 7920 m5866 7920 l5866 10.8005 l270.4 10.8005 lhW nq 10 0 0 10 0 0 cm BT/R1074 11.28 Tf1 0 0 1 10615)Tj2.796 Td(1)Tj6.23999 0 Td(0)Tj6.12 0 Td(.)Tj3.35999 0 Td(1)Tj6.12 0 Td0.08832 5c(19)Tj12.72 0 Td(0)Tj6.12 0 Td(/)Tj3.23999 0 Td(S)Tj7.55999 0 Td(0)Tj6.12 0 Td(1)Tj6.35999 0 Td-0.03168 04w( )TjET QQq270.4 7920 m5866 7920 l5866 10.8005 l270.4 10.8005 lhW nq 10 0 0 10 0 0 cm BT/R1074 11.28 Tf1 0 182j86.15-

1 90001000000001. V GOTSS, o.SO. Or4T13.32 0 Td-0.03168 T94.33584 Ts(do )Tjj2.52 0 Td(e)Tj6.35999 0 Td(sc)Tj12.48 0 Td(o)Tj6.83999 0 Td(g)Tj6.95999 0 Td(i)Tj19.2 0 Td(d)Tj6.83999 0 Td(a)Tj6.35999 0 Tw(e )Tj11.28 0 Td(I)Tj3.12 0 Td(I)Tj3.23999 0 Td-0.015841jd4.92 Iw(, )Tj8.15999 0 (d(r)Tj3.72 0 Td(i)Tj3.23999 0 Td(n)Tj6.83999 0 Td(c)Tj6.23999 0 ld(I)Tj3.12 0 Td(u)Tj6.95999 0 Td(y)Tj6.12 0 Td-0.03168 T94.33584 ew(e )Tj11.28 0 Tm(P)Tj7.55999 0 Td(r)Tj4.55999 0 Td-0.05208 Td(ab)Tj13.68 0 Td(l)Tj3.23999 0 Td(e)Tj6.12 0 Td(m)Tj6.12 0 Td(o)Tj46.36001 0 Td-0.151682Tc5.17584 Tw(e )Tj11.28 0 Td(d)Tj6.43999 0 Td(e)Tj6.24004 0 Td-0.015841jd4.92 lw(, )Tj8.55996 0 Td(d)Tj6.95996 0 Td(e)Tj3.72002 0 Td(s)Tj6.66.12 0 Td(o)Tj46.84004 0 Td(r)T46.43999 0 Td(r)Tj6.36001 0 Td(o)Tj6.83999 0 lld(c)Tj6.23999 0 Td-0.052081 480.63624 Tw(o )1j14.88 0 Td(d)Tj6.96001 0 Td-0.03168 T94.33584 ew(e )Tj11.28 0 ld(I)Tj3.11997 0 Td-0.15168 Tc0.01584 Tw(a )TjET QQq270.4 7920 m5866 7920 l5866 10.8005 l270.4 10.8005 lhW nq 10 0 0 10 0 0 cm BT/R1075 11.28 Tf1 0 0 1 1061psi querO. Mos1: EditorMPedegdei a, da. ppp, Pensamento e ni nduagem. SG, Paalo: Ma tins Fontes, 19oa. ppp, foSço Pau

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ZANI, Adriana Valongo. Incidentes Críticos no Processo Ensino-aprendizagem do Curso de Graduação em Enfermagem segundo a percepção de Alunos e Professores. Dissertação (Mestrado em Enfermagem). Área de concentração: Enfermagem Fundamental – Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto - EERP, Ribeirão Preto, 2005.

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ANEXOS

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167

ANEXO 01

A FORMAÇÃO DE CONCEITOS DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM

ENFERMAGEM DA UNESC

Questionário/entrevista

Prezado(a) Aluno(a), Este questionário pretende colher dados para a confecção de minha dissertação de Mestrado em Educação. Para tanto, solicito sua contribuição ao tempo em que asseguramos sigilo e anonimato absoluto de suas informações.

Cordialmente, Profa. Magada Tessmann Schwalm Prof. Dr. Paulo R. Frota (Orientador)

Parte I - Identificação Item Descrição 1 Sexo:

a) masculino b) feminino 2 Idade (em anos)

a) abaixo de 22 b)de 23 a 27 c)28 a 32 d)33 a 37 e)38 a 42 f) acima de 42

3 Você Trabalha? a) sim, em algo relacionado á profissão b)sim, em algo sem relação com a profissão c)não.

Parte II – Sobre o Curso, professores, suportes 4 Cite 3 pontos fracos do curso de Enfermagem:

1 2 3

5 Cite 3 pontos fortes do curso de Enfermagem: 1 2 3.

6

Um incidente pedagógico é qualquer coisa- discussão, um atendimento, uma resposta de aluno ou professor,um comportamento de alguém, cola, uma intervenção de um funcionário, um atendimento, um seminário – que possa servir de ensinamento ou aprendizado que contribui para o bem ou para o mau andamento escolar. Cite 3 incidentes pedagógicos positivos que tenham lhe marcado durante a graduação: 1 2 3.

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7 Cite 3 incidentes negativos que tenha lhe marcado no curso de

enfermagem: 1 2 3.

8 Como você julga a qualificação dos professores do curso, quantidade de mestres e doutores em função da docência? a)pouco qualificados b) suficientemente qualificados c)altamente qualificados

9 Você se acha qualificado(a) para a compreensão do processo saúde-doença e seus determinantes? a) não b)mais ou menos c) sim

10 Você se considera apto á compreensão da política de saúde no contexto das políticas sociais? a) não b)mais ou menos c) sim

11 Você se considera apto a adequar a atenção de Enfermagem ao conjunto da atenção à saúde, de acordo com as diferentes necessidades apresentadas pelo indivíduo, família e grupos populacionais, reconhecendo o perfil epidemiológico de sua área de atuação, correlacionando-o com o de outras populações? a) não b)mais ou menos c) sim

12 Você se considera apto á formulação e gerência de programas e serviços de saúde, segundo preceitos do Sistema Único de Saúde? a) não b)mais ou menos c) sim

13 Você se acha apto a desenvolver e participar de pesquisas e/ou outra forma de produção de conhecimentos, que objetivem a qualificação da prática profissional e a melhoria das condições de saúde da população? a) não b)mais ou menos c) sim

14 Como você classifica o número de laboratórios que dão suporte ao curso? a)insuficiente b)suficiente c)muito bom d) excelente

15 Como você classifica o equipamento e material utilizado nas praticas dos laboratórios do curso? a)insuficiente b)suficiente c)muito bom d) excelente

16 Como você classifica a atuação de professores e técnicos que atuam nos laboratórios e aulas praticas do curso? a)insuficiente b)suficiente c)muito bom d) excelente

17 Como você avalia a biblioteca em termos de acervo, quantidade de títulos e periódicos para subsidiar a aprendizagem? a)insuficiente b)suficiente c)muito bom d) excelente

18 Como você julga a biblioteca em termos de pessoal e atendimento ao aluno? a)insuficiente b)suficiente c)muito bom d) excelente

19 Como você avalia a biblioteca em termos de espaço físico e condições de estudo? a)insuficiente b)suficiente c)muito bom d) excelente

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20 Em função do seu TCC:

a)Teve incentivo e auxilio por parte dos professores b)Teve poucas orientações c)O trabalho foi produzido solitariamente?

21 Você acredita que os conteúdos ministrados durante o curso são suficientes para o desempenhe uma boa prática profissional? a) não b)mais ou menos c) sim

22 Você acha que as atividades práticas (estágios, laboratório, monitorias...) oferecem o conhecimento e habilidades necessários para sua atuação na prática? a)não b)mais ou menos c) sim

23 Como você classifica o relacionamento docente/discente ao longo do curso? a)insatisfatório b)satisfatório c) bom d)excelente

24 Durante a vida acadêmica você participou de eventos acadêmicos que visam o aprimoramento do ensino, pesquisa e extensão? Cite pelo menos 3. 1. 2 3

25 Quantas produções científicas (publicações) você realizou como autora/co-autora durante a vida acadêmica? Resposta:

26 O que é mais importante observar na relação docente/discente: a amizade ou a competência? a)amizade b)competência c)outro

Enunciação de Conceitos Questões para serem gravadas

27 1.O que é Enfermagem para você?

28 2. o que é Sociedade?

29 3. Como deve ser o relacionamento do paciente com o enfermeiro?

30 4. De que forma a Enfermagem pode contribuir com a sociedade?

31 5. Qual seu conceito de trabalho?

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32 Escolha do conceito de Enfermagem

Dados os cartões a seguir, escolha aquele que possui o conceito de enfermagem com o qual você mais se identifica: Cartão 1 Cartão 2 Cartão 3 Cartão 4 Cartão 5.

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ANEXO 02

CARTÕES DE RECONHECIMENTO DE CONCEITOS

ANEXO 03

1.EN FERM AGEM É:

Profissão científica centrada no cuidado humano para manter ou reaver seu bem estar, respeitando a sua cultura

2.EN FERM AGEM É: Assistência para a auto-ajuda quando o sujeito não pode cuidar de si próprio

3.EN FERM AGEM É:

Enfermagem é ciência calcada na pesquisa e na lógica m as ao m esmo tem po é arte, que se utiliza deste corpo de conhecim entos a serviço do ser hum ano, com valor insubstituível.

4.EN FERM AGEM É:

Um serviço com prometido com mudança intra

e interpessoais.

EN FERM AGEM É:

Ciência aplicada que considera o ser hum ano

um cliente cujas necessidades básicas estão

afetadas pelo desequilíbrio da homeostase

vital.

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ANEXO 03

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO DO PARTICIPANTE

Estamos realizando uma pesquisa intitulada “A FORMAÇÃO DE

CONCEITOS DOS ESTUDANTES DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DA

UNESC ”.

O(a) sr(a). foi plenamente esclarecido de que ao responder as questões

que compõem esta pesquisa estará participando de um estudo de cunho acadêmico,

que tem como um dos objetivos Identificar os conceitos formados pelos formandos

do Curso de Graduação em Enfermagem da UNESC (2005), sobre a Enfermagem.

Embora o(a) Sr(a) venha a aceitar a participação nesta pesquisa, está

garantido que o(a) sr(a). poderá desistir a qualquer momento, bastando para isso,

informar sua decisão. Foi esclarecido ainda que, por ser uma participação voluntária

e sem interesse financeiro, o(a) sr(a) não terá direito a nenhuma remuneração. Não

são conhecidos riscos ou prejuízos em sua participação na pesquisa.

Os dados referentes ao sr(a) serão gravados, escritos e lhe são

garantidos o sigilo e privacidade, sendo que o(a) sr(a) poderá solicitar informações

durante todas as fases da pesquisa, inclusive após a publicação da mesma.

A coleta de dados para a pesquisa será desenvolvida através de

entrevistas individuais pela Aluna regularmente inscrita no Mestrado em Educação

da UNESC, Mágada Tessmann Schwalm (3437-8354/99460117), sob a

responsabilidade do Orientador Dr. Paulo Rômulo de Oliveira Frota(34372750).

Criciúma (SC) ____________ de ________________ de 2006.

Assinatura (de acordo)

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ANEXO 04

i Em itálico, acentuamos os que compõe o objetivo-conteúdo proposto por Horta(1979).

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ii Os itens em negrito da página referem-se às atitudes necessárias para o descobrimento do sentido da vida segundo Travelbee (1969).

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ANEXO 05

DESCRICAO DOS MÓDULOS E EIXOS TEMÁTICOS

a) Módulo I - Eixo temático – A UNESC e o curso de enfermagem

Neste módulo são inclusos o Regimento, Currículo e Projeto Político

Pedagógico do curso de Enfermagem, História da Enfermagem, Metodologia

Científica; Ciência e Método Científico; capacidade de pensar, ler e estudar. Ficha

de leitura, referências bibliográficas; formação e dinâmica de grupos.

Seus Objetivos são compreender a inserção do curso de Enfermagem,

compreender a inserção da enfermagem nas profissões da área da saúde,

compreender o currículo e funcionamento do Curso, descrever a evolução histórica

da Enfermagem, reconhecer os principais períodos da história da ciência,

desenvolver habilidades para leitura, reflexão crítica e métodos de estudo,

reconhecer as formas de publicação científica e promover a sensibilização para um

trabalho cooperativo elucidando o movimento do grupo.

b) Módulo II - Eixo temático – homem, família e sociedade

Aborda o Reconhecimento do homem como ser social e ser cidadão,

Núcleo Familiar, Concepção de Família, Família Saudável, Processo de Trabalho em

Saúde e Processo de Trabalho em Enfermagem, e a Sociedade.

Tem como Objetivos contribuir para que o acadêmico de enfermagem

conheça as principais abordagens culturais em antropologia, possibilitando

percepções de saúde e cultura, desenvolvendo as concepções de ser saudável nas

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sociedades humanas; discutir uma concepção de homem integrado com o seu meio

social e cultural, a concepção de sujeito e a produção da subjetividade; discutir o

conceito de saúde numa perspectiva integradora corpo/emoção e o papel da

enfermagem na construção de uma sociedade saudável; conhecer e discutir os

conceitos elementares de introdução à sociologia; compreender as relações entre

sociedade e cidadania, inserindo-as no contexto da área de saúde e conhecer as

relações entre estratificação social, status e papel.

Objetiva, ainda, debater a questão da determinação social da doença

contextualizando-a na identificação de problemas de saúde, refletir sobre o trabalho,

trabalho em saúde e em enfermagem, refletir sobre o processo de trabalho, em

saúde e em enfermagem e possibilitar aos alunos uma visão sócio-histórica e

familiar da construção do ser humano, enquanto indivíduo e cidadão.

c) Módulo III - Eixo temático – ambiente, saúde e qualidade de vida

Resgata a evolução histórica do Conceito de Saúde; o Processo Saúde-

Doença, Determinação Social e Cultural; Qualidade de vida e Saúde Coletiva.

Tem como objetivos conhecer os principais problemas ambientais, suas

causas, seus efeitos e suas interfaces no processo saúde-doença; compreender as

relações entre sociedade e cidadania; compreender o significado da nossa atual

crise planetária, discutindo e avaliando suas conseqüências para a saúde do

planeta; conhecer as relações entre organização da sociedade civil e direito à saúde;

conhecer as relações entre trabalho, meio ambiente, saúde e doença dos

trabalhadores numa perspectiva ecológica; conhecer e discutir algumas concepções

de saúde e meio ambiente, compreendendo suas contribuições e limites; conhecer e

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discutir os clássicos em sociologia; desenvolver reflexão crítica sobre a influência

dos problemas ambientais, tanto regionais quanto globais, no processo saúde-

doença.

Objetiva, ainda, identificar as conseqüências ocasionadas pelos principais

problemas ambientais urbanos sobre a saúde individual e coletiva e suas soluções;

introduzir a reflexão epidemiológica na análise da situação de saúde; oportunizar ao

acadêmico da enfermagem o conhecimento desenvolvido nas principais

epistemologias conceituais de saúde, doença e qualidade de vida, contribuindo para

o entendimento das diversas percepções e concepções de saúde e doença no

ambiente de vi

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prático da comunidade, a partir de uma visão crítico-humanística; introduzir a

reflexão teórica sobre os métodos de assistência de Enfermagem, com base nos

modelos de Processo de Enfermagem, apresentado por algumas das teorias de

enfermagem; proporcionar meios para a reflexão sobre o processo de trabalho na

saúde e sua sustentação nos conceitos de enfermagem; instrumentalizar para a

leitura de textos filosóficos; relacionar o trabalho filosófico e seu contexto social e

intelectual de surgimento, apreendendo o diálogo travado pela filosofia com o poder

e com outras formas de conhecimento; compreender os elementos básicos de um

projeto de pesquisa e reconhecer as formas de publicação científica.

e) Módulo V - Eixo temático – atividade física e qualidade de vida I

Aborda os princípios básicos de condicionamento físico predisponente à

saúde e ao bem-estar do corpo; a nutrição adequada para o bem-estar físico e

psíquico; peso corporal e saúde; exercícios adequados à natureza individual; o lazer

como estratégia de alívio ao estresse; o cuidado de si e as políticas públicas que

investem na qualidade de vida.

Objetiva incentivar os acadêmicos à prática espontânea e regular de

exercícios físicos relacionados à aptidão física para a saúde; conhecer os conteúdos

da Educação Física que contribuam com a formação pessoal dos acadêmicos no

que concerne à promoção da saúde; despertar, cultivar e ampliar as potencialidades

de iniciativa, sensibilidade, criatividade, autoconfiança e auto-estima do acadêmico,

levando-o a um convívio social e ecológico harmonioso e consciente; propiciar a

aquisição de conhecimentos sobre atividade física para o bem-estar geral e

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capacitar o aluno para compreender as políticas públicas de saúde na garantia da

qualidade de vida.

f) Módulo VI - Eixo temático – avaliação do estado de saúde do indivíduo nas

diversas fases do processo evolutivo humano

Sua Ementa contempla o estudo dos sistemas do corpo humano

envolvendo conteúdos referentes à morfologia, função e bioquímica dos sistemas:

sistema tegumentar, sistema músculo-esquelético, sistema nervoso, sistema

cardiovascular, sistema respiratório, sistema digestório e Nutrição.

Seus objetivos incluem proporcionar acesso ao conhecimento de

conceitos fundamentais da biofísica, como recurso que proporciona o melhor

entendimento dos fenômenos naturais e como ferramenta pragmática no exercício

profissional; estudar a morfologia do corpo humano e seus sistemas, visando a

capacitar o aluno, tanto no aspecto da morfologia em si, como também o

embasamento para o estudo de suas funções e das técnicas de exame físico

(anatomia topográfica); estudar a origem das células e de seus diversos

componentes; estudar os tipos básicos de células e compreender as diferenças

entre procariontes e eucariontes.

Objetiva também analisar os componentes celulares em termos

moleculares, funcionais e evolutivos; examinar os mecanismos de transporte de

moléculas e de movimentos celulares, bem como os processos de ciclo e de divisão

celular; conhecer as bases citológicas da hereditariedade, além de distinguir os

diversos tipos de heranças cromossômicas; oportunizar aos acadêmicos a

apropriação do conhecimento da biologia especializada na área de histologia, por

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meio de aulas teóricas e práticas, com contextualização e interdisciplinaridade com

as demais disciplinas do Curso de Enfermagem; propiciar ao aluno o conhecimento

funcional dos diversos sistemas orgânicos e, com isso, compreender as disciplinas

clínicas de forma que este conhecimento possa ser aplicado à prática da

Enfermagem; oportunizar ao aluno compreender conceitos-chave, ligados ao mundo

microbiano e da imunologia, para que possa compreender o funcionamento dos

mecanismos de defesa do corpo humano, frente aos antígenos a adotar medidas de

prevenção contra os mesmos; apresentar as características estruturais e funcionais

básicas de aminoácidos, peptídeos, proteínas, enzimas, carboidratos, lipídeos,

nucleotídeos, ácidos nucléicos, vitaminas e minerais; conhecer os nutrientes

necessários para a nutrição humana; interpretar a Tabela de Composição dos

Alimentos; identificar em quais alimentos são encontrados os diferentes nutrientes;

identificar alimentos “diet”, “light” e a diferença entre os diversos adoçantes e, ainda,

conceituar “Alimentação saudável”.

g) Módulo VII - Eixo temático – prevenção de acidentes e primeiros socorros

Este eixo apresenta as situações de urgência e emergência em ambiente

domiciliar; primeiros socorros em traumatismos, hemorragias, mordeduras por

animais peçonhentos, envenenamentos, desmaios e convulsões; desenvolvimento

de habilidades para a realização do exame físico.

Tem como Objetivos capacitar o aluno a reconhecer fatores de risco de

acidentes, evitá-los e poder prestar os primeiros socorros em emergências

traumáticas e emergências não traumáticas, evitando o 2º dano à vítima; mensurar e

avaliar sinais vitais; mensurar e avaliar medidas antropométricas; instrumentalizar o

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estudante para a mobilização do paciente no leito e capacitar o estudante para a

realização do transporte e posicionamento do paciente no leito, utilizando princípios

de mecânica corporal.

h) Módulo VIII - Eixo temático – atividade física e qualidade de vida II

Orienta exercícios físicos correlacionados à integração corpo-mente e

vida saudável; importância da atividade física na produtividade e bem-estar pessoal;

incentivo à prática de hábitos saudáveis; práticas alternativas para a prevenção e

controle do estresse na melhoria da qualidade de vida; o lazer como estratégia de

alívio do estresse e introdução à saúde mental.

Tem como Objetivos desenvolver e incentivar, junto ao aluno, hábitos

saudáveis e senso crítico frente ao atual contexto de assistência à saúde mental;

desenvolver a capacidade de intervir preventivamente e formular ações de saúde

mental junto ao paciente, família e comunidade, nos três níveis assistenciais

(primário, secundário e terciário) e desenvolver conteúdos teóricos e práticos sobre

mecanismos de controle de estresse.

i) Módulo IX - Eixo temático – procedimentos básicos de enfermagem na

manutenção e recuperação da saúde

Discute concepções teórico-metodológicas que embasam a prática de

enfermagem nos níveis individual e coletivo; técnicas básicas de enfermagem;

desenvolvimento de habilidades nos procedimentos básicos de enfermagem;

introdução à Farmacologia; anatomia e fisiologia dos sistemas urogenital,

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tegumentar e endócrino; a interferência microfisiológica nos sistemas de suporte à

vida.

Objetiva capacitar o aluno a desenvolver atividades técnicas essenciais,

inerentes à profissão, estimulando senso crítico com relação à ética e postura.

j) Módulo X - Eixo temático – sistemas de atenção à saúde

Propõe a análise histórica das políticas de saúde no Brasil, no Estado de

Santa Catarina e na Região; o Sistema Único de Saúde e outras modalidades de

atenção à saúde; tecnologias em saúde para promoção, prevenção e recuperação

da saúde; o ser humano e a qualidade de vida nas organizações.

Tem como Objetivos analisar a relação entre saúde, meio ambiente, a

questão urbana e a interferência da história da humanidade neste contexto;

compreender a metodologia de elaboração de estudos epidemiológicos,

possibilitando sua aplicação na prática; compreender as relações entre chances de

vida e de saúde, cidades saudáveis e cidadania; compreender as relações entre

sustentabilidade, saúde e qualidade de vida no contexto urbano; desenvolver no

aluno o senso crítico e ético com relação à autonomia e a justiça; despertar a visão

crítica do aluno para os processos educativos da Saúde, inseridos nas práticas de

enfermagem; possibilitar aos alunos uma compreensão histórico-social e psicológica

das relações de trabalho – saúde – trabalhador, dentro e fora das organizações

empregatícias e sua relevância na qualidade de vida; reconhecer a História das

Políticas de Saúde no Brasil, contextualizando-a nas práticas assistenciais e

proporcionar uma reflexão filosófica no horizonte da criticidade, radicalidade e

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totalidade, trazendo a análise filosófica para a concreticidade do curso de

enfermagem.

K) Módulo XI - Eixo temático – avaliação do estado de saúde da população

Apresenta o processo de municipalização e distritalização da atenção à

saúde; diagnóstico populacional e perfil sócio-sanitário; sistemas de informação e

vigilância à saúde; trabalhos acadêmicos e iniciação à pesquisa; instrumentos

básicos para o cuidado de Enfermagem; políticas de saúde na perspectiva da

qualidade de vida.

Tem como objetivos compreender a atuação do enfermeiro na vigilância à

saúde; compreender as relações entre chances de vida e de saúde, cidades

saudáveis e cidadania, compreender as relações entre sustentabilidade, saúde e

qualidade de vida no contexto urbano; conhecer os principais aspectos relacionados

com o saneamento urbano, discutindo sua importância na promoção da saúde;

desenvolver o raciocínio da prática da vigilância à saúde, possibilitando a

identificação de problemas de saúde da comunidade; definição de território e

compreensão da importância da intersetorialidade.

Objetiva também instrumentalizar o estudante para a realização do

diagnóstico de saúde da comunidade numa perspectiva de Vigilância à Saúde;

instrumentalizar o estudante para o uso das ferramentas da bioestatística na

pesquisa em Enfermagem e Saúde; integrar os conhecimentos referentes à

Vigilância Sanitária, Vigilância Epidemiológica e Vigilância Ambiental; possibilitar ao

estudante compreender a importância da Bioestatística na pesquisa em saúde e

Enfermagem; possibilitar ao estudante compreender o processo de Vigilância à

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Saúde, reconhecendo-a como uma prática social para reestruturação do Sistema

Único de Saúde; refletir sobre as novas tecnologias desenvolvidas e sua interface

com a saúde e conhecer as Políticas de Saúde Pública, na garantia da qualidade de

vida.

l) Módulo XII - Eixo temático – atividade física e qualidade de vida III

Neste eixo, está o desenvolvimento de exercícios físicos envolvendo a

prevenção do estresse relacionada à profissão e ao trabalho em equipe;

enfermagem na Saúde do trabalhador.

Tem como Objetivos propiciar a aquisição de conhecimentos sobre a

atividade física em condições especiais, bem como o entendimento da

interdisciplinaridade no ambiente de trabalho; desenvolver conteúdos teóricos sobre

o estresse relacionado à profissão de enfermeiro, jornada e turno de trabalho;

promover a reflexão sobre a qualidade de vida para profissionais que atuam na área

da saúde e proporcionar ao acadêmico o reconhecimento, medidas preventivas e

intervenção em situações que envolvam estresse, enquanto indivíduo e grupo.

m) Módulo XIII - Eixo temático – cuidado de enfermagem em atenção básica de

saúde

Neste eixo, a ementa contempla o serviço de atenção à saúde em nível

básico, saúde comunitária/saúde da família; a prática de enfermagem e sua

articulação com o contexto social; modelos de atenção à saúde; equipe

multidisciplinar; distritalização; saúde da família – o enfermeiro no PSF e no PACS; o

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processo de adoecer e ser saudável como dimensão do ciclo vital do ser humano,

envolvendo: saúde da mulher, saúde da criança, saúde do adulto e saúde na

terceira idade dos indivíduos e comunidades; conteúdos relacionados ao

desenvolvimento de habilidades em consulta de enfermagem e diagnóstico e

prescrição de enfermagem na visita domiciliar; enfermagem domiciliar; dietoterapia;

controle microbiológico; ciclos de parasitoses humanas; bioquímica das patologias

mais comuns.

Estabelece como Objetivos comparar e contrastar as diversas

compreensões acerca dos processos: saúde-doença-cura; compreender a atuação

do enfermeiro nos programas de saúde pública para o processo de formulação da

Estratégia de Saúde da Família no Brasil, em Santa Catarina e Criciúma,

entendendo-a como uma possibilidade de reconstrução do Sistema Único de Saúde;

compreender conceitos de imunologia referentes às respostas do corpo humano às

infecções microbianas e dos mecanismos envolvidos; adquirir noções de

patogenicidade dos helmintos, protozoários e sua epidemiologia, selecionando os

recursos profiláticos para combatê-los, compreender conceitos ligados ao controle

de microrganismos, tanto na prevenção das contaminações como no controle de

infecções, contribuir para evitar um olhar etnocêntrico e como conseqüência

preconceituosa acerca das medidas religiosas dos processos doença-saúde-cura.

Busca desenvolver habilidades necessárias para atuação na Enfermagem

e na Saúde Coletiva inerentes à profissão, estimulando seu senso crítico com

relação à ética e postura; fornecer ao aluno conhecimentos básicos de farmacologia,

a fim de torná-los capazes de entender e relacionar esses conhecimentos aos

procedimentos básicos de enfermagem; oportunizar aos acadêmicos os estudos da

histologia, por meio de aulas teóricas, contextualizando e buscando

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interdisciplinaridade com as demais disciplinas do Curso de Enfermagem; prestar

cuidados de Atenção Básica de enfermagem à criança e ao adolescente, no seu

ciclo vital, de forma integral, visualizando-os como integrantes de um grupo social e

família, que utiliza estratégias de sobrevivência para satisfazer suas necessidades

básicas.

Objetiva, também, propiciar experiências reflexivas acerca do movimento

em prol da Enfermagem na Saúde Mental, considerando possibilidades de

assistência integral; propiciar ao acadêmico o conhecimento funcional de diversos

sistemas orgânicos associadas às disciplinas clínicas, de forma que este

conhecimento possa ser aplicado à prática da Enfermagem; reconhecer os

pressupostos teóricos básicos sobre o metabolismo intermediário de carboidratos,

lipídios e aminoácidos, correlacionando-as com as exigências práticas da assistência

de enfermagem; reconhecer que os rituais e os símbolos atuam em dois níveis:

individual (psicossomático) e social; ser capaz de reconhecer a etiologia (causa), a

patogênese (desenvolvimento) e as implicações clínicas, que resultarão na doença

(patologia) como um todo.

n) Módulo XIV - Eixo temático – educação em saúde

Em sua Ementa, o eixo apresenta a ação pedagógica na saúde;

concepção de educação em saúde; fundamentos teórico-metodológicos para a

implementação de um processo educativo em saúde; metodologia crítica para

educação em saúde.

Objetiva conhecer e utilizar uma grande variedade de materiais didáticos

e metodologias em suas atividades profissionais, envolvendo saúde e educação;

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organizar um planejamento adequado para atuar com grupos diversos em saúde e

educação; comparar e contrastar as diversas compreensões acerca dos processos:

saúde-doença-cura; desenvolver no estudante possibilidades para mediação de

grupos operativo terapêuticos; instrumentalizar o estudante do Curso de

Enfermagem para a adoção de práticas educativas em saúde no processo de

trabalho; refletir sobre as novas tecnologias desenvolvidas e sua interface com a

saúde e refletir sobre conceitos didáticos, pedagógicos para atuar com dinamismo e

segurança nas práticas educativas.

o) Módulo XV - Eixo temático – atividade física e qualidade de vida IV

Propõe, como ementa, exercícios físicos relacionados à prevenção e

reabilitação de doenças crônico-degenerativas.

Seus objetivos são oportunizar e familiarizar o aluno com as principais

alterações anatomo-fisiológicas e patológicas relacionadas ao ciclo de vida do ser

humano, desde a infância até a terceira idade; conhecer os processo de crescimento

e envelhecimento, com métodos e ações de prevenção por meio de cuidados

preventivos e da atividade física e conhecer os processos patológicos que ocorrem

com o ser humano desde as células, os tecidos, os órgãos, os sistemas e o

organismo.

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p) Módulo XVI - Eixo temático – organização e sistematização do serviço

hospitalar

Apresenta como ementa o gerenciamento do cuidado: planejamento e

avaliação da assistência de enfermagem; legislação em Saúde; estrutura e

funcionamento do sistema de controle de infecção hospitalar e centro de material de

esterilização.

Seus objetivos são capacitar o aluno a desenvolver habilidades no

processo de planejamento das ações em saúde em nível macro e micro; capacitar o

aluno a compreender o processo de legislação em saúde na construção do SUS e

sua operacionalização; informar e discutir com o aluno sobre a legislação da

Enfermagem; possibilitar ao aluno conhecer a estrutura do serviço de vigilância e

controle de infecção hospitalar e discutir sobre sua importância; pontuar e construir

com o aluno conceitos éticos centrais e aspectos legais da prática da enfermagem

profissional; auxiliar no desenvolvimento do espírito científico do aluno no que se

refere a biofísica dos sistemas cardiovascular e respiratório no que se refere à

relação teórica-prática destes sistemas e os equipamentos manuseados pelo

enfermeiro como monitor cardíaco, ventilador mecânico, ECG; discutir com os

acadêmicos os aspectos éticos relacionados à necessidade de aprendizagem,

concernente ao manuseio de equipamentos como ECG, ventilador mecânico, bomba

de infusão e monitor cardíaco e dar visibilidade aos pressupostos teóricos básicos

acerca dos saberes em biofísica, no que tange aos sistemas cardiovascular e

respiratórios.

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q) Módulo XVII - Eixo temático – cuidado de enfermagem ao adulto e idoso

hospitalizado

Apresenta como ementa o cuidado de enfermagem ao adulto e idoso em

situações clínicas e cirúrgicas, com enfoque epidemiológico e sócio-cultural;

desenvolvimento de habilidades inerentes ao cuidado de enfermagem a pacientes

com afecções clínicas e/ou cirúrgicas; processos patológicos no adulto.

Em seus objetivos apresenta a instrumentalização do aluno com

conhecimentos básicos de farmacologia, a fim de torná-los capazes de entender e

relacionar esses conhecimentos aos procedimentos básicos de enfermagem;

proporcionar aos estudantes oportunidades para a construção de conhecimentos e o

desenvolvimento de atitudes e habilidades sobre a assistência integral a clientes

idosos hospitalizados, com alterações orgânicas, funcionais e emocionais, em

situação clínica ou cirúrgica, dar visibilidade aos pressupostos teóricos básicos

acerca dos saberes em bioquímica fisiológica; capacitar o aluno a desenvolver

atividades técnicas inerentes à profissão, pertinentes ao momento e estimular seu

senso crítico com relação à ética e postura.

Discute ainda a identificação das diferenças estabelecidas no processo de

hospitalização a partir do desenvolvimento humano, discute as necessidades

emocionais específicas no adulto e idoso de forma global, apresenta, discute e

orienta os discentes quanto aos pressupostos teóricos acerca da Metodologia da

Assistência de Enfermagem, aplicáveis a sujeitos adultos e idosos em ambiente de

internação hospitalar em clínica médica e cirúrgica.

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r) Módulo XVIII - Eixo temático – cuidado de enfermagem ao adulto e idoso

com risco de vida

Tem como ementa os cuidados de enfermagem em situações de urgência

e emergência e em unidades de terapia intensiva; desenvolvimento de habilidades

inerentes ao cuidado de enfermagem a pacientes com risco de vida.

Objetiva apresentar ao discente os princípios físicos que regem o

funcionamento dos órgãos vitais e dos sistemas de manutenção de vida

(equipamentos) em unidades de terapia intensiva e emergência; desenvolver com e

nos discentes habilidades necessárias para atuação do Enfermeiro em Unidades

Críticas; apresentar o perfil do profissional para atuação em unidade de emergência

e de terapia intensiva, proporcionar aos discentes a oportunidade da construção de

conhecimentos e desenvolvimento de atitudes e habilidades sobre a assistência

integral a clientes idosos com risco de vida; a construção e estudo das Habilidades

do Enfermeiro em Centro Cirúrgico e proporcionar aos estudantes oportunidades

para a construção de conhecimentos e o desenvolvimento de atitudes e habilidades

no centro de material e esterilização.

s) Módulo XIX - Eixo temático – cuidado de enfermagem à mulher no ciclo

gravídico-puerperal em nível secundário e terciário de atenção à saúde

Esta ementa apresenta a assistência/cuidado de enfermagem em

obstetrícia e unidade neonatal; cuidado à mulher e ao recém-nascido sadio e/ou com

intercorrências, incluindo a família e a comunidade; cuidados de enfermagem ao pré-

natal.

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Seus objetivos são oferecer referencial teórico e fundamentação técnico-

científica para assistência de enfermagem em obstetrícia e neonatologia, dando

ênfase à prevenção e promoção da saúde materno-infantil, com apoio à família,

oferecer referencial teórico-científico ao acadêmico, propiciando o conhecimento de

todo o ciclo evolutivo do ser humano; desenvolver habilidades no cuidado aos

recém-nascidos normais à termo e/ou com intercorrências clínicas mais comuns, em

Unidade de Neonatologia e Alojamento Conjunto e promover a contextualização e

interdisciplinaridade com as demais disciplinas do módulo e do curso de

enfermagem.

t) Módulo XX - Eixo temático – cuidado de enfermagem à mulher hospitalizada

com intercorrências ginecológicas em situação clínica e cirúrgica

Tem como ementa a Assistência/cuidado de enfermagem à mulher com

afecções ginecológicas com enfoque epidemiológico e sócio-cultural;

desenvolvimento de habilidades inerentes ao cuidado de enfermagem a pacientes

em unidade de internação ginecológica e ambulatorial.

Tem como objetivos orientar o aluno a prestar assistência de enfermagem

individualizada, calcada na promoção, prevenção, tratamento e recuperação da

saúde à mulher hospitalizada, garantindo uma assistência livre de risco, com

intercorrências ginecológicas e promover a contextualização e interdisciplinaridade

com as demais disciplinas do módulo e do curso de enfermagem.

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u) Módulo XXI - Eixo temático - cuidado de enfermagem à criança e

adolescente hospitalizados

Na ementa, consta a intervenção do enfermeiro nas ações

multidisciplinares às principais patologias que acometem a criança e o adolescente,

a assistência de enfermagem prestada no âmbito hospitalar, visando a recuperação

da saúde; desenvolvimento de habilidades inerentes ao cuidado de enfermagem à

criança e ao adolescente hospitalizados.

Objetiva discutir características do universo da criança e do adolescente

relacionados ao contexto de hospitalização, desenvolver a percepção dos

acadêmicos na busca de estratégias que possibilitem à criança e ao adolescente

significar a internação hospitalar, bem como a própria doença, estudar as atividades

de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente, realizadas em nível hospitalar e

conhecer os serviços hospitalares voltados à criança e ao adolescente; aplicar

corretamente exame físico da criança e do adolescente e conhecer e identificar as

principais parasitoses infantil e na adolescência, sua transmissão, epidemiologia,

ação patológica, sintomatologia, diagnóstica, terapêutica e profilaxia; reconhecer e

aplicar os princípios da Educação para a saúde da criança e do adolescente

hospitalizada, compreendendo a relação da mesma com a família e realizar práticas

educativas na forma de orientações individuais e coletivas à criança e ao

adolescente hospitalizados.

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v) Módulo XXII - Eixo temático - cuidado de enfermagem ao indivíduo

hospitalizado em intercorrências psiquiátricas

Apresenta o Cuidado de enfermagem ao doente mental. Aplicação de

metodologias de assistência de enfermagem psiquiátrica; aspectos relativos ao

doente mental; práticas alternativas de assistência psiquiátrica; principais

terapêuticas empregadas; políticas nacionais, estaduais e municipais de saúde

mental; introdução ao estudo da reforma psiquiátrica – rotulações psiquiátricas e

invalidação social; loucura e sociedade; desenvolvimento de habilidades inerentes

ao cuidado de enfermagem ao indivíduo com problemas de saúde mental.

Tem como objetivos refletir sobre a relação enfermeiro x paciente no

processo de acompanhamento do indivíduo com sofrimento psíquico, compreender

processos da doença mental a partir do modelo social no qual o indivíduo está

inserido, desenvolver habilidades para o cuidado de enfermagem ao doente mental,

aplicar a metodologia de assistência de enfermagem psiquiátrica, conhecer práticas

alternativas de assistência psiquiátrica e as políticas nacionais, estaduais e

municipais de saúde mental, estudar a Reforma Psiquiátrica e fornecer

conhecimentos básicos de farmacologia, relacionando às terapêuticas de saúde

mental.

x) Módulo XXIII - Eixo temático – práticas alternativas para a atenção à saúde

do indivíduo e da comunidade

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Sua ementa apresenta as noções gerais sobre práticas terapêuticas

alternativas em Saúde e práticas alternativas como recursos terapêuticos na

assistência de enfermagem.

Seus objetivos são permitir que o estudante tenha em seu cabedal de

conhecimentos, técnicas de práticas alternativas e possa aplicá-las em seu exercício

profissional conforme necessidade.

y) Módulo XXIV - Eixo temático – planejamento e gerência de serviços de

enfermagem e de saúde

Apresenta os fundamentos teóricos da administração e sua aplicabilidade

às práticas de gerenciamento no setor saúde; enfoque, planos e programas de

saúde; gerenciamento de recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos

nos serviços de enfermagem e de saúde; avaliação gerencial de serviços de

enfermagem; processo de trabalho nos serviços de enfermagem e de saúde;

desenvolvimento de atividades práticas em instituições hospitalares e de atenção

básica e especializada.

Objetiva capacitar para a Gerência de Serviços nos vários níveis do

Sistema de Saúde, a partir da compreensão da complexidade destes sistemas e da

necessidade de intervenções articuladas entre os diversos serviços e setores e

desenvolver habilidades de gerência no contexto da enfermagem, tanto na atenção

básica quanto em âmbito hospitalar.

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z) Módulo XXV - Eixo temático – estágio curricular supervisionado I- projeto de

prática assistencial

Contempla o desenvolvimento da prática assistencial sob orientação de

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habilidades de gerência da Assistência de Enfermagem, tanto na atenção básica

quanto em âmbito hospitalar.

a2) Módulo XXVII - Eixo temático – trabalho de conclusão de curso

Tem em sua Ementa o desenvolvimento de um o relatório do projeto

previamente elaborado, dentro das normas de apresentação científica; elaboração

do Trabalho de Conclusão de Curso, possibilitando o aprofundamento dos

conhecimentos teórico-práticos adquiridos durante o curso.

Em seus objetivos, aparece a capacitação do aluno para a investigação

no trabalho da Enfermagem, tanto em sistema hospitalar como em Unidade Básica

de Saúde, com a finalidade de aprofundar os conhecimentos adquiridos durante o

curso, a partir de sua visão particular sobre a realidade estudada; capacitar o aluno

na elaboração de relatório de pesquisa, de modo a traduzir-se em trabalho

acadêmico com perspectiva de síntese de sua história como aluno e de mobilização

individual para a prática profissional com o embasamento teórico necessário ao

trabalho competente e ético.