o ensino da leitura pela literatura: a formação de leitores nas escolas
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A FORMAÇÃO DE LEITORES A PARTIR DOS PRINCÍPIOS DE UMA
FORMAÇÃO CIDADÃ
PRETTO, Odete1
SOARES, Alexandre Sebastião Ferreira2
Resumo: O objetivo deste artigo foi analisar a importância da leitura, com intuito de
refletir sobre uma “Proposta de leitura a partir de textos sobre cidadania na escola”, tendo
em vista que se percebe, no ambiente escolar, a necessidade de ser desenvolvida uma
aprendizagem de qualidade, mas também de formação humana. Assim, foi trabalhada uma
proposta de leitura de textos, vivenciando a cidadania e valores morais, no Colégio
Estadual Orlando Luiz Zamprônio, com 35 alunos da 6ª série, no período vespertino. Para
a implementação na escola, utilizou-se a metodologia de pesquisa bibliográfica. O objeto
de estudo foi a leitura pelo viés da análise do discurso dos autores Orlandi, Pêcheux, onde
o leitor se intera com o texto, fazendo relações com o contexto, atribuindo-lhe significados
e refletindo sobre os efeitos de sentidos, reconhecendo as vozes sociais que estão
subjacentes aos textos. Conclui-se com isso que a leitura é importante para que os alunos
construam conhecimento e obtenham valores, auxiliando na sua formação social e noção
de cidadania, adquirindo um olhar crítico que lhe garante condições de participar
ativamente na sua comunidade.
Palavras- chave: Cidadania, leitura, educação.
Abstract: The objective of this study was to analyze the importance of reading in
order to reflect about a "Proposal of reading texts about citizenship in school"
because it is perceived that the school environment needs to developed a quality
learning, but also human. Therefore, it was worked a proposal of reading texts, about
citizenship and moral values, in State College Orlando Luiz Zamprônio, with 35
students, from 6th grade, afternoon. In order to be implementated in school, we used
as methodology literature research. The study object was to read the perspective of
discourse analysis of the authors Orlandi, Pecheux, where the reader interact with the
text, making context relations, attributing meanings and reflecting on the effects of
meaning, recognizing the social voices that underline the text. It is conclude that
reading is important to build knowledge and values, contributing to their social and
citizenship formation, becaming in a critical behavior that provides ways to
participate actively in their community.
Key – words: Citizenship, reading, education.
1 Introdução
1 Professora de Língua Portuguesa no Colégio Estadual Orlando Luiz Zamprônio e professora PDE. 2 Professor da UNIOESTE, campus de Cascavel.
O objetivo deste artigo é analisar a importância da leitura para que os alunos da 6ª
série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Orlando Luiz Zamprônio saibam que a
leitura é fonte de saber e de conhecimento e que auxilia na formação cidadã, por isto foram
possibilitadas uma diversidade de leituras, a partir dos princípios como respeito mútuo,
solidariedade, justiça, ética e diálogo de modo a contribuir para a sua formação de leitor
crítico e para a motivação dos alunos e assim possam emergir as características de uma
formação ética e cidadã.
O objeto este estudo é que o leitor seja entendido como competente e crítico, é
interessante que se estude a leitura como incompleta e descontínua. Os leitores precisam
ser ativos, já que suas leituras estão inseridas em um confronto discursivo e montagens
enunciativas promovidas pelos textos (ORLANDI, 2000b).
Hoje, percebe-se que as novas tecnologias têm facilitado o acesso às informações e
com isso a leitura ficou um pouco de lado, é mais fácil assistir ou jogar vídeo game do que
ler, mas é necessário incentivar a leitura de livros em sala, Bmberger afirma que “os livros
não devem ser considerados como ‘trabalho escolar’, mas como companheiros”
(BAMBERGER, 1987, p. 70). Oportunizando textos que façam refletir sobre temas
conflitantes, valores, interagindo com os colegas e contemplando diversos gêneros
textuais, para que os alunos percebam que ler é conquistar o mundo.
Salienta-se “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para
a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 2007, p.26) e que esse saber auxilia o aluno
para resolver os seus desafios do seu dia-a-dia. Porém, juntamente com a construção do
conhecimento, devem-se trabalhar valores, e percebe que muitos destes princípios não
estão sendo trabalhados pela família como deveriam ser, talvez por falta de tempo dos pais
ou por ignorância destes que também foram criados da mesma maneira.
Assim, o projeto político pedagógico da escola em seus pressupostos pedagógicos
deve contemplar a formação de valores como "cultura de respeito à dignidade humana
mediante a promoção e a vivência dos valores da liberdade, da justiça, da igualdade, da
solidariedade da cooperação, da tolerância e da paz" (BENEVIDES, 2003, p. 309).
Não há como negar que no espaço escolar deve haver uma preocupação com a
formação cidadã, com a cidadania, devendo ser uma das preocupações primordiais da
escola, como afirma Gadotti (2001, p. 96) “educação [na] para e pela cidadania”.
Com relação à leitura, a partir de pressupostos da análise de discurso de orientação
francesa, deve-se dar ênfase sobre as condições de produção da mesma em sala de aula.
Pois, para Orlandi, no viés discursivo, alguns fatos se impõem na reflexão sobre leitura,
a) o de pensar a produção da leitura e, logo, a possibilidade de encará-la como
passível de ser trabalhada (se não ensinada); b) o de que a leitura, tanto quanto a
escrita, faz parte do processo de instauração do(s) sentido(s); c) o de que o sujeito-
leitor tem suas especificidades e sua história; e) o de que tanto o sujeito quanto os
sentidos são determinados histórica e ideologicamente; f) finalmente, e de forma
particular, a noção de que a nossa vida intelectual está intimamente relacionada
aos modos e efeitos de leitura de cada época e de cada segmento social
(ORLANDI, 2003, p8).
Desta forma, os alunos podem construir sua própria história de leitura e que
resgatem a história dos sentidos do texto. De acordo com a análise de discurso, as
condições de produção norteiam como os sujeitos lêem o texto, enfatizam os sujeitos e a
situação Desta forma,
o mesmo leitor não lê o mesmo texto da mesma maneira em diferentes
momentos e em condições distintas de produção de leitura, e o mesmo
texto é lido de maneiras diferentes em diferentes épocas, por diferentes
leitores (ORLANDI, 2001, p.62).
O aluno como sujeito do processo discursivo é essencial, para que a variedade de
leituras seja efetivada e que consiga fazer a relação com outros sujeitos a construção dos
sentidos. Assim,
ele saberá que o texto propõe várias interpretações, poderá discordar,
concordar, de se constituir ouvinte e se construir como autor na dinâmica
da interlocução, recusando tanto a fixidez do dito como a fixação do seu
lugar como ouvinte” (ORLANDI, 2003, p. 33).
Segundo Orlandi, citando Pêcheux “não há discurso sem sujeito e não há sujeito
sem ideologia : o indivíduo é interpelado em sujeito pela ideologia e é assim que a língua
faz sentido” (ORLANDI, 2007 apud PÊCHEUX, 1975, p 17). Com isso compreendemos
que é através do discurso que se pode analisar a relação entre língua e ideologia, com a
leitura de mundo, observando que a língua é que produz sentidos para os sujeitos.
Corroborando com Orlandi (1991 quando afirma que,
Em uma acepção mais ampla pode ser entendida como uma atividade de
atribuição de sentidos. Pode significar também concepção. É neste sentido
que é usado o termo quando se diz “leitura de mundo”. Junto à palavra
“leitura” há uma relação com a noção de ideologia. Ambas as palavras
são cheias de meandros porque esbarram na questão de valores, visão de
mundo ou cosmovisão, história de vida, só para citar algumas
implicações. No sentido mais restrito, acadêmico, leitura” significa a
construção de um aparato teórico e metodológico de aproximação de um
texto ( ORLANDI, 2006, p. 7).
Para a realização da leitura é necessário que haja as condições de produção da
leitura: os sujeitos (autor e leitor), a ideologia, os variados discurso, a distinção entre
leitura parafrástica e polissêmica e precisa ser valorizado as histórias da leitura do texto e
as histórias das leituras do leitor.
Um fator essencial que por meio de todo enunciado se constrói sentidos,
dependendo da posição do sujeito que faz o seu discurso para seus ouvintes e ainda tem
muitas maneiras de trabalhar com o simbólico sem mudar a sua própria história que cada
história tem o seu contexto, suas raízes, experiências e acontecimentos.
Desta forma, o aluno passaria a compreensão do discurso e não somente de uma
simples interpretação daquilo que está lendo. Pode-se entender que o discurso está sob
várias formas de comunicação, não é apenas transmissor de informação, mas sua produção
acontece na história, por meio da linguagem, onde ocorrem as relações de sujeitos e de
sentidos sendo que os seus efeitos são múltiplos e variados.
Para Orlandi (2003, p.63),
o discurso é definido não como um transmissor de informação, como efeito de
sentido entre locutores. Assim, se considera que o que se diz não resulta só da
intenção de um indivíduo em informar o outro, mas da relação de sentidos
estabelecidos, por eles num contexto social histórico.
Portanto, o conhecimento social e histórico tem que estar relacionado com a leitura,
pois, o discurso do sujeito terá mais informação e interação. De acordo com as Diretrizes
Curriculares,
propõe-se formar sujeitos que construam sentidos para o mundo , que
compreendam criticamente o contexto social e histórico de que são frutos e que,
pelo acesso ao conhecimento, sejam capazes de inserção cidadã e transformadora
na sociedade (PARANÁ, 2008, p.31).
Para que o aluno da escola pública seja inserido como cidadão e tenha capacidade
de transformar a sociedade que faz parte, há necessidade de que educação formal não tenha
como uma única preocupação: o conhecimento. Que não fique esquecida a formação
humana. Não é que a escola deva descuidar-se da transmissão do conhecimento. É que o
conhecimento é apenas uma parte e não o todo da formação humana. Mas também tenha
preocupação pela formação ética e cidadã.
Então, percebemos que o conhecimento dos conteúdos é muito importante para a
formação que possibilita aos estudantes o incentivo, variadas oportunidades e expectativas
para que ele possa se envolver nos estudos se apropriando do conhecimento para
compreender as relações humanas em suas contradições e conflitos, com isso a ação
pedagógica realizada na escola precisa contribuir através de vários métodos para essa
formação.
Que rompam com a tradicional concepção da “educação bancária” e vivenciem a
educação que promove a autonomia, convencendo-se, definitivamente, de que “ensinar não
é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou construção”
(FREIRE, 2007, p.22).
Diante desta realidade, nas escolas, devem ser dada importância também para os
conhecimentos básicos sobre os direitos fundamentais do ser humano, bem como demais
assuntos relacionados à efetivação desses direitos, como, por exemplo, os princípios de
formação cidadã. Para isso, a escola deve propiciar um ensino de qualidade, buscando a
formação de cidadãos livres, conscientes, democráticos e participativos. Corroborando
com Demo “a participação supõe compromisso, envolvimento, presença em ações por
vezes arriscadas e até temerárias” (DEMO, 1996, p. 19-20),
O envolvimento das pessoas nas ações da sociedade possibilita que o exerça o seu
direito de ser cidadão, sendo que,
A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de
participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania
está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando
numa posição de inferioridade dentro do grupo social (DALLARI, 1998, p.14).
A escola deve oportunizar que o aluno tenha condições de participar ativamente em
sua comunidade, sendo um aluno-leitor no sentido de construir a autonomia individual e
coletiva, que possa relacionar a várias leituras com a discussão da construção da cidadania,
compreendendo o que leu, analisando e se posicionando criticamente. Disto decorre a
necessidade de repensarmos as práticas educacionais em termos de ética e cidadania.
Um aspecto importante a ser considerado em relação à formação de leitores críticos
e atuantes e poderem participar ativamente, enfim ser cidadãos relaciona-se a alguns
valores, atitudes e compromissos indispensáveis à vivência numa sociedade democrática,
como solidariedade, cooperação, responsabilidade, respeito às diferenças culturais, étnicas
e de sexo, repúdio a qualquer forma de discriminação e preconceito.
É função social de a escola propiciar a formação destes valores. Entretanto, valores
não podem ser ensinados, mas devem ser vivenciados. É preciso que a escola e o próprio
professor deem testemunho daqueles valores que direcionam sua ação, fazendo da escola
um ambiente de vivência de valores democráticos (OZÓRIO e LEON, 2011, 03). Com
certeza, é através da leitura que se percebe o desenvolvimento do ser humano, pois para
um mesmo texto, várias leituras são possíveis, dependendo da época em que é lido e do
sujeito que lê.
Por esse motivo, deve-se possibilitar aos sujeitos a oportunidade de lerem de acordo
com sua história de vida e seu conhecimento de mundo, não restringindo a leitura a
somente uma visão, mas vários. Outro fator interessante, a respeito da leitura que Solé
(1998, p. 22) “deixa evidente é que ela deve ser partilhada e não dirigida”.
Para que seja uma corrente, que nos liga ao saber culto, as emoções por meio da
beleza e da profundidade da linguagem, e acima de tudo sermos participantes ativos da
leitura, através do diálogo, de ter uma posição perante o que estamos lendo.
2 Metodologia
2.1 Apresentação dos Resultados da Implementação na Escola
O desenvolvimento do trabalho na escola foi desenvolvido por meio de pesquisas,
estudos, atividades individuais e coletivas. O objeto de estudo foi à leitura pelo viés da
análise do discurso dos autores Orlandi, Pêcheux, onde o leitor se intera com o texto,
fazendo relações com o contexto, atribuindo-lhe significados e refletindo sobre os efeitos
de sentidos, reconhecendo as vozes sociais que estão subjacentes aos textos. Tendo com
base possibilitar uma diversidade de leituras, a partir de valores morais e éticos para os
alunos da 6ª série do Colégio Estadual Orlando Luiz Zamprônio, Ensino Fundamental e
Médio de modo a contribuir para a sua formação de leitor crítico e para a sua motivação e
assim possam emergir as características de uma formação cidadã.
As atividades desenvolvidas foram a partir de textos que contemplem os princípios
de formação cidadão. A vivência em sala de aula possibilitou que se percebesse que ainda
nos espaços escolares a leitura desveladora e os princípios como respeito mútuo,
solidariedade, justiça e ética, do qual emergem as características de uma cidadania plena,
ainda não estão presentes nas salas de aulas das escolas públicas. Entendendo que esta
realidade causa uma perda na aprendizagem do aluno, ignorando a criação de cidadãos
críticos, autônomos e atuantes na sociedade. Desta forma, o critério para a escolha dos
textos foi por meio de pesquisa na Biblioteca Escolar, na Internet e troca de informações
com profissionais da área de Português.
Para os encaminhamentos metodológicos ealizou-se atividades de compreensão
leitora e produção textual, levando em conta a intertextualidade e discutindo as questões
que implicam e possibilitando a comparação com o ambiente em que estão inseridos os
alunos.
Ressaltando que além da construção do conhecimento, também foram organizadas
com o intuito de refletir sobre os princípios de formação cidadã: respeito mútuo,
solidariedade, justiça e ética, do quais emergem as características de uma cidadania plena,
a partir de textos que contemplem os princípios de formação cidadão, possibilitando uma
diversidade de leituras, a partir de princípios como respeito mútuo, solidariedade, justiça,
ética e diálogo. Fazendo comparações entre os contextos sócio-históricos do passado e do
presente, confrontando experiências e valores, realizando atividades de compreensão
leitora e produção textual, levando em conta a intertextualidade e discutindo as questões
que implicam e possibilitando a comparação com o ambiente em que estão inseridos os
alunos.
Os textos trabalhados em sala de aula: o livro “Ninguém é Igual a Ninguém”, de
Regina Otero e Regina Rennó, publicado no ano de 1998, favorece a discussão sobre a
identidade e as diferenças pessoais; o livro “Aprendendo a Ser e a Conviver” de Margarida
Serrão e Maria Clarice Baleeiro, publicado no ano de 1999, expressa valores, necessidades
e desejos individuais e do grupo; o livro “Tecendo Cidadania: oficinas pedagógicas de
direitos humanos” de Maria Candau, publicado no ano de 1999, reflete sobre o valor da
vida, estruturador de todos os demais direitos, como direito primordial e básico de todas as
pessoas e grupos humanos; o filme “ A corrente do bem”, ano de lançamento 2000,
conceitos trabalhados: crenças e Valores, ética e motivação; a música “Pra não dizer que
não falei das flores”, Geraldo Vandré, ano de autoria da música 1968.
A intertextualidade3 entre estes textos foi trabalhada através da confrontação destes
textos, fazendo as comparações entre os contextos sócio-históricos do passado e do
presente, confrontando experiências e valores, para que fosse desenvolvida a capacidade
criativa dos alunos para a produção escrita a partir de leituras variadas, imagens, de cartaz,
músicas, filmes e personagens com dramatização para serem socializadas; criação de
slogans ou frases sugestivas a partir dos princípios como respeito mútuo, solidariedade,
justiça, ética e diálogo como forma de sensibilizar os alunos-leitores.
A primeira proposta de trabalho pedagógico deu-se com a troca de experiência
através do diálogo para que os alunos conversassem sobre a importância de se cultivar o
3 A intertextualidade é “um fenômeno constitutivo da produção do sentido e pode-se dar entre textos expressos por
diferentes linguagens (Silva, 2002).
hábito de leitura, após um aluno de cada grupo escreveu no quadro, três conclusões e
explicou o porquê. E também que expressassem qual estratégia devia ser utilizada para que
o aluno tivesse o prazer em ler.
Após as conclusões do trabalho colocou-se à disposição dos alunos o livro:
Ninguém é Igual a Ninguém, de Regina Otero e Regina Rennó. As orientações para o
trabalho de leitura dos referidos livros baseado nos estudos de Solé (1998).
Oportunizaram-se conversas e debates sobre o livro lido, identificando o essencial, os fatos
fundamentais da história, para que fizessem perguntas, comentários, apreciações pessoais
sobre o texto oral, lançou-se três perguntas: O que o texto me diz:...”; “O que eu digo ao
texto:...”; “O que eu digo aos meus colegas:...”; g) Quais as vozes sociais presentes no
texto, por exemplo, de pais, do espaço escolar. Para que representassem a leitura foi
proposto a realização de produções escritas: história em quadrinho, pequenos cartazes
contendo a mensagem do livro lido, carta enigmática; representação, através de painel as
vozes sociais presentes no texto, por exemplo, de pais, do espaço escolar.
Dando continuidade à implementação em sala de aula, para que sentissem que são
únicos possibilitando a discussão sobre a identidade e as diferenças pessoais. Para iniciar,
realizou-se a dinâmica, onde se colocava um espelho na sala de aula, pedia que o aluno
entrasse, mas era ressaltado que veria algo especial, único, que só existia um no mundo
todo. Para que prestasse atenção nos detalhes: se era bonito? Suas ações eram corretas? Se
tinha respeito pelos outros? Era diferente? Como era a sua cor? Era legal? Se gostava do
que via? Qual era a característica interna? Externa? Explicitou-se que quando saísse da sala
não contasse nada para os outros colegas. Após, a dinâmica, solicitou-se que expressassem
oralmente o que sentiram? O que estava na sala de tão especial.
Como subsídio para o desenvolvimento da próxima atividade, colocou-se à
disposição dos alunos o livro: Ninguém é Igual a Ninguém, de Regina Otero e Regina
Rennó. Nesta primeira etapa, foi realizada a leitura, onde os alunos em grupo não
aceitaram somente o que o texto propõe como uma única interpretação. Desta forma,
poderiam discordar, concordar, propor sugestões. Para que direcionassem as reflexões para
os valores humanos, bem como demais assuntos relacionados a efetivação desses direitos,
como, por exemplo, os princípios de formação cidadã, conduzia os trabalhos questionando,
propondo dúvidas, solicitando sugestões. Os alunos escreveram três conclusões e
explicaram o porquê.
Ainda em relação à história foram propostos exercícios utilizando a história: o texto
se divide em duas partes: a) na primeira parte, o personagem tem uma percepção em
relação ao texto lido. O quê? Concorda? Sim. Não. Por quê? É importante esta percepção?;
b) na segunda parte, aborda questões reflexivas sobre identidade e sentimentos e a relação
intrapessoal e interpessoal, sendo que na intrapessoal - identificar seu corpo, seus
sentimentos e suas possibilidades. Na interpessoal - tomar consciência do seu olhar sobre o
outro e como interage com as diferenças. Os alunos realizaram atividades de desenhos,
pinturas e escritas. Estas atividades são necessárias para que a mensagem do livro seja
absorvida.
Outras interpretações: com base nas leituras e reflexões do livro “Ninguém é Igual
a Ninguém”, percebemos que as pessoas não são todas iguais que cada dedo da sua mão é
um diferente do outro: respeita seus colegas de sala de aula?; o que significa paz para
você? E o que afetivamente dá sentido à sua vida?; desenharam sobre valores: o que
representa para você amor à vida e ao próximo aceitando as pessoas do jeito que elas são;
escreveram cinco frases com a palavra AMOR; desenharam uma árvore de Paz, colocando
em cada folha uma palavra de Paz; fizeram um painel de pensamentos com palavras de
PAZ.
Em toda relação interpessoal, a família, que não há necessidade que seja aquele
modelo tradicional, mas que exista a união, o amor. Ouvimos a música A FAMÍLIA de
Padre Zezinho – Trocando ideias: a música comenta sobre a vida de uma família unida,
como é o cotidiano da sua família?; Em dupla, fizeram uma parodia sobre a família;
pesquisaram na internet outras músicas sobre o tema; criaram slogan com princípios de
respeito, valorização dos pais; individualmente, criaram uma cruzadinha com nomes dos
membros de sua família, desenharam a sua família e fizeram uma descrição sobre o
comportamento pessoal de cada membro de sua família, observando o relacionamento de
cada um e fizeram a socialização com a sua família.
Para a socialização, montaram um painel com as conclusões, utilizando a
linguagem verbal e não-verbal. Por meio de cartazes, foram feitas as conclusões utilizando
palavras - chaves e imagens, pois nesta formatação, o trabalho fica mais criativo e chama
mais a atenção dos alunos.
O livro Aprendendo a Ser e a Conviver de Margarida Serrão e Maria Clarice
Baleeiro, que expressa valores, necessidades e desejos individuais e do grupo. Depois da
leitura do livro, os alunos listaram em seus cadernos: atividades que meninos gostam de
fazer; atividades que meninas gostam de fazer; em dupla - compartilharam as conclusões.
Na Sala de Informática, acessaram o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=ktoZ8QmDyUQ; as
reflexões foram embasadas pelas questões: principais diferenças entre meninos e meninas?
Há atividades que só meninas fazem? Quais? ; só para meninos? Quais?; há atividades em
que meninos e meninas trabalham juntos? Quais?; Em grupo, fizeram pequenos cartazes
colocando as suas conclusões e expuseram para os seus colegas no mural da escola.
Para que os alunos refletissem sobre o valor da vida, estruturador de todos os
demais direitos, como direito; primordial e básico de todas as pessoas e grupos humanos; e
desenvolvessem uma visão crítica em relação às estruturas sociais que determinam as
condições de vida das pessoas e grupos sociais na sociedade brasileira, no contexto da
problemática latinoamericana e se comprometessem com ações concretas de solidariedade
e buscassem promover o direito à vida. Foi realizada a Dinâmica4: A vida como direito
(CANDAU, 1999). O desenvolvimento aconteceu desta forma: 1° momento: A Festa da
vida - Trata-se do momento da apresentação. Com esta dinâmica pretende-se criar um
ambiente de descontração, onde os "convidados" possam trocar algumas informações
pessoais e, assim, estabelecer um primeiro contato. O local da festa pode ser preparado,
visando a sensibilizar os jovens para o evento. Por isto, é adequado providenciar, por
exemplo, lanche, músicas e enfeites. Para a dinâmica da apresentação indica-se: Convite -
A festa da vida5.
Os alunos preencheram o convite da festa e colocaram-no numa caixa. Depois, cada
um, retirou um convite, devolvendo e pegando outro. Cada aluno procurou o seu colega
que estava com seu convite e, ao encontrá-lo, trocaram informações e conversaram a partir
dos dados que o convite continha. Desse modo, foi se criando uma rede de comunicação
entre os participantes da festa. Feitas as apresentações, cada aluno entregou o seu convite
para mim, pois estava como coordenadora, credenciando-se para participarem da etapa
seguinte da oficina.
No segundo momento, seriam as imagens da vida, previamente foram selecionadas
5 fotos, que eram significativas para a realidade do grupo e, em seguida, fez-se um quebra-
cabeça. As fotografias foram coladas em cartolina de cores diferentes e recortadas em
pedaços irregulares para formar os quebra-cabeças. Tudo pronto! Foi entregue a cada
4 CANDAU, V; M. et al. Tecendo Cidadania: oficinas pedagógicas de direitos humanos.Petrópolis: Vozes, 1999. 5 Nome:________________________Data de nascimento:_______________O que você mais gosta de fazer para se
divertir? ________________Indique um local em que você conheceu algum amigo importante na sua
vida_______________________________________________________________________________________
grupo uma parte do quebra-cabeça, organizaram em grupos de acordo com as cores das
peças dos quebra-cabeças, era para eles montarem o seu quebra-cabeça. Para que os alunos
conversassem, foram colocadas algumas perguntas no quadro de giz: que sentimentos estas
fotos provocam em vocês? Como vocês vivenciam o direito à vida no seu cotidiano?.
Depois, cada grupo recebeu alguns artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos
e do Estatuto da Criança e do Adolescente, bem como o texto Direito à Vida, para lerem e
discutirem, aprofundando o tema. As suas conclusões foram colocadas num cartaz-síntese
para apresentação em plenário.
Como terceiro momento: O Direito à Vida em Nossa Sociedade e como quarto
momento, o direito à vida: nosso compromisso: O que foi mais significativo neste tema?
Como podemos nos comprometer para que este direito seja respeitado na nossa sociedade?;
As respostas foram individualmente e registradas em cartazes. Os alunos usaram canetas
coloridas para destacar suas respostas e ilustraram com fotos disponíveis sobre o tema.
Cada aluno fez o seu compromisso concreto que ia assumir no seu dia-a-dia. Acreditando
em suas possibilidades de conquistar seus objetivos. E acima de tudo, saber defender seu
ponto de vista e ter um comportamento ético.
2.2 Resultados da Implementação em Sala de Aula
Percebi no decorrer das atividades de Implementação do Projeto PDE na Escola, os
alunos entenderam que o discurso é um elo entre o homem e a sua realidade. E o quanto a
leitura é importante para a sua aprendizagem e ainda possibilita as leituras de diferentes
textos necessários para o entendimento e a conscientização de que é através dessas leituras
que os alunos serão capazes de construir novas relações sociais numa perspectiva mais
humana, justa e solidária. A importância da leitura está em contribuir para a formação do
leitor crítico6 e para sua motivação e assim possam compreender que através da leitura
desveladora se tem acesso à cidadania contribuindo também para melhorar as atitudes e
posturas dos alunos no ambiente escolar.
Saliento que tiveram a compreensão de que um cidadão é reconhecido pelas suas
ações e seu comportamento no seu cotidiano e a importância da leitura, que por meio dela
que se tem acesso à cidadania, a melhores posições no mercado de trabalho; um
entendimento mais profundo da vida em sociedade; à construção de uma personalidade
6 De acordo com (ORLANDI, 2006, p. 14), ”o sujeito, que interpreta, lê a partir de sua posição sujeito, o leitor crítico lê
refletindo sobre sua posição sujeito, sobre as condições de produção de sua leitura, por isso ele não interpreta apenas, ele
compreende...”.
mais crítica. Que todo enunciado se constrói sentidos, dependendo da posição do sujeito
que faz o discurso, que pode construir a sua própria história, as suas experiências, que
ajudam na construção de valores humanos.
Também, que para serem cidadãos, também há necessidade de relaciona-se a
valores como atitudes e compromissos indispensáveis à vivência numa sociedade
democrática, como solidariedade, cooperação, responsabilidade, respeito às diferenças
culturais, étnicas e de sexo, repúdio a qualquer forma de discriminação e preconceito.
3. Conclusão
Não há como negar que a formação escolar do cidadão é subjacente ao acesso à
leitura. Pois, quem lê mais conhece mais. É necessário que haja colaboração mútua no que
diz respeito à prática da leitura, desenvolvendo atividades pedagógicas que estimulem a
interpretação e o raciocínio, e por parte do educando, reconhecendo que a leitura é
fundamental no seu processo de graduação e construção cognitiva, além de tornar possível
a ação de formar um leitor crítico ao trabalhar textos que contemplam os princípios de
formação moral, também possibilita a formação integral do cidadão.
Nos ambientes escolares deve ser trabalhada a leitura onde o aluno compreenda a
sua aplicabilidade no decorrer de suas atividades cotidianas, sendo que é através da leitura
que se tem acesso à cidadania, a melhores posições no mercado de trabalho; um
entendimento mais profundo da vida em sociedade; à construção de uma personalidade
mais crítica.
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