A FORMAÇÃO DE UM LÍDER - LEROY EIMS 72

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C om G uia e E stu d o s

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C o m G u i a e E s t u d o s

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A FORM AÇÃO DE UM LÍDER Princípios de liderança espiritual

LeRoy Eims

T r a d u z id o po r

Jorge Camargo

EGEDITORA MUNDO CRISTÃO

São Paulo

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REIS BOOK’S DIGITAL

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Eims, LeRoy

A formação de um líder: princípios de liderança espiritual / LeRoy Eims; traduzido por Jorge Camargo — São Paulo: Mundo Cristão, 1998.

Títu lo original: Be the Leader You Were Meant to Be ISBN 85-7325-132-8

1. Liderança cristã — Aspectos religiosos — Cristianismo 2. Liderança cristã — Ensino bíblico 3. Liderança na Bíblia I. Título.

98-0108 CD D -253

índices para catálogo sistemático:1. Liderança cristã: Teologia pastoral: Cristianismo 253

Titula do original em inglês: Be thc Leader You Were Meant to Be

Copyright©1966, 1975 por Chariot Victor Publishing

Tradução: Jorge Camargo

Capa: Douglas Lucas

Supervisão editorial e de produção: Jefferson Magno Costa

2" edição brasileira: Fevereiro de 1998

Im pressão: Imprensa da Fé

Publicado no Brasil com a devida autorização e com

todos os direitos reservados pela ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA

EDITORA MUNDO CRISTÃO Caixa Postal 21.257

CEP 04602-970 - São Paulo - SPFiliado a:

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 senhora Dawson Trotman, mulher de Deus, mãe espiritual de milhares,

em todos os cantos da terra.

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Sobre o autor

LeRoy Eims é diretor mundial de evangelismo para os Nave­gadores, uma organização internacional que treina cristãos

para reproduzir seus relacionamentos de vida transformada com Cristo. É muito requisitado como conferencista, abordando os temas de evangelismo e liderança cristã.

Sua preocupação, já há alguns anos, tem sido o desenvolvimen­to de líderes comprometidos com a excelência na vida pessoal e com o exemplo desses líderes para com os que por eles são lidera­dos. Como ex-combatente da Marinha americana na Segunda Guerra Mundial, Eims experimentou em primeira mão os resulta­dos de lideranças excelentes e pobres, no que diz respeito a vidas humanas. Para ele, é na arena de batalha da vida cristã o lugar onde se deve exigir o melhor em termos de liderança.

Este livro é o amadurecimento de um estudo pessoal das Es­crituras feito pelo autor, bem como o compartilhar de princípios sobre liderança. Está repleto de exemplos bíblicos e experiências próprias, fruto de seu ministério ao redor do mundo.

Ele e sua esposa Virgínia têm três filhos, Larry, Becky e Randy.

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Sumário

Introdução................................................................................ 11

Prefácio...................................................................................... 13

1. Quem Está Apto a Liderar?............................................... 15

2. A Fonte de Poder do Líder................................................. 25

3. A Vida Interior do Líder...................................................... 37

4. A Atitude do Líder para com os O utros....................... 55

5. Por que Alguns Líderes São Excelentes......................... 63

6. Como Causar Im pacto......................................................... 81

7. Armando o Palco para o Sucesso.................................... 9 7

8 .Como Produzir M ais...............................................................107

9 .Superando as Dificuldades................................................... 121

10 . Sobrevivendo aos Perigos...................................................... 141

11 . Atendendo às Necessidades do G rupo.............................155

12. Com unicação............................................................................. 165

Guia de Estudo Individual e em Grupo............................175

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Introdução

Durante quase duas décadas tenho tido a oportunidade de observar LeRoy Eims no papel de líder. Eu o vi trabalhan­

do com jovens que pareciam não ter propósito na vida, até torná-los líderes. Vi também sua atuação na direção de centros de treinamento e preparação de estudantes universitários para o serviço cristão e para a liderança. Com sua força e auto- disciplina, tem ele preparando muitas pessoas para uma vida verdadeiramente disciplinada.

Sendo o bom estudioso da Bíblia que é, Eims baseou o con­teúdo deste livro em sólidos princípios bíblicos. Via de regra, ele primeiramente apresenta os métodos de liderança de Deus. Depois, ilustra estes preceitos com exemplos bíblicos e experi­ências pessoais. Em outras palavras, não está ensinando idea­lismo, mas princípios de liderança baseados na Palavra e em sua vida pessoal.

A leitura e releitura deste livro, bem como a prática destes princípios básicos e aprovados de liderança espiritual, fará

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bem a obreiros e líderes cristãos. Também creio que será de grande utilidade como um guia para o treinamento de outros.

Assim sendo, recomendo-o aos cristãos em toda parte.

— T heodore H. Epp Fundador do programa

de Rádio De Volta à Bíblia

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Prefácio

Em 1956 minha esposa e eu fomos convidados por Dawson Trotman, fundador e diretor dos Navegadores, para ir a

Omaha, Estado de Nebraska, e abrir uma extensão desse minis­tério no Centro-Oeste do país.

Minha responsabilidade principal era ganhar homens e mulheres para Cristo, discipular os que respondessem ao evan­gelho e treiná-los para que repetissem o processo na vida de outros. A segunda carta de Paulo a Tim óteo, capítulo 2, versículo 2, tornou-se um guia para nós: "E o que de minha par­te ouviste, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmi­te a homens fiéis e idôneos para instruir a outros".

Além deste ministério básico, fui designado para recrutar e enviar líderes que levariam a mensagem do evangelho aos lu­gares mais distantes da terra.

Propus-me a fazer um estudo sobre liderança que me aju­dasse a treinar 12 líderes potenciais, que faziam parte de nosso ministério.

Para começar, passei um dia consultando 25 livros na biblio­teca pública de Omaha. Dentre eles, escolhi 12 e entreguei-os

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aos 12 homens que estava treinando. Depois de um mês, passa­mos juntos um dia inteiro a fim de compartilhar o que aprende­mos em nossas leituras.

Na metade do período, uma verdade surpreendente come­çou a desvelar-se em nosso meio. A medida que ouvíamos aqueles jovens e promissores líderes relatando o que haviam aprendido com os livros, percebi que grande parte dos princi­pais pontos sobre liderança contidos naqueles livros, estavam na Bíblia.

Esta percepção levou-me a estudar durante 19 anos o assun­to liderança nas Escrituras, e o resultado foi este livro que você vai ler.

Estou certo de que estas lições sobre liderança ajudarão você em sua caminhada com Deus e em seu serviço a Ele.

— LeRoy Eims

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Quem Está Apto a Liderar?

A ntes que as pessoas assumam uma liderança, devem ava­liar o assunto cuidadosamente. "Meus irmãos, não vos

torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de rece­ber maior juízo" (Tg 3:1). Os líderes serão julgados de maneira mais severa e rígida que seus liderados. Esse pensamento deve fazer-nos parar e refletir.

A próxima sentença no mesmo capítulo apresenta-nos outra razão: "Porque todos tropeçamos em muitas coisas". Sabemos que cometemos muitos deslizes; tropeçamos de muitas formas. Assim, naturalmente hesitamos em crer que possamos liderar outros.

Contudo, ao analisar a vida de líderes de Deus, fica eviden­te que esse sentimento de inadequação não é uma boa razão para recusar a tarefa. Afinal, somos todos pecadores diante de Deus. Quem entre nós poderia dizer que não "falhou" de mui­tas maneiras e em várias situações? Se esta é uma razão plau­sível para não assumir uma liderança, ninguém jamais pode­ria fazê-lo.

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Vamos analisar alguns líderes escolhidos por Deus no passa­do, e ver como eles responderam quando o Senhor os abordou para que assumissem a liderança em uma tarefa.

O chamado de MoisésVejamos Moisés. Ele estava no deserto, pastoreando o rebanho de Jetro, seu sogro, quando o chamado de Deus chegou. O fato de que este homem culto, acostumado aos confortos e prazeres do palácio, trabalhava agora num dos em pregos menos prestigiados de sua época, poderia ser suficiente para deixá-lo amargurado. Apascentar ovelhas era uma profissão sem atrati­vos. Talvez Moisés estivesse agora sentindo pena de si mesmo, tão ocupado com sua desgraça que seria incapaz de ouvir a voz de Deus. Para piorar ainda mais sua situação, trabalhava para os sogros!

Então uma coisa estranha e ao mesmo tempo maravilhosa aconteceu. "Apareceu-lhe o Anjo do Senhor numa chama de fogo do meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ar­dia no fogo, e a sarça não se consumia." (Ex 3:2).

A primeira coisa que o Senhor fez foi revelar-se a Moisés. Moisés estava seguro de que havia falado com ele (veja os v. 5 e 6). Isto é algo do qual você precisa ter certeza. Quando alguém lhe pede para servir de um modo ou de outro, certifique-se de que Deus está ao seu lado. Não se comprometa um milímetro sequer em nenhuma direção, seja ela "sim" ou "não", sem iden­tificar a vontade Dele neste assunto.

As vezes, você a reconhecerá imediatamente. Em outras ocasiões, terá de esperar até que Deus a torne clara. Mas tenha certeza disto: Ele irá mostrá-la a você. Nosso Pai que está nos céus sabe muito bem comunicar-se com seus filhos. Ele confir­mará Sua vontade naquela área específica. Ele não quer que vi­vamos sob incerteza.

Por estar interessado no que fazemos, Deus tornará sua von­tade conhecida. Ele assim nos promete. "Instruir-te-ei e te ensi­narei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho." (SI 32:8). Observe neste versículo que Deus

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assume a responsabilidade de dirigir-nos. A certeza da direção nas Escrituras é tão básica quanto a certeza do perdão. Note também que Deus nos instruirá, ensinará e aconselhará. Em ou­tras palavras, mostrará o caminho que devemos a seguir. Que segurança!

Outra promessa encontra-se no Salmo 48:14: "Que este é Deus, o nosso Deus para todo sempre: ele será nosso guia até a morte". As palavras desta promessa são inconfundíveis: "Ele será nosso guia". Você pode então descansar na disposição e habilidade de Deus em mostrar qual é a Sua vontade para você. Como Moisés, você pode estar certo de que foi realmente Deus quem falou.

A segunda coisa que ocorreu foi que o Senhor revelou a Moisés a responsabilidade que tinha por seu povo. "Disse ain­da o Senhor: Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço- lhe o sofrimento..." (Êx 3:7). Moisés — você deve recordar — havia tomado para si a responsabilidade sobre a situação dos fi­lhos de Israel, e foi um encorajamento para ele saber que o pró­prio Deus também se interessava por eles.

O Senhor então fez uma declaração dramática: "... por isso desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios, e para fazê-lo subir daquela terra a uma terra boa e ampla, terra que mana leite e mel..." (v. 8). Dá para imaginar a alegria e o entusiasmo que inundaram a mente de Moisés àquela altura? O Deus vivo pes­soalmente ajudaria e livraria o povo!

Logo depois, vem outra declaração que deve ter colocado em parafuso a cabeça de Moisés. "Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito" (v. 10). E possível ouvir as questões bombardeando a sua men­te: "Mas Senhor, eu pensei que ha vias dito que T u descerias e os livrarias. Por que agora essa idéia de eu ter de ir a Faraó, eeu ter de tirar os filhos de Israel do Egito? Se tu vais fazer isto, Senhor, por que é que eu tenho de ir?"

Esta é, aliás, uma pergunta-chave que todos devemos res­ponder a nós mesmos. Quando compreendemos que Deus,

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como método para realizar seus planos e propósitos, usa pessoas, passamos então a entender nosso papel no Seu reino.

Foi assim com Moisés. Deus tinha um trabalho para ele. No entanto, Moisés não se sentia qualificado para a tarefa que ha­via recebido. E clamou ao Senhor com a pergunta: "Quem sou eu?".

Agora, francamente, esta não é uma questão tão difícil para Deus. Ele poderia sim plesm ente ter respondido: "V ocê é Moisés". Mas a indagação foi tão irrelevante, que Ele nem se­quer teve o trabalho de respondê-la.

Nesta atitude divina reside um dos grandes segredos da li­derança para o cristão. Deus disse: "Eu serei contigo".

O Senhor estava tentando comunicar a Moisés uma verdade poderosa. Em outras palavras, Ele disse: "Moisés, não importa realmente quem você é, ou se sente ou não qualificado, pronto ou não para a tarefa. A questão é que Eu estarei lá. A declaração que fiz a você permanece: 'Desci a fim de livrá-los'. E eu farei isto e lhe darei o privilégio de estar nesta operação comigo. Você será meu instrumento de libertação".

Lembre-se desta verdade quando Deus chamá-lo para assu­mir uma posição de liderança em Sua obra. Ele não está procu­rando pessoas que se sintam "suficientes". Paulo disse "não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus"(2 Co 3:5).

Estou certo de que o senso de necessidade e inadequação podem ser um triunfo, mais que uma desvantagem. O testemu­nho de Paulo é um exemplo disto: "Então ele me disse: A mi­nha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas para que sobre mim repouse o poder de Cristo... Porque quando sou fra­co, então é que sou forte." (12:9-10).

Muitas pessoas ficam admiradas diante disso e exclamam: "Você quer dizer que o grande apóstolo Paulo sentiu-se as­sim?". A resposta é sim, e isto, sem dúvida, contribuiu para sua grandeza.

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A próxima lição que aprendemos de nossa observação do chamado de Moisés é também muito importante. É ótimo que tenhamos consciência de nossas limitações, mas não devemos parar aí. Devemos também estar convencidos da absoluta sufi­ciência de Deus. Esse é o próximo passo, em seu diálogo com Moisés.

Moisés levanta outra questão: "Suponhamos que eu vá ao povo e diga: 'O Deus de seus pais enviou-me a vocês', e eles me perguntem, 'Qual é o nome dele?', o que é que eu vou dizer?" (Êx3:13).

A esta pergunta, Deus dá uma resposta singular: "Eu sou o que sou... Assim dirás aos filhos de Israel: O Senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó, me enviou a vós outros; este é o meu nome eternamente, e assim serei lembrado de geração a geração" (vv. 14-15).

Quando eu era recém-convertido, fiquei por muito tempo confuso com essa resposta. O que será que Deus quis dizer quando Se revelou como "eu sou"? Então, um dia, 'finalmente entendi'. Ele está dizendo "Seja o que for que você precise, é isso o que eu sou!".

Aquela altura da vida, Moisés necessitava de encorajamento e força. Essa será, muito provavelmente, também a sua necessi­dade quando você receber um chamado de Deus para servi-lo em alguma tarefa específica.

E o fato de que sempre temos necessidades reforça ainda mais esta verdade. Estamos carentes de conforto? Eu sou o teu conforto: "lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1 Pe 5:7). Precisamos de vitória sobre algum pecado que nos importuna? Eu sou tua vitória. "Graças a Deus que nos dá a vitória por intermédio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 15:57). Necessitamos de amor? "Deus é amor" (1 Jo 4:8). Podemos listar um rol de necessidades. Deus é absoluta­mente suficiente para atendê-las. O que Ele estava dizendo era Eu sou tudo o que meu povo precisa.

Assim, é verdade que devemos reconhecer nossa insuficiên­cia, mas não podemos deter-nos nesse ponto. Se assim o fizer­

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mos, teremos problemas. Devemos seguir adiante no raciocínio e reconhecer também a absoluta adequação e suficiência de Deus para encarar qualquer teste, superar qualquer problema, conquistar qualquer vitória. Foi necessário algum tempo para que Moisés aprendesse, mas ele chegou a essa compreensão e foi usado poderosamente por Deus.

O chamado de GideãoPara reforçar essa verdade absolutamente essencial que é a su­ficiência de Deus, consideremos outro homem, por ocasião de seu cham ado. Lem bra-se das grandes batalhas travadas e vencidas por Gideão? Com um peqLieno grupo, ele fez bater em retirada os exércitos inimigos. Será que ele foi sempre assim? Ousado, corajoso, valente na batalha?

Dificilmente! Os filhos de Israel sofriam nas m ãos dos midianitas. Escondiam-se em covas e cavernas nas montanhas. Tinham sLias colheitas destruídas e seus animais confiscados. Estes inimigos, como uma praga de gafanhotos, consumiam tudo o qtie encontravam pela frente. A razão para o drama do povo de Israel era, obviamente, seu pecado. "Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor; por isso o Senhor os entregou nas mãos dos midianitas..." (Jz 6:1).

Uma noite, Gideão estava malhando trigo no lagar a fim de colocá-lo a salvo dos midianitas. O anjo do Senhor apareceu e o chamou para ser o instrumento de libertação de seu povo.

Sua primeira reação soou bem familiar para Deus àquela al­tura. "... Ai Senhor meu, com que livrarei a Israel? Eis qLie a minha família é a mais pobre em Manassés, e eu o menor na casa de meu pai" (v. 15).

De novo, Deus foi ao cerne da questão com o homem que escolhera para a tarefa. "... Já qLie eu estott contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem" (v. 16).

Note a semelhança com o que Deus disse a Moisés na sarça ardente. Com efeito, Deus declarou: "Gideão, não importa que sua família seja a mais pobre em Manassés, ou que você seja o menor na casa de seu pai. A qLiestão não é quem você é, mas

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que Eu estarei com você. Não é na sua fraqueza que nos detere- mos, mas em minha força. Eu trabalharei através de você".

Portanto, se Deus o chama para uma tarefa e você experi­menta um sentimento avassalador de fraqueza, incapacidade e inadequação, alegre-se, pois você está em boa companhia! Ho­mens e mulheres de Deus através dos séculos sentiram-se do mesmo modo. Mas eles também creram que Deus seria sufici­ente para realizar a obra para a qual os havia chamado.

O chamado de JeremiasHá um homem cuja vida precisamos examinar quando trata­mos deste assunto. Jeremias foi um dos grandes profetas de Deus. Ele foi fiel ao seu chamado e sofreu por causa de sua fide­lidade. Mas como ocorreu esse chamamento? E como Jeremias respondeu quando Deus o instruiu a assumir uma posição de liderança em seu reino? Observe o texto: "A mim me veio, pois, a palavra do Senhor, dizendo: Antes que eu te formasse no ven­tre materno, eu te conheci, e antes que saísses da madre, te con­sagrei e te constituí profeta às nações" (Jr 1:4-5).

O trabalho básico de um profeta era proclamar a Palavra de Deus ao Seu povo. Como Jeremias respondeu a este desafio? Ergueu-se imediatamente com fé e entusiasmo? Não, sua res­posta foi semelhante às de Moisés e Gideão: "... ah, Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque não passo de uma criança" (v. 6). Sua reação inicial foi de inadequação. Ele não se sentiu capacitado para a tarefa.

Veja a resposta de Deus: "Mas o Senhor me disse: Não digas: Não passo de uma criança; porque a todos a quem eu te enviar, irás; e tudo quanto eu te mandar, falarás. Não temas diante de­les; porque eu sou contigo para te livrar, diz o Senhor" (vv. 7-8). Observe a promessa de Deus: "Eu estou contigo."

Novamente, a questão é que Deus estará lá. O Deus todo- sábio, todo-poderoso, todo-suficiente estará ao seu lado. Em todas essas ocasiões, é isto o que Ele sempre diz.

No caso de Jeremias, Ele não prometeu um mar de rosas, mas a certeza de Sua presença, proteção e direção foi reiterada

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diversas vezes. "Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; por­que eu sou contigo, diz o Senhor para te livrar" (v. 19).

Outros chamados — Naquele tempo e agora Você recorda as últimas palavras de Jesus Cristo a Seus discípu­los? "Ide portanto fazei discípulos de todas as nações". Acom­panhando esta ordem, houve uma promessa: "E eis que estou convosco todos os dias". (Mt 28:19-20). Deus nos dá hoje o mes­mo fundamento que deu aos heróis da fé no passado, para ser- vi-Lo confiadamente: Eu estou contigo.

Há alguns anos, fui convidado a falar no retiro de uma classe de escola dominical, em que, por anos, Jim Rayburn, fundador do movimento Vida Jovem, havia sido o professor, na Primeira Igreja Presbiteriana de Colorado Springs. Nesse retiro anual da classe os Navegadores haviam sido convidados a falar. Rod Sargent, a quem o convite foi primeiramente endereçado, não poderia ir. Por isso, chamou-me em seu escritório e sugeriu que eu fosse.

Congelei. Falar a um grupo cujo professor havia sido Jim Rayburn? O que eu poderia oferecer a uma classe que tinha re­cebido aulas regularmente com esse homem de Deus? "Eis que não posso falar", pensei comigo mesmo, "porque não passo de uma criança." Eu tinha apenas seis ou sete anos de convertido na época, e a maioria das pessoas naquele encontro era mais madura cronológica e espiritualmente do que eu. Comecei a explicar tudo isso ao Rod e pedir-lhe que arranjasse outra pes­soa.

Ele sentou-se e ficou me olhando sem dizer nada por um bom tempo. E então falou: "LeRoy, ele disse, tenho observado uma coisa: você sempre escolhe o caminho mais fácil. Sempre se afasta das coisas que possam ser difíceis ou exijam um verda­deiro passo de fé". E então me orientou a pensar um pouco no assunto e orar a respeito.

E assim o fiz. Embora ainda me sentisse despreparado para a tarefa, o Senhor falou comigo para que aceitasse o convite. Nem preciso dizer que preparei minha aula com muito estudo e ho­ras de oração.

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Para minha alegria, o retiro foi excelente. Senti a presença e a direção de Deus, e o Seu poder me capacitou. Ele me ensinou algumas lições muito úteis nessa situação. Uma das mais im­portantes foi a admoestação de que não devo andar pela vida escolhendo os caminhos mais fáceis. Os mais difíceis são muito edificantes. A experiência foi útil para mim, duríssima, porém valiosa para os anos que se seguiram.

Outra coisa que o diabo pode usar para impedir-nos de ca­minhar pela fé em resposta ao chamado de Deus é algum fato indesejável em nossa história de vida. Podemos ser assim leva­dos a pensar que tal obstáculo é demasiado grave para ser su­perado, ou que será um impedimento para a realização da obra.

Novamente, as Escrituras nos lembram da falácia deste ar­gumento.

O apóstolo Paulo foi um assassino que gastou grande parte de seu tempo e energia perseguindo a igreja de Deus. Ele mais tarde confessaria envergonhado: "Senhor, eles bem sabem que eu encerrava em prisão e, nas sinagogas açoitava os que criam em ti. Quando se derramava o sangue de Estêvão, tua testemu­nha, eu também estava presente, consentia nisto, e até guardei as vestes dos que o matavam" (At 22:19-20).

Paulo disse de si mesmo: "Porque eu sou o menor dos após­tolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus" (1 Co 15:9). Mas ele também escre­veu": "Sou grato para com aquele que me fortaleceu, a Cristo Jesus nosso Senhor, que me considerou fiel, designando-me para o ministério, a mim que noutro tempo era blasfemo e per­seguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ig­norância, na incredulidade" (1 Tm 1:12-13).

Se houve um homem cujo histórico o desabilitaria para o serviço a Deus, esse homem foi Paulo. Ainda assim, tornou-se o grande apóstolo dos gentios e foi usado para escrever a maior parte do Novo Testamento.

Outras pessoas com negras manchas em seus arquivos pes­soais também tornaram-se grandes servos de Deus. Penso em João Marcos, o jovem que se mostrou um servo infiel em uma

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viagem com Paulo e Barnabé. Quando planejaram a próxima viagem, Paulo disse que recusaria levar Marcos junto, por cau­sa de seu passado desabonador (veja At 15:36-38).

No entanto, este foi o homem que Deus escolheu para escre­ver o Evangelho de Marcos, que apresenta Jesus, Seu Filho, como servo sempre fiel. O passado de Marcos certamente não foi o fundamento para que Deus o escolhesse para essa tarefa.

Davi foi escolhido por Deus para ser o comandante e o líder de Seu povo, e para ser a cabeça administrativa do governo. Sua história de vida foi a de um pastor que cuidava de ovelhas so­bre os montes da terra de Israel. Mas Deus o chamou e ele aten­deu ao chamado. O seu histórico, ou mesmo a falta de um, não foi problema.

Assim, quando Deus chamar você para uma obra, não deixe que o sentimento de inadequação ou seus "pobres anteceden­tes" o impeçam de seguir Sua liderança. "Porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a sua boa vontade" (Fp2:13).

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A Fonte de Poder do Líder

Uma falta de energia pode ser desastrosa. Hospitais e ou­tros serviços essenciais possuem geradores de reserva em

caso de falta de eletricidade. Estes equipamentos devem manter tudo funcionando, porque vidas dependem disto. A energia e os meios para utilizá-la são vitais em uma sociedade industria­lizada.

Os líderes devem estar cientes disto. Devem perceber que precisam manter sua programação, seus liderados e a si mes­mos em movimento. Qual é a fonte de poder do líder para tudo isso? O próprio Deus.

ComunhãoO apóstolo Paulo disse a uma das igrejas que o sustentavam: "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4:13). Davi, séculos antes, declarou: "Deus é a minha fortaleza e a minha força, e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho." (2 Sm 22:33). Deus mesmo é a nossa fonte de força, mas a comunhão com Ele é que "liga a chave" e torna o poder operante e efetivo em nossa

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vida. A grande escola para a liderança de Davi como rei foi o tempo que ele gastou a sós com Deus, quando ainda era um jo­vem pastor de ovelhas.

Anos e anos a sós com DeLis prepararam Davi para a lideran­ça sob a direção de Deus. Ele certamente havia visto líderes em ação, primeiramente vivendo no palácio ainda menino, mas seu tempo com o Senhor foi de maior valia do que seu tempo com as pessoas. Como líder do exército e administrador da nação, Davi possuía pouco preparo. Não teve oportunidade de cursar nenhuma universidade, mas conhecia a DeLis.

E nesta área que o diabo mais concentra seus ataques. Ele nem se importa se você participa de seminários sobre o assunto ou assina revistas especializadas. Mas quando você leva a sério o conhecer a Deus através de uma comunhão íntima, prepare- se para uma guerra. Sua agenda começará a ficar lotada com assLintos urgentes e imprevistos. Você ficará muito ocupado para ter comunhão com o Senhor.

Por que o inimigo de nossa alma ataca tão furiosamente o tempo que o líder reserva para ter com Deus? Por causa da im­portância vital que esse tempo tem na vida do líder. Quais são as recompensas espirituais que recebemos, se formos fiéis em nossa comunhão com Ele? Para responder, precisamos fazer outra pergunta. Qual é o propósito maior do homem sobre a terra? A resposta: "... todos os que são chamados pelo meu nome, que criei para minha glória, que formei e fiz". "O objeti­vo final do homem é glorificar a DeLis e alegrar-se Nele para sempre." As pessoas freqüentemente recitam a declaração de fé de Westminster, mas não sabem na verdade o que ela significa na vida diária.

Recordo uma discussão com um grupo de seminaristas. Eles sabiam que nosso propósito sobre a terra era glorificar a Deus. Perguntei a L im deles como alcançar este objetivo. Como você realmente glorifica a Deus? Sua face expressou um olhar de con­fusão e, com um sorriso amarelo, ele disse: "Não tenho a menor idéia". Imagine só! Lá estava um grupo de estudantes em pre­paração para a liderança espiritual sem a menor idéia de como alcançar o alvo principal de sua vida.

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Deixe-me com partilhar uma lição simples que aprendi quando ainda era jovem na fé. Deus originalmente criou pesso­as para glorificar seu nome. Criou seres humanos à Sua ima­gem para que tivessem comunhão com Ele. Mantinha uma re­lação íntima com Adão e Eva no jardim. Mas então eles peca­ram, desobedecendo-O e trazendo desonra ao Seu nome. A imagem foi desfigurada, e a comunhão quebrada. No tempo certo, contudo, Deus deu um passo decisivo para recriar nas pessoas a possibilidade de novamente darem glória ao Seu nome.

Seria possível haver alguém que, em cada pensamento, pa­lavra e atitude trouxesse glória a DeLis, a cada momento, todos os dias e anos de sua vida? Sim. Essa pessoa foi o Senhor Jesus Cristo. Em sua oração ao Pai, Ele disse sobre si mesmo: "Eu te glorifiquei na terra, consumando a obra que me confiaste para fazer" (Jo 17:4). Portanto, se desejo atingir meu alvo principal na vida, que é glorificar a Deus, devo ser transformado mais e mais à Sua imagem, para tornar-me como Cristo.

O desejo do coração de Deus é que nos tornemos como Seu Filho. "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos" (Rm 8:29). Isto glorifica a Deus.

Como posso então tornar-me semelhante a Cristo? Como alguém pode tornar-se semelhante a outra pessoa? Estando ao seu lado, conversando com ela, fazendo coisas juntos. Você já viu alguma foto de um casal que tenha convivido durante 50 anos e esteja celebrando bodas de ouro? Eles não apenas agem de modo semelhante e apreciam as mesmas coisas ou têm os mesmos gostos; eles chegam até a se parecerem fisicamente um com o outro!

Lembro-me o dia em que Al Vail, um amigo da Marinha, casou-se com Margie Igo, uma jovem elegante, bonita e inteli­gente, formanda da Universidade de Stanford. Eles se haviam conhecido em uma conferência cristã em Colorado, e Al apaixo­nou-se perdidamente por Margie. Vestido com a farda da Mari­

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nha, iniciou uma campanha para conquistá-la. Cartas, telefone­mas, flores e presentes começaram a chegar.

A princípio, Margie ficou um pouco assustada com tudo aquilo, mas após alguns meses o Senhor confirmou em seu co­ração que Al era a escolha dele para ela. Assim, eles se casaram. Pouco mais de um ano depois, eu os visitei em sua casa na Virgínia.

Quando cheguei, Margie desculpou-se porque tive que es­perar alguns minutos até que ela arrumasse meu quarto. De a- cordo com suas palavras, o quarto ainda não estava "liberado".

"Liberado!", eu pensei. Graduados em Stanford não saem por aí "liberando" coisas. Mas ela falou assim porque já havia convivido um ano com Al Vail, que havia feito disso seu estilo de vida: que tudo e todos ao seu redor estivessem "liberados". Ela havia começado a incorporar seu vocabulário de Marinha. Então, Al chegou em casa e eu fiquei também admirado de ver como a vida de Margie havia influenciado a dele. Eles estavam vivendo juntos em comunhão um com outro e estavam ficando parecidos.

O mesmo ocorre conosco, em nosso relacionamento com o Senhor. Para que sejamos "conformes a imagem de seu Filho", devemos investir muito tempo a sós com Ele em comunhão pessoal. Líderes que fizerem isso, que construírem uma vida devocional, diferente de uma vida "de improviso", estabelece­rão contato direto com Deus e serão poderosamente usados por Ele. Deus busca tais pessoas. "Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim a fa­vor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei" (Ez 22:30).

Esta busca é tão nova quanto os meninos e meninas que es­tão por nascer, e tão velha quanto a aurora da humanidade. Quando Deus encontra uma pessoa que coloca como priorida­de de vida a comunhão dinâmica, pessoal e íntima com ele, seu poder, direção e sabedoria são direcionados para e através des­sa pessoa. Deus encontrou alguém através de quem pode mu­dar o mundo.

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A Palavra de DeusTrês elementos básicos caracterizam a vida de comunhão com o Senhor. Deus fala conosco por meio de Sua palavra. "Toda Es­critura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreen­são, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Tm 3:16-17).

Devemos entrar dentro da Palavra e ela deve entrar dentro de nós. Mergulhamos na Palavra ao ouvir pregações, ao lê-la, estudá-la e memorizá-la. Também a assimilamos através da meditação, incorporando-a em nossa vida espiritual. Como o alimento físico, não é o que ingerimos que nos afeta, mas o que digerim os e assim ilam os. Isso é m editação. M editar é aprofundar-se na Palavra, revolvê-la em nossa mente, ir além da superfície. "Quanto amo a tua lei! É a minha meditação todo o dia" (SI 119:97).

Em 1963, visitei Londres para uma série de pregações. A agenda perm itiu-m e um dia livre para passear. David Limebear, um jovem membro de nossa equipe de universitári­os, foi designado como nosso guia e estava ansioso para mos­trar-nos os lugares e sons de sua querida cidade. Ele chegou de manhã bem cedo com uma lista de monumentos históricos e um mapa do metrô. Já tinha tudo definido, o horário exato dos trens de chegada e saída em cada estação, e quanto tempo gas­taríamos em cada visita.

Entrei nesta excursão com o tipo de entusiasmo esperado para um garoto de Neola, Iowa, prestes a conhecer a cidade grande. David, com um porte atlético e bom preparo físico, nos manteve em movimento o tempo todo. Andamos por catedrais, demos voltas nos parques, repousamos momentaneamente para observar estátuas e medir com os olhos edifícios que des­tilavam magnificência e história.

Nós realmente adquirimos uma visão panorânica de Lon­dres, mas será mesmo que a vimos?

Alguns anos mais tarde, minha esposa e eu voltamos, para mais uma série de pregações, e em nosso último dia passeamos

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novamente com outras pessoas, a passos vagarosos. Vi e absor­vi a beleza e a majestade das catedrais por entre as quais havia praticamente corrido na primeira visita. Desta vez, minha alma foi tocada. Tive tempo para realmente observá-las, experimen- tá-las, sentir o significado e a mensagem delas.

Assim é com a Palavra de Deus. Se corremos os olhos apres­sadamente pela Bíblia para cumprir nosso programa de leitura, ou rapidamente "passamos" o estudo para nossa classe de es­cola dominical, se olhamos para o relógio esperando que o culto termine depressa a fim de corrermos para alguma outra ativi­dade, quase nada acontecerá em nossa vida. E como sair em disparada por entre os corredores de uma catedral. Nós a ve­mos, mas na verdade, não a vimos. Mas se abrirmos a Palavra e dermos tempo para que o Espírito de Deus toque nossa vida, para que possamos absorvê-la em nosso coração e ver Sua gran­deza e formosura, estaremos em verdadeira comunhão com Deus.

O Senhor quer comunicar-se conosco através de sua Palavra. Se gastarmos tempo para meditar, experimentaremos a profun­didade e a imensidão da mensagem, e o Espírito de Deus falará conosco e nos moverá. E aqui um ponto importante. E Deus quem faz isso, não as palavras que estão impressas no papel. Ele usa Sua Palavra como um meio, um instrumento para co­municar-se conosco. "A minha alma está apegada ao pó: vivifi- ca-me segundo a tua palavra" (SI 119:25). Observe que é o pró­prio Deus quem pode vivificar o salmista. E Ele utiliza Sua pa­lavra como um instrumento para fazer isso.

Precisamos desenvolver amor pela Palavra de Deus. "Quan­to amo a tua lei! E a minha meditação todo o dia" (SI 119:97). Foi o amor à Palavra de Deus que impeliu o salmista a meditar nela. E aí que tudo deve começar. Peça ao Senhor que lhe dê amor e encanto por Sua Palavra: "Guia-me pela vereda dos teus mandamentos, pois nela me comprazo" (v. 35). "Aleluia! Bem- aventurado o homem que teme ao Senhor, e se compraz nos seus mandamentos" (112:1). "Terei prazer nos teus manda­mentos, os quais eu amo" (119:47).

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Líderes dignos de sua vocação e que irão verdadeiramente conduzir outros em sua caminhada espiritual devem ser pesso­as da Palavra.

OraçãoO segundo elem ento da com unhão é a oração. Deus fala conosco através da Sua Palavra, e nós falamos com Ele através da oração. Algo a ser lembrado é que há orações que movem a mão de Deus, e há outras que não têm efeito algum. Qual é a diferença?

Jesus falou sobre diferentes tipos de oração em uma pa­rábola.

"Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um fariseu e o outro publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: O Deus, graças te do porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho. O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda le­vantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propí­cio a mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que se exalta, será humilhado; mas o que se humilha, será exaltado" (Lc 18:10-14).

Certo verão tive o privilégio de ouvir um concerto no rio Pontomac, em Washington, D. C. A orquestra estava tocando a Abertura 1812. A certa altura, houve uma queima de fogos. Os foguetes não tentaram atingir nada; eles eram apenas "fogos de efeito". Isso acrescentou entusiasmo e dramaticidade à peça musical.

Recordo meus dias na Marinha durante a Segunda Guerra Mundial como observador de frente em uma unidade da arti­lharia. Eu observava uma seqüência de tiros em relação a seus alvos, orientando via rádio os atiradores para que melhorassem a pontaria. Eles então executavam uma nova seqüência, e eu lhes dava novas coordenadas. Finalmente, após as instruções finais, eu gritava para que "atirassem para efeito".

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Eu usei uma expressão semelhante relacionada à Abertura, mas quis dizer algo bem diferente. No final, a bateria abria fogo contra o alvo com um efeito devastador.

Assim é na parábola de Jesus. O fariseu orava meramente para efeito, como um meio para impressionar, e Jesus disse: "Ele orou de si para si mesmo". O publicano, por sua vez, lida­va diretamente com Deus. Ele orou com efeito, a fim de alcançar algo. Este é o tipo de oração que devemos oferecer a Deus. "Muito pode, por sua eficácia, a súplica dos justos" (Tg 5:16). Pois, para ser efetiva, a oração tem de ser fervorosa.

Isto é ilustrado por um incidente na Igreja Primitiva (At 12:1- 12). Herodes havia iniciado seu reinado de terror e perseguição aos cristãos. Já havia mandado matar Tiago, irmão de João, e preparava-se para fazer o mesmo com Pedro, que estava na prisão, seguramente guardado por dezesseis soldados. Mas seus irmãos oraram por Pedro, e, como resposta, o Senhor en­viou um anjo para libertá-lo.

Várias traduções usam palavras diferentes para descrever o tipo de oração que foi oferecido. A palavra usada para descre­ver a oração é a mesma empregada para descrever a intensida­de do sentimento de alguém que está sendo dilacerado em uma mesa de tortura.

A razão para essa fervente oração é óbvia. Primeiro, era fisi­camente impossível para Pedro escapar. A razão principal que desencadeou essa oração fervorosa, contudo, foi o passado de Pedro. Ele era conhecido por haver negado o Senhor quando as coisas se complicaram. Será que Deus estava respondendo às suas orações? Abundantemente! Na noite anterior à execução, Pedro estava dormindo como um bebê, acorrentado entre dois soldados. A fervente e efetiva oração daquele pequeno grupo de cristãos funcionou, e muito. Pedro não só escapou da morte, como também foi libertado da prisão de modo extraordinário. Deus ouviu e respondeu.

Há alguns anos acompanhei um médico que foi atender a um paciente em domicílio. Após examiná-lo, ele me disse: "O coração do homem está mal". Eu me perguntei como ele sabia. Aquele homem poderia contra-argumentar que nunca se havia

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sentido tão bem, que sua velha máquina estava em boa forma, e que o médico estava perdendo seu tempo conversando sobre isso. Mas, independentemente de tudo o que pudesse ser dito, o dr. Frank sabia que o coração do paciente não estava bem. Como? Simples. Ele ouviu o coração do homem com um este­toscópio e não prestou atenção ao que o homem dizia. O mes­mo acontece com Deus. Não oramos através de um microfone espiritual, com Deus escutando por meio de fones de ouvido celestiais. Ele, ao contrário, ouve nossas orações por meio de estetoscópios espirituais. "Este povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe de mim"(Mt 15:8). O chamado de Jeremias para "derramar seu coração como água perante o Se­nhor" (Lm 2:19) deve ser considerado hoje.

Você já ouviu alguma vez cristãos, ao partir, dizerem: "Vou orar por você"? Quantas vezes isso é meramente um modo de dizer adeus. Quão diferentes foram as palavras do apóstolo Paulo: "Porque Deus, a quem sirvo em meu espírito, no evan­gelho de seu filho, é testemunha de como incessantemente faço menção de vós, em todas as minhas orações" (Rm 1:9-10).

Pois oração, para ser fervorosa, tem de ser específica. Em muitas ocasiões, caímos na rotina de orar "Senhor, abençoa a igreja" ou "Deus, encoraje aos missionários" ou "Deus, ajude a classe". A oração do líder deve ser específica em duas áreas.

Primeiro, ela deve concentrar-se no crescimento e desenvol­vimento de cada pessoa liderada. O apóstolo Paulo nos deu um exemplo:

"Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não ces­samos de orar por vós, e de pedir que transbordeis de pleno conheci­mento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; afim de viver des de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda a boa obra, e crescendo no pleno conhecimento de Deus" (Cl 1:9-10).

Do mesmo modo, considere as orações de Epafras. "Saúda- vos Epafras que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se

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Nota
IMPORTANTISSIMO!
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esforça sobremaneira, continuamente, por vós, nas orações, para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus" (4:12).

Segundo, líderes devem orar pela maturidade espiritual de seu povo, e para que Deus levante dentre eles trabalhadores que possam ir para a colheita nos campos mundo afora.

"Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E então se dirigiu a seus discípu los: A seara na verdade é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara" (M t 9:36-38).

O bed iên c iaO último elemento da comunhão é a obediência. Não há comu­nhão com um superior sem que haja obediência a ele, e JesLis Cristo é muito maior que qualquer superior.

Antes de tornar-me cristão, passei algum tempo na ilha de Pavuvu, com a primeira divisão da Marinha, durante a Segun­da Guerra Mundial. Pavuvu era nosso campo de descanso en­tre as invasões. E que campo de descanso! A ilha estava infesta­da de moscas, saúvas, ratos e mosquitos. Nossas tendas tinham vazamentos, e muitas vezes encontrávamos pela manhã caran­guejos dentro de nossas botas. O calor era terrível, e a chuva diária era um estorvo. Para comer, não havia outra coisa senão rações.

Para tornar a vida um pouco mais suportável, os fuzileiros providenciavam Lima lata de cerveja por mês, para o enorme deleite de apreciadores de cerveja como eu. Embora acolhêsse­mos de bom grado este tratamento mensal, isso não satisfazia os que apreciavam cerveja como parte da dieta diária. Assim sendo, fiz um plano. Combinei com os que não bebiam, mas de igual modo recebiam suas latas, que me dessem as suas quando a ração de cerveja fosse entregLie. Isso era terminantemente proibido, é claro, mas em nossa turma uma medalha por bom comportamento eqüivalia a quatro anos de quebra de regras.

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Eu levava de doze a quinze latas de cerveja quente para mi­nha barraca, sentava-me bem no meio deles, e as abria com a ponta de uma velha baioneta japonesa. Depois de oito ou dez latas vazias, eu normalmente ficava L im pouco "alto" e começa­va a chacoalhar a lata antes de abri-la. Um dia, derrubei uma delas no chão por algumas vezes, finalmente coloquei-a em pé e consegui destampá-la com minha baioneta. E ela espirrou um jato de cerveja quente sobre o meu comandante que naquele instante havia acabado de entrar na barraca. E lá ficou ele, mo­lhado dos pés à cabeça. Durante as semanas que se seguiram, ele e eu não experimentamos o calor da comunhão que possuí­amos antes.

Não há comunhão com um superior sem obediência. Jesus disse: "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele"(Jo 14:21).

O Senhor deixou claro o perigo da desobediência.

"Por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que vos mando? Todo aquele que vem a mim e ouve as minhas palavras e as pratica, eu vos m ostrarei a quem ésem elhan te. E sem elhante a um hom em que, edificando uma casa, cavou, abriu profunda vala e lançou o alicerce sobre a rocha; e, vindo a enchente, arrojou-se o rio contra aquela casa, e não a pôde abalar, por ter sido bem construída. M as o que ouve e não pratica ésem elhante a um homem queedificou uma casa sobre a terra sem alicerces, e arrojando-se o rio contra ela, logo desabou; e aconteceu que fo i grande a ruína daquela casa" (Lc 6:46-49).

Uma vida de obediência aos líderes é a grande motivação dos que os seguem. Eles vêem suas vida e são desafiados a ní­veis mais altos de compromisso e obediência.

Resumindo: os níveis da comunhão são: a Palavra, a oração e a obediência. Eles são imperativos para líderes. Os líderes pre­cisam experimentar o poder de Deus em sua vida e ministério regularmente. Comunhão com o Senhor é o interruptor que completa a conexão e torna a energia disponível. Sem isso, os

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líderes não passam de organizadores de atividades e esforços humanos. Com isso, são ferramentas nas mãos do Deus Todo- poderoso para o cumprimento de Seu propósito na terra.

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A Vida Interior do Líder

Os babilônios eram um povo bárbaro. Seu código de moral e justiça era estranho e exótico para os hebreus cativos.

Para os babilônicos, matar um ser humano era como esmagar uma mosca. E lá estavam os escravos judeus, aterrorizados na­quela terra cruel, confrontados por regras, regulamentações e exigências, contrárias a tudo o que haviam aprendido em sua juventude, diante de uma situação aparentemente imutável; e eis que um dentre eles galgou uma posição de poder e autorida­de, em um império cheio de violência, superstição e adoração a falsos deuses. Durante os anos de cativeiro, esse homem seria convocado por reis pagãos para servir no cargo estratégico mais elevado do país. O mais extraordinário de tudo é que ele era um homem de princípios rígidos, que adorava ao Deus vivo e ver­dadeiro. Podemos aprender muito examinando a vida deste lí­der notável.

Daniel era apenas um rapaz quando foi escolhido pelo rei Nabucodonosor para uma tarefa especial. Pertencia a um pe­queno grupo designado pelo rei para aprender "a linguagem e

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literatura dos babilônios" (Dn 1:4). Ele e seus três companheiros faziam parte de um a elite com qualificações m uito especiais: "jovens sem nenhum defeito, de boa aparência, instruídos em toda a sabedoria, doLitos em ciência, e versados no conhecim en­to, e que fossem com petentes para assistirem no palácio do rei; e lhes ensinasse a cultura e a língua dos caldeLis" (v. 4). Form a­dos na cultura contemporânea, tinham privilegiada forma físi­ca, ótimas relações sociais, inteligência, intelectualidade, prepa­ro acadêm ico e experiência diplomática.

Qualquer deão de qualquer universidade recepcionaria com prazer em seu corpo discente jovens com tantas qualificações. Grandes empresas se empolgariam diante do currículo desses jovens. Mas eis aqui algo interessante: Deus levantou apenas um deles para uma posição de maior liderança espiritual. Por quê? Por causa de certas qualidades básicas na vida interior desse homem. Vamos examinar três dentre as mais impor­tantes.

P u reza de v id aUma característica primordial exibida por Daniel foi a pureza de vida. "Resolveu Daniel firmemente não contaminar-se com as finas iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia; então pediu ao chefe dos eunucos que lhe permitisse não contaminar- se" (Dn 1:8). Vale a pena notar que uma das primeiras coisas que Deus fez na aurora da criação foi separar a luz das trevas. Esse ato simboliza uma grande verdade espiritual: ou você está de um lado, ou está do outro. Não há espaço para cercas largas.

No inferno não há luz, e no céu não há escuridão. Nós, que entregamos a vida a Cristo, depois de experimentar Seu amor e perdão, estaremos um dia no céu; entraremos em SLias man­sões e desfrutaremos Sua presença. Como preparação para aquele grande dia, devemos acostumar-nos a caminhar na luz enquanto estivermos na terra.

O apóstolo Paulo prossegue no tema: "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto, que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? ou que comunhão da

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luz com as trevas? que harmonia entre Cristo e o Maligno? ou que união do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo" (2 Co 6:14-16).

Paulo usou cinco perguntas para criar uma linha de separa­ção entre Deus e a oposição. De um lado, reúne justiça, luz, Cristo, fé e a casa de Deus. Do outro, ilegalidade, escuridão, Satanás, incredulidade e falsa adoração. Ele especifica que não podemos misturar estas duas listas. Temos de escolher viver de um lado ou do outro. Essa é uma verdade óbvia; ainda que muitos tentemos fazer concessões ao pecado. Os líderes devem estabelecer um exemplo de comportamento que se iguale ao padrão das Escrituras: "E necessário, portanto, que o bispo seja irrepreensível, esposo de uma só mulher, temperante, sóbrio, modesto, hospitaleiro, apto para ensinar" (1 Tm 3:2).

Deus sempre observa a vida interior do líder. Quando rejei­tou o rei Saul e escolheu seu sucessor, Ele disse a Samuel: " Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei, porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor, o coração " (1 Sm 16:7). Eu e você tendemos a avaliar as pessoas superficialmente: apenas o que vemos. Deus olha o interior.

Há poucos anos atrás caiu um temporal sobre nossa cidade, destruindo janelas de lojas e bancos. Herb Lockyer, professor de nossa escola dominical por muitos anos, e sria esposa Ardis estavam voltando para casa de carro quando ela viu algo que partiu seu coração. Uma das árvores mais bonitas da cidade havia virado de raízes para cima por causa do vento. Ela cha­mou a atenção de Herb exclamando: "Olhe, Herb! Aquela árvo­re estava podre por dentro."

E era verdade. Embora admirada por todos devido à sua imponência e beleza, ela estava completamente carcomida por dentro. E, por estar podre em seu interior, quando teve de en­frentar o vento não resistiu. Ela caiu, e as pessoas que outrora apreciaram seus enormes galhos e sua linda folhagem aprende­

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ram uma verdade. A despeito de sua beleza exterior, a árvore estava interiormente apodrecida.

Assim também é com nossa vida. Se o líder cristão tenta ven­der uma imagem exterior sem consistência interior de pureza e santidade diante de Deus, um dia uma prova revelará seu ver­dadeiro caráter e natureza. Assim sendo, o líder precisa viver uma vida pura.

Paulo compartilha com Timóteo outra razão para a pureza moral.

" Entretanto, o firm e fundam ento de Deus permanece, tendo este selo:O Senhor conhece os que lhe pertencem. E mais: Aparte-se da injusti­ça todo aquele que professa o nome do Senhor. Ora, numa grande casa não há som ente utensílios de ouro e de prata; há também de madeira e de barro. A lguns, para honra; outros, porém , para desonra. A ssim , pois, se alguém a si m esm o se pu rificar destes erros, será u tensílio para honra, santificado e útil ao seu possu idor, estando preparado para toda boa obra" (2 Tm 2:19-21).

Esta passagem destaca uma verdade que é óbvia em nossa casa. Diferentes receptáculos possuem diferentes usos. Em mi­nha casa, temos um balde para lixo e outro a qrie é utilizado para guardar frutas. E minha esposa não as confunde. O princí­pio espiritual simples é que as pessoas podem escolher qLie tipo de vaso serão para a casa de Deus. Elas é quem decidem entre ser vasos de honra e desonra. Os critérios com os quais Deus es­colhe a qLiem usar, e para quais dos Seus propósitos na terra são demonstrados no final do (v. 21): os que se purificam a si mes­mos da desonra serão vasos para honra.

Anos atrás o tio de minha esposa, Art, deri-lhe um belo jogo de copos de cristal. Eles ocupam um lugar de honra em nossa casa e são usados apenas em ocasiões muito especiais. Suponha que você me visitasse e ficasse com sede. Eu o levaria à cozinha e o convidaria a servir-se com um copo de água fresca. Ao abrir o armário para pegar um copo, você constataria que um desses finos copos de cristal está manchado de gordura e sujeira. Bem

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na sua frente sobre a pia, há um copo de geléia superlimpo. Qual deles você escolheria?

A resposta é óbvia. Bem, você não é mais inteligente que Deus. Ele está buscando vidas que estejam limpas e puras. Elas então serão "utensílio para honra, santificado e útil ao seu pos­suidor, estando preparado para toda boa obra".

Note a palavra santificado. Há muita controvérsia entre o povo de Deus com relação a essa palavra, mas todos concor­dam que um de seus significados básicos é "ser separado". Deixe-me ilustrar isso. Tenho um amigo que é oficial graduado da Marinha. Em qualquer lugar que esteja a trabalho, tem um jipe à disposição para uso pessoal. E ele sabe onde encontrá-lo quando necessita. Ai de qualquer jovem subalterno que use o jipe sem autorização e com outro propósito que não o de servi- lo. Esse jipe é separado. Pertence ao superior e é para seu uso exclusivo.

O líder cuja vida é separada para o Senhor tem um impacto poderoso no mundo ao redor. Deus prometeu mostrar-se aos outros através desse líder. "Vindicarei a santidade do meu gran­de nome, que foi profanado entre as nações, o qual profanastes no meio delas; as nações saberão que eu sou o Senhor, diz o Se­nhor Deus, quando eu vindicar a m inha santidade perante elas" (Ez 36:23).

Geralmente os líderes ouvem de seus liderados pedidos para que definam o que é certo ou errado. Desejam viver vidas puras, mas de maneira honesta deixam claro que não estão cer­tos com relação a determinados assuntos. A Bíblia não só lida com assuntos específicos, como tam bém com princípios eter­nos. Quatro deles foram usados pelo Senhor em minha própria vida.

Logo depois que me tornei um cristão, percebi que certos hábitos e práticas de minha vida tinham de acabar. Eu sabia que eram errados e não honravam a Deus. Algumas outras coisas não estavam claras. Será que eram erradas ou não? A Escritura era taxativa com relação a perjúrio, roubo, mentira, mas e aque­las coisas para as quais não havia uma palavra específica?

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Tão logo comecei a questionar isso, o Senhor deu-me três versículos que têm sido de tremenda ajuda no correr dos anos. Eles contêm princípios de como discernir o que é certo e errado. Eu os chamo de princípios 6-8-10, porque se encontram em 1 Coríntios 6 ,8 e l0 .

1. Isso é útil? "Todas as cousas me são lícitas", mas nem tudo é benéfico. "Todas as cousas me são lícitas, mas eu não me dei­xarei dominar por nenhuma delas" (1 Co 6:12). Baseado neste versículo, posso perguntar a mim mesmo: E útil? Seja o que for que eu estiver prestes a fazer, será de ajuda para mimfisicam en­te, ou irá causar-me algum dano? Será uma ajuda à minha men­te, ou a fará concentrar-se em coisas que me levarão a pecar? Essas perguntas auxiliam a decidir com relação a filmes, pro­gramas de TV, livros e revistas. E quanto ao auxílio espiritual? Posso crescer espiritualmente, ou seria prejudicado em meu desenvolvimento espiritual?

2. Isso me domina?, isso me escraviza? A partir desse versículo (1 Co 6:12), concluí que qualquer coisa que se torna um hábito que não posso quebrar deve ser abandonada. Tenho amigos que hoje são escravos de cigarros, licores e drogas. Paulo disse: "Eu não me deixarei dominar por nenhuma delas" (1 Co 6:12).

3. Isso fa z outros tropeçar? "E deste modo, pecando contra os irmãos, golpeando-lhes a consciência fraca, é contra Cristo que pecais. E, por isso, se a comida serve de escândalo a meu irmão, nunca mais comerei carne, para que não venha a escandalizá- lo" (1 Co 8:12-13). Minha atitude levará outros a abandonar a fé? Talvez eu possa lidar com isso, mas outros não serão afeta­dos ao ver-me fazendo isso? Eles não terão problemas? Minhas ações os levarão a uma situação difícil? Nenhum homem é uma ilha. O que faço é visto e algumas vezes copiado por outros. Posso ser o único exemplo de um cristão que alguém tem. As­sim sendo, devo pensar nos outros quando tomo decisões sobre minhas atividades.

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4. Isso glorifica a Deus? "Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra cousa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus" (1 Co 10:31). Essa ação específica glorifica a Deus? Obser­ve a primeira pergunta na declaração de fé de Westminster. "Qual o principal propósito do homem?" A resposta: "O prin­cipal propósito do homem é glorificar a Deus e alegrar-se Nele para sempre". Eu e você devemos viver nossa vida para o lou­vor da Sua glória. Portanto, devo perguntar a mim mesmo: Posso fazer isso para a glória de Deus?

Essas três passagens bíblicas têm resistido ao teste do tem­po. Elas contêm princípios duradouros do Deus que a tudo co­nhece e que é todo-amor.

A pergunta que Ele faz é, então: O que há no seu interior? A fachada exterior deve refletir a vida interior. Os líderes devem m anter um cam inhar santo diante do seu povo e aplicar freqüentemente 1 João 1:9: "Se confessarmos os nossos peca­dos, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça".

HumildadeOutra característica vital ao considerar a vida interior do líder é a humildade. De uma situação na qual a maioria ficaria satisfei­ta se apenas sobrevivesse, Daniel foi elevado a um lugar de poder e influência. Sob sua liderança o reino prosperou, e ele deu ao rei instruções e orientação. Apesar de tudo isso, ele per­maneceu um humilde servo de Deus. Em muitas ocasiões, quando poderia ter exaltado a si próprio, Daniel não hesitou em dar todo o crédito ao Senhor.

Daniel respondeu: "O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos, nem astrólogos o podem revelar ao rei; mas há um Deus nos céus, o qual revela os mistérios, pois fez saber ao rei Nabucodo- nosor o que há de ser nos últimos dias. O teu sonho e as visões da tua cabeça, quando estavas no teu leito, são estas: Estando tu, ó rei, no teu leito, surgiram-te pensamentos a respeito do que há de ser depois disto.

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A quele, pois, que revela mistérios te revelou o que há de ser. E a mim m efo i revelado este mistério, não porque haja em mim mais sabedoria do que em todos os viventes, mas para que a interpretação se fiz esse saber ao rei, e para que entendesses as cogitações da tua m ente" {Dn 2:27-30).

Um espírito humilde é a marca registrada da pessoa usada por Deus. Ele requer isso de Seus servos. "Eu sou o Senhor, este é o meu nome; a minha glória, pois, não a darei a outrem, nem a minha honra, às imagens de escultura" (Is 42:8). Quando Seu povo se desvia do caminho e começa a orgulhar-se, Deus tem um modo de trazê-lo de volta ao caminho direito e estreito.

Certo verão tive o privilégio de visitar um campo missioná­rio no exterior. Um dos missionários contou-me uma história fascinante.

Quando saiu de sua terra para o ministério, considerava-se um presente de Deus para o mundo e em especial para o país ao qual havia sido enviado. Sua atitude básica era: "Esperem até que eu chegue aí. Mostrarei a vocês! Tão logo me instalar, colocarei todos nos trilhos e farei com qLie as programações fun­cionem". Assim ele chegou e iniciou seu trabalho.

Não é preciso dizer que sua atitude para com os colegas de ministério não os cativou. Eles viram seu espírito soberbo e se desmotivaram. Pior de tudo, Deus observou seu com porta­mento e não recompensou seus esforços. Nada deu certo. To­dos os seus planos visionários transformaram-se em pó. A Bí­blia diz:

"Rogo igualmente aos jovens: sede submissos aos que são mais velhos; outrossim, no trato de uns com os outros, cingi-vos todos de hum ilda­de, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça. H umilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte" (1 Pe 5:5-6).

Deus resiste, e não abençoa, ao soberbo, e Ele é a pessoa per­feita para resistir a você!

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A história teve um final feliz, no entanto. O homem reconhe­ceu seu erro, arrependeu-se de seu pecado e começou a cami­nhar humildemente com Deus. E sua vida tornou-se uma bên­ção. "Ele te declarou, ó homem, o que é bom; e que é o que o Senhor pede de ti, senão que pratiques a justiça, e ames a mise­ricórdia, e andes humildemente com o teu Deus?" (Mq 6:8).

Muitas passagens tratam deste assunto. Aqui estão algumas cruciais.

Provérbios 6:16-17: "Seis cousas o Senhor aborrece... olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocen­te". Note o que está no topo da lista.

Provérbios 8:13: "O temor do Senhor consiste em aborrecer o mal; a soberba, a arrogância, o mau caminho".

Por que Deus se opõe com tanta veemência ao orgulho? Se­ria essa uma diretriz sem propósito estabelecida por ele? Não, é claro que não. Como tudo mais nas Escrituras, quando o Se­nhor tenta nos amoldar a Seus padrões, é visando o nosso pró­prio bem. O caminho para uma vida plena e feliz é tirar os olhos de nós mesmos e viver para os outros. Os líderes só prospera­rão se caminharem com esse espírito. O orgulho é uma das principais ferramentas do diabo para manter nossos olhos em nós mesmos e desviá-los dos outros.

Quando você olha só para si mesmo, torna-se insensível às necessidades alheias. Acaba passando a vida machucando, ofendendo, usando e abusando dos outros, talvez sem nem se­quer ter consciência. Observo essa atitude na vida de pessoas em posição de liderança e é trágico assistir ao seu declínio.

Filipenses 2:3-4: "Nada façais por partidarismo, ou vanglo­ria, mas por humildade, considerando cada um os outros supe­riores a si mesmo. Não tenha cada um em vista o que é propri­amente seu, senão também cada qual o que é dos outros".

Um exemplo claro do efeito corrosivo do orgulho pode ser visto na vida de Uzias, um dos reis de Judá (2 Cr 26:3). A princí­pio, a atitude básica de seu coração era pura. "Nos dias em que buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar"(v. 5). Ele se tornou

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famoso e bem -sucedido. "Os am onitas deram presentes a Uzias, cujo renome se espalhara até à entrada do Egito, porque se tinha tornado em extremo forte" (v. 8). Ele organizou exérci­tos poderosos e Deus o abençoou.

Aí começou o princípio de sua queda. "Mas, havendo-se já fortificado, exaltou-se o seu coração para a sua própria ruína, e cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus, porque en­trou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do in­censo" (v. 16). O problema? Ele não consegriiu lidar com o su­cesso. Foi vencido pelo orgulho. E Deus o feriu com lepra.

Os líderes precisam ser capazes de definir e comunicar seus objetivos e assim determinar o melhor caminho a seguir para alcançar esses alvos. O orgulho é o maior de todos os inimigos nesse momento.

Quando as pessoas estão cheias de orgulho, não conseguem enxergar a melhor maneira de realizar seus propósitos, pois só conseguem ver o que lhes traz maior honra e reconhecimento. Por alguma razão, o orgulho as cega para que não encontrem o melhor caminho. A mente delas recusa-se a ter discernimento, vendo somente o que o seu orgulho quer que veja. E isto tem conseqüências mortais.

O rei Nabucodonosor também caiu por causa disso. "Quan­do, porém, o seu coração se elevou, e o seu espírito se tornou soberbo e arrogante, foi derribado do seu trono real, e passou dele a sua glória" (Dn 5:20).

Por outro lado, Isaías retrata o tipo de pessoa usada por Deus.

"Assim diz o Senhor: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis vós? E qual é o lugar do meu repou­so? Porque a minha mão fez todas estas cousas, e todas vieram a exis­tir, diz o Senhor, mas o homem para quem olharei é este: o aflito e aba­tido de espírito e que treme da minha palavra" (Is 66:1-2).

Ouvi Billy Graham dizer em inúmeras ocasiões que ele dá toda a glória a Deus por qualquer coisa que venha a ser realiza­

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da através de seu ministério. E ele declara enfaticamente que, se tocar nessa glória, estará morto.

Um espírito soberbo, portanto, é mortalmente perigoso para os líderes. Ele mata sua eficiência para Deus, pois gera duas ter­ríveis doenças na alma. A primeira é a ignorância. O orgulho tor­na a pessoa auto-suficiente e intocável e fecha seus olhos para as próprias necessidades, levando-a a ignorar bons conselhos e recomendações de outros.

Por toda a Escritura, Deus chama nossa atenção para o tre­mendo valor de um conselho. "Onde não há conselho fracas­sam os projetos, mas com os muitos conselheiros há bom êxito" (Pv 15:22).

Aconselhamento espiritual, contudo, deve ser o que tem em seu âmago o interesse do Senhor. Ou seja, o que é melhor para o reino de Deus. Muitos buscam conselho somente com os que têm opinião semelhante; outros ficam decepcionados porque não conseguem receber conselhos imparciais. Conselhos, mes­mo quando dados por alguém que ama você de verdade e está interessado em seu melhor, podem estar totalmente errados.

Lembro-me de haver discutido isso com G. Christian Weiss, respeitado missionário que era também estadista. Ele me disse que nunca teria ido para o campo missionário se tivesse ouvido os conselhos de seus amigos e parentes. Eles achavam que ele estava jogando sua vida fora. Eles o amavam e desejavam o me­lhor para ele.

Os líderes devem ter esses exemplos diante de si quando estiverem dando e recebendo conselhos. Devem ser maleáveis, porém não ingênuos. Devem pesar bem as palavras que ouvem à luz da Bíblia e do bem-estar do reino de Deus. Seu coração deve manter-se aberto aos outros. "Não havendo sábia direção, cai o povo, mas na multidão de conselheiros há segurança" (Pv 11:14).

A segunda doença causada pelo orgulho é a insegurança. Lí­deres com os olhos sobre si mesmos têm uma preocupação ex­cessiva sobre o que os outros pensam sobre eles. Estão constan­temente avaliando a si mesmos, e comparando seu desempe­

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nho com o dos outros. A Palavra de Deus declara que isso é to­lice e falta de sabedoria. "Porque não ousamos classificar-nos ou comparar-nos com alguns que se louvam a si mesmos; mas eles, medindo-se consigo mesmos e comparando-se consigo mesmos, revelam insensatez" (2 Co 10:12).

Em vez de descansar na bênção que é saber que "Deus dis­pôs os membros, colocando cada um deles no corpo, como lhe aprouve", líderes inseguros estão constantemente preocupados com o que os outros pensam deles. Isso os torna menos eficien­tes no ministério, porque seus olhos não estão mais fixos nos objetivos. Seus companheiros tornam-se uma ameaça, mais do que uma ajuda.

Como resultado, eles caem em dois extremos. Ou tentam impressionar com planos ambiciosos e grandes programas, fei­tos para provar o que podem fazer, ou retiram-se à inatividade. Se iniciam tais programas, é provável que o façam induzidos pela energia da carne, e eles por fim fracassarão. Recordo ter visto um homem agindo assim, com trágicos resultados. Foi como observar uma grande fábrica, produzindo com força to­tal. A poeira se espalhava, as máquinas faziam barulho, as pes­soas estavam ocupadas, mas nada saía da linha de produção. A insegurança dos líderes levou-os a uma avalanche de ativida­des, que carecia da bênção de Deus.

O outro extremo, é claro, é o medo do fracasso, que leva à paralisia. Ao contrário de admitir suas fraquezas e caminhar pela fé, eles acabam não fazendo nada. O apóstolo Paulo reco­nheceu suas limitações, mas encontrou nelas um recurso em seu serviço para Cristo: "Por causa disto, três vezes pedi ao Se­nhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha gra­ça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo " (2 Co 12:8-9). Um espírito hu­milde na vida do líder é uma força poderosa nas mãos do Deus Todo-poderoso.

Como um líder deve manter esse espírito diante do Senhor? Há muitas coisas envolvidas, é claro, mas uma se destaca. Para

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caminhar humildemente diante de Deus, um líder precisa viver uma vida de genuíno louvor. No céu, os seres que circundam o trono de Deus clamam: "Santo, Santo, Santo é o Senhor Deus Todo-poderoso" (Ap 4:8).

Se os líderes viverem nesse espírito de louvor, estarão cons­cientes de sua própria pecaminosidade e fraqueza. Mas essa consciência não será fruto de uma introspeção doentia. Virá de um coração cheio de louvor a Deus por Sua santidade e poder. Isso, por sua vez, pode ser usado por Deus para impeli-los à fé e à confiança na promessa: "Tudo posso naquele que me forta­lece" (Fp 4:13).

F éA terceira característica vital na vida interior de um líder é a fé. A Bíblia diz: "De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, por­quanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam" (Hb 11:6). Constantemente ouvimos que Deus busca em Seus seguidores fé semelhante à de uma criança. Por quê? O que está envolvido aqui? Discutiremos quatro aspectos.

Primeiro, fé significa crer que Deus proverá. "E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades" (Fp 4:19). Minha primeira tarefa como obreiro cristão foi em Pittsburgh. Cheguei com o dinheiro contado. Nosso orçamento era apertado e tínhamos muitas necessidades.

Nossa casa seria bastante utilizada em nosso ministério, mas a sala não possuía móveis, com exceção de uma escrivaninha em frente à janela. Assim minha esposa, o jovem pastor Ken Smith e eu decidimos orar por necessidades específicas de nos­sa sala. Oramos por duas mesas grandes, mais uma de café e uma cadeira para o canto.

No dia seguinte, o telefone tocou. Um homem perguntou por Ken e disse: "Rev. Smith, não sei se o senhor se lembra de mim, mas outro dia conversamos e o senhor deu seu testemu­nho lá no centro da cidade. Bem, estou sendo transferido para

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Buffalo, Nova Iorque, onde consegui um emprego muito bom. Decidi desfazer-me de grande parte de meus móveis, mas há algumas peças das quais não consigo livrar-me. Espero que não se ofenda, mas pensei que talvez pudesse usá-las. Será que verá utilidade nessas duas mesas grandes, mais uma de café e uma cadeira de canto?"

Ken deixou cair o telefone. Depois pegou-o de volta e res­pondeu que iríamos buscar os móveis imediatamente. Aluga­mos um trêiler e à tarde a sala já estava mobiliada.

Vivíamos no lado norte da cidade, e era difícil chegar até a universidade que ficava no lado leste. Eu gastava oito horas por dia no câmpus testemunhando aos estudantes e realmente pre­cisava de um carro. Ray Joseph, um jovem seminarista, e eu nos reuníamos regularmente às 5 da manhã nas quartas-feiras para orar por nossa vida e ministério. Certa manhã, pedimos especi­ficam ente que Deus provesse um carro para levar-m e ao câmpus.

Na noite da quarta-feira, o telefone tocou. Era uma senhora da Primeira Igreja Presbiteriana, que ensinava numa classe de adultos. Ela disse que um dos homens da classe, Bill Newton, havia comprado um carro e queria dá-lo a quem necessitasse de um. Sua classe havia ouvido que eu trabalhava na universidade e queria saber se eu gostaria de usar o carro. Eu lhe disse que na verdade esse era um motivo de oração.

Ela respondeu: "Suas orações foram respondidas!".Bill e Edie Newton não somente nos doaram o carro, como

também toda a classe arrecadou mais 150 dólares para o conser­to do motor e providenciou seguro de um ano, licenciamento e ainda por cima um tanque de gasolina.

Eu havia mudado para Pittsburgh vindo da Costa Oeste e logo descobri que minhas roupas estavam um pouco fora de estilo para o nível de prestígio daquela escola do Leste. Os estu­dantes vestiam ternos cinza-escuro, gravatas-borboletas cinza e pretas, além de sapatos e meias pretas. Toda segunda-feira jan­távamos em casas diferentes e pregávamos o evangelho.

No meio desse mar depreto eu SLirgia como u m a .írvorede Natal. Eu tinha um terno verde-claro, uma gr.ivnla borboleta

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florida e um par de sapatos amarelos. Assim, comecei a orar com respeito ao meu guarda- roupas. Dentro de uma semana, Deus providenciou um terno escuro que me serviu perfeita­mente. Na semana seguinte, Ken Smith e eu estávamos ajudan­do a uma senhora idosa com alguns trabalhos domésticos. Ao terminar o serviço, já estávamos saindo quando ela enfiou uma caixa de papelão debaixo do meu braço. A caminho de casa, abri o pacote e descobri um par de sapatos pretos que eram exa­tamente o meu número.

Outra necessidade minha era a de um relógio. O meu havia sido quebrado naquele verão por alguns garotos, na escola bí­blica de férias que eu havia liderado em minha cidade natal de Neola, Yowa. Por não ter relógio, eu às vezes me atrasava para os compromissos e sabia que isso desonrava ao Senhor. Então orei.

Uma noite ministrei para uma classe bíblica de sábado à noi­te, que havia começado por intermédio do ministério do dr. Donald G. Barnhouse. Na quarta-feira seguinte, um membro daquela classe veio à nossa casa com um presente de agradeci­mento. Era uma caixa do tamanho de um livro, e eu fiquei mui­to alegre. Mas quando abri, descobri que não era um livro e sim um relógio de pulso, um Ômega automático que tenho até hoje. Para mim, como jovem líder cristão em uma cidade estranha, Deus mostrou de várias maneiras e em vários momentos que estava pronto, disposto e apto a suprir minhas necessidades.

Fé também significa crer que o que fizerm os para Deus prospera­rá. "Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha" (SI 1:3).

Nossa propriedade tem um riacho que atravessa toda a sua extensão, cercado por capim, árvores e flores silvestres. O jar­dim de minha esposa, seu orgulho e alegria, também dá para o riacho. Ela cuida do jardim constantemente. Quando uma planta parece estar enferma, ela a alimenta com água ou ferti­lizante. Contudo, ela não se agacha para cuidar das árvores e arbustos do riacho que crescem a esmo. Seus olhos estão cons-

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tantemente nas coisas q u e ela plantou. A Bíblia ensina que não somos plantas selvagens crescendo aqui e ali. Somos "árvores plantadas" por nosso Pai Celestial. Estamos sob o Seu cuidado e proteção constante, cercados pelos rios do Seu amor, miseri­córdia e graça.

O salmista enfatiza esta verdade novamente: "Ele não per­mitirá que os teus pés vacilem; não dormitará aquele que te guarda. E certo que não dormita, nem dorme o guarda de Isra­el. O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita" (SI 121:3-5).

Li recentemente a respeito de um incidente na vida de um famoso capitão do mar na época das grandes embarcações. Ele estava cruzando o Atlântico de Liverpool a Nova Iorque, quan­do uma grande tempestade começou. As ondas eram gigantes­cas, o vento soprava com a força de um furacão, e o navio era violentamente arremessado de um lado para o outro.

Os passageiros, aterrorizados, vestiram seus salva-vidas e prepararam-se para o pior. A filha do capitão, de oito anos, esta­va a bordo. Ela acordou com o barulho e perguntou, alarmada, o que estava acontecendo. Eles lhe falaram da tempestade e a condição de perigo em que se encontrava o navio.

Ela indagou: "Meu pai está no convés?".Eles lhe asseguraram que sim.Ela sorriu, deitou a cabeça de volta no travesseiro e adorme­

ceu em poucos minutos.Esse é o tipo de fé semelhante à de uma criança que agrada a

Deus. Ele nos garante que guarda nossa alma, que não descansa nem dorme.

Fé também significa crer que D eus é absolutam ente confiável. Isso foi ilustrado certa vez por meu filho mais novo. Sua bicicle­ta já se tornara pequena e ele queria uma maior. Foi até a bicicletaria e examinou uma por uma. Ele não nos atormentou nem choramingou quando discutimos se tínhamos ou não di­nheiro para comprá-la. Sua atitude foi: "O que você decidir está bem, pai".

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"Justo és, Senhor, e retos os teus juízos. Os teus testemunhos, tu os impuseste com retidão e com suma fidelidade" (SI 119:137- 138). Deus nunca fez uma coisa errada sequer. O que Ele nos convida a crer e fazer é absolutamente seguro. Sua palavra é completamente digna de confiança. O que Ele decide, aonde nos conduz e o que diz é seguro. Suas promessas são seguras. Sua vontade é boa, agradável e perfeita.

Além de descansar nas promessas, proteção e confiabilidade de Deus, podemos observar outro faixo de luz resplandecendo do caráter de Deus: o poder de Deus. No último verão eu estava meditando na história do pai e da criança como registrada em Marcos 9. Jesus e três discípulos haviam descido do monte da transfiguração e encontrado uma cena desencorajadora. O pai havia trazido o filho aos discípulos de Jesus para que o ajudas­sem, mas eles não puderam fazer nada. Jesus perguntou ao pai há quanto tempo aquele situação se mantinha.

O pai respondeu: "Desde a infância " (v. 21). Ele continuou: "E muitas vezes o tem lançado no fogo e na água, para o matar; mas, se tu podes alguma cousa, tem compaixão de nós e ajuda- nos" (v. 22). Note as palavras alguma cousa. O pai ficaria satisfei­to com qualquer tipo de ajuda.

Mas Jesus respondeu: "Se podes! Tudo é possível ao que crê" (Mc 9:23).

Sua resposta é fascinante. O pai havia dito "Se podes" e Je­sus respondeu: "Tudo é possível ao que crê". O problema nun­ca é o que ou quanto Jesus pode fazer. O problema reside no que podemos crer. E como Jesus disse a dois cegos certa oca­sião. "Faça-se-vos conforme a vossa fé" (Mt 9:29).

A vida interior dos líderes os fará bem sucedidos ou os des­truirá. Se eles negligenciarem o cultivo da pureza, da humilda­de e da fé, enfrentarão grande dificuldade. Por outro lado, se estiverem determinados a ser o tipo de pessoa que Deus quer... "Porque, quanto ao Senhor, seus olhos passam por toda a terra, para mostrar-se forte para com aqueles cujo coração é totalmen­te dele" (2 Co 16:9). Pela graça de Deus, você pode ser esse líder.

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A Atitude do Líder para com os Outros

Como foi explicado no capítulo anterior, o desempenho ex­terior e o sucesso dos líderes cristãos dependem em grande

parte de sua vida interior. Nenhuma pessoa que seja orgulhosa, preguiçosa, egoísta ou hipócrita deve ter seguidores. Examina­remos agora a vida interior dos líderes em outra área: suas atitu­des básicas com relação aos outros.

O apóstolo Paulo disse: "Ora, o intuito da presente admoes- tação visa o amor que procede de coração puro, e de consciência boa, e de fé sem hipocrisia" (1 Tm 1:5). O objetivo final de todo o seu ensino era produzir amor para com os outros, uma boa consciência, e uma fé genuína em Deus. Essa é a base da vida de alegria: Jesus primeiro, os outros em segundo lugar, e você por último.

Vejamos as características interiores indispensáveis que aperfeiçoarão o relacionamento do líder com aqueles que o se­guem.

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Um coração de servoJesus nos deu um resumo básico de Sua vida: "Pois o próprio Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos" (Mc 10:45). Ele estava entre nós como aquele q Lie servia (veja Lc 22:27).

Hoje não é possível servir ao Senhor levando um animal para o sacrifício ao cume de um monte, acendendo uma foguei­ra e oferecendo o animal. Para servir a Deus, devemos servir aos outros, como fez Jesus.

Os líderes devem oferecer sua própria vida no altar de Deus para ser consumida pela chama do Seu amor, no serviço a ou­tros. "Nisto conhecemos o amor, que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos" (1 Jo 3:16).

Isto, obviamente, contraria a prática comum da liderança secular. Vá a qualquer escritório onde está exposto o organograma da empresa, e você verá que o nome do líder está no topo, e todos os demais aparecem abaixo. Na maioria dos casos, esse líder e os mais altos escalões de gerenciamento exi­gem serviço de outros.

Jesus veio e reverteu a direção do serviço sem abrir mão da liderança. Ele disse a Seus apóstolos:

"Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, será vosso servo; tal como o filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos " (Mt 20:25-28).

Muito do ensino de Cristo era revolucionário e estranho para os ouvintes de seu tempo. Com relação à liderança, Ele conti­nua a ter um enfoque incompreensível em uma época que nos convoca a escalar até o topo. A Bíblia ensina que liderar é servir. Em nossos momentos mais espirituais, reconhecemos a verda­de desse conceito e respondemos com uma atitude calorosa e positiva. O problema, no entanto, surge no dia-a-dia. É muito

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mais fácil deixar que o outro nos traga o chá gelado naquele dia bem quente. Quanto tempo faz que não engraxamos o sapato de alguém, isso sem falar em lavar os pés dessa pessoa!

Certa noite minha esposa e eu servíamos um jantar de peixe para umas 20 pessoas. Algumas delas haviam visitado o lago e retornado com aproximadamente quarenta maravilhosas tru­tas. Como sobremesa, tomamos muito sorvete feito em casa. Quando terminamos, alguém sugeriu ajuda com a louça. Gran­de idéia!

Enquanto os homens organizavam a arrumação dos móveis, a limpeza do chão, a retirada do lixo, a lavagem dos pratos, vi uma cena difícil de acreditar. Um dos nossos companheiros, que mais havia comido e aproveitado o jantar, levantou-se de sua cadeira, caminhou na direção da janela e escondeu-se atrás das cortinas. E isso mesmo! Escondeu-se atrás das cortinas!

Depois do trabalho organizado e quase concluído, ele apare­ceu, pegou uma cadeira, sentou-se e começou a ler uma revista. Lembre a declaração de Jesus: "Pois qual é o maior: quem está à mesa ou quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve" (Lc 22:27). Este colega entendeu o contrário.

Há sempre espaço para mais um servo. Os poucos lugares sob os holofotes estão sempre lotados, mas sempre há lugar nos bastidores para a pessoa que está ansiosa por servir.

Estêvão foi um homem cheio de fé e poder, e os inimigos de Cristo não podiam resistir à sabedoria e ao espírito com o qual ele falava. Ele possuía um extraordinário entendimento da Pa­lavra de Deus e a ousadia para pregá-la com convicção. Um dia os apóstolos vieram a Estêvão e perguntaram se ele serviria às mesas para algumas viúvas gregas que estavam sendo negli­genciadas na distribuição diária de alimento.

Estêvão poderia ter dito: "Eu? Servir às mesas? Você aparen­temente não conhece minha sabedoria, poder, fé e capacidade de pregar. Ache outra pessoa para ficar nas sombras e servir. Tenho certeza de que serei mais bem utilizado sob os refletores, no centro do palco".

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Mas não, graças a Deus, esta não foi sua reação. Ele pronta­mente tomou seu lugar entre os seis outros servos e trabalhou junto às mesas. Estou seguro de que esta foi uma das principais razões que o lavaram a ser reconhecido sob os holofotes de Deus através dos séculos. Somente uma pessoa poderia ter sido o primeiro mártir na causa de Cristo, e Estêvão foi essa pessoa. Ninguém jamais poderá substituí-lo.

A Bíblia ensina que o caminho para a subida é a descida. "Mas o maior dentre vós será vosso servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo humilhar será exal­tado" (Mt 23:11-12).

Um espírito sensívelUma segunda atitude necessária ao líder em relação às outras pessoas pode ser descrita como um espírito sensível. Jesus no­vamente é nosso melhor exemplo. Observe Sua reação às neces­sidades das pessoas.

“Naqueles dias, quando outra vez se reuniu grande multidão, e não tendo eles que comer, chamou Jesus os discípulos e lhes disse: Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não têm o que comer. Se eu os despedir para suas casas, em jejum, des­falecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe" (Mc 8:1-3)

Jesus sabia quanto tempo uma pessoa poderia ficar sem co­mer. Ele mesmo havia jejuado quarenta dias e quarenta noites no deserto. Mas ele não olhou ao redor e insistiu para que a multidão se ajuntasse para mais uma reunião. Ele poderia ter dito: "Não falem comigo sobre fome. Eu sei o que é isso. Fiquei quarenta dias sem comer, e esse povo está aqui há apenas três. Digam que parem de reclamar. Nós apenas começamos".

Essa é uma falha comum entre pessoas em posição de lide­rança. Elas avaliam suas próprias capacidades e esperam que os outros as acompanhem. Mas as coisas não são assim. Muitos cristãos sinceros e devotados ao Senhor são limitados em suas habilidades. Devido ao fato de os líderes serem capaz de traba­

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lhar duro por mais tempo, têm uma capacidade maior para ora­ção e uma fome mais intensa pela Palavra, eles podem normal­mente distanciar-se dos que estão ao redor. E é isso que os faz serem líderes.

Assim, os líderes devem ser sensíveis às necessidades do povo e serem compassivos ao lidar com as pessoas. Algo que devem fazer, acima de tudo: conhecê-los individualmente.

Um dia, na volta da escola para casa, eu falei para meu filho sobre o meu dia e sobre como as coisas tinham sido. E então elè começou a falar-me sobre o dia dele. Mencionou o quanto gos­tava de certo professor. E eu lhe perguntei por quê.

Foi simples. "Pai, ele sabe o meu nome." Incrível! Não tinha nada que ver com sua habilidade ou formação acadêmica. Meu filho não contou se o homem falava alto ou baixo, se era brinca­lhão ou rígido. O professor sabia o nome do Rady. Isso era tudo.

Mas o Senhor falou comigo através dessa situação. As pesso­as estão famintas por serem reconhecidas. Não somente isso, se os líderes são realmente o que são, devem conhecê-las. Esse é o único caminho através do qual podem ser úteis a elas ou liderá- las de maneira significativa.

As Escrituras ensinam claramente que devemos lidar com pessoas de acordo com suas características individuais. "E xortam o-vos, tam bém , irm ãos, a que adm oesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos, e sejais longânimos para com todos" (1 Ts 5:14).

Três grupos são mencionados nesta passagem. O primeiro é formado por aqueles que precisam ser mantidos com rédeas curtas — os insubordinados.

Um pastor de ovelhas com certeza entenderia esse aspecto da liderança, protegendo seu rebanho de se machucar ou se desgarrar. "Também escolheu a Davi, seu servo, e o tomou dos redis das ovelhas; tirou-o do cuidado das ovelhas e sua crias, para ser o pastor de Jacó, seu povo, e de Israel, sua herança. E ele os apascentou consoante a integridade do seu coração e os dirigiu com mãos precavidas" (SI 78:70-72).

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Talvez os "insubordinados" incluam aqueles que, diante de um problema ou dificuldade, querem jogar a toalha e desistir. Eles poderiam continuar, mas acham mais fácil abandonar o ringue. Eles possivelmente foram ofendidos por alguém e que­rem recolher suas bolinhas de gude e ir para casa. Esta, logicamente, é a reação de pessoas imaturas, que têm de ser tra­tadas com luvas de pelica. A razão? São crianças. Mas necessi­tam de ajuda, e o líder deve "grudar" nelas. Isto requer paciên­cia redobrada e orações específicas, mas pode ser feito.

O segundo grupo mencionado são o s fraco s de espírito, ou, melhor, os covardes, os tímidos. São pessoas que tendem a ter medo da própria sombra. Necessitam ser guiados ao lugar onde podem dar um passo de fé e finalmente partir para águas mais profundas e experimentar a confiança de Deus.

A maior ajuda para essas pessoas é ouvir o testemunho de outros que têm caminhado e provado que o Senhor é fiel. Deus pode usar esses testemunhos para gerar coragem na vida dos tímidos.

Há alguns anos houve em nossa cidade uma reunião perió­dica de estudo bíblico para mulheres liderada por Morena Downing. Essa senhora conhecia ao Senhor há muitos anos e seu testemunho radiante de fé genuína em Deus inspirava a muitos, incluindo a mim. Sua classe havia crescido muito, com as mulheres testificando que fora através da liderança da sra. Downing que elas haviam "saído da toca".

Muitas agora se sentiam mais confiantes para falar de Cristo. Outras, adquiriram coragem para tomar posição ao lado da jus­tiça e da verdade, mesmo quando isso não fosse popular. Como conseqüência, mais pessoas conheceram o Salvador através da vida dessas mulheres. Morena verdadeiramente fortaleceu os "abatidos".

Harvey Oslund é líder cristão na capital dos Estados Unidos, e sua vida tem sido grandiosamente abençoada por Deus. Hoje muitos homens e mulheres que foram alcançados e treinados por esse homem estão servindo ao redor do mundo. Um de seus pontos fortes é a habilidade de inspirar pessoas a doar-se sacrificialmente a Deus.

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Novamente, não é tanto o que Harvey diz, mas o que ele faz. Sua vida, seu dinheiro, tudo o que ele tem e é, foi dado a Deus. Ele é um dos homens mais generosos que já conheci. Tenho conversado com pessoas que aprenderam a alegria de doar por causa do exemplo dele. Antes de conhecer o Harvey, tinham medo de ser generosos; sentavam-se sobre um saco de dinhei­ro, enquanto hesitavam em depositar uma moedinha no gazo- filácio. Observando a vida deste homem, mudaram de atitude completamente. Hoje, são marcados pelo sacrifício e pela gene­rosidade. Quando necessidades específicas aparecem, eles dão corajosos passos de fé e experimentam a alegria de doar.

Lembre-se: "Tendo-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus: Mas bem-aventurado é dar que rece­ber" (At 20:35). Não-colaboradores tímidos, hesitantes e relu­tantes têm-se transformado em doadores audaciosos e alegres. Como? Uma vez "covardes", foram desafiados pela vida de um homem que abriu o caminho. Sua vida e testemunho os inspi­rou, os fortaleceu e os capacitou para mudar.

O último grupo mencionado é formado pelas pessoas que são fracas. Creio que isso se refere aos cristãos atormentados por pecados habituais. A instrução é "Ajudai os fracos". Aqui nova­mente há pessoas que necessitam de atenção especial, muitas vezes pessoal, e ajuda individual. Freqüentemente elas são aju­dadas pela oportunidade de conversar sobre suas fraquezas com alguém em quem confiam. É algo assustador ouvir a histó­ria que você compartilhou com seu líder repetida por todo o grupo, mesmo quando os nomes foram trocados para proteger o culpado!

O fato de que cristãos têm uma dura batalha com o pecado certamente não é indicação de que ele perdeu o potencial para ser usado pelo Senhor. Dawson Trotman, fundador dos Na­vegadores, sempre falava de sua batalha contra a mentira quan­do era novato na fé. Ele se propunha a parar de praticá-la, apenas para cair de novo e de novo. Finalmente, com o amor paciente e as fervorosas orações de um piedoso professor de

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escola dominical, ele conseguiu vencer o hábito, com a ajuda do Senhor.

Rod Sargent é um homem poderosamente usado pelo Se­nhor no mundo inteiro. Quando novo convertido, no entanto, experimentou muitas dificuldades por causa do alcoolismo. Antes de sua conversão, passava várias noites nos bares de Los Angeles, para acordar na manhã seguinte com dores de cabeça terríveis, seguidas de pavorosos lapsos de memória. Ele se en­tregou a C risto através de um grupo de com unhão em Pasadena e continuou a freqüentar o grupo para estudar a Bí­blia e orar. Mas ocasionalmente sucumbia à velha tentação de ir ao bar e tomar alguns tragos.

A vida dupla trouxe-lhe o medo de que o grupo descobrisse e não mais o recebesse. O líder, contudo, sabia o que estava acontecendo e continuou a encontrar-se com Rod para orar e estudar a Bíblia. Ele praticou a adm oestação da Escritura: "Ajudai os fracos". Hoje, Rod é um líder cristão respeitado. O homem que o ajudou teve espírito sensível, conhecia sua neces­sidade e a atendeu.

Conheça as pessoas que você lidera. Conheça os que preci­sam ser estimulados e os que precisam ser contidos. Alguns possuem grandes talentos e precisam utilizá-los. Outros têm propensão a envolver-se com coisas que estão um pouco acima de suas habilidades e capacidades. Se mergulharem nelas, em breve estarão atolados em responsabilidades e demandas.

Estas duas coisas, portanto, um coração de servo e um espí­rito sensível, são cruciais para um bom líder. Se você vai liderar, essas características devem fazer parte integral de sua vida. "Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo?" (1 Rs 3:9).

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Por que Alguns Líderes São Excelentes

O bom é inimigo do ótimo. Na maioria das vezes, quando questionadas a respeito de uma aula ou de uma série de

conferências, as pessoas respondem: "Ah, foi bom". Algumas dizem: "Foi terrível!". Isso é quase um consolo, pois todas as respostas freqüentemente parecem cair no campo insípido da mediocridade. A adequação ao status quo mostra que uma ativi­dade está realmente em dificuldades. Isto é especialmente ver­dade quando um líder sabe que há apatia e fica satisfeito com isso.

Por outro lado, algumas atividades destacam-se de maneira visível. São criativas e dinâmicas, e as pessoas envolvidas são entusiasmadas, motivadas e produtivas. Olhando por trás da cena, você encontra um líder que tem qualidades não encontra­das nas pessoas comuns. Ele ou ela é um líder excelente.

ExcelênciaA primeira qualidade necessária em líderes excelentes é o espí­rito de excelência. Os que lutam por ela não serão achados entre

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os derrotados. Mas como as pessoas podem começar um esfor­ço para desenvolver esse atributo? Como desenvolver um espí­rito de excelência numa época em que quase tudo pode ser acei­to como razoavelmente bom? A resposta: eles devem começar com o próprio Deus. Devem considerar a excelência de Deus e Seus atributos.• O nome de Deus é excelente. "O Senhor, Senhor nosso, quão

magnífico em toda a terra é o teu nome!" (SI 8:1). "Louvem o nome do Senhor, porque só o seu nome é excelso: a sua ma­jestade é acima da terra e do céu" (SI 148:13).

• A misericórdia de Deus é excelente. "Como é preciosa, ó Deus, a tua benignidade! por isso, os filhos dos homens se acolhem à sombra das tuas asas" (SI 36:7).

• A grandeza de Deus é excelente. "Aleluia! Louvai a Deus no seu santuário; louvai-o no firmamento, obra do seu poder" (SI 150:1).

• A salvação de Deus é excelente. "Eis que Deus é a minha salva­ção; confiarei e não temerei, porque o Senhor Deus é a minha força e o meu cântico; ele se tornou a minha salvação. Vós, com alegria, tirareis águas das fontes da salvação. Direis na­quele dia: Dai graças ao Senhor, invocai o seu nome, tornai manifestos os seus feitos entre os povos, relembrai que é excelso o seu nome. Cantai louvores ao Senhor, porque fez cousas grandiosas; saiba-se isto em toda a terra" (Is 12:2-5).

• O trabalho de Deus é excelente. "Inclinai os ouvidos, ó céus, e falarei; e ouça a terra as palavras da minha boca. Goteje a mi­nha doutrina como a chuva, destile a minha palavra como o orvalho; como chuvisco sobre a relva e como gotas de água sobre a erva. Porque proclam arei o nome do Senhor. Engrandecei o nosso Deus! Eis a Rocha! Suas obras são per­feitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fide­lidade, e não há nele injustiça; é justo ereto" (Dt 32:1-4).

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• O caminho de Deus é excelente. "O caminho de Deus é perfeito; a palavra do Senhor é provada; ele é escudo para todos os que nele se refugiam" (2 Sm 22:31).

• A vontade de Deus é excelente. "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus que apresenteis os vossos corpos por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas trans­formai-vos pela renovação da vossa mente, para que expe­rimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12:1-2).

Muitos outros textos também enfatizam esse tema. Observe cuidadosamente: um espírito de excelência na vida do líder é reflexo dos atributos de Deus. Freqüentemente os cristãos inter­pretam mal essa ênfase, associando-a a esforços carnais e ambi­ções mundanas. Não estamos falando disso! Por toda Escritura observamos uma ênfase constante em imitar a Deus, em ser como Ele é.

Davi, no final de sua vida, fez um declaração interessante com respeito à obra de construção do templo.

"Pois dizia Davi: Salomão, meu filho, ainda é moço e tenro, e a casa que se há de edificar para o Senhor deve ser sobremodo magnificente, para nome e glória em todas as terras; providenciarei, pois, para ela o necessário; assim, o preparou Davi em abundância, antes da sua mor­te" (1 Cr 22:5).

Por que Davi insistiu com tanta firmeza que o templo de Deus deveria ter tamanha magnificência? Porque ele refletia o nome de Deus, que é excelente em toda a terra.

Essa referência bíblica é uma lembrança ao líder: se o que você está fazendo é em nome do Senhor, esleja certo de que isso refletirá adequadamente esse nome, que é magnificente por excelência.

O desejo de fazer coisas com excelência é característica de Cristo. Dele foi dito: "Maravilhavam-se sobremaneira, dizendo:

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Tudo ele tem feito esplendidamente bem: não somente faz ou­vir os surdos, como falar os mudos" (Mc 7:37).

E surpreendente observar líderes cristãos que buscam ter a compaixão e o amor de Cristo, mas esquecem completamente esse aspecto de Seu caráter. Tenho visto sermões sobre tópicos como "Tornando-se mais semelhante a Jesus" em boletins de igrejas feitos de forma tão superficial que se revelam um escân­dalo e uma desgraça. Que paradoxo!

Lembro de ter ouvido John Crawford, que durante anos re­presentou os Navegadores na Nova Zelândia. E falou muito a respeito de um trabalho de construção que liderava em Los An­geles. Os Navegadores estavam construindo o prédio de um novo escritório. Estava quase pronto e a equipe trabalhava na porta dos fundos que conduzia a uma passagem . Dawson Trotman devia retornar a Los Angeles em breve, e eles apressa­ram a obra para concluí-la antes da sua chegada.

Trotman, fundador dos Navegadores, era um homem de padrões elevados. Desse modo, a obra no escritório havia sido feita levando esse dado em consideração. No entanto, como não haveria quase nenhum movimento através daquela porta dos fundos, e como havia pressa de terminar a tarefa, as medidas não estavam exatas.

Quando Dawson chegou, ficou entusiasmado com o visual do escritório. Inspecionou tudo e elogiou muito os trabalhado­res. Então viu a porta dos fundos. "John", ele disse, "vamos ter de trocar esta porta."

"Mas Dawson, ela dá para a passagem.""Sim, eu sei, John", Dawson respondeu, "mas quando faze­

mos coisas para o Senhor, a porta dos fundos deve ter a mesma boa aparência da porta da frente."

Tenho meditado sempre sobre essa declaração e questiono sobre o que teria motivado Dawson a pensar dessa maneira. Suponho que ele sabia que Deus vê a porta dos fundos do mes­mo modo que a da frente, ainda que uma pessoa não veja.

As secretárias de Dawson descrevem seus padrões rígidos no visual de envelopes e cartas. Pastores por todo o país escrevi­

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am para dizer o quanto haviam sido desafiados pela aparência das cartas dos Navegadores. Alguns até mencionavam o cuida­do com o qual preparavam agora os boletins da igreja, melho­rando consideravelmente a apresentação.

Durante as conferências de verão de Glen Eyrie, a sede inter­nacional dos Navegadores, algumas pessoas me perguntaram ao final de uma semana de intenso trabalho: "Qual foi o maior desafio que você teve em sua estada aqui?". Na maioria das vezes, as respostas eram:

"O cuidado com que os rapazes esfregam esse chão!" / "Fi­quei impressionado com o modo com vocês mantêm o assoalho limpo." / "Fui realmente desafiado pelo modo como esse pesso­al lavou as janelas."

A influência de um homem que insiste para que as coisas fossem feitas com excelência permanece muito depois de sua morte.

Na parábola dos talentos, o bom servo é elogiado; o servo indolente não é apenas denunciado, mas sua preguiça é equipa­rada à maldade (veja Mt 24:14-30). Lembre-se da admoestação de Paulo: "No zelo, não sejais remissos: sede fervorosos de espí­rito servindo ao Senhor" (Rm 12:11).

Deus trabalha em nossa vida de ao menos sete maneiras para produzir o espírito de excelência.

1. Ajudando-nos a reconhecer nossa própria fraqueza. "Então, ele me disse; A minha graça te basta, porque o poder se aperfei­çoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraquezas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo" (2 Co 12:9).

2. Por intermédio da oração de outros. "Saúda-vos Epafras que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça, continu­amente, por vós nas orações, para que vos conserveis perfei­tos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus" (Cl 4:12).

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A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

3. Por meio de alguém que compartilha a palavra conosco. "Orando noite e dia, com máximo empenho, para vos ver pessoal­mente e reparar as deficiências da vossa fé" (1 Ts 3:10)

4. Pelo estudo da Bíblia. "Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja per­feito e perfeitamente habilitado para toda boa obra" (2 Tm 3:16-17).

5. Por meio do sofrimento. "Ora, o Deus de toda a graça, que em Cristo vos chamou à sua eterna glória, depois de terdes so­frido por um pouco, ele mesmo vos há de aperfeiçoar, fir­mar, fortificar e fundamentar" (1 Pe 5:10).

6. D ando-nos fom e por santidade. "Tendo, pois, ó amados, tais promessas, purifiquemo-nos de toda impureza, tanto da carne como do espírito, aperfeiçoando a nossa santidade no temor de Deus" (2 Co 7:1).

7. Pelo desejo de ter os fru tos de nossa vida levados à perfeição. "A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e de­leites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer" (Lc 8:14).

Algumas palavras de advertência precisam ser ditas a essa altura. Primeiro, precisamos examinar nossa motivação. Exce­lência por si só não é nosso padrão, mas excelência por amor a Cristo.

Estou casado há muitos anos com uma mulher maravilhosa. Para minha vergonha, tenho de admitir que algumas vezes es­queço nosso aniversário de casamento. Mas quando lembro, ofereço-lhe rosas vermelhas. Agora, como seria se marchasse casa adentro no dia 21 de junho e dissesse: "Bem, aqui estão elas! Mais rosas! Durante anos tenho trazido essas coisas para

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você, e aqui está outro buquê. Bem na hora. Penso que é minha obrigação fazer isso, assim aqui estão elas! Espero que apro­veite!"

Qual seria a reação de minha esposa? Sua alegria desabaria como um balão de cimento! Se eu trouxesse rosas simplesmen­te porque sempre faço isso nos aniversários, elas teriam muito pouco significado.

Agora digamos que este seja um daqueles anos em que es­queci da data. Três dias depois a informação de que a data che­gou e passou atinge-me como a hélice de um helicóptero. Corro à floricultura e compro um buquê de rosas; entro em casa com as flores escondidas atrás das costas. A proxim o-m e de a Virgínia e digo: "Bem, meu amor, estou certo de que sabe o que fiz. Fico impressionado em ver como você consegue suportar- me, mas também feliz por saber que você me suporta. Querida, quero dar-lhe essas rosas, dizer que amo você loucamente e pedir seu perdão. Será que em seu coração você pode encontrar lugar para me perdoar mais uma vez?".

Deixe-me perguntar-lhe: Qual foi o resultado de minha ação? Soou como ganhar uma bicicleta no Natal! Por quê? Não agi na hora certa, esqueci, estraguei tudo. No primeiro exemplo fiz tudo certo, mas não valeu. No segundo falhei, mas no final deu tudo certo. Por quê? A motivação fez a diferença.

A segunda coisa para ter em mente é que houve apenas uma única Pessoa que fez tudo bem-feito. Essa pessoa, é claro, foi Jesus. Leia cuidadosamente Hebreus 13:20-21: "Ora, o Deus da paz, que tornou a trazer dentre os mortos a Jesus, nosso Senhor, o grande Pastor das ovelhas, pelo sangue da eterna aliança, vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade, ope­rando em vós o que é agradável diante dele, por Jesus Cristo, a quem seja a glória para todo o sempre". O autor estabelece um padrão — "vos aperfeiçoe em todo o bem, para cumprirdes a sua vontade!".

Como será que alguém pode atingir isso? "Por Jesus Cris­to!". Através de Jesus Cristo, o único que fez todas as coisas del orma excelente, em todos os momentos, todas as horas, todos

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os dias de sua vida. Assim minha imica esperança de atingir o padrão de excelência de Cristo está em descansar completa­mente nos braços de Jesus e deixá-Lo viver Sua vida através de mim. Nenhum suor e esforço por maior que seja, pode alcançar isso. Nada em nossa própria força resolveria. Apenas "através de Jesus Cristo" podemos obtê-lo.

Ele, que é o autor e consumador da nossa fé, aguarda para assumir nossas frustrações e fracassos e transformá-los em rea­lizações felizes que tragam glória ao Senhor. Aquele que conti­nua fazendo todas as coisas com excelência está esperando para "vos aperfeiçoar em todo o bem... operando em vós o que é agradável diante dele".

IniciativaA segunda característica do líder bem-sucedido é a iniciativa. Os líderes não esperam as coisas acontecerem; eles ajudam a fazer com que aconteçam. Essa é uma das razões pelas quais as pessoas evitam assumir responsabilidades de liderança. Elas sabem que aquele que vai à frente tem de assumir as conseqü­ências de seus atos. Um dos traços peculiares do líder é estar disposto a fazer isso.

As Escrituras estão repletas de exemplos de gente que to­mou a iniciativa de realizar os propósitos de Deus em seus dias. Por exemplo, Davi escolheu Joabe como seu general por esse motivo. "Porque disse Davi: Qualquer que primeiro ferir os jebuseus será chefe e comandante. Então, Joabe, filho de Zeruia, subiu primeiro e foi feito chefe" (1 Co 11:6). Isaías destacou-se ao tornar-se uma voz para Deus em sua geração. "Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim" (Is 6:8).

E óbvio que iniciativa é uma qualidade básica para a lideran­ça. Suponha que haja uma tempestade gigante durante o culto de oração no meio da semana. Umas poucas almas conseguem chegar à igreja, abrem a porta, acendem as luzes e esperam pela chegada do pastor. Sem que saibam, no entanto, ele está preso no congestionamento, tentando desesperadamente vencer a

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enchente. Ele grita por ajuda a um grupo de jovens que tentam sem sucesso empurrar o carro. O tempo passa e vai ficando cada vez mais tarde.

Enquanto isso, na igreja o povo se pergunta o que teria acon­tecido, assentado nos bancos e esperando a reunião começar. Fi­nalmente alguém se levanta e sugere que cantem um hino ou dois enquanto aguardam. Ele anuncia a página e começa a diri­gir o cântico. Nesse exemplo não importa se esse homem algu­ma vez já havia feito isso ou não; ele se tornou o líder. Ele pode­ria ter habilidade para aquilo ou não; ter a mínima idéia de como lidar com aquilo ou não. Pelo simples fato de exercitar um pouco de iniciativa ao colocar-se em pé, ele se transformou no lí­der. Ele pode ter realizado ou não um bom trabalho, mas, a des­peito de seu desempenho, é o homem que está no comando. Iniciativa é uma das maiores responsabilidades da liderança.

E claro que todos os cristão devem tomar a iniciativa de apre­sentar-se a Deus para o Seu serviço. Personagens bíblicas que nunca foram particularmente conhecidas como líderes foram ricamente abençoadas e usadas por Deus simplesmente porque serviram de maneira espontânea.

Rebeca tornou-se a esposa de Isaque e a "mãe de milhões" porque tomou a iniciativa de servir ao servo de Abraão. Ofere­ceu-se voluntariamente para pegar água da fonte, não apenas para ele mas também para seus camelos, uma grande tarefa; e esse ato elevou-a à condição de noiva escolhida por Deus para Isaque (veja Gn 24:14-21).

Um pequeno garoto tornou-se a peça-chave de um grande milagre porque deu um passo adiante e ofereceu seu almoço para ajudar a alimentar uma multidão faminta (veja Jo 6:9-11).

Mas o maior exemplo é o do próprio Deus. "Expôs Simão como Deus primeiro, visitou os gentios, a fim de constituir den­tre eles um povo para o seu nome" (At 15:14).

Por sua própria iniciativa, os gentios não teriam vindo a Ele. Assim, foi o Senhor quem tomou a iniciativa. "Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo mor­rido por nós, sendo nós ainda pecadores" (Rm 5:8). Tomar a iniciativa é característica divina.

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Os líderes devem estar alertas para exercitar a iniciativa de várias maneiras. Uma, alguém já sugeriu, é na área do serviço. O apóstolo Paulo demonstra isso de modo vivido. O navio no qual viajava para Roma naufragou na ilha de Melita. "Os bárba­ros trataram-nos com singular humanidade, porque, acenden­do uma fogueira, acolheram-nos a todos por causa da chuva que caía, e por causa do frio. Tendo Paulo ajuntado e atirado à fogueira um feixe de gravetos, uma víbora, fugindo do calor, prendeu-se-lhe à mão" (At 28:2-3). Lá está Paulo, um homem idoso, ajuntando gravetos para os outros. Sem dúvida estava cansado como todos, mas tomou a iniciativa de servir, como Cristo teria feito quando caminhou neste mundo.

Um jovem líder de uma classe de adolescentes em nossa ci­dade, chamado Mark Sulcer, doou-se sem reservas. Ele levava os garotos em seu carro a várias igrejas e atividades escolares. Também acompanhava seu comportamento após as aulas na escola dominical. Estava sempre disponível para eles, de dia ou de noite. E eu percebia que aqueles meninos jamais haviam co­nhecido ninguém como Mark e estavam muito impressiona­dos.

Quando chegou o Natal, dois deles se reuniram e planeja­ram dar a Mark um presente surpresa. Sem contar a ninguém, foram a um shopping e fizeram todos os preparativos. Na noite de Natal, entregaram-lhe o presente. Ele abriu a caixa. Era um troféu de prata em forma de taça com os dizeres: "Para o segun­do maior servo do mundo".

A vida e o exemplo de Mark tiveram impacto na vida de seus seguidores, e eles estão mostrando sinais de crescimento nessa área. Sua iniciativa está gerando dividendos.

Um segundo modo de exercitar a iniciativa é dar o primeiro passo em direção à reconciliação. Dois textos dão orientação clara com relação a isto. "Se, pois, ao trazeres ao altar a tua ofer­ta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta" (Mt 5:23-24). "Se teu irmão pecar [contra ti], vai argüi-lo entre ti e ele só. Se

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ele te ouvir, ganhaste a teu irmão" (Mt 18:15). Se você ofendeu a um irmão ou irmã em Cristo e o Senhor traz isso à sua mente, você deve tomar a iniciativa de pedir perdão a ele ou ela. Se, por outro lado, alguém o ofendeu, você também deve tomar a inici­ativa de ir a essa pessoa e acertar essa situação. Em ambos os casos, você age primeiro!

Isso, logicamente, é uma das coisas mais difíceis de fazer na vida. Especialmente para um líder. Vários missionários me con­taram de lutas desse tipo quando estavam trabalhando no cam­po missionário: o orgulho era o obstáculo principal. Quando se dispunham a abrir mão dele e a tomar a iniciativa, o Senhor lhes dava alegria, libertação e bênção sobre cada situação.

Uma das táticas do diabo é fazer com que os líderes pensem que, se se humilharem e forem conversar com um membro do grupo para pedir perdão ou acertar alguma pendência, serão posteriormente menosprezados. Nada poderia estar mais longe da verdade. E com esse tipo de atitude que os líderes mostram o que têm de melhor, e as pessoas sabem disso. Geralmente o lí­der acaba ganhando um seguidor leal, um bom amigo e um fiel ajudador na obra.

Uma terceira área para o exercício da iniciativa é a da busca por conhecimento. "Como águas profundas são os propósitos do coração do homem, mas o homem de inteligência sabe des­cobri-los" (Pv 20:5). A alegria do líder é complexa, e dele não se espera que saiba tudo sobre todas as coisas. Portanto, um líder deve buscar cristãos sábios e aprender com eles.

Novamente, o orgulho muitas vezes atrapalha. Lembro um incidente em minha própria vida que ilustra bem esse conceito. Eu havia sido transferido de um ministério no campo para tare­fas administrativas no escritório. Não tive muito tempo em nos­sa base antes de assumir, e portanto não conhecia ao certo a si­tuação na nova função. Por fim, vi-me em comitês discutindo coisas sobre as quais não sabia quase nada. Mas hesitava em admitir isso e fazer perguntas. Pensei que os outros esperassem que eu soubesse de tudo. Estava convencido de que, se come­çasse a fazer perguntas, revelaria o quão ignorante era. Assim sendo, continuei na ignorância.

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De tempos em tempos, por exemplo, era convidado a reunir- me com o comitê de finanças. Meses se passaram antes que eu descobrisse que, quando se referiam ao I.R.P.F., estavam falan­do de Imposto de Renda Pessoa Física! Vocês fazem idéia de quão útil devo ter sido para esse grupo. Se tivesse esquecido m eu orgulho e tomado a iniciativa de perguntar, poderia ter prestado algum tipo de serviço. Os líderes não podem sustentar um comportamento como o que eu tive. Devem buscar ativa­mente a informação de que necessitam a fim de conduzir seu trabalho de maneira apropriada. Devem fazer perguntas. De­vem estar dispostos a aprender com os outros.

Iniciativa é definida como o espírito necessário para dar origem à ação. Como um líder adquire esse espírito? Como alguém pode tornar-se o tipo de pessoa que dá origem a ações? A coisa mais produtiva que um líder pode fazer é treinar a si mesmo para pensar na frente. Um líder tem sido descrito como uma pessoa que vê mais do que as outras, além e antes que os outros.

Se o s líderes treinarem para pensar na frente, produzirão dois efeitos positivos sobre seu trabalho. Primeiro, isso os ajudará a mdnter-se longe de confusão. Eles evitarão tropeços e armadilhas pelo caminho. Eles se perguntam: "Se fizermos isso, o que pro­vavelmente acontecerá? Como resultado, aonde isso nos leva­rá? Quando isto ocorre, produz que resultados? Queremos es­ses resultados? Se não, não vamos nem sequer andar nessa dire­ção". Segundo, ao pensar na frente, os líderes podem estabelecer alvos para si mesmos e para seu grupo. Podem então imaginar os melhores caminhos para alcançar seus alvos e iniciar ações nes­sa linha.

Tudo isso pressupõe que os líderes estejam em comunhão vital e diária com o Senhor através da Palavra e da oração (veja o capítulo 2). Caso contrário, podem ser levados por seu pró­prio entendimento ou fazer planos usando a sabedoria do mun­do como guia. Os líderes devem lembrar que a verdade só é encontrada em Jesus Cristo. Livros seculares sobre gerencia­mento ou liderança são úteis, mas nosso recurso básico é Deus.

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"Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens" (1 Co 1:25)

CriatividadeA terceira razão pela qual alguns líderes são excelentes é sua criatividade. Eles não têm medo de experimentar coisas novas e diferentes. Quando examinamos a vida dos apóstolos, não encontramos a monotonia e a mesmice que caracteriza tantas vidas nos dias de hoje. Essa diferença pode ser traçada pela natureza de Deus em contraste com a natureza humana.

Para explicar melhor, Deus é um Deus de variedade e or­dem, enquanto as pessoas adoram conformidade e desordem. As pessoas lutam para conformar-se. Vá a qualquer cidade, olhe para as casas feitas durante a mesma época, e todas serão parecidas. As pessoas se esforçam para parecer-se umas com as outras no jeito de falar, vestir e comprar. A música pode ser identificada com as várias décadas; há uma espécie de igual­dade.

Quão reconfortante é, ao contrário, ver o Senhor trabalhan­do! Ele ama a variedade. Fico impressionado com isso num zo­ológico. O jacaré, a girafa e o elefante revelam o amor de Deus pela diversidade. As flores e os pássaros e as árvores ensinam essa mesma verdade. Os cientistas asseguram que não há dois flocos de neve iguais. Quando refletimos sobre tudo isso, é tris­te constatar que nosso trabalho para Deus é tão diferente do tra­balho que Ele fez. As mesmas velhas e inexpressivas programa­ções são executadas ano após ano. A criatividade infelizmente está em falta.

A criatividade do Senhor foi demonstrada a mim de um modo bem-humorado, único e marcante. Minha esposa e eu visitamos a Rússia. Quando estávamos prontos para regressar, disseram que deveríamos assinar um documento declarando que não estávamos levando rublos para fora do país. Tínhamos permissão de ter um pequeno valor para compra de souvenirs, mas era crime sujeito a severa punição tentar deixar o país com papel-moeda. Trocamos então os rublos por dólares e assina­

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mos o documento. Passamos pela polícia e aguardamos no sa­guão pelo avião que nos levaria a Helsinki.

Nosso vôo foi anunciado, e aguardamos na fila até sermos encaminhados para o embarque. O primeiro da fila parecia ser um turista americano. Depois de ter sua bagagem examinada, ao passar pelo detetor de metais, o alarme soou. Ele esvaziou os bolsos e tentou novamente. O alarme soou. Tirou seu cinto e tentou de novo. Nova sirene! Dessa vez, ele e começou a rir da situação. Ele podia ser ouvido por todo o saguão. E isso aconte­ceu várias vezes com o mesmo resultado, e ele ria cada vez mais alto.

E lá estávamos nós, aproximadamente quarenta pessoas, esperando para despachar nossa bagagem, e um americano gordo e barulhento, de bermuda e camiseta, indo de um lado para o outro do detetor de metais fazendo com que o "gongo" soasse continuamente. Não havia absolutamente nenhuma ra­zão para que o alarme soasse, mas ainda assim ele insistia em soar. Os guardas foram ficando cada vez mais agitados, e a multidão continuava rindo. Estávamos diante de um impasse.

No meio da confusão, minha esposa que era a próxima da fila, aguardava a revista de sua bolsa, sem saber que no fundo dela havia oito rublos! Ela esquecera de trocá-los. Diante disso, tinha tudo para ser pega e acusada de um sério crime. Mas en­quanto isso, o show prosseguia. O homem continuou a fazer soar o alarme e rir ainda mais alto. O vôo já estava atrasado, mas a multidão não se importava. Eles nunca haviam visto nada igual. Era um verdadeiro carnaval. Os guardas, no entan­to, não estavam achando nenhuma graça. Um dos deuses da União Soviética era sua tecnologia, e esse deus estava sendo humilhado por um grupo de turistas americanos.

Finalmente os guardas, irados e frustrados, gritaram para todos da fila: "Podem passar!". Minha esposa inocentemente caminhou para o avião carregando seus rublos proibidos. Quando chegamos em Helsinki, ela descobriu o dinheiro e ficou chocada. Então entendemos o porquê de o alarme ter tocado sem razão aparente. O Senhor olhou lá do céu, viu dois de seus

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filhos ingênuos prestes a entrar numa tremenda confusão, e os livrou do perigo. Mais uma vez Ele mostrou Sua natureza cria­tiva e inovadora. Criatividade é parte de Sua natureza.

Há algum tempo, no escritório do presidente de uma organi­zação internacional cristã, discutíamos a obra de Deus ao redor do mundo. Ele me mostrou uma carta que havia acabado de receber de um de seus missionários. Ela estava cheia de notícias e continha muitos relatos encorajadores da bênção de Deus so­bre o trabalho. Mas uma sentença foi altamente perturbadora para o líder. "Temos seguido a mesma programação durante cinco anos e ela ainda produz resultados".

O presidente olhou para mim e disse: "Se eles têm seguido a mesma programação por cinco anos, é obvio que não deveriam fazê-lo. Deve haver uma maneira ainda melhor!".

Tenho pensado muito nesse comentário, e estou convencido de que ele está certo. Deve haver um caminho melhor! Com certeza não chegamos à melhor maneira possível de abordar os que estão perdidos. Nem mesmo ao melhor modo de ensinar aos que crêem. Há sempre espaço para aperfeiçoarmos. Deus por certo pode revelar mudanças e novas abordagens que pro­duzirão uma colheita ainda melhor na seara do Seu reino.

A criatividade de quatro homens anônimos que trouxeram seus amigos a Jesus tem sido há muito tempo um desafio para mim.

"Muitos afluíram para ali, tantos que nem mesmo junto à porta eles achavam lugar; e anunciava-lhes a palavra. Alguns foram ter com ele, conduzindo um paralítico, levado por quatro homens. E, não podendo aproximar-se dele, por causa da multidão, descobriram o eirado no ponto correspondente ao em que ele estava e, fazendo uma abertura, baixaram o leito em que jazia o doente. Vendo-lhes a fé, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados" (Mc 2:2-5).

Lá estavam quatro homens que tinham um problema. Havia um amigo que eles queriam levar à Jesus, mas achavam que isso seria aparentemente impossível. O texto diz, "não podendo

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78 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

aproximar-se dele Não havia jeito. Eles poderiam ter dito: "Lamento, amigo. Tentamos, mas não conseguimos", mas eles não fizeram isso. A compaixão e amor deles pelo homem e seu zelo para levá-lo a Jesus levaram-nos a elaborar um plano cora­joso e criativo. Eles abririam um buraco no teto e desceriam o amigo lá de cima. Já imaginou a reação? "Vocês não podem fa­zer isso! Isso nunca foi feito antes! Vocês vão interromper o cul­to. Além disso, alguém pode machucar-se se uma telha cair." Mas eles executaram o plano, e o Espírito Santo o registrou para nossa instrução.

Como adquirir um espírito criativo? Uma maneira é manter a atitude adequada com relação à sua mente. Esteja constante­mente buscando achar um caminho melhor. Treine a si mesmo para pensar: "Se isso funciona agora, em breve pode ficar obso­leto". Tenha constantemente a mente aberta e investigativa . Ore pela coragem e ousadia necessária para tentar algo novo quando Deus revelá-lo a você.

Mas o mais importante é viver em comunhão constante, ín­tima e próxima de Jesus Cristo. Ele é criativo. "Pois nele foram criadas todas as cousas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele"(Cl 1:16). Todas as coisas no mundo espiritual foram criadas por Jesus Cristo. Todas as coisas no mundo físico foram criadas por Ele. E por isso que a Bíblia fala de Cristo como Aquele através do qual Deus "fez o universo" (Hb 1:2). Você quer ser uma pes­soa criativa? Então deve investir muito tempo em comunhão com Aquele que é a Pessoa mais criativa do universo.

Quando andou por este mundo como um professor-que-fa- zia, Jesus impressionou os que O conheceram. O que Elefaz ia era diferente. O que Ele dizia era diferente. Eles se maravilha­vam com Sua doutrina. "Responderam eles: Jamais alguém fa­lou como este homem" (Jo 7:46). Alguns reclamavam que Ele vivia de maneira contrária às velhas tradições. Você e eu olha­mos para trás e dizemos: "Graças a Deus Ele fez isso!".

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Da mesma maneira, devemos estar disposto a abrir caminho e sair fora dos moldes preestabelecidos. Quando o Senhor vê em Sua obra líderes com esse espírito e desejo, Ele pode colocar Suas mãos sobre essa vida e dizer, como fez no passado: "Eis que farei algo novo!".

Três coisas, portanto, devemos buscar do Senhor. Uma é o senso de excelência. O meio para alcançar excelência, uma vez que tenhamos feito dela nosso padrão, é descansar nos braços de Jesus e deixá-lo viver sua vida através da nossa. Ele é o Único que fez todas as coisas de forma excelente. A segunda é a inici­ativa. Aqui novamente o próprio Senhor é nosso maior exem­plo. Aprender dele à medida em que buscamos fazer sua obra, é o caminho mais produtivo que podemos seguir. A terceira é um espírito criativo. Novamente, uma comunhão de coração aberto com Jesus é a melhor forma de ver a criatividade desen­volvida em nossa vida pelo Espírito de Deus.

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6Como Causar Impacto

O pai de Ezequias foi um desastre. Quando você olha o re­gistro do pai dele, o rei Acaz, começa a questionar se tudo

o que Acaz fez foi sentar-se e pensar em novos modos de pecar e levar o povo pelo mesmo caminho. Durante 16 anos, ele cha­furdou na lama da perversidade. Fez imagens de deuses pa­gãos e queimou seus filhos conforme o caminho dos ímpios. Fechou as portas da casa de Deus e construiu altares idólatras em cada esquina de Jerusalém. Depois de destruir tudo em 16 anos, ele morreu.

Conforme o costume da época, seu filho ocupou seu lugar. Quando Ezequias assumiu o reino, tinha 25 anos. Ele havia vis­to o que o pai fizera, seus pecados e corrupção, e não quis ter parte com nada disso. Antes, determinou-se a mudar as coisas e conclamou a nação a voltar-se para Deus. Quando considera­mos o caos que herdou, poderíamos concluir que muito pouco poderia ser feito no período de vida de um homem, mas estarí- amos errados. Num curto espaço de tempo a situação foi com­pletamente revertida. "Houve grande alegria em Jerusalém;

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82 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

porque desde os dias de Salomão, filho de Davi, rei de Israel, não houve cousa semelhante em Jerusalém" (2 Cr 30:26).

E uma história impressionante. Ezequias produziu um im­pacto para Deus que foi verdadeiramente maravilhoso. Ao es­tudar sua vida, você perceba que ela é caracterizada por alguns princípios básicos. Três deles são identificáveis de imediato.

Inteireza de coraçãoO primeiro princípio no causar impacto para Deus é a inteireza de coração. "Em toda a obra que começou no serviço da casa de Deus, na lei e nos mandamentos, para buscar a seu Deus, de todo o coração o fez e prosperou" (2 Cr 31:21).

O apóstolo Paulo nos exorta com palavras parecidas: "Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como para o Senhor e não para homens" (Cl 3:23). Salomão assim coloca o mesmo conceito: "Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o confor­me as tuas forças, porque no além, para onde tu vais, não há obra, nem projetos, nem conhecimento, nem sabedoria algu­ma" (Ec 9:10).

Ao ler essas passagens, podemos ver que Deus deseja pesso­as entusiasmadas e zelosas. Mas qual parece ser o espírito do nosso tempo? Será que somos com freqüência exortados à intei­reza de coração? Raramente. Quase diariamente ouvimos pes­soas dizendo: "N ão esquente" / "N ão trabalhe tão duro" / "Não se sobrecarregue". O perigo é que a falta de um coração íntegro pode ser assimilada pelos líderes cristãos. Quando isso ocorre, gera mediocridade e fracasso na obra.

Meu ídolo no colegial era um veterano apelidado de "Bola- H". Ele era fora-de-série nos esportes e um excelente estudante. Eu imitava seus maneirismos e jeito de andar. Aprendia a fazer jogadas com a bola de basquete e arremessar, assim como ele. Sua posição no time de beisebol era também a que eu havia es­colhido, e cheguei a imitar até o jeito com que ele colocava o boné na cabeça. Eu estava determinado a ocupar seu lugar no time quando ele se formasse.

No ano seguinte à sua formatura, apareci num treino seleti­vo. O técnico veio até mim e perguntou se eu queria jogar. Se eu

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queria? "Sr. treinador, darei tudo de mim. Eu quero tanto jogar, que é como se já estivesse lá no campo".

De todas as maneiras que conhecia, tentei comunicar a ele meu entusiasmo e determinação. Ele ficou feliz e me disse para vestir o uniforme e mostrar o que eu podia fazer. Por fim, entrei no time e ganhei a posição que sonhei.

O que você acha que teria acontecido se eu tivesse dito ao treinador: "Ah, eu não sei. Tenho pensado a respeito, mas não estou muito preocupado com isso. Vou tentar uma vaga no time, mas isso não é algo que me empolga". Ele não teria sequer olhado para mim uma segunda vez. Teria sido o fim de minha carreira no beisebol.

Você acha que Deus tem padrões inferiores aos do meu trei­nador no time de beisebol do colégio? De jeito nenhum! Deus está buscando gente que assuma compromissos com Ele e com Sua obra, de todo o coração. Seu padrão não é o do espírito do nosso tempo — indolente, relaxado e descomprometido.

Mas é difícil manter um padrão bíblico em uma época de indisciplina. Seu referencial de desempenho precisa ser alto.

No meu primeiro ano de trabalho missionário no Centro- Oeste, conheci um jovem chamado Johnny Sackett. Começa­mos a ter comunhão juntos na Palavra e na oração, e o Senhor uniu nossos corações. Johnny começou a mostrar-se uma gran­de promessa na obra de Cristo. Um dia ele me perguntou se podia juntar-se ao nosso time. Expliquei a ele o que isso signifi­cava, e ele se mostrou empolgado em participar da nossa tur­ma. Ele foi um grande colaborador, cheio de dedicação e entusi­asmo.

Por alguns meses, tudo correu muito bem. Num final de se­mana, planejamos uma atividade em equipe, que era testemu­nhar no câmpus da Universidade de Iowa. Quando chegou a hora de irmos para a escola, notei a ausência de Johnny. Quan­do perguntei por ele, um dos rapazes disse que ele havia decidi­do não ir. Quando questionei se havia estado sob pressão por causa dos estudos ou se não estava passando bem, ou se tinha responsabilidades com seus pais, disseram que ele simplesmen­te havia decidido não ir.

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84 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

Fomos sem Johnny e tivemos um tempo frutífero. Reunimo- nos com um grupo regular de estudantes entusiasmados em falar do Senhor e alguns entregaram a vida a Ele. Retornamos cheios de alegria e gratidão a Deus.

Na segunda-feira tomei emprestado o Fusca de um amigo e fui ver o Johnny. Depois de conversar um pouco, perguntei a ele se havia compreendido os padrões que o time havia estabe­lecido para si mesmo. Ele disse que sim e que estava feliz por fazer parte do grupo. Eu comentei que, porque apreciava tê-lo no time, lamentava que ele houvesse escolhido não mais traba­lhar conosco. Ele ficou chocado e perguntou o que eu queria dizer com aquilo. Eu o lembrei de que um de nossos padrões envolvia estar disponível quando tivéssemos um ministério a realizar juntos. Ele começou a soluçar. Após recompor-se, saiu do carro e foi para o seu quarto.

Orei por Johnny aproximadamente duas semanas e então recebi uma carta, na qual ele agradecia por minha postura com relação ao ministério e dava treze razões por que deveria estar incluído. Liguei para ele imediatamente e com alegria dei-lhe as boas vindas. Desde então, ele se tornou um de nossos homens mais produtivos, servindo ao Senhor em dois continentes. O problema foi que ele não tinha idéia do que eu realmente quis dizer quando falei de padrões de compromisso e inteireza de coração. Minha simpatia por ele poderia ter deixado o episódio passar em brancas nuvens. Compaixão, não.

Quando Jesus disse: "Se alguém quer vir após mim, negue- se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me", Ele quis dizer real­mente isso. Francamente, quando olho para esse incidente tan­tos anos depois, sei que teria lidado com a situação de um modo diferente hoje. Teria mostrado mais rapidamente a ternura e bondade de Cristo. Mas o princípio permanece inalterado.

Um de meus instrutores de guerra na Marinha insistia comi­go em altos padrões de desempenho, não somente porque ele tentava ser e fazer conforme ele exigia, mas também porque ele sabia que estávamos indo para uma luta, e era preciso estimular em mim hábitos que poderiam salvar minha vida. Ele não me

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COMO CAUSAR IMPACTO 85

estava fazendo mal. Ao contrário. E quando estive sob fogo cru­zado, cercado por morte e destruição, senti-me grato por tudo o que aprendera. Seguindo esse exemplo, os líderes devem mani­festar um coração sincero, a fim de que os que os seguem te­nham seu coração por inteiro na tarefa. Se Ezequias tivesse de­monstrado a mínima falta desse tipo de envolvimento, a nação poderia não ter abandonado seus pecados de um modo tão ra­dical. Foi a sua liderança que apontou o caminho e deu o tom para o comportamento de outros.

Eu estava em Minneapolis, fazendo levantamento de peso com um amigo meu chamado Bill Cole. Outro colega juntou-se a nós por alguns minutos e, quando ele estava saindo da sala de ginástica, eu tinha 84 quilos bem acima da minha cabeça. Ele olhou para mim e disse: "Relaxe!". Se eu relaxasse naquele momento, teria morrido! Naturalmente aquela não era a inten­ção dele; foi apenas um modo de dizer "Até logo". Mas tenho pensado naquilo muitas vezes. Mesmo que seja algo descabido, sempre aconselhamos "Relaxe!". Francamente, não preciso desse tipo de exortação. Tenho propensão a isso sem nenhuma ajuda exterior. Minha natureza indisciplinada, indolente, rela­xada e preguiçosa me diz para fazer isso o tempo todo. O qtie preciso é ser desafiado a rebatê-la com todas as forças.

Os líderes devem considerar o seguinte fato. Eles não estão apenas construindo para o presente, mas também para o futu­ro. Se o coração está morno, o que lhes reserva o futuro? Como estarão as pessoas por eles treinadas? O coração delas estará queimando com zelo total por Deus? Não, se o coração dos líde­res estiver insensível, pois só o fogo é capaz de gerar mais fogo. Quando Jesus limpou o templo, suas atitudes lembraram as dos profetas no Antigo Testamento: "Lembraram-se os seus discípulos de que está escrito" (Jo 2:17; veja SI 119:139). Ambas as passagens falam de ser consumido pelo zelo de Deus. Quan­do foi a última vez que você lembrou de alguém, em uma pre­gação bíblica, que falasse de ser devorado com santo zelo? Seria 11 m espírito ardente e zeloso tão antiquado hoje quanto um ca­valo puxando uma charrete? Serão os líderes de torcidas orga­

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nizadas nos estádios os únicos que restaram em nossa socieda­de, que fazem seu trabalho com zelo e prazer? Um líder verda­deiramente cristão há de demonstrar o mesmo fogo e intensida­de que Jesus demonstrou.

Inteireza de coração e zelo são a expressão do amor que quei­ma no coração do líder e se espalha ao coração e vida de outros que são consumidos pela chama desse espírito. Alguns pensam que os líderes deveriam ser mais condescendentes, com receio de que assustem algumas pessoas. Isso não pode acontecer. Se os líderes falarem sério, terão quem os escute. O primeiro man­damento ainda se encontra na Bíblia: "Respondeu Jesus: O prin­cipal é: Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua for­ça" (Mc 12:29-30).

SinceridadeA segunda coisa a observar na vida de Ezequias foi sua sinceri­dade. Ele se entregou de cabeça ao trabalho e perseverou nele.

"No primeiro ano do seu reinado, no primeiro mês, abriu as portas da casa do Senhor e as reparou. Trouxe os sacerdotes e os levitas, ajun- tou-os na praça oriental e lhes disse: Ouvi-me, ó levitas! Santificai- vos, agora, e santificai a casa do Senhor, Deus de vossos pais; tirai do santuário a imundícia" (2 Cr 29:3-5).

Ele não se deixou levar, seja por resistências, por medo do ridículo ou por oposição.

Três autores bíblicos nos dão motivos para a sinceridade. Pedro diz: "Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão como estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a terra e as obras que nela exis­tem serão atingidas" (2 Pe 3:10). Tudo neste m undo é tem poral e transitório. Duas coisas transcendem este mundo e permanece­rão por toda eternidade: a Palavra de Deus e a alma das pesso­

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as. Quando os líderes se dedicam a elas, comprometem-se com valores eternos. As coisas do mundo clamam pela sua atenção, mas eles mantêm os olhos nas coisas que permanecem.

Uma segunda razão para ser sincero é sugerida nas palavras de Tiago: "Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vos­sa vida? Sois apenas como neblina que aparece por instante e logo se dissipa" (Tg 4:14). A vida é m uito curta para ser desper­diçada. Quando as pessoas reconhecem essa verdade, isso as aju­da a permanecer no caminho, a despeito dos incessantes bom­bardeios do mundo tentando desviar nossos olhos de Jesus. A Palavra de Deus nos mostra para onde devemos olhar:

"Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nu­vem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firm em ente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está as­sentado à destra do trono de Deus" (Hb 12:1-2).

O terceiro motivo para a sinceridade é declarado por Paulo: "Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Se­nhor, o vosso trabalho não é em vão" (1 Co 15:58). Quando estamos seguindo pelo caminho estreito com os olhos firmes em Jesus, temos segurança de que o que estamos fazendo vale a pena. Que alegria é para os líderes saber que, enquanto multi­dões estão desperdiçando a vida em atividades sem valor, o serviço deles para Cristo permanece para a eternidade.

A Bíblia está cheia de exemplos de pessoas que foram since­ras em sua caminhada com Deus. Moisés é um caso típico.

"Pela fé, Moisés, quando já homem feito, recusou ser chamado filho da filha de Faraó, preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado" (Hb 11:24-25).

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O apóstolo Paulo enfatiza o mesmo ponto: "Irmãos, quanto a mim, não julgo havê-lo alcançado; mas uma cousa faço: es­quecendo-me das cousas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus" (Fp 3:13-14).

Mas o maior de todos os exemplos é o do próprio Jesus: "E aconteceu que, ao se completarem os dias em que devia ele ser assunto ao céu, manifestou no semblante a intrépida resolução de ir para Jerusalém" (Lc 9:51). Seus discípulos viram isso e se maravilharam: "Estavam de caminho, subindo para Jerusalém, e Jesus ia adiante dos seus discípulos. Estes se admiravam e o seguiam tomados de apreensões. E Jesus, tornando a levar à parte os doze, passoLi a revelar-lhes as cousas que lhe deviam sobrevir" (Mc 10:32). Por que eles se maravilharam? Porque Ele sabia exatamente o que O aguardava e marchou adiante sem hesitar. "Eis que subimos para Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos principais sacerdotes e aos escribas; condená- lo-ão à morte e o entregarão aos gentios" (Mc 10:33).

Alguma coisa no semblante de Jesus causou desconforto aos doze. Eles temiam o que viria pela frente e estavam admirados com a coragem de seu líder. Jesus Cristo seguiu com passadas decididas para a cruz. Ele sabia sua missão e estava determina­do a cumpri-la. O mesmo deve acontecer conosco. O mundo nos importuna para que sejamos iludidos com uma coisa ou embaraçados com outra, mas a Palavra de Deus nos convoca a libertar-nos, a deixar de lado todo peso e a correr em direção ao alvo. Sinceridade não é fácil, mas é necessária.

Quando Billy Graham pregou o serm ão do funeral de Dawson Trotman, falou da sinceridade daquele homem: "Aqui jaz um homem que não dizia 'Nestas quarenta coisas estou ati­vo mas "Esta é a única coisa que faço".

Uma pessoa pode destruir sua vida de pelo menos três ma­neiras. A primeira é entregar-se a uma natureza preguiçosa e indolente, e não fazer coisa alguma. Tenho visto gente jovem descendo por essa estrada. Compram um violão, um par de pés-de-pato, vão para as praias e desperdiçam a vida deitados, fritando-se em sua própria gordura.

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O segundo modo de destruir a vida é estabelecer para si mesmo um alvo, trabalhar duro e descobrir no final que você se entregou ao alvo errado. Conheci muitos que fizeram isto. Al­guns terminaram suas histórias com arrependimentos amargos e lágrimas.

A terceira maneira é a que o dr. Graham mencionou. Tornar- se um diletante e nunca realmente fazer coisa alguma.

Josué foi advertido com respeito à dispersão: "Tão somente sê forte e mui corajoso para teres o cuidado de fazer segundo toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que sejais bem- sucedido por onde quer que andares" (Js 1:7). Esta não é uma advertência contra andar pela estrada errada, mas contra virar- se primeiro para um lado e depois para o outro.

Tenho visto pessoas assim. Elas começam bem, mas algo aparece para atrair sua atenção e elas mudam de lado. Final­mente vêem a tolice de seus caminhos e voltam para a estrada, tão somente para mais tarde mudar novamente. Que coisa la­mentável! Boas pessoas, de bom coração, indo a lugar nenhum. Por quê? Elas são facilmente manipuláveis. A sinceridade de Moisés ou de Paulo ou do próprio Cristo não faz parte da vida delas.

Alguém pode reclamar: "Isso é difícil de conseguir". E claro que é difícil! O apóstolo Paulo afirmou: "Eu prossigo em direção ao alvo". Ele não disse: "Eu flutuo em direção ao alvo, eu desli­zo em direção ao alvo, eu escorrego em direção ao alvo, ou eu navego em direção ao alvo". Ele disse prossigo, e isso pressupõe oposição. O mundo vai enganá-lo, e o demônio vai lutar contra você, mas, se você correr olhando para Jesus, ele o capacitará a terminar bem a corrida.

O testemunho de Paulo ilustra isso vividamente: "Porém, em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Se­nhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus" (At 20:24). Ele fala da "corrida". A maior alegria na vida é saber que você está na perfeita vontade de Deus, fazendo o que Ele quer, do modo que Ele deseja que seja feito.

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Os guerreiros de Zebulom nos desafiam com respeito a isso: "De Zebulom, dos capazes para sair à guerra, providos com todas as armas de guerra, cinqüenta mil, destros para ordenar uma batalha com ânimo resoluto" (1 Cr 12:33). Lá estavam ho­mens que foram para a batalha, treinados, equipados, discipli­nados e sinceros.

Cada um de nós tem um rumo a seguir, uma missão a reali­zar, um alvo a atingir, "Também dizei a Arquipo: Atenta para o ministério que recebeste no Senhor, para o cumprires" (Cl 4:17).

Lembro-me de um acontecimento em minha vida que deter­minou meu destino. Minha esposa e eu havíamos encontrado o Senhor através da leitura da Bíblia. Não havia muitas pessoas ao redor que pudessem nos dar aconselhamento espiritual pro­fundo, mas ambos concordamos em que deveríamos seguir ao Senhor com sinceridade de propósito. Um pastor, o rev. Arlan Halverson, de Harlan, lowa, falou de uma escola em Minnea- polis onde poderíamos aprender a Palavra de Deus.

Éramos cristãos novos na fé e ansiosos por crescer. Assim sendo, decidimos ir e entregar nossa vida por completo ao ser­viço de Cristo. Eu tinha um emprego àqtiela altura e, quando comecei a contar a meus colegas sobre o que havia decidido fa­zer, não recebi nada a não ser críticas. Eles chamaram isso de to­lice — fanatismo. Jogar fora um bom emprego com um alto sa­lário e segurança era loucura. Mas nós sabíamos o que devería­mos fazer.

Deixei meu emprego e preparei-me para mudar de Council Bluffs, lowa, para o Northwestern College. Vendemos alguns de nossos bens, demos a maioria do que sobrou, e ficamos livres para ir. Colocamos nossas roupas e alguns objetos da casa em pequenas caixas, com as quais enchemos um carrinho de crian­ça, e nos dirigimos para a estação de trem. Virgínia segurava as caixas e eu empurrava o carrinho, e assim nos lançamos na es­trada de uma grande aventura. Nós nos propusemos a não olhar para trás, nem para a direita, nem para esquerda. Mante­ríamos nossos olhos em Jesus e o seguiríamos onde quer que ele nos levasse. Muitos anos se passaram, temos enfrentado oposi­ção e lutas, mas ele continua a nos mostrar o caminho.

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Hoje o Senhor está procurando gente que não se importe com os louvores vazios ou os prazeres passageiros deste mun­do. Ele está buscando homens e mulheres que se importem com o fato de que o mundo precisa de Cristo, e que estejam desejo­sos por segui-Lo com sinceridade e propósito. O testemunho de Paulo é um encorajamento:

"Quanto a mim, estou sendo já oferecido por libação, e o tempo da minha partida é chegado. Combati o bom combate, completei a carrei­ra, guardei a fé. fá agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda" (2Tm 4:6-8).

Um espírito de lutaAlém da inteireza de coração e da sinceridade com que se lanço à tarefa, Ezequias também demonstrou um extraordinário espí­rito de luta. Contra todas as expectativas, ele perseverou com entusiasmo e fé. Seus mensageiros eram zombados por alguns quando passavam de um lugar para outro. "Os correios foram passando de cidade em cidade, pela terra de Efraim e Manassés até Zebulom; porém riram-se e zombaram deles" (2 Cr 30:10). Isto atrasou seu trabalho? De forma algum a. "A ssim fez Ezequias em todo o Judá; fez o que era bom, reto e verdadeiro perante o Senhor seu Deus" (31:20).

Este é o espírito básico que vemos na vida dos líderes de Deus através da Bíblia. O testemunho de Paulo é:

"Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de açoites menos um; fui três vezes fustigado com varas, uma vez, ape­drejado, em naufrágio três vezes, uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas, muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos entre patrícios, em perigos entre gentios, em perigos na cidade, em perigos no de­serto, em perigos no mar, em perigos entre falsos irmãos; em trabalhos e fadigas, em vigílias, muitas vezes; em fome e sede, em jejuns, muitas vezes; em frio e nudez. Além das cousas exte­

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riores, há o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação com todas as igrejas"(2 Co 11:24-28).

Qual foi a atitude de Paulo diante de todas as dificuldades? "Porque vos foi concedida a graça de padecerdes por Cristo, e não somente de crerdes nele"(Fp 1:29).

Neemias enfrentou a oposição contínua de seus inimigos."Mas, ouvindo Sambalá e Tobias, os arábios, os amonitas e

os asdoditas, que a reparação dos muros de Jerusalém ia avante e que já se começavam a fechar-lhe as brechas, ficaram sobre­modo irados. Ajuntaram-se todos de comum acordo para vi­rem atacar Jerusalém, e suscitar confusão ali" (Ne 4:7-8).

Seu espírito de luta é revelado na resposta: "Porém nós ora­mos ao nosso Deus e, como proteção, pusemos guarda contra eles, de dia e de noite" (v. 9).

Novamente a oposição planejou um ataque para impedir Neemias de cumprir seu objetivo, mas em todas as ocasiões ele foi bem-sucedido.

"Sambalá e Gesém mandaram dizer-me: Vem, encontremo- nos nas aldeias, no vale de Ono. Porém intentavam fazer-me mal. Enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou fazendo grande obra, de modo que não poderei descer; por que cessaria a obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco? Quatro vezes me enviaram o mesmo pedido; eu, porém, lhes dei sempre a mes­ma resposta "(6:2-4).

O apóstolo Paulo chama nossa atenção para a vida de um soldado, um atleta e um lavrador.

"Participa dos meus sofrimentos, como bom soldado de Cristo Jesus. Nenhum soldado em serviço se envolve em negó­cios desta vida, porque o seu objetivo é satisfazer àquele que o arregimentou. Igualmente, o atleta não é coroado se não lutar segundo as normas. O lavrador que trabalha deve ser o primei­ro a participar dos frutos" (2 Tm 2:3-6).

O objetivo do bom soldado é molestar o inimigo. Os inimi­gos da cruz de Cristo ficavam nervosos quando Paulo estava por perto. Por causa de seu trabalho em Éfeso, Demétrio, o ou­rives, estava convencido de que tudo estava perdido (veja At

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19:23-28). Paulo foi afrontado pelos líderes de falsas religiões e pelos demônios do inferno, mas não se intimidou. Ele realmen­te demonstrou a marca de um bom soldado.

Atletas com petem com oponentes, é claro, mas muito freqüentemente sua principal competição é consigo próprios. Eles têm de superar suas próprias dúvidas e medos, sua pre­guiça e o desejo de agradar a si mesmos. O apóstolo Paulo nos fala da batalha na sua própria vida.

"Todo atleta em tudo se domina; aqueles para alcançar uma coroa corruptível; nós, porém, a incorruptível. Assim corro também eu, não sem meta; assim luto, não como desferindo golpes no ar. Mas esmurro o meu corpo e o reduzo à escravi­dão, para que, tendo pregado a outros, não venha eu mesmo a ser desqualificado" (1 Co 9:25-27).

Os líderes constantemente enfrentam problemas e dificulda­des com outros, mas na maioria das vezes suas principais bata­lhas são consigo mesmos.

O lavrador enfrenta secas, tempestades e pestes de grande variedade. Recordo como alguns em lowa sofreram um gigan­tesco temporal de granizo poucos anos atrás. O milho estava na altura de seis pés, mas o estrago foi tanto que você mal podia dizer que aquilo era uma plantação de milho. A tempestade foi tão violenta que derrubou a torre da igreja e quebrou incon­táveis janelas. Uma companhia de sementes em Shenandoah, lowa, ouviu a respeito de nossa situação e enviou ajuda. Eles trouxeram um caminhão de grãos de soja e disseram-nos que, se os plantássemos, teríamos ao menos alimento para os ani­mais no inverno.

Não sabíamos muito a respeito de grãos de soja naquela época, mas sabíamos, no entanto, que era muito tarde para replantar o milho. Sendo assim, fizemos uma tentativa. Confor­me disseram, tivemos alimento suficiente para os animais du­rante todo o inverno. A tempestade foi uma catástrofe para meu irmão que estava tocando a fazenda, mas até hoje posso vê-lo arregaçando as mangas e batalhando. Estou certo de que teria sido fácil para ele levantar as mãos para o alto e gritar: "Por

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quê?". Mas ele não fez. Ele demonstroLi verdadeiro espírito de luta.

Depois que Waldron Scott e sua família foram para o Meio- Leste como missionários no final dos anos 50, tudo deu errado. As finanças estavam tão ruins que eles não puderam sequer comprar mobília. Então Joan fez uma fronha para seu vapo­rizador, e eles se sentavam sobre ele na sala de estar. O aquece­dor de água explodiu e ela se queimou gravemente. Através de uma série de estranhas circunstâncias, Scotty acabou sendo preso. Eles estavam literalmente prostrados. Somente o espírito de luta desta família e sua fé nas promessas de Deus os manti­veram seguindo adiante. Hoje existem jovens em todo o Meio- Leste cuja vida foi tocada pelo evangelho de Cristo que Scotty e Joan posteriormente repartiram com eles. Estes cristãos são ro­bustos soldados da cruz que viram um claro exemplo de um verdadeiro soldado de Cristo. Por meio de circunstâncias im­possíveis, veio uma colheita para o reino.

Isto é o que tornou os servos de Cristo na Igreja do Novo Testamento tão resistentes. Eles tinham o espírito de luta dos comprometidos guerreiros de Deus. Eram homens e mulheres "que têm exposto a vida pelo nome de nosso Senhor Jesus Cris­to" (At 15:26). A liderança da obra cristã hoje possue esta carac­terística? Em alguns casos, sim, mas muito freqüentemente encaramos as capacidades intelectuais de uma pessoa ou seu grau de escolaridade como o ápice de tudo.

Ouvi um homem sendo elogiado numa ocasião porque ti­nha uma biblioteca de 10.000 volumes. Obviamente não há nada de errado em possuir ou ler bons livros. Existimos para amar o Senhor nosso Deus com toda nossa mente. Mas os líde­res nunca devem parar por aí. Não é uma mente brilhante, mas um espírito de luta que nos manterá seguindo adiante quando tudo parecer ter-se desintegrado ao redor.

Cedo na vida cristã, o apóstolo Paulo teve revelado o que iria sofrer. "Mas o Senhor lhe disse: Vai, porque este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os genti­os e reis, bem como perante os filhos de Israel; pois eu lhe mos­

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trarei quanto lhe importa sofrer pelo meu nome" (At 9:15-16). Ele conheceu o prêmio que iria ganhar, mas teve também o pre­ço a pagar. Ele sabia o custo da disciplina. Mais tarde disse: "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo... Quanto ao mais, ninguém me mo­leste; porque eu trago no corpo as marcas de Jesus" (G16:14,17).

Quando o apóstolo quis responder a seus acusadores, mos- trou-lhes as cicatrizes em suas costas. Os primeiros cristãos en­frentaram perigos, chicotes e leões. Eles eram heróis no verda­deiro significado da palavra. Nós enfrentamos botões de com­putador, televisores e extintores de incêndio. Que Deus nos dê a mesma firmeza e fé que homens e mulheres Dele têm sempre mostrado.

Estas três coisas, então, são essenciais para causar impacto como líder. Devemos ser sinceros, decididos, e ter um espírito de luta. Programações podem continuar sem isso, mas os líde­res cuja vida é usada por Deus para produzir muito fruto verão que é indispensável possuir estas três características.

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Armando o Palco para o Sucesso

Planeje um bom começoComeçar é difícil. Você é novo no emprego; as pessoas ao seu redor observam para ver o que você fará; e isso pode deixá-lo ansioso e inseguro. Alguns nesta situação encobrem seus sen­timentos de inadequação "im pondo-se". Isto normalmente chateia as outras pessoas, e você gasta alguns meses tentando recuperar o prejuízo.

Lorne Sanny contou-nos acerca de uma lição que apren­deu enquanto estava dirigindo um centro de serviço militar no sul da Califórnia. Quando iniciou o trabalho, ele ficava na por­ta distribuindo convites aos militares que passavam e pedindo que entrassem. A maioria passava direto. Ele então teve uma idéia. Subia a rua uns poucos quarteirões e começava a descer no mesmo passo com alguns rapazes, puxando assunto com um ou dois, até que, quando chegavam à porta do centro, per­guntava se eles não queriam entrar, tomar um café e conver­sar um pouco mais. Quase sempre alguns aceitavam o convite.

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Ao começar um novo trabalho, não devemos tentar deter as pessoas e fazê-las mudar de direção abruptamente. Devemos caminhar com elas por um tempo na direção que tomaram. Então, depois de haver estabelecido um primeiro contato, po­demos sugerir uma mudança de direção. Desse modo, haverá maior probabilidade de sermos ouvidos e termos uma resposta positiva.

A Bíblia nós dá algum a ajuda neste assunto sob um enfoque bem original. Saul não é conhecido como um modelo de líder espiritual. Suas falhas e fraquezas têm sido menciona­das por pregadores nos púlpitos e por escritores. Mas estou desafiado pelo bom início deste homem como um líder — e pela sabedoria que ele demonstrou. Podemos aprender uma importante lição com este exemplo.

Samuel convocou o povo ao Senhor em Mispa. Da tribo de Benjamim, Saul foi indicado. "Tendo feito chegar a tribo de Benjamim pelas suas famílias, foi indicada a família de Matri; e dela foi indicado Saul, filho de Quis. Mas quando o procura­ram, não podia ser encontrado. Então tornaram a perguntar ao Senhor se aquele homem viera ali. Respondeu o Senhor: Está aí escondido entre abagagem "(l Sm 10:21,22). É óbvio que Saul não estava procurando trabalho ou tentando apare­cer. Ele demonstrou grande resistência e controle sobre seu próprio espírito quando algumas pessoas zombaram dele. "Mas os filhos de Belial disseram: Como poderá este homem salvar-nos? E o desprezaram, e não lhe trouxeram presentes. Porém Saul se fez de surdo" (1 Sm 10:27).

Algum tempo depois surgiu uma situação que exigiu um passo corajoso de liderança. Os amonitas queriam vazar o olho direito de todos os homens de Jabes-Gileade; caso contrá­rio, fariam guerra contra eles. Submeter-se a essa exigência se­ria deixar o povo de Jabes descoberto e indefeso. Em combate, um largo escudo tampava a visão do olho esquerdo dos solda­dos; conseqüentemente, perder o olho direito significava estar em total desvantagem. Eles poderiam ainda cuidar das ove­lhas e plantar, mas sua habilidade para defender-se em guerra estaria perdida.

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Neste meio tempo, Saul retornou à sua fazenda e cuidava do seu rebanho. Para mim esse episódio fala muito sobre o ho­mem. Lá estava alguém que havia sido ungido rei de Israel, mas não estava imediatamente tentando isentar-se de sua pri­meira responsabilidade. Ele voltou para junto de suas ovelhas. Não há dúvida de que esperava que surgisse alguma situação na qual pudesse ser de genuína ajuda para seu povo. Ele aguardava até que sua nova responsabilidade se deparasse com uma real necessidade. Deste modo, o povo apreciaria sua liderança e de bom grado o seguiria.

A ameaça dos amonitas foi esse tipo de situação. Quando Saul ouviu acerca da condição do povo, enviou um mensagei­ro em revista às tropas para socorrer os necessitados. O povo afluiu unido. Com resultado da batalha, as forças de Saul de­vastaram os amonitas.

Após haver sido libertado de seus opressores, o povo estava tão comprometido com Saul que pensou em fazer retaliação contra os homens que haviam zombado dele anteriormente. "Então disse o povo a Samuel: Quem são aqueles que diziam: Reinará Saul sobre nós? Trazei-os para aqui, para que os mate- m o s"(ll:12). Saul imediatamente os impediu. "Porém Saul disse: Hoje, ninguém será morto, porque no dia de hoje o Se­nhor salvou a Israel"(v. 13).

Note que Saul não chamou a atenção para si próprio dizen­do "Eu fiz isto ou aquilo", mas deu toda a glória a Deus pelo que havia conquistado.

A esta altura, Saul tinha toda a obediência e confiança de Israel. O povo estava pronto a segui-lo. Ele começou bem. Seu chamado da parte de Deus era notório a todos. Suas ações e |>;issos corajosos de fé haviam dado libertação aos oprimidos.

Esta é a grande lição para todo aquele que tem sido chama­do a liderar. Não tenha pressa para fazer muitas mudanças. N,io se apresse a mostrar a todos quem é o chefe. Se você tem il)>,umas mudanças que gostaria de implementar, primeiro l.ir.i <is pessoas pensar nessa direção.

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Esta é outra lição que aprendi com Lorne Sanny. Ele nor­malmente enxergava as coisas antes que o resto de nós em Na­vegadores. Então, com eçava a espalhar uma idéia ou fazia uma pergunta que nos levava a pensar na mesma linha de ra­ciocínio. Por fim, quando o plano estava efetivamente propos­to, alguns de nós já haviam pensado sobre ele por tanto tempo que achávamos que a idéia era nossa!

M udanças podem ser feitas. N ovas idéias podem ser adotadas. Novas direções podem ser instituídas. Mas isso ge­ralmente leva tempo. As pessoas resistem à mudança. Então caminhe nos mesmos passos delas, ande na direção delas por um tempo, e então gradualmente as conduza por caminhos novos e mais produtivos.

Faça a Itçao de casaDepois de um bom começo, há outra coisa que você deve prati­car. Faça a lição de casa. Torne-se conhecido como a pessoa que tem as respostas. Quando tiver um projeto a propor ou uma sugestão a fazer, conheça os fatos. Saiba o que isso custará. Sai­ba quanto isso vai durar. Esteja apto a explicar por que esta é uma boa idéia.

O livro de Neemias é constantemente estudado por líderes. Neemias — o antigo governador de Jerusalém — é freqüen­temente chamado de executivo eficiente. Lá estava um homem que sabia como fazer as coisas. Vamos observá-lo em ação para ver o que podemos aprender com ele.

Neemias vivia confortavelmente no palácio, ocupando uma posição de prestígio como copeiro do rei. Um dia ouviu falar da situação desesperadora do povo de Jerusalém: "Disseram-me: Os restantes, que não foram levados para o exílio e se acham lá na província, estão em grande miséria e desprezo; os muros de Jerusalém estão derribados, e as suas portas, queimadas a fogo" (Ne 1:3).

O Senhor fez pesar o coração de Neemias com estas notícias, e isso o levou a pregar (veja o v. 4). Um dia, algum tempo de­pois, ele estava executando suas tarefas mas ainda com o cora­

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ção pesado pela situação de Jerusalém. O rei se deu conta da sua depressão e perguntou: "Por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração. Então, temi sobremaneira" (2:2).

Depois de ter ouvido a inquietação de Neemias, o rei per­guntou: "Que me pedes agora?"(v. 4). A primeira coisa que Níeemias fez foi orar ao Senhor, então deu ao rei a sua resposta. E a sua resposta é clássica. Ele havia feito sua lição de casa. Se não, poderia ter tropeçado e jogado pelos ares a grande oportu­nidade.

Neemias disse:

"Se é do agrado do rei, es eo teu servo acha mercê em tua presença, peço-te que me envies a ]udá, à cidade dos sepulcros de meus pais, para que eu a reedifique.

Então o rei, estando a rainha assentada junto deles, me disse: Quanto durará a tua ausência? Quando voltarás? Aprouve ao rei enviar-me, e marquei certo prazo. E ainda disse ao rei: Se o rei parece bem, dêem-se-me cartas para os governadores dalém do Eufrates, para que me permitam passar e entrar em Judá; como também carta para Asafe, guarda das matas do rei, para que me dê madeira para as vigas das portas da cidadela do templo, para os muros da cidade, e para a casa em que deverei alojar-me. E o rei mas deu, porque a boa mão do meu Deus era comigo"(vv. 5-8).

Espero que você capte o significado desta pequena cena. Do que vimos anteriormente, é óbvio que Neemias esteve ajoelha­do diante de Deus e gastou muito tempo em oração sobre o pro­blema. Mas ele não parou por aí. Ele havia pensado sobre o que necessitaria para o trabalho. E óbvio que pensou em termos de uma resposta às suas orações. E estava pronto para quando a resposta veio.

I magine o que teria acontecido quando o rei perguntou a ele o que era necessário, e ele tivesse dito: "Bem, ó rei, eu não pen­ei i nu ito sobre isso. Eu gostaria de sair por minha conta, com

■ mm | KTinissão, é claro, e imagino que precisaria de alguns favo­

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res de sua parte. Posso ir e pensar a respeito durante alguns dias?".

Mas não! Neemias havia feito sua lição de casa e sabia exa­tamente o que o projeto demandava: cartas para os governa­dores dalém rio; uma carta para o guarda das matas do rei; sol­dados e alguns cavaleiros. Ele havia feito sua lição de casa.

Planeje o trabalhoQuando você recebe uma nova responsabilidade, uma das pri­meiras coisas que deve fazer é gastar tempo descobrindo exata­mente qual é sua missão. Deixe-me sugerir que ela se divida em dois alvos distintos, porém inter-relacionados. Um é trabalhar para fazer avançar a causa de Cristo. O outro é observar que cada membro de seu grupo tenha sua vida na dependência do Senhor e se torne um membro mais produtivo do corpo de Cris­to.

Vamos discutir inicialmente como executar seu objetivo de levar adiante a causa de Cristo através do trabalho. Isto pode traduzir-se, por exemplo, no alvo de evangelizar a área onde sua igreja está localizada, na entrega de um folheto evangelís- tico a cada casa da cidade, e assim por diante. Você deve então repartir este alvo em unidades de trabalho e encontrar pessoas qualificadas para ocupar os pontos-chaves. Dê-lhes a autorida­de para as ações e cheque de vez em quando para ter certeza de que elas estão centralizadas no trabalho principal.

Em nosso trabalho seguimos um plano de quatro passos cha­mado POLA: Planeje, Organize, Lidere e Avalie. Tudo pode soar frio e técnico a menos que você pense nisso como algo prá­tico. Digamos, por exemplo, que num sábado você e seu grupo decidiram passar a manhã limpando a igreja. Isto é um alvo. E um lindo dia, uma manhã de primavera, e há muita limpeza a ser feita.

Vocês decidem encontrar-se às nove horas, e trabalhar até o meio-dia. Os membros do grupo devem trazer rodos, baldes, Irapos de I impeza, pincéis, vassouras, esfregões, e tudo mais de que precisarão para realizar o trabalho.

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ARMANDO O PALCO PARA O SUCESSO 103

Reunidos, todos têm um tempo de oração, entregando o trabalho a Deus. Então as tarefas são divididas em unidades de trabalho. Coe pega algumas pessoas e começa a trabalhar no gramado. Karen e Hank começam a lavar as janelas. Você mais outros quatro atacam o porão, limpando e preparando para jogar fora o que não serve.

Coe volta uma hora mais tarde e diz que o trabalho com a grama está indo bem — e quer saber se pode ir até o depósito pegar algumas flores para plantar. Você dá um pulo lá fora para ver como estão indo as coisas. Fica imediatamente evidente que, se eles iniciarem este projeto adicional, não acabarão a tare­fa principal até o horário planejado, isto é, o projeto de limpeza. Então você sugere que eles mantenham a idéia inicial e então, se terminarem a tempo, façam o trabalho adicional de plantar as flores. Coe fica satisfeito com a sugestão e retorna à limpeza.

Agora há uma série de outras maneiras pelas quais você poderia ter lidado com Coe. Outra pessoa poderia repreendê-lo e obrigá-lo a seguir as ordens e fazer o que foi inicialmente com­binado. Isso teria produzido duas coisas: primeiro, teria tirado a motivação de Coe para o trabalho. Segundo, teria reprimido qualquer idéia futura que Coe pudesse compartilhar. Mais tar­de, quando vocês estivessem trabalhando na melhor maneira de evangelizar sua vizinhança, Coe ficaria temeroso de falar, com medo de receber um "não".

Lá pelas onze horas, você faz uma ronda para ver como o trabalho está caminhando. E claro para você que Karen e Hank não conseguirão lavar todas as janelas e que sua própria equipe acabará seu serviço antes da hora. Assim, você pega dois rapa­zes do seu próprio grupo e envia-os para ajudar os lavadores das janelas. Ao meio-dia, você reúne todos e dá uma olhada no que foi feito. Missão cumprida. As ferramentas estão recolhidas e limpas. Vocês têm uma palavra de oração juntos para agrade­cer ao Senhor pela boa manhã, entram nos seus carros e voltam para casa.

Qualquer trabalho pode conformar-se a este modelo. Você deve pensar detalhadamente e fazer um plano. Depois, deve

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organizá-lo de tal modo que cada membro do grupo saiba qual é o seu trabalho e a quem deve reportar-se. Então o líder deve liderar. Os líderes devem dar o exemplo. Eles devem arregaçar as mangas e entrar em ação. Avaliações periódicas devem le­var a correções no processo. Ao final do trabalho, é bom parar e avaliar o projeto como um todo e ver onde coisas poderiam ter sido aprimoradas. Isto conduz a um planejamento melhor no futuro.

Agora vamos olhar com um pouco mais de cuidado dois destes pontos: seleção de pessoas-chave e seu próprio envolvimento como líder.

Primeiro, seleção. O melhor pintor nem sempre é a melhor pessoa para supervisionar os pintores. Aquele que lidera o pro­jeto deve ser apto para pintar, mas além disso deve ser o tipo de pessoa que inspira os outros a fazer o melhor e mantém o espírito de equipe em alta.

Antes de escolher seus doze discípulos, Jesus orou toda a noite (veja Lc 6:12-13). O apóstolo Paulo disse a Timóteo: "E o que de minha parte ouvistes, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a homens fiéis e também idôneos para instruir a outros" (2 Tm 2:2). Ele estava à procura de pessoas fiéis com alguma habilidade para ensinar.

Um momento pelo qual aguardo é aquele em que alguém começa a chamar a atividade do grupo de "nosso trabalho". Esta é a evidência de que a pessoa está envolvida. Quando gen­te nova se junta ao grupo, é um tipo de espectador — obser­vando o que está acontecendo. Depois de um tempo começa a participar um pouco mais. O seu alvo é conduzir esta pessoa de espectador a participante e, finalmente, a alguém que está envolvido. E nesse último grupo que você vai procurar suas pessoas-chaves para encabeçar projetos.

Esteja certo com relação à pessoa que você tem para a tare- fa-chave. Aprendi isso do modo mais difícil. Geralmente é mais fácil levar uma pessoa a um cargo de liderança do que tirá-la de lá. Paulo disse: "A ninguém imponhas precipitada­mente as mãos. Não te tornes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a ti mesmo puro" (1 Tm 5:22).

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Isto se refere à ordenação de líderes, e é um bom conselho. Mais tarde veremos algumas qualidades a serem observadas na seleção de pessoas-chaves que ajudem a realizar trabalhos em grupo.

Agora, falemos a respeito de seu próprio envolvimento no trabalho que você lidera. É preciso arregaçar as mangas e lan­çar-se ao trabalho com o restante do grupo? Com certeza! O poder do exemplo não pode ser menosprezado. Pedro disse aos líderes da igreja primitiva: "Pastoreai o rebanho de Deus que há entre vós, não por constrangidos, mas espontaneamen­te, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que vos foram confia­dos, antes tornando-vos modelos do rebanho" (1 Pe 5:2-3). Nós também devemos ser "m odelos", e não "senhores". Os cristãos já possuem um Senhor.

Envolva-se no trabalho que você espera que os outros fa­çam. Uma vez aceitei dar aula na escola dominical durante o verão. Um dos meus objetivos era aumentar a freqüência à classe, que estava por volta de vinte alunos, que vinham à es­cola dominical com certa regularidade.

Por dois ou três domingos, eu os encorajei a trazer alguém na semana seguinte. Ninguém trouxe. Então, comecei a fazer disso um Foco de Oração. Durante um dos meus momentos em oração, o Senhor me revelou por que ninguém estava tra­zendo convidados para a classe: Eu não estava.

Comecei a pensar como poderia encontrar algum rapaz daquela idade para trazer à classe. Num domingo, notei um grupo de jovens soldados perambulando no parque próximo à igreja, e o Senhor me deu uma idéia.

No domingo seguinte, eu, minha esposa e nossas duas cri­anças fomós à escola dominical meia hora mais cedo. Passea­mos pelo parque e convidamos alguns desses jovens para vir à escola dominical conosco. Não há nada que pareça mais ino­fensivo hoje que um marido, esposa e duas crianças. Assim, alguns deles vieram. Eles não tinham nada mesmo para fazer.

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Quando chegou o momento de apresentar os visitantes, apre­sentei os quatro rapazes que tinham vindo comigo.

Isto continuou por alguns domingos, até que um dos mem­bros da classe me perguntou onde eu estava encontrando aque­les rapazes. Eu lhe contei sobre minha atividade antes da escola dominical. Ele ficou interessado e perguntou se poderia acom­panhar-nos. Nós nos encontramos no domingo seguinte, espa­lhados por diferentes partes do parque, e conseguimos convi­dar um bom número de rapazes. Alguns outros membros da classe incorporaram a idéia e começaram a fazer o mesmo.

No final do verão, grande número de rapazes havia encon­trado o Senhor, e nossa classe alcançou uma freqüência de 180 pessoas por semana. Eu aprendi uma simples lição. Meu traba­lho foi ensinar a classe e oferecer a eles liderança. Isto é sumari­ado em Provérbios 4:11: "No caminho da sabedoria te ensinei, e pelas veredas da retidão te fiz andar".

Além de ver a missão cumprida através de seu grupo, é pre­ciso que haja também um trabalho profundo na vida de cada membro do grupo. O verdadeiro teste para sua liderança é constatar se outros líderes estão ou não se desenvolvendo à medida que você os lidera. O desenvolvimento do caráter de Cristo nas pessoas por quem você é responsável é um de seus objetivos primordiais. Por causa da importância deste ponto, ele é discutido mais detalhadamente no capítulo 11.

Estas foram algumas dicas — na maioria das vezes aprendi­das do modo mais difícil — de como começar seu trabalho e levá-lo adiante. Creio que eles serão de grande valia para você à medida que crescer na verdadeira liderança espiritual.

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Como Produzir Mais

Este é um problema comum. Há mais a ser feito do que tem­po para fazê-lo. A dona de casa, o trabalhador, o chefe, o es­

tudante, todos enfrentam isso. Projetos para terminar — provas para estudar — relatórios atrasados. O calendário, o relógio e as velhas reclamações. Se ao menos eu tivesse mais tempo...

Deixe-me repartir com você um pequeno segredo que pode mudar sua vida.

Faça isso agoraUma simples idéia é ilustrada no livro de Números, no Antigo Testamento. Olhamos mais cuidadosamente para a persona­gem principal, e o que encontramos? Um homem ocupado. Moisés rccebeu a incumbência de levar milhares de pessoas do trabalho escravo no Egito através de areias escaldantes do Sinai, rumo à Terra Prometida. E eles são um bando de criadores de problemas — sempre fazendo alguma tolice e incorrendo no desfavor do Senhor. A paciência de Deus é constantemente posta à prova. E Moisés está sempre tentando ajeitar as coisas,

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o tempo todo empenhado em comunicar lições de fé, submis­são, obediência, coragem e pureza de vida. Ele é o líder do pro­grama de treinamento de Deus no deserto.

O povo constantemente reclama da falta de comida ou água, ou da falta de variedade no cardápio. Murmura contra o pró­prio Moisés. Eles dizem que a verdadeira razão de os ter tirado do Egito é para matá-los. Ou comentavam que ele havia casado com a mulher errada. Ou toda esta conversa sobre Deus era somente um meio de Moisés se promover. Os problemas pare­cem não ter fim. Moisés estava totalmente ocupado.

E então um dia, do nada, o Senhor lhe arruma ainda mais trabalho.

"No segundo ano após a saída dos filhos de Israel do Egi­to, no primeiro dia do segundo mês, falou o Senhor a Moisés, no deserto de Sinai, na tenda da congregação, dizendo: Levan­tai o censo de toda a congregação dos filhos de Israel, segun­do as suas famílias, segundo a casa de seus pais, contando todos os homens, nominalmente, cabeça por cabeça. Da ida­de de vinte anos para cima, todos os capazes de sair à guerra em Israel, a esses contareis segundo os seus exércitos, tu e Arão" (Nm 1:1-3).

Agora, vamos supor que Moisés agisse como todo ser hu­mano — como nós. Qual teria sido sua reação? A minha seria mais ou menos como "Contar todos???!!! Que aflição! O senhor sabe quanto tempo isso levará? Eu estou assoberbado agora! Olhe para tudo o que estou fazendo: responsável pelo bem-es- tar físico e espiritual de todo este povo — o que por si só já me toma todo o tempo de manhã até a noite — fora o fato de eu ain­da estar escrevendo a Bíblia! Eu tenho muito mais que fazer do que tempo para fazê-lo. E agora sou incumbido de contar a to­dos?".

Soa familiar? Aguarde e veja a resposta de Moisés: "Então Moisés e Arão tomaram estes homens, que foram designados pelos seus nomes. E, tendo ajuntado toda a congregação no primeiro dia do mês segundo, declararam a descendência de­les, segundo as suas famílias, segundo a casa de seus pais,

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COMO PRODUZIR MAIS 109

contados nominalmente, de vinte anos para cima, cabeça por cabeça" (vv. 17-18).

Você notou quando o trabalho foi dado? "No primeiro dia do segundo mês". E quando Moisés começou o projeto? "No segundo dia do segundo mês". Que tal? Há um segredo tre­mendo que podemos expressar em três palavras:Faça isso agora. Especialmente se é algo que aparece quando estamos fazendo algo importante.

Eu estava em Oakland, Califórnia, a caminho para falar a um grupo de homens do exército no Forte Ord. O capelão havia agendado para que eu compartilhasse o Evangelho com eles. De lá, eu iria a outra parte da cidade falar num jantar evangelís- tico, para o qual um grupo de homens cristãos havia convidado amigos não-cristãos. Era m atar dois coelhos com uma só cajadada.

Para poder estar nos dois encontros, no entanto, eu teria de perder o jantar. Os horários estavam muito apertados. Tudo bem, nada que eu não pudesse suportar. No entanto, bem na hora de sair da casa, chegou um pacote para mim. Era um ex­tenso relatório pessoal, do quartel-general, que eles precisavam que fosse preenchido imediatamente. Bill já havia ligado o carro e estava com ele manobrado. O que fazer?

Levá-lo comigo e fazer no outro dia? Não haveria tempo. No dia seguinte partiríamos para Hume Lake, em visita a um pro­grama de treinamento, e isso levaria um dia inteiro.

Pedi a Bill que desligasse o carro. Sentei-me e preenchi o for­mulário. Isso levou um bom tempo, mas fui até o final. Deixei- o para que fosse enviado pelo correio, entrei no carro e consegui chegar à reunião. Se não o tivesse preenchido imediatamente, carregaria aquele papel comigo por toda a parte, durante mui­tos dias.

Sou responsável por duas categorias de tarefas: as quegosfo de fazer, e as quedevo fazer. Minha tendência é fazer o que gos­to e deixar para mais tarde o que devo fazer. O problema com esse esquema é que o trabalho desagradável e ainda não realiza­do é como alguém puxando a manga de minha camisa, lem- brando-me que a tarefa continua ali.

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Eu realmente aprecio falar para militares sobre o amor de Deus revelado em Jesus Cristo. E um prazer para mim falar em jantares evangelístícos e ver homens levando seus amigos a Cristo no tempo de comunhão logo após a reunião. Preencher formulários? Arghhh! Eu poderia ter esperado. E, quando o chamado telefônico de longe chegasse, eu poderia dar ao quar- tel-general um relatório de como havia sido o meu dia. Eles são pessoas razoáveis. Provavelmente teriam compreendido. Mas toda vez que fosse abrir minha pasta para pegar a Bíblia, lá esta- riam aqueles papéis olhando para mim. Assim sendo, gastei tempo para "fazer isso agora" e caí na estrada com o espírito li­vre.

Ao ler o registro da vida de Moisés, você tem a firme impres­são de que mexer com papelada não era com ele. Mas quando Deus lhe deu um longo formulário para ser preenchido, em vez de sentar e reclamar que não tinha tempo, ou ainda que estava envolvido com algo realmente importante, ou que por certo outra pessoa poderia cuidar de coisas como aquelas, ele fez , e na hora.

Você provavelmente deve estar pensando: "Está bem. Posso notar como isso ajudaria em certas ocasiões, mas há outro pro­blema. Há mais a ser feito do que eu possa fazer sozinho. Preci­so de ajuda".

Certo. Todos nós enfrentamos esse tipo de situação de tem­pos em tempos. O superintendente da escola dominical precisa de professores. O pastor precisa de obreiros. O missionário ne­cessita de pessoal na ajuda logística. Os responsáveis pelo de­partamento de jovens necessitam de motoristas para os carros. Os diáconos precisam de ajuda para distribuir alimento aos ne­cessitados. O comitê para o jantar anual da igreja precisa de auxílio. Esse problema é universal. Todos passamos por ele em determinado momento.

Confie em Deus para a ajuda necessáriaComo em outras situações na vida, o cristão tem uma vantagem que o não-cristão desconhece totalmente. Novamente, isso é ilustrado na vida de uma das personagens mais ocupadas do Antigo Testamento, Arão.

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COMO PRODUZIR MAIS 111

Quando ele foi indicado, suponho que sua reação tenha sido semelhante à nossa. Gratidão, vibração, entusiasmo, certo sen­timento de indignidade, e alegria pelo privilégio de estar envol­vido em um trabalho tão importante. "Farás também chegar Arão e seus filhos à porta da tenda da congregação, e os lavarás com água. Vestirás Arão das vestes sagradas, e o ungirás, e o consagrarás para que me oficie como sacerdote" (Êx 40:12-13).

A princípio, imagino que o tremendo significado do traba­lho e a importância da tarefa ocupavam a maior parte dos pen­samentos de Arão. Que posição para ocupar! E imagine a honra de ter seus filhos servindo a seu lado! Dentre todos os homens, ele foi realmente abençoado por Deus.

Mas tão logo iniciaram o trabalho, outros pensamentos co­meçaram a povoar sua mente: Esse é realmente um trabalho inten­so, mais que muitos outros! Todo esse povo trazendo continuam ente suas ofertas. Todos esses animais para serem sacrificados ao Senhor. E o tremendo trabalho de deixar tudo isso limpo! Queimar algumas par­tes, poupar outras, enterrar tantas outras — trabalho, trabalho, traba­lho! Preciso de ajuda.

Sem dúvida esse pensamento permaneceu com Arão por al­gum tempo e intensificou-se quando seus filhos mais velhos, Nadabe e Abiú, morreram diante do Senhor ao oferecer fogo estranho. Ele tinha agora apenas dois outros filhos, que eram mais novos. Essa tarefa, que parecia maravilhosa no início, ago­ra se tornara monstruosa. Como poderia ele fazer tudo o que precisava fazer?

O Novo Testamento diz: "E o meu Deus, segundo a sua ri­queza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades" (Fp 4:19). A necessidade de Arão era por ajuda. E estou certo de que ele não possuía idéia de como a con­seguiria. Mas Deus tinha. Ele tinha um plano desde o princípio. Ele tinha 22.000 levitas esperando para começar a trabalhar.

"Disse o Senhor a Moisés: Faze chegar a tribo de Levi e põe- na diante de Arão, o sacerdote, para que o sirvam" (Nm 3:5-6).

Assim agora, junto com seus dois jovens filhos, ele tinha 22.000 homens entre 30 e 50 anos para ajudá-lo. Não há nin­

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112 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

guém como o nosso Deus! Quando o Senhor supre uma neces­sidade, ele realm ente a supre!

Várias passagens nas Escrituras nos falam do relacionamen­to que o Senhor queria que Arão tivesse com esses homens. Duas delas contêm lições importantíssimas para nós. N úmeros 8:11,19:

"Arão apresentará os levitas como oferta movida perante o Senhor, da parte dos filhos de Israel; e serão para o serviço do Senhor... E os levi­tas, dados a Arão e a seus filhos, dentre os filhos de Israel, entreguei- os para fazerem o serviço dos filhos de Israel na tenda da congregação e para fazerem expiação por eles, para que não haja praga entre o povo de Israel, chegando-se os filhos de Israel ao santuário".

As cláusulas "Arão apresentará os levitas como oferta movi­da perante o Senhor" e "os levitas dados a Arão" ensinam uma importante verdade. Os levitas foram oferecidos por Arão a Deus, e então Deus os devolveu. Isso tem de ser verdadeiro não apenas com relação a ajudadores em nossas tarefas, mas tam­bém em nossos lares, profissões, filhos e em toda a nossa vida.

Números 18:6:"Eu, eis que tomei vossos irmãos, os levitas, do meio dos fi­

lhos de Israel; são dados a vós outros para o Senhor, para servir na tenda da congregação.

Você percebe a verdade revelada nas palavras "são dados a vós outros para o Senhor"? Esses ajudadores são um presente da parte do Senhor ep ara o Senhor. Não para você, mas para Deus. E se Ele vir razão para utilizá-los em outra capacidade, em um novo trabalho, regozije-se! Você não pode dar mais que Deus. Observe também que os ajudadores para nossas tarefas são pre­sentes de Deus.

Assim, a lição de tudo isso é fé. Confie no Senhor. Ele prome­teu que supriria e assim o fará. Mas, como em todas as outras áreas da vida, você deve exercitar a fé. Creia em Deus. E confie nele para prover o tipo certo de ajuda.

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COMO PRODUZIR MAIS 113

No caso de Arão, Deus providenciou homens entre 40 e 50 anos. La estavam homens com boa reputação e estabilidade. Quando Moisés foi convocado a contar o povo, eram " pois, to­dos os contados dos filhos de Israel, segundo a casa de seus pais, de vinte anos para cima, todos os capazes de sair à guer­ra... Mas os levitas, segundo a tribo de seus pais, não foram con­tados entre eles " (1:45,47). Os levitas foram chamados para uma batalha espiritual.

Por que teriam sido os levitas recrutados para suas tarefas aos 30 anos, enquanto os soldados foram convocados aos 20 ? Note um paralelo com o Novo Testamento. As qualificações para líderes na igreja incluem: "Não seja neófito, para não suce­der que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo" (1 Tm 3:6) e "também sejam estes primeiramente experimenta­dos; e, se mostrarem irrepreensíveis, exerçam o diaconato" (v. 10). A pessoa engajada no trabalho espiritual não deve ser no­vata e deve também ser primeiro provada.

Aliás, os levitas se aposentavam aos cinqüenta anos — pro­vavelmente para que não esmorecessem ao fim da tarefa! Deus deu a Arão homens testados e aprovados que estavam vivos e ativos para ajudá-lo em seu trabalho e batalha espiritual.

Foco nos objetivos, não nos obstáculos Você quer fazer ainda mais? Estabeleça a primeira regra "Faça isso agora". Segundo, confie no Senhor para suprir a ajuda de que necessita. E há um terceiro ponto, que se relaciona ao foco de nossa atenção, ou ao modo como vemos as coisas. Estamos condicionados a pensar negativamente. É fácil deter-nos nos problemas envolvidos na tarefa. As pessoas freqüentemente esperam o pior. Por exemplo: alguém recebe um telegrama tar­de da noite.

"Vocêabre.""Não, você abre."Ambos aguardam más notícias.O telefone toca de madrugada. Qual é seu primeiro pensa­

mento — positivo ou negativo?

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114 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

Atitudes negativas podem acompanhar-nos na visão da ta­refa em que estamos envolvidos. Elas podem fazer nossas aten­ções deter-se nos problemas, mais que nos alvos. Tendemos a olhar para as dificuldades. Ficamos presos aos meios pelos quais as coisas podem ser feitas.

Moisés caiu nessa armadilha. O povo havia comido o maná e mesmo assim começou a reclamar que não havia carne. A turba começou a suplicar por outra comida, e novamente os israelitas se puseram a la­mentar-se e a dizer: "E o populacho, que estava no meio deles, veio a ter grande desejo das comidas dos egípcios; pelo que os filhos de Israel tornaram a chorar e também disseram: Quem nos dará carne a comer? Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; dos pepi­nos, dos melões, dos alhos silvestres, das cebolas e dos alhos. Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma cousa vemos senão este maná" (Nm 11:4-6).

Moisés começou a reclamar ao Senhor com respeito ao peso de seu trabalho. "Disse Moisés ao Senhor: Por que fizeste mal a teu servo, e por que não achei favor aos teus olhos, visto que puseste sobre mim a carga de todo este povo? Eu sozi­nho não posso levar todo este povo, pois me é pesado demais" (vv. 11,14).

A primeira coisa que o Senhor fez foi providenciar alguma ajuda a Moisés.

Disse o Senhor a Moisés: Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos e superintendentes do povo; e os trarás perante a tenda da congregação, para que assistam ali contigo. Então, descerei e ali falarei contigo; tirarei do Espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que não a leves tu somente (vv. 16-17).

Então o Senhor prometeu que haveria carne para comer — uma mudança de dieta. E que haveria abundância, (veja os vv. 18-20).

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COMO PRODUZIR MAIS 115

Moisés não conseguiu entender. Como Deus poderia encon­trar comida suficiente para alimentar todo aquele povo?

Respondeu Moisés: Seiscentos mil homens de pé e este povo, no meio do qual estou; e tu disseste: Dar-lhe-eis carne, e a comerão um mês in teiro. Matar-se-ão para eles rebanhos de ovelhas e de gado que lhes bastem? ou se ajuntarão para eles todos os peixes do mar que lhe bas­tem? (vv. 21-22).

Ele se envolveu com os meios pelos quais isso poderia ser viabilizado. E lá estava uma promessa dada num hebraico claro pelo Criador do universo, na qual Moisés não era capaz de acre­ditar. Por quê? Porque ele na verdade não conhecia a Deus? Não, ele havia falado com Deus e conhecia Seu poder. Seu pro­blema era o nosso problema. Os detalhes da coisa — os meios pelos quais — o Senhor agiria.

Mas Deus tem Seus próprios meios.

Porém o senhor respondeu a Moisés: "Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor? Agora mesmo, verás se cumprirá ou não a minha palavra!... Então soprou um vento do Senhor, e trouxe codornizes do mar, e as espalhou pelo arraial quase caminho de um dia, ao seu redor, cerca de dois côvados sobre a terra (Nm 11:23,31).

Outra ilustração da dúvida humana com relação ao supri­mento de Deus é vista na reação dos discípulos à preocupação do Senhor com o bem-estar físico do povo que o seguia.

Naqueles dias, quando outra vez se reuniu grande multidão, e não tendo eles o que comer, chamou Jesus os discípulos e lhes disse: Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanecem comigo e não tem o que comer. Se eu os despedir para suas casas em jejum, des­falecerão pelo caminho; e alguns deles vieram de longe. Mas os seus discípulos lhe responderam: Donde poderá alguém fartá-los de pão neste deserto?" (Mc 8:1-4)

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116 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

Mas Jesus fez isso. Ele os alimentou com sete pães e uns pou­cos peixes.

Como contraste, considere o caso das mulheres que tinham em seu coração o desejo de ungir o corpo do Senhor crucificado.

E, m uito cedo, no prim eiro dia da sem ana, ao despontar do sol, foram

ao túmulo. D iziam umas às outras: Quem nos rem overá a pedra da

entrada do túmulo? E, olhando, viram que a pedra já estava revolvi­da; pois era m uito grande. (16:2-4).

A mente delas não estava na pedra, mas no objetivo. Elas haviam despertado com o propósito de fazer algo pelo Senhor, e não se atemorizaram com os obstáculos. A existência da pedra — ou os guardas da tumba — não as fez retroceder. E as dificul­dades se dissiparam quando elas pela fé caminharam decidida­mente com os olhos fixos no alvo. Imagino que a maioria de nós, após percorrer metade do caminho, teria percebido a futi­lidade da idéia, retornado a uma cama quente e desfrutado mais algumas horas de sono.

Observe os doze homens enviados por Moisés para espionar a terra prometida. O relatório que deram ao retornar evidenci­ava o fato de que eles eram agentes inteligentes. E também ha­viam sido diligentes em sua tarefa. Mas é interessante notar que suas conclusões variaram. Dez viram dificuldades. Dois viram oportunidades.

O relatório: "Relataram a Moisés, e disseram: Fomos à terra a que nos enviaste; e verdadeiramente maná leite e mel; este é o fruto dela. O povo, porém, que habita nessa terra é poderoso, e as cidades, mui grandes e fortificadas; também vimos ali os fi­lhos de Enaque" (Nm 13: 27-28).

A conclusão dos dois: "Eia! subamos e possuamos a terra porque certamente prevaleceremos contra ela" (v. 30).

A conclusão dos dez: Porém os homens que com ele tinham subido, disseram: Não poderemos subir contra aquele povo, porque é mais forte do que nós" (v. 31).

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COMO PRODUZIR MAIS 117

Devemos admitir que o povo daquela terra era forte e pos­suí-la não seria um piquenique de domingo. Aquela era terra de gente feroz e imoral. O povo de Canaã não era selvagem; ao contrário, era uma raça altamente desenvolvida. Mas eram tão vis e cruéis que certo historiador afirmou: "Destruí-los era um ato de misericórdia às nações do m undo". A felicidade da raça humana dependia disso. Se os judeus falhassem, o mundo esta­ria perdido.

Calebe viu isso claramente, mas note suas palavras. Ele na verdade não disse: "Subamos e tomemos posse da terra, porque certamente podemos fazer isso".

Calebe viu a coisa da perspectiva de Deus. E claro que eles eram fortes, mas seriam mais fortes que Deus? Há alguma coisa demasiado difícil para Ele? É certo que suas cidades eram cerca­das por muralhas. Mas seriam esse muros tão altos a ponto de atingir céu? Deus não poderia superá-los? Seriam eles muito altos para o Senhor?

A Bíblia deixa claro qual era o problema. "Também despre­zaram a terra aprazível, e não deram crédito à sua palavra; an­tes, murmuraram em suas tendas e não acudiram à voz do Se­nhor" (SI 106:24-25). Aqueles dez espias não acreditaram em Deus. Criam no que viam, e assim tiraram os olhos do Senhor. Havia gigantes na terra, é verdade, mas quando você pensa que há apenas trinta centímetros de diferença entre um gigante e uma pessoa de estatura mediana, pense em como são ambos aos olhos de Deus!

Tenho um amigo chamado Bob Boardman, que mora em Tóquio. Bob é ex-fuzileiro, forte e alto, e tem aproximadamente dois metros de altura. Quando anda pelas mas, parece enorme. Mas se eu subisse até o topo da Torre de Tóquio e olhasse Bob lá de cima, junto com seus amigos, não notaria nenhuma diferen­ça. Se isso é verdade, pense em como eles aparentam ser da perspectiva de Deus. Desse modo, tudo depende da perspecti­va da pessoa, do seu ponto de vista, do modo como ela olha as coisas. Vemos as coisas de uma perspectiva centrada nos pro­blemas, ou encaramos as tarefas com as promessas de Deus em mente?

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118 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

Mas há algo interessante a considerar aqui. Os fatos reais não eram de modo algum o que os espias supunham ser.

Eles pensaram que o povo daquela terra os considerava ga­fanhotos. "Também vimos ali gigantes (os filhos de Enaque são descendentes de gigantes), e éram os, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos, e assim também o éramos aos seus olhos" (Nm 13:33).

Mas como aquele povo realmente os viu? Uma deles, a pros­tituta Raabe disse:

Bem sei que o Senhor vos deu esta terra, e que o pavor que infundis caiu sobre nós, e que todos os moradores da terra estão desmaiados. Porque temos ouvido que o Senhor secou as águas do Mar Vermelho diante de vós, quando saíeis do Egito; e também o que fizestes aos dois reis dos amorreus, a Seom e a Ogue, que estavam além do Jordão, os quais destruístes. Ouvindo isto, desmaiou-nos o coração, e em nin­guém mais há ânimo algum, por causa da vossa presença; porque o Senhor vosso Deus é Deus em cima nos céus e embaixo na terra " (Js 2:9-11).

Não é impressionante?! O povo daquela terra vivia aterrori­zado, sabendo que estava condenado. Eles haviam ouvido a respeito da saída dos judeus do Egito e do milagre no Mar Ver­melho. Desde então, temiam o dia em que teriam de encarar aquele povo por quem Deus havia lutado tão poderosamente, e a favor de quem havia operado milagres e maravilhas. O cora­ção deles desfalecia e não havia mais neles coragem.

Ainda assim, o povo de Deus estava morrendo de medo. Eles diziam com efeito que Deus não era capaz de cumprir Sua palavra. Havia assumido mais responsabilidades do que po­dia...

Eles viram os obstáculos, mas estavam cegos para o Senhor. Há os que pensam que a habilidade de ver obstáculos é marca de maturidade e intuição. Realmente, ver obstáculos é o mais fácil. Deus quer gente que veja o caminho além da dificuldade e encoraje a outras pessoas.

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COMO PRODUZIR MAIS 119

Qual foi o resultado do relatório feito pelos dez espias? "Le- v.intou-se, pois, toda a congregação, e gritou em voz alta; e o |H>vo chorou aquela noite" (Nm 14:1). Desencorajamento foi a conseqüência inevitável para quem acreditou no que disseram .íqueles homens que olharam para as circunstâncias em vez de acreditar em Deus. Mas Calebe e Josué disseram:

“A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra muitíssimo boa.Se o Senhor se agradar de todos nós, então nos fará entrar nessa terra e no-la dará: terra que maná leite e mel. Tão-somente não sejais rebel­des contra o Senhor, e não temais o povo desta terra, porquanto como pão os podemos devorar; retirou-se deles o seu amparo; o Senhor é conosco; não os temais." (vv. 7-9).

Por fim, apenas Josué e Calebe entraram na terra prometida. Os murmuradores, os indecisos, os que pensaram negativa­mente, branquearam os ossos no deserto.

Devemos manter nossos olhos nos objetivos, não nos obstá­culos!

Assim, resumindo, ao assumir uma tarefa para Deus, lem­bre-se de três coisás:

1. Faça-a de uma vez.2. Confie em Deus para a ajuda de que necessita.3. Detenha-se nos objetivos, não nos obstáculos.É claro que obstáculos e dificuldades podem ser muito reais

e sérios. Não podemos esperar que eles nos deixem se tão-so- mente pensarmos positivamente. No capítulo seguinte, discu­tiremos como enfrentar as dificuldades.

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9

Superando as Dificuldades

O céu nem sempre está azul. Tempestades também fazem parte da vida, assim como o sol e a luz das estrelas. Este

fato pode algumas vezes colocar líderes diante de um dilema. Eles estão servindo ao Senhor, fazendo de coração Sua vontade, mas ainda assim, se encontram em dificuldades, dúvidas e pro­blemas.

As dificuldades normalmente aparecem de duas formas para os líderes: problemas com o grupo e problemas pessoais.

O exemplo de MoisésAs Escrituras estão cheias de exemplos de gente de Deus que passou por dificuldades ao assumir posição de liderança. Moisés foi um caso típico. Ele se meteu em confusão em deter­minado momento de sua vida porque tentou fazer tudo por conta própria. Algumas pessoas são assim. Sua filosofia é "Se quer que um trabalho seja bem-feito, você mesmo tem de fa­zê-lo" .

Uma característica admirável em Moisés nessa situação foi que ele estava envolvido pessoalmente com o povo. Ele não era

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um supervisor descomprometido. Mas o que era um ponto for­te acabou transformando-se em fraqueza.

"No dia seguinte, assentou-se Moisés para julgar o povo; e o povo estava em pé diante de Moisés desde a manhã até ao pôr do sol" (Êx 18:13). Moisés se doava àquele grupo de pessoas que recentemente havia tentado apedrejá-lo. Servir e ajudar gente que aprecia o que você faz é relativamente fácil, mas Moisés estava gastando tempo e energia com uma multidão de ingratos, rancorosos, desagradáveis e insensatos que haviam tentado matá-lo. Moisés era um servo de Deus e estava de­monstrando boa vontade para com eles.

Um dia seu sogro viu o que estava acontecendo e pergun­tou: "Que é isto que fazes ao povo? Por que te assentas só, e todo o povo está em pé diante de ti, desde a manhã até ao pôr do sol?" (v. 14).

Moisés respondeu: "É porque o povo me vem a mim para consultar a Deus; quando tem alguma questão vem a mim, para que eu julgue entre um e outro e lhes declare os estatutos de Deus e as suas leis" (vv. 15-16).

Quando Jetro ouviu sua explicação, deu a ele um bom conse­lho:

"Não é bom o que fazes. Sem dúvida, desfalecerás, assim tu, como este povo que está contigo: pois isto é pesado demais para ti; tu só não o podes fazer. Ouve, pois, as minhas palavras; eu te aconselharei, e Deus seja contigo: Representa o povo perante Deus, leva as suas cau­sas a Deus; ensina-lhes os estatutos e as leis efaze-lhes saber o cami­nho em que devem andar e a obra que devem fazer. Procura dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que abor­reçam a avareza; põe-nos sobre eles por chefes de mil, chefes de cem, chefes de cinqüenta e chefes de dez; para que julguem este povo em todo tempo. Toda causa grave trarão a ti, mas toda causa pequena eles mesmos julgarão; será assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo. Se isto fizeres, e assim Deus to mandar, poderás, então, su­portar; e assim também todo este povo tornará em paz ao seu lugar" (vv. 17-23).

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SUPERANDO AS DIFICULDADES 123

Uma das coisas mais admiráveis desta passagem foi o fato de que Moisés teve o bom senso de ouvir esse conselho. O orgulho o teria impedido de ouvir. Ele poderia ter dito: "Quem você pensa que é para me dizer o que devo fazer? Você não sabe quem eu sou? Eu sou Moisés, o homem que falou com o próprio Deus face a face. Se eu quiser conselho, subo ao topo da montanha e trato diretamente com Deus. Não preciso de nenhum parente dizendo o que é melhor!". Como teria sido fácil para ele agir desse modo! Mas ele não fez isso! "Moisés atendeu às palavras de seu sogro, e fez tudo quanto este lhe dissera" (v. 24).

Agora examinemos mais de perto para o conselho que livrou Moisés de suas dificuldades. Quatro coisas se destacam:

1. A prioridade máxima de Moisés era orar pelo povo que estava sob sua liderança. "Representa o povo perante Deus, leva as suas causas a Deus".

Portanto, como líder, você deve fazer desta a sua tarefa nú­mero um. Como professor de escola dominical, ore pelos mem­bros de sua classe. Se é líder de algum departamento na igreja, ore pelos que se reportam a você. Se é pastor, presbítero, diácono, ore por aqueles que estão sob os seus cuidados.

"Saúda-vos Epafras que é dentre vós, servo de Cristo Jesus, o qual se esforça sobremaneira continuamente para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus" (Cl 4:12). Orar pelas pessoas ajudará e muito na reso­lução de problemas, ou até mesmo a evitar que apareçam.

2. M oisés tinha de ensinar a Palavra de Deus. "Ensina-lhes os es­tatutos e as leis." Quer em público quer em particular, a toda a congregação ou a um indivíduo, o líder deve ajudar pessoas a aprender o que a Bíblia diz e a aplicar as verdades nas situações diárias." Não se pode praticar a verdade se não se conhece a verdade. Jesus orou: "Santificai-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17:17).

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124 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

3 .M oisés tinha de ser um exem plo visível para seu povo. "Faze- lhes saber o caminho em que devem andar e a obra que devem fazer." Há um ditado que prega: "Diga-lhes o quê, diga-lhes por quê, e mostre-lhes como".

Dawson Trotman, fundador de Navegadores, costumava dizer: "Falar não é ensinar; ouvir não é aprender".

O líder deve mostrar às pessoas, pelo exemplo, como cami­nhar com Deus e como trabalhar para Deus. As pessoas preci­sam de ajuda para aprender a viver para Cristo e a servi-Lo. E elas não aprendem isso em aulas ou sermões. Precisam ver. Como uma costureira, precisam de um modelo a seguir, e o melhor modelo é o exemplo dado pelo líder.

4. Moisés tinha de delegar responsabilidades. Jetro finalmente to­cou o ponto principal. Ele o aconselhou a compartilhar o fardo com outros homens, "para que julguem este povo em todo tem­po. Toda causa grave trarão a ti, mas toda causa pequena eles mesmos julgarão; será assim mais fácil para ti, e eles levarão a carga contigo" (Êx 18:22). Moisés deveria parar de querer fazer tudo sozinho. Deveria repartir a carga. Mas deveria também escolher seus parceiros cuidadosamente. Eles precisavam ter vida espiritual, relacionar-se apropriadamente com Deus, com os outros e com o mundo ao seu redor: "homens capazes, te­mentes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza".

Conseguir a pessoa certa no trabalho é uma bênção. Arranjar a pessoa errada pode ser uma maldição. Lembre-se de que é mais fácil colocar as pessoas numa função do que tirá-las. A seleção cuidadosa de companheiros de trabalho é característica de um bom líder. No conselho dado por Jetro a Moisés, ele lhe ensinou algo sobre suas prioridades pessoais, a base para seu trabalho e a arte da delegar. Qualquer trabalho, não importa quão grande ou complexo seja, pode ser dividido em unidades administráveis se tivermos as pessoas certas para conduzi-lo.

Líderes em treinamentoAqueles a quem se delegam responsabilidades são na verdade

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SUPERANDO AS DIFICÜLDAI)US I

líderes em treinamento. São colaboradores. Três qualidades devem caracterizar essas pessoas.

1. Unidade de pensamento é um pré-requisito para cooperação no trabalho. "Porque a ninguém tenho de igual sentimento, que sinceramente cuide dos vossos interesses; pois todos eles bus­cam o que é seu próprio, não o que é de Cristo Jesus" (Fp 2:20- 21). Seus colaboradores devem concordar com seus alvos e ob­jetivos. Ao mesmo tempo, devem ser eles mesmos. E você deve permitir com entusiasmo que eles conduzam o trabalho, usan­do os métodos e planos de acordo com os dons e habilidades que Deus deu a eles. A idéia é: concordância nos alvos; liberda­de nos métodos e meios.

Neemias e Esdras exemplificam este princípio. Cada um de­les liderou um grupo de pessoas da Babilônia para Jerusalém. Quando Esdras começou, Deus lhe deu uma idéia de como pro­ceder em seu plano.

Então, apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilhar­mos perante o nosso Deus, para lhe pedirmos jornada feliz para nós, para nossos filhos e para tudo o que era nosso. Porque tive vergonha de pedir ao rei, exército e cavaleiros para nos defenderem do inimigo no caminho, porquanto já lhe havíamos dito: A boa mão do nosso Deus é sobre todos os que o buscam, para o bem deles; mas a sua força e a sua ira contra todos os que o abandonam. Nós, pois,jejuamos, e pedimos isto ao nosso Deus, e eles nos atendeu (Ed 8:21-23).

Ele estava convencido de que ir ao rei e pedir ajuda seria um pecado. Então jejuou e lançou-se à empreitada, confiando em que Deus sozinho conduziria a ele e a seu povo em segurançade volta à Jerusalém.

Alguns anos mais tarde, Neemias sentiu a direção de DeusI >.ira liderar um projeto semelhante. Seu objetivo era o mesmo: levar um grupo de pessoas da Babilônia a Jerusalém. Mas obser­ve sua abordagem!

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E ainda disse ao rei: Se ao rei parece bem, dêem -se-m e cartas para os

governadores dalém do Eufrates, para que me perm itam passar e en­trar em Judá, como também carta para Asafe, guarda das matas do rei,

para que m e dê m adeira para as vigas das portas da cidadela do tem ­

plo, para os muros da cidade, e para a casa em que deverei alojar-m e.E o rei mas deu, porque a boa mão do meu Deus era comigo. Então, fu i

aos governadores dalém do Eufrates, e lhes entreguei as cartas do rei;

ora, o rei tinha enviado com igo oficiais do exército e cavaleiros (Ne

2:7-9).

Esdras sentiu que seria errado pedir ajuda humana. Mas não Neemias! Ele não quis colocar os pés para fora da cidade sem cartas dos governadores e capitães do exército. Ele quis toda ajuda que pudesse conseguir. Agora, quem estava certo? A res­posta é simples: ambos. Deus dirigiu um homem para fazer as coisas de um modo, e um segundo de outro modo. Mas é aqui onde normalmente nos detemos. Meu método é este e o seu é aquele? Você deve estar errado! Não é assim. O objetivo deve estar bem claro, definido e determinado. E os métodos podem variar.

Note como Esdras lidou com o problema do pecado no acampamento: "Levantando-se no seu lugar, leram no livro da lei do Senhor, seu Deus, uma quarta parte do dia; em outra quarta parte dele fizeram confissão e adoraram o Senhor, seu Deus" (Ne 9:3).

Quando Neemias se deparou com pecado no acampamento, lidou com isso de um modo totalmente diferente.

"Protestei, pois, contra eles, e lhes disse: Por que passais a noite d e­

fron te do muro? Se outra vez ofizerdes, lançarei mão sobre vós. D aí

em d iante não tornaram a vir no sábado... C ontendi com eles, e os

am aldiçoei, e espanquei alguns deles, e lhes arranquei os cabelos, e os

conjurei por Deus, dizendo: Não dareis mais vossas filhas a seus filhos

e não tom areis m ais suas filhas, nem para vossosfilhos nem para vós m esm os" (Ne 13:21,25).

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SUPERANDO AS DIFICULDADES 127

Outra vez, eles lidaram com o problema de maneiras dife­rentes. Esdras se sentou e arrancou os cabelos. Quando Neemias descobriu que o povo vivia em pecado, puxou o cabe­lo deles! Quem estava certo? Ambos estavam certos. O objetivo foi eliminar o pecado do meio do povo. Os métodos para alcan­çar o objetivo foram completamente diferentes. Assim, quando você der tarefas às pessoas, permita-lhes a flexibilidade de exer­citar as habilidades dadas por Deus, conquanto que a aborda­gem seja bíblica e honre a Cristo. Mas unidade de pensamento é essencial no que diz respeito aos objetivos.

2. M aturidade é um outro pré-requisito. Que seu colaborador não "seja neófito, para não suceder que se ensoberbeça e incorra na condenação do diabo" (1 Tm 3:6). Ele deve estar apto a lidar com os impactos emocionais de ter responsabilidades. Duas coisas acontecem quando as pessoas recebem incumbências no program a da igreja. A responsabilidade pode formá-las ou quebrá-las.

Tenho observado moços e moças crescer e florescer, e os te­nho visto cair e se machucar. Os que cresceram foram os que aceitaram responsabilidades com um espírito humilde e depen­deram do Senhor e de Sua graça e poder que sustentam. Deus usou a responsabilidade a eles adicionada para fazê-los exerci­tar maior dependência dele. Isso os levou a dobrar os joelhos e buscar orientação nas Escrituras. Eles se fortaleceram a ponto de assumirem maiores responsabilidades.

Por outro lado, vi pessoas assumir uma tarefa e afastar-se de Deus. Elas se tornaram arrogantes e ditatoriais. O orgulho bro­tou em sua vida e elas sofreram as conseqüências. Deus resistiu a elas, e elas, por sua vez, acabaram não chegando a lugar ne­nhum.

E importante, portanto, que os líderes conheçam seu povo e os guie passo a passo na estrada da responsabilidade.

"A ninguém imponhas precipitadamente as mãos. Não loi nes cúmplice de pecados de outrem. Conserva-te a li mesmo puro" (1 Tm5:22). Uma das melhores maneiras de l.i/,ci ■ ■»

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dar-lhes pequenas responsabilidades e verificar como isso os afeta. Se puderem lidar com elas, estarão prontos para mais. Líderes que sabem delegar e compartilhar a carga com outros são uma bênção para outras pessoas. Crescerão e se tornarão espiritualmente qualificados num mundo onde os trabalhado­res são escassos.

3. Fidelidade é a terceira qualidade necessária em um colega de trabalho. A Bíblia diz: "Muitos proclamam a sua própria be- nignidade, mas o homem fidedigno, quem o achará?" (Pv 20:6). Tenho de admitir que essa qualidade é rara. E difícil encontrar alguém em quem se possa confiar plenamente. Parece que confiabilidade não é uma das características de nosso tempo. Talvez jamais tenha sido em tempo algum. "Socorro, Senhor! Porque já não há homens piedosos; desaparecem os fiéis entre os filhos dos homens" (SI 12:1).

Contudo, os líderes devem esperar por pessoas fiéis com quem possam compartilhar os fardos.

Salomão nos dá a razão: "Como dente quebrado e pé sem fir­meza, assim é a confiança no desleal, no tempo da angústia" (Pv 25:19).

Duas passagens que leio para as pessoas na tentativa de ins­pirar fidelidade, expressam princípios ensinados por Jesus a seus discípulos. O primeiro diz respeito à importância dafid eli­dade nas pequenas coisas. "Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito; e quem é injusto no pouco, também é injusto no muito" (Lc 16:10). Alguém que não consegue ver a importância de fazer um trabalho pequeno fielmente, será o mesmo alguém que fra­cassará nas tarefas maiores. Você pode saber muito a respeito de uma pessoa ao observar como ela arruma as cadeiras para uma reunião ou cumprimenta os outros na chegada. É muito fácil detectar se o seu coração está ou não no que faz. Pessoas que fazem um trabalho malfeito no transporte da turma da clas­se para o retiro de final de semana prestarão o mesmo tipo de serviço quando lhes for solicitado que liderem o retiro.

() segundo princípio éfidelidade ao trabalhar com os outros. "Se não vos tornastes fiéis na aplicação do alheio, quem vos dará o

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SUPERANDO AS DIFICULDADES 1 >')

que é vosso?" (Lc 16:12). Alguns simplesmente odeiam ser cha­mados para ajudar outra pessoa em suas atividades. Se isso não está intimamente relacionado à tarefa deles, simplesmente não ajudam. Jesus ensinou que, antes que você possa ter suas pró­prias responsabilidade, deve aprender a trabalhar com os ou­tros e ajudá-los nas responsabilidades deles.

E por isso que há sempre lugar no topo. Pouquíssimas pes­soas estão dispostas a aprender a lidar com responsabilidades importantes, adaptando-se primeiro à vida, agenda e progra­mação de um semelhante.

Mas as Escrituras estão carregadas de exemplos desse tipo de atitude.

Josué foi "ministro de Moisés". Eliseu foi escolhido como aquele que viria após Elias e o serviria. Cada um desses ho­mens tornou-se um grande líder à sua própria maneira, mas primeiro aprendeu que demonstrar essa característica básica é uma verdadeira bênção. Os líderes poderão delegar boa parte de sua carga de trabalho aos outros e alegrar-se à medida que a obra segue adiante no cumprimento da missão da igreja.

Mantendo os outros informadosA segunda área na qual os líderes podem encontrar obstáculos difíceis de transpor é ao supor que as pessoas sabem o que se passa, ou ao pensar que todo mundo sabe por que eles fazem as coisas que fazem. Moisés passou por este problema: "Ora, Moisés cuidava que seus irmãos entenderiam que Deus os que­ria salvar, por intermédio dele; eles, porém, não compreende­ram" (At 7:25). Os líderes logo aprendem a deixar suas linhas de comunicação abertas. Se não aprendem, isso pode causar um tremendo desastre.

Essa realidade é vividamente ilustrada na história dos filhos de Israel. As guerras de conquista haviam sido esquecidas, e a terra desfrutava paz. "Desta maneira, deu o Senhor a Israel toda a terra que jurara dar a seus pais: e a possuíram e habita­ram nela" (Js 21:43). As tribos que tinham fazendas no outro lado do Jordão retornaram às suas casas. No caminho, constru-

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iram um altar ao lado do rio Jordão (22:10). Então algo estranho e terrível aconteceu. Ao ouvir sobre o altar e imaginando o pior, o restante dos filhos de Israel fez planos de guerrear contra seus irmãos por causa da idolatria!

A Escritura descreve a situação assim: "Os filhos de Israel ouviram dizer: Eis que os filhos de Rúben, os filhos de Gade e a meia tribo de Manassés edificaram um altar defronte da terra de Canaã, nos termos pegados ao Jordão, da banda dos filhos de Israel. Ouvindo isto os filhos de Israel, ajuntou-se toda a congre­gação dos filhos de Israel em Silo, para saírem à peleja contra eles" (vv. 11-12). Imagine só!

Após anos de guerra, companheiros em inúmeras batalhas, planejavam agora uma guerra civil. Por quê? Houve um sim­ples equívoco que gerou toda essa confusão, porque as linhas de comunicação não estavam abertas. A maioria havia apenas "ouvido falar" das ações da minoria e não sabia nada sobre as razões por trás dessas ações.

Felizmente, foi enviada uma delegação que cruzou o rio para apurar os fatos. A explicação foi simples. O altar não era "nem para holocaustos, nem para sacrifício, mas, para que entre nós e vós e entre as nossas gerações depois de nós, nos seja tes­temunho, e possamos servir ao Senhor diante dele com os nos­sos holocaustos, e os nossos sacrifícios, e as nossas ofertas pací­ficas; e para que vossos filhos não digam amanhã a nossos fi­lhos: Não tendes parte no Senhor" (vv. 26-27).

Quando a delegação ouviu a explicação, ficou satisfeita, e o assunto foi encerrado (22:30). Um desastre foi evitado. Mas noteo padrão: a suspeita precipitada levou a falsas acusações, que por sua vez provocaram ira e divisão, que poderiam ter condu­zido à guerra. Os líderes devem fazer o que for possível para prevenir tais situações, mantendo as pessoas informadas. Pla­nos mantidos em segredo acabam trazendo uma resposta nega­tiva. Um esforço ativo para ajudar o povo a ver o que e por que está sendo feito terá grande valia para deter boatos e rumores.

A maioria dos líderes concorda em que a boa comunicação é necessária e ao mesmo tempo tremendamente difícil. O proble­

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SUPERANDO AS DIFICULDADES 131

ma é agravado pelo fato de que, em muitos casos, a real fonte de11 issensão e divisão é o diabo. Uma de suas principais ferramen­tas para interromper o projeto da igreja e deter o ímpeto do evangelho é fazer com que cristãos lutem entre si. Os líderes devem fazer tudo o que puderem para manter um clima de amor, paz e harmonia entre as pessoas. E isso demanda esforço. "Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, su­portando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligen­temente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz" (Ef 4:2-3).

Um testemunho pessoal ou um informativo ocasional por escrito ajuda muito. Pedir conselho às pessoas e deixá-las parti­cipar das decisões é produtivo de muitas maneiras. Em uma palavra, os líderes geralmente necessitam de toda a ajuda que puderem conseguir. Segundo, as pessoas sabem que estão par­ticipando e fazendo reais contribuições. Isso mantém o moral alto e o nível de equívocos baixo. Dessa tarefa os líderes não podem esquivar-se. Eles devem encarar a responsabilidade de manter o fluxo de informações e as linhas de comunicação aber­tas. Embora este seja um trabalho árduo, encontrarão êxito se assim o fizerem.

Cumprindo tarefas desagradáveisQuando os líderes se dedicam as coisas que apreciam fazer e desprezam as tarefas consideradas desagradáveis para eles, surgem problemas. Há muita responsabilidade envolvida no trabalho do líder, e eles devem estar dispostos a cumpri-la ca­balmente. Davi é um exemplo clássico disso. Ele era um ho­mem que se sobrepujava na batalha. Era um guerreiro, e dos bons. E também administrava habilmente os negócios do povo. Não negligenciava essas atividades porque preferia o prazer daI iderança na batalha.

Reinou, pois, Davi sobre todo o Israel; julgava e fazia justiça a todo oseu povo. Joabe, filho de Zeruia, era comandante do exército; Josafá,filho de Ailude, era cronista. Zadoque, filho de Aitube, e Abimeleque,

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filho de A biatar, eram sacerdotes; e Sausa escrivão. E Benaia, filho deJoiada, era o com andante da guarda real. Os filh o s de Davi, porém ,eram os prim eiros ao lado do rei (1 Cr 18:14-17).

Davi tinha dois ministros militares, um para comandar as forças nos campos de batalha e otitro, seu guarda-costas, para manter a ordem dentro do país. Tinha dois líderes religiosos sob Abiatar. Tinha também dois ministros civis, um para mantê-lo a par das coisas que precisavam ser feitas e outro para manter o povo informado do que havia sido feito. Assim, qual­quer nova lei era de imediato conhecida, além de haver um ca­nal de comunicação direto com o rei. E isso funcionava bem. O povo o amava.

É tarefa dos líderes manter um programa equilibrado. É fácil promover um aspecto da tarefa em detrimento de outro. Eles podem enfatizar levantamento de fundos e negligenciar o evangelismo. Podem ter um forte ímpeto evangelístico e me­nosprezar o treinamento de seu povo. Podem ficar tão preocu­pados com aspectos organizacionais e detalhes administrativos que perdem a visão de objetivos mais abrangentes. O desequi­líbrio ocorre normalmente quando os líderes se deixam concen­trar no trabalho que mais apreciam, enquanto evitam as res­ponsabilidades que são parte do trabalho. A habilidade para provar tanto do doce quanto do amargo é uma das marcas do bom líder.

Problemas pessoais: tristeza e afliçãoOs líderes não estão isentos de enfrentar problemas pessoais. Dificuldades financeiras podem atingi-los. Eles podem enfren­tar provas severas com os filhos. Doença familiares podem re­presentar um fardo difícil de carregar. Eles também podem re­ceber ataques pessoais com relação a suas motivações, caráter e integridade. As tempestades da vida podem rugir ao redor de­les e às vezes parecer tragá-los em sua fúria. Inquietações, pre­ocupações e perplexidade não são sentimentos estranhos a uma pessoa em posição de liderança.

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O apóstolo Paulo falou sobre isso:

E não som ente isto, mas também nos gloriem os nas próprias tributa­ções, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confun­de, porque o am or de Deus é derramado em nosso coração pelo Espiri­to Santo, que nos fo i outorgado (Rm 5:3-5).

Quando leio esta passagem, fico impressionado com o fato de o apóstolo afirmar que se gloria e se regozija na tribulação. Por quê? O que seria tão agradável na tribulação? Por que uma pessoa normal haveria de se gloriar nisso? Para a maioria de nós, a tribulação deve evitada, mas aqui ela é apresentada como algo no qual se gloriar. Este é um estranho paradoxo, pois tribu­lação significa pressão, aflição e dificuldade.

A palavra tribulação no texto vem de um termo empregado para um antigo instrumento que separava o trigo da palha. Isso nos dá uma pista daquilo em que Paulo se gloriava. E não ape­nas ele. Outros autores do Novo Testamento ressaltam a mes­ma idéia. Pedro escreveu: "Amados, não estranheis o fogo ar­dente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária vos estivesse acontecendo" (lPe 4:12). Tiago diz: "Meus irmãos, tende por motivo de toda ale­gria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes" (Tg 1:2-4).

Incrível! Minha tendência natural é alegrar-me quando venço tentações, não quando caio nelas!

O apóstolo Paulo orientou os colossenses a responder ao sofrimento continuado com alegria e ações de graça! "Sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria" (Cl 1:11).

Ao ler estas passagens, podemos entender por que as provas e dificuldades devem ser saudados com alegria e gratidão. É

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134 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

através delas que Deus constrói o caráter cristão. Perseverança e força para resistir são produzidas em nossa vida. Não deve­mos perder de vista o modo como Deus faz as coisas. A perse­verança é uma qualidade básica essencial à liderança, e este é o método de Deus para torná-la parte integrante de nosso caráter. Uma árvore que cresce em uma estufa é perfeitamente saudá­vel, mas é alta e espichada. Uma árvore que cresce onde sopra um vento forte finca suas raízes em solo profundo. Ela é rude, forte e tem resistência. É disso que os líderes necessitam. As provas fortalecem nossa fé, e a experiência produz confiança em Deus para o futuro.

Paulo escreve:

Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder ser aper­feiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraque­zas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto pra­zer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, é que sou forte" (2 Co 12:9-10).

Devemos encarar o fato de que Deus está mais preocupado com nossa maturidade do que com nosso conforto. É desejo Dele que as muitas facetas da beleza de Cristo possam brilhar através de nossa vida.

Você já visitou uma fábrica de vasos? Quando o vaso é colo­cado no forno, suas cores são opacas e inexpressivas. Quando sai do fogo, elas são vividas. O fogo as torna belas. O mesmo ocorre com nossa vida. Os fornos da vida trazem a beleza da vida de Cristo para dentro de nós.

Lia Trotman, esposa do fundador de Navegadores, encarou muitas tempestades. Mas quando ela entra em um recinto, o lugar se ilumina. Ela irradia beleza e um frescor de espírito que é maravilhoso contemplar. A beleza de Cristo resplandece atra­vés dela.

Isso só ocorre, é claro, quando enfrentamos tribulações na vida à luz da cruz de Cristo. Se não for assim, as adversidades

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podem erguer barreiras entre nós e o Senhor. Podemos tornar- nos amargurados. Para que isso não ocorra, devemos encarar nossas dificuldades crendo que Deus as usará para realizar Seus propósitos e completar Sua obra em nós.

Além de manifestar a beleza de Cristo, as tribulações podem ser usadas para demonstrar o poder de Deus. Paulo e Silas ha­viam sido espancados, lançados na prisão, e presos em troncos. Embora os direitos civis deles tivessem sido violados, e ele ti­vessem sido tratados fora dos parâmetros legais, o que os ob­servamos fazer? Cantar! Canções de protesto? Não! Eles canta­vam canções de louvor a Deus.

Paulo praticou em Filipos o que havia pregado em sua carta aos colossenses. Quando em sofrimento, eles deveriam respon­der com alegria e gratidão. Esta seria a manifestação do poder glorioso e imensurável de Deus em ação. "Sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a per­severança e longanimidade; com alegria, dando graças ao Pai, que vos fez idôneos à parte que vos cabe da herança dos santos na luz" (Cl 1:11-12).

Há muita discussão sobre como o poder de Deus se manifes­ta em uma vida. Paulo nos diz que, quando alguém passa pelas chamas da adversidade com espírito de gratidão e alegria, isso é poder.

E assim como Moisés desviou-se para observar a sarça que ardia mas não se consumia, as pessoas são desafiadas pela vida que passa pelo fogo a cantar louvores a Deus.

Um dos trechos mais úteis das Escrituras para ter em mente nos dias de dificuldade é dado por Isaías: "Porque os meus pen­samentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos cami­nhos, os meus caminhos, diz o Senhor; porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos" (Is 55:8-9).

Ao orar por libertação, devemos lembrar que Deus tem Seu tempo e Seus próprios caminhos. Isso está ilustrado claramen­te na experiência do apóstolo Paulo. Em Antioquia da Pisídia,

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ele foi expulso da cidade (At 13:50). De lá ele foi para Icônio, onde tentaram apedrejá-lo mas ele escapou (14:5-6). Ele fugiu então para Listra, onde foi apedrejado e dado como morto (v. 19). São duas fugas de três possíveis ataques, o que não é nada mau, de acordo com a lei das médias, embora alguém dificil­mente possa resistir pelo menos a uma das possibilidades, já que qualquer uma delas seria praticamente fatal!

Ao relembrar essas passagens, Paulo faz contudo uma de­claração surpreendente:

"Tu, porém, tens seguido, de perto o meu ensino, procedim ento, pro­pósito, fé , longanim idade, am or, perseverança, as m inhas persegui­ções e os m eus sofrim entos, quais m e acon teceram em A n tioqu ia , Icônio e Listra, que variadas perseguições tenho suportado! De todas, entretanto, m e livrou o Senhor" (2 Tm 3:10-11).

Paulo realmente quis dizer "de todas"? Em Antioquia, sim; em Icônio, sim; mas em Listra ele foi apedrejado e dado como morto. Ainda assim Paulo diz que foi livrado por Deus de todas elas, e aqui se encontra uma verdade maravilhosa. Paulo foi livrá-lo duas vezes d as pedras, e uma vez a tr a v é s delas! E em ambos os casos foi um livramento dado por Deus. Paulo sem dúvida teria escolhido ser libertado delas em todos os casos, mas os caminhos de Deus não são os nossos. Paulo saiu dessas ex­periências com um testemunho radiante do poder libertador e preservador de Deus. "O Senhor me livrará também de toda obra maligna e me levará salvo para o seu reino celestial. A ele, glória pelos séculos dos séculos. Amém" (4:18).

"Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daque­les que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Rm 8:28). A verdade desta declaração é fácil de compreender, mas é difícil de ser vivida no dia-a-dia. Quando o líder está no meio da fornalha da aflição, é penoso ter essa segu­rança.

Enquanto eu escrevia estas palavras, minha esposa estava fa­zendo uma torta de cenoura. Se ela me oferecesse um punhado

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de legumes para o almoço, eu diria "Não, obrigado". O mesmo seria verdade se me oferecesse uma caneca de farinha. Mas quando estes e outros ingredientes são misturados e o resultado da mistura vai para o forno por um tempo, então aí é outra his­tória.

Isso é o que Deus muitas vezes faz com nossa vida. Ele tra­balha misturando bons e maus momentos, e sabe a exata mistu­ra que é ideal para nós. Passamos pelo fogo da tribulação e, quando o processo se completa, somos pessoas melhores por causa dele. O segredo é perceber o que Deus está fazendo e "gloriar-se nas tribulações"; responder com gratidão e alegria.

Assim, quando você se vir atribulado ou perplexo, ou perse­guido ou abatido, regozije-se! Deus está desenvolvendo perse­verança e esperança. "Ora, a perseverança deve ter ação com­pleta, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes" (Tg 1:4). E, se você estiver passando por estas coisas agora, ani- me-se! Está em poderosa e boa companhia. Paulo escreveu: "Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perple­xos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desam­parados; abatidos, porém não destruídos" (2 Co 4:8-9). Acres­cente-se a isso que Paulo estava constantemente encarando a morte. "Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal" (v. 11).

O que manteve Paulo em atividade, diante de tudo isso? Ele lista cinco coisas. A primeira era a fé. "Tendo, porém, o mesmo espírito da fé, como está escrito: Eu cri, por isso é que falei, tam­bém nós cremos, por isso também falamos" (v. 13). A segunda era a esperança: "sabendo que aquele que ressuscitou ao Se­nhor Jesus, também nos ressuscitará com Jesus, e nos apresen­tará convosco" (v. 14). A terceira eram as necessidades dos ou­tros. "Porque, se enlouquecemos, é para Deus; e, se conserva­mos o juízo, é para vós outros" (5:13). A quarta, era o benefício de sua própria alma. "Por isso, não desanimamos: pelo contrá­rio, mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia" (4:16). A quin­

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ta, era o fato de que ele via todas as coisas à luz da eternidade. "Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não aten­tando nós nas cousas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, e as que se não vêem são eternas" (vv. 17-18).

Se pudermos ter essas coisas em mente, o sofrimento pre­sente, que parece tão pesado e longo, na verdade se torna leve e passageiro. Mas devemos encarar as adversidades à luz da cruz e sob a perspectiva do céu, lembrando que isto trabalha para o nosso bem, e não contra nós.

Quais são alguns passos práticos que os líderes podem to­mar quando estão no meio de dificuldades e tristezas? Em pri­meiro lugar, devem levar as Escrituras a sério, "lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós" (1 Pe5:7).

Eu havia decorado este versículo quando recém-convertido, mas somente algum tempo depois essa verdade tornou-se par­te integral de minha experiência. Eu conversava com o dr. Bill Bright da Cruzada Estudantil para Cristo, partilhando algumas inquietações e dificuldades que estava atravessando.

Ele me olhou e disse: "LeRoy, tenho encontrado grande con­forto em 1 Pedro 5:7". E continuou: "Concluí que em minha vida ou sou eu quem carrega meus fardos, ou é Jesus. Não po­demos os dois levá-los ao mesmo tempo, e decidi lançá-los so­bre o Senhor."

Ele me desafiou a tentar fazer o mesmo. Aturdido, deixei o quarto de hotel. Será que o versículo queria dizer aquilo mes­mo? Fui para o meu quarto e comecei a orar. Com todo o meu empenho, fiz o que Bill havia dito. Por meses eu havia carrega­do um nó no estômago. Agora podia sentir que ele havia saído. Eu experimentara a libertação de Deus. Não, o problema não tinha desaparecido, e não desapareceu até hoje. Mas o fardo se foi. Eu não passo mais as noites em claro nem choro antes de dormir. Posso honestamente encarar meus fardos com espírito alegre e gratidão no coração.

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SUPERANDO AS DIFICULDADES |;W

Durante sua caminhada, os filhos de Israel "afinal, chega­ram a Mara; todavia, não puderam beber as águas de Mara, porque eram amargas; por isso, chamou-se-lhe Mara" (Êx 15:23). E depois disso chegaram a Elim, onde encontraram água doce e palmeiras. "Então chegaram a Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras; e se acamparam junto das águas" (v. 27).

Sei que, em minha própria vida, as águas amargas de Mara têm sido seguidas por uma comunhão ainda mais doce com o meu Senhor e por um frutificar ainda maior em seu serviço.

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10Sobrevivendo aos Perigos

C ascavéis são comuns onde eu moro. Encontro uma quase todo verão. E uma experiência assustadora ver uma casca­

vel enrolada, olhando para você, pronta para dar o bote. Ata­cam como um raio, rápido e certeiro. Tenho duas opções em se tratando de cascavéis; evitá-las, ou fugir delas. Você não precisa de muita intuição para saber o que fazer com algo tão perigoso. Não há por que vacilar.

Um amigo meu tentou apanhar uma cascavel certa vez. Foi parar no hospital. Ela não o matou porque a mordida pegou com um só dente. Mas Bob ficou muito mal. O dedo que foi atingido está marcado até hoje. Uma vantagem ao lidar com essas cobras é que elas não tentam enganá-lo. Quando elas chacoalham os guizos e mostram os dentes, você sabe com quem está lidando.

Infelizmente, o mesmo não acontece com muitos dos peri­gos que os líderes enfrentam. Na grande maioria, as ameaças parecem inofensivas, ou estão mascaradas por trás de um man­to de respeitabilidade. Em outras ocasiões mostram-se clara­

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mente e não deixam nenhuma dúvida. Exibem os dentes. Você sabe onde está. Vamos olhar para alguns dos perigos que cer­cam a liderança.

Há alguns anos reuni um grupo de homens para um movi­mento de evangelismo entre estudantes universitários. Bob Stephens, oficial da Força Aérea que estava na reserva, escre­veu-me uma carta expressando interesse no projeto. Eu lhe res­pondi dizendo que tinha algumas perguntas a fazer.

A primeira era: "Você acha que podemos envolver neste ministério companheiros que odeiam a Deus?". Bob é um jo­vem brilhante, formado com louvor em Engenharia na Univer­sidade de Maryland. Não demorou muito para dar a resposta. Quando replicou que não, eu lhe mostrei a Escritura: "N in­guém pode servir a dois senhores; porque ou há de aborrecer-se de um, e amar ao outro; ou se devotará a um e desprezará ao outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mt 6:24)

Com este versículo, fiz uma nova pergunta: "Você acha que podemos ter trabalhando conosco homens que sejam inimigos da cruz de Cristo?". Ele disse não. Então lhe mostrei outro versículo:

Irmãos, sede imitadores meus, e observai os que andam segundo o modelo que tendes em nós. Pois muitos andam entre nós, dos quais repetidas vezes eu vos dizia e agora vos digo até chorando, que são inimigos da cruz de Cristo. O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia; visto que só se preocu­pam com as cousas terrenas" (Fp 3:17-19)

Nesta passagem Paulo diz que os inimigos da cruz "pensam nas coisas da terra". Ele estão totalmente mergulhados nas coi­sas deste mundo e dessa forma vivem opostamente ao espírito da cruz, que é o do amor sacrificial.

Bob concordou. Ele tinha o desejo de dar a si mesmo. Por muitos anos estava servindo nesse espírito. O pecado de avare­za nunca dominou sua alma. Deus o tem usado grandemente através do mundo. Jovens nos três continentes traçam suas ro­tas espirituais pela influência de Cristo através da vida de Bob.

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SOBREVIVENDO AOS PERIGOS 143

AvarezaA avareza é um dos pecados totalmente repudiados pelo após­tolo Paulo. "A verdade é que nunca usamos de linguagem de bajulação, como sabeis, nem de intuitos gananciosos. Deus dis­to é testemunha" (1 Ts 2:5). O ganho pessoal não era um motivo que se escondia nas sombras de seu ministério. Se isso tivesse acontecido, ele não teria sido usado como foi no ministério de semear igrejas prósperas.

Além do mais, Paulo não estaria praticando o que pregara. Ele disse aos colossenses:

Portanto, sefostes ressuscitados juntamente com Cristo, buscai as cousas lá do alto, onde Cristo vive, assentado à direita de Deus. Pensai nas cousas lá do alto, não nas que são aqui da terra. Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena: prostituição, impureza, paixão lasciva, de­sejo maligno e a avareza, que é idolatria (Cl 3:1-2,5).

Note que avareza é idolatria, e o apóstolo João também es­creveu: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos" (1 Jo 5:21).

Por que a avareza é tão danosa aos líderes espirituais? No mínimo por duas razões. Primeiro, a avareza faz com que os lí­deres percam sua perspectiva — sua vida começa a tornar-se focada no mundo. Jesus disse: "O meu reino não é deste mun­do" (Jo 18:36). Se os líderes estão ocupados com as coisas do mundo, sua mente está desviada para ocupações inúteis. Eles estão vivendo para o transitório, e não para o eterno.

Jesus viveu e morreu para trazer vida eterna ao mundo. Os líderes, por sua vez, não devem viver para melhorar sua pró­pria situação com ganhos pessoais. Por causa da sutileza deste perigo, devem constantemente estar em guarda, observando a advertência de João:

Não ameis o mundo nem as cousas que há no mundo. Se alguém amar o mundo, o amor do Pai não está nele; porque tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não procede do Pai, mas procede do mundo. Ora, o mundo pas­

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144 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

sa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a vontade de Deus permanece eternamente (1 Jo 2:15-17)

Certa vez ouvi um evangelista vangloriar-se de que poderia orar durante duas semanas inteiras, porém jamais usaria o mes­mo termo duas vezes! O escândalo dos que acumulam tesouros para si mesmos tem sido uma mancha na vida desse ministro. Isso não quer dizer que o trabalho de Cristo não deve ser bem- financiado. O Novo Testamento mostra que os apóstolos ti­nham amplos fundos. Era comum as pessoas venderem suas posses e bens para o avanço do trabalho. Barnabé, "como tives­se um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos"(At 4:37). Mas o dinheiro não foi para aumentar a fortuna pessoal dos apóstolos. Pedro disse: "Eu não tenho ouro nem prata" (3:6).

A segunda razão por que a avareza é tão mortal é que, quan­do a pessoa coloca Deus em segundo lugar, em pouco tempo Ele não tem lugar nenhum. A avareza é um pecado insidioso que cresce nos espaços vazios do coração. Deus disse: "Não te- rás outros deuses diante de mim"(Ex 20:3). Idolatria é amar al­guma coisa mais que a Deus. Hoje alguns poucos deuses são feitos de pontas de pedra ou árvore. A maioria dos deuses deste mundo é feito de vidros tingidos, banhados em esmalte e cro- mo, ou lã de vidro, ou seda, ou couro de jacaré.

Recordo um incidente com um jovem rapaz que aspirou tor- nar-se um líder na causa de Cristo. Eu e ele estávamos conver­sando na escola bíblica que se havia formado naquele verão. Ele tinha um excelente currículo acadêmico e parecia esconder um grande potencial para Deus. Perguntei-lhe o que faria agora que estava formado. Ele começou a refletir, e pude ver que esta­va pensando muito profundamente. Estava curioso para saber o que iria dizer. Desejaria ser um missionário numa selva remo­ta? Ou arriscaria a vida para levar o Evangelho para além da cortina de ferro? Minha imaginação correu solta.

Finalmente ele me olhou e, num tom sério e cuidadoso disse: "Eu acho que vou comprar um automóvel Buick!".

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SOBREVIVENDO AOS PERIGOS H 1.

Meu coração foi a pique. Eu fiquei assombrado! Ali estava um homem com potencial para o serviço de Deus cuja mente estava dominada pelo brilho passageiro da vida. O mandamen­to de Paulo não havia penetrado o suficiente para governar sua motivação interior: "E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Rm 12:2). O amor de Cristo não o estava incomodando nem constrangendo em direção a alvos mais altos e nobres (veja2 Co 5:14-15).

A questão, é claro, não é se somos ricos ou pobres. Algumas das pessoas mais ricas que conheço são homens e mulheres de Deus dedicados, que ocupam lugares estratégicos de liderança na causa de Cristo. A avareza é uma condição do coração, não do bolso. As coisas desta vida podem ser usadas para Cristo. As posses podem ser escravas ou senhoras. Elas podem possuir- nos ou nós podemos usá-las. As pessoas que possuem riqueza e a usam com sabedoria podem ser uma bênção para centenas de outros seres humanos.

As pessoas que são capturadas pelas garras da avareza cau­sam pena ao serem contempladas. A satisfação pessoal as ilude— a caminho da morte. "Quem ama o dinheiro, jamais dele se farta; e quem ama a abundância nunca se farta da renda; tam­bém isto é vaidade" (Ec 5:10).

Paulo adverte sobre dois tipos de pessoas. O primeiro são as que vivem exclusivamente para se tornarem ricas.

Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição. Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os ma­les; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se ator­mentaram com muitas dores (1 Tm 6:9-10).

Essa armadilha é uma ameaça muito real. Isso aconteceu muito próximo de Paulo quando Demas o abandonou: "Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi

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para Tessalônica; Crescente foi para a Galácia, Tito, para a Dalmácia" (2 Tm 4:10). Embora fosse companheiro do grande apóstolo, Demas falhou na atenção a esta advertência. Foi a sua ruína.

O segundo grupo é formado pelos que são ricos.

Exorta aos ricos do presente século que não sejam orgulhosos, nem depositem a sua esperança na instabilidade da riqueza, mas em Deus que tudo nos proporciona ricamente para nosso aprazimento; que pra­tiquem o bem, sejam ricos de boas obras, generosos em dar e prontos a repartir, que acumulem para si mesmos tesouros, sólido fundamento para o futuro, afim de se apoderarem da verdadeira vida (1 Tm 6:17- 19).

Os ricos são tentados a ser orgulhosos, a confiar nas riquezas deste mundo e não em Deus. Eles devem viver com a eternida­de na mente, e usar em conformidade com isso suas riquezas.

Jesus falou deste tópico muito bem. Um homem, sentindo- se injustiçado pelo irmão, veio a Jesus e disse:

Nesse ponto, um homem que estava no meio da multidão lhe falou: Mestre, ordena a meu irmão que reparta comigo a herança. Mas Jesus lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós? Então, lhes recomendou: Tende cuidado eguardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abun­dância dos bens que ele possui (Lc 12:13-15).

Jesus não se solidarizou com o homem que dizia ter sido tra­paceado pelo irmão. Ele tentou mostrar que ambos tinham o pecado da avareza. Um homem tinha o dinheiro, e o outro o desejava. Os dois estavam presos nas garras da avareza. Jesus contou então a parábola que descreve como é tolo o homem que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus" (v. 21).

Os líderes farão bem em colocar o coração neste problema para ter certeza de que não estão escorregando nesta sutil e mortal armadilha.

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SOBREVIVENDO AOS PERIGOS 147

AutoglorificaçãoO segundo perigo mortal para os líderes é o orgulho. Paulo es­creveu: "Também jamais andamos buscando glória de homens, nem de vós, nem de outros" (1 Ts 2:6). Ele tinha acabado de re­pudiar o pecado da avareza (v. 5). Agora ele faz o mesmo com a autoglorificação, a procura de honra e prestígio.

Aqui está outra sutil armadilha. Ela acontece tão natural­mente que muitas vezes nem nos damos conta. Se você é um orador numa conferência ou lidera um grupo, as coisas podem acontecer de modo que você se destaque como alguém especial. Isto tem acontecido comigo: "Lá vai LeRoy Eims. Ele lidera um dos workshops da conferência" / "LeRoy, venha aqui e conver­se por um minuto. Tenho alguns amigos que desejam conhecer você". / "LeRoy, você se junta a nós no púlpito à noite, cumpri­menta a congregação e dirige-nos em oração?" / "LeRoy, acom­panhe-nos no almoço especial de hoje. E mais tranqüilo e con­fortável do que comer no salão com os conferencistas comuns".

Recentemente eu estava numa conferência em que algumas destas coisas aconteceram. E estava caindo na armadilha de me alegrar com estas coisas e sentir-me importante. Mas, em mi­nha hora devocional no segundo dia, o Espírito Santo me falou muito direta e pessoalmente na Palavra de Deus. Eu estava len­do Marcos e estes versículos se destacaram como uma luz de néon:

E, ao ensinar, dizia ele: Guardai-vos dos escribas, que gostam de an­dar com vestes talares e das saudações nas praças; e das primeiras ca­deiras nas sinagogas e dos primeiros lugares nos banquetes; os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar, fazem longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo (Mc í 2:38 40).

O Senhor disse com efeito: "Você ama todas estas coisas que estão acontecendo, que fazem você se sentir importante?"

"Sim, Senhor.""Você ama a saudação das pessoas que alimentam seu ego?" "Sim, Senhor."

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"Você ama subir na plataforma e ser visto por todas aquelas pessoas importantes?"

"Sim, Senhor."Eu reli a passagem um bom número de vezes, então dobrei

os joelhos, confessei meus pecados e me concertei com Deus. Senti seu conforto e perdão. Agradeço a ele por sua promessa: "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça"(l Jo 1:9).

O perdão de Deus foi tão completo que eu por fim acabei rin­do comigo mesmo de tudo isso. Ficou tudo muito vazio, uma vez que o Espírito Santo havia sido claro comigo. Quando eu entrava no corredor nos dias seguintes na conferência, admoes­tava a mim mesmo: "OK, estúpido, não haja como um profes­sor de direito". Tenho certeza de que muitas pessoas que me viram estavam curiosas para saber qual era a razão do meu sor­riso. Mas eu sabia. Eu me divertia com a tolice e estupidez de procurar autoglorificar-me e regozijar-me com o senso renova­do de proximidade com Deus.

O líder fará bem em subestimar o perigo sobre o qual o após­tolo Paulo advertiu quando escreveu: "Não nos deixemos ser desejosos de vangloria". Um incidente na vida de Paulo ilustra seu temor pessoal de adoração humana. Ele e Barnabé estavam sendo poderosamente usados por Deus em Listra, tanto que as pessoas diziam: "Os deuses, em forma de homens, baixaram até nós!" (At 14:11). Quando os apóstolos se deram conta que as pessoas pretendiam oferecer-lhes sacrifícios e bens, "Barnabé e Paulo, rasgando as suas vestes, saltaram para o meio da multi­dão, clamando: Senhores, por que fazeis isto? Nós também so­mos homens como vós, sujeitos aos mesmos sentimentos, e vos anunciam os o evangelho para que destas cousas vãs vos convertais ao Deus vivo, que fez o céu, a terra, o mar e tudo o que há neles" (vv. 14-15).

De fato, os apóstolos se depararam com dois perigos em Lis­tra. Um era o louvor e a adoração do povo. O segundo foi a ira e a perseguição dessas mesmas pessoas. "Sobrevieram, porém, judeus de Antioquia e Icônio e, instigando as multidões e ape­

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SOBREVIVENDO AOS PERIGOS 149

drejando a Paulo, arrastaram-no para fora da cidade, dando-o por morto" (v. 19). Decididamente, o maior destes perigos era o primeiro. Os apóstolos não rasgaram as vestes quando as pes­soas falavam em apedrejá-los. Eles fizeram, no entanto, quando as pessoas queriam endeusá-los. Paulo e Barnabé temiam a gló­ria humana mais que a perseguição, e com razão.

Algum tempo atrás ouvi um líder cristão falar das sutilezas do orgulho em sua própria vida. Quando o diretor da missão vinha com o superior imediato deste missionário para visitá-lo em seu posto, ele vestia um ar de superespiritualidade. Ele po­deria estar sentado lendo um jornal; mas, quando os líderes chegavam, ele fechava o jornal e fingia estar lendo a Bíblia. Ele encenava esta farsa para causar boa impressão. Ele os queria ver partindo dali a cantar-lhe louvores. Mas, segundo Escritura, devemos ministrar "não servindo à vista, como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a vontade de Deus" (Ef 6:6).

As pessoas parecem vulneráveis particularmente ao pecado de buscar glória para si próprias em três áreas, cada uma delas envolvendo algo louvável e bom em si mesmo. A primeira está em nossa oferta. Os pastores devem procurar impressionar outros em suas denominações com o tamanho do orçamento missionário de sua igreja. Os professores da escola dominical devem tentar superar as outras classes da igreja de tal maneira que seu desempenho constará do livro dos recordes e será visto por todos. As pessoas darão ofertas bem generosas para certas causas de tal forma que seus nomes aparecerão em uma lista especial ou de forma que algum líder notará isso e dará um des­taque especial a elas.

Jesus disse:

Guardai-vos de exercer a vossa justiça diante dos hom ens, com o fim de serdes vistos por eles; doutra sorte não tereis galardão junto de vos­so Pai celeste. Quando, pois, deres esmola, não toques trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, para serem glorificados pelos homens. Em verdade vos digo que eles já receberam

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150 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

a recompensa. Tu, porém, ao dares a esmola, ignore a tu mão esquerda o que faz a tua mão direita; para que a tua esmola fique em secreto: e teu Pai que vê em secreto, te recompensará"(Mt 6:1-4).

A segunda área na qual líderes devem vigiar sua motivação está na produção para o Senhor. Relatórios denominacionais anuais que falam do sucesso de certos pastores em "acrescentar ao rebanho" podem ser fatais. Pastores que estão indo bem se deparam consigo mesmos esperando que um "figurão" veja as estatísticas e se impressione. Lembre-se de duas coisas aqui. Primeiro, é o Senhor quem acrescenta à igreja: "louvando a Deus, e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos" (At 2:47). Segundo, o orgulho pode levar à queda. Davi levou ao pecado um número de pessoas, e o que ele pensou que iria trazer-lhe alegria partiu-lhe o coração. "Então enviou o Se­nhor a peste a Israel; e caíram de Israel setenta mil homens" (1 Cr 21:14).

O Senhor nos tem enviado como trabalhadores, e dessa ma­neira espera que façamos o que pudermos para levar adiante a mensagem que conduzirá pessoas ao Reino. E quanto mais, melhor. Deus se agrada quando nosso trabalho é usado pelo Espírito para povoar o céu e aumentar o número de discípulos. Mas tenhamos certeza de que fazemos isto "como para Deus e não para homens".

A terceira área de perigo relacionada ao orgLilho está no nos­so serviço a Cristo. Paulo diz: "Servindo ao Senhor com toda a humildade, lágrimas e provações que, pelas ciladas dos judeus, me sobrevieram" (At 20:19). Ele estava servindo a Deus, não a pessoas. E fácil escorregar no pecado de fazer nosso melhor quando alguém importante nos está assistindo e irá elogiar- nos, e deixar as coisas desandar quando amigos comuns estão por perto.

Minha esposa é um desafio constante para mim neste senti­do. O modo com que coloca a mesa é um exemplo clássico. Ela faz isso da mesma forma para a família como para visitas.

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SOBREVIVENDO AOS PERIGOS 151

Ocasionalmente temos um missionário ou um líder cristão para o jantar. Ela não altera seu comportamento. Estejam hós­pedes presentes ou não, sempre há uma mesa com pasta de amendoim, gelatina, geléia, picles, mostarda, catchup, azeito­nas, temperos — qualquer coisa que ela sirva é sempre saboro­sa, quer num prato de jantar, quer num pote ou garrafa. O leite não vem à mesa na caixa. A mesa nunca parece um depósito de sucatas com jarros, caixas e garrafas. Os guardanapos e os talheres são colocados apropriadamente quer para visitas, quer somente para a família. Ela nunca os coloca de qualquer jeito. Ela mantém nossa casa como para o Senhor e tenta fazer seu melhor para Ele todo o tempo (não como exemplo para os outros, mas com uma convicção pessoal).

DesânimoO terceiro perigo mortal para o líder é o desânimo. O demônio é mestre em provocá-lo. Muitos líderes voltam de seus trabalhos para casa em profundo desespero. As coisas não estão dando certo, os planos se desmancham, as críticas os lembram cons­tantemente de suas falhas. Pessoas com as quais pensavam que podiam contar, ou não ajudaram a carregar o fardo ou, pior, estão contra eles.

Como um líder pode lidar com estes problemas? Todos nós enfrentamos isso. Ninguém está imune. E surpreendente ver o registro das Escrituras com respeito a pessoas de Deus que ca­íram nas tramas do desânimo.

No caso de Elias, o desânimo seguiu-se a uma grande vitó­ria. Isto, a propósito, é uma ocorrência comum. O triunfo é constantemente seguido de um desapontamento emocional ou desânimo de algum tipo. Elias havia acabado de levar a me­lhor sobre os profetas de Baal no Monte Carmelo. Os profetas de Baal tinham orado, ferido a si mesmos com facas, e chorado o dia todo, mas de nada valeu. Não obtiveram resposta; seu al­tar permaneceu apagado. Então Elias fez uma poderosa ora­ção de fé e Deus respondeu de maneira inconfundível e consu­midora a ponto de o povo prostrar-se com o rosto em terra e dizer: "O Senhor é Deus! O Senhor é Deus" (1 Re 18:39).

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As coisas com eçaram então a desmoronar. Jezabel, a rai­nha, ouviu sobre o que havia acontecido. Ela enviou uma men­sagem a Elias dizendo que iria matá-lo. Deportar a fúria de poder ser desencorajador, especialmente se a pessoa for má e poderosa como Jezabel. Elias desistiu de viver.

Quatro lições emergem dos resultados do desânimo nesta história. Primeiro, o desânimo traz um falso senso de valores. "Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio, e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a m orte, e disse: Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais. Deitou-se e dormiu de­baixo do zimbro; eis que um anjo o tocou e lhe disse: Levanta- te e come" (19:4-5). O que Elias disse de fato foi: "Nós todos temos de morrer um dia, então por que não agora? Eu não sou diferente de ninguém e, desde que eu vou acabar morrendo, por que não agora?". Mas ele estava errado. Elias não morreu— nunca — porque Deus tinha outros planos para ele. Anos mais tarde, no tempo de Deus, "um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro [Elias de Elizeu] e Elias subiu ao céu num redemoinho" (2 Re 2:11).

Em segundo lugar, o desânimo pode fazer-nos fugir de nos­sas responsabilidades. "Ali, entrou num caverna, onde passou a noite; e eis que lhe veio a palavra do Senhor e lhe disse: Que fazes aqui, Elias?" (1 Re 19:9). Os líderes podem com eçar a olhar ao redor e concluir que a grama do vizinho é mais verde. Eles podem abandonar o trabalho que Deus lhes tem designa­do. Se eles desistirem ou fugirem das pessoas que estão olhan­do para sua liderança, Deus provavelmente virá e dirá: "O que vocês estão fazendo? Seu lugar é no trabalho que dei a vocês".

Terceiro, o desânimo pode fazer as pessoas começar a cul­par os outros por sua própria condição. Elas podem começar a apontar os dedos e acusar os outros abertamente de seus pro­blemas. "Ele respondeu: Tenho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua alian­ça, derribaram os teus altares e mataram os teus profetas à es­

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pada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida" (v. 10). É tudo culpa deles.

Em quarto lugar, o desânimo pode fazer com que os líderes percam completamente a perspectiva das coisas. Elias recla­mou que era o único homem em todo o reino que havia perma­necido fiel a Deus. Mas o Senhor disse: "Não exatamente". Ele declarou: "Também conservei em Israel sete mil: todos os joe­lhos que não se dobraram a Baal, e toda boca que o não beijou"(v. 18). As coisas estavam escuras e desanimadoras para Elias na medida em que ele as considerava à sua própria maneira. Mas os fatos eram completamente diferentes. As coi­sas eram sete mil vezes melhores do que ele imaginava.

A maioria de nós pode testemunhar da realidade desta ex­periência. Quando estamos no meio do problema, parece que nada vai dar certo. Mas as coisas raramente são o que parecem ser durante os dias tristes. Quando a nuvem passa e a tempes­tade cessa, vemos mais claramente e as coisas são sempre sete mil vezes melhores do que pareciam.

Davi teve uma experiência semelhante. Ele havia deixado sua cidade desprotegida e, quando voltou, ela estava queimada e as mulheres e crianças tinham sido levadas cativas (1 Sm 30:3). A reação de Davi e de seus homens foi normal: "Então, Davi e o povo que se achava com ele ergueram a voz, e chora­ram, até não terem mais forças para chorar" (v. 4). Desta forma vemos Davi caindo em tristeza e desespero.

Neste ponto uma coisa inacreditável aconteceu. Os homens de Davi, seus comandados, que o haviam seguido na abundân­cia e na escassez, falavam em apedrejá-lo. A única coisa em que Davi podia confiar quando tudo mais desmoronasse era na le­aldade daqueles homens. Mais de uma vez eles haviam arrisca­do a vida por ele. Aqueles com os quais ele poderia contar não estavam mais lá. Ele estava sozinho.

Isso forçou Davi a se voltar para a única Pessoa que estava sempre próxima. Ele "encontrou força no Senhor seu Deus" (v. 6). O Senhor lhe disse para perseguir o antigo inimigo, e o resul­tado final foi m aravilhoso. Davi recuperou tudo o que os

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154 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

amalequitas haviam levado. "Não lhes faltou cousa alguma, nem pequena nem grande, nem os filhos, nem as filhas, nem o despojo, nada do que lhes haviam tomado: tudo Davi tornou a trazer" (v. 19).

Embora as coisas nunca parecessem ter estado piores, o fato era que nunca estiveram tão bem. As mulheres e crianças esta­vam salvas. A cidade havia sido queimada, mas eles não precisa­riam dela nunca mais. O reino estava sendo preparado para ele. Saul tinha morrido na batalha, e Davi agora seria conduzido ao palácio. Se eles soubessem dos fatos quando as coisas pareciam horríveis, teriam se alegrado. Cantariam louvores a Deus em vez de erguerem voz e chorar "até não terem mais forças para chorar".

O desânimo constantemente tem esse efeito. Os problemas podem sair completamente fora do controle. Pequenos montes transformam-se em montanhas. O líder deve continuar a andar pela fé e esperar até que as coisas clareiem. O apóstolo Paulo é um referencial nisso. Sua chegada em Filipos foi seguida de problemas e desânimo. Mas, quando ele olhou para trás, pôde dizer: "Quero ainda, irmãos, cientificar-vos de que as cousas que me aconteceram têm antes contribuído para o progresso do evangelho" (Fp 1:12).

Três coisas podem determinar a queda de um líder: um cora­ção avarento, um desejo ardente por autoglorificação e o desâ­nimo. O inimigo de nossa alma tem usado isso na vida de ho­mens e mulheres desde a queda de Adão e Eva. Não há defesa humana contra isso. Satanás sabe como enganar, vencer e des­truir as defesas humanas.

Mas Deus quer libertar-nos e fará isso se crermos Nele. Em sua velhice, Davi pôde olhar para trás através dos anos de expe­riência com Deus e dizer: "Tua, Senhor, é a grandeza, o poder, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, Senhor, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos... Agora, pois, ó nosso Deus, graças te damos e louvamos o teu glorioso nome" (1 Cr 29:11,13).

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Atendendo às Necessidades do Grupo

Um dos principais alvos dos líderes cristãos deveria ser aprofundar a vida espiritual do povo que eles lideram. Es­

sas pessoas devem crescer na graça e no conhecimento de Cris­to, desenvolver-se em sua eficiência para ele e aprofundar sua devoção. E desejo de Deus que elas demonstrem as qualidades de Cristo na vida diária.

A Bíblia está repleta de exemplos a esse respeito. Sob a lide­rança de Davi, os homens ao seu redor venceriam batalha após batalha, defendendo o reino contra os inimigos de Deus. Mas as grandes conquistas ocorreram na própria vida desses homens.

Como eles foram descritos quando vieram a Davi?"Ajuntaram-se a ele todos os homens que se achavam em

aperto, e todo homem endividado, e todos os amargurados de espírito, e ele se fez chefe deles; e eram com ele uns quatrocen­tos homens" (1 Sm 22:2).

Mais tarde, após longa associação com Davi, esses homens se tornaram homens de valor, dedicados e poderosos. As Escri­turas descrevem um deles, Eleazar, como

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156 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

...filho de Dodó, filho de Aoí, entre os valentes que estavam com Davi, quando desafiaram os filisteus ali reunidos para a peleja... naquele dia o Senhor efetuou grande livram ento; e o povo voltou para onde Eleazar estava somente para tomar os despojos (2 Sm 23:9-10).

"É preciso um para fazer um"A liderança dos líderes sobre seus liderados é algo interessante de ser observado por toda a Bíblia. Por exemplo, quantos mata­dores de gigantes havia no exército de Saul? Nenhum. Quando Golias desafiou os exércitos de Deus, eles tremeram de medo. (veja 1 Sm 17:11). Davi, que veio trazer comida a seus irmãos, tomou pé da situação, aqui pela fé e matou o gigante.

Depois que ele, o m atad or de gigantes, tornou-se rei, quantos matadores de gigantes se levantaram em Israel? Bem poucos. Eles eram quase que uma mercadoria comum no exér­cito sob a liderança de Davi.

Depois disto, houve guerra em Gezer contra os filisteus; então, Sibecai, o husatita, feriu a Sipai, que era descendente dos gigantes; e os filisteus foram subjugados. Houve ainda outra guerra contra os filisteus; e Elanã, filho de Jair, feriu a Lami, irmão de Golias, ogeteu, cuja lança tinha a haste com eixo de tecelão. Houve ainda outra guer­ra em Gate. Havia ali um homem de grande estatura, tinha vinte e quatro dedos, seis em cada mão e seis em cada pé; também este descen­dia dos gigantes. Quando ele injuriava a Israel, Jônatas, filho de Siméia, irmão de Davi, o feriu. Estes nasceram dos gigantes em Gate; e caíram pela mão de Davi e pela mão de seus homens " (1 Cr 20:4-8).

Por que você acha que não havia matadores de gigantes no exército de Saul? Uma razão, estou certo, foi que o próprio Saul não era um deles. No entanto, sob a liderança de Davi houve inúmeros. Por quê? Porque Davi foi um deles. Isso ilustra um princípio tremendo de liderança, que aparece por toda a Bíblia. É preciso um para fazer um.

O último mandamento de nosso Senhor foi: "Ide e fazei dis­cípulos de todas as nações". Naturalmente, o mandamento não

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ATENDENDO ÀS NECESSIDADES DO GRUPO 157

foi dado às multidões, mas apenas aos onze — seus discípulos. Por quê? E preciso um para fazer um.

Portanto, se você quer ver discípulos de Cristo dedicados e fortes erguer-se sob sua liderança, você mesmo deve ser um. É preciso um para se fazer um.

Falaremos sobre isso mais tarde. Por ora, perguntarei como podemos cumprir essa tarefa. O que podemos fazer para ver homens e mulheres de Deus dispostos a servi-Lo?

Enquanto você lidera, ficará óbvio que nem todos os mem­bros de seu grupo têm o mesmo comprometimento e desejo de crescer. Alguns são mais zelosos e dedicados que outros. Este simples fato requer que você encontre um modo de manter o interesse e a motivação de cada pessoa em alta, e ao mesmo tempo ajudar os que estão mais motivados a desenvolver-se ao máximo. Vamos sugerir dois programas.

Grupos de estudo voluntárioPrimeiro, organize um grupo especia 1 de o raçí10 e es 11 u 1 < > b íbI i co voluntário. Tenho encontrado um tremendo valor nesse lipo de grupo. Aqui vão algumas dicas que podem ajndá-loa iniciar uma atividade desse tipo.

Quando detectar fome e interesse especial da parte de algu mas pessoas, procure-as pessoalmente e pergunte se estariam interessadas em reunir-se para orar e estudar a Bíblia semanal­mente durante uma hora, de manhã bem cedo.

As vantagens de reunir-se de manhã são pelos menos duas. Primeiro, evita a utilização de uma noite. As pessoas em geral não precisam de mais uma noite ocupada em sua agenda. Na maioria das vezes, elas já ficam bastante tempo longe de suas famílias. Segundo, as primeiras horas da manhã eliminam os indecisos. Apenas os mais dedicados levantarão mais cedo uma vez por semana. Após conseguir a "adesão" de dois ou três, anuncie esse tempo especial de oração e estudo bíblico para o grupo todo. Convide alguém que queira juntar-se a vocês. Nin­guém poderá então acusá-los de favoritismo, ou de demonstrar mais interesse e dar mais tempo a alguns em detrimento de

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158 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

outros. Faça seu convite assim: "Que venha um ou venham to­dos, todos são bem-vindos!".

O fato é que você provavelmente ficará surpreso com quem vier. Muitas vezes queima um fogo na alma de alguém que faz poucas demonstrações externas. Diga-lhes que as regras e os padrões do grupo serão decididos em reunião, num café da manhã na semana seguinte. Isso é importante. Os detalhes de como vocês utilizarão seu tempo devem ser discutidos e decidi­dos em conjunto dentro de um referencial de alguns princípios de trabalho que você explicará, em harmonia com os objetivos.

Quando se reunirem no café da manhã para traçar planos, comece falando do propósito que você tem em mente. Alguns versículos pré-selecionados ajudarão a esclarecer alvos específi­cos e darão à sua apresentação impacto e autoridade. Seguem algumas passagens que considero bastante úteis. Tenho com­partilhado várias delas com diferentes grupos, dependendo do nível de maturidade e grau de interesse.

R om anos 8:29: "Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos." Meta: tornar-se mais semelhante a Cristo.

João 5:39: "Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim." Meta: aprender mais sobre Jesus.

Atos 20:32: "Agora, pois, encomendo-vos ao Senhor e à pala­vra da sua graça, que tem poder para vos edificar e dar herança entre todos os que são santificados." Meta: crescer na Palavra de Deus.

M ateus 9:36-38: "Vendo eles as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara." Meta: investir tempo em oração para que Deus aumente os trabalhadores para a seara.

Salm o 119:9,11: "De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? observando-o segundo a tua palavra...

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ATENDENDO ÀS NECESSIDADES DO GRUPO 159

Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti." Meta: memorizar as Escritura — para uma vida limpa.

Salmo 119:105: "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos." Meta: aplicar as Escrituras como nossa luz e lâmpada para orientação.

jerem ias 33:3: "Invoca-me, e te responderei; anunciar-te-ei cousas grandes e ocultas, que não sabes." Meta: orar a Deus por necessidades específicas.

H ebreus 11:6: "De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o bus­cam." Meta: aprofundar nossa fé.

Selecione um programa de estudo da Bíblia a ser utilizado pelo grupo. "Designado para Discipulado", seis livretos desen­volvidos para uso individual ou em grupo, tem sido usado com grande proveito por muitos. Ele pode ser encomendado dos Navegadores, Caixa Postal 6.000, Colorado Springs, CO 80934.

Muitos outros guias de estudo da Bíblia estão disponíveis na livraria cristã mais próxima.

Escolha um capítulo para discussão na semana seguinte. Peça que todos o estudem antes de vir à reunião. Isso assegura uma discussão animada, baseada na Palavra. Seria bom ligar durante a semana para cada membro do grupo e ver como está o estudo. Um contato pessoal por telefone e tempo investidos em oração por todos os membros do grupo será usado por Deus para estimular a fidelidade e o interesse.

Quando se encontrarem, observe um tempo adequado para oração. Um grupo que liderei por um ano tinha como um de seus mais fortes objetivos o evangelismo pessoal. Isso nos le­vou a orar especificamente por essa necessidade. Baseamos nosso tempo de oração em quatro passagens bíblicas:

Colossenses 4:2-4: "Perseverai na oração, vigiando com ações de graça. Suplicai ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra a porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também estou algemado; para que eu o manifeste, como devo fazer." Nesta passagem, Paulo ora por

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uma porta aberta para falar do mistério de Cristo. Em nosso grupo fizemos uma lista de pessoas e começamos a orar para que Deus preparasse uma oportunidade para testemunharmos a elas. Fizemos dessas pessoas alvos específicos de oração diária individual, e também oramos por elas no grupo.

A tos 1 6 :1 4 ía la de Lídia: "Certa mulher, chamada Lídia, da cidade de Tiatira, vendedora de púrpura, temente a Deus, nos escutava; o Senhor lhe abriu o coração para atender às cousas que Paulo dizia".

Colossenses 1:9-10: "Por esta razão, também nós, desde o dia em que o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de pedir que transbordeis de pleno conhecimento da sua vontade, em toda a sabedoria e entendimento espiritual; a fim de viverdes de modo digno do Senhor, para o seu inteiro agrado, frutificando em toda boa obra e crescendo no pleno conhecimento de Deus". Fizemos uma lista de cada pessoa que veio a Cristo através de nosso testemunho e oramos pelo seu crescimento e maturidade em Cristo.

M ateus 9:36-38: "Vendo eles as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor. E, então, se dirigiu a seus discípulos: A seara, na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara". Não fizemos nenhum recrutam ento a partir desses versículos; simplesmente oramos que Deus levantasse obreiros em nosso meio.

Se o seu grupo está altamente motivado a aprender a Pala­vra de Deus, um plano de memorização das Escrituras pode ser incorporado. Decidam quantos versículos vocês memorizarão por semana, e gastem uns cinco minutos de seu tempo juntos citando cada versículo. Façam isso em duplos. Memorizem as referências e se esforcem por dizer todas as palavras correta­mente. O Sistema de Memorização por Tópicos dos Navegado­res tem sido utilizado por cristãos em todo o mundo. Ele pode ser encomendado através de Navegadores.

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ATENDENDO ÀS NECESSIDADES DO GRUPO 161

Tempo PessoalA segunda parte do programa para manter os mais motivados em direção à maturidade assemelha-se ao primeiro, porém mais intenso.

Após alguns meses de estudo em grupo, ficará evidente para você aqueles dois ou três membros que estão crescendo mais depressa e mostrando maior fome espiritual que outros. São aqueles por quem você estava esperando! Deus os está pre­parando para coisas maiores no Reino. Procure-os pessoalmen­te e pergunte se gostariam de se encontrar individualmente — um a um — para um treinamento especial. Explique que gosta­ria de almoçar com eles para detalhar o que você tem em mente.

Deus tem falado ao meu coração sobre esta fase da liderança em Isaías 58:10: "Se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita, então, a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia ". Quando observo a pessoa que tem uma fome especial de aprender as Escrituras e crescer na graça, devo estar disposto a compartilhar minha vida com essa pessoa e passar adiante as coisas que Deus me tem ensinado.

Paulo também falou disso:

Vós e Deus sois testemunhas do modo por que piedosa, justa eirrepreensivelmente procedemos em relação a vós outros, que credes.E sabeis, ainda, de que maneira, como pai a seus filhos, a cada um devós... (1 Ts 2:10-11).

Note a frase "como pai a seus filhos". Como um pai treina seus filhos? Sempre individualmente! Minha filha tem interes­ses e necessidades completamente diferente dos de meu filho. Devo ter tempo para cada um deles individualmente, para dis­cutir os assuntos da vida que eles estão encarando naquele momento.

O conceito de gastar tempo individualmente com uma pes- soa-chave é tão antigo quanto o próprio conceito de liderança. Moisés orou para que Deus lhe desse alguém que fosse seu su­cessor.

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162 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

"Então, disse Moisés ao Senhor: o Senhor, autor e conservador de toda vida, ponha um homem sobre esta congregação que saia adiante deles, e que entre adiante deles, e que os faça sair, e que os faça entrar, para que a congregação do Senhor não seja como ovelhas que não têm pas­tor” (Nm 27:15-17).

Mais tarde o Senhor instruiu a Moisés: "Dá ordens a Josué, e anima-o, e fortalece-o; porque ele passará adiante deste povo e o fará possuir a terra que tu apenas verás" (Dt 3:28). Note que Deus determinou a Moisés a tarefa de dirigir, encorajar e forta­lecer Josué. Este foi um ministério pessoa a pessoa.

Ao comparar esta ordem de Moisés com 1 Tessalonicenses 2:12 (exortar, consolar e admoestar) e 1 Coríntios 14:3 ("Mas o que profetiza fala a homens, edificando, exortando e consolan­do"), aparece um padrão interessante. É uma grande orientação sobre o que fazer em nossos encontros individuais. Tento in­cluir quatro coisas nesse tempo que passamos juntos.

1. Edificação: compartilhe coisas com eles que irão edificá-los e fortalecê-los na fé. Faça de seu tempo de treinamento algo positivo. Estimule-os. Encoraje-os a desenvolver seus dons.

2. Exortação: de tempos em tempos, é necessário apontar as áreas na vida da pessoa que precisam ser realinhadas com a Palavra de Deus.

3. Conforto: ajude-os com as coisas que os estão prejudicando. Encoraje-os quando estiverem decepcionados. Ajude-os a encarar os problemas.

4. Direção: dê a eles projetos especiais que os ajudem a suprir necessidades específicas ou estimulem seus dons e habilida­des. Familiarize-se com livretos devocionais e guias e dê a eles para que leiam e discutam com você posteriormente.

Através dessas horas com você, a vida dessas pessoas poderá ser afetada de modo tremendamente efetivo. Mas ocorrerá tam­

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ATENDENDO ÀS NECESSIDADES DO GRUPO Kit

bém outra coisa. Outros no grupo notarão o crescimento deles, sua maior dedicação e familiaridade com a Bíblia. Isso desenca­deará neles fome e desejo de experimentar a mesma coisa.

Há alguns anos eu tinha a responsabilidade de liderar um grupo de jovens nas noites de domingo. Comecei a comparti­lhar com eles os princípios do crescimento espiritual e da matu­ridade cristã.

Após alguns meses, um rapaz chamado Jerry desenvolveu real interesse pelas coisas de Deus. Ele me cercava de vez em quando fazendo perguntas que revelavam um coração sensível para com as coisas de Deus.

Sugeri que nos encontrássemos aos domingos pela manhã, antes da escola dominical, para um tempo especial de oração e estudo. Ele tinha tarefas que terminavam às 8h30. Assim, esse era o horário em que nos encontrávamos. Fazíamos um estudo pessoal e de memorização da Bíblia, e ele começou a fazer sua hora devocional com o Senhor.

Jerry cresceu como capim. Em pouco tempo, outros na classe notaram seu comportamento e começaram a indagar o que es­tava acontecendo. Quando expliquei, eles quiseram fazer a mesma coisa. Logo tínhamos uma turma de garotos mostrando muitas das características de um verdadeiro discipulado.

Jerry começou a ajudar outro moço, e em pouco tempo o processo de multiplicação ocorria por todo o grupo. A idéia está contida em 2 Timóteo 2:2: "E o que de minha parte ouvistes, através de muitas testemunhas, isso mesmo transmite a ho­mens fiéis e também idôneos para instruir a outros".

Depois de me reunir com uma pessoa para treiná-la a viver uma vida santa e testemunhar de maneira efetiva, fico satisfeito quando ela me diz que levou alguém a Cristo?

Não, fico feliz, mas não satisfeito. Quero que ela não somen­te possa levar alguém a Cristo, como também passe adiante os princípios do crescimento cristão.

Quando ela começa a fazer isso, fico satisfeito?N ão, fico feliz, mas ainda não satisfeito. Quero que ela

"acompanhe" essa outra até que esta última possa levar mais alguém a Cristo.

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164 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

Agora estou satisfeito?Não, quero que essa outra pessoa, por sua vez, possa repetir

o processo com mais alguém.Estou satisfeito agora? Sim, porque essa será a evidência cla­

ra para mim de que a pessoa a quem ajudei inicialmente captou a idéia por inteiro.

Deixe-me ilustrar. Digamos que eu tenha ajudado Karen em sua vida cristã, e um dia ela leva Coe a Cristo. Eu agora sei que Karen atingiu a maturidade, pois pode levar outra pessoa a Cristo, mas ainda não sei se ela sabe como acompanhar essa pessoa.

Só quando Coe amadurecer e finalmente levar outra pessoa a Jesus é que saberei por certo que Karen é capaz de treinar Coe para levar outros a Cristo e segui-la até o ponto em que possa seguir sozinho e fazer o mesmo. Assim, quando Coe disser para Karen "Levei alguém a Cristo", saberei que meu treinamento com Karen foi efetivo.

Neste caso, foi LeRoy para Karen, para Coe, para Sam. Por­tanto, até que eu veja Sam, não estou certo de que realmente te­nha feito meu trabalho com Karen. Se você entender o conceito, isto tornará sua liderança mais efetiva e produtiva, além de fa­zer seus sonhos mais ousados. Medite por um tempo em 2 Ti­móteo 2:2. Peça a Deus que multiplique sua vida.

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12Comunicação

A comunicação é uma parte vital da liderança. Os líderes freqüentemente devem fazer anúncios, ensinar lições,

apresentar palestrantes ou dar breves palavras. De uma manei­ra ou de outra, eles estarão tentando transmitir alguma coisa a outros.

Como se preparar para isso? Como organizar suas idéias de tal modo que elas façam sentido para seus ouvintes? Existem regras gerais a ser seguidas que o ajudarão a cumprir seu obje­tivo? Deixe-me começar repartindo uma experiência pessoal.

Minha esposa e eu está vamos caminhando pela rua de uma pequena cidade em Iowa numa manhã de domingo a 14 anos atrás. Eu tinha um emprego junto a uma companhia de trens, o qual me obrigava a visitar freqüentemente várias cidades na li­nha, e Virgínia tinha vindo passar o final de semana comigo. Nós estávamos livres, sem nada para fazer e, conforme íamos andando, ouvimos os sinos de igreja.

Por brincadeira eu disse: "Vamos à igreja".Ela ficou um pouco surpresa e perguntou: "Para quê?".

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166 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

"Eu não sei", respondi, "muita gente vai, e nós não temos nada para fazer até o almoço".

"Está bem", ela retrucou: "Aonde iremos?""Sei lá. que tal aquela ali?", apontei para uma, do outro lado

da rua.Deste modo, entramos e sentamos. Era natural que nos sen­

tíssemos um pouco deslocados, mas logo nos ajeitamos para ver o que aconteceria. Estávamos prestes a ter a grande surpre­sa de nossas vidas. Quando o pastor entregou o sermão, ambos ficamos bastante interessados. Não foi o assunto que chamou nossa atenção — embora mais tarde viéssemos a saber que ele estava pregando o evangelho. O que atraiu nosso interesse foi o modo como ele pregava. Duas coisas se destacaram: ele sabia sobre o que estava falando, e ele acreditava no que dizia.

Virgínia e eu havíamos ido à igreja antes e ouvido outros pregadores. Mas este era o primeiro pastor que possuía as duas qualidades. Alguns dos que havíamos ouvido pareciam saber sobre o que estavam pregando, mas falavam sem convicção — não pareciam querer dizer o que diziam. Outros falavam com muita determinação, mas pareciam não saber sobre o que fala­vam.

Imperativos no falarAo refletir sobre este incidente no correr dos anos, estas duas coisas destacam-se mais e mais como vitais na comunicação.

Primeiro, conheça o seu assunto. Para estabelecer confiança na mente de seus ouvintes, você deve estudar e preparar-se cuida­dosamente.

Faça a lição de casa. Se a platéia percebe que você realmente tem idéia do seu tópico e que está compartilhando apenas parte de tudo o que sabe, desenvolverá um sentimento de confiança e credibilidade. Ela acreditará em você.

Segundo, acredite no que está dizendo. Naturalmente, o primei­ro ponto leva ao segundo. Você mesmo deve estar convencido antes de tentar convencer a outros. Esta é uma das coisas que tornaram o ministério de Jesus fora-de-série. Sobre ele foi dito

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COMUNICAÇÃO 167

que "porque ele (as) ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas" (Mt 7:29). Os escribas eram como alunos de primário recitando uma lição; Jesus falava com tamanha convic­ção e autoridade que impressionava seus ouvintes.

Outro incidente no Novo Testamento reforça esta verdade. Paulo e Barnabé, ao ministrar em Icônio, "entraram juntos na sinagoga judaica, e falaram de tal modo, que veio a crer grande multidão, tanto de judeus como de gregos" (At 14:1).

Observe as p a lav ra s falaram de tal modo. Não era apenas o que disseram; era também o modo como diziam.

A lição é clara. O Espírito Santo está mostrando que a maneira como comunicamos a mensagem está relacionada à forma como ela é recebida. Um orador insensível, sussurrando com voz monótona, em breve despertará o seu sono. Bem, acredite em mim, o pastor daquela igreja muitos anos atrás não me pôs para dormir. Ele prendeu minha atenção. Sabia sobre o que es­tava falando! E acreditava no que dizia.

Conteúdo das mensagensEstá bem, você diz, estou convencido. Mas como elaborar uma discussão que seja ao mesmo tempo interessante e objetiva? Ao ouvir oradores que comunicam com eficiência, tenho aprendi­do sobre ambas as coisas.

Primeiro, pregue a Palavra. Com isso não quero dizer apenas que o que você falar tem de estar baseado na Bíblia. Mais que isso, sua palavra deve ter conteúdo bíblico. Textos bíblicos dão à mensagem tempero, sabor e poder. O Espírito Santo toma sua espada (veja Ef 6:17) para penetrar consciências e sondar cora­ções. "Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração" (Hb 4:12).

O Espírito Santo toma Sua Palavra e a utiliza para derrubar muros de resistência à obediência e à fé. "Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor, e martelo que esmiuça a penha?" (Jr 23:29). Assim, certifique-se de temperar generosamente sua mensa­gem com a Palavra de Deus.

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Você aprende o segundo aspecto importante da comunica­ção com a vida de Jesus: contar histórias. Use ilustrações. Jesus foi um mestre entre os contadores de histórias.

"Ninguém jamais falou como esse homem.""Eis que o semeador saiu a semear.""Uma mulher tinha uma moeda.""Um homem tinha dois filhos.""O reino de Deus é como..."Use sua ilustração ou história para ajudar os ouvintes a en­

tender a idéia que você quer comunicar e o texto da Escritura que está sendo utilizado. Deixe-me demonstrar.

Fui convidado a falar sobre como tornar a Palavra de Deus parte integrante de nossa vida. Uma das colocações foi que de­vemos aprender a meditar nas Escrituras. "Quanto amo a tua lei! É a minha meditação, todo o dia!" (SI 119:97). Compartilhei a seguinte ilustração.

Se você viesse à nossa casa de noite, conversaríamos por um tempo, e então eu poderia perguntar se você gostaria de ver o restante da casa. Ao descer para o subsolo, eu deixaria as luzes apagadas e lhe daria uma vela para que você olhasse ao redor. Você observaria cômodo após cômodo no escuro, e logo volta­ria para o andar de cima.

"O que você viu?", eu perguntaria."Bem, eu vi uma sala com uma mesa de pingue-pongue,

outra sala para a família, um quarto, e uma sala que parecia um pequeno gabinete ou biblioteca."

"Certo!", eu diria. "Isso é exatamente o que há lá embaixo."Então desceríamos juntos, acenderíamos as lâmpadas, sen­

taríamos confortavelmente e observaríamos a sala da família. Logo se tornaria evidente que um decorador havia trabalhado na sala. Você notaria o cuidadoso equilíbrio de cores entre pare­des e móveis. Pergunta: Você viu a sala da família quando esta­va só com a vela? Resposta: Sim. Mas será que você a viu real­mente? Não, você só a viu realmente quando acendeu as lâm­padas, sentou-se e gastou tempo até permitir que a beleza da sala se revelasse.

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c o m u n ic a i; a o iw

Isto ilustra a diferença entre ler e meditar na Palavra. Muitas vezes ler a Palavra pode ser como passar correndo por uma casa com uma vela nas mãos, olhando aqui e ali, capturando apenas um relance disto ou daquilo. Mas a riqueza da Palavra — sua profundidade, beleza, maravilha e majestade — só vêm quan­do separamos tempo para sentar, meditamos sobre ela e deixa­mos que o Espírito Santo a revele para nós

Assim sendo, eis aqui um padrão:1. Defina: Medite na Palavra.2. Escolha o texto bíblico: SI 119:97.3. Crie uma ilustração: A história da vela, para mostrar a di­

ferença entre leitura e meditação.Se você tiver um assunto com três ou quatro tópicos, repita o

processo o mesmo número de vezes. Após dar uma breve intro­dução ao seu tema, você apresenta os pontos. Por exemplo:

Como encher sua vida com a PalavraI. Estude a Palavra

A. Escritura — Provérbios 2:1-5; Atos 17:11B. Ilustração — Um homem buscando um tesouro deve ca­

var fundo; ele raramente encontra seu metal precioso ca­vando apenas na superfície da terra.

II. Memorize a PalavraA. Escritura — Colossenses 3 :16 ; Provérbios 7 :1-3 ;

Deuteronômio 6:6-7B. Ilustração — Os prisioneiros de guerra no Vietnã que ha­

viam decorado trechos da Bíblia puderam usá-los como recurso para sobreviver aos rigores da prisão em Hanoi e também ajudar a outros.

III. Medite na PalavraA. Escritura — Salmo 119:97; Salmo 1:2-3; Josué 1:8B. Ilustração — A história da vela

IV. AplicaçãoApresente um método de memorização ou estudo da Bíblia que possam usar por si mesmos em seu dia-a-dia.

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170 A FORMAÇAO DE UM LIDER

Observe que ao longo de toda a mensagem, as Escrituras são o centro. Uma história ou ilustração apenas acrescentam luz ao assunto. Ao final, uma aplicação prática mostra ao grupo como fazer algo sobre o que foi dito. Experimente esta abordagem cada vez que fizer uma apresentação. Os oradores muitas vezes nos desafiam e exortam, despertando em nós o desejo de seguir adiante. Mas eles não dizem nada sobre como fazer isso. Um lí­der deve ser prático e oferecer o "como".

Quando usar uma história ou ilustração, certifique-se de se­lecionar uma com a qual os ouvintes se identifiquem. Um fa­zendeiro de trigo no Kansas veria as coisas de um modo dife­rente do de um metalúrgico em New Jersey. Nem todos perten­cemos ao mesmo contexto.

Uma ilustração que certa vez usei em Cingapura é um exem­plo clássico de como não fazer isso. Ao tentar comunicar uma idéia, contei a história de dois homens de Nevada que quase congelaram de medo ao dirigir durante uma tempestade de neve. Meus ouvintes nunca haviam ouvido falar de Nevada, nunca haviam visto neve, nem poderiam jamais imaginar al­guém congelando de medo. Eu teria alcançado maior identifica­ção com eles se tivesse falado dos três jovens hebreus na forna­lha. Cingapura, acima de tudo, é quente!

Superando o nervosismoUm grande obstáculo a ser vencido quando falamos em público é o nervosismo. Eu sei — porque tenho esse problema. Na ver­dade, quando estou testemunhando a uma pessoa ou falando a um grupo, sinto a garganta seca e as mãos úmidas. Gostaria que fosse ao contrário, mas nunca é. Um versículo que me con­forta com relação a isto é: "Antes, santificai a Cristo, como Se­nhor, em vossos corações, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós, fazendo-o, todavia, com mansidão e temor, com boa consciência, de modo que, naquilo em que falam contra vós outros, fiquem envergonhados os que difamam o vosso bom procedimento em Cristo" (1 Pe 3:15-16).

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COMUNICAÇÃO 171

Observe que Pedro diz "com mansidão". Assim, se você se sente um pouco amedrontado, alegre-se! Você está qualificado! Se Deus quisesse que fôssemos impetuosos e nos sentíssemos qualificados em nosso próprio intelecto e força, Ele o teria dito. Mas, quando as borboletas começam a voar dentro de nosso estômago, nossas mãos começam a tremer, nossos joelhos co­meçam a bater, e nossa garganta fica seca, é aí que nos vemos prostrados diante de Deus clamando por Sua graça e força. E é exatamente aí que Ele pode nos usar.

Então ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfei­çoa na fraqueza. De boa vontade, pois, mais me gloriarei nas fraque­zas, para que sobre mim repouse o poder de Cristo. Pelo que sinto pra­zer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias, por amor de Cristo. Porque, quando sou fraco, então, e que sou forte" (2 Co 12:9-10).

Muitas vezes tenho de falar a uma platéia não muito amiga vel. Posso eventualmente falar em uma residência estudantil ou a uma classe ou em um encontro do centro acadêmico. ( ieral mente alguns estudantes vêm ã reunião para tentar provar que estou errado e para opor-m e à m ensagem do evangelho. Aprendi do modo mais difícil algumas coisas que me ajudam a vencer o nervosismo.

Primeiro, quando estiver dando uma mensagem fundamen­tada na Palavra de Deus, você tem uma vantagem que lhe deve dar a intrepidez de Daniel. Essa vantagem é: o que você está dizendo é verdadeiro. Quer as pessoas creiam ou não, isso não muda o fato. Jesus disse: "A Tua Palavra é a verdade" (Jo 17:17). Paulo falou da "Palavra da verdade, o evangelho" (Cl 1:5). Em um mundo onde a única constante é a mudança, é algo abenço­ado saber que a Sua mensagem, a Palavra de Deus, é a verdade eterna.

Pois fostes regenerados, não de sem ente corruptível, mas de incorruptível, mediante a palavra de Deus, a qual vive e é permanen­

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te. Pois toda carne é como a erva, e toda a sua glória como a flor da erva; seca-se a erva, e cai a flor; a palavra do Senhor, porém, permane­ce eternamente. Ora, esta é a palavra que vos fo i evangelizada ( IPe 1:23-25).

Segundo, sorrir ajuda. A distância mais curta entre duas pes­soas é um sorriso amigo. O sorriso apara as arestas do seu ner­vosismo e da hostilidade da audiência. Como eu disse, esta é uma das coisas que aprendi do modo mais difícil.

Lorne Sanny, Walt Henrichsen e eu estávamos no Noroeste do Pacífico em uma viagem ministerial. Quando cheguei à Uni­versidade Estadual do Oregon, fiquei impressionado em ver penduradas nas janelas de alguns dormitórios enormes faixas que diziam: "LeRoy está chegando". Imediatamente o medo me dominou. Eu sabia que em nossa reunião daquela noite uma gangue estaria esperando para esfolar-me vivo. Quando o LeRoy chegasse, eles estariam prontos.

O encontro era em uma sala de aula grande, e havia um bom número de pessoas. Cheguei nervoso e apreensivo com o que aconteceria. A organização fez uma abertura e passou a palavra a mim. Olhei para a platéia e notei o que parecia ser um grupo sinistro depunks radicais. Comecei minha apresentação com fir­meza — sem sorrir — e fui duro e claro. Para o meu espanto, eles ouviram com grande interesse e, quando abrimos espaço para perguntas, eles foram honestos e sinceros.

Após o final da reunião, eles vieram para a frente, apertaram minha mão e disseram: "Louvado seja o Senhor, irmão! É muito bom ouvir o evangelho apresentado tão claramente. Obrigado por ter vindo".

Pela primeira vez naquela noite, eu sorri.No caminho de volta para casa, Lorne me disse: "Você deve­

ria ter sorrido de vez em quando. Ajudaria a dar ao encontro um pouco mais de calor humano". Eu sabia que ele estava certo e aprendi outra lição preciosa.

O ingrediente principalA oração é parte essencial da preparação da mensagem e de sua

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apresentação. Ore antes de começar a preparar e ore antes de fazer sua apresentação. Ore para que o Espírito Santo lhe dê os textos bíblicos e as ilustrações certas, e o capacite a dar a mensa­gem sob o Seu poder.

Esta foi outra das lições que aprendi do modo mais difícil. Por dois anos em meados da década de 50, participei de uma equipe que apresentava o evangelho a instituições de caridade na Universidade de Pittsburgh e no Carnegie Tech. Todas as noites de segunda-feira, pregávamos o evangelho, agendáva- mos encontros e então conversávamos com algumas pessoas durante a semana.

Uma das coisas que decidimos no início do trabalho foi orar juntos antes de cada reunião. Estávamos trabalhando com a Cruzada Estudantil naquela época, e fomos fiéis a isso. O se nhor abençoou nossos esforços, e logo reunimos um número razoavelmente grande de novos convertidos que freqüentavam o estudo bíblico. Alguns deles, por sua vez, freqüentavam ou tras instituições e davam testemunho como parle de nossa equipe. As coisas caminhavam bem.

Acho que nos tornamos complacentes ou orgulhosos, ou autoconfiantes ou algò assim, o nosso tempo em oração come çou a ser negligenciado. Então, uma noite aconteceu. Reunimo nos na casa da instituição onde iríamos falar, ofegantes e bas­tante apressados. Um de nós se ofereceu para orar rapidamen­te, e iniciamos a reunião.

Eu poderia afirmar que, desde o primeiro momento daquele encontro, seria um desastre. A organização não conseguiu cap­tar a atenção da platéia. Os homens que deram seu testemunho soavam como robôs recitando um relatório de bolsa de valores. Quando me levantei para falar, não havia nenhum sentimento da presença do Espírito Santo ministrando aos nossos corações. Foi uma palavra enlatada, nada mais que isso. Quando encerra­mos a reunião, fomos convidados rapidamente a sair da casa.

Olhamos um para o outro e sabíamos o que tínhamos de fa­zer. Entramos no carro e gastamos um bom tempo em oração, confessando nosso pecado a Deus e pedindo seu perdão. Aque­

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174 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

la foi a última noite em que negligenciamos nosso tempo de oração antes da reunião. O Senhor ouviu nossas orações e con­tinuou a abençoar sua palavra. E com tudo isso aprendemos uma lição que nunca esqueceremos.

"Não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar algu­ma cousa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa sufi­ciência vem de Deus, o qual nos habilitou para sermos minis­tros de uma nova aliança, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata, mas o espírito vivifica" (2 Co 3:5-6). "Tudo posso naquele que me fortalece" (Fp 4:13).

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Guia de Estudo Individual e em Grupo

Para estudo individualSente-se em sua cadeira favorita com sua Bíblia, uma caneta ou lápis, e este livro. Leia um capítulo, marque as partes que forem significativas para você. Escreva nas margens. Anote os pontos em que você concorda, discorda ou questiona o autor. Dê uma olhada em passagens relevantes da Escritura. Então volte às questões relacionadas no guia de estudo. Se você quiser regis­trar por escrito seu progresso, use um caderno de anotações para escrever suas respostas, pensamentos, sentimentos e ou­tras observações. Consulte o texto e as Escrituras à medida que as questões ampliarem seu pensamento. E ore. Peça a Deus que lhe dê discernimento mental para a verdade, um interesse sin­cero pelos outros, e um grande amor por Ele.

Para estudo em grupoPlaneje antecipadamente. Antes de reunir-se com seu grupo, leia e marque o capítulo da mesma forma que fez com o estudo individual. Dê uma olhada nas questões e elabore observações

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176 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

em sua mente de como contribuir para a discussão em seu gru­po. Leve a Bíblia e o texto para a reunião.

Proporcione um ambiente que promova discussões. Cadei­ras confortáveis colocadas em círculo convidam as pessoas a falar Limas com as outras. E a dizer: "Nós estamos aqui para ouvir e responder uns aos outros — e aprender juntos". Se você for o líder, simplesmente assegure-se de sentar-se num lugar onde possa manter contato visual com cada participante.

A pontualidade conta. O tempo é tão valioso para muitas pessoas quanto o dinheiro. Se a reunião termina tarde (porque começou tarde), essas pessoas se sentirão roubadas, como se você tivesse tirado dinheiro de seus bolsos. A menos que haja um acordo mútuo, comece e termine no horário.

Envolva a todos. Aprendizado em grupo funciona melhor se cada um participa mais ou menos igualmente. Se você for um orador nato, pare antes de entrar na conversa. E pergunte a uma pessoa mais quieta o que ela pensa. Se você for um ouvinte nato, não hesite em mergulhar na discussão. Outros irão bene­ficiar-se de seus pensamentos mas somente se você falar a eles. Se for o líder, tenha cuidado para não dom inar a sessão. Logicamente você tem idéias elaboradas sobre o estudo, mas não presuma que as pessoas estejam presentes somente para ouvi-lo — por mais cômodo que isso possa parecer. Ao invés disso, ajude os membros do grupo a fazer suas próprias desco­bertas. Faça perguntas, mas expresse suas próprias idéias so­mente se elas forem necessárias para preencher lacunas.

Acompanhe o estudo. As questões para cada sessão são ela­boradas para uma hora de estudo. Questões precoces formam uma base para discussões posteriores. Desta forma, não corra demais a ponto de omitir um fundamento valioso. Questões futuras, no entanto, constantemente falam do aqui e agora. Então não se prolongue muito no início. Enquanto o líder deve

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ter a responsabilidade de dar andamento às questões, é tarefa de cada pessoa no grupo ajudar a manter o estudo em seu pró­prio ritmo.

Ore por cada um — juntos e sozinhos. E então veja a mão de Deus trabalhando em todas as vidas.

Observe que cada sessão inclui os seguintes aspectos:Tópico da sessão — breve frase que resume a reunião.Construtor comunitário — atividade que familiariza o gru­

po com o tópico da reunião.Questões de descoberta — lista de questões para encorajar

descobertas individuais ou grupais e aplicação.Foco de oração — sugestões para transformar um aprendi­

zado em motivo de oração.Atividades opcionais — idéias suplementares para aperfei­

çoar o estudo.Tarefa — atividades ou preparação a serem concluídas antes

da próxima reunião.

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1

Quem Está Apto a Liderar?

Tópico da sessãoDeus realiza Seus propósitos usando líderes que responderão aseu chamado não levando em consideração sentimentos deinadequação.

Construtor comunitário1. Por que você está interessado em estudar este livro?2. Pense num líder espiritual que você conheça pessoalmente

e tenha em alto conceito. O que você acha que torna esta pessoa apta a liderar?

Questões de descoberta1. Que pessoas ou posições vêm à sua mente quando você

ouve a palavra líder?2. Em sua opinião, quais são as qualificações essenciais para

uma pessoa que lidera?3. O que você acha que de desqualificar uma pessoa para a li­

derança? (se é que existe algo)

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4. Quando uma voz falou com Moisés da sarça ardente, ele es­tava certo de que era Deus. Eims afirma que, quando você precisa tomar uma decisão, você deve, como Moisés, ter cer­teza de que Deus está com você antes de fazer qualquer coi­sa. Em que circunstância você age desta maneira?

5. Se Deus é verdadeiramente capaz e deseja mostrar sua von­tade para nós, o que algumas vezes torna difícil discernir a vontade dele?

6. O que Eims declara ser "um dos grandes segredos da lide­rança no meio cristão" (p. 18)?

7. Como você se sente a respeito da discussão entre Moisés e Deus?

8. Como suas próprias fraquezas têm provado ser uma força? (Veja 1 Co 12:7-10)

9. Quais foram as objeções de Moisés, Gideão e Jeremias ao chamado de Deus?

10. Quais seriam suas próprias objeções se Deus estivesse cha­mando você para uma posição de liderança?

11. Que tipos de situação de liderança você tenta evitar? Por quê?

12. Descreva uma situação na qual uma pessoa não se mostra preparada para uma posição de liderança.

13. Na sua opinião, que lugar a formação acadêmica ou treina­mento devem ocupar na preparação para a liderança cristã?

Foco de oração* Agradeça a Deus por Sua absoluta suficiência e pela oportu­

nidade de ser uma pessoa que Ele usa para realizar planos e propósitos. Ore para que Deus aumente sua fé, e para que você nunca esqueça que ele e sua força estão sempre com você e trabalhando através de você.

Atividades opcionais1. Sonde o seu coração em busca de qualquer orgulho em si

próprio decorrente de sua tradição familiar, formação ou treinamento, habilidades sociais, habilidade para falar, uma

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GUIA DE ESTUDO INDIVIDUAL E EM GRUPO 181

oferta de trabalho, ou outra experiência. Discuta como estas coisas dizem respeito ao conceito de Eims de que, quando Deus chama uma pessoa para liderar, "não importa quem você é".

2. Leia diversas vezes e tente memorizar 2 Coríntios 3:4-5 e 12:9-10.

Tarefa1. Leia o capítulo 2 e trabalhe no estudo.2. Pense sobre quando o poder de Deus pode trabalhar atra­

vés de você e sobre quais condições parecem tornar isto mais provável.

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.

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A Fonte de Poder do Líder

Tópico da sessãoComunhão com Deus, interesse pela Escritura, oração e obedi­ência são essenciais para que o líder conduza outros em direçãoa Deus.

Construtor comunitário1. Em sua caminhada com Deus, quando você sentiu que o

poder foi desconectado? Como sua comunhão com Deus continuou?

2. Você compararia sua própria comunhão com Deus a um in­terruptor de intensidade regulável ou a um interruptor que só acende e apaga? Usando a analogia do interruptor, qual você acredita ser a sua estrutura de energia ideal? Considere lâmpadas de longa duração, aquecimentos solares ou ener­gia fluorescente, extensões e assim por diante.

Questões de descoberta1. O que o impede de experimentar e manter por seus própri­

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184 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

os esforços a comunhão com Deus? Quais passagens das Escrituras mencionam este problema?

2. Eims diz que a com unhão com Deus torna seu poder "operante e efetivo em nossa vida" (p. 25). Qual é a partici­pação do Espírito Santo nesta conexão?

3. Eims diz na página 28 que devemos ter como prioridade de vida "a comunhão dinâmica, pessoal e íntima com ele". Quais são outras prioridades que podem competir pelo pri­meiro lugar?

4. De que outras maneiras podemos avaliar se algo é nossa pri­oridade máxima?

5. Que papel, se houver algum, você pensa que suas outras ati­vidades têm para conformá-lo à imagem de Jesus Cristo?

6. Eims diz que um dos elementos básicos para uma vida de comunhão com o Senhor é a Palavra de Deus. Você acredita que o tempo, estudo ou meditação que você dá à Escritura tem sido adequado?

7. Na página 24, Eims afirma que a pessoa pode orar "como um meio de impressionar" ou "para conseguir algo". Como você poderia explicar a diferença em sua própria oração?

8. O que significa orar sem cessar? (Veja 1 Ts 5:17).9. O que você pensa da definição de Eims de que, para ser fer­

vorosa, a oração deve ser específica? (Você é capaz de lem­brar alguns exemplos bíblicos de orações genéricas?)

10. Além de ser específica, o que mais caracteriza uma oração fervorosa?

11. A vida de obediência por parte do líder é uma grande moti­vação para as pessoas que o seguem. Em nossos dias de iso­lamento, como você pode ajudar as pessoas a notar sua vida de obediência a Deus?

12. O autor sugere que três elementos caracterizam os que têm comunhão com Deus: estudo da Escritura, oração e obedi­ência. Em qual destes três elementos (ou outros) você tem mais prazer em sua comunhão com Deus? Explique.

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GUIA DE ESTUDO INDIVIDUAL E EM GRUPO 185

Foco de oração* Ore para que Deus o motive a procurar uma crescente co­

munhão com Ele.

Atividades opcionais1. Peça a um líder espiritual que conte como ele mantém co­

munhão regular com Deus.2. Trace um plano específico para mudar em uma das três áre­

as de comunhão com Deus de Eims na qual você mais ne­cessite de crescimento.

Tarefa1. Leia o capítulo 3.2. Reflita sobre quais qualidades de vida interior são impor­

tantes para o líder.

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A Vida Interior do Líder

Tópico da sessãoPureza, humildade e fé são qualidades básicas e essenciais davida interior do líder.

Construtor Comunitário1. Como grupo, façam uma relação de qualidades para um lí­

der de igreja ideal. Estabeleçam um consenso com relação a certa posição de liderança, se necessário (por exemplo, pas­tor, superior mais idoso, superintendente da escola domini­cal, diretora do ministério de mulheres). Marque com um asterisco as qualidades que são essenciais.

2. Suponha que você seja o diretor de uma companhia de ven­das a varejo. Quando você entrevista candidatos potenciais para a posição de gerência, quais qualidades você procura?

Questões de descoberta1. Qual é a ligação, se há alguma, entre qualidades externas

desejáveis (como as de Daniel e seus amigos listadas nas

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188 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

páginas 38-40) e as três qualidades íntimas de pureza, hu­mildade e fé?

2. "Daniel decidiu não contaminar-se" (Dn 1:8). O que a pala­vra "decidiu" significa para você?

3. Quando você se deixou iludir pela aparência de alguém e mais tarde descobriu ter feito um juízo errado? Lembre-se de um exemplo de quando pensou muito positivamente e outro de quando pensou muito negativamente.

4. Nas páginas 42-43 Eims dá os "princípios 6-8-10" para esta­belecer o que é certo e errado nas áreas em que a Bíblia não é clara. Selecione uma área obscura e aplique os quatro princí­pios para determinar se isso pode ser incluído numa vida de pureza. Você concorda com o resultado? Por que sim ou por que não?

5. Existentes padrões de pureza diferentes para líderes e para os que não estão na liderança? Explique.

6. Eims enfatiza a humildade como uma virtude para os líde­res. Como os líderes podem reconhecer quando estão enfa­tizando demais em si próprios e caindo na cilada do orgu­lho? Qual é o remédio para isso?

7. Eims afirma que orgulho causa duas "terríveis doenças da alma": ignorância e insegurança (pp 47-48). Como você vê isto trabalhando em sua própria vida?

8. A maioria das pessoas equiparariam espírito orgulhoso comconfiança excessiva em vez de insegurança. Qual é sua opi­nião?

9. Nomeie quatro aspectos do significado de fé registrados nas páginas 49-54. Qual é o mais consistente para você?

10. Como um grupo de líderes pode trabalhar e ajudar-se mutu­amente a fim de desenvolver e manter uma vida interior que agrada a Deus?

Foco de oração* Dedique sua vida interior a Deus e peça que Ele o molde

para tornar-se um líder à altura de servir um Deus tão gran­de. Peça que ele o ajude a não julgar as pessoas superficial­mente, mas a estar apto a vê-las como Ele as vê.

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Atividades opcionais1. Durante esta semana, observe se você em alguma ocasião

faz julgamentos baseados na maneira em que alguém se apresenta.

2. Examine dois adolescentes e dois adultos. Pergunte quais são os líderes que eles mais respeitam e por quê. Note se as razões se baseiam na vida exterior ou interior dessa pessoa-

Tarefa1. Leia o capítulo 4 e trabalhe no estudo.2. Observe sua atitude básica para com os outros, enfatizando

especialmente a demonstração de um coração pronto a ser­vir e /o u um espírito sensível.

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A Atitude do Líder para com os Outros

Tópico da sessãoDuas características essenciais que um líder deve demonstraraos outros são um coração servo e um espírito sensível.

Construtor comunitário1. Imagine que você seja proprietário de um restaurante de

porte médio. O que você poderia fazer para demonstrar a atitude de servo que Jesus exemplificou para nós?

2. Agora imagine que seu trabalho seja servir as mesas. Como você poderia ter uma atitude de servo nesta situação?

Questões de descoberta1. Que objeções você pode ter ou ouvir com respeito ao princí­

pio descrito nas páginas 55 e 56? O que faz com que as pes­soas se oponham a este princípio7

2. Em Marcos 10:45 há versões que usam a palavra "ministrar" onde outras versões usam "servir". Como estas duas pala­vras podem causar uma impressão diferente? Você preferi­ria ministrar ou servir a alguém?

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192 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

3. Filipenses 2:3 diz: "Não tenha cada um em vista o que é pro­priamente seu, senão também cada qual o que é dos ou­tros". Você acha saudável considerar a si próprio menos im­portante? Explique.

4. Podemos assumir que os princípios de liderança de Jesus, como explanado em Mateus 23:11-12, são verdadeiros para uma liderança espiritual. Você acha que eles também se aplicam a posições seculares e corporativas?

5. Em sua opinião, há benefícios em alguém espiritualmente dotado para uma posição de destaque como mestre, tam­bém gastar tempo ajudando na limpeza da igreja ou traba­lhando no berçário?

6. Como uma pessoa que constantemente recebe elogios pode manter um coração humilde?

7. Um coração sensível é um traço de personalidade, um dom espiritual ou algo a ser desenvolvido? Explique.

8. Eims acredita que uma coisa que o líder deve fazer acima de tudo é conhecer pessoas como indivíduos. Como um líder de um grupo grande pode fazer isso?

9. Leia diversas versões de 1 Tessalonicenses 5:14. Qual grupo listado é o mais difícil de trabalhar? E o mais fácil? Por quê?

10. Que idéias você viu (ou pode imaginar) que estimulem o cuidado com as pessoas enquanto indivíduos com diferen­tes necessidades?

11. Como a atitude do líder em relação aos outros pode influen­ciar o grupo por ele liderado?

Foco de oração* Agradeça ao Senhor pelo exemplo de Jesus como líder / ser­

vo sensível. Ore para que Deus capacite você a se tornar mais parecido com Cristo.

Atividades opcionaisI. Procure e leia 20 ou 30 referências bíblicas sobre servir, ser­

vo e serviço. Observe as idéias que aparecem nas diferentes passagens. Tente empenhar-se durante um dia inteiro so­

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mente em servir os outros e colocar a si próprio em último lugar em cada circunstância.

2. Em sua própria área de liderança, implemente uma mudan­ça concreta que demonstre uma atitude de servo ou um es­pírito sensível. Compartilhe isto com alguém que possa orar por você.

Tarefa1. Leia o capítulo 5 e trabalhe no estudo.2. Faça uma auto-avaliação de seu ministério e veja em quais

áreas você se supera e em quais você precisa melhorar. Na­quelas em que você se supera, o que faz a diferença?

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Por que Alguns Líderes São Excelentes

Tópico da sessãoPara sermos líderes excelentes, devemos pedir ao Senhor umsenso de excelência, iniciativa e criatividade.

Construtor comunitário1. Escolha um líder público que seja bem conhecido do grupo.

Discuta quais qualidades fazem com que ele se destaque.2. Imagine que você é um líder de estudantes numa excursão

de jovens acampantes. Como você pode demonstrar traços de excelência, iniciativa e criatividade?

Questões de descoberta1. Quando você pensa no título "Por que alguns líderes são ex­

celentes", que qualidades ou realizações vêm à sua mente?2. Na página 53, Eims declara que, se você fizer alguma coisa

no nome do Senhor, isso "refletirá adequadamente esse nome, que é magnificente por excelência". Ele também cha-

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196 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

ma um boletim de igreja malfeito de "um escândalo e uma desgraça". Qual sua opinião a respeito da necessidade de excelência no ministério cristão?

3. Reveja as sete maneiras para suscitar o espírito de excelência mencionado nas páginas 67-68. Qual delas tem sido mais eficaz em sua vida como um meio para levá-lo em direção à excelência?

4. Na página 69, Eims descreve Jesus Cristo como "o único que fez todas as coisas de forma excelente, em todos os momen­tos, todas as horas, todos os dias de sua vida". Você acredi­ta que Jesus faz TUDO de forma excelente, mesmo coisas simples como cozinhar peixe ou pentear o cabelo? Explique.

5. De que maneira prática podemos "descansar completamen­te nos braços de Jesus", como Eims aconselha na página 70?

6. Se devemos alcançar um padrão cristão de excelência, onde se encaixam nossos próprios esforços?

7. Como Eims define iniciativa? Em que sentido a iniciativa é uma característica divina?

8. Mencione as três maneiras pelas quais Eims sugere que pra­tiquemos iniciativa. Que outras formas você poderia acres­centar?

9. O que faz com que a iniciativa de um líder comprometido com Deus seja diferente da de um líder incrédulo?

10. Quais são algumas das coisas que você pode fazer para ob­ter um espírito criativo?

11. À medida que tentamos ser criativos, como podemos man­ter o que é válido nos métodos e alvos tradicionais?

12. Você acredita que é aceitável para um cristão decidir "eu quero ser um líder excelente" e trabalhar em direção a isso? Explique.

13. O que aconteceria se um líder levasse as três características (excelência, iniciativa e criatividade) ao extremo?

14. Como podemos saber se estamos sendo excelentes em nosso ministério?

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GUIA DE ESTUDO INDIVIDUAL E EM GRUPO 197

Foco de oração* Ore por seus líderes e por si próprio para desenvolver exce­

lência, iniciativa e criatividade para a glória de Deus. Agra­deça ao Senhor pela obra dele através de você.

Atividades opcionais1. Escolha uma área de seu ministério ou trabalho e observe

seu desempenho em term os de excelência, iniciativa e criatividade.

2. Leia atentamente literatura cristã durante esta semana, pro­curando exemplos de excelência, iniciativa e criatividade.

Tarefa1. Leia o capítulo 6 e trabalhe no estudo.2. Determine que impacto específico você gostaria de ter em

seu ministério.

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Como Causar Impacto

Tópico da sessãoPara causar impacto como líder, uma pessoa deve ser íntegra decoração, sincera e ter espírito de luta.

Construtor comunitário1. Se você pudesse escolher uma área do ministério para con­

centrar-se durante o resto de sua vida, qual escolheria? Seja o mais específico possível.

2. Normalmente você focaliza uma coisa de cada vez, ou é al­guém que atira para todos os lados? Quais são os prós e os contras dessas atitudes?

Questões ãe descoberta1. Você é basicamente otimista ou pessimista em relação a mu­

danças significativas ou que causem um grande impacto em seu mundo?

2. Em virtude de sua atitude geral sobre mudança, o que você acha sobre a história de Ezequias que Eims relata na página 81?

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3. Você pensa que a maioria das pessoas que o rodeiam preci­sam ouvir a exortação "Relaxe"? Você poderia dizer que é uma pessoa zelosa ou entusiasta?

4. Nas páginas 82 e 83, Eims diz que Deus quer pessoas que sejam zelosas e entusiastas. Explique.

5. Se um pastor é casado e tem filhos pequenos, como poderia demonstrar um coração íntegro e um compromisso zeloso com o Senhor através da agenda semanal?

6. Eims fala de passagens da Bíblia que se referem a ser "con­sumido com o zelo de Deus" (p. 85). Por que isso é tão raro em nossa experiência?

7. Como você se sente ao lado de alguém que está "a mil por hora" pelo Senhor?

8. De que maneiras uma pessoa pode decidir em que área do serviço mergulhar de corpo e alma?

9. Você considera estar servindo com sinceridade como um lí­der leigo da igreja enquanto trabalha num emprego secular das 9 às 5? Explique.

10. Concentre-se em Hebreus 12:1-2. Que tipos de pecado você pensa que mais constantemente desviam os líderes cristãos de sua rota?

11. Que tipos de fardos ou embaraços nos detêm?12. Cite os três modos pelos quais Eims crê que uma pessoa

pode destruir a própria vida (veja pp. 88-89). A quais deles você está mais propenso? Como você segue em frente quan­do sente essa resistência?

13. Em 2 Timóteo 2:3, o apóstolo Paulo nos exorta a " suportar o sofrimento". Em nossa cultura, que sofrimentos o líder cris­tão deve ser chamado a sofrer pela causa de Cristo?

14. Como um espírito de luta pode encaixar-se em outras quali­dades cristãs como, por exemplo, paz, mansidão e bon­dade?

15. Como os líderes que desejam causar um impacto para o Se­nhor podem aperfeiçoar suas características a fim de terem coração íntegro, sinceridade e espírito de luta?

200 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

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Foco de oração* Ore sobre as três áreas que Eims discute neste capítulo. Con­

fesse onde você tem falhado, agradeça por aquilo que tem feito bem, e pergunte a Deus no que ele deseja que você mude para causar mais impacto em seu reino.

Atividades opcionais1. Leia a biografia de alguém famoso na história da igreja.

Note como as três áreas estavam (ou não) presentes através da vida daquela pessoa.

2. Observe mais alguém que esteja causando impacto para Deus e incentive-o (a) em uma das três áreas.

Tarefa1. Leia o capítulo 7 e trabalhe no estudo.2. Considere como você deve, daqui por diante, estabelecer a

plataforma para o sucesso no seu trabalho ou ministério.

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Armando o Palco para o Sucesso

Tópico da sessãoTrês coisas que estabelecem a base para o sucesso como um lí­der ministerial são: ter um bom começo, fazer a lição de casa e planejar o trabalho.

Construtor comunitário1. Sua tarefa na vida real, se você escolher aceitá-la, é traba­

lhar junto de alguém para mostrar apreciação de algum modo (por exemplo, junto de um pastor, secretária, hóspe­de/hospedeiro de um encontro). Discuta quem, quando, como e assim por diante. Quando você tiver terminado, avalie o processo conform e os quatro passos do plano POLA de Eims. (p. 102)

2. Discuta o termo "sucesso" em relação ao ministério. Se você tivesse de avaliar o sucesso de um ministério, o que procuraria?

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204 A FORMAÇÀO DE UM LÍDER

Questões de descoberta1. Por que é tão importante planejar um bom início para um

ministério? O que caracteriza um bom começo?2. O que um líder deve fazer se deu um passo errado no iní­

cio?3. Na página 98, Eims reconta uma história bíblica sobre Saul.

Quando você, tal qual Saul, tentou evitar liderança escon- dendo-se "no meio da bagagem"?

4. Eims afirma na página 99 que, após você ter escolhido lide­rar, "não tenha pressa para fazer muitas m udanças". Se você começasse a liderar um ministério atribulado, como decidiria quando ser paciente e quando agir?

5. O que mais o impressiona na história de Neemias como re­sumido nas páginas 100-101?

6. Quando você perdeti uma oportunidade porque não esta­va preparado? Ou quando você esteve pronto a fazer bom uso de uma oportunidade porque estava preparado?

7. Dos quatro passos do POLA (Planeje, Organize, Lidere e Avalie), quais são seus pontos fortes? Em quais você é mais fraco? Descreva um episódio em que demonstrou essa for­ça ou fraqueza.

8. O que procura ao selecionar pessoas-chaves para traba­lhar com você em sua área de ministério?

9. Como você pode avaliar se uma pessoa é capaz antes de lhe dar uma tarefa?

10. Se você não está vendo desenvolvimento das característi­cas de Cristo naqueles por quem você é responsável, o que isto sugere? O que você pode fazer?

Foco de oração* Agradeça a Deus pela oportunidade de servir através da li­

derança. Ore para que Ele o ajude a planejar e a mensurar sucesso pelos padrões divinos. Tenha um tempo de oração silenciosa por suas necessidades específicas como líder.

Atividades opcionais1. Reveja as orações de Paulo e como ele intercedia por seus

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liderados. Ore e procure maneiras específicas de encorajar as características de Cristo em outros, através de seu minis­tério.

Tarefa1. Leia o capítulo 8 e trabalhe no estudo.2. Avalie como você se sente, comparando a quantidade de

trabalho e o tempo que possui. Como livros cristãos ou idéi­as seculares têm influenciado você neste sentido?

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Como Produzir Mais

Tópico da sessãoLembre-se de três coisas quando quiser produzir mais: faça di­reito, confie em Deus para ajudá-lo em sua necessidade, e dete-nha-se em objetivos, não em obstáculos.

Construtor comunitário1. Elabore uma lista de todas as coisas que você gostaria de ter

feito hoje — se não houvesse obstáculos.2. Desenhe em uma folha de papel grande figuras de coisas

que você precisa fazer e dos obstáculos que as impedem. Peça aos outros membros que tentem adivinhar o que você está desenhando. Após um palpite correto, discuta modos pelos quais Deus pode superar cada obstáculo. (Por exem­plo, desenhe uma Bíblia para significar devoção, e então desenhe uma pessoa dormindo).

Questões de descoberta1. Qual foi seu primeiro pensamento ao ver o título "Como

^ produzir mais"?

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208 A FORMAÇAO DE UM LIDER

2. Reveja a história de Moisés relatada nas páginas 107-108. Imagine sua reação ao comando de Deus para contar a con­gregação. O que torna essa situação diferente de suas tare­fas hoje?

3. Leia em voz alta Mateus 11:28-30. Como essa passagem fala a você como um ocupado e talvez sobrecarregado líder cris­tão?

4. A primeira sugestão de Eims é "Faça isso agora". Em quais circunstâncias essa seria a coisa certa a fazer? Há momentos em que isso não seria correto?

5. No livreto Tirania do Urgente, o autor dá o conselho oposto. Ele diz que as coisas urgentes geralmente não são importan­tes e devem esperar ou as coisas realmente importantes se­rão esmagadas. Como você concilia isso com o conselho de Eims de "fazer isso agora"?

6. Você pode recordar um incidente no qual Deus proveu a ajuda de que você precisava quando enfrentava uma tarefa dificílima?

7. Você acredita que podemos ver alguns obstáculos como uma forma de Deus dizer "Pare"? Se concorda, como você saberia em que circunstâncias parar e quando avançar pela fé?

8. Crendo que Deus providenciará socorro e o tipo certo de ajuda, onde se encaixa a luta por seus próprios esforços?

9. Você parece estar "cercado de pensamentos negativos"? Como eles surgem em sua vida? Ou a que você atribui seu modo de pensar positivo?

10. O que você pode fazer para (1) perceber que está centraliza­do no problema e (2) mudar e manter-se centralizado em seu alvo.

Atividades opcionais1. Leia Efésios 5:15-16; Lucas 18:27 e outras passagens que en­

corajem sua fé na realização do trabalho de Deus.2. Considere como Jesus lidou com seu tempo. Em que ele

mais gastou tempo? Para ajudá-lo nisto, leia O Plano M estre

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de Evangelismo de Robert E. Coleman; publicado pela Mun­do Cristão.

Foco de oração* Agradeça ao Senhor pelos muitos dias que você já viveu

para amá-lo e servi-lo. Ore para que ele o use a cada dia para a sua glória. Peça por sabedoria em suas decisões e respostas diárias. Entregue uma decisão específica ou obstáculo a ele.

Tarefa1. Leia o capítulo 9 e trabalhe no estudo.2. Faça uma lista de dificuldades recentes ou atuais para deter­

minar onde reside o problema e como lidar com ele.

/

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Superando as Dificuldades

Tópico da sessãoQuatro princípios são úteis ao enfrentar dificuldades: (1) esco­lher cuidadosamente co-líderes, (2) manter os canais de comu­nicação abertos, (3) manter um programa equilibrado e (4) en­frentar as dificuldades da vida à luz da cruz de Cristo.

Construtor comunitário1. Na chegada dos membros do grupo, dê a eles algum tipo

de quebra-cabeças a fim de que tentem resolvê-lo. Como pessoas diferentes encontram a solução para este desafio?

2. Teste as habilidades dos membros do grupo para ilustrar que um deles deve estar apto ou fiel a fazer as pequenas coi­sas antes de todos eles. Eles podem arremessar uma bola de tênis para cima e para baixo? Dê-lhes duas bolas e veja se conseguem jogar uma após a outra no ritmo. Se todos po­dem jogar duas bolas, dê-lhes a terceira. Discuta.

^ Questões de descoberta1. Ao iniciar seu trabalho ou ministério, qual foi sua reação

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212 A FORMAÇAO DE UM LIDER

quando o primeiro problema surgiu? Os problemas em seu trabalho estão, na maioria das vezes, relacionados com o grupo ou com sua vida pessoal?

2. Em seu ministério, que papel ocupa a Palavra de Deus? Como você segue o exemplo de Eims para "ajudar pessoas a aprender o que a Bíblia diz e a aplicar suas verdades nas si­tuações diárias" (p. 123)?

3. Discuta a declaração de Dawson Trotman na página 124: "Falar não é ensinar; ouvir não é aprender". De que maneira você pode aplicar isso à sua liderança?

4. Qual tem sido sua experiência, como líder, com a delega­ção? Existe algum sinal ou indício que lhe mostre que é hora de delegar?

5. Relacione as três qualidades da lista de Eims para escolher companheiros de trabalho. Você acrescentaria alguma outra qualidade a essa lista? Que qualidade você mais deseja?

6. Eims avisa na página 125 que deve haver "concordância nos alvos; liberdade nos métodos e meios". Você concorda? Quão difícil é para você abandonar o controle dos métodos e meios?

7. De que forma uma pequena responsabilidade anterior a seu atual papel de liderança o ajudou?

8. Por que a comunicação entre companheiros de trabalho é tão difícil?

9. Que tarefas desagradáveis você sempre acaba evitando? Como você age contra isso?

10. Quando a adversidade chega, algumas pessoas se tornam amargas com Deus, enquanto outras se aproximam ainda mais dele. O que faz a diferença?

11. Você recorda alguma circunstância em que entregar um peso ou dificuldade ao Senhor aliviou seu fardo?

Foco ãe oração* Agradeça ao Senhor pelo seu amoroso cuidado conosco sal-

vando-nos de e através de dificuldades. Ore acerca de uma dificuldade específica, e então coloque em prática entregá-la ao Senhor.

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Atividades opcionais1. Pesquise nas Escrituras para aprender mais ainda sobre

como resolver dificuldades. Você pode procurar em uma concordância as palavras problema, dificuldade, prova ou conflito.

2. Considere como este capítulo também pode ser aplicado a relacionamentos familiares a fim de ajudar a prevenir ou a resolver dificuldades.

Tarefa1. Leia o capítulo 10 e trabalhe no estudo.2. Discuta com outro líder ou companheiro de trabalho os

maiores perigo de sua atividade.

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Sobrevivendo aos Perigos

Tópico da sessãoSe cremos em Deus, ele pode e irá livrar-nos das três coisas quepodem ser a ruína do líder: um coração avarento, o desejo ar­dente por autoglorificação e o desânimo.

Construtor comunitário1. Discuta a respeito de seus jogos favoritos (por exemplo,

Nintendo) e os perigos que você deve enfrentar para ga­nhar. Então tente especificar ou mesmo criar um jogo no qual os perigos sejam espiritualmente mortais como os três deste capítulo.

2. Relacione e classifique quais são, em sua opinião, os cinco maiores perigos que o líder cristão enfrenta em seu ministé­rio. Discuta.

Questões de descoberta1. Que tipo de perigos você mais tem visto impedir ou destruir

um líder cristão?

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216 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

2. Quais são os três perigos mais mortais para um líder, de acordo com Eims, e como você resumiria cada um deles?

3. Em Filipenses 3:17-19, quem são os "inimigos da cruz"? Reformule as quatro descrições dessas pessoas em suas pró­prias palavras.

4. Que palavras vêm à sua mente como sinônimos para "ava­reza"? Leia em voz alta Colossenses 3:1-5.0 que esta passa­gem diz a respeito desses desejos? Como alguém faria isso?

5. Quais são as duas maneiras pelas quais Eims justifica por que avareza é tão mortal? (Veja as páginas 143-144.)

6. Se uma pessoa foi liberta da avareza, o que a caracterizaria? Descreva o que é para você uma concepção apropriada acer­ca do dinheiro e das posses.

7. Por que a autoglorificação, ou o orgulho, é tão sutil?8. Como líder que um dia poderá receber honra e prestígio, de

que forma você pode lidar apropriadamente com posições de destaque, atenções extras e convites especiais?

9. Das três áreas que Eims lista (dar, produzir para o Senhor e servir a Cristo), qual mais atrai autoglorificação? Explique.

10. Das quatro lições sobre desânimo que Eims tira da história de Elias nas páginas 152-153, qual fala mais fortemente a você? Por quê? De que forma a história de Davi é diferente? (páginas 153-154).

Foco de oração* Agradeça ao Senhor pelas claras advertências na Escritura,

e confesse qualquer pecado ou falha nessas áreas de perigo. Ore por força e proteção contra os sutis e óbvios perigos para seu ministério.

Atividades opcionais1. Memorize uma ou mais promessas de Deus às quais você

pode apegar-se ao enfrentar os perigos mencionados para seu ministério. Algumas sugestões são: Filipenses 1:6; 4:11- 13; 1 Coríntios 10:13; 2 Coríntios 3:4-6; 12:9-10; Hebreus 13:5-6.

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2. Escolha um perigo ao qual você se sente especialmente vul­nerável. Peça ao companheiro seguinte para orar por você. Desenhe uma estratégia de batalha espiritual que afaste os ataques nesta área.

Tarefa1. Leia o capítulo 11 e trabalhe no estudo.2. Recorde pessoas a quem você já ministrou anteriormente e

analise se você desempenhou bem seu papel de conduzi-los ao discipulado cristão.

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Atendendo às Necessidades do Grupo

Tópico da sessãoA melhor maneira de atender às necessidades do grupo que você lidera é aprofundando a vida espiritual dos membros atra­vés do discipulado e do treinamento.

Construtor comunitário1. Aqui está um exercício avançado de matemática. Suponha

que Susan tenha levado Grace a Cristo e ao discipulado por um ano. No final daquele ano, Susan discipulou Brittany, enquanto Grace discipulava Joy. No terceiro ano, cada um deles, Susan, Grace, Joy e Brittany discipulou uma nova pessoa e a cadeia continuou. No final dos três anos, quantos cristãos discipulados havia? Imagine em cinco ou dez anos. (Sugestão: desenhe um diagrama.)

2. Quais são seus sonhos para o trabalho atual e para o traba­lho e ministério ao decorrer de sua vida? Quais alvos o aju­dariam a realizar seus sonhos?

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220 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

Questões âe descoberta1. Com o você se sentiria se o Senhor o cham asse para

pastorear uma igreja com 400 pessoas como aquelas descri­tas em 1 Samuel 22:2?

2. Como você reage ao princípio de liderança: "E preciso um para fazer um"? (Encorajado? Amedrontado? Desafiado? De outra maneira?) Por quê?

3. Por meio de quais sinais você verifica se alguém está pronto a fazer discípulos um a um? Que sinais mostrariam que a pessoa está pronta a fazer discípulos num ambiente de gru­po?

4. Reveja as páginas 159-166. Qual é o programa sugerido por Eims para ajudar cada pessoa a desenvolver o seu potencial máximo? Que modificações, se é que existe alguma, você precisaria fazer para usar este plano em seu próprio ambi­ente?

5. Como você se sente acerca de reuniões de manhã cedo? Al­guma vez você já participou ou liderou uma? Descreva como foi — ou como acha que deveria ser.

6. Como você poderia começar se não encontra um interesse especial em ninguém? Qual seria a razão disso?

7. Dos versos e metas listados nas páginas 160-162, qual seria o mais simpático para seu grupo?

8. Qual programa de estudo bíblico ou livreto você encontrou e considera excelente para desenvolver? Por que ele funcio­na bem?

9. Quais são suas idéias sobre investir num program a de discipulado no qual você treina um grupo ou trabalha um a um? Como vocês podem, como líderes, ajudar uns aos ou­tros a caminhar e a manter-se caminhando?

10. Alguém discipulou você? Em caso positivo, quais foram os benefícios? Se não, que diferença poderia ter feito?

11. Leia 2 Timóteo 2:2. Você pensa que este modelo funciona para qualquer idade? E diferente com homens e mulheres? Poderia funcionar com pais e filhos? Explique.

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Foco de oração* Agradeça a Deus por começar neste grupo de estudo, redi­

mido e crescendo na fé, em vez de caído ou perdido. Peça a Deus que amplie sua vida para sua glória e torne sua lide­rança produtiva além de seus maiores sonhos.

Atividades opcionais1. Em oração, avalie o foco e os alvos de seu trabalho, e como o

discipulado precisa crescer e ser aperfeiçoado.2. Pesquise se muitos em sua igreja ou grupo de comunhão

têm sido discipulados, se desejam ou poderiam ser, ou se gostariam de discipular alguém mais. Se for apropriado, relate sua descoberta a alguém que possa atender a estas ne­cessidades — ou torne-se você mesmo o organizador!

Tarefa1. Leia o capítulo 12 e trabalhe no estudo.2. Observe durante esta semana métodos e estilos diferentes

que seus diversos líderes usam para comunicar-se com você.

GUIA DE ESTUDO INDIVIDUAL E EM GRUPO 221

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Comunicação

Tópico da sessãoPara comunicar-se de maneira eficaz, você deve conhecer o queestá falando e acreditar no que diz.

Construtor comunitário1. Descreva o melhor sermão, mensagem ou aula de que se

lembra, e explique por que foi tão memorável.2. Conte uma história sobre sua própria experiência como

comunicador.

Questões de descoberta1. Que função a comunicação exerce em seu ministério atual?

O que você antevê como questões acerca da comunicação em seu ministério futuro?

2. Reveja os dois imperativos de Eims na comunicação (pági­na 168). Qual o mais fácil para você e por quê?

3. Dos pregadores e programas religiosos atualmente na TV, que estilo de comunicação você prefere? O que mais aprecia

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224 A FORMAÇÃO DE UM LÍDER

neles? O que não cativa seu interesse? (Se você não assiste a pregadores na TV, explique por quê).

4. Reveja o modelo do conteúdo da mensagem que Eims apre­senta nas páginas 144-145. Você mudaria ou acrescentaria alguma coisa?

5. Onde você pode encontrar histórias ou ilustrações? Como pode evitar usar os mesmos exemplos repetidas vezes?

6. Que sinais de nervosismo você apresenta antes de falar? O que é mais fácil para você: comunicar um a um, a um grupo ou a um auditório? Que versículos ou técnicas o ajudam com este nervosismo?

7. Pelo que você ora quando vai dar uma mensagem? Você considera a oração um ponto forte ou fraco em sua rotina de vida?

8. Como você pode ser lembrado ou motivado a orar mais so­bre suas oportunidades de comunicação?

9. Qual capítulo deste livro lhe foi de maior ajuda? Por quê?10. Que princípios ficaram inculcados em sua mente à medida

em que você realizou este estudo?11. Qual tem sido a área de maior desafio para você?12. Que mudanças você fez (ou fará) em sua liderança como re­

sultado deste estudo?

Foco de oração* Agradeça ao Senhor pelas oportunidades de comunicação

que você tem tido e peça que Ele lhe mostre como ser mais eficaz em sua causa. Ore por todo o grupo, para que se torne mais e mais os líderes que Deus quer que sejam. Ore pela pessoa à sua direita (ou outra que lhe tenha sido designada), por suas oportunidades específicas de ministério.

Atividades opcionais1. Peça a um verdadeiro cristão para ajudá-lo quando estiver

dando uma mensagem ou comunicando-se de alguma for­ma. Grave a ocasião se for possível. Então peça uma avalia­ção e discuta sua apresentação. (Assegure-se de estar real­

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GUIA DE ESTUDO INDIVIDUAL E EM GRUPO 225

mente aberto para ouvir antes de fazê-lo.) Empenhe-se em realizar mudanças para uma comunicação mais efetiva.

2. Ouvindo vários oradores em diferente situações, observe seu conteúdo e sua maneira de apresentá-lo. Se você tem a tendência de tornar-se crítico, peça ao Senhor um espírito generoso à medida que observa. Veja o que pode aprender com outros.

TarefaCaminhe na força e no poder do Senhor... "e seja o líder quevocê foi feito para ser"!

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Um manual paraquem quer fazer diferença

• Quem é apto para liderar?

• A vida interior do líder

♦ Como os líderes alcançam o sucesso

• Resolvendo conflitos e problemas

• A sobrevivência do líder

A Formação de um Líder apresenta o que a Bíblia diz sobre

liderança. LeRoy Eims o escreveu alicerçado nos princípios de

gerenciam ento e liderança espiritual contidos na Bíblia, sem

ignorar estratégias modernas de administração. Esta obra é um

verdadeiro curso de identificação, treinam ento e m otivação de

líderes. O autor vai além das técnicas usuais da liderança para

discutir um tema de suma im portância: o caráter do líder.

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Este livro vendeu mais de 300.000 exemplares na versão original, e conta com um guia de estudos para uso individual ou em grupo.

"A Formação de um Líder não é só para líderes. É para qualquer pessoa que deseja fazer diferença como cristão."

Dr. Jerry White

LeRoy Eims é diretor ministerial dos Navegadores, uma organização

internacional especializada em discipulado cristão. É também autor de

Seja um Líder Motivacional, Sabedoria do Alto e Caminhos Vitoriosos

ISBN 857325132-8

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