A GESTÃO DE CLIENTES INSATISFEITOS NO SEGMENTO DE TV …

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A GESTÃO DE CLIENTES INSATISFEITOS NO SEGMENTO DE TV POR ASSINATURA ATRAVÉS DE MÍDIAS SOCIAIS Alexander Greif Prudencio São Paulo | 2018

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A GESTÃO DE CLIENTES INSATISFEITOS NO SEGMENTO DE TV POR ASSINATURA ATRAVÉS DE MÍDIAS SOCIAIS

Alexander Greif Prudencio

São Paulo | 2018

ESCOLA SUPERIOR DE PROPAGANDA E MARKETING PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM COMPORTAMENTO DO

CONSUMIDOR

ALEXANDER GREIF

A GESTÃO DE CLIENTES INSATISFEITOS NO SEGMENTO DE TV POR ASSINATURA ATRAVÉS DE MÍDIAS SOCIAIS.

SÃO PAULO 2018

ALEXANDER GREIF

A GESTÃO DE CLIENTES INSATISFEITOS NO SEGMENTO DE TV POR

ASSINATURA ATRAVÉS DE MÍDIAS SOCIAIS.

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração, com ênfase em Comportamento do Consumidor, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM. Orientadora: Profa. Dra. Cristina Helena P. de Mello.

SÃO PAULO 2018

ALEXANDER GREIF

A GESTÃO DE CLIENTES INSATISFEITOS NO SEGMENTO DE TV POR ASSINATURA ATRAVÉS DE MÍDIAS SOCIAIS.

Dissertação apresentada como requisito para obtenção do título de Mestre em Administração com ênfase em Comportamento do Consumidor, pela Escola Superior de Propaganda e Marketing – ESPM.

Data de aprovação:

_______/_______/_______

Banca examinadora:

Profa. Dra. Cristina Helena P. de Mello – MPCC/ESPM

Prof. Dr.

Prof. Dr.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a minha esposa Liege Cristina Garcia e

a minha filha Alexia Garcia Greif, pela paciência durante os finais de semana, tempo

este necessário para que eu chegasse até aqui. Em segundo, gostaria de agradecer

a minha orientadora, Profa. Dra. Cristina Helena P. de Mello, pela experiência,

tranquilidade e equilíbrio fornecidos durante esta jornada.

RESUMO

Nos últimos 15 anos, com o surgimento e a expansão do uso de mídias

sociais por consumidores, a relação que existia entre indústria, serviço e cliente

mudou completamente. Dentre as mudanças provenientes dessas novas relações

mercadológicas, as mídias sociais ganharam relevância como modelo de gestão e

atendimento. Esta investigação teve como objetivo comparar a satisfação com o

atendimento aos clientes entre os canais tradicionais de SAC telefônico, e os de

mídias sociais sem interação da voz humana. Para alcançar esse objetivo foi

realizado um experimento com 60 clientes insatisfeitos do segmento de TV por

assinatura. Os resultados foram avaliados estatisticamente por meio do teste “t”.

Houve preferência pelo atendimento através das mídias sociais (0,008) e conclui-se

que o Facebook como canal de atendimento teve um resultado superior ao

tradicional SAC. Como contribuições, este estudo inova ao mostrar os resultados de

uma gestão com clientes insatisfeitos através de um relacionamento totalmente

digitalizado, inclusive mais econômico. Além disso, existem poucos estudos no

Brasil sobre atendimento de clientes insatisfeitos realizados unicamente em mídias

sociais, o que contribuirá para reduzir essa lacuna na academia. Palavras-chave: satisfação do consumidor; mídias sociais; Facebook; boca a boca

eletrônico; Social CRM, Marketing de relacionamento, inteligência de mercado.

ABSTRACT

Over the last 15 years, the relationship between industry, services and

consumers has been changed a lot, mainly due to the expansion of new media social

habits by consumer markets. Within the changes of this new market approach, the

media social platforms became relevant elements to the business model and the

customer care of the global companies. This research aimed to compare satisfaction

with customer service between traditional telephone SAC channels and social media

channels without human voice interaction. To achieve this objective an experiment

was conducted with 60 dissatisfied customers in the Pay-TV segment. The results

were statistically evaluated using the "t" test with significance range p <0.1. There

was a preference for service through social media (0.008), and suggests that

Facebook, as a customer care tool, had a superior result compared to the traditional

SAC. As contributions, this study innovates by showing the results of managing with

dissatisfied customers through a 100% digital customer care service, without voice

interaction. In addition, there are few studies in Brazil on the care of unsatisfied

clients carried out solely on social media, which will help reduce this gap in academic

literature. Keywords: Consumer satisfaction, social media, Facebook, electronic word of

mouth, Market Intelligence, and Social CRM.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ranking das redes sociais existentes e ativas no mundo e a quantidade de usuários ativos respectivos a cada uma delas. .................................................... 25

Figura 2 – Questionário utilizado para avaliação da satisfação do atendimento do canal utilizado. .......................................................................................................... 56

Figura 3 – Gráfico de linhas para as médias da questão 1 (satisfação com o atendimento) segmentadas por categorias de resposta das variáveis grupo, sexo, faixa de idade e região. ............................................................................................. 60

Figura 4 – Gráfico de linhas para as médias da questão 3 (preferência por atendimento telefônico ou on-line) segmentadas por categorias de resposta das variáveis grupo, sexo, faixa de idade e região. ......................................................... 60

Figura 5 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 1 (satisfação) e o grupo. ........................................................................................................................ 62

Figura 6 – Resultado do teste t entre a questão 1 (satisfação) e o grupo. ................ 63

Figura 7 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 1 (satisfação) e a região dos assinantes. .............................................................................................. 63

Figura 8 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 2 (recomendação) e grupo. ........................................................................................................................ 64

Figura 9 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 2 (recomendação) e a faixa de idade dos assinantes. .................................................................................. 65

Figura 10 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 2 (recomendação) e a região dos assinantes. ........................................................................................... 66

Figura 11 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e o grupo. ........................................................... 67

Figura 12 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e a região. .......................................................... 68

Figura 13 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e a faixa de idade. .............................................. 69

Figura 14 – Resultado do teste Qui-Quadrado entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e a faixa de idade. .............................................. 70

Figura 15 – Resultado do teste Qui-Quadrado entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e a região. .......................................................... 71

Figura 16 – Resultado do teste Qui-Quadrado entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e o grupo. ........................................................... 72

Figura 17 – Teste t para verificar se a média da questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) é menor do que 1,5. ........................................... 73

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – A grupamento das redes sociais existentes no ambiente Web de acordo com sua funcionalidade para o usuário. ................................................................... 24

Tabela 2 – Classificação dos clientes que entraram em contato com a central telefônica da empresa através dos assuntos relatados via SAC e redes sociais no ano de 2017. ............................................................................................................. 45

Tabela 3 – Distribuição dos grupos de clientes por assunto relatados em 2017 em todos os canais: SAC e Facebook. ........................................................................... 45

Tabela 4 – Distribuição dos grupos de clientes por assunto relatados em 2017 relatados exclusivamente na página oficial da empresa no Facebook. .................... 46

Tabela 5 – Exemplo dos tipos de postagens publicadas no Facebook, separadas por grupo de consultas de posts dos clientes que entraram em contato com a empresa de TV por assinatura através da página da empresa no Facebook em 2016. .......... 47

Tabela 6 – Menções específicas sobre produtos ou serviços da empresa estudada e a separação total das reclamações por gênero. ....................................................... 48

Tabela 7 – Quantidade de menções escritas nas postagens no Facebook, classificadas por tipo, através da página da empresa no Facebook. ........................ 49

Tabela 8 – Grupo de clientes para amostragem do experimento, classificado através das variáveis de canais de atendimento. .................................................................. 51

Tabela 9 – Tabela de contagem da faixa de idade dos pesquisados. ...................... 58

Tabela 10 – Tabela de contagem do sexo dos clientes pesquisados. ...................... 58

Tabela 11 – Tabela de contagem da região do pesquisado. .................................... 59

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

SAC – Serviço de Atendimento ao Consumidor.

CRM – Customer Relationship Management.

E-CRM – Eletronic Customer Relationship Management.

Social CRM – Social Media Customer Relationship Management.

P.A. – Posto de Atendimento.

WOM – Word of Mounth.

E-WOM – Eletronic Word of Mounth.

FCR – First Call Resolution

Off-line – Comunicação ou publicidade produzida e veiculada fora do ambiente digital.

On-line – Comunicação ou publicidade produzida e veiculada dentro do ambiente digital.

D1 – Dia 1.

D2 – Dia 2.

DS – Dia da solução.

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 121.1 Problematização do tema ............................................................................... 131.2 Objetivo .......................................................................................................... 171.3 Hipótese ......................................................................................................... 171.4 Justificativa ..................................................................................................... 17

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 192.1 Satisfação do consumidor .............................................................................. 192.2 Conceitos fundamentais de mídias sociais e sua relação com consumidores e

marcas. ........................................................................................................... 222.2.1 Mídia social. ........................................................................................... 222.2.2 Facebook. .............................................................................................. 262.2.3 Mídias sociais e o relacionamento com consumidores. ......................... 272.2.4 SAC 2.0. ................................................................................................. 31

2.3 O boca a boca eletrônico (e-WOW) nas mídias sociais .................................. 322.4 A gestão e o atendimento ao cliente através das mídias sociais .................... 36

3 METODOLOGIA DE PESQUISA ................................................................. 423.1 Técnica e abordagem de pesquisa ................................................................. 423.2 Objeto do estudo ............................................................................................ 423.3 População e amostragem ............................................................................... 433.4 Coleta de dados.............................................................................................. 50

4 DISCUSSÕES .............................................................................................. 755 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES ............................................ 776 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ......................................................................... 777 RECOMENDAÇÕES DE ESTUDOS FUTUROS .......................................... 788 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS ...................................................................... 79REFERÊNCIAS ................................................................................................ 80

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1 INTRODUÇÃO

O mercado de TV por assinatura global vem sofrendo lentamente nos últimos

5 anos. Além do acréscimo de 7 milhões de assinaturas em 2016, a rentabilidade

das principais operadoras continua a mesma nos últimos dois anos, em torno de 185

bilhões de dólares de lucro global (ABTA, 2016).

De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (SIGLA) a queda é

atribuída às crises econômicas acentuadas e, principalmente, aos novos hábitos de

consumo de entretenimento vinculados aos serviços de streaming na web, a

exemplo do Netflix e do Youtube. Uma pesquisa realizada pelo Ibope Conecta em

2017 aponta que o número de assinantes de serviços de streaming, como a Netflix

por exemplo, cresceu 1 ponto percentual (de 96% para 97%), enquanto o número de

consumidores de TV por assinatura caiu de 72% para 68% (IBOPE CONECTA,

2107). Nesse caso, a pesquisa é focada em pessoas que assistem filmes e séries.

Só no Brasil perde-se anualmente em torno de 0,5% das bases de clientes de TV

por assinatura desde 2016 (ANATEL, 2016). De acordo com a ANATEL, em janeiro

de 2015 o Brasil tinha 19,657 milhões de assinantes. No fim de 2016 o número

baixou para 19,1 milhões. No início de 2017 foram 18,957 milhões (ANATEL, 2017).

Os desafios para esse segmento dentro de um cenário tão incerto é: como

entregar valor e manter seus clientes satisfeitos de uma forma rentável? Os

caminhos percorridos pelas operadoras focam na redução do cancelamento das

assinaturas, também conhecido no segmento estudado pelo termo churn, e na

diminuição dos custos fixos dos canais tradicionais de retenção e de atendimento

aos clientes, os Sistemas de Atendimento ao Cliente ( SAC).

A principal alternativa é o que o mercado nomeia como SAC 2.0, serviço

prestado ao cliente nas mídias digitais, desde o monitoramento da marca nas redes,

absorção das mensagens e comentários e o aproveitamento desse relacionamento

para direcionar as estratégias de comunicação (KOTLER, 2010). Porém, o

atendimento continua concentrado no telefone, mesmo com o crescimento da

preferência dos consumidores pelo atendimento através das redes sociais

(PESQUISA E-LIFE, 2017).

Atualmente o custo médio de atendimento aos clientes pelo canal humano ou

de voz, o SAC tradicional, gira em torno de R$ 12,00 por ligação para o segmento de

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TV por assinatura no Brasil (REPORT INTERNO TP, 2017). Por sua vez, o SAC 2.0

ainda se configura como um canal de atendimento misto, ou seja: o atendimento é

iniciado nas mídias sociais, porém finalizado no telefone, com custo médio de

atendimento em torno de R$ 5,00 (REPORT INTERNO TP, 2017). As estimativas de

custos do atendimento 100% digital, ou seja: sem a ligação telefônica realizada pela

empresa (ligação ativa), ou mesmo pelo cliente (ligação passiva) não foi encontrado

na literatura pesquisada. Porém pode se supor que os custos de um atendimento

100% digitalizado, e sem a utilização das estruturas requeridas pelos postos de

atendimento telefônico, teriam um custo médio abaixo de R$ 5,00.

Além disto, a dificuldade de conciliar alto volume, a qualidade no atendimento

e a escassez de profissionais capacitados para a função no mercado são pontos que

se conectam no momento em que o consumidor espera um atendimento

personalizado e satisfatório do SAC (SCUP, 2015).

A pesquisa deste estudo traz à tona respostas a dúvidas frequentes sobre a

satisfação do consumidor atendido pelos canais de mídias sociais, além de outras

abordagens, como rentabilidade.

1.1 Problematização do tema

De acordo com Berry (2002), tem-se como conceito fundamental do marketing

de relacionamento um esforço integrado das empresas para construir, manter e

fortalecer relacionamentos individuais com clientes, em um processo de troca de

benefícios voltado para o longo prazo (BERRY, 2002).

Hoje, porém, esses relacionamentos adquirem caráter de gestão estratégica,

os consumidores não são mais meros agentes passivos, eles assumem o papel de

co-criadores de produtos e das mensagens veiculadas sobre as marcas.

(BERTHON; PITT; MCCARTHY; KATES, 2007).

Conforme Mendonça (2007), os consumidores estão querendo ditar o modo

como as suas expectativas serão atendidas e esperam que as empresas perguntem

a eles sobre suas preferências.

Tendo consciência da relevância e do poder dessa relação, financeira e de

imagem, empresas de todos os portes e segmentos investem em estratégias e

estruturas para a gestão de relacionamento com seu portfólio de clientes (BREI;

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ROSSI, 2005). Tais estratégias tentam reduzir o êxodo de clientes atuais, evitando

que mudem de marca, e estimulando a sua satisfação e desejo de permanecer com

a marca.

Para Santos e Fernandes (2008), a satisfação do cliente é consequente à

avaliação dos critérios da gestão de relacionamento que envolvem o resultado final,

o processo que levou a tal resultado e a maneira como a empresa tratou o cliente e

com ele se comunicou durante um atendimento. Todos esses procedimentos, se

forem bem gerenciados pela empresa, podem gerar resultados e benefícios para o

cliente e para a empresa. “As empresas lucrativas possuem boas taxas de fidelidade

entre seus clientes. ” (MENDONÇA, 2007, p. 117)

Clientes que estão satisfeitos têm menor tendência a terminar o

relacionamento com as empresas (LARÁN; ESPINOZA, 2004). A satisfação do

consumidor é, para as empresas, um dos meios de conseguir obter e manter

clientes.

A satisfação [...] se refere ao grau de congruência entre as consequências reais da compra e do consumo de uma marca e aquilo que era esperado pelo comprador no momento da compra. Se o resultado real for julgado pelo comprador como pelo menos igual ao esperado, o comprador ficará satisfeito. Se, por outro lado, o resultado real for julgado como inferior ao esperado, o comprador se sentirá insatisfeito e sua atitude será menos favorável. (HOWARD; SHETH, 1969, p. 94).

Entretanto, muitos consumidores nos últimos anos emitem suas satisfações e

frustrações diretamente nas mídias sociais, e procuram retribuições após serem

desprezados e ignorados por empresas (GRÉGOIRE; SALLE, 2015). Com a

mudança de comportamento do consumidor online, os sites de reclamações

ganharam espaço no Brasil. Os mais conhecidos são o “Reclame Aqui” e o

“Reclamão”. Segundo a revista PEGN (2011), o “Reclame Aqui”, pioneiro no País,

recebe mais de 100 milhões de consultas por ano, o equivalente a 20% de toda a

audiência do varejo on-line no país. A comunicação das empresas voltada antes

para uma audiência passiva, cedeu espaço para uma “lógica das redes”

(CASTELLS, 2003), onde o consumidor assume o comando, escolhe quando, onde

e como acessar a informação.

Isso, obviamente, quando não gerenciado de forma correta, ocasiona

insatisfação e uma crise pública para as marcas (LAUFER; COOMBS, 2006). Uma

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vez que um comentário negativo nas mídias sociais (boca a boca eletrônico) é

espalhado on-line, os usuários constroem comentários entre eles e provavelmente

as empresas envolvidas perdem o controle da gestão das conversas com seus

clientes (GRÉGOIRE et al, 2010). Reclamar sobre problemas com empresas no

Twitter ou no Facebook é mais eficiente do que apelar para serviços de atendimento

ao cliente ou o PROCON. Uma reclamação pelo Twitter costuma ser respondida até

8,4 mil vezes mais rápido do que por meio dos órgãos de defesa do consumidor

(FOLHA.COM, 2011). Através do PROCON, o tempo para que uma audiência

conciliatória seja marcada é de aproximadamente um mês, sem prazo para que se

chegue a uma solução definitiva. Em compensação, reclamações em redes sociais

são respondidas em um tempo que varia entre 2 minutos a 6 horas, e a solução

surge dentro de 24 horas (FOLHA.COM, 2011). As mídias sociais não só possibilitaram aos consumidores reclamarem via on-

line, mas também os influenciam em suas atitudes mercadológicas. Pesquisa da

New York University (2011) aponta que 88% dos consumidores pesquisados

revelaram serem menos propensos a comprar de uma empresa que ignora suas

reclamações postadas via on-line (YORK UNIVERSITY, 2011).

Com o avanço dessas plataformas, os consumidores não são mais meros

agentes passivos dentro do processo de mudança de uma marca. Hoje, eles estão

tendo uma atividade intensa e já são agentes ativos no papel de co-criadores de

produtos e mensagens de marca (BERTHON et al., 2007). Um exemplo vivo dessa

tendência é o próprio Twitter que, através de seu CEO Jack Dorsey, perguntou aos

seus usuários em 2017 quais melhorias eles gostariam que a ferramenta tivesse

(CNET, 2017).

Foi frente a esse cenário que surgiram algumas iniciativas para a melhoria do

atendimento e gestão de relacionamento com clientes, a exemplo do SAC 2.0, ou o

Social CRM. Para Trainor et al. (2014), a definição de “Social CRM” é:

A integração das tradicionais atividades de relacionamento com clientes, incluindo a elas processos, sistemas e tecnologias com aplicações de mídias sociais para engajar clientes em conversas colaborativas e fortalecer o relacionamento com eles. (TRAINOR et al., 2014, p. 312).

O SAC, e o gerenciamento do relacionamento com os clientes (CRM

tradicional) fazem parte de um mercado bilionário, com milhares de pessoas

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alocadas em centrais telefônicas e estruturas pesadas de Tecnologia da Informação

(TI) espalhadas dentro de grandes corporações globais (BYGSTAD; PRESTHUS,

2012). Segundo pesquisa da revista Consumidor Moderno (2017), o mercado de

SAC, considerando operações terceirizadas e internalizadas, pode ter faturado em

2017 R$ 47,69 bilhões no Brasil. Ainda que o valor seja superior frente aos R$ 46,1

bilhões faturados no ano anterior (2016), a mesma pesquisa (2017) mostra que o

crescimento previsto para o setor no país era de apenas 3,4%. O estudo Global

Contact Centre Benchmarking Summary Report (2015) revela que, se há 10 anos o

atendimento via web praticamente não existia, atualmente representa 35% das

interações e, na atual taxa de crescimento, vai superar o atendimento por voz nos

próximos anos.

Smith, Speaker E Thompson (2000, p.191) fazem uma observação em

relação ao posicionamento de algumas empresas sobre a interação de clientes com

a web: Os clientes estão ficando mais espertos e aprendendo a usar informações on line de outros clientes quando tem de optar por produtos e serviços. Alguns Web sites estão até mesmo oferecendo um lugar onde os clientes podem divulgar suas opiniões sobre empresas ou produtos. (SMITH,; SPEAKER,; THOMPSON, , 2000).

De acordo com a previsão do Global Contact Centre Benchmarking Summary

Report (2015), os sistemas de SAC sofrem uma queda anualmente de 7,20% no

faturamento, o que significará em breve uma redução do número de pontos de

atendimento (PA) e suas estruturas.

Considerando as rápidas e vigorosas transformações conduzidas pelas

mídias sociais, a mudança no comportamento do consumidor, a nova gestão de

relacionamento digitalizada e a procura por redução de custos e rentabilidade, a

pergunta central que este estudo tenta responder é: a gestão e atendimento aos

clientes realizados unicamente através de mídias sociais são tão efetivos quanto os

realizados pelos canais tradicionais de SAC telefônico?

O resultado deste estudo poderá auxiliar na montagem de processos de

gestão em mídias sociais, ou serviriam para a tomada de decisão de empresas na

gestão de relacionamento com clientes e suas estruturas.

Como exemplo das ações estratégicas possíveis estão a migração plena dos

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atendimentos telefônicos para centrais de mídias sociais, redução em mais de 50%

nos custos com estrutura dos pontos de atendimento telefônico, integração plena

dos dados de estilo de vida e comportamental dos clientes insatisfeitos com foco na

melhoria de serviços e produtos, e campanhas de fidelização customizadas para

clientes insatisfeitos.

Dessa forma, estruturou-se uma investigação com o objetivo de identificar a

eficiência do atendimento a clientes insatisfeitos realizados exclusivamente em

mídias sociais ao longo de um período de três meses.

1.2 Objetivo

O primeiro objetivo, primário, é comparar a satisfação com o atendimento aos

clientes entre os canais tradicionais telefônicos (SAC), e os realizados em canais de

mídias sociais sem interação humana.

Como objetivo secundário, estabelece-se comparar a satisfação dos

consumidores atendidos via mídias sociais que não receberam benefícios extras

(presentes e descontos), e os que receberam benefícios extras (presentes e

descontos). A prática de oferecer um benefício extra para clientes insatisfeitos no

canal telefônico já é realizada pela empresa estudada, por isso tomar-se-á proveito

do estudo para mensurar o mesmo efeito no canal mídia social.

1.3 Hipótese

Trabalhou-se com a seguinte hipótese: a satisfação dos clientes insatisfeitos

atendidos exclusivamente pela mídia social seria igual, ou superior que a satisfação

dos clientes insatisfeitos atendidos pelo canal tradicional telefônico (SAC).

1.4 Justificativa

Não existem estudos acadêmicos e mercadológicos que demonstram e

endossam resultados de satisfação do atendimento ao cliente realizado por mídias

sociais no segmento de TV por assinatura.

Portanto, estudos como este podem demonstrar com clareza o real resultado

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da satisfação e da gestão de clientes para marcas do setor, além de incentivar a

adoção de mídias sociais como um canal primário na gestão de relacionamento e

crise.

Trazendo à tona os resultados deste estudo, espera-se contribuir com

elementos e discussões estratégicas de marketing, tais como: a possibilidade de

migração das responsabilidades do SAC para o atendimento via mídia social;

redução de custos de estrutura dos postos de atendimentos e serviços de telefonia;

aplicação de caminhos mais rentáveis para empresas que ainda utilizam estratégia

de telefone, SMS ou e-mail para gerenciamento de reclamações com clientes e não

clientes; implementação de novos canais de retenção, classificação e criação de

grupos de clientes heavy users de mídias sociais; e novos cruzamentos de dados

com informações das redes sociais.

Do ponto de vista acadêmico, o resultado do estudo acrescentará novos

conhecimentos à literatura sobre gestão de relacionamento com clientes, a qual hoje

concentra-se em pesquisa com foco no SAC com atendimento misto (voz humana e

postagem em mídias sociais), este conhecido como SAC 2.0.

19

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Encontra-se no referencial teórico conceitos e revisões bibliográficas

referentes aos constructos do estudo, sendo eles: satisfação do consumidor; mídias

sociais; Facebook; boca a boca eletrônico; Social CRM, Marketing de

relacionamento.

2.1 Satisfação do consumidor

Existem inúmeros conceitos a respeito de satisfação do consumidor. Alguns

autores como Andreassen (2000) descrevem a satisfação através de duas vertentes:

uma específica ou transacional, e outra como uma experiência acumulativa de

compra e uso de produtos e serviços (BOULDING; KALRA; STAELIN, 1993;

ANDREASSEN, 2000). Da perspectiva dita como específica ou transacional, a

satisfação pode ser vista simplesmente como uma avaliação feita pelo cliente após a

experiência da compra (FORNELL; JOHNSON, 1991), um sentimento relacionado à

ocasião da aquisição do produto ou do serviço. A satisfação nesse caso é, por

definição, relativa a determinada compra e o objeto de estudo é a transação, e não a

relação. Por isso alguns autores, como Fournier e Mick (1999), acreditam que essa

avaliação pós-compra pode restringir muito os conceitos da satisfação do

consumidor. O ato de compra é visto como evento isolado e não como elemento de

uma cadeia de interações

Da perspectiva chamada acumulativa, a avaliação da satisfação é baseada

em uma experiência mais completa ao longo do tempo, são observados consumo e

satisfação além do momento da compra (FORNELL, 1996; ANDERSON, 1994).

Sendo essa visão fundamental para previsões de comportamentos do consumidor e

avaliação de performance nas empresas.

Satisfação do consumidor também pode ser vista como um processo ou um

resultado. Parker e Mathews (2001) acreditam que satisfação é a expectativa dos

consumidores em relação a um equilíbrio entre as necessidades e desejos, e os

produtos e serviços adquiridos e avaliados no mercado (PARKER; MATHEWS,

2001). Segundo Oliver (1997),

20

Satisfação é a resposta ao contentamento do consumidor. É o julgamento de que uma característica do produto ou serviço, ou o produto ou serviço em si, ofereceu (ou está oferecendo) a um nível prazeroso de contentamento relativo ao consumo, incluindo níveis maiores ou menores de contentamento. (OLIVER, 1997, p. 13).

Oliver (1981) refere-se à satisfação do consumidor como um estado

psicológico, resultante de expectativas desconhecidas combinadas com os

sentimentos anteriores de consumo (OLIVER, 1981), fator este determinante para a

recompra e fidelização de clientes (EGGERT; ULAGA, 2002).

É como um estado emocional curto, que poder ser muito prazeroso ou de

grande desapontamento; ambos resultantes de uma avaliação comparativa entre as

expectativas do consumidor e a performance de produtos ou serviços adquiridos

(LOVELOCK; PATTERSON; WALKER, 2001).

Satisfação e expectativas estão intrinsicamente relacionados. Com a

sensação de desilusão ou prazer quando se compara as expectativas dos clientes

em relação aos serviços e produtos adquiridos (LIN, 2003) define-se a satisfação. A

satisfação depende do desempenho do produto percebido com relação ao valor

relativo às expectativas do comprador (KOTLER, 2002), e ela nasce da confirmação

ou não das expectativas do cliente, respectivamente (NEWMAN; SHETH; MITALL,

2001).

Medir a satisfação de um consumidor não é tarefa fácil. Clientes a usufruir do

mesmo serviço ou produto, mesmo com variáveis idênticas, podem ter percepções

diferentes. Cada pessoa possui um conjunto de valores, atitudes e crenças

pessoais, o que altera a vivência das experiências (KNUTSON et al., 2009).

No contexto geral de serviços, setor de aplicação deste estudo, a satisfação é

muito impactada também pelas influências do comportamento do consumidor, a

exemplo do boca-a-boca positivo e da recompra (BOULDING; KALRA; STAELIN,

1993).

Em serviços, o principal fator de determinação da satisfação do consumidor é

sua própria percepção sobre a qualidade do serviço (ZEITHAML; BITNER, 1996).

Define-se qualidade de serviço como a satisfação ou insatisfação formada da

experiência de compra e uso do serviço ao longo do tempo (PARASURAMAN;

ZEITHAML; BERRY, 1988).

Segundo Kotler (2002), se o desempenho faz jus às expectativas, o

21

comprador fica satisfeito. Se excede as expectativas, ele fica encantado. O mesmo

autor ainda afirma que clientes satisfeitos repetem as suas compras. Por esse ponto

de vista, a satisfação dos clientes também contribui para a melhora dos resultados

da organização, tornando-se um determinante de rentabilidade (KOTLER, 2002).

Uma vez que existe a insatisfação do consumidor, principalmente em relação à

qualidade do serviço, e outros fatores, então provavelmente ele trocará o serviço

atual por outro.

Os resultados das pesquisas de satisfação do consumidor muitas vezes são

usados para revisões de méritos, compensações e objetivos gerenciais. Eles

também são úteis para fins de comparação, na determinação do posicionamento do

serviço em relação aos seus concorrentes (HOFFMAN; BATESON, 2003). A chave é

encontrar o ponto de equilíbrio entre a expectativa do consumidor com a

performance das empresas, produtos e serviços.

Com ênfase no segmento de mercado deste estudo, de acordo com a

Associação Brasileira de Telemarketing (ABT), há alguns indicadores que

influenciam na satisfação do consumidor que são atendidos no SAC de empresas de

serviços, a exemplo da TV por assinatura; são eles (ABT, 2017):

1. tempo de espera: quanto tempo o cliente fica esperando o atendido;

2. tempo de atendimento: qual a média de tempo que o operador leva em

uma chamada;

3. nível de serviço: quantas ligações, em porcentagem, são atendidas;

4. taxa de abandono: quando o cliente desiste da chamada por conta da

demora;

5. first call resolution (FCR): índice de solução do problema do cliente já no

primeiro contato;

6. nível de ociosidade: quanto tempo o operador fica, entre uma chamada e

outra;

7. tempo no pós-atendimento: quanto tempo o operador demora para

finalizar aquele caso (por estar preenchendo um formulário, por exemplo).

22

2.2 Conceitos fundamentais de mídias sociais e sua relação com consumidores e marcas.

Explora-se neste subcapítulo os conceitos fundamentais de mídias sociais,

Facebook, relacionamento com clientes nas redes sociais e SAC 2.0.

2.2.1 Mídia social.

As duas últimas décadas foram testemunhas da explosão da internet como

agente de mudança social, mas principalmente como protagonista das mensagens

transmitidas como mídia, sejam em formatos de textos, vídeos ou imagens

(MANGOLD; FAULDS, 2009).

Nos estudos de Mangold e Faulds (2009) evidencia-se o fato das mídias

sociais terem se transformado na principal alavanca de influência no comportamento

do consumidor, incluindo notoriedade de marca, aquisição de informações, opiniões,

atitudes, comportamento de compra, comunicação de pós-vendas e avaliações.

Define-se mídia social como um conjunto de softwares e serviços criados

exclusivamente para o ambiente da internet que permite aos usuários se

conectarem, se encontrarem, trocarem, discutirem, informarem e participarem de

qualquer forma de interação social entre pessoas ou empresas (RYAN; JONES,

2009).

Outros autores, como Chen (2013), afirmam que as mídias sociais e suas

interações são as características essenciais do que é conhecido popularmente de

Web 2.0. São os principais agentes de mudanças desse conceito.

Tal definição também foi adotada por Kaplan e Haenlein (2010), que

descreveram como mídias sociais um grupo de aplicações baseadas em ambiente

internet que constrói a ideologia e as fundações da Web 2.0, permitindo a criação e

troca de conteúdo entre seus usuários.

No mercado corporativo, especialmente no segmento publicitário e de

marketing, a existência de diversas plataformas de mídias sociais, muitas delas já

dominantes e líderes não só no recebimento do investimento de marketing, mas

também no engajamento e interações com consumidores.

As formas de organizar e segmentar todas essas plataformas de mídias

23

sociais ativas são variadas. Alguns autores as organizam dentro de uma perspectiva

plenamente corporativa, a exemplo de Aula (2010), que considera e classifica as

plataformas de acordo com a sua funcionalidade.

Aula (2010) descreve o Facebook como a maior e mais interessante

plataforma de mídias sociais do mundo para empresas; o Linkedin como a melhor

em termos de carreira e assuntos corporativos para pessoas físicas e jurídicas; e o

Twitter como a maior para ampliação de rede de contatos e atividades entre

empresas de serviços e consumidores.

Outros, a exemplo de autores como Paiva (2008), classificam as mídias

sociais em grupos mais amplos: mídias sociais (Facebook, Youtube, Twitter, Orkut,

entre outros), conteúdos colaborativos (blogs e fóruns) e os chamados mundos

virtuais, ou Mix Reality (Facebook Space, The Sims, e Vero).

Já Mangold e Faulds (2009) possuem outras variações para o agrupamento

das mídias sociais, como ilustrado na Tabela 1, a seguir.

24

Tabela 1 – A grupamento das redes sociais existentes no ambiente Web de acordo com sua funcionalidade para o usuário.

Fonte: adaptado de Mangold e Faulds, 2009.

Para ter-se uma visão mais atualizada das mídias sociais existentes e

estudadas neste trabalho, trazemos os dados levantados pela empresa de pesquisa

e estatística on-line Statista, que publicou no início de 2016 o ranking das maiores

mídias sociais ativas em nível Global, incluindo o Brasil.

O ranking é mostrado na Figura 1 e leva como critério de avaliação a

quantidade de usuários ativos nas mídias sociais ao redor do mundo.

Tipos de Mídias Sociais por funcionalidade

Sites de rede de contato (Network) Comunidades de E-commerceFacebook e-BayInstagram Amazon

Craig ListSites de criação para compartilhamentoCompartilhamento de vídeo (Youtube) PodcastsCompartilhamento de fotos (Flickr) CBNCompartilhamento de música (Spotify)Compartilhamento de propriedade intelectual (Creative Commons) Site e redes de educaçãoCompartilhamento combinado (Piczo) MIT

Blogs de usuários patrocinados Comunidades de Open SourceUsuários de Apple Blog Linuxusuários de Microsoft Blog Mozzila

Blogs de empresas patrocinados Sites de recomendação de conteúdoApple.com RedditNestle.com

Site de network para negóciosBlogs de empresa para ajuda LinkedinBeleza real Dove

Sites colaboradtivosRedes de rede de contato só através de convite WikipediaAsmallworld.com

Sites com mundo virtualSecond Life

25

Figura 1 – Ranking das redes sociais existentes e ativas no mundo e a quantidade de usuários ativos respectivos a cada uma delas.

Fonte: site Statista, 2016.

Em 2016, o Facebook permaneceu como a maior e mais relevante empresa

de mídia social do planeta com mais de 1.4 bilhões de usuários conectados, e com

crescimento estimado de 20% para o ano seguinte (EMARKETER, 2016).

O crescimento de redes sociais, como Facebook, Instagram, Twitter, Linkedin,

entre outras, é intensificado com a constante participação de usuários em

compartilhamento de opiniões e reclamações. A criação de grupos de interesse,

muitas vezes, possibilita e incentiva a criação de plataformas específicas para a

discussão e interação (RECUERO, 2009; ANDERSON, 2006).

Um exemplo é o Reclame AQUI, um site direcionado para consumidores

insatisfeitos que podem registrar suas reclamações relativas a atendimento, compra,

venda e consumo de produtos e serviços.

A rapidez na evolução e também o desaparecimento de plataformas de

26

mídias sociais conhecidas, a exemplo do Orkut, popular em países como o Brasil,

mas extinto pela empresa Google em 2014, tornam difícil a tarefa de atualização de

todas as mídias sociais ativas pelas áreas de marketing e atendimento ao cliente.

2.2.2 Facebook.

O Facebook foi fundado em fevereiro de 2004 por Mark Zuckerberg em

parceria com alguns colegas da Harvard University: Eduardo Saverin, Andrew

McCollum, Dustin Moskovitz e Chris Hughes (FACEBOOK, 2017).

No início o Facebook se limitava unicamente a troca de informações entre os

estudantes e membros da Universidade de Harvard, mas posteriormente expandiu-

se para outros conglomerados estudantis inclusive fora da área de Boston.

Passado mais de uma década, hoje o Facebook é a maior e mais popular

rede social do planeta, e tem participado de forma significativa nas vidas de mais de

1.8 bilhões de pessoas ao redor do mundo (FACEBOOK, 2017).

O Facebook também é o maior site de mídias sociais do Brasil, com 99

milhões de usuários ativos mensais, sendo 89 milhões destes usuários conectados

em dispositivos móveis, a exemplo celulares e tablets (FACEBOOK, 2017).

Frente às impressionantes estatísticas do Facebook, um aumento significativo

de estudos surgiu com foco na influência dessa mídia social sobre os indivíduos e a

sociedade (WILSON; GOSLING; GRAHAM, 2012).

A ampla rede de pessoas conectadas na plataforma facilitou a disseminação

da comunicação boca a boca eletrônica entre consumidores. A consolidação do site

como uma plataforma de acesso móvel aumentou o seu potencial de

compartilhamento de experiências de consumo em tempo real, através de diferentes

dispositivos (notebook, smartphones e tablets) e formatos (texto, fotos e vídeos)

(FACEBOOK, 2016). No total, quase 75% da base de usuários acessou algum

serviço por meio de dispositivos móveis em 2016 (FACEBOOK, 2016).

Seus criadores apostaram em características que o separam das restantes

plataformas de mídias sociais e primam pela diferença (SHIH, 2011). Um dos

exemplos dessa diferença é a publicidade que só pode ser visualizada pelos

usuários através de investimentos, e não de forma orgânica e gratuita (SHIH, 2011).

Ou seja: ofertas comerciais de produtos e serviços só são visualizadas pelos

27

usuários da plataforma caso as empresas proprietárias das ofertas paguem para o

Facebook pela veiculação das mesmas.

O nível de interação torna-se grande uma vez que seus usuários, e a própria

plataforma, permitem partilhar informações, fotos, vídeos, links, eventos, discussões,

notas, etc.

Com a grande quantidade de informações disponíveis na rede, o Facebook

fornece inúmeros dados que podem ser usados em pesquisas, sendo hoje uma

poderosa ferramenta de gravação e armazenamento de estatísticas demográficas,

geográficas e comportamentais de seus usuários em ambiente virtual (PAULHUS;

VAZIRE, 2007).

Segundo Silva (2013), existem várias empresas, a exemplo do ramo de

hotelaria, que já utilizam as suas páginas neste mesmo sentido, com o objetivo de

promover ofertas especiais, executar eventos, desenvolver pesquisas, oferecer

tarifas especiais, e até mesmo realizar competições. Pela sua versatilidade e

composição, o Facebook tem potencial para ser considerado para as organizações

como uma extensão do serviço ao consumidor e um meio de comunicação.

2.2.3 Mídias sociais e o relacionamento com consumidores.

A presença crescente do hábito de consumo por empresas de mídias sociais,

como Facebook, Linkedin, sites e aplicativos de avaliações, permitem que os

consumidores fiquem cada vez mais conectados e adquiram um poder de interação

nunca antes presenciado no mercado global (HENNIG-THURAU et al., 2010).

Como descrito por vários pesquisadores, uma das características mais

relevantes das mídias sociais é o seu poder de interação. As interações em mídias

sociais podem ocorrer em vários formatos e de várias maneiras. De acordo com

Mangold e Faulds (2009), as tais interações e discussões englobam uma ampla rede

de conversas. Tais conversas são difundidas, e muitas vezes amplificadas, através

de blogs, salas de discussões, troca de e-mails entre consumidores, websites de

avaliações de produtos e serviços, fóruns de discussões, e quaisquer outros sites

eletrônicos que contenham a possibilidade de compartilhamento de textos, vídeos ou

imagens (MANGOLD, FAULDS, 2009).

O consumidor assume um papel mais forte no processo de compra. Segundo

28

Liu (2010), uma nova classe de consumidores está emergindo, consumidores

contemporâneos com uma ampla disposição da informação pela internet ou pelos

celulares.

A opinião é difundida cada vez mais facilmente através de blogs, websites de

relacionamento, e outras formas de conectividade. Essa sofisticação é um resultado

da difusão das informações pela internet e da grande participação das redes sociais

(LIU, 2010).

O aumento do poder de influência nas mãos do consumidor, ultrapassando

barreiras geográficas e eternizando comentários tem uma explicação. As

plataformas de mídias sociais têm democratizado a publicação de conteúdo, além de

disponibilizar assuntos diversos e de alta relevância para os consumidores, tudo isso

sem barreiras (HENNIG-THURAU et al., 2010). De fato, o consumidor é um sujeito

capaz de divulgar, on-line e em escala planetária, qualquer informação, opinião, ou

experiência, seja ela positiva ou não, decidindo sobre suas escolhas e influenciando

tantas outras. Essa democratização tem sido uma das responsáveis pelas grandes

mudanças de nossa sociedade e também do mercado corporativo (HENNIG-

THURAU et al., 2010).

Do ponto de vista corporativo, os usuários das redes podem rapidamente ter

acesso a informações de profissionais e empresas, além de possuírem poucas

barreiras para se expressarem, inclusive artisticamente, sobre a comunicação das

marcas, beneficiando-se do apoio e colaboração de outros usuários presentes na

mesma plataforma de interação (HENNIG-THURAU et al., 2010).

Esse poder do consumidor, proveniente das mídias sociais, abre inúmeras

oportunidades e riscos. De acordo com Greenberg (2010), para os profissionais de

marketing que tiverem a habilidade de engajar consumidores e ter acesso às

informações disponibilizadas por estes em plataformas abertas de mídias sociais, os

caminhos para melhorias no relacionamento com clientes e não clientes são

inimagináveis e frutíferos.

Quando profissionais de marketing são engajados com consumidores através

de plataformas de mídia social há um potencial significativo de troca de informação

com esses usuários, gerando, inclusive, oportunidades de criação de conteúdo

cooperado entre empresa e consumidor para serviços e produtos (KAPLAN,

HAENLEIN, 2010).

29

A relevância comercial desse novo comportamento mercadológico entre

empresas e consumidores fez com que institutos de pesquisa iniciassem estudos

sobre a influência que o gerenciamento de mídias sociais traz ao resultado do

relacionamento com clientes e não clientes (CLARK; MELANCON, 2013; MILLER;

TUCKER, 2013; LARSON; WATSON, 2011).

Gil-Or (2010) retrata o fato de as empresas estarem reavaliando suas

estratégias de divulgação de produtos e da sua própria marca. Elas descobriram que

a divulgação de sua marca numa comunidade virtual pode ser mais eficaz do que

um anúncio convencional, a exemplo de uma mensagem em vídeo espalhado na

rede pode gerar resultados significativos (GIL-OR, 2010).

O próprio comércio eletrônico é afetado, a exemplo do lançamento do

Facebook Market Place que ajuda a gerenciar a compra e venda de produtos entre

usuários da rede social Facebook, sem intermediação de qualquer plataforma de e-

commerce (TECHTUDO, 2016).

Obviamente, nem todas as mudanças provenientes das mídias sociais são

positivas. Uma influência ocorrida no ambiente de interação é o aparecimento da

pouco definida linha de separação entre o ambiente dos clientes e da construção

das marcas (HINZ et al., 2011). As marcas e empresas, além de interagirem no

mesmo ambiente privativo de troca de conteúdo entre amigos e familiares, também

desenvolvem produtos e serviços dentro do mesmo contexto (MALLAPRAGADA;

GREWAL; LILIEN, 2012). Isso eleva o grau de intimidade entre empresas e

consumidores, além de acarretar em algumas implicações futuras.

A convivência entre empresas e consumidores no mesmo ambiente criativo e

de difusão de informação dá ao consumidor o poder de criar e compartilhar histórias

e experiências de marca através das conexões existentes nas redes de influências

das próprias marcas (HOLT, 2002). Essas histórias ganham relevância em grande

escala, inclusive através do boca-a-boca eletrônico, podendo determinar associação

e imagem de marca (HOLT, 2002).

Fournier e Avery (2011) usam uma metáfora para essa situação gerencial no

marketing chamada de open-source de marca, a qual sugere o significado de uma

participação colaborativa e socialmente atrelada ao consumidor como criador e

disseminador dos conteúdos de marcas para o mercado.

É corrente os consumidores postarem em tempo real discussões sobre suas

30

satisfações e insatisfações com produtos e serviços de marcas (ELLISON;

STEINFIELD; LAMPE, 2007; GRIEVE et al., 2013). A Internet ampliou a habilidade

do consumidor em manifestar indignação a um maior número de pessoas. Se, no

passado, uma empresa era capaz de construir e de controlar a sua reputação ao

longo do tempo, com a Internet, esta realidade sofreu mudanças, permitindo que o

consumidor tenha um poder bem maior sobre a reputação da empresa

(BREAZEALE, 2008). Por meio dela este último pode fazer com que seus

pensamentos, suas reações e suas opiniões estejam facilmente acessíveis à

comunidade global (DELLAROCAS, 2003). Essa associação de marca, ou mesmo

histórias de marca podem ter mensagens positivas como negativas e, quando não

gerenciadas de forma correta, podem gerar danos para a empresa, a exemplo da

marca H&M na África do Sul que postou em suas redes uma roupa que dizia

“Macaco mais legal da floresta”. O modelo da roupa era um menino negro, e a loja

foi boicotada pelos consumidores logo após a publicação (EXAME, 2018).

De acordo com Baird e Parasnis (2011), as empresas já sentem a intensa

pressão para o planejamento de ações exclusivas para o monitoramento e o

engajamento de suas marcas com consumidores em mídias sociais. De forma

sintética, realizar o monitoramento das informações de clientes nas mídias sociais

permite dar uma resposta rápida aos problemas dos clientes, o que gera uma

oportunidade aos profissionais de marketing de influenciar, inclusive, no boca a boca

de seus consumidores (HOYER et al., 2010). Por isso, as empresas precisam estar

preparadas para esse monitoramento e gerenciamento de interações sociais via web

o mais breve possível.

Aproximadamente 70% dos executivos afirmam que suas empresas serão

consideradas ultrapassadas se não se engajarem com seus consumidores nas

mídias sociais (BAIRD; PARASNIS, 2011). Assim, inevitavelmente, as empresas

precisam aceitar que seus clientes sempre criarão histórias sobre suas marcas,

interpretadas de experiências passadas (MIRON-SHATZ; STONE; KAHNEMAN,

2009). Podendo ser tanto positivas como negativas, essas histórias terão um

potencial de profunda replicação, e sustentação, nas mídias sociais.

Por isso, há a crença mercadológica de que a mídia social é o grande agente

de mudança do século 21 para a construção de imagem de marca e de

relacionamento com consumidores, e se transformará no canal de comunicação

31

primário na conexão entre consumidor e empresa (BAIRD; PARASNIS, 2011).

Desse modo, as empresas precisam desenhar seu planejamento de mídias

sociais de forma holística e colocá-lo como ponto de contato primário com

consumidores (BAIRD, PARASNIS, 2011).

2.2.4 SAC 2.0.

Antes de explicar o modelo de SAC 2.0, é preciso apresentar o Serviço de

Atendimento ao Consumidor tradicional, ou seja, o SAC. De acordo com a ABT

(Associação Brasileira de Telemarketing), SAC é a “área da central telefônica de

uma empresa que atende dúvidas, sugestões, elogios, críticas e reclamações dos

clientes por determinados serviços/produtos prestados pela empresa” (ABT, 2017).

Quanto a sua função, segundo Barbosa e Minciotti (2007, p. 84), “o SAC tem

por objetivo abrir um canal de comunicação direto entre a empresa e os seus

clientes, possibilitando-lhes emitir opiniões ou fazer sugestões sobre os produtos ou

serviços colocados à sua disposição”. Logo, o SAC não deve ser visto como um

canal de reclamações para a empresa, mas como uma oportunidade de trocar

informações com seus clientes e mostrar a eles sua importância para a estrutura da

companhia.

O SAC 2.0, ou o SAC nas redes sociais, é um novo jeito de se comunicar com

seus consumidores, em que empresas se oferecem para esclarecer dúvidas sobre

produtos e serviços da marca e até para solucionar seus problemas, ou seja, o

Serviço de Atendimento ao Consumidor através das redes sociais (VIEIRA, 2014). O

gerenciamento de perfis em redes sociais exige muita cautela e deve-se evitar a

falsa impressão de que, na condição de gerenciador do perfil da página, tudo está

sob controle (VIEIRA, 2014).

Enfim, há duas características fundamentais para que o SAC 2.0 de uma

marca seja eficiente e de fato seja um diferencial frente ao tradicional SAC

tradicional: monitoramento constante e rápida capacidade de resposta (VIEIRA,

2014).

32

2.3 O boca a boca eletrônico (e-WOW) nas mídias sociais

O boca a boca já mostrou-se efetivo e, em alguns casos, ultrapassa os

resultados de algumas ferramentas de marketing para influenciar os consumidores

na escolha de marcas de produtos e serviços (KATZ; LAZARSFELD, 1995). Rosen

(2001), aborda que se ele for bem utilizado pode tornar-se uma arma poderosa para

o sucesso de muitas empresas, produtos ou serviços. Aliás, ele sempre foi a maior

fonte de credibilidade do marketing para os consumidores e empresas (KATZ;

LAZARSFELD, 1995); ou seja, boca a boca é um recurso auxiliar às estratégias de

marketing. Inclusive, autores como GOLDENBERG et al (2007) endossam a força de

influência que uma recomendação ou uma opinião transmitida através do boca a

boca tem no julgamento das marcas, satisfação e insatisfação sobre produtos e

serviços, e notoriamente, interesse de recompra pelos consumidores (DAVIDOW,

2003).

Com os avanços da internet e das mídias sociais, ocorreu uma mudança na

comunicação e definição dessa prática. Tradicionalmente ele era definido como uma

forma oral de comunicação não comercial entre conhecidos (ARNDT, 1967),

entretanto essa definição foi envolvida por novos formatos e tecnologias

provenientes da internet, caracterizando-se e intitulando-se hoje como boca a boca

eletrônico, ou e-WOM. Para Hennig-Thurau et al. (2004), o e-WOM corresponde a

qualquer afirmação, positiva ou negativa, feita por um consumidor sobre uma

empresa que pode ser acessada por um grande número de pessoas e instituições

por meio da Internet.

Outros autores, a exemplo de Hung e Li (2007) descrevem que, quando o

comentário e a opinião são transmitidos através da comunicação virtual e mídias

sociais, cria-se uma trama e redes eletrônicas de influência e disseminação de

mensagens, as quais configuram-se, portanto, como e-WOM (HUNG, 2007).

Existem inúmeras plataformas que facilitam o boca a boca eletrônico

(SUBRAMANI; RAJAGOPALAN, 2003) e podem ser reconhecidas como grandes

influenciadoras na adoção de produtos e serviços. A comunicação virtual amplifica

os comentários e reclamações, gerando uma relação com consumidores através de

inúmeros canais e com muito mais interatividade (HUNG, 2007).

Os consumidores podem expressar suas opiniões e comentários diversos

33

através de blogs, fóruns de discussões, sites de reclamação, sites das empresas, e,

principalmente, plataformas de mídias sociais (LEE; MA, 2012). Desse modo,

segundo Hung e Li (2007), o compartilhamento e difusão eletrônica de opiniões,

reclamações e sugestões dos consumidores difere do tradicional WOM em quatro

frentes.

A primeira frente refere-se a sua rapidez de difusão, decorrente da utilização

de múltiplas plataformas (blogs, fóruns, sites de reclamação e mídias sociais),

conectadas entre elas e com troca de informações de dados ininterruptas (HUNG;

LI, 2007). A segunda frente é a acessibilidade, a qual, comparada ao conceito

tradicional, é bem mais eficiente. Uma grande parte dos comentários e avaliações de

uma empresa ficam à disposição dos consumidores por um tempo indeterminado

(HUNG; LI, 2007). Por meio dela este último pode fazer com que seus pensamentos,

suas reações e suas opiniões estejam facilmente acessíveis à comunidade global

(DELLAROCAS, 2003). A terceira é referente à mensuração do boca a boca,

considerada mais precisa e mais observável. Por último, a natureza do e-WOM pode

reduzir a capacidade do receptor de julgar o remetente e a credibilidade de sua

mensagem. As pessoas só podem julgar a credibilidade do comunicador com base

em sistemas de reputação on-line (classificações on-line, credibilidade do site, etc.)

(HUNG; LI, 2007).

Outras pesquisas, a exemplo do que apontam Hennig-Thurau et al. (2004),

identificam quatro razões do porquê de o boca a boca eletrônico ser tão disseminado

e incorporado pelos consumidores. Esses fatores são: procura por interação social;

interesses econômicos; querem ajudar outras pessoas e autopromoção (HENNIG-

THURAU et al., 2004).

O que o difere do passado com o gerado através das mídias sociais ou

plataformas digitais é a combinação incalculável do alcance e escala de

disseminação da mensagem. A força desse tipo de estratégia de comunicação está

no fato de serem apelativas porque combinam uma perspectiva de superação da

resistência com baixos custos e rápida entrega de resultados, pois existem vários

meios para os consumidores compartilharem com outros seus pontos de vista, suas

preferências, ou suas experiências, sobretudo em sites de relacionamentos, em

virtude de sua popularidade (TRUSOV; BUCKLIN; PAUWELS, 2009).

Mais do que nunca, o boca a boca em plataformas digitais tem sido utilizado

34

por consumidores para solicitarem recomendações, indicações e opiniões de

inúmeras fontes de grupos primários ou secundários (BAIRD; PARASNIS, 2011).

Uma vez que esses consumidores, através das plataformas, têm acesso a essas

opiniões, sejam elas positivas ou negativas, o impulso para compra ou repulsa da

marca é muito forte e visível (BAIRD; PARASNIS, 2011).

Neste estudo, é discutido e-WOM dentre as medidas de retaliação que podem

ser adotadas por consumidores insatisfeitos, já que outros trabalhos (BONIFIELD;

COLE, 2007) também adotam o boca a boca negativo como uma alternativa de

retaliação contra produtos e serviços.

As reclamações e diversas experiências negativas com marcas vividas por

consumidores deixaram de ser assuntos tratados de forma privada entre empresas e

clientes e se transformaram, nos últimos anos, em fenômeno público (WARD;

OSTROM, 2006). Grande parte desse fenômeno deve-se à explosão das mídias

sociais.

Os danos causados pela criação e postagem em mídias sociais de histórias

negativas de clientes são cada vez mais frequentes e obrigam empresas a

monitorarem ininterruptamente seus espaços e canais de mídias sociais (LAER;

RUYTER, 2010). Assim, considera-se, neste estudo, boca a boca eletrônico (e-

WOM) toda afirmação negativa espalhada via internet com a intenção de prejudicar

a empresa.

No passado, consumidores insatisfeitos eram tratados dentro das empresas

como experiências isoladas, que poderiam ser articuladas em uma curva de tempo

mais longa e paciente. Atualmente, quando consumidores insatisfeitos encontram

outros consumidores insatisfeitos nas mídias sociais, o discurso negativo é reforçado

e cria-se uma união em torno dessa, crise gerando compartilhamento e insatisfações

a respeito da marca (WARD; OSTROM, 2006). Como agravante, esse efeito ocorre

em uma velocidade impetuosa, em uma rede de influência sem controle.

Além disso, as histórias criadas por esses consumidores são consideradas

verdadeiras e de alta confiança, principalmente porque as mídias sociais são

consideradas as fontes de informação de maior credibilidade referentes a produtos e

serviços mercadológicos, em comparação às comunicações corporativas tradicionais

(FOUX, 2006).

Ainda não se pode afirmar que os efeitos do boca a boca eletrônico são mais

35

fortes e consistentes que o formato tradicional do não digital, ou nomeado off-line

(HOGAN, 2010). Mas é, sim, afirmado que, em decorrência das características da

comunicação virtual, a possibilidade de soluções interativas e de navegabilidade

contidas nas plataformas digitais pode construir laços fortes de credibilidade e

confiança para o boca a boca eletrônico (HOGAN, 2004).

O e-WOM negativo nos meios digitais, principalmente através de mídias

sociais, tem aumentado o risco do gerenciamento de marcas e do marketing de uma

forma geral. Luo, Raithel e Wiles (2013) afirmam que as mídias sociais deram, para

os consumidores que odeiam marcas, uma oportunidade e um poder de massificar

seus sentimentos negativos contra corporações nunca imaginados.

Os fóruns e discussões em ambiente digital contra as marcas são caminhos

de comunicação e resolução rápidos e fortes entre os consumidores que protestam

e espalham insatisfação nas redes. Tudo isso de forma gratuita e veloz.

Empresas não podem atuar unicamente como observadoras, mas, sim,

necessitam moderar algumas situações (GODES et al., 2005), procurando suavizar

os impactos dos discursos negativos disseminados nas mídias sociais. Quando

consumidores disseminam histórias muito negativas sobre marcas, as empresas

precisam reagir para impedir a diluição da imagem do produto ou do serviço. Os

impactos de um comentário negativo sempre são mais extremistas que os positivos

ou neutros (ANDERSON, 1998). Ao compartilharem sua experiência com outros,

utilizando o boca a boca eletrônico negativo, os consumidores esperam manchar a

reputação da empresa e, de alguma forma, prejudicar o negócio (GRÉGOIRE;

FISHER, 2006).

Estudos referentes ao boca a boca eletrônico mostraram que citações sobre

produtos e marcas no ambiente digital afetam diretamente a performance das

empresas, tanto em curto como em longo prazo (BERGER; SORENSEN;

RASMUSSEN, 2010; CHEVALIER; MAYZLIN, 2006).

A forma de restringir o boca a boca eletrônico negativo é através de um

relacionamento consistente e forte com seus consumidores e defensores da marca.

Quanto mais consistente e forte for a relação entre consumidores e marca, será

mais provável que existam defesas e bloqueios contra as menções negativas e

disseminação do ódio. De acordo com o Hess (2005), o oposto também é

verdadeiro. Quanto mais fracos forem os laços de interação e relacionamento com

36

os consumidores, mais forte será o ataque contra as marcas e a disseminação do

discurso negativo.

A construção de relacionamentos fortes entre marca e consumidores, o

fornecimento de informações positivas e a transparência são vistos de forma muito

positiva pelos consumidores. Esses itens estão relacionados diretamente com a

restrição aos efeitos negativos dos consumidores muito insatisfeitos, descritos neste

estudo também como haters (AHLUWALIA, 2002).

Tradicionalmente em uma empresa, o marketing, vendas e pós-vendas

seriam responsáveis pela difusão de histórias e imagem de marca, através do

tradicional CRM, de propaganda e edição de conteúdo próprio (GREENBERG, 2001,

p.5).

Porém, as mídias sociais trouxeram um novo contexto para o mercado, um

novo CRM. Consumidores se apropriaram e modificam essas histórias de marcas

criando suas próprias versões dos fatos, o que não pode ser ignorado pelos

departamentos de marketings das empresas (HOFFMAN; NOVAK, 1996).

2.4 A gestão e o atendimento ao cliente através das mídias sociais

É importante entender que CRM não é um software ou um programa de

fidelidade, ele é um processo holístico de antecipar e satisfazer as expectativas dos

clientes.

Se uma organização estiver procurando afinar todos os pontos de contato com a marca, integrando pessoas, processos e tecnologia do ponto de vista do cliente, resultando em valor de longo prazo para a marca, para a lealdade do cliente e rentabilidade, então pode-se ter certeza de que ela está entendendo o que significa CRM. (LOBO, 2002).

Para Plata (2003), o gerenciamento do relacionamento com o cliente é uma

“estratégia cujo propósito é transformar os processos de negócios para conservar e

conseguir mais clientes”.

Geralmente, o objetivo das ações de marketing para gestão de

relacionamento com clientes (CRM) é construir comunidades de marca formadas por

clientes leais a determinados produtos e que advogam a favor da empresa

(PARVATLYAR, SHET, 1995).

37

Ainda, de acordo com Winer (2001), o objetivo do CRM é transformar o

relacionamento com clientes em resultados de alta rentabilidade, através do

aumento da taxa de recompra repetitiva e redução dos custos por aquisição de

novos clientes. Com isso, o CRM é considerado uma ferramenta de suporte para

marketing e vendas, de alta eficiência e eficácia (KIM; SUH; HWANG. 2003)

Mais especificamente, CRM, ou gestão do relacionamento com clientes,

envolve aquisição, análise e o uso do conhecimento sobre clientes na ordem de

vender mais bens e serviços e ser mais eficiente. De acordo com Boulding (2005),

quanto mais dados sobre os seus clientes, mais benefícios as empresas terão. Parte

dos benefícios entregues pelo CRM tem como objetivo manter os clientes de alto

valor envolvidos com a marca, aumentando assim sua permanência no ecossistema

da empresa.

Para tanto, o CRM é suportado por tecnologias, as quais integram aplicações

de hardware e software para análise de dados de clientes e do ciclo de vida do

negócio (BOSE, 2002). ,De acordo com Bose (2002), o CRM começa com a análise

dos dados de comportamento do consumidor, entendendo suas necessidades e

desejos. A tecnologia da informação processa os dados para o desenvolvimento de

informações mais pessoais para interação com clientes, e através de vários meios

de comunicação, como telefone, e-mail, e sites, inicia-se interações com o objetivo

de se relacionar com os consumidores (BOSE, 2002).

O relacionamento e gerenciamento com consumidores (CRM) é contínuo,

porém tem sido afetado diretamente pelos efeitos das mídias sociais (HARRIGAN,

2015). As mídias sociais vêm revolucionando a forma de gerenciar o modelo de

negócios em grandes corporações, principalmente dentro de suas áreas

responsáveis pelo CRM (BOSE, 2002).

Já existem muitos estudos sobre o tema de gerenciamento da relação com

clientes em mídias sociais, ou também nomeado Social CRM (gerenciamento do

relacionamento com clientes nas mídias sociais) (CLARK; MELANCON, 2013;

WANG; OWYANG, 2010). Isso decorre porque muitas atividades desenvolvidas e

resultados alcançados em mídias sociais assemelham-se aos do CRM tradicional,

que é justamente a construção da lealdade de marca, porém com mais rentabilidade

e agilidade.

De acordo com Mohan (2008), o Social CRM é a combinação dos sistemas de

38

internet e mídias sociais, com os sistemas e tecnologias tradicionais do CRM.

Trazendo uma definição mais atual, autores como Greenberg (2010) definem CRM

em mídias sociais como:

a filosofia e as estratégias de negócios apoiadas em plataforma de tecnologias, réguas de interação, processos e fluxos de trabalho, estes construídos para o engajamento de consumidores através da interação colaborativa e com o objetivo de prover benefícios e gerar confiança dentro de uma atmosfera transparente de negócios. (GREENBERG, 2010, p. 34).

Para Trainor et al. (2014), a definição de Social CRM é exatamente

a integração das tradicionais atividades de relacionamento com clientes, incluindo a elas processos, sistemas e tecnologias com aplicações de mídias sociais para engajar clientes em conversas colaborativas e fortalecer o relacionamento com eles. (TRAINOR et al., 2014, p. 312).

Portanto, Social CRM não se trata apenas de tecnologias, mas principalmente

da criação de estratégias que gerem engajamento com os consumidores,

fortalecendo assim o relacionamento com eles, resultando em benefícios mútuos.

Para Greenberg (2010), o Social CRM transforma o consumidor em

protagonista e líder da interação com a empresa. O mesmo autor relata que a

estratégia fundamental do Social CRM é abrir uma conversa transparente com o

cliente, dando para ele espaço e informação para qualquer tomada de decisão

necessária de sua parte.

Resumidamente, gerenciar as informações de clientes através de mídias

sociais possibilita uma resposta rápida aos clientes, influenciando diretamente na

opinião e comentários de clientes em relação à marca (HOYER et al., 2010; KUMAR

et al., 2010).

De acordo com Malthouse (2007), a visão tradicional do CRM analisa o

consumidor unicamente como um indivíduo que, através de seu consumo,

comportamento e decisão de compra, gera valor para uma marca. Por outro lado,

com o impacto e a presença das mídias sociais, os consumidores poderão contribuir

para o crescimento do valor de marcas por meio de múltiplos canais. Para isso, as

empresas precisarão mudar o conceito tradicional de CRM para o denominado

gerenciamento da relação com clientes em mídias sociais (MALTHOUSE, 2007).

De acordo com Trainor et al. (2014), essa fusão dos sistemas de CRM com as

39

tecnologias de mídias sociais tem dado um novo significado ao gerenciamento do

relacionamento com os clientes, tornando-o mais colaborativo e com foco na rede de

influências dos clientes.

Além do termo Social CRM, outros pesquisadores, como Lee-Kelley, Gilbert e

Mannicom (2003), definiram essa prática como E-CRM. Tais autores definem E-

CRM como atividades de marketing, ferramentas e técnicas aplicadas em ambientes

de internet (mídias sociais, website, e-mail, entre outros), com o objetivo específico

de construir e melhorar o relacionamento a longo prazo com os clientes.

Na visão do CRM tradicional, assume-se que os consumidores são passivos.

Já na visão do CRM gerenciado nas mídias sociais, concebe-se e permite-se que os

consumidores sejam ativos e participantes no relacionamento com as empresas. Ou

seja, colaboradores da formação da imagem e posicionamento das empresas

(MALTHOUSE, 2007). Atrair esses novos consumidores ativos e engajados é vital

para que as empresas expandam sua base de clientes e, sobretudo, construam

relacionamento a logo prazo prevenindo insatisfação (KWON; WEN, 2010).

Malthouse (2007) defende que o marketing das marcas deve incorporar as

atividades de relacionamento através de mídia social em seus esforços de reter e

manter o relacionamento com seus atuais clientes. Esses clientes refletem

exatamente a nova gestão do CRM, que funde inúmeros conceitos de aquisição e

retenção de forma simultânea.

As organizações atentas têm reconhecido o potencial do Social CRM e têm

feito inúmeros investimentos em tecnologias e plataformas de gerenciamento de

dados (TRAINOR et al., 2014). Afinal, mais do que nunca, as teorias mercadológicas

sugerem a combinação única de atividades de CRM e recursos de tecnologia para a

criação e a evolução de estratégias de vantagens competitivas (HENNIG-THURAU

et al., 2010). Ainda que a introdução dessas práticas de relacionamento via mídia

social ainda sejam chamadas de empíricas e laboratoriais pelo mercado (HENNIG-

THURAU et al., 2010).

De todo modo, os consumidores que se relacionam com empresas através

das mídias sociais continuam sendo um desafio para o CRM das empresas

(GREENBERG, 2010). Grandes empresas como GE e P&G têm usado as mídias

sociais para não somente dialogar com seus consumidores, mas, principalmente,

incentivar a conversa entre eles (MANGOLD; FAULDS, 2009)

40

Todavia, apesar dos inúmeros investimentos e estudos sobre as aplicações

da mídia social em CRM, a verdadeira eficácia do Social CRM permanece

desconhecida e inexplorada para o mercado (TRAINOR et al., 2014). Poucos são os

trabalhos divulgados que realizaram pesquisas com as atividades da gestão de CRM

e atendimento exclusivo através de mídias sociais. Entre os raros estudos, em 2011

Paul Harrigan publicou um estudo realizado na Irlanda analisando as diferenças de

performance entre o tradicional CRM e o Social CRM. Os resultados foram

considerados todos positivos e melhores para a gestão através de plataformas de

tecnologias, mas nenhuma das análises comparou a interação com mídias sociais.

Ainda assim, conforme descrito nos estudos de Trainor et al. (2014), muitas

são as questões que permanecem sem respostas em relação ao relacionamento

com clientes através de mídias sociais.

Frente a qualquer discussão, um fato pode ser endossado: a tecnologia tem

sido a chave para facilitar os processos e o entendimento dessa nova gestão com

clientes (HARRIGAN; RAMSEY; IBBOTSON, 2011). A gestão simultânea de dados

dos consumidores e informação de mercado tem impactado todos os indicadores de

marketing, como notoriedade, redução de custos de marketing, aumento de

competitividade e a lealdade dos consumidores (HARRIGAN; RAMSEY; IBBOTSON,

2011).

As empresas que centralizarem esforços na nova gestão de CRM, com

integração de tecnologias de interação com consumidores e extração de dados via

plataforma de mídia social provavelmente poderão gerar informações de alto valor e

vantagens competitivas, com muito mais facilidade que seus concorrentes

(TRAINOR et al., 2014).

Além disso, a influência na satisfação do consumidor é comprovada quando

empresas aplicam tecnologias de relacionamento para comunicação e

compartilhamento de informação entre os seus clientes (WU; MAHAJAN;

BALASUBRAMANIAN, 2003), a exemplo de e-mail marketing. Atualmente, tais

práticas de informação são amplamente utilizadas através das mídias sociais.

O poder e a influência do endosso dos consumidores dentro de suas

comunidades aumentaram e uma boa forma de mensurar a popularidade de uma

marca no Facebook é medindo quantas curtidas, likes ou comentários à página

possui (BRODIE, LLIC, JURIC E HOLLEBEEK, 2013). Empresas precisam desenhar

41

com certa urgência programas de relacionamento com esses clientes, com o

objetivo que de estes mesmos compartilhem boas experiências com sua rede de

influência (BAIRD; PARASNIS, 2011).

Estudo de Trainor et al. (2014), em que são avaliadas interações negativas de

clientes nas mídias sociais, revela que empresas com um alto grau de

gerenciamento com foco em clientes são justamente aquelas que utilizam com

menos frequência a gestão de clientes através de mídias sociais. De modo

inusitado, empresas menores tendem a ter uma gestão de Social CRM mais

avançada comparadas às grandes corporações (TRAINOR et al., 2014).

De modo geral, com as mídias sociais, as empresas não estão mais no

controle da gestão do relacionamento com clientes (CRM). Ao contrário,

consumidores e suas redes de influência moderam as conversas. Empresas

precisam adotar novas mudanças na gestão de relacionamento com clientes

tradicionais, tendo como novo direcionamento não mais a gestão dos clientes, mas,

sim, a gestão da troca de experiências, a colaboração e o diálogo entre

consumidores e marcas.

Diante do exposto pelos referenciais teóricos, o poder de transformação das

mídias sociais trouxe inúmeros desafios para as lideranças de marketing, a exemplo

da gestão de atendimento ao cliente, adaptação com novas tecnologias de CRM,

novos critérios de satisfação do consumidor, melhor entendimento do

comportamento do consumidor e seu poder sobre as marcas. Tais desafio servem

de motivação deste estudo, o qual pesquisa uma das áreas afetadas por este novo

ecossistema que é o atendimento aos clientes através das mídias sociais. Elaborou-

se um experimento adaptado para averiguar quais seriam as diferenças na avaliação

do atendimento por telefone e o realizado unicamente por mídias sociais. Além da

motivação acadêmica, o estudo também teve como fator motivador o desejo da

empresa pesquisada saber as diferenças nas avaliações de ambos os atendimentos,

por telefone e por mídias sociais, justamente porque vive o momento da

transformação digital e terá como objetivo nos próximos 5 anos substituir o

atendimento de voz do SAC pelo digital em redes sociais.

42

3 METODOLOGIA DE PESQUISA

Neste capitulo encontram-se as técnicas e abordagens de pesquisa utilizadas

para o estudo, e a forma a qual foram coletados os dados do experimento.

3.1 Técnica e abordagem de pesquisa

De acordo com Glaser e Strauss (2009), define-se como metodologia um

modo de construir uma teoria assentada em dados, relacionada a inúmeras outras

teorias e que tem como objetivo trazer novos conhecimentos a uma determinada

área de estudo. Os dados poderão ser provenientes ou de um evento, ou de um

fenômeno de ordem social, ou mesmo da natureza.

Desse modo, de acordo o objetivo deste estudo, foi realizado um experimento

adaptado com abordagem quantitativa.

Define-se como técnica de pesquisa experimental quando se determina um

objeto de estudo, selecionam-se as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, e

definem-se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz

no objeto (GIL, 1991). O experimento é um dos melhores exemplos que temos em

pesquisa, porque ele seleciona inúmeras variáveis e observa quais são os efeitos

que elas produzem no objeto do estudo (GIL, 1991).

Por sua vez, define-se como abordagem quantitativa tudo que pode ser

quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações, para

classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas

(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação,

análise de regressão, etc.) (GIL, 1991).

3.2 Objeto do estudo

Este estudo tem como foco a satisfação e a qualidade do atendimento

fornecido a clientes insatisfeitos de TV por assinatura através de redes sociais.

43

3.3 População e amostragem

De acordo com Gil (1991), população (ou universo da pesquisa) é a totalidade

de indivíduos que possuem as mesmas características definidas para um

determinado estudo. O mesmo autor define amostra como parte da população ou do

universo, selecionada de acordo com uma regra ou plano (GIL, 1991).

Nesse sentido, a população deste estudo é composta por clientes insatisfeito

do segmento de TV por assinatura brasileira. Em 2016 a quantidade de assinantes

de TV insatisfeitos com reclamações registradas no Procon totalizaram mais de 12

mil processos (PROCON, 2016). Essa população está distribuída entre oito grupos

de empresas operadoras, que detêm 99% do mercado Brasil, quais sejam: Grupo

Net Claro, Vivo, SKY, Oi, Nossa TV, Algar, GVT e Cabo (ANATEL, 2016). O setor é

formado por dois tipos de empresas. De um lado, há os responsáveis pela produção

do conteúdo (filmes, séries, telejornalismos, entre outros) e, do outro lado,

encontram-se os distribuidores dos conteúdos, também conhecidos no mercado

brasileiro como operadoras de TV por assinatura ou, de forma popular, TV a cabo

(ANATEL, 2016).

Já a amostra deste estudo é não probabilística intencional. De acordo com Gil

(1991), é um tipo de amostra na qual existe uma intenção na escolha. Escolhem-se

propositadamente indivíduos que podem contribuir significativamente para a

pesquisa porque já conhecem o assunto (GIL, 1991).

Optou-se por manter em sigilo o nome da empresa da qual os dados foram

extraídos, assim como os nomes dos clientes pesquisados. Tal decisão teve como

objetivo seguir os padrões de segurança das informações apresentadas, assim

como sua veracidade. No caso dos clientes, seus nomes foram modificados para

manter a privacidade dos dados de cada pesquisado.

Para o nome da empresa o estudo utilizou a nomenclatura “empresa Azul de

TV por assinatura”. Para o nome dos clientes foi utilizada a nomenclatura “cliente”.

Os demais dados não sofreram alterações.

Portanto, a amostra deste estudo é composta por clientes insatisfeitos de uma

das oito empresas operadoras dominantes do mercado brasileiro. A empresa

escolhida para o experimento, nomeada para este estudo como “empresa Azul de

TV por assinaturas”, possui mais de 15 anos de atuação no mercado brasileiro, e é

44

considerada uma das mais lembradas de sua categoria. Atualmente possui uma

base de clientes com mais de 4 milhões de usuários ativos (ANATEL, 2016).

Para tanto, selecionou-se para este trabalho 60 clientes da empresa Azul

considerados insatisfeitos para o setor de TV por assinatura. Para a definição dos

clientes considerados insatisfeitos foram utilizadas quatro características, ou quatro

filtros de classificação, explicados a seguir.

A primeira característica foi que os clientes deveriam possuir um dos três

serviços disponíveis no mercado da empresa estudada, e também estarem ativos

dentro do sistema de banco de dados. Leia-se ativos como adimplentes e com seus

dados cadastrais atualizados. Com esse primeiro filtro, totalizou-se 4,05 milhões de

clientes anualmente disponíveis.

A segunda característica ou filtro foi que os clientes ativos deveriam possuir

uma reclamação registrada no SAC da empresa nos últimos 30 dias a partir da data

de início da pesquisa (outubro/2017). Foi considerado um reclamante todo e

qualquer cliente ativo que estivesse classificado no grupo de clientes negativos do

mapeamento das empresas de SAC da operadora. Para exemplificar o grupo de

reclamantes ou negativos, encontram-se abaixo as duas tabelas (Tabela 2 e Tabela

3) explicativas sobre os grupos existentes de clientes que entram em contato com o

SAC da empresa, e suas diferenças. Com este filtro totalizou-se 400 mil clientes

anualmente disponíveis.

45

Tabela 2 – Classificação dos clientes que entraram em contato com a central telefônica da empresa através dos assuntos relatados via SAC e redes sociais no ano de 2017.

Fonte: extraído de Portal do cliente para script do SAC da empresa Azul de TV por assinatura, 2017.

Tabela 3 – Distribuição dos grupos de clientes por assunto relatados em 2017 em todos os canais: SAC e Facebook.

Fonte: extraído de ferramenta SCUP licenciada para a empresa estudada, 2017.

A terceira característica empregada para a definição de clientes insatisfeitos

para a composição da amostra deste estudo foi que os clientes considerados

insatisfeitos e registrados no SAC deveriam possuir, nos últimos 30 dias a partir da

data de início da pesquisa, publicações ou menções negativas contra a empresa em

formato público na rede social Facebook. É considerada uma menção em formato

Clientes Positivos Clientes Neutros Clientes Negativos

Técnico

Elogios ao técnico ou elogios a qualidade do serviço prestado

na casa do cliente.

Dúvidas e perguntas sobre o etinerário do

técnico.

Reclamações sobre a qualidade e atraso do serviço prestado pelo

técnico.

Financeiro

Elogios à area finaceira decorrente da clareza na fatura

e resoluções de problemas com débitos ou créditos

técnico ou elogios a qualidade do serviço prestado na casa do

cliente.

Dúvidas e perguntas sobre fatura e

procedimentos financeiros.

Reclamações sobre a qualidade e atraso do

processo financeiro (ex: fatura em atraso e não

entendimento da fatura).

Produto

Elogios à qualidade do serviços prestado e qualidade do sinal

do satelite/banda larga.

Dúvidas e perguntas sobre o fncionamento do

produtos (caixa de transmissão de sinal e

antena).

Reclamações sobre o não correto

funcionamento do produto caixa de

transmissão e antena.

Programação

Elogios à qualidade e diversidade da programação

dos canais do pacote adquirido.

Dúvidas e perguntas sobre a programação (horários, generos e

classificação)Reclamações sobre a

programação dos canais.

Classificação dos clientesGrupo de assuntos relatados pelos clientes

Clientes Positivos Clientes Neutros Clientes NegativosTécnico 5% 14% 81%Financeiro 0% 10% 90%Produto 8% 55% 37%Programação 5% 60% 35%

Grupo de assuntos relatados pelos clientes

Classificação dos clientes

46

público qualquer tipo de postagem que permita uma pessoa cadastrada na rede

social Facebook ler, interagir e compartilhar a publicação sem nenhuma restrição

(FACEBOOK, 2016). Foi considerada uma menção negativa qualquer postagem no

mural da página da empresa no Facebook, ou mesmo mensagens encaminhas via

caixa de mensagens inbox do Facebook, as quais estivessem classificadas dentro

do grupo de menções negativas da empresa. Para evidenciar e explicar o grupo de

menções negativas a empresa Azul de TV por assinatura utiliza-se de três tabelas

de mapeamento. Apresenta-se na sequência as quatro tabelas (Tabela 4, Tabela 5,

Tabela 6 e Tabela 7) com as descrições e explicações dos grupos de menções,

assim como exemplos. Com esse filtro totalizou-se 15 mil clientes mensalmente

disponíveis.

Tabela 4 – Distribuição dos grupos de clientes por assunto relatados em 2017 relatados exclusivamente na página oficial da empresa no Facebook.

Fonte: extraído de ferramenta SCUP licenciada para a empresa estudada, 2017.

Clientes Positivos Clientes Neutros Clientes NegativosTécnico 0% 14% 86%Financeiro 0% 10% 90%Produto 7% 55% 38%Programação 3% 66% 31%

Grupo de posts publicados pelos

clientes

Classificação dos clientes

47

Tabela 5 – Exemplo dos tipos de postagens publicadas no Facebook, separadas por grupo de consultas de posts dos clientes que entraram em contato com a empresa de TV por assinatura através da página da empresa no Facebook em 2016.

Fonte: extraído de ferramenta SCUP licenciada para a empresa estudada, 2017.

Tipos de Menções nos Posts

Menções específicas sobre o serviço no post

do cliente

Técnico

Luís Henrique: Sempre gostei da minha tv 😍😍😍 nunca tive nenhum problema, parabéns pelo excelente trabalho que vcs fazem. Ótimo

atendimento, agilidade na instalação, aki chuva nenhuma derruba minha tv 😍😍. Serei sempre assinante da melhor 😍😍😍. Empresa: Olá, Luís!

Ficamos felizes que esteja satisfeito com os nossos serviços. ^_^ Pode ter certeza que continuaremos trabalhando para que suas experiências sejam

cada vez mais incríveis.Instalação, controle remoto,

equipamento

Financeiro

Leandro Pedroso: tenho pacote TV desde 2009.pago 440$ ao mês.Estou sem programação desde o dia 07/09. com minhas contas todas em dias ligo

praticamente todos os dias na central pedindo que a empresa resolva meu problema. Empresa: Leandro, informe estes dados pelo inbox, nesta página

os dados ficam em aberto e não temos como garantir o sigilo deles. fatura, segunda via

Produto

Thiago Peçanha: Pior operadora de TV do país. Cobram valores obscuros, incompreensíveis. Empresa: Thiago, boa tarde! Entendemos sua

preocupação com os valores e temos diversos canais de atendimento para que tenha suas dúvidas sanadas. Para que não se sinta aborrecido com isso, vamos te ajudar por aqui! Nos envie uma mensagem inbox que analisamos

por lá. ppv, decoder

Programação

Jessica Teixeira: empresa obg por trazer o Sbt pra sua grade de programação agora só falta a versão HD do Sbt. Empresa: Olá, Jessica! Pod e ficar

tranquila! Estamos trabalhando para trazer mais canais em HD, aguarde! sinal aberto, canal

Grupo de posts publicados pelos

clientes

48

Tabela 6 – Menções específicas sobre produtos ou serviços da empresa estudada e a separação total das reclamações por gênero.

Fonte: extraído de ferramenta SCUP licenciada para a empresa estudada, 2017.

Menções específicas sobre o serviço no post

do cliente

Masculino Feminino

TécnicoInstalação, controle remoto,

equipamento 38% 62%

Financeiro fatura, segunda via

Produto ppv, decoder

Programação sinal aberto, canal

Grupo de posts publicados pelos

clientes Perfil geral

49

Tabela 7 – Quantidade de menções escritas nas postagens no Facebook, classificadas por tipo, através da página da empresa no Facebook.

Fonte: extraído de ferramenta SCUP licenciada para a empresa estudada, 2017.

As classificações e monitoramento dos dados exibidos nas tabelas anteriores

e utilizados neste estudo foram extraídos através de uma ferramenta de

monitoramento de redes sociais utilizada no mercado brasileiro, chamada SCUP. O

SCUP é uma ferramenta paga de monitoramento, gestão e análise de mídias sociais

Data Total Positivos Negativos Neutros26/09/2017 465 5 192 26427/09/2017 283 7 116 15828/09/2017 268 6 108 15229/09/2017 307 4 131 17030/09/2017 280 2 152 12401/10/2017 188 3 63 12002/10/2017 426 2 169 25503/10/2017 376 9 143 21904/10/2017 340 5 140 19505/10/2017 352 1 167 18306/10/2017 225 4 107 11407/10/2017 319 3 138 17608/10/2017 196 2 104 8909/10/2017 300 2 147 15010/10/2017 289 0 139 14811/10/2017 264 1 102 16012/10/2017 132 1 34 9613/10/2017 247 1 120 12114/10/2017 187 0 88 9815/10/2017 256 0 121 12616/10/2017 312 1 128 17917/10/2017 325 7 142 17418/10/2017 276 3 121 15019/10/2017 662 6 256 39820/10/2017 691 12 184 48921/10/2017 3067 499 188 235722/10/2017 2814 104 103 259423/10/2017 626 12 208 39624/10/2017 553 5 222 32525/10/2017 557 16 209 32326/10/2017 91 1 20 69

MENÇÕES POR DIA DA SEMANA

50

que contribui para que empresas conheçam a fundo seu mercado de atuação,

consumidores e concorrentes – gerando insights para os negócios – e construam

relacionamentos profundos com seus públicos de interesse (SCUP, 2017). A

respeito do funcionamento da ferramenta, ao acessá-la cadastra-se palavras-chave

e as redes sociais que devem ser monitoradas. Também se classifica palavras-

chave e comentários na íntegra em três tipos de menções: negativas, neutras ou

positivas (SCUP, 2017). Além disso, pode-se marcar alguns usuários que sejam

críticos para a empresa para que se possa acompanhá-los durante o período

desejado. Com base na sua classificação de comentário positivo, neutro ou

negativo, o SCUP possui uma aba de estatísticas, na qual é possível visualizar

gráficos relacionados aos seus monitoramentos (SCUP, 2017).

Retomando, por fim, a quarta característica, e última, utilizada para compor a

amostra deste estudo foi que os clientes considerados insatisfeitos, registrados no

SAC, e dentro grupo de menções negativas públicas deveriam ser considerados de

nível crítico. Para classificar um cliente insatisfeito como crítico adotou-se a

classificação da própria empresa Azul. A empresa considera a quantidade de

postagens do cliente e a quantidade de compartilhamento que a publicação teve,

após sua aparição na página do Facebook, como critérios de classificação para

criticidade. Se o cliente postar acima de três reclamações, ele é considerado crítico,

ou se o post dele for compartilhado acima de três vezes, ele também é considerado

crítico. Com este último filtro, chegou-se a um grupo de 50 a 80 clientes que surgem

diariamente, e que pela empresa Azul são considerados haters da marca nas redes

sociais, ou seja: clientes insatisfeitos que publicam suas reclamações em redes

sociais de forma pública e com frequência.

Deste grupo de 50 a 80 clientes diários, foram extraídos os 60 clientes, os

quais foram a amostra final utilizada para o estudo.

3.4 Coleta de dados

Consoante ao já situado, o experimento que compõe esta pesquisa foi

realizado com uma amostra de 60 clientes insatisfeitos da empresa de TV por

assinatura Azul (nome fictício), no período de 26 de setembro a 20 de dezembro de

2017.

51

Para cumprir os objetivos e comprovar a relação de causa e efeito do

experimento, dividiu-se de forma aleatória a amostra de 60 clientes insatisfeitos em

3 grupos de 20 clientes, através de variáveis independentes, conforme ilustra a

Tabela 8 a seguir.

Tabela 8 – Grupo de clientes para amostragem do experimento, classificado através das variáveis de canais de atendimento.

Fonte: AUTOR

Submeteu-se os três grupos de clientes insatisfeitos ao mesmo processo de

atendimento e script. Vale ressaltar que durante o procedimento de atendimento e

pesquisa de satisfação não foi revelado aos clientes a realização e os objetivos do

estudo.

As únicas variáveis independentes utilizadas foram os canais de comunicação

com o cliente: o SAC telefônico e o Facebook. Utilizando-se das mesmas regras,

evitou-se outras variáveis, as quais poderiam influenciar o resultado final.

Para o procedimento de coleta de dados foi criada uma unidade de

atendimento exclusiva, dentro de uma sala de reunião na filial da empresa,

localizada em São Paulo no bairro no bairro onde a empresa se localiza.

Esta unidade de atendimento foi composta por três atendentes e uma

supervisora de atendimento. Os atendentes tiveram a responsabilidade de realizar

todo ao atendimento via telefone e Facebook, monitorar os clientes nas redes

sociais após o atendimento, e coletar os dados de cada etapa de atendimento do

cliente, a exemplo: mensagens, postagens, imagens, e menções positivas ou

Título N

Variáveis independentes

utilizadas Característica da coleta

GRUPO DE CLIENTE 1 G1 20Atendimento

Facebook

Grupo de clientes insatisfeitos que foram atendidos através do Facebook da empresa, sem intervenção da voz humana.

GRUPO DE CLIENTE 2 G2 20

Atendimento Facebook com

benefício

Grupo de clientes insatisfeitos que foram atendidos através do Facebook da empresa, sem intervenção da voz humana, porém com entrega de benefícios ao final do atendimento. (brindes).

GRUPO DE CLIENTE 3 G3 20Atendimento por Telefone

Grupo de clientes insatisfeitos que foram atendidos através do SAC da empresa, com intervenção da voz humana.

52

negativas sobre a empresa.

A supervisora ficou responsável pela escolha dos clientes insatisfeitos de

acordo com os critérios estipulados pelo estudo, distribuição dos clientes para cada

atendente, organização e transcrição dos dados coletados, e também foi a

responsável pela pesquisa de satisfação por telefone com todos os grupos de

clientes.

Cada atendente e a supervisora possuíam os seguintes recursos para a

realização da coleta de dados: um posto de atendimento telefônico exclusivo (PA);

um notebook com acesso ao banco de dados dos clientes da empresa; um acesso à

ferramenta SCUP para monitoramento dos clientes nas redes sociais; acesso para

criação, edição e postagem de comentários e mensagens na página oficial da

empresa no Facebook; e autorização para a liberação de descontos e benefícios, a

exemplo, 30 dias de programação gratuita, para os clientes atendidos via Facebook.

As técnicas de coleta utilizadas foram observação e questionário. A

observação foi utilizada na primeira fase durante os processos de atendimento aos

clientes, e o questionário na segunda fase, que foi a avaliação da satisfação do

atendimento realizado para ambos os canais.

A primeira fase da coleta de dados foi o processo de atendimento aos

clientes. O procedimento foi realizado entre seis e sete etapas a partir do primeiro

contato com o cliente, indo até a pesquisa de satisfação via questionário.

A seguir descreve-se o roteiro do processo de atendimento aplicado para

cada grupo de cliente insatisfeito (G1, G2 e G3). É necessário esclarecer que, antes

de cada atendimento, a supervisora distribuiu e explicou a reclamação de todos os

clientes para cada um dos atendentes. O histórico de cada cliente, conforme já

descrito, foi coletado na fase da amostragem através de ferramenta de monitoria.

A seguir descreve-se o procedimento de atendimento do grupo de cliente

insatisfeito 1 (G1). Esse grupo foi atendido exclusivamente pelo Facebook, sem a

intervenção da voz humana.

• Etapa 1 (D1). Foi o dia do primeiro contato com o cliente através de inbox

(caixa de correio eletrônico do Facebook) ou através de comentários no

próprio post publicado pelo cliente. O atendente informou ao cliente que

estava ciente de seu problema e insatisfação, e prontificou-se a ajudá-lo

na solução do problema.

53

• Etapa 2 (D2). Iniciou-se após a primeira resposta do cliente proveniente

do contato da etapa 1. Com a resposta do cliente o atendente retornou via

inbox com uma alternativa para solucionar o problema do cliente e com os

prazos de atendimento. Sempre via inbox do Facebook.

• Etapa 3 (D2+2 dias úteis). Foram realizadas algumas interações com

comentários positivos ao cliente via Facebook (post ou inbox).

• Etapa 4 (DS). Foi o dia da solução do problema. O atendente enviou uma

mensagem inbox lembrando ao cliente da visita de um técnico ou solução

completa do problema.

• Etapa 5 (DS+1 dia útil). A empresa enviou uma mensagem ao cliente para

averiguar a solução definitiva do problema, ou não. Em caso negativo era

marcada outra tentativa e aguardava-se para um próximo contato. Em

caso positivo o atendente iniciava o monitoramento do cliente nas redes

sociais da empresa e passava para a próxima etapa.

• Etapa 6 (DS+15 dias). Foi realizada a última interação pela empresa via

Facebook para checar se o serviço continua ativo e se o cliente continua

insatisfeito ou não. Após essa etapa iniciou-se a segunda fase da coleta

de dados.

A seguir descreve-se o procedimento de atendimento do grupo de cliente

insatisfeito 2 (G2). Esse grupo foi atendido exclusivamente pelo Facebook, sem a

intervenção da voz humana, e foi concedido a seus integrantes um benefício (30

dias de programação de filmes, ou esporte, gratuitos) após a resolução do problema.

• Etapa 1 (D1). Foi o dia do primeiro contato com o cliente através de inbox

ou através de comentários no próprio post publicado pelo cliente. O

atendente informou ao cliente que estava ciente de seu problema e

insatisfação, e prontificou-se a ajudá-lo na solução do problema.

• Etapa 2 (D2). Iniciou-se após a primeira resposta do cliente proveniente

do contato da etapa 1. Com a resposta do cliente o atendente retornou via

inbox com uma alternativa para solucionar o problema do cliente e com os

prazos de atendimento. Sempre via inbox do Facebook.

• Etapa 3 (D2+2 dias úteis). Foram realizadas algumas interações com

comentários positivos ao cliente via Facebook (post ou inbox).

54

• Etapa 4 (DS). Foi o dia da solução do problema. O atendente enviou uma

mensagem inbox lembrando ao cliente da visita de um técnico ou solução

completa do problema.

• Etapa 5 (DS+1 dia útil). A empresa enviou uma mensagem ao cliente para

averiguar a solução definitiva do problema, ou não. Em caso negativo era

marcada outra tentativa e aguardava-se para um próximo contato. Em

caso positivo o atendente iniciava o monitoramento do cliente nas redes

sociais da empresa e passava para a próxima etapa.

• Etapa 6. Um dia após a solução do problema o atendente entra em

contato com o cliente via telefone e lhe oferece um benefício decorrente

do inconveniente causado nos últimos dias pelo problema. Uma cortesia

da empresa.

• Etapa 7 (DS+15 dias). Foi realizada a última interação pela empresa via

inbox do Facebook para checar se o serviço continua ativo e se o cliente

continua insatisfeito ou não. Após essa etapa iniciou-se a segunda fase

da coleta de dados.

A seguir descreve-se o procedimento de atendimento do grupo de cliente

insatisfeito 3 (G3). Esse grupo foi atendido exclusivamente pelo SAC, através do

método tradicional.

• Etapa 1 (D1). Foi o dia do primeiro contato com o cliente através de

ligação telefônica ativa. O atendente apresentou-se e informou ao cliente

que estava ciente de seu problema e insatisfação, e prontificou-se a

ajudá-lo na solução do problema. Ressalta-se que esta etapa, no modelo

tradicional do SAC, a interação é bem mais demorada, decorrente da

necessidade de escutar o cliente, sondar todos os pontos levantados por

ele, e acalmá-lo. Essas são etapas padronizadas do script de atendimento

da empresa.

• Etapa 2 (D2). Iniciou-se após a primeira resposta do cliente proveniente

do contato da etapa 1. Com a resposta do cliente o atendente retornou a

ligação com uma alternativa para solucionar o problema do cliente e com

os prazos de atendimento.

• Etapa 3 (D2+2 dias úteis). Foi realizada uma ligação de verificação para

55

lembrá-lo de que a empresa havia iniciado o procedimento de solução.

• Etapa 4 (DS). Foi o dia da solução do problema. O atendente ligou para o

cliente recordando-o da visita de um técnico ou da solução completa do

problema.

• Etapa 5 (DS+1 dia útil). A empresa ligou para o cliente para averiguar a

solução definitiva do problema, ou não. Em caso negativo era marcada

outra tentativa e aguardava-se para um próximo contato. Em caso positivo

o atendente iniciava o monitoramento do cliente nas redes sociais da

empresa e passava para a próxima etapa.

• Etapa 6 (DS+15 dias). Foi realizada a última interação pela empresa via

telefone para checar se o serviço continua ativo e se o cliente continua

insatisfeito ou não. Após essa etapa iniciou-se a segunda fase da coleta

de dados.

A segunda fase da coleta de dados refere-se ao questionário para avaliação

do índice de satisfação sobre o atendimento realizado. Para essa fase os 60 clientes

foram submetidos ao mesmo processo. Os atendentes, através de telefone, entre 15

e 20 dias após a resolução do problema, ligavam aos clientes aplicando um

questionário de cinco questões, sendo três perguntas com respostas fechadas e

formatadas em escala Likert, e duas perguntas abertas sobre a empresa Azul de TV

por assinatura. É apresentado na Figura 2, a seguir, o detalhamento do questionário

aplicado aos clientes.

56

Figura 2 – Questionário utilizado para avaliação da satisfação do atendimento do canal utilizado.

Fonte: elaborado pelo autor, 2017.

Após o encerramento dos questionários, os dados coletados foram

Nome: Nome completo do clienteID: Identificador do cliente no sistema da empresaInsatisfação: Descrição da insatisfaçãoTelefone:Data da pesquisa

1. Em uma escala de 0 a 5, qual a sua satisfação no atendimento da empresa Azul?

2- Insatisfeito3 - Nem satisfeito, nem insatisfeito4 - Satisfeito5 - Muito satisfeito

2. Você recomendaria o serviço da empresa Azul para outros?

1 - Nunca2 - Talvez3 - Bastante provável4 - Sim5 - Com certeza

3. Entre atendimento telefônico e on-line, qual a sua preferência? Qual o motivo?

1 - Telefone: ____________2 - On-line: ______________

4. O que você mais gosta na empresa Azul?

5. Gostaria de deixar a sua opnião?

Pesquisa de Satisfação do atendimento

1 - Muito insatisfeito

57

encaminhados para análise estatística.

4. RESULTADOS

As análises estatísticas foram conduzidas no software Minitab 17. As

questões 1, 2 e 3 do questionário de avaliação sobre a satisfação do atendimento

foram consideradas variáveis resposta (de interesse), enquanto as variáveis

demográficas como faixa de idade, região, sexo e o grupo foram as variáveis

regressoras (de correlação). Essas variáveis foram categorizadas.

As questões 4 e 5 foram tabuladas e transcritas em sistema simples de Office

Excel, e posteriormente seus dados também foram analisados através de macros do

próprio Excel.

Foram executados testes de Análise de Variância (ANOVA), testes t (para

variáveis binomiais) e testes Qui-Quadrado para associação. Como o número de

observações é reduzido (considerando todas as subcategorias da amostra), foi

considerado um nível de significância de 10% em todos os testes, ou seja, as

diferenças estatísticas entras as variáveis foram consideradas quando p< 0,10.

Todas as informações foram tratadas de forma confidencial.

Entre os selecionados, sete assinantes não quiseram responder a pesquisa

de satisfação ao final do atendimento e, por essa razão, essas respostas não foram

computadas.

4.1 Análise dos resultados

Primeiramente, foi executada no Minitab uma análise descritiva com uma

tabela das principais variáveis demográficas (faixa de idade, região e sexo) com o

objetivo de observar o perfil dos clientes, conforme ilustram as tabelas a seguir:

Tabela 9, Tabela 10 e Tabela 11.

58

Tabela 9 – Tabela de contagem da faixa de idade dos pesquisados.

Faixa de Idade Contagem %

20 - 30 11 18%

30 - 40 18 30%

40 - 50 18 30%

> 50 13 22%

Total 60 100%

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

Tabela 10 – Tabela de contagem do sexo dos clientes pesquisados.

Sexo Contagem %

FEMININO 21 35%

MASCULINO 39 65%

Total 60 100%

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

59

Tabela 11 – Tabela de contagem da região do pesquisado.

Região Contagem %

Nordeste/Centro Oeste 15 25%

Sudeste 36 60%

Sul 9 15%

Total 60 100%

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

Aparentemente, as variáveis região e faixa de idade estão bem balanceadas,

enquanto a variável sexo está desbalanceada (mais de 2/3 da amostragem é do

sexo masculino). Em relação à faixa de idade, observa-se que a maioria dos clientes

reclamantes refletem exatamente a distribuição da base de clientes da empresa

atualmente, em que 80% dos clientes encontram-se acima de 30 anos. O mesmo

para a região sudeste, que já demonstra uma boa cobertura do serviço de TV por

assinatura nesta área geográfica.

Além disso, desenvolveu-se um gráfico (Figura 3) de correlações comparando

a média de cada uma das variáveis respostas segmentadas por cada grupo de

variáveis classificatórias: grupo, sexo, faixa de idade e região.

60

Figura 3 – Gráfico de linhas para as médias da questão 1 (satisfação com o atendimento) segmentadas por categorias de resposta das variáveis grupo, sexo, faixa de idade e região.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

Figura 4 – Gráfico de linhas para as médias da questão 3 (preferência por atendimento telefônico ou on-line) segmentadas por categorias de resposta das variáveis grupo, sexo, faixa de idade e região.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

3. E

ntre

ate

ndim

ento

tele

fôni

co e

on-

line,

qua

l a su

a pr

efer

ência

?

Data MeansLook for panels with large difference betweens levels.

1,2

1,3

1,4

1,5

1 2 3

Grupo

FEMININO MASCULINO

Sexo

1,2

1,3

1,4

1,5

20 - 30 30 - 40 40 - 50 > 50

Faixa de Idade

Nordeste/Centro Oeste Sudeste Sul

Região

61

No caso da questão 3 (Figura 4), as respostas foram codificadas

considerando on-line = 1 e telefone = 2.

Tanto os clientes atendidos por telefone quanto os grupos atendidos pelo

Facebook indicaram preferência pelo atendimento on-line (média menor do que 1,5),

embora o grupo 3 possua preferência ligeiramente maior pelo atendimento

telefônico.

Respondentes do sexo masculino têm preferência maior pelo atendimento

telefônico do que os do sexo feminino, embora ambos os sexos prefiram o

atendimento on-line.

Novamente, contraintuitivamente, respondentes mais velhos têm preferência

ligeiramente maior do que os respondentes mais novos pelo atendimento on-line,

embora todas as faixas de idade possuam preferência pelo atendimento on-line

(média menor do que 1,5).

Os habitantes do Nordeste e Centro-Oeste têm preferência maior do que os

das demais regiões pelo atendimento telefônico, embora todas as regiões prefiram o

atendimento on-line (média menor do que 1,5).

Foram realizadas Análises de Variância (ANOVA) entre as três variáveis

respostas (questões 1, 2 e 3 da pesquisa de satisfação) e quatro variáveis

regressoras: grupo, sexo, faixa de idade e região.

62

Figura 5 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 1 (satisfação) e o grupo.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

O teste apresentou uma diferença significativa entre as médias de satisfação

entre os grupos 1 e 3 a 90% de confiança (p-valor de 0,081). A média do grupo 2

não é significativamente diferente de nenhum dos outros dois grupos (Figura 5).

Em paralelo, foi conduzido um teste t entre a diferença de satisfação dos

grupos 1 e 2 combinados (resolução via Facebook) e o grupo 3 (resolução via

telefone).

Houve diferença significativa, com p-valor de 0,029. Portanto, o teste t

confirmou que é possível afirmar que a média de satisfação dos grupos 1 e 2 é

significativamente maior do que a do grupo 3, e que a distribuição de brindes não

teve efeito significativo no nível de satisfação dos respondentes (Figura 6).

63

Figura 6 – Resultado do teste t entre a questão 1 (satisfação) e o grupo.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

Figura 7 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 1 (satisfação) e a região dos assinantes.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

64

Houve também uma diferença bastante significativa (p-valor de 0,007) entre

os níveis de satisfação segmentados por região (Figura 7), com uma média

significativamente maior para a satisfação da região Nordeste/Centro-Oeste

comparada às médias das outras regiões.

Não há diferenças significativas nas médias dos níveis de satisfação

segmentados por faixa de idade (p-valor de 0,938) e por sexo (p-valor de 0,972 no

teste t).

Figura 8 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 2 (recomendação) e grupo.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

A análise de variância entre a questão 2 (recomendação) e grupo mostrou

que não há diferença significativa entre os três grupos (p-valor de 0,470), conforme

pode ser observado na Figura 8.

65

Figura 9 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 2 (recomendação) e a faixa de idade dos assinantes.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

De acordo com a Figura 9, a Análise de Variância da questão 2

(recomendação da Empresa Azul de TV por assinatura) e a faixa de idade

apresentou um p-valor de 0,124, portanto, não há diferença estatisticamente

significante, embora o p-valor tenha ficado bastante próximo à região de aceitação.

66

Figura 10 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 2 (recomendação) e a região dos assinantes.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

Assim como na ANOVA anterior, o teste entre a questão 2 e a região (Figura

10) também não mostrou diferença significativa entre as regiões, mas o p-valor foi

igual a 0,153, portanto, próximo à região de aceitação.

O teste t entre a questão 2 e o sexo dos respondentes não mostrou diferença

significativa, apesar de também apresentar um p-valor próximo da região de

aceitação (0,142).

No caso da questão 3, as respostas foram codificadas considerando online =

1 e telefone = 2.

67

Figura 11 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e o grupo.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

A ANOVA entre a questão 3 e o grupo dos respondentes não mostrou

diferença estatisticamente significante entre as variáveis (p-valor de 0,825),

conforme ilustra a Figura 11.

68

Figura 12 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e a região.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

A diferença na preferência entre os atendimentos on-line ou telefônico

conforme a região tampouco se mostrou estatisticamente significante (Figura 12).

69

Figura 13 – Resultado da Análise de Variância entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e a faixa de idade.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

Foi o mesmo caso da diferença na preferência entre os atendimentos on-line

ou telefônico versus a faixa de idade (Figura 13): não houve diferença

estatisticamente significante conforme a faixa de idade dos respondentes.

O teste t entre a preferência por atendimento on-line ou telefônico e o sexo

não mostrou diferença significativa (p-valor 0,198).

Para confirmar a ausência de diferenças significativas na associação entre a

questão 3 (preferência entre o atendimento on-line e o atendimento telefônico),

foram realizados testes Qui-Quadrado para a associação entre a variável da questão

3 e as quatro variáveis regressoras, cujos resultados mais significativos constam nas

respectivas figuras a seguir: Figura 14, Figura 15 e Figura 16.

70

Figura 14 – Resultado do teste Qui-Quadrado entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e a faixa de idade.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

O teste de Qui-Quadrado para associação entre as variáveis faixa de idade e

preferência entre atendimento telefônico e on-line (Figura 14) não mostrou

associação significativa (p-valor > 0,05).

71

Figura 15 – Resultado do teste Qui-Quadrado entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e a região.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

72

Figura 16 – Resultado do teste Qui-Quadrado entre a questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) e o grupo.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

O teste de Qui-Quadrado para associação entre a preferência entre

atendimento telefônico ou on-line e região (Figura 15) e grupo (Figura 16) também

não mostrou associação significativa.

73

Figura 17 – Teste t para verificar se a média da questão 3 (preferência pelo atendimento on-line ou telefônico) é menor do que 1,5.

Fonte: elaborado pelo autor via Minitab, 2018.

Conforme evidencia a Figura 17, o teste t mostrou que a média das respostas

da questão 3 em todos os grupos é significativamente menor do que 1,5, mostrando

que a preferência pelo atendimento on-line é estatisticamente significante, com p-

valor de 0,008.

Como resultados estatísticos, podemos concluir que a análise estatística

apontou diferenças significativas entre o nível de satisfação (questão 1) versus a

variável grupo, com os respondentes do grupo 3 com nível de satisfação menor do

que os outros dois grupos. Os assinantes do Nordeste e Centro-Oeste também

aparentemente possuíram um nível de satisfação maior do que os das outras

regiões.

74

As correlações entre a questão 3 (preferência entre o atendimento on-line e

telefônico) são menos aparentes, com destaque para preferência pelo atendimento

telefônico dos respondentes homens e do Nordeste.

A ANOVA mostrou que o nível de satisfação dos assinantes atendidos de

forma on-line é significativamente maior do que os atendidos por telefone – p-valor:

0,081 (Figura 5)

O teste t realizado comparando os grupos 1 e 2 combinados e o grupo 3

mostrou um p-valor de: 0,029, revelando que não há diferença significativa entre a

satisfação dos grupos 1 e 2, mas o grupo 3 possuiu nível de satisfação

significativamente menor do que os outros dois (Figura 6).

A ANOVA também apontou nível de satisfação significativamente maior para

os assinantes do Nordeste e Centro-Oeste.

Nenhuma das variáveis se mostrou significativa nas análises realizadas entre

a questão 2 (recomendação) e a região, faixa de idade, sexo e grupo. A questão 3

(preferência) também não teve relações significativas com nenhuma das variáveis

regressoras.

Finalmente, o teste t mostrou que há preferência geral pelo atendimento on-

line, com p-valor de 0,008.

Além disso, vários dos testes apontaram não haver melhora significativa na

satisfação ou recomendação do atendimento on-line após a entrega de brindes.

75

4 DISCUSSÕES

Neste momento são discutidos alguns resultados do estudo e suas

implicações macroestratégicas para o mercado.

A primeira visão estratégica que se extrai dos resultados apresentados é que

as mídias sociais, a exemplo do Facebook, já se consolidaram como canais

prioritários de atendimento ao cliente, com ferramentas, processos e pessoas

especializadas em suas interações.

Isso comprova a tendência apontada por alguns autores, a exemplo de Baird

e Parasnis (2011), que relataram os programas de mídia social de empresas com

foco na aproximação dos clientes e a pressão destas para se engajarem em redes

sociais.

Outras questões relacionadas ao Social CRM, a exemplo da preocupação

levantada por Vera Lucia Vieira (2014), sobre a capacidade das empresas em

“monitorar as redes sociais na internet, visando detectar toda e qualquer

manifestação ocorrida a respeito de suas marcas”, parece hoje mais distante e

infundada quando verifica-se os resultados provenientes das ferramentas de

monitoramento, a exemplo do SCUP, tecnologia de monitoramento utilizado neste

estudo para segmentação e monitoramento dos clientes insatisfeitos. Ainda assim,

os profissionais de marketing estão respondendo a essas forças com uma mistura

de medo e fascinação. Ao mesmo tempo, sentem-se animados com a perspectiva

de utilizar essas ferramentas para alavancar a fala direta com seus clientes, sem a

participação de um agente de comunicação intermediário (CARRABIS et al., 2008).

Percebe-se, de acordo com a preferência geral pelo atendimento on-line

(0.008), os consumidores estão confiando nas informações compartilhadas por

outros consumidores, diminuindo, assim, a força das informações provenientes da

empresa. Resultado muito próximo aos conceitos de Recuero (2007).

Os resultados que indicam ser a gestão por mídias sociais melhor do que a

que se dá via canais tradicionais têm respaldo na teoria de Gil-Or (2010), segundo o

qual o marketing por meio das redes sociais deve ser mais conversacional,

objetivando construir relacionamentos, compreensão e confiança entre empresas.

Talvez por isso a utilização das redes sociais como ferramenta de marketing venha

76

crescendo nas empresas. Trata-se de uma fusão natural entre a geração da

tecnologia e as plataformas digitais, que se assumem hoje como poderosas

ferramentas para o atual mundo dos negócios (CHARLESWORTH, 2009).

O estudo traz indícios de que talvez a interação de voz e face a face não

sejam tão fundamentais quanto apontado nos estudos de Fournier e Mick (1999), na

qual a inexistência da interação humana distanciaria o consumidor das empresas.

Ou seja, uma visão de que a tecnologia implementaria uma maior eficiência no

atendimento ao consumidor, mas não seria eficaz nessa comunicação com o

consumidor.

Por fim, o ponto mais polêmico a ser discutido futuramente é em relação aos

custos do atendimento tradicional, o SAC, versus o exclusivo via mídia social. O

estudo endossa o trabalho de muitos autores (KAPLAN; HAENLEIN, 20010

RODRIGUES; CHIMENTI; NOGUEIRA, 2011) que descrevem as mídias sociais

como o canal de comunicação que permite às empresas se envolverem com o

consumidor na hora certa a custos relativamente mais baixos, e com maiores níveis

de eficiência quando comparadas ao que se pode alcançar com as ferramentas de

comunicação tradicionais. Atualmente, o custo por uma ligação ativa ou passiva, em

uma P.A tradicional, é de R$ 4,00 para o segmento de TV por assinatura, enquanto

nos canais de redes sociais, o mesmo atendimento sem o envolvimento de voz

humana, o custo é de R$ 0,50 (ABTA, 2017). Com isso, os tratamentos e gestões de

clientes exclusivos via rede social não são apenas relevantes para as grandes

multinacionais, mas também para as pequenas e médias empresas, ou mesmo para

as ONGs, que tendem a ter orçamentos ainda mais enxutos.

77

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES

Conclui-se através deste estudo os seguintes pontos principais:

- A hipótese assumida ao início do estudo, de que a satisfação dos clientes

atendidos exclusivamente pela mídia social Facebook seria igual, ou melhor, que a

satisfação dos clientes atendidos pelo canal tradicional telefônico foi confirmada.

- Através das análises apresentadas, o teste t mostrou que há preferência

geral pelo atendimento on-line, com p-valor (0,008).

- Vários dos testes apontaram não haver melhora significativa na satisfação

ou recomendação do atendimento on-line após a entrega de benefícios extras

(exemplo: 30 dias de programação gratuita).

- Em relação às regiões contempladas pela amostra, os habitantes do Centro-

Oeste e Nordeste tiveram satisfação significativamente maior do que os das outras

regiões. Afirmação válida para ambos os canais de atendimento.

- Todas as regiões preferem o atendimento on-line (média menor do que 1,5).

6 LIMITAÇÕES DO ESTUDO

Vale ressaltar algumas limitações encontradas pelo estudo.

Quanto à metodologia, foi utilizada uma aproximação do método do

experimento. Mesmo não seguindo o rigor necessário, da quantidade das amostras

até o design do experimento, o estudo isolou variáveis adequadamente para chegar

a conclusões relevantes.

Ressalta-se que não foram estudados de forma específica um grupo regional

de clientes (exemplo: só clientes da região nordeste), ou mesmo um critério de

reclamação específico da empresa (exemplo: só reclamação sobre visita técnica).

Tal limitação ocorreu devido ao prazo exigido na solução da reclamação pelo cliente

e pela empresa (máximo 15 dias), impossibilitando a formação de grupos acima de

20 clientes com um mesmo perfil de região ou mesmo de reclamação.

O atendimento de clientes realizado exclusivamente por redes sociais é uma

prática recente entre as empresas de serviço de TV por assinatura, no qual verificam

indícios de mercado somente nos últimos 5 anos. Sendo assim, nota-se uma

78

escassez na literatura sobre o atendimento de clientes através de mídias sociais

com foco no mercado de TV por assinatura.

Outra limitação importante se refere ao grau de confidencialidade exigido pela

empresa estudada, impossibilitando a realização de cruzamentos de perfil do

usuário, renda, grau de escolaridade e histórico de reclamação do cliente.

Por último o estudo limitou-se a pesquisar outras plataformas de mídias

sociais, porque não existiam unidades de atendimento e nem monitoramento das

outras plataformas. Foram alocados unicamente os recursos humanos e de

tecnologia para monitoramento Facebook.

7 RECOMENDAÇÕES DE ESTUDOS FUTUROS

Uma sugestão para pesquisas futuras seria a continuidade do monitoramento

destes clientes estudados no Facebook até a renovação do contrato de sua

assinatura de TV, com o objetivo de analisar a taxa de renovação dos serviços,

cancelamento, ou mesmo a expansão do pacote dos serviços contratados da

operadora.

Realizar o mesmo estudo em outras plataformas de mídias sociais, a

exemplo: Instagram, Linkedin e Youtube também poderia trazer avaliações

diferenciadas frente as diferenças de perfis de usuários entre elas e o Facebbok.

Assim como aplicar o estudo em regiões específicas poderia ser observada

diferenças regionais na avaliação do atendimento. Muitas regiões possuem hábitos

de conectividade distintos.

A realização de um estudo sobre o atendimento à clientes realizados

unicamente por robôs em redes sociais seria inovador, ou seja: sem a intervenção

humana. Atualmente este sistema de atendimento é conhecido no marketing como

Chatbots e foi difundido o mercado após o início deste estudo.

Um aprimoramento à metodologia utilizada seria utilizar outros recursos, além

do questionário, para coletar algumas variáveis como sentimento e emoção sobre a

marca.

79

8 IMPLICAÇÕES GERENCIAIS

Este estudo propicia ao setor de TV por assinatura uma opção de orientação

sobre gestão de atendimento aos clientes através de mídias sociais, à medida que

demostrou uma boa avaliação relatada pelos clientes pesquisados. Frente aos

resultados observados a troca do atendimento por telefone por um sistema exclusivo

de mídias sociais se demonstra viável.

O estudo avaliou o oferecimento de um benefício após o atendimento via

mídias sociais, o que claramente demonstrou não ter influência significativa na

avaliação dos clientes, possibilitando assim as empresas reduzirem seus custos por

cliente atendido, não oferecendo benefícios extras.

Por último o estudo evidenciou a maturidade das mídias sociais na gestão do

atendimento aos clientes o que implicaria as empresas reavaliarem processos e

tecnologias utilizadas no marketing para análise de reclamações e satisfação dos

clientes.

80

REFERÊNCIAS

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