A Glória de Deus

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Theodoro Austin Sparks A Glória DE Deus EDICIONES TESOROS CRISTIANOS

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Page 1: A Glória de Deus

Theodoro Austin Sparks

A Glória

DE Deus

EDICIONES TESOROS CRISTIANOS

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INDICE

Capítulo 1

Como Ver A Glória De Deus...….......................……………..………4

Capítulo 2

Glória Somente Na Nova Vida Da Ressurreição......……......19

Capítulo 3

O Pai Da Glória...

O Senhor Da Glória... O Espírito Da Glória...........................…37

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COMO VER A

GLÓRIA DE DEUS

Ler: João 11.

este capítulo iremos apenas destacar dois

versos.

"Jesus, porém, ao ouvir isto, disse: Esta

enfermidade não é para a morte, mas para

glória de Deus, para que o Filho de Deus seja

glorificado por ela" (verso 4).

"Respondeu-lhe Jesus: Não te disse que, se creres, verás a

glória de Deus? " (verso 40).

"Para a glória de Deus… verás a glória de Deus."

Você provavelmente sabe que os capítulos de 11 a 17

deste evangelho são capítulos de soma, de consumação,

isto é, uma síntese de todas as coisas em finalidade, e o

que resulta com grande claridade desta parte consumada

N

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do Evangelho é a prioridade que governou toda a vida, o

ensino e a obra do Senhor Jesus. Parece que é isto que

João tinha em mente quando escrevia, vez que ele colocou

esta prioridade bem no início de seu Evangelho, trabalhou

firmemente ao longo desta linha, e então apresentou tudo

de forma plena e conclusiva no final. Embora o Senhor

Jesus tivesse sido governado por esta prioridade por

trinta anos ou mais, lá veio um ponto de crise em Sua vida

ao qual Ele fez um completo ajuste de tudo baseado nesta

única coisa que estamos chamando de ‘prioridade’, onde

Ele determinou que tudo tinha que estar focado sobre

isto, e que não deveria haver qualquer desvio em nenhum

momento.

E qual era a Sua prioridade que abrangia todas as coisas?

Como dissemos, João colocou esta nota principal já no

início quando começou a dizer: ”e vimos a sua glória,

como a glória do unigênito do Pai”. (1:14). Isto é trazer o

Pai imediatamente à vista, em questão de glória. Então

João continuou escrevendo o Evangelho, como uma

grande harmonia ou sinfonia afinado a esta nota principal,

e durante todo o caminho ele se manteve fiel a isto: à

glória de Deus.

E creio, caros amigos, que esta é a nota principal que o

Senhor quer que eu aborde neste momento. Isto tem sido

um encargo considerável para mim nestes dias.

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O COMETIMENTO DO SENHOR JESUS PARA COM A

GLÓRIA DE SEU PAI

Vamos nos voltar para o próprio Senhor Jesus nesta

questão. Houve em Sua vida aquela hora do seu grande

compromisso, que aconteceu no seu batismo. Ele lá, então,

comprometeu-se COMPLETAMENTE com a glória de Deus

Pai. Ele reuniu cada detalhe de sua vida a partir daquele

momento e centralizou-o nisto, como se estivesse

dizendo: ‘A partir deste momento não deve haver nenhum

desvio deste motivo e objetivo. A glória de meu Pai irá

governar tudo’. E foi desta maneira:

1. Em sua vida interior

Primeiramente, o cometimento estava em sua própria

pessoa, em sua própria vida interior, em seu caminhar

secreto com o Pai. Esta é a coisa mais impressionante

quando você lê o Evangelho. Você descobre ao longo de

todo o caminho que tudo procede de sua vida pessoal, de

sua vida secreta com seu Pai. "O Filho”, Ele disse, “nada

pode fazer de si mesmo, mas o que Ele vê o Pai fazer”

(5:19). Linguagem misteriosa, mas aqueles que conhecem

algo sobre vida no Espírito sabem o que isto significa.

"Pois o que Ele faz, o Filho faz de igual forma", e não de

sua própria maneira, mas “da mesma maneira que o Pai".

Quão meticuloso e quão exato! Seu compromisso em

relação ao seu próprio relacionamento com Deus, seu Pai,

significava que não havia nada Dele mesmo, mas somente

aquilo que Ele conhecia em seu próprio coração, e de sua

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história secreta com Deus, aquilo que o Pai queria que Ele

fizesse ou dissesse. O pano de fundo, a vida no santuário

interior com o Pai era mantida intacta.

2. Em sua conduta

Quanto à sua conduta, Ele se comportava nesta base:

“Como eu me comporto, como eu me conduzo, será

completamente uma questão de como a coisa atinge a

glória de meu Pai. A impressão que tenho das pessoas e o

que elas vêem em mim, jamais deve encobrir por um

instante sequer a glória de meu Pai, nem ocultá-la, ou

escondê-la, ou afetá-la danosamente. Meu

comportamento deve visar sempre à glória de meu Pai”.

Era desta forma a conduta de Jesus, de sua caminhada.

Você sabe, João fez uma nota especial da caminhada de

Jesus, pois isto não era apenas um progresso externo. João

disse: “Aquele que diz estar nele deve andar também

como Ele andou" (1 João 2:6). Havia algo sobre seus

próprios movimentos que era governado, e sua

caminhada, seus movimentos, seu comportamento, eram

sempre para a glória de seu Pai.

3. Em suas obras

Quanto às suas obras, nós já citamos: “O Filho não pode

fazer coisa alguma de si mesmo, mas o que Ele vê o Pai

fazer, assim o Filho faz igualmente”. E suas palavras: “A

palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que me

enviou”. (João 14:24).

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4. Em seu tempo

Então, seu tempo para fazer as coisas. Freqüentemente

lemos que Ele rejeitava as sugestões dos outros de que Ele

devia fazer coisas em determinado momento. Quando

algo parecia estar sendo cobrado Dele, quando as pessoas

esperavam que Ele fizesse a coisa naquela mesma hora,

Ele rejeitava: "A minha hora ainda não é chegada”. (João

2:4), mas Ele fazia bem rapidamente depois. Ele estava

esperando, e em seu espírito Ele dizia: “Pai, é esta a tua

hora?” Você sabe, caro amigo, você pode fazer uma coisa

certa numa hora errada, e a coisa não funciona. Nós

fazemos uma porção de coisas, e elas fracassam porque

não é a hora certa.

Você se lembra do grande incidente na vida do apóstolo

Paulo: “Eles queriam ir para Bitínia, mas o Espírito de

Jesus não permitiu” (Atos 16:7). Eles foram “proibidos

pelo Espírito Santo de pregar na Ásia” (Atos 16:6). Paulo

foi advertido, pois aquela não era a hora. Mas eles

acabaram indo para a Ásia e Bitínia posteriormente, no

tempo de Deus, e, quando o tempo de Deus é observado

as coisas são muito mais produtivas, pois você não

desperdiça tempo.

Quando fazemos as coisas em nosso próprio tempo,

realmente as estamos tirando do tempo de Deus, pois

nada acontece até que Deus queira. É desta forma que

Jesus trabalhava: ‘A minha hora ainda não é chegada’, e,

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então, a hora parecia chegar tão rapidamente, logo em

seguida.

5. Em seu relacionamento familiar

Aqui está Ele, se movendo, falando, trabalhando,

controlando o tempo, por sua comunhão com o Pai. Ele

trouxe todas as coisas para este terreno. Ele trouxe a sua

família para este terreno da glória de seu Pai. Alguns

vieram a Ele, após ter Ele falado em uma casa, e disseram:

“Tua mãe e teus irmãos está lá fora, e procuram falar-te"

(Mateus 12:47). É um apelo natural. Pode ser um tipo de

apelo sentimental muito correto, mas espere um instante.

Ele responde: "Quem é minha mãe? E quem são meus

irmãos? ...qualquer que fizer a vontade de meu Pai que

está no céu, este é meu irmão, irmã e mãe.” Ele coloca a

coisa numa outra base. ‘Até onde meus relacionamentos

familiares refletem a glória de Deus?’

6. Em sua atitude para com os homens

Ele era governado da mesma forma em sua atitude em

relação aos homens. Em relação ao mundo religioso, Ele

aprovava o que era sincero e externava a sua aprovação

até onde podia. Um jovem se aproximou e lhe disse que

guardava todos os mandamentos desde a sua infância, e

Jesus "olhando para ele, amou-o" (Marcos 10:17-20). Ele

não o condenou. Ele era simpático com os sinceros,

porém, se trouxessem os hipócritas em sua presença, sua

aprovação mudava para condenação! Não havia nada que

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trouxesse mais a sua indignação do que a hipocrisia na

religião, porque era algo que roubava a glória de Deus.

7. Em seus julgamentos

Essas são as coisas que constituem a vida do Senhor Jesus,

e, como você vê, a sua prioridade governava tudo e estava

acima de tudo. Estava acima dos julgamentos naturais –

nem sempre julgamentos pecaminosos ou malignos, mas

apenas julgamentos naturais, quando sugestões eram

dadas a Ele, quando tentavam persuadi-lo, e quando os

homens projetavam as suas opiniões. Mas Ele conhecia a

verdade: ‘Meus pensamentos não são os vossos

pensamentos. Os meus caminhos não são os vossos

caminhos. Há dois mundos. Eu vivo em um mundo e vocês

noutro’. E assim, o seu interesse pela glória do Pai

frequentemente colocava os julgamentos naturais de lado,

buscando o julgamento do Pai sobre o assunto.

8. Em seus sentimentos

Sentimentos naturais frequentemente tinham que ser

colocados de lado. Ele os compreendia muito bem. Iremos

chegar a isto neste capítulo 11 de João, com Lázaro e suas

irmãs. Ele era muito compassivo e compreendia como

eles estavam se sentindo. Ele verdadeiramente entrou na

vida humana deles, porém, quando eles procuraram

persuadi-lo e influenciá-lo a agir meramente na base dos

sentimentos naturais, Ele rejeitava. Jesus permaneceu

dois dias fora, e não se moveu até o quarto dia, quando,

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humanamente falando, era muito tarde. A tristeza tinha

tomado conta. Jesus não era insensível, como mostra o

capítulo, contudo, porque Ele tinha algo maior em vista,

não podia ceder ao humano, aos sentimentos naturais. Ele

tinha grandes princípios que O estavam governando.

9. Em seus interesses pessoais

Quanto aos seus interesses pessoais, naturais, Ele os

rejeitava o tempo todo. Teria sido grande para os seus

interesses pessoais ter aceitado a oferta do Diabo quanto

aos reinos e a glória, porém, Ele repudiou a coisa toda. Em

relação a sua cruz, poderia ter sido vantajoso para Ele se

tivesse ouvido a Pedro quando disse: ‘Longe de Ti tal

coisa´(Mateus 16:22). Mas Ele disse a Simão Pedro: ”Para

traz de mim, Satanás!" Como você vê, os interesses

pessoais devem ser postos de lado: Jesus não era

governado por essas coisas, pois a sua motivação

constante era a glória de seu Pai.

O QUE SIGNIFICA GLÓRIA?

Agora, antes que eu possa seguir um pouco mais adiante,

devo fazê-lo retornar à definição da palavra ‘glória’. Pode

ser que você já tenha me ouvido dar esta definição antes,

mas eu não conheço uma definição melhor. O que significa

glória em relação a Deus? Qual é o significado desta

palavra ‘glória’ quando se refere a Deus? Ela

simplesmente significa a recuperação da completa

satisfação de Deus. Quando as coisas correspondem a sua

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natureza, ao seu propósito, quando Ele se deleita, quando

fica satisfeito, contente, então aí surge algo de sua própria

satisfação, de seu prazer. Você pode submeter isto ao

teste em sua própria vida.

Pegue a sua Bíblia e comece lá no princípio. Quando Deus

tinha criado todas as coisas para o seu prazer, para a sua

glória, e todas as coisas estavam de acordo com o

planejado, e tudo era governado por: ‘E assim foi … e

assim foi … e assim foi como o Senhor ordenou e disse

que deveria ser’, e o final daquilo foi: ‘E viu Deus tudo o

que tinha feito, e eis que era muito bom’ (Gênesis 1:31).

Eu gostaria de ter estado naquela atmosfera, no campo

onde tudo satisfazia a Deus, emanava dEle, e havia este

senso de sua completa satisfação e prazer. Isto é glória!

Quando entramos na nova criação, quando nascemos do

alto, no terreno de nosso reconhecimento e aceitação da

obra perfeita, acabada do Senhor Jesus por nossos

pecados, para a nossa salvação (e muito geralmente

somos melhores crentes no início do que

posteriormente!), quando avançamos naquele terreno da

nova criação em Cristo onde tudo responde ao prazer de

Deus, não temos nós o senso de glória? O início da vida

cristã é muito frequentemente desta forma. Embora não

pudéssemos explicá-la teologicamente ou

doutrinariamente, nós a sentíamos!’

‘É maravilhoso ser salvo!’ Isto é glorioso!’ É algo que

simplesmente brota em nosso interior. E o que é isto? É o

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Espírito Santo dando testemunho da satisfação de Deus

com o Seu Filho que recebemos com todo o conhecimento

e compreensão dEle que temos. Aceitamos a sua perfeição

e a sua obra, e há um reflexo, uma emanação, de sua

glória, da satisfação de Deus em nossos corações. Quando

nos desviamos desta confiança no Senhor Jesus, a glória

murcha – mas eu não irei abordar isto no momento.

Percorra a Bíblia e você terá o propósito de Deus

completa e perfeitamente revelada em tipo na criação do

tabernáculo no deserto. Ele foi prescrito meticulosamente

em detalhes, de um alfinete a uma linha, de uma cor a uma

posição, a uma medida, e tudo foi dado por Deus. E o

último capítulo diz: ‘E Moisés fez tudo conforme o Senhor

ordenou’. A coisa tornou-se quase monótona! Foi feita

conforme o Senhor ordenou a Moisés, e a glória encheu o

tabernáculo. Deus estava satisfeito! E você e eu sabemos

que o tabernáculo era apenas uma previsão em tipo do

Senhor Jesus.

Vamos para o templo e, novamente, a prescrição, o

modelo, foi dado a Davi, e tudo foi concluído por Salomão.

Quando tudo foi concluído conforme o modelo celestial, a

glória encheu o templo, e até mesmo os sacerdotes não

podiam entrar nele. Deus encheu tudo com a sua

satisfação.

O Senhor Jesus veio para ser batizado e para receber a sua

grande missão, e, ao ter Ele saído das águas, o céu se abriu

e a voz do Pai disse: ‘Este é o meu Filho amado em quem

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me comprazo’ (Mateus 3:17). Deus estava muito

satisfeito. Este de fato era uma boa fundação para Jesus

começar a obra da sua vida! A satisfação de Deus é a

glória, e João diz: "E vimos a Sua glória".

Então chegamos à perfeição de sua obra na cruz. Não há

mais nada a ser feito após o calvário. Tudo está

consumado. Oh, creia nisto, e creia com todo o seu

coração: não restou mais nada para ser feito em relação à

sua eterna salvação. Se você tentar adicionar algo, você

perderá a glória e sairá do lugar da satisfação de Deus.

Quando a obra na cruz foi concluída, quando a obra da

redenção foi terminada, e o sacrifício estava agradando a

Deus totalmente. O calvário estava terminado, o Filho

tinha sido levantado da morte, e não demoraria muito

para que o templo recebesse a glória no dia de Pentecoste

- e, então, que glória encheu a casa de Deus! Por quê?

Porque Jesus estava glorificado. Até então o Espírito não

fora dado, porque Jesus não havia ainda sido glorificado

(João 7:39). Porém, quando Ele foi glorificado, o Espírito

foi dado.

Aí você tem o pano de fundo da Bíblia. Ao final esta glória

é vista descendo na nova Jerusalém: "A santa cidade de

Jerusalém, descendo de Deus, tendo a glória de Deus"

(Apocalipse 21:11). É a obra perfeita na Igreja, tendo a

glória de Deus. Está tudo terminado, acabado, a batalha

está vencida, o tempo da provação, do sofrimento e da

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disciplina do cristão acabou, e a glória coroa tudo

finalmente porque Deus está satisfeito.

Será que eu consegui, por parte da Escritura, provar que a

definição de glória é a expressão da perfeita satisfação de

Deus?

POR QUE NÃO HÁ GLÓRIA EM NOSSAS VIDAS?

Eu disse que você poderia colocar isto à prova em sua

própria experiência. Alguns de nós tivemos que passar

por esta experiência a fim de aprender essas coisas, pois

elas não são apenas teorias. Qual foi a hora mais

miserável em sua vida? Bem, eu posso dizer a você qual

foi o tempo mais miserável em minha vida. Foi quando

permiti que o diabo, por meio de acusação, tivesse êxito

em me colocar de fora desta obra acabada de Cristo. 'O

Senhor não está satisfeito com você. Ele está contra você.

O Senhor realmente não está contente com você, por

causa desta aflição, deste sofrimento, desta prova, desta

dor’.

Fique debaixo dessa acusação e a glória irá embora. E,

enquanto você permanecer aí, não há glória,

simplesmente porque o terreno de Deus é o terreno da

finalidade absoluta da obra de seu Filho por nossa

redenção. Saia deste campo, por qualquer acusação ou

condenação do diabo, saia do terreno de Cristo, e a glória

irá embora e não voltará novamente enquanto você

permanecer aí.

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Não se engane quanto a isso! Se você está ocupado

consigo mesmo, quanto tempo irá levar pra você

aprender que este não é o terreno de glória? Bem, irá

levar o tempo que você permanecer neste miserável e

pobre terreno do EU, terreno este que Deus acabou com

ele na cruz de seu Filho. Se nos movermos para o terreno

de Cristo, para o terreno da sua perfeição, e por fé

colocarmos os pés neste terreno, então a glória virá.

Temos apenas aberto à porta em relação a este assunto,

mas temos que realmente aplicar tudo isto, pois não

quero dar a você um monte de ensinamento para que

você ponha em sua cabeça. Tenho orado para que o

Senhor use a sua palavra como uma lâmina para cortar e

realmente fazer algo.

É PARA DEUS SER GLORIFICADO EM NOSSAS VIDAS?

Caro amigo, queremos nós, eu e você, realmente que Deus

seja glorificado em nossas vidas? Você diz: ‘Sim! Mas há

alguns que dizem: Bem, vamos ver o que significa e, então,

direi sim’.

Acima de tudo, significa exatamente o mesmo para nós

que significou para o Senhor Jesus, pois Ele estava aqui

como nosso Homem representativo diante de Deus.

Portanto significa a grande e absoluta crise: compromisso.

Oh, deixemos que esta palavra tome conta de nós! Há

cristãos, e há cristãos comprometidos – e eu devo deixar

isto com você.

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A grande experiência de crise na vida do Senhor Jesus foi

quando Ele aceitou a grande comissão para a glória de seu

Pai e disse: ‘Tudo a partir deste dia será julgado pelo valor

de quanta glória há nele para o meu Pai’. Isto foi uma

crise, tudo realmente caía nesta linha em relação a Ele. Ele

via que sua conduta, sua própria vida com seu Pai, sua

vida secreta que ninguém via ou conhecia, e sua vida

perante o mundo, perante as pessoas e os discípulos, era

governado apenas por esta única coisa - Seu Pai

recebendo a glória.

O seu comportamento, a maneira como Ele falava e agia

eram governados apenas por isto. Se ele tivesse sido um

homem de negócio, isto teria governado as suas

transações de negócio. Eram elas para a glória de Deus?

Caso contrário Ele não teria nada a ver com elas. A sua

família, os seus irmãos, irmãs, mãe – ‘É minha família para

a glória de Deus?’ É o comportamento em nossas famílias,

em nós, em nossos filhos, em nossa relação de marido e

esposa, em como andamos como família, para a glória de

Deus? Como as pessoas vêem a coisa?

Mas, se você chega a uma posição como esta, onde você

realmente tem uma transação com o Senhor, não pense

que isto será uma vida de perda. Não, você irá ver a glória

de Deus. Este é o desfecho deste décimo primeiro capítulo

de João sobre Lázaro e suas irmãs em Betânia. Difícil

como o quadro estava para eles, a última cena é de uma

emanação da glória de Deus. Que cena deliciosa aquela do

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capítulo doze! Jesus chega a Betânia, onde Lázaro, a quem

Ele tinha ressuscitado, morava, e eles prepararam um

jantar para Jesus. Marta servia, com um novo espírito de

serviço, e Maria e Lázaro sentaram com os discípulos.

Deve ter sido uma hora maravilhosa – glória real na vida

de ressurreição. Mas eles tiveram que passar por algo a

fim de chegar naquilo! Tiveram que ser provados na

seguinte questão: ‘Não te hei dito que, se creres, VERÁS a

glória de Deus?" Você quer ver a glória de Deus em sua

própria vida? Não significará uma vida de perda, pois, se

você tiver a glória de Deus, você não poderá obter nada

além disso, ou melhor do que isso.

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2

GLÓRIA SOMENTE NA NOVA

VIDA DA RESSURREIÇÃO

Ler: João11

oltamos novamente ao capítulo 11 do Evangelho

de João, e eu lembro você de que este capítulo

representa o ápice da vida, do ensino do Senhor

Jesus durante os dias da sua carne. Isto é muito evidente,

pois você observa que o verso 47 diz: "O chefe dos

sacerdotes e os fariseus formaram um conselho, e

disseram, o que faremos?” O resto do capítulo mostra que

este foi o último dentre os vários conselhos tais como

este, e foi neste último conselho que eles definitiva e

finalmente decidiram que este Jesus devia morrer. Assim,

aqui temos aquilo que marca a culminação de Sua vida e

obra naquele tempo. O caráter decisivo não é o ato em si,

mas é a plenitude do próprio objetivo pelo qual Ele veio,

e, mais do que isto, é a plenitude dos conselhos de Deus.

V

Page 20: A Glória de Deus

Por traz deste capítulo há duas coisas. Há os eternos

conselhos de Deus chegando à sua conclusão em Seu Filho

naquela hora, e, então, há os conselhos contrários a Deus

que estão procurando trazer este Filho a um fim, para

destruí-lo. Os conselhos divinos são resumidos naquilo

que está neste capítulo. Não há dúvida de que você já o leu

muitas vezes, e, talvez, pense que o conheça. Se fosse

perguntado a você a respeito do que trata o capítulo onze

de João, você diria: “Bem, naturalmente, é o capítulo sobre

a ressurreição de Lázaro”, e, talvez, isto fosse tudo o que

você teria para dizer sobre ele. Em assim dizendo

(perdoe-me se isto soa um pouco como uma crítica sobre

a sua compreensão) você mostra como realmente tem

perdido o caminho. Naturalmente, todos nós dissemos

isto em tempo passado, porém, na medida em que temos

prosseguido, chegamos a enxergar algo mais, isto é, que

este capítulo contém todos os fatores e aspectos maiores

dos caminhos de Deus para a glória. Você entendeu isto?

O fim de todos os caminhos e obras de Deus é a glória, Sua

própria glória.

Às vezes parece um caminho tortuoso, como aquelas

irmãs sentiram enquanto durava a coisa toda. Às vezes

parece ser tudo, menos glória, e você pode muito bem

decidir, como talvez aquelas irmãs também decidiram,

que o fim não é a glória. Você poderia sentir que toda

aquela tristeza, toda aquela aflição, todo aquele

desapontamento e desespero não podiam levar à glória,

mas, do ponto de vista de Deus, aquele era o caminho da

Page 21: A Glória de Deus

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glória e para a glória. Deixe-me repetir: quando Deus

toma alguma coisa em sua mão – e você pode crer nisto! -

o fim será a Sua glória. Você não deve se equivocar quanto

a isto! O fim dos caminhos de Deus é a sua glória. Leia a

sua Bíblia à luz disto, e você terá a Bíblia toda em apenas

um capítulo – o capítulo onze de João.

FATORES NOS CAMINHOS DE DEUS PARA A GLÓRIA

Dissemos que este capítulo contém os fatores e marcas

principais nos caminhos de Deus para a glória. Quais são

alguns desses principais fatores?

Um dos maiores é a encarnação do Filho de Deus; o Filho

de Deus assumindo a carne; Deus se manifestou na carne.

Não é este um grande fator? O próprio propósito e

objetivo da encarnação, de Deus assumindo a carne,

tornando-se carne, são encontrados neste capítulo. Fique

com isto por enquanto.

Então há o método de Deus na redenção. A redenção é

outro grande fator, não é? Ninguém irá discordar disto!

Nos eternos conselhos de Deus a redenção é um grande

fator, e o método da redenção é a substância deste

capítulo onze de João.

Outra coisa – e eu estou muito certo de que, da mesma

forma como você concordou com os dois fatores acima, se

realmente você conhece algo dos caminhos de Deus,

também irá concordar com este – os caminhos de Deus

Page 22: A Glória de Deus

são muito estranhos, e estão além da explicação e da

compreensão humana. Enquanto Deus está se movendo

em direção ao seu objetivo, é muito difícil segui-Lo. O

apóstolo Paulo, que conhecia muito sobre o Senhor, falou

de sua experiência: "oprimidos além da medida" (2

Coríntios 1:8), ou, como em outra tradução, "além da

nossa medida". O Senhor está sempre um pouco à frente

de nós. Não seria diferente conosco, seria? Do contrário

estaríamos ocupando o lugar do Senhor! Se estivéssemos

à frente do Senhor, nossa dependência dEle logo cessaria.

Assim, o Senhor vai adiante de nós, além da nossa medida,

e nos tira de nossa profundidade a fim de ampliar a nossa

capacidade. Jamais cresceríamos se isto não fosse

verdade.

A maneira simples na qual o Evangelho de João ilustra isto

está no capítulo 10:4 "Depois de conduzir para fora todas

as que lhe pertencem, vai adiante delas". Bem,

naturalmente, você algumas vezes tem tomado isto como

uma declaração confortadora, porém há profundidade em

cada frase da Palavra Divina, e este Evangelho em

particular revela isto. "Depois de conduzir para fora

todas as que lhe pertencem, vai adiante delas" – Ele

sempre está à frente delas, e elas sempre um pouco atrás

dEle. De certa maneira, Ele é demais para elas. Elas têm

que se mover, e se mover, se quiserem chegar onde o

Senhor está, e, quando chegam lá, descobrem que Ele está

na frente novamente. Elas têm que se manter andando,

correndo o tempo todo.

Page 23: A Glória de Deus

23

O apóstolo Paulo explica isto quando disse ao final de sua

vida: "Para que possa conhecê-lo" (Filipenses 3:10). 'Eu

ainda não O alcancei’. Ele ainda está adiante de mim. 'O

mistério dos caminhos de Deus, a esquisitice daquilo que

chamamos de 'providência', é o maior fator dos caminhos

de Deus, e isto também está aqui neste capítulo.

Outra coisa, que de modo algum é algo pequeno, é a visão

de longo alcance de Deus. Quanto além de nós Ele

enxerga! Ou, deixe-me entrar neste capítulo – quão

distante o Senhor Jesus enxergava além daquelas irmãs e

dos discípulos! Eles simplesmente não podiam enxergar

além da experiência e do evento presente. A coisa que

estava imediatamente diante dos seus olhos, aquilo era o

horizonte deles. Mas Deus, em Cristo, estava se movendo

aqui pelo princípio da visão de longo alcance, além do

incidente, além do presente. Embora isto fosse grande

para eles, Jesus estava muito além disso. O seu horizonte

estava fora do alcance do evento, e Ele agia em

conformidade. A visão de longo alcance de Deus não é um

fator pequeno nos caminhos e nas obras do Senhor, e está

tudo aqui neste único capítulo.

Quão insondáveis são os caminhos e as obras de Deus!

O SENHOR NO CONTROLE

Agora, tendo dito isto, deixe-me retroceder um momento,

a fim de lembrá-lo de algo aqui que devemos agarrar.

Creia caro amigo, quando eu digo isto não é apenas o

Page 24: A Glória de Deus

ENSINO do Evangelho de João em um ou em todos os

capítulos com os quais tenho me ocupado. Isto tem que

vir diretamente para dentro de nossa própria história.

Tem que ser tirada da Bíblia, da história de Jesus durante

o seu tempo nesta terra, e colocado exatamente dentro da

nossa própria história, pois jamais chegaremos a lugar

algum se isto não for verdade. É verdade aplicada, e não

verdade teórica que temos aqui.

Assim, deixe-me dizer o seguinte: Aquilo que resulta para

nós, enquanto discorremos calma e atentamente neste

capítulo, é que o Senhor Jesus tem a situação em suas

mãos. Deixe-me colocar isto de outra forma. Se este é o

Deus encarnado, então é com Deus que estamos tratando

aqui. Quando você chega a este capítulo, você vê como o

Senhor Jesus tem tudo em suas mãos, e Ele não deixa que

nada saia de suas mãos durante todo o caminho.

Olhe para os vários aspectos! Ele disse que iria voltar para

a Judéia. Os discípulos imediatamente reagiram: 'Não, os

judeus recentemente buscavam matá-lo lá. Você não deve

voltar lá!’ Você observa o movimento para se tirar as

coisas das suas mãos, para governar os seus movimentos,

os seus julgamentos, as suas decisões, mas Ele não

permite. Ele toma o negócio em sua mão e avança. Há algo

que Ele procura, com o qual Ele se ocupa. Mensageiros

foram enviados a Ele, a fim de lhe falar sobre Lázaro,

quando Ele está em algum lugar distante, e sem dúvida

alguma, a mensagem significa o seguinte, embora não

Page 25: A Glória de Deus

25

esteja registrado: 'Lázaro está morrendo. Venha, por

favor! Venha rápido! Venha o mais rápido que puder!’

As irmãs amadas teriam dito isto, porém, fazer o que elas

queriam teria tirado o assunto de suas mãos e teria

governado o seu julgamento, controlado os seus

sentimentos, governado os seus movimentos, e

estabelecido um tempo que Ele não havia estabelecido.

Não, Jesus permaneceu onde estava. Ele tinha a situação

em suas mãos e não iria deixá-la sair de sua mão, embora

o apelo fosse da parte daqueles a quem Ele amava. Está

declarado que foi desta maneira. A situação era tal que

podia apelar para qualquer coração solidário, porém isto

não iria decidir o negócio. A coisa estava em suas mãos e

Ele estava para decidir o terreno sobre o qual trabalhava,

o tempo em que trabalhava, e quando Ele iria se mover, e

nada iria alterar a sua decisão.

Os judeus, naturalmente, sempre prontos para criticá-lo e

desacreditá-lo, e colocá-lo em má situação, disseram:

"Não poderia ele, que abriu os olhos dos cegos, ter

impedido que este homem morresse?” Todas estas forças

estavam em ação, do centro à circunferência dos seus

discípulos, a fim de controlá-lo, mas Ele não cedeu. Ele

tinha o assunto em suas mãos, e isto é uma coisa muito

importante. Por quê? Ele disse o seguinte: 'Esta

enfermidade não é para morte, mas para a glória de Deus’.

E o que mais? "E eu me alegro por vossa causa de que eu

lá não estivesse."

Page 26: A Glória de Deus

Oh! O que você faria a respeito? Coloque-se na posição

daquelas irmãs com um único e amado irmão à beira da

morte, aparentemente preso a uma doença fatal. Os

corações delas estavam apertados por causa da aflição e

da angústia; estavam quebrados, e os discípulos tinham

olhado para a situação e visto que Jesus sabia de tudo – e

esta foi a sua atitude: "Me alegro por vossa causa de que

Eu lá não estivesse."

Bem, como você vê, Ele toma conta da situação. Nós

estamos lidando com Deus. Ele está no controle, e, se Ele

está trabalhando para um determinado objetivo, você não

pode apressá-lo, você não pode assumir o controle e

obrigá-lo a fazer o que você quer. Ele vai alcançar o seu

objetivo, e isto pode ser um caminho de muita prova para

a nossa carne, mas Ele irá chegar lá, pois está no

comando.

A LEI DO TRABALHO

Nós geralmente cantamos, um pouco superficialmente e

sem observar nossas palavras mais cuidadosamente:

‘Como desejo subir nas maiores alturas!’ Pergunto-me se

nós percebemos, na medida em que cantamos isto, que as

maiores alturas apenas são alcançadas através das

maiores profundidades! Você e eu, caro amigo, jamais

iremos alcançar o propósito de Deus exceto ao longo do

caminho onde sejamos quebrados. É isto que diz este

capítulo. Enquanto estivermos inteiros, sólidos, bem

Page 27: A Glória de Deus

27

costurados, auto-confiantes, nunca iremos alcançar o

objetivo de Deus.

Como você vê, Deus, bem no início da Bíblia e da história

da humanidade, plantou algo na experiência humana que

se tornou a LEI de todo conhecimento verdadeiro de Deus

a partir daquele momento. A grande questão no jardim

era o ‘conhecimento’ do bem e do mal. O homem arriscou

pelo conhecimento, sob a instigação e inspiração do

diabo, e Deus diante daquela recusa, daquele

rompimento, estabeleceu uma lei, pelo que disse: 'Você

jamais irá obter conhecimento exceto através desta lei.

Tudo o que será verdade e real no futuro não será obtido

assim tão facilmente como você imagina’.

A lei do trabalho foi plantada no coração da humanidade.

O trabalho foi introduzido como uma lei para o futuro, e

você e eu conhecemos muito bem que o verdadeiro amor

só vem pelo trabalho. Ponha isto de outra forma: Nós

nunca valorizamos algo que não nos custa nada. Podemos

abrir mão dele muito facilmente se não tivermos pago

algum preço por ele, mas se tivermos pago um preço, se o

objeto foi custoso, se ele significa algo para nós de real

sofrimento, ou dor, ou grande prova, isto nos é

infinitamente precioso, e não abrimos mão dele

facilmente.

Da mesma forma Deus entrou logo neste ponto e colocou

esta lei do trabalho no coração do homem e na história

humana, e disse: 'Você tentou obter tudo de forma muito

Page 28: A Glória de Deus

barata, mas não irá conseguir nada que tenha valor sem

nenhum custo no futuro’. E a partir daquele ponto, você

observa esta lei ao longo de toda a Bíblia, até que chega ao

‘fruto do trabalho de sua alma’, o trabalho do jardim, o

trabalho da cruz, de que falou Isaías: "Ele verá o fruto do

trabalho de sua alma e ficará satisfeito"; no trabalho está

a preciosidade. É a lei, você vê, de que não há como

alcançar o coração de Deus e obter conhecimento

verdadeiro sem custo.

Pedro aprendeu isto de uma maneira profunda. Ele tentou

obter as coisas facilmente. "É bom estarmos aqui, Senhor,

permita-nos construir três tendas, uma para ti, outra para

Moisés, e outra para Elias”, e suponho, embora ele não

tenha dito isto, que ele quis dizer: 'Nós também teremos

algumas tendas. Permaneceremos aqui’. Pedro agiu assim,

mas entrou num caminho de profunda devastação através

cruz do Senhor Jesus, e anos mais tarde ele escreveu:

"Para vós os que credes é a preciosidade" (1 Pedro 2:7).

O último quadro da Igreja é o da cidade, e os seus portões

são de pérola, que é o símbolo de agonia, de sangue, de

lágrimas. É desta maneira que ela é produzida. A pérola é

de grande valor e é muito preciosa por causa do seu custo.

Eu disse que este é um capítulo abrangente, não disse?

Bem, iremos voltar a ele. Aqui estão àquelas caras irmãs, e

como foram elas batizadas na paixão, na agonia da cruz, e

como elas tiveram que experimentar o sabor da morte, a

Page 29: A Glória de Deus

29

fim de poderem conhecer a preciosidade da vida da

ressurreição! Não há outra forma.

"Eu me alegro por vossa causa de que não estivesse lá”.

Jesus havia previsto que, embora Ele estivesse correndo o

risco de ser mal compreendido – pois todos, as irmãs e

todos, estavam compreendendo-o mal e eram incapazes

de compreendê-lo – Ele devia aceitar o risco. Ele viu

adiante, lá no fim. E o que é o fim? "Não vos disse que se

crerdes vereis a glória de Deus?”

O fim de todos os caminhos de Deus é a glória. Quão rico e

quão pleno é tudo isto! Nós estamos na presença de Deus,

e, quando estamos aí, estamos diante das realidades mais

profundas. Oh, que possamos ter graça, quando o Senhor

nos tiver em suas mãos e estiver tratando de nós, não

para nos tirar de suas mãos, mas para permanecer lá em

glória inevitável!

A BATALHA DO COMPROMISSO

Estou um tanto hesitante, caro amigo, em acrescentar

mais palavras. Mas quero me assegurar de que aquilo que

estou dizendo vá mais a fundo do que há apenas em sua

cabeça, do que uma teoria e doutrina cristã.

Primeiramente, como dissemos da última vez, tem que

haver um absoluto compromisso com o Senhor. Agora,

naturalmente, suponho que alguns de vocês, se houver

algum, não diriam que renderam suas vidas ao Senhor, e

Page 30: A Glória de Deus

talvez você diga que se entregou completamente ao

Senhor. Mas você não sabe o que está dizendo! Sinto

muito dizer isto, mas esta rendição é fruto de uma longa

experiência. Nós jamais iremos chegar a um ponto onde

não haja mais batalha para ficar perfeitamente ajustado

ao propósito do Senhor. Não importa quanto você viva

aqui. Se você estiver caminhando com o Senhor, haverá,

bem no final, ocasiões nas quais você descobrirá que não

é fácil aceitar algumas novas revelações do propósito de

Deus para você.

De fato, você terá uma nova batalha em todo tempo neste

sentido, e é isto o que eu quero significar quando disse:

'Você não sabe o que está dizendo!' Isto não é,

naturalmente, para desencorajar ou diminuir qualquer

consagração que você tenha feito, mas tem que haver um

compromisso inicial e fundamental, quando dizemos:

'Agora, Senhor, eu não sei tudo o que isto irá significar, ou

como isto irá funcionar, ou o que isto irá custar, mas eu

me coloco em tuas mãos. Sou teu. Comprometo-me. Tu és

o meu Mestre, e quero que tu tenhas o controle absoluto

do meu ser. Se em algum momento se tornar difícil para

mim se render ao teu domínio, irei buscar graça para me

ajustar a ele.' Deve ser uma atitude de completo

compromisso.

Eu te pergunto - não como a soma total que isto significa –

tem o Senhor o senhorio do seu ser, da sua vida? Como já

falamos, isto toca cada ponto e aspecto. Ele tem o

Page 31: A Glória de Deus

31

senhorio dos seus negócios, de suas relações de negócio,

de suas transações de negócio? Você está fazendo

negócios que não esteja alinhado com a glória de Deus,

isto é, você está fazendo negócios que é uma contradição

à glória de Deus?

Uma vez conheci um jovem que tinha se saído muito bem

nos negócios e tinha perspectivas tremendas, porém ele

pertencia a uma das maiores empresas de tabaco da

Europa. Ele tinha uma boa posição, com grandes

perspectivas – e ele se deparou com esta questão de estar

ou não o Senhor sendo glorificado naquilo que ele estava

fazendo. Ele finalmente decidiu que aquele tipo de

negócio não era para a glória de Deus.

Quando percebeu o resultado daquele negócio, descobriu

que era contrário à glória de Deus na vida das pessoas,

assim, abandonou a sua posição e saiu da empresa. Por

um tempo ele foi provado por causa de sua atitude e pela

posição que tinha tomado de fidelidade a Deus. O Senhor

cuidou dele no final, mas eu não estou lançando isto para

dizer que você irá receber uma recompensa, ou terá uma

compensação.

O ponto é: não política, mas princípio. O mundo é

governado por política, por aquilo que é político, que é

diplomático. Este é todo o espírito e a lei deste mundo,

mas o Senhor Jesus não é nem político nem diplomático -

o princípio é a glória de Deus. É isto o que significa estar

comprometido. O seu lar está comprometido com a glória

Page 32: A Glória de Deus

de Deus, as suas relações domésticas, a sua vida e relações

sociais?

E assim podemos prosseguir. Não é uma questão de se

ajoelhar e dizer: ‘Senhor, eu sou teu. Entrego-me a mim

mesmo para ti de forma absoluta', e, então, quando o

Senhor chega no dia seguinte e diz: ‘Que tal isto?’ e então

você responde: 'Oh, eu não quis dizer isto!’ O Senhor é

muito prático!

Perdoe-me por falar assim, mas devemos, pois estamos

em tempos muito sérios, e Deus está próximo em vir, a

fim de passar a peneira. O fim irá ser um tempo tremendo

de peneiramento entre o povo do Senhor. Pedro diz,

falando sobre o tempo do fim: “O tempo de o juízo

começar pela cada de Deus é chegado" (1 Pedro 4:17), e,

se começa por nós, onde irá comparecer o ímpio pecador?

Nós seremos peneirados no seguinte: A sua prioridade

está na vida realmente estabelecida, e é esta prioridade a

glória de Deus? Se assim for, aconteça o que acontecer,

você conseguirá passar no teste e alcançará o objetivo de

Deus, a glória. "É com Deus que temos que nos haver!"

A ATITUDE DE DEUS PARA A VIDA HUMANA

Neste capítulo iremos tratar com as coisas finais, as coisas

primárias e as coisas eternas. Vou dizer algo que pode

talvez ser uma coisa muito difícil para você aceitar, mas

isto grita para nós e não podemos escapar dele, muito nos

machuca e nós não gostamos. Neste capítulo você

Page 33: A Glória de Deus

33

encontra a vida humana representada por inúmeros

aspectos diferentes. Você tem os judeus, os escribas e os

fariseus. Bem, você, talvez, não fique surpreso com a

atitude de Deus em relação a eles, mas entre no coração

do capítulo.

Aqui estão aquelas irmãs, e aqui Lázaro, todos tão

distantes, humanamente falando, dos escribas e fariseus e

dos principais. Você diria que eles eram pessoas amáveis,

mas qual foi a atitude do Senhor Jesus? Ele fica

indiferente, mantendo certa reserva. É dito que Ele

permaneceu onde estava por dois dias, e que quando Ele

chegou Lázaro já estava morto há quatro dias. Quatro dias

tinham se passado entre o recebimento da notícia e a

chegada lá, e, como você sabe, eles mencionaram a Jesus o

estado de coisas que naturalmente tinha prevalecido. Por

que Ele deixou Lázaro morrer? Ele poderia tê-lo

ressuscitado, pois tinha curado muitas pessoas e

ressuscitado outros. Por que este que era tão amado? Por

que Jesus permitiu que os corações das irmãs fossem

quebrados, rasgados com este pesar e angústia? Por que

esta atitude?

Esta é a atitude de Deus para com a humanidade, desde o

seu melhor em Adão ao seu pior. Esta humanidade em seu

melhor é algo que em Adão foi colocada de lado, e Jesus

não vai remendá-lo. Ele não vai dar um remédio para

curá-lo. Ele diz: 'Deve morrer!' A única coisa possível é a

Page 34: A Glória de Deus

ressurreição, uma vida completamente nova, algo

diferente do natural e terreno, mesmo em seu melhor.

Você pensa que estou exagerando, ou indo muito longe?

Quero que você apanhe este Evangelho e o leia do começo

ao fim. Por que o casamento em Caná da Galiléia? Por que

Ele foi lá, por que o vinho acabou e por que aquela

situação desagradável surgiu? "Eles não têm vinho", diz

sua mãe, num tipo de apelo e expectativa que Ele iria

fazer alguma coisa. Consternação está sobre a coisa toda.

Não sobrou nada. É um fim da própria coisa que faz a

vida. "Mulher, que tenho eu contigo? Meu tempo ainda

não é chegado”.

Tinha sido o apelo numa situação difícil, o apelo de uma

oportunidade, o apelo do coração de uma mãe, mas, não,

Ele não teria nada disso, pois há algo mais do que apenas

remendar esta festa. Tem que haver algo que esteja acima

do natural, e isto é a novidade de vida, e não a velha coisa

remendada. Esta coisa velha DEVE morrer, e, então,

apenas a ressurreição será a resposta. Esta é a explicação

– algo diferente. A atitude de Deus é que a velha criação

está arruinada, e a única perspectiva é a vida da nova

criação. "Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da

Galiléia, e manifestou a sua glória" (João 2:11). Glória é o

fim dos caminhos de Deus. Como? Em algo que está além

de qualquer possibilidade natural. Caná é o começo e

Lázaro é o fim da história.

Page 35: A Glória de Deus

35

No meio – Eu não posso me estender com eles, mas

apenas irei relembrá-lo de algumas coisas – lá está

Nicodemos, com toda a sua religião e com todo o seu

conhecimento, a quem Jesus disse: "Tu és mestre em

Israel e não compreende estas coisas?" (João 3:10). Todo

o conhecimento, aprendizado, posição e tradição religiosa

estão falidas. 'Você precisa nascer do alto. Esta sua vida

natural não irá fazer você chegar lá’.

Lá está o pobre homem no tanque de Betesda. Ele estava

há trinta e oito anos jazendo naquela posição, lutando

todo dia para conseguir ficar em pé e entrar na água.

Tente isto, talvez umas doze vezes por dia por trinta e

oito anos e veja se você tem muita esperança no final!

Sem o uso do tanque e sem qualquer ajuda artificial, Jesus

que é a ressurreição e a vida entra em cena e há outro

sinal, outra demonstração de quão sem esperança é a vida

natural até Jesus chegar, mas Ele vem com outro tipo, com

outra ordem de vida.

Então chegamos à mulher de Samaria em Sicar. Que

história de bancarrota moral é aquela! "Vá chamar o seu

marido… Eu não tenho marido… Disseste bem, não tenho

marido, pois já tivestes cinco maridos, e o que tem agora

não é seu marido”. Tudo se exaure neste terreno, "mas a

água que te darei tornar-se-á uma fonte de água que salta

para a vida eterna”... "Senhor, dá-me desta água" (João

4:14-15).

Page 36: A Glória de Deus

Assim João prossegue com seu Evangelho até que

chegamos a Lázaro, e aí neste capítulo tudo isto é reunido,

mostrando que a glória de Deus é o fim - "Vereis a glória

de Deus”. A glória de Deus não é algo que Deus pode fazer

na vida humana, pois Ele não irá por remendo. Os homens

podem fazer isto. Você chama os médicos e eles podem

ajudar a manter a coisa viva por um tempo, mas Deus diz:

‘Não, deixe morrer. A glória não está neste tipo de coisas.

É algo completamente diferente’.

O fim de todos os caminhos de Deus é desta maneira. Eu

realmente creio que você irá interpretar tudo à luz disto.

Você tem sofrido? Você tem apanhado muito? O que você

está fazendo a respeito? Você está colocando a coisa

meramente e somente dentro da categoria de coisas

comuns ao homem? Não, o fim é glória, e, quando você

passa a experiência, você vê a glória de Deus na nova vida

da ressurreição.

Page 37: A Glória de Deus

37

3

O PAI DA GLÓRIA... O SENHOR DA

GLÓRIA... O ESPÍRITO DA GLÓRIA

erseguindo a material que tem estado diante de

nós, quero chamar à sua lembrança três

fragmentos da Palavra:

"Por esta causa eu também, tendo ouvido sobre a fé no

Senhor Jesus que há entre vós, e o vosso amor para com

todos os santos, não cesso de dar graças por vós, fazendo

menção de vós em minhas orações; para que o Deus de

nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, possa vos dar um

espírito de sabedoria e de revelação no conhecimento dEle”.

(Efésios 1:15).

"Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus

Cristo, o Senhor da glória, em acepção de pessoas." (Tiago

2:1).

"Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre

vós para vos tentar, como se coisa estranha vos

P

Page 38: A Glória de Deus

acontecesse; mas alegrai-vos no fato de serdes

participantes das aflições de Cristo, para que também na

revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo

nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois,

porque sobre vós repousa o Espírito da glória ..." (1 Pedro

4:12-14).

Permita-me apenas lembrá-lo de que temos estado

ocupados com a verdade de que o fim de todos os

caminhos de Deus é glória. Definimos glória como sendo a

expressão da plena e final satisfação de Deus, Deus dando

de Si mesmo. Seu prazer, seu deleite, e, como um contágio

celestial, aqueles que estão dentro de seu alcance ficam

muito conscientes de que Ele está contente, satisfeito.

Num lugar Ele é chamado de “o Deus bem-aventurado” (1

Timóteo 1:11), mas o original diz 'o Deus alegre'.

Você sabe que, se você entra na presença de pessoas que

estão realmente alegres, você é afetado e infectado por

elas. É possível estarmos entre pessoas que estão rindo

bastante e começarmos a rir também, mesmo sem saber

do que estamos rindo! A atmosfera influencia você. Agora,

se Deus está feliz, satisfeito, bem contente, e você entrar

em contato com Ele, você recebe algo vindo Dele e sente

aquela alegria. É exatamente este o significado de glória:

Deus estando completamente contente com a situação,

com uma vida, com uma pessoa, e, se você puder ser esta

pessoa, você simplesmente recebe Dele contentamento,

satisfação, bem-aventurança.

Page 39: A Glória de Deus

39

Assim, o fim de tudo aquilo que é realmente de Deus é

este maravilhoso poder de seu prazer pessoal. Penso que

não haja nada em todo o universo tão abençoado como o

ter o senso de que o Senhor está satisfeito. Deve ter sido

um grande dia para Abraão, um maravilhoso,

inexpressível dia, quando Deus o chamou de seu amigo, e

para Daniel, também, quando o mensageiro de Deus disse:

"Ó, Daniel, homem muito amado". O que você quer mais

do que isto de Deus? Isto é glória, não é? Bem, Deus está

trabalhando nessa direção em todas as suas obras no

universo, na criação e nos remidos.

Você terá notado a partir dessas três passagens que o

Deus trino, as três pessoas da trindade, estão

pessoalmente relacionadas com a glória. Primeiro, o Pai

da glória; segundo, o Senhor da Glória; e terceiro, o

Espírito da glória. Cada membro da Divindade assume o

caráter dessa palavra ‘glória’, e cada pessoa da trindade

está supremamente interessada na glória. Isto abre uma

grande porta, mas não irei muito longe através dessa

porta neste momento. Apenas irei mencionar que você

pode ver em toda a Bíblia como Deus, como Pai, a

primeira Pessoa da trindade, está sempre interessada

com a glória; como o Senhor Jesus, a segunda Pessoa da

trindade, está sempre trabalhando na linha da glória; e,

então, como o Espírito Santo, ao longo de todo o caminho,

está operando na direção da glória, sendo a glória o

interesse governante.

Page 40: A Glória de Deus

Vou parar por aqui, pois é uma longa, longa linha de

revelação muito abençoada. O meu ponto neste momento

é que a Divindade está unida, é uma nisto. Os três estão

unidos a respeito de glória, e o interesse dos três é apenas

um único interesse. Como já dissemos, esta é a prioridade

deles. Assim, a prioridade do Deus trino é a glória.

Tudo o que vou fazer agora é dizer algumas palavras

sobre cada uma dessas designações – o Pai da Glória, o

Senhor da Glória, e o Espírito da Glória – e que o Senhor

nos dê algo em nossos corações a partir desta breve

meditação!

O PAI DA GLÓRIA

O que isto significa? Bem, significa que Deus é a fonte da

glória, e esta glória emana dEle. O princípio da

paternidade é que o Pai é a fonte, o início e o idealizador,

de modo que tudo que realmente emana de Deus tem,

como seu propósito e destino, a glória. Nós somos filhos

de Deus, e o próprio objetivo de nós sermos seus filhos

em sua mente é que possamos chegar à glória, isto é, que

possamos finalmente ser trazidos a esta posição - oh,

maravilhoso pensamento! Muito maravilhoso para se

entender! – Deus diz: 'Estou perfeitamente satisfeito e

contente’. Você pode imaginar Deus dizendo isto a seu

respeito? Pode você crer que o Deus Todo-Poderoso,

Eterno, Perfeito, Santo, grande Deus, possa olhar para nós

e dizer: ‘Estou muito satisfeito. Entre no gozo do seu

Senhor, na própria satisfação do coração de meu Pai?’.

Page 41: A Glória de Deus

41

Isto é muito para nós entendermos por ora, não é? Mas

este é o significado de sua paternidade. Ele nos gerou, nos

trouxe à existência como seus filhos, é o responsável por

nós existirmos como seus filhos, tem assumido

responsabilidade conosco como seus filhos, e tudo com

esta única finalidade de nos trazer ao longo do caminho

para o propósito que é o de entrar nessa indizível

consciência de que Ele não tem absolutamente nada

contra nós, mas que está satisfeito ao máximo.

Tudo o que procede de Deus, sejam os seus filhos, seja a

sua criação, vem destinado a esta glória de sua perfeita

satisfação. As coisas são assim no final da Bíblia. Há um

estado de glória, uma gloriosa condição, que significa o

resultado, a emanação da própria e perfeita satisfação de

Deus. Paulo coloca isto da seguinte forma: "Predestinados

para serem conforme a imagem de seu Filho’. (Romanos

9:29). O que significa isto? Seu FILHO! - "Meu Filho

amado, em quem tenho todo o prazer” (Mateus 3:17).

E nós seremos conformados a isto! Iremos herdar a

própria atitude de Deus em relação ao seu Filho, chegar a

esta posição e condição que seu Filho ocupa da perfeita

satisfação do Pai.

Como você vê, os mesmos procedimentos que o Pai tinha

para com o seu Filho também tem para conosco. "Filho

meu, não desprezes a correção do Senhor, nem te

desanimes quando por ele és repreendido; pois o Senhor

corrige ao que ama, e açoita a todo o que recebe por

Page 42: A Glória de Deus

filho". (Hebreus 12:5,6). Para que é esta correção? "Na

verdade, nenhuma correção parece no momento ser

motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois produz um

fruto pacífico de justiça nos que por ele têm sido

exercitados." (Hebreus 12:11). O que é justiça? É aquela

paz completa no coração no sentido de que o senso de

retidão de Deus está satisfeito.

O SENHOR DA GLÓRIA

"Nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória" é como

Tiago o chama, e isto é uma grande coisa que Tiago, o seu

próprio irmão na carne, poderia dizer dEle! Houve um

tempo quando Tiago não cria em Jesus. "Pois até mesmo

os seus irmãos não criam nele" (João 7:5), era o que tinha

sido dito sobre Tiago anteriormente. Naturalmente, temos

uma idéia bastante perspicaz do porque disto. Naqueles

primeiros dias, Tiago e os demais irmãos de Jesus eram

um bocado mundanos e tinham os olhos para o negócio,

para o sucesso, para a aceitação popular, e eles desejaram

especialmente ficar bem com as autoridades.

Isto é mundanismo, não é? É o espírito do mundo

desejando ficar bem com as autoridades. O irmão mais

velho deles estava tomando uma direção que estava

deixando-os em dificuldade em relação às pessoas que

tinham poder para tirar tudo dEle, e eles pertenciam a sua

família, o que significava que eles iriam sofrer por Jesus

ter tomado aquela linha. Bem, iremos parar por aqui, mas

penso que é um julgamento justo daquela afirmação:

Page 43: A Glória de Deus

43

“Mesmo os seus irmãos não criam nele”. Eles não podiam

aceitar o caminho que Ele estava tomando, pois não traria

popularidade.

Agora aqui está este irmão de Jesus, muitos anos depois,

chamando-o de ‘o Senhor da glória’. Algo tinha

acontecido! Tiago está dizendo que seu próprio irmão é “o

Senhor da glória”! Uma vez ele não cria nEle, mas agora o

chama de “o Senhor da glória”. Isto realmente é algo

maravilhoso! Mas o que ele quis dizer, e o que significa

chamá-lo de ‘o Senhor da glória’?

Bem, você sabe, se alguém é o senhor, ele tem tudo

debaixo de seu controle. Se você pudesse ser um ‘senhor’,

então, as coisas estariam sob o seu controle e poder. Você

dita como serão as coisas. Sim, você é senhor desta

situação, e, na verdade, em todas as situações. Jesus é

Senhor, e, como Senhor da glória, Ele está numa posição

de autoridade.

Pedro, que uma vez o negou veementemente, mais tarde

disse: “Este é o Senhor de todos" (Atos 10:36). Algo

grande tinha acontecido em Pedro, também, tanto como

em Tiago. De fato, tinha acontecido em todos eles, pois

todos o chamavam de ‘Senhor’. Sabemos do próprio

contexto das palavras de Pedro que ele estava naquele

momento tendo que reconhecer a autoridade absoluta do

Senhor Jesus. Pedro estava argüindo um pouco. Era muito

estranho que ele pudesse estar argüindo com o Senhor

Jesus naquele momento: “Não, Senhor, pois nunca comi

Page 44: A Glória de Deus

coisa alguma imunda ou impura”, mas ele teve que

sucumbir à autoridade do Senhor Jesus, e ele assim o fez.

Então, disse: "Ele é o Senhor de todos”, querendo dizer

que Ele estava no comando de Pedro e de toda situação, e,

estando no comando, aquela situação iria ter o fim que Ele

havia planejado. Assim, quando Tiago diz, “o Senhor da

glória”, isto significa que o Senhor Jesus está no comando

de todas as coisas, a fim de fazê-las resultar em glória.

Você tem apenas que ler através do livro de Atos dos

apóstolos, como é chamado, e, na medida em que você

segue, você vê o Senhor da glória dominando as situações.

Sim, fase após fase, estágio após estágio. Precisamos

apenas dar um ou dois exemplos.

Pedro na prisão, com seus pés amarrados e quatro

guarnições de soldados para guardá-lo, e as portas

interiores e exteriores da prisão firmemente trancadas.

Herodes tinha se assegurado de que aquele homem não

iria escapar! Esta parece uma proposição um tanto difícil,

não parece? Eu duvido se teria sido possível para

qualquer homem ter libertado Pedro aquela noite. A todo

custo, todas as forças deste mundo estavam determinadas

no sentido de que ele não pudesse escapar. Ele é o homem

chave, estratégico naquele movimento, assim, ele deve ser

mantido em segurança. Muito bem, tomem toda

precaução, toda medida, a fim de tornar tudo seguro.

Porém, o Senhor da glória tem outros caminhos, e assim,

um anjo chega e toca em Pedro, que estava dormindo.

Page 45: A Glória de Deus

45

É maravilhoso que, quando o Senhor da glória está no

comando, você pode ir dormir, mesmo em situações onde

você será levado à execução no dia seguinte! Você está

numa cela individual, e sabe que amanhã terá o mesmo

destino que Tiago, e será executado, mas pode ir dormir

durante a noite toda. Bem, é necessário o Senhor da glória

para permitir que você faça isso, de modo a poder dizer:

’O Senhor tem a coisa em sua mão, então eu vou dormir’.

Lembro-me de um homem que esteve aqui no oeste nos

tempos selvagens, muito tempo atrás. Ele estava viajando

e chegou a uma cabana, que ficava num lugar perigoso

onde ursos perambulavam por toda a parte. Ele estava

muito cansado depois de ter viajado o dia todo, mas achou

que não podia entrar na cabana, que podia apenas

descansar debaixo do toldo do lado de fora, assim, deitou

ali. Ele pertencia ao Senhor e, antes de descer, leu o

salmo: “Eis que não tosquenejará nem dormirá o guarda

de Israel". Disse: 'Bem, Senhor, não adianta nós dois

ficarmos acordados. Se Tu dizes que irá ficar acordado a

noite inteira, então eu vou dormir!' E assim, ele foi dormir

e teve uma ótima noite. Isto é confiar no Senhor!

Pedro foi dormir e um anjo o despertou, quebrou as suas

cadeias e os seus grilhões, e disse: 'Levante-se e siga-me'.

Eles deixaram os guardas, a cela e as cadeias, e saíram

pela primeira porta, então pela próxima, até chegarem

fora dos portões, os quais se abriram por si mesmos, e

Pedro estava livre. Esta circunstância, aparentemente tão

Page 46: A Glória de Deus

adversa e impossível, estava nas mãos do Senhor da

glória. E o que dizer sobre glória? Temos as cartas de

Pedro, escritas anos mais tarde, e são cartas maravilhosas,

não são? A vida de Pedro foi maravilhosa, e muita riqueza

chega até nós através do ministério de Pedro nessas

cartas.

Só mais uma coisa daquele livro de Atos. Estamos em

Filipos. Paulo e Silas chegaram, porque o Senhor os tinha

enviado para lá. 'Eles queriam ir para a Ásia, mas foram

impedidos pelo Espírito Santo, e intentaram ir para a

Bitinia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu’. Então,

imaginando o que significava aquilo - 'Por que não nos foi

permitido ir por este caminho, ou por aquele?’ - Paulo,

numa visão, viu um homem macedônio e o ouviu dizer:

“Passa à Macedônia e nos ajuda." "E", disse Lucas,

"concluindo que Deus nos havia chamado para lhes

anunciarmos o evangelho" (Atos 16:10), navegaram e

chegaram a Filipos, muito certos de que o Senhor os tinha

enviado para lá – e a próxima coisa que souberam foi que

estavam num calabouço, com os pés amarrados e com as

costas sangrando após as chicotadas.

Agora, o que você diz sobre isto? O que você irá fazer

sobre isto? Parece uma tremenda contradição, e que um

terrível engano havia sido cometido. Estão eles dizendo:

‘Entramos em confusão em relação à nossa orientação?’

Não! Nem um pouco. Naquela condição eles estavam

cantando e louvando a Deus à meia-noite. O Senhor da

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glória tem a situação nas mãos, e isto é provado antes da

manhã. Há um terremoto, os prisioneiros são libertos, o

carcereiro e sua família foram batizados, e a igreja em

Filipos foi estabelecida.

O carcereiro e sua família estavam entre os primeiros

membros e eu não acredito que os membros de sua

família eram infantes! É dito: "Eles lhes falaram a palavra

do Senhor”, e você não coloca um bebê inocente numa

cadeira e prega o evangelho para ele, ou ensina as coisas

de Cristo a ele. Eram pessoas inteligentes e

suficientemente adultas para entender o ensino e a

pregação de Paulo, e para aceitá-la, de modo que foram

todos batizados como pessoas responsáveis.

Eles estavam entre os primeiros membros daquela igreja;

e nós temos esta linda carta vinda da própria prisão de

Paulo, escrita anos mais tarde, quando ele estava em

Roma. Nós não iríamos sacrificar esta carta aos filipenses

por nada, iríamos? Ela é muito preciosa. Há o Senhor da

glória, como você vê. É o Livro dos Atos do Espírito Santo,

os atos do Senhor da glória, pois Ele está no comando.

Penso se poderíamos crer nisto quando estivermos em

prisões, amarrados, com todas as coisas contra nós, e

estivermos tendo um tempo difícil! Se pudéssemos

sempre dizer: ‘O Senhor é o Senhor da glória. Ele tem o

controle disto e o fim será glória!’ Bem, a coisa funciona

desta maneira, muito embora Ele tenha que nos dizer

mais adiante: ‘Ó, homem de pouca fé! Por que

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duvidastes?’ Embora nós, diante da prova, algumas vezes

sentimos que não há nada de glória na situação, ou em

nossa condição, no final Ele é fiel, e descobrimos que a

glória é o fim dos caminhos estranhos do Senhor. Ele é o

Senhor da glória, o que significa que Ele controla tudo

com glória à vista.

O ESPÍRITO DA GLÓRIA

Pedro chama o Espírito Santo de ‘Espírito da glória’.

Agora, o contexto é necessário como pano de fundo deste

título do Espírito Santo. Se você ler a primeira carta de

Pedro, irá ver que, em grande parte, é sobre os

sofrimentos do povo do Senhor para quem ele está

escrevendo. É dito que ele está escrevendo “aos

estrangeiros dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia

e Bitinia, eleitos de acordo com a presciência do Deus

Pai”. Então, ele abre esta questão dos sofrimentos dessas

pessoas: “Amados, não estranheis a ardente provação que

vem sobre vós para vos experimentar, como se coisa

estranha vos acontecesse”.

Há muito sobre sofrimentos do povo do Senhor nesta

carta de Pedro, e, quando mencionou os sofrimentos, há

duas coisas que ele associa a isto: primeiro graça, e, então,

glória; graça resultando em glória. É de muita ajuda

observar como Pedro fala de graça, mas, infelizmente, em

nossa tradução, há lugares onde a palavra é mudada, e a

palavra ‘agradável’ é usada. No capítulo 2:19 e 20 lemos:

“Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da

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consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo

injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando,

sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois

afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus”. Porém,

colocando isto corretamente temos algo muito rico:

"Porque isto é GRAÇA, que alguém, por causa da

consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo

injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando,

sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois

afligidos e o sofreis, isso é GRAÇA para com Deus". Graça,

então glória.

No capítulo 5:10 Pedro diz: “E o Deus de toda a graça, que

em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de

haverdes padecido um pouco, Ele mesmo vos

aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá”.

Através do sofrimento por um pouco de tempo haverá

graça suficiente para nos fazer triunfantes. Graça

triunfante no sofrimento, isto significa glória.

Algumas vezes cantamos:

Jesus, Tua vida é minha, habite sempre em mim; e me

deixe ver que nada pode tirar a sua vida de mim.

Isto veio da cama de um inválido! É alguma coisa, não é?

Bem, isto é o que Pedro está falando a respeito – os

sofrimentos, a ardente prova, e, então, ele diz: 'Graça nisto

significa glória'. O Espírito da glória.

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O Senhor nos ajude! Podemos dizer estas coisas, e dizê-las

cuidadosamente, com cautela, pois podemos, assim, ser

submetidos ao teste nestas coisas que falamos. O Espírito

da glória pode pegar as coisas que poderiam nos destruir,

que poderiam ser a nossa ruína caso tivéssemos a reação

errada a elas, e transformá-las em glória. Este sofrimento,

esta reação, esta prova pode significar glória. Paulo disse:

"E, para que me não exaltasse demais pela excelência das

revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um

mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de que

eu não me exalte demais; acerca do qual três vezes roguei

ao Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: A minha

graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na

fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas

minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o

poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas

injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas

angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco,

então é que sou forte. Tornei-me insensato; vós a isso me

obrigastes; porque eu devia ser louvado por vós, visto que

em nada fui inferior aos demais excelentes apóstolos,

ainda que nada sou. Os sinais do meu apostolado foram,

de fato, operados entre vós com toda a paciência, por

sinais, prodígios e milagres" (2 Corinthians 12:7-10).

O Espírito da glória pode pegar as nossas provas, e fará

isso, se confiarmos nEle, e transformará as coisas das

trevas, as coisas difíceis, as coisas dolorosas, em glória.

Isto é, naquelas coisas que Ele irá nos levar para

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encontrar o prazer de Deus, a satisfação de Deus, e que

coisa mais gloriosa poderíamos desejar do que isto , do

que ouvi-lo dizer: “Feito está, servo bom e fiel. Entra no

gozo do teu Senhor”?

O Pai da glória, o Senhor da glória e o Espírito da glória.

Que o Senhor coloque estas palavras em nossos corações!