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A Graça e a Lei 4º TRIMESTRE • 2011• Nº 297

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A Graçae a Lei

4º TRIMESTRE • 2011• Nº 297

2 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 3

1 OUT 2011

1 A natureza da graça

Definição: “Graça, apesar dos seus diversos usos na Escritura, tem como principal sentido teológico o favor imerecido de Deus manifestado àqueles que mereciam apenas condenação. Trata, portanto, da atitude e ação de Deus que busca a salvação do ser humano. Isto fica especial-mente evidenciado na obra de Jesus Cristo. A graça, por isso, refere-se ao que Deus realiza, em contraste com o que as pessoas fazem. Em alguns dos seus usos, a graça envolve o que Deus concede ao ser humano, a fim de que este possa viver uma vida santificada. De certa forma, este último uso decorre do primeiro.” (LINDEN, Gerson Luis. Graça. (In) FILHO, Fernando Bortolleto (Org.). Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008, p. 461)

Uma ilustração: “Se você já foi a Londres, talvez tenha visto a realeza. Se já foi até lá, você deve ter notado a afetação, a indiferença, o distan-ciamento. Em algum momento, a realeza da Inglaterra vai virar notícia porque um dos nobres vai parar, ajoelhar-se e tocar ou abençoar um plebeu. Isso é graça. Não há nada no plebeu que o torne merecedor de ser notado, tocado ou abençoado pela família real. Contudo, por causa da graça no coração da pessoa da realeza, existe naquele momento uma vontade de parar, curvar-se, tocar e até mesmo abençoar.” (SWINDOLL, Charles R. O Despertar da Graça. São Paulo: Mundo Cristão, 2009, p. 23)

O coração do doador: “Mostrar graça é estender favor ou bondade a alguém que não a merece e que nunca poderá fazer nada para ganhá-la. Receber a aceitação de Deus pela graça sempre se coloca em fortíssimo contraste com a tentativa de obtê-la com base nas obras. Todas as vezes que surge o pensamento sobre a graça existe a idéia de ela ser imerecida. De modo algum o recipiente está recebendo aquilo que merece. O favor é estendido simplesmente em razão da bondade presente no coração do doador.” (Idem, p. 24)

No Antigo Testamento: “Uma das expressões empregadas diversas vezes é ‘achar graça’ aos olhos do Senhor (Ex 33.12-17; 34.9; 2 Sm 15.25),

ou ‘diante de Deus/do Senhor’ (Gn 6.8; Pv 3.4; cf. Lc 1.30; At 7.46). O sentido da expressão indica que Deus se manifestou gracioso para com a pessoa. Normalmente trata-se de uma situação excepcional, algumas vezes diante de uma grande ameaça (como fica evidente no caso de Noé – Gn 6 e de Moisés – Ex 33). O que chama a atenção é que Deus se mos-tra gracioso para com alguém (a pessoa que ‘achou graça’ aos olhos de Deus), no entanto esta graça acaba por trazer benefício a outras pesso-as.” (LINDEN, Gerson Luis. Graça. (In) FILHO, Fernando Bortolleto (Org.). Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008, p. 461)

No Novo Testamento: “O termo charis, traduzido por graça, é en-contrado cento e cinqüenta e cinco vezes, no Novo Testamento, das quais dois terços nos escritos do apóstolo Paulo, com preponderância nas epístolas aos Coríntios (vinte e oito vezes), aos Romanos (vinte ve-zes) e aos Efésios (doze vezes). Nos Escritos de Lucas o termo encontra--se oito vezes no Evangelho e dezessete em Atos. O termo ‘graça’ não é usado por Jesus no sentido de presente imerecido, da parte de Deus para a humanidade. No entanto no seu ensino e especialmente na ação desenvolvida entre as pessoas, Jesus mostrou concretamente a forma graciosa de Deus agir em favor daqueles que nada tinham a oferecer.” (Idem, pp. 461-462)

4 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 5

A base da salvação: “O sentido básico de graça em Paulo é favor, ou seja, atitude e ação realizadas para o benefício de alguém. No caso da graça divina, trata-se sempre do favor imerecido, por parte do receptor. Para o apóstolo, a graça de Deus está na base da salvação dada por Deus ao ser humano, através de Jesus Cristo. Há um vínculo estreito, em Paulo, do conceito da graça de Deus com outros temas que lhe são centrais, como salvação (Ef 2.5; 2 Tm 1.9; Tt 2.11), justificação (Rm 3.24; 5.16,18; Tt 3.7), fé (Rm 4.16; Fp 1.29; 1 Tm 1.14).” (LINDEN, Gerson Luis. Graça. (In) FILHO, Fernando Bortolleto (Org.). Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008, p. 462)

Romanos 5:1: “Analise cuidadosamente essas palavras. Sendo justifi-

cados pela fé, e não pelas obras, temos aquilo que tanto desejamos: paz com Deus. É por meio de nossos méritos? De modo algum. O versículo afirma que fomos justificados pela fé. É por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor, que pagou o preço absoluto e final pelo pecado quando morreu em nosso lugar na cruz. O pecado contra Deus exigiu o pagamento feito com a morte. Jesus Cristo, o substituto perfeito, fez o pagamento derra-deiro e definitivo em nosso favor. Isso lhe custou a vida. Como resultado, Deus concede o dom gratuito da salvação a todo aquele que crê em seu Filho.” (SWINDOLL, Charles R. O Despertar da Graça. São Paulo: Mundo Cristão, 2009, p. 41)

A abrangência da graça: “A graça de Deus envolve um amplo con-junto de ações em favor da humanidade; desde a escolha do seu povo (Gl 1.15; Ef 1.3-6; 2 Tm 1.9), a proclamação do evangelho que oferece gratuitamente a salvação (1 Co 9.18; 2 Co 6.1; Gl 2.9; Ef 3.2-8), como especialmente a obra de Cristo (Rm 5.15,16,18; 2 Co 8.9; Ef 1.7), a dádiva da justificação (Rm 3.24; Tt 3.7) e até mesmo a vida santificada dos cren-tes (Rm 6.14,15; 2 Co 8:4; 9:8).” (LINDEN, Gerson Luis. Graça. (In) FILHO, Fernando Bortolleto (Org.). Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008, p. 462)

Os assassinos da graça: “Quando a graça é a única coisa pela qual podemos clamar, quem recebe a glória? Aquele que foi para a cruz. Ago-ra, a grande pergunta: Você consegue entender por que os assassinos da graça vão atacar essa grande verdade? É claro sim! Porque ela atinge o cerne da religião que prega que você deve fazer as coisas por si mesmo e receber toda a glória. (...) Esqueça! Em sua graça, Deus lhe oferece o dom gratuito do perdão. Tudo o que você precisa fazer é aceitá-lo. Assim que o aceitar, você receberá poder para abandonar, deixar de lado, sair, desistir, começar – seja o que for. Mas não confunda a salvação. Ela é sua com base unicamente no dom gratuito de Deus. (...) a ênfase não está naquilo que fazemos para Deus; em vez disso, está naquilo que Deus fez por nós.” (SWINDOLL, Charles R. O Despertar da Graça. São Paulo: Mun-do Cristão, 2009, p. 48)

A justificação: “A humanidade tem um duplo problema conseqüente do pecado e da queda. Por um lado, existe a corrupção básica da nature-za humana; nosso caráter moral foi maculado pelo pecado. Esse aspecto da maldição é anulado pela regeneração, que reverte a direção e as ten-dências gerais da natureza humana. O outro problema, no entanto, per-manece: nossa culpa ou possibilidade de punição por não termos cum-prido as expectativas de Deus. É desse problema que trata a justificação. A justificação é o ato de Deus declarar que, aos seus olhos, os pecadores são justos.” (ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1997, p. 408)

8 OUT 2011

2 A salvação pela graça

6 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 7

Cruz, um sinal de vergonha: “A escolha da cruz como símbolo supre-mo do cristianismo foi ainda mais extraordinária porque na cultura grego--romana a cruz era um sinal de vergonha. Os romanos reservavam a mor-te dolorosa e humilhante da crucificação para os seus piores criminosos e mais perigosos traidores. Nenhum cidadão romano foi jamais crucificado. Cícero condenou a crucificação como ‘a punição mais cruel e repugnan-te’.” (STOTT, John. Por que sou cristão. Viçosa: Ultimato, 2004. p. 57)

Uma prova de amor: “O valor de um presente de amor é medido pelo que ele custa ao doador e pelo quanto o presenteado o merece. Um jovem apaixonado dá à sua amada presentes caros porque considera que ela os merece. Mas Deus, ao dar seu Filho, deu a si mesmo para morrer por seus inimigos. Deus tudo àqueles que dele nada mereciam. E essa é a prova do amor de Deus para conosco. Assim, o que recebemos na morte substitutiva de Jesus Cristo não é uma solução para o problema da dor, mas a evidência firme e segura da justiça e do amor de Deus, à luz da qual podemos aprender a viver, amar, servir, sofrer e morrer.” (Idem, pp. 64-65)

Palavras amargas: “O apóstolo Pedro, um autor que geralmente não usava muitos verbos descritivos, diz que os passantes ‘atiravam’ insultos ao Cristo crucificado. Eles ‘atiravam’ pedras verbais. Tinham toda a inten-ção de ferir e machucar. ‘Quebramos o corpo, vamos quebrar agora o es-pírito!’ Esticaram os arcos com a auto-retidão e lançaram flechas afiadas e cheias de puro veneno. De todas as cenas em volta da cruz é essa a que me provoca mais ira. Que tipo de pessoas, pergunto a mim mesmo, iria zombar de um homem agonizante? Quem seria tão vil a ponto de derra-mar o sal do escárnio sobre feridas abertas?” (Lucado, Max. Seu nome é Salvador. 7 ed. São Paulo: Editora Vida Cristã, 2009, pp. 22-23)

Um alto preço: “... o amor de Deus em Cristo é absolutamente singu-lar, pois, ao enviar seu Filho para morrer pelos pecadores, ele estava dan-do tudo, até a si mesmo, àqueles que nada mereciam dele, exceto juízo. O preço da dádiva está claro. Os versículos 6 e 8 [do cap. 5 de Romanos]

dizem apenas que ‘Cristo morreu’. Mas o versículo 10 esclarece quem é esse ‘Cristo’, ao dizer Deus nos reconciliou consigo mesmo ‘mediante a morte de seu Filho’. Antes disso Deus havia enviado profetas, e às vezes até anjos. Agora, porém, enviou o seu único Filho, e ao dar o seu Filho ele estava dando a si mesmo.” (STOTT, John R. W. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU, 2000, p.167)

Cristo, o modelo de abnegação: “Sem dúvida, como Deus, Jesus Cristo não precisava de coisa alguma! Tinha toda a glória e o louvor do céu e, juntamente com o Pai e com o Espírito, reinava sobre o universo. Mas Filipenses 2:6 declara um fato extraordinário: ele não considerava sua igualdade com Deus ‘usurpração’ nem ‘algo a que se apegar egois-ticamente’. Jesus não pensava em si mesmo, pensava nos outros. Sua visão de mundo (ou atitude) era de preocupação abnegada pelos outros. Esse é ‘o mesmo sentimento que houve também em Cristo’.” (WIERSBE, Warren. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento. Vol. 2. Santo André: Geográfica, 2006, p.95)

15 OUT 2011

3 O Preço da Graça

8 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 9

Fé e obras: “A justificação se dá pela graça de Deus, por meio da fé, não de obras. (...) Então, as obras não tem mais valor no cristianismo de hoje? Em caso afirmativo, o cristianismo pode estar promovendo uma conduta imoral. Por outro lado, se elas ainda têm vez, será que o sacri-fício de Cristo pode não ter sido o bastante para salvar-nos? (...) Nós, os protestantes, respondemos – ou deveríamos responder – que somos jus-tificados pela fé em Cristo, e que as obras devem, necessariamente, exis-tir, se fomos verdadeiramente justificados. (...) [Então] fé = justificação + obras.” (BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã: uma de teologia ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 368)

Imperativos éticos: “Uma das questões que se poderia colocar é como entender a centralidade da graça de Deus no Novo Testamento, sendo que há tão grande ocorrência de imperativos éticos. Não estaria aí, uma afirmação, ainda que indireta, da responsabilidade humana em realizar o que Deus ordena e, portanto, o aspecto do merecimento por parte daquele que age em conformidade com o padrão ético estabe-lecido? O fato é que estes imperativos jamais são apresentados como requisitos para a entrada no reino. São, antes, normas para aqueles que já estão no reino, tendo recebido o chamado do Senhor, um chamado que é feito pela graça (Jo 1:17; At 18.27; Rm 11.5; Gl 1.15; 2 Tm 1:9; etc.).” (LINDEN, Gerson Luis. Graça. (In) FILHO, Fernando Bortolleto (Org.). Di-cionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008, p. 463)

Viva como uma pessoa livre! “Imagine ser lançado numa prisão, apensas suspeito de uma acusação, deixado ali, praticamente esqueci-do, enquanto o sistema, sempre tão lento, o mantêm encarcerado. Você fica doente. É tratado com crueldade. Sofre abuso, apanha. Você não começaria a ter sentimentos de perdição e desespero? [Agora pense na pergunta:] ‘Nós, os que morremos para o pecado, como podemos con-tinuar vivendo nele?’. Quem se oferecia para ser jogado numa prisão por outra série de meses, já tendo estado ali e sofrido as consequências de tal situação? A idéia dele [Paulo, em Rm 6:2] é: então, por que escravos

libertos, que já foram libertos do pecado e da vergonha, voltariam a viver debaixo da mesma dominação por mais tempo?” (SWINDOLL, Charles R. O Despertar da Graça. São Paulo: Mundo Cristão, 2009, p. 129).

Vítimas indefesas: “‘Sim, mestre. Sim, mestre. Não me bata, mada-me... serei um bom escravo’. Palavras assim fariam uma pessoa adoecer, especialmente ex-escravos. Você diz: ‘Eu jamais diria tal coisa!’. Oh, sim, você diria! Fazemos isso toda vez que nos vemos como vítimas indefesas de nossos desejos e tentadores pensamentos pecaminosos. Chamo isso de correr amedrontado de um mestre que não tem mais direitos sobre nós. Quão melhor seria dizer ‘eu me recuso a viver assim por mais tempo. Pela graça de Cristo, viverei, não mais como vítima’. Sim, você pode vi-ver dessa maneira. A maioria, porém, foi programada para viver daquele outro jeito.” (Idem).

Uma ética da graça: “Assim sendo, a ética do Novo Testamento é, por assim dizer, uma ética da graça. Nenhum dos imperativos éticos sugere que a pessoa tenha capacidade em si mesma, ou mérito próprio. Também aí a graça de Deus se manifesta, capacitando a pessoa a realizar aquilo que é da vontade de Deus para a sua vida (1 Co 15.10; 2 Co 4.15; 8:4; Ef 3.8; etc.).” (LINDEN, Gerson Luis. Graça. (In) FILHO, Fernando Bortolleto (Org.). Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008, p. 463).

22 OUT 2011

4 Os efeitos da graça

10 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 11

29 OUT 2011

5 A natureza da lei

O conceito de lei na Bíblia: “Há variações tanto na utilidade do Anti-go Testamento como nas aplicações com distinções diferentes do Novo Testamento. No Antigo Testamento, a utilização mais simples e mais limi-tada da palavra Lei é para o Livro da lei, identificado com o livro de Deu-teronômio, e, de forma mais específica, com o Decálogo ou Dez Man-damentos, que são o cerne da Lei judaica (...). Mais tarde, a Lei passou a abranger os cinco primeiros livros do Antigo Testamento, o Pentateuco, também chamado de Torá. Logo, o conceito se expandiu bastante. A fra-se a lei e os profetas, que aparece com freqüência no Novo Testamento, (...) sugere que a Lei é a totalidade do Antigo Testamento com exceção dos livros proféticos.” (BOICE, James Montgomery. Fundamentos da fé cristã: uma de teologia ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Central Gos-pel, 2011, p. 192)

No Antigo Testamento: “No Antigo Testamento, lei e vontade de Deus se confundem, na maioria das vezes (2 Cr 15:3; Is 2:3; Mq 4:2). É um instrumento de justiça para o povo de Israel (Is. 42:21) e para os imigran-tes estrangeiros que habitavam em seu meio (Êx 12:43-51). Outro aspec-to significativo é que a lei está estreitamente relacionada com a aliança (...). Foi mediante a lei que Israel se funda como nação a partir da aliança celebrada com Deus (Js 24:16-25). Estas leis deveriam tanto regular a relação com o Senhor, quanto as relações de convivência social (...). Estas normativas deveriam orientar toda a conduta humana e especialmente estabelecer os direcionamentos do culto.” (LINDEN, Gerson Luis. Graça. (In) FILHO, Fernando Bortolleto (Org.). Dicionário Brasileiro de Teologia. São Paulo: ASTE, 2008, p. 566)

No Novo Testamento: “A torá, que o Novo Testamento por vezes chama de ‘Lei de Moisés’, cuja expressão aparece oito vezes, também tem o status de vontade perene de Deus (Mt 23:2; Lc 24:44; Jo 7:23). Era freqüentemente identificada com a expressão ‘a Lei e os Profetas’ (Mt 7:12, 22:40; Lc 16:16). Esta expressão se referia, ocasionalmente, ao Anti-go Testamento como um todo (Mt 5:17; Rm3:21). Além dos evangelhos,

os escritos paulinos também concedem à lei o mesmo status de vontade de Deus para o ser humano.” (Idem, p. 567)

Três tipos de leis: “(a) A Lei Civil tinha a finalidade de regular a so-ciedade civil do estado teocrático de Israel. Como tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade (...). (b) A Lei Religiosa tinha a fi-nalidade de imprimir nos homens a santidade de Deus e apontar para o Messias, Cristo, fora do qual não há esperança. Como tal, foi cumprida com sua vinda (...). (c) A Lei Moral tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir entre o bem e o mal. Como tal, é aplicável em todas as épocas e ocasiões.” (MEISTER, Mauro. Lei e graça. São Paulo: Cultura Cristã, 2003)

Lei para quê? “O principal meio escolhido por Deus para revelar a pecado e o pecador é a Sua Lei, registrada nas Escrituras, e a revelação é propósito primário da Lei. Uma visão comum da Lei é que o seu pro-pósito é ensinar-nos como sermos bons. Todavia, essa não é a ênfase da Bíblia. É verdade que a Lei instrui os ímpios para que se abstenham de praticar o mal, e ela ensina também aos cristãos a expressão da vontade e do caráter de Deus, para que possam firmar-se na vida cristã. Contudo, o objetivo principal da Lei é convencer-nos de que somos pecadores e precisamos de um salvador. E de conduzir-nos a ele.” (BOICE, James Mon-tgomery. Fundamentos da fé cristã: uma de teologia ao alcance de todos. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2011, p. 191)

12 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 13

A Lei na Nova Aliança: “Deus declarou que colocaria neles Seu pró-prio Espírito para mudar a inclinação pecaminosa (Ez 36:27) e escreveria Suas leis no íntimo e não em tábuas de pedra (...). Sob a velha aliança, a lei de Deus era externa, escrita em tábuas de pedra e em pergaminhos. Na nova, a lei passaria ser interna (2 Co 3:7-18). Antes de Cristo, que inau-gurou a nova aliança, a observância da lei dependia em grande parte do esforça humana (...). A nova aliança dependia mais do poder divino. Agos-tinho observou que a lei concedido por para que busquemos a graça, e a graça nos é oferecido para que possamos cumprir a lei.” (SHEDD, Russell P. Lei, Graça e Santificação. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 17)

Jesus não aboliu a lei: “Jesus não cancelou a lei de maneira alguma: ‘Não cuideis que vim revogar a lei ou os profetas... Até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da lei, até que tudo se cumpra’ (Mt 5:17,18). Pelo contrário, por estas palavras, Jesus estabelece a lei de maneira absoluta. A forma como Jesus interpretou a lei dá-nos a base para entendermos o que Deus quer de todos os que reivindicam ser seus filhos. Neste sermão, o mais notável dentre os milhões profe-ridos ao longo dos séculos, Deus nos confronta com majestade de Sua perfeição moral.” (Idem)

O Crente em Cristo e a lei de Deus: “A lei opera para vida ou morte no pacto das obras e somente para a morte no pacto da graça. No pac-to das obras, por mérito, o homem poderia continuar vivo e merecer a ‘árvore da vida’. Portanto, pela obediência o homem viveria. No pacto da graça a lei opera para condenação do homem caído. Porque o homem já está condenado, ele não pode mais cumprir a lei e ela lhe serve para a morte (...). O crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de Cristo. O mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas conse-qüências, compra-nos o benefício da salvação e a graça de conhecermos a vontade de Deus pela sua lei.” (MEISTER, Mauro. Lei e graça. São Paulo: Cultura Cristã, 2003)

Três faces distintas da lei: “Na velha aliança, a lei tinha três acepções distintas. 1) Cívica ou civil, imposta sobre Israel como nação teocrática. 2) Cerimonial, tratando dos ordens divinas para o culto das ordens divinas para o culto até a vinda de Jesus. Era para Ele que os ritos apontavam. Foi nEle que se cumpriram. 3) A lei moral reflete a natureza santa de Deus. Essa lei nunca foi abolida, nem podia ser. A lei, neste sentido, é santa ( Rm 7:12,14).” (SHEDD, Russell P. Lei, Graça e Santificação. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 1998, p. 24)

A vigência da lei: “A lei era um mestre para ensinar a Israel através dos séculos e ajudá-lo a permanecer em contacto com Deus (Gálatas 3:24). Mas junto com a lei foi instituído um sistema de sacrifícios e ce-rimônias para que o pecado fosse retirado. Assim se ensinou que a sal-vação é pela graça. Os profetas posteriores demonstraram que sem fé e amor as formas, cerimônias e sacrifícios da lei de nada valiam (...). Con-quanto a lei não seja um meio para se alcançar a salvação, tem vigência como norma de conduta para crentes.” (HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Vida, 2007, p. 132)

5 NOV 2011

6 A vigência da lei

14 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 15

As obras não justificam: “O argumento de Paulo é irrefutável. Pelas obras da lei, ninguém pode jamais ser justificado à vista de Deus. Por que não? Considere, por um instante, o que a lei demanda. Nada menos que isto: que uma pessoa ame a Deus ‘de todo’ seu coração, alma, mente e força, e que ela ame a seu próximo como ala a si própria (Mt 22.37-40, Mc 12.29-31 e Lc 10.27). O apóstolo tem demonstrado que é exatamente esse amor que estava ausente no coração de ambos, gentio [...] e judeu [...]. Ele deixou bem claro que todas as pessoas estão condenadas diante de Deus (3.9).” (HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Romanos. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, pp. 166-167)

A lei não conduz ao pecado: “Aparentemente, a lei é caracterizada como barreira que impede o casamento com Cristo [...] de forma que quanto mais cedo nos desvencilharmos dela, melhor. Para alguns isso deve ter soado como puro antinomismo: A lei é pecado? Então, o que é bom [a lei] se tornou em morte para mim? (13). Isto é, será que alei é responsável pelo pecado e pela morte, tendo, portanto, uma influência tão destruidora que seria melhor nós a repudiarmos completamente? Será isso o que Pau-lo está ensinando? A resposta do apóstolo às duas questões é imediata e vem com uma violenta negativa: De modo nenhum! (7, 13).” (STOTT, John R. W. A mensagem de Romanos. São Paulo: ABU, 2000, p.236)

A lei nos prepara para a aceitação do evangelho: “Na figura usada aqui [em Gl 3:24], o ‘pedagogo’ é um homem – geralmente escravo – que tem sob sua custódia os filhos de seu amo, levando-os à escola e trazen-do-os de volta, vigiando sua conduta durante todo o dia. [...] A disciplina que ele exercia muitas vezes era severa, de tal forma que aqueles que eram postos sob sua guarda suspiravam pelo dia em que seriam emancipados. [...] essa era precisamente a função da lei. Seu caráter era preparatório e disciplinar, preparando o coração daqueles que estavam sob tutela para a pronta aceitação do evangelho da justificação.” (HENDRIKSEN, William. Comentário do NT: Gálatas. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p.179).

O evangelho não é desprovido de lei: “Paulo havia experimentado o poder do evangelho (Rm 1:16), e Deus lhe havia confiado o ministério do evangelho (1 Ts 2:4). A Lei e o evangelho andam juntos, pois a Lei sem o evangelho é como um diagnóstico sem remédio; mas o evangelho sem a Lei é como boas-novas de salvação para pessoas que não acreditam que precisam ser salvas, pois nunca ouviram as más notícias do julgamento. A Lei não é o evangelho, mas o evangelho não é desprovido de lei (Rm 3:20-31).” (WIERSBE, Warren. W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Tes-tamento. Vol. 2. Santo André: Geográfica, 2006, p.275)

Cristo, o alvo da lei: “Alguém, porventura, gostaria de entender o alvo, o significado e a substância da lei veterotestamentária? Então estu-de Cristo. O propósito da lei não é precisamente estabelecer o amor? Ver Deuteronômio 6.5 e Levítico 19.18 (nessa ordem); cf. Mateus 22.37-39. Não é Cristo, porventura, a própria incorporação do amor, quer em sua vida quer em sua morte? E não é verdade que, em virtude desse amor que o levou a sofrer a morte no lugar de seu povo, agora há o direito de estar com Deus para todo aquele que repousa sua confiança no Salva-dor?” (HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento: Romanos. São Paulo: Cultura Cristã, 2001, p.451)

12 NOV 2011

7 Os propósitos da lei

16 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 17

A obediência à lei e felicidade: “Para o salmista, a felicidade não tem nada de complicado: ‘Como são felizes os que andam em seus caminhos irrepreensíveis, que vivem conforme a lei do Senhor! Como são felizes os que obedecem aos seus estatutos e de todo coração o buscam!’ (Sl 119:1,2). A lei do Senhor não opressora, não é desmancha-prazeres, não é exibição de soberania. A lei do Senhor revela a mentira original e en-caminha a vítima da mentira para verdade. Ela protege a felicidade do crente nesta vida.” (CÉZAR, Elben M. Lenz. Refeições diárias com o sabor dos Salmos. 2 ed., Viçosa (MG): Ultimato, 2006, p. 248)

Desobediência é rebeldia: “Todo aquele que praticas o pecado tam-bém transgride a lei, porque o pecado é transgressão da lei (1 Jo 3:4, versão ARA). O particípio presente indica que João estava novamente examinan-do o modo de vida. Ele está preocupado com a pessoa que pratica o pe-cado habitualmente. Ao chamar isto de ‘transgressão da lei’ João expande o conceito de ‘transgredir a lei’. Não é simplesmente uma questão de violar uma regra específica do código, mas sim uma questão de uma ati-tude rebelde. Foi Deus quem deu a lei, portanto a transgressão da lei é, no fundo, uma rebelião contra Deus.” (RICHARDS, Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008, p. 537)

Obediência à lei e a salvação: “Nossa obediência não nos torna me-recedores de salvação, é claro. Mas a conversão genuína a Cristo, inevita-velmente, produz obediência. Portanto, embora a obediência nunca seja uma condição para a salvação, todavia, ela é sempre fruto da salvação. Essa é razão pela qual as Escrituras falam da obediência como uma evidência essencial do verdadeiro Cristianismo: ‘Aquele que diz: Eu o conheço e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade’ (1 Jo2:4).” (SPROUL, R. C. Crer e Observar. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 40)

Obedecer-lhe é um dever! “Certamente, devemos obedecê-lo em razão do profundo amor que temos por ele. E a simples alegria de agra-dá-lo deveria permear nossa obediência. Entretanto, nunca deveríamos

pensar em obediência como algo menor que um dever sagrado. Nosso amor a Cristo não transforma nossa submissão a ele em algo opcional. Cristo ainda é nosso Mestre, e nosso relacionamento com ele acarreta uma grande responsabilidade. Devemos servi-lo como servos devotados e amorosos.” (Idem, p. 42)

Deus quer nossa obediência: “Obediência a Deus e à sua lei é mar-ca do verdadeiro crente. Ele diz com Davi: ‘Tua lei é o meu prazer’. Ele afirma com Cristo: ‘Vim para fazer a tua vontade, ó Deus’, Ele concorda com Cristo quando ao fato de que a evidência de nosso amor por Cristo é a nossa obediência a Cristo. Deus deseja nossa obediência, pois dessa forma o honramos por nossa submissão as suas leis, seus estatutos e seus mandamentos. Entretanto, como Spurgeon afirmou acertadamente: ‘Ele ordena e recebe obediência, mas é a obediência de boa vontade do rebanho bem cuidado que expressa alegremente ao seu amado pastor cuja voz eles conhecem tão bem.” (Idem, p. 134)

19 NOV 2011

8 A obediência à lei

18 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 19

A autoridade do decálogo: “Êxodo 20.1 lembra-nos: ‘falou Deus todas estas palavras’. A origem e a autoria divina dos Dez Mandamentos são su-premas. Não se trata da legislação humana ou de uma assembleia legisla-tiva. Não há um comitê de consulta no Horebe e no Sinai. Não há nenhum obstrucionista, nem cerimônia para assinatura de contrato em algum salão elegante. É Deus falando com o seu povo. Não há negociação aqui. É dis-curso divino – ‘Então, falou deus todas estas palavras’ (...) os Dez manda-mentos não são ‘dez sugestões éticas’ de Deus. São leis. São ordens.” (MO-HLER Jr., R. Albert. Palavras de fogo. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 31)

A lei foi dada a um povo já salvo: “O pacto da lei não teve a in-tenção de ser meio de salvação. Foi celebrado com Israel depois de sua redenção alcançada mediante poder e sangue. Deus já havia restaurado Israel à justa relação com ele, mediante a graça. Israel já era povo. O Se-nhor desejava dar-lhe algo que o ajudasse a continuar sendo seu povo e a ter uma relação mais íntima com ele. O motivo que levasse a cumprir a lei haveria de ser o amor e a gratidão a Deus por havê-los redimido e fei-to filhos seus.” (HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Vida, 2007, p. 131)

Deus se revela na lei: “O Deus que revelou essa lei também revelou a si mesmo. ‘Eu sou o Senhor, teu Deus.’ Primeira pessoa de intimidade. Primeira pessoa de autoridade. Ele usa seu nome revelado ‘EU SOU’. Essa é a Palavra pessoal e salvífica, identificada por Deus, que situa sua pró-pria lei em seu propósito redentor. Leia a passagem com atenção: ‘Eu sou o Senhor, teu Deus’. Que Deus? Quem é esse Deus? ‘Que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão’ (Êx 20:2).” (MOHLER Jr., R. Albert. Palavras de fogo. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 32)

Quem ama a lei, ama o legislador: “Amavam a lei porque eles com-preendiam que a lei revelava o Senhor a quem ela pertencia. Se nós o amamos, então obviamente desejamos viver uma vida que o agrade. De-sejamos compreender que aquilo que ele diz é virtuosos. Amamos a lei por que é a sua lei, porque amamos o Legislador. Como é possível amar

a Deus e odiar a sua lei? É exatamente isso que Jesus disse: ‘Se me amais, guardareis os meus mandamentos’.” (SPROUL, R. C. Crer e Observar. São Paulo: Cultura Cristã, 2009, p. 18)

A preciosidade do decálogo: “Deus fez escrever os dez mandamen-tos em duas tábuas de pedra. Foram guardadas dentro da arca durante séculos. Portanto, deu-se ao tabernáculo o nome de ‘tenda do testemu-nho’ para lembrar aos israelitas que dentro da arca estava a lei e que de-viam viver de acordo com ela. Os primeiros quatro mandamentos tratam da relações que devem imperar entre os homens e Deus, e os restantes têm que ver com as relações dos homens entre si. A ordem é muito apropriada. Somente os que amam a Deus podem em verdade amar a seu próximo.” (HOFF, Paul. O Pentateuco. São Paulo: Vida, 2007, p. 132)

26 NOV 2011

9 O prefácio da lei

20 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 21

Deus é mais importante: “Buscar uma vida de amor leal a Deus sig-nifica que cultivamos nossa afeição por ele. À semelhança de qualquer relacionamento de amor genuíno, isso implica pensar em Deus, apreciá--lo, honrá-lo, temê-lo, confiar nele, esperar nele, deleitar-se nele, clamar a ele e render-lhe gratidão. significa dar mais importância a Deus do que a qualquer outra coisa, a fim de que, quando você tiver de decidir por algo em que a tendência do seu coração é dizer não, mas para honrar a Deus você teria de dizer sim, você diga sim – porque Deus dá mais importância a você do que a qualquer outra inclinação do seu coração.” (SMITH, Colin S. As maiores lutas de sua vida. São Paulo: Vida, 2007, p.20)

O único Deus: “A obrigação primordial das pessoas para com o seu criador é o reconhecimento de que Ele é o único Deus. As pessoas, em seu estado natural de pecado, têm a tendência de adorar coisas visíveis em lugar do Criador. As Escrituras registram várias ocasiões em que o povo de Deus caiu nesse pecado. Por outro lado, temos registros de fide-lidade e adoração verdadeira ao Deus Criador e de como essa lealdade foi reconhecida e recompensada por Deus.” (PORTELA, Solano. A lei de Deus hoje: compreendendo os limites traçados para as pessoas e para a sociedade: a lei moral de Deus. São Paulo: Os Puritanos, 2000, p.48)

Os ídolos são ofensivos: “A razão que Deus dá para não nos curvarmos aos ídolos é que ‘ele é o que é’, e ele não quer que tenhamos a pretensão de achar que ele é o que desejamos que seja. Isso seria profundamente ofensivo. Essa é a mensagem que nossa cultura pós-moderna precisa ou-vir. Deus não é qualquer coisa que queremos que seja. Não é uma projeção das últimas tendências ou aspirações. Não pode ser refeito de acordo com as conveniências ou conforto. Deus é o que é, por isso não devemos fazer ídolos que projetem nossas próprias idéias e desejos em relação a ele.” (SMITH, Colin S. As maiores lutas de sua vida. São Paulo: Vida, 2007, p.33)

A profanação do nome de Deus: “Vivemos numa época em que o ar está poluído de profanidades. Quase não se pode assistir a um filme,

ler um romance, ou sequer escutar rádio sem ouvir o nome de Deus to-mado em vão. Uma das definições do termo profano fala de ‘aviltar ou desonrar aquele que é santo ou digno de respeito’. É um ataque sobre algo sagrado. Uma tentativa de tirar do pedestal algo que é exaltado ou respeitado. Quando profano alguma coisa, tento fazê-la descer ao meu nível, de modo a reduzi-la ao meu tamanho.” (MEHL, Ron. A ternura dos Dez Mandamentos: reflexões sobre o amor do Pai. 2 ed. São Paulo: Qua-drangular, 2006, p.75)

O nome é importante: “Como podemos deixar de honrá-lo? Como desonrar a própria fonte de toda honra e bênção? E, na mesma linha de pensamento, como podemos ficar silenciosos quando o seu nome é arrastado na lama? Como podemos continuar assistindo um filme ou lendo um livro onde o nome de Jesus é deliberadamente difamado? Já vi homens se agredindo por causa de algo dito a respeito de sua espo-sa, namorada, mãe ou irmã. Já vi homens prontos a arriscar a vida para defender o nome e reputação de um ente querido. Os nomes são impor-tantes! E o nome de Deus, o Nome acima de todo nome, é certamente importante.” (Idem, p.79)

3 DEZ 2011

10 A lei e a adoração

22 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 23

Descansar é necessário: “Imagine só! Êxodo 20:11 diz que em seis dias o Senhor fez os céus e a terra, o mar, e tudo o que neles há, des-cansando no sétimo dia. Você acha que o Senhor pode ter algum discer-nimento quanto à sua própria criação? Acha que pode saber algo sobre você e eu que tendemos a esquecer? O Senhor nos conhece muito bem, não é? E no seu profundo amor por nós sabe quando precisamos des-cansar. Deitar. Refletir. Nos comunicarmos de novo com Ele, o Autor da vida. Ele embutiu em nós esta carência tão seguramente quanto nossa necessidade de água, alimento e oxigênio.” (MEHL, Ron. A ternura dos Dez Mandamentos: reflexões sobre o amor do Pai. 2 ed. São Paulo: Editora Quadrangular, 2006, p.96)

Sábado, um tempo para Deus: “No seu amor, creio que o Senhor está dizendo: ‘Você trabalha noite e dia. Quando não esta trabalhando, está fazendo tantas outras coisas que acaba exausto. Está ocupado, ocupado, ocupado, sem tempo para Deus, sem tempo para avaliar seu coração e sua vida. Você pensa que correndo desse jeito vai prosperar. Pensa que se não encher todas as horas extra com trabalho ou diversão, era perder o melhor da vida’. Mas o princípio do sábado é o exato oposto! O fato é que o tempo separado para o Senhor nunca é perdido.” (Idem, p.101)

Sábado: Quem primeiro o guardou? “Em Êxodo 20.11; 23.12; 31.17, diz-se que o sábado deve ser observado porque serve como um memo-rial do descanso de Deus depois de Sua grande obra criadora. Assim, em Êxodo 20.10 o autor bíblico escreve que esse é o dia do Senhor. Deus descansou no sétimo dia da criação e por isso deseja que o homem, criado à Sua imagem, também encontre o Seu repouso. Até o boi e o jumento (animais de serviço) merecem pausa (Êx 23.12). Deus descansou não por motivos físicos, porque Ele nunca Se cansa: o repouso divino refere-se ao simples fato de que Deus cessou de trabalhar (Gn 2.2).” (REI-FLER, Ulrich Hans. A ética dos dez mandamentos: um modelo de ética para os nossos dias. São Paulo: Vida Nova, 1992, p.88)

O descanso é para todos: “Deus nos chama para compartilhar a bên-ção do descanso com todos que fazem parte do nosso campo de influ-ência [...]. Descansar parece, geralmente, ser privilégio daqueles que dis-põem de recursos. O empresário pode passar muito tempo em seu clube de campo enquanto o salário mínimo de um trabalhador imigrante indica que ele tem de trabalhar sem parar a fim de conseguir o suficiente para sobreviver. No mundo é assim, mas Deus chama o seu povo para formar um conjunto diferente de valores, deixando claro que todos, em sua área de influência, são capazes de desfrutar do dia de descanso.” (SMITH, Colin S. As maiores lutas de sua vida. São Paulo: Editora Vida, 2007, p.61)

Sábado: evite profaná-lo: “Em Isaías 58:13, 14 o profeta explica como reverenciar o dia do Senhor. Primeiro ele aponta o lado negativo, aquilo que não se deve fazer nesse dia: profanar o nome do Senhor, cuidar dos próprios interesses, pretender fazer a própria vontade, falar palavras inúteis. Depois, o profeta salienta a versão construtiva, aquilo que deve ser feito: considerar este dia como dia do Senhor, honrá-Lo e deleitar-se em Deus. Novamente percebe-se que o objeto da reverência solene não é o dia em si, mas o Senhor do dia.” (REIFLER, Ulrich Hans. A ética dos dez mandamentos: um modelo de ética para os nossos dias. São Paulo: Vida Nova, 1992, p.89)

10 DEZ 2011

11 A lei e o sábado

24 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 25

Autoridade: “O respeito pela autoridade é aprendido em casa. Por isso a força e o funcionamento da vida familiar é tão importante para o bem da nação. Se esse respeito é quebrado no lar, breve se desintegrará na escola, no local de trabalho, na comunidade e na nação. Uma cultura não sobreviverá por muito tempo quando o respeito pela autoridade é rompido no convívio familiar. Por isso Deus diz: ‘Honra teu pai e tua mãe, a fim de que tenhas vida longa na terra’.” (SMITH, Colin. As mais lutas de sua vida: Os dez mandamentos no seu dia-a-dia. São Paulo: Vida, 2007, p. 65)

Honra: “A palavra ‘honra’ no quinto mandamento significa literalmente ‘dar peso a’ ou ‘considerar importante’. Traduzido assim tão literalmente, o mandamento diz: ‘Considera teu pai e tua mãe importantes’. ‘Dá peso a teu pai e tua mãe’. (...) Quando seu pai ou sua mãe dizem algo, não desconsidere isso. Ouça o conselho deles. Não se afaste de suas orientações; leve-as a sério. Dê valor ao que eles dizem, ao que pensam e ao que desejam.” (Idem, pp. 66-67)

Bênção: “Porque devemos honrar pai e mãe? Para podermos viver. Para não sermos sobrecarregados ou escravizados pela amargura. E não sermos destruídos. A fim de podermos gozar as boas dádivas de Deus para nós no decorrer da vida. O Senhor está dizendo: ‘Você fará isso? Vai honrar o pai e a mãe que lhe dei? Se obedecer, vou honrar sua vida, abençoá-la e prolonga-la. Como o amo, também quero adverti-lo: se violar este mandamento, isto irá afetar toda a estrutura da sua vida’.” (MEHL, Ron. A ternura dos Dez Mandamentos. 2 ed. São Paulo: Quadrangular, 2006, p. 115)

Adultério: “Isto não é totalmente novo, claro, pois o adultério não é uma invenção da modernidade. De fato, o sétimo mandamento nos lembra que essa prática é um dos primeiros pecados da humanidade. Na primeira entrega dos Dez Mandamentos, em Êxodo 20.14, lemos estas sucintas palavras: ‘Não adulterarás’. E o adultério era tão bem entendido que não foi preciso grande elaboração, definição ou explicação. Sabemos exatamente o que Deus quer dizer com este mandamento.” (MOHLER, JR., R. Albert. Palavras do fogo. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 107)

Colapso: “... o pecado do adultério apunhala o cerne da aliança entre um homem e uma mulher – atinge o cerne da confiança e fé, do amor e do sentimento. Abala o relacionamento entre o marido e a esposa, bem como a própria família. O adultério dá início a um colapso que ameaça toda a sociedade, pois como podemos confiar um no outro se não podemos confiar um no outro em nosso compromisso mais íntimo? Se não conseguimos manter a confiança e fidelidade dentro do pequeno e inerente universo significativo do casamento, como podemos confiar um no outro no comércio, na política, nos negócios, na cultura, na vida?” (Idem)17 DEZ 2011

12 A lei e a família

26 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 27

A santidade da vida: “‘Não matarás.’ No contexto original, aqueles que faziam parte da aliança com o povo de Deus não podiam assassinar um companheiro israelita. Ainda, devido à imago Dei, a imagem de Deus, segundo a qual a humanidade é criada, esse mandamento é universali-zado para todos os seres humanos. Os seres humanos não tem o direito de matar. (...) esse respeito é pela vida criada a imagem de Deus, com a dignidade e o valor da vida fundamentada no Criador e não na criatura. (...) A palavra hebraica para matar é utilizada treze vezes na Bíblia, e aqui se refere claramente ao fato de sermos proibidos de matar um ao outro, matar sem autorização ou matar por maldade. Entretanto, o verbo pode estender-se também à carnificina, ou ao homicídio sem intenção, que é negligente quanto à sua forma.” (MOHLER Jr., R. Albert. Palavras de fogo. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 91)

A singularidade da vida humana: “A vida humana é criada a imagem de Deus, e isso a torna sagrada. Tirá-la é um insulto e implica destruição da imagem de Deus. Por isso, nós lutamos para respeitá-la e viver em paz com os outros (...). A imagem de Deus no homem faz a diferença entre outras formas de vida no planeta. Ele dá vida às arvores, aos peixes, às plantas e aos animais, mas nenhum deles traz a sua semelhança. (...) exis-te intransponível abismo entre a vida de peixes, plantas e animais e a vida de um homem ou uma mulher feitos à sua imagem [isto é, a imagem de Deus].” (SMITH, C. S. As maiores lutas da vida. Tradução de Jair A. Rechia. São Paulo: Vida, 2007, p. 79)

A dignidade da propriedade particular: “O oitavo mandamento é muito simples e direto: ‘Não furtarás’ – e a simplicidade o torna mais forte ainda. A Bíblia apresenta uma teologia da posse pessoal. (...) A Bí-blia dignifica a propriedade privada, e a fixa na imago Dei, a imagem de Deus. Furtar de outra pessoa não é meramente furtar o bem que é dela. É agredir a dignidade do outro como ser humano, o qual tem direito do trabalho de suas mãos, ao produto de seus talentos e ao bem que é legalmente seu. Esse princípio é absolutamente necessário para o fun-

cionamento da sociedade.” (MOHLER Jr., R. Albert. Palavras de fogo. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 119)

Mentiras, não: O nono mandamento: “Uma mentira pode acabar com uma vida, ou destruir uma reputação. (...) Todos os dias, os israelitas davam testemunho por meio de processo legal. Numa cultura íntegra, em que a reputação significava tudo e na qual a vida e a morte estavam em jogo, o falso testemunho podia levar à morte. A lei de Israel incluía um sistema detalhado de como a evidência ou o testemunho deveria ser dado contra alguém, especialmente em relação àqueles acusados de crimes muito graves. Não é de admirar, entretanto, que o Antigo Testa-mento proíba, repetidamente, o falso testemunho. A verdade sobre o próximo tinha que ser dita sempre, pois mesmo um incidente de falsa acusação poderia danificar a estrutura social de toda uma comunidade. As mentiras subvertem a exigência fundamental da civilização.” (MOH-LER Jr., R. Albert. Palavras de fogo. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 132)

Sobre mentira: “Essencialmente, mentir é dizer algo para alcançar

determinado resultado, sem considerar se o que foi dito é verdade. Há muitas maneiras de tornar isso possível. A bajulação, por exemplo: al-guém a definiu como ‘dizer a alguém pela frente o que você jamais diria pelas costas!’. (...) é uma estação da linha da mentira. Exagero é outra estação nessa linha. Na tentativa de dar boa impressão, você exagera quanto algo que disse, fez ou executou, tomando para si créditos que, de fato, pertencem também a outros (...). Mexerico é outra estação na linha da mentira. Significa fazer comentários verdadeiros ou falsos a respeito de alguém com a intenção de prejudicá-lo.” (SMITH, C. S. As maiores lutas da vida. Tradução de Jair A. Rechia. São Paulo: Vida, 2007, p. 118-119)

24 DEZ 2011

13 A lei e o próximo

28 | Lições Bíblicas – 4º Trimestre de 2011 Comentários adicionais | 29

O pecado secreto: “O décimo mandamento é a chave para entendermos os outros nove. Todos os demais mandamentos se aplicam a ações específicas. Assassinato, adultério, roubo, perjúrio são comportamentos que podem ser vistos, mas o décimo é diferente. Ele trata do que ocorre no lugar secreto do coração. A cobiça é conhecida somente por você e Deus. Meu vizinho ficará sabendo se eu roubar o seu carro, mas nunca saberá se eu o cobiçar. Ninguém conhece nossos desejos, pensamentos ou fantasias secretas, mas o décimo mandamento deixa claro que isso importa para Deus.” (SMITH, Colin. As mais lutas de sua vida: Os dez mandamentos no seu dia-a-dia. São Paulo: Vida, 2007, p. 131)

Dupla advertência: “Esse mandamento nos adverte duas vezes: ‘Não cobiçarás’, e aqui, há uma especificidade incomum que se encaixa na situação de Israel, o povo da aliança de Deus, da ‘mulher do teu próximo’ aos ‘bois e jumentos’ do seu próximo. Lendo isso com os olhos do século 21, é provável que possamos afirmar, honestamente, que não cobiçamos os bois do nosso vizinho, tampouco seu jumento. No entanto, cobiçamos o carro, o gramado, as roupas, a habilidade atlética ou a condição social dele. A cobiça parece acertar a essência dos nossos ossos”. (MOHLER, JR., R. Albert. Palavras do fogo. São Paulo: Cultura Cristã, 2010, p. 146)

“Ansiar por”: “Muitos estudiosos dizem que é difícil encontrar na nossa língua uma analogia para esta palavra e, talvez, a melhor maneira seja dizer que cobiçar significa ‘ansiar por’. Embora esteja certo que você não utiliza este termo [cobiça] todo o dia, talvez essa expressão transmita o significado. Somos pessoas ambiciosas. Ansiamos por coisas e vivemos numa sociedade que acha que devemos ser cada vez mais ambicioso. Apenas veja a propaganda e observe as imagens que se apresentam aos nossos olhos. Dizem que somos, o que temos, o que compramos, o que vestimos, o carro que dirigimos e o que queremos.” (Idem, pp. 146-147)

Visão distorcida: “O indivíduo cobiçoso tende a ver o mundo apenas em termos de como ele beneficia as suas necessidades imediatas. A satisfação a curto prazo afasta os alvos a longo prazo e os valores mais profundos. Depois de refletir sobre este décimo mandamento, cheguei à conclusão: estou extremamente agradecido porque Deus não me

dá tudo o que peço. Ele vê o quadro maior, enquanto eu só vejo uma pequena fatia do mesmo. E grande parte do que vejo nesta pequena fatia da realidade é colorida pelo ‘eu’.” (MEHL, Ron. A ternura dos Dez Mandamentos. 2 ed., São Paulo: Editara Quadrangular, 2006, p. 206)

Sociedade de consumo: “Vivemos numa sociedade de consumo e os marqueteiros sofisticados de hoje gastam bilhões de dólares e trabalham de sol a sol, com o único propósito de tornar você infeliz e insatisfeito com o que tem. Com toda a sua considerável habilidade, talento e treinamento, buscam convencer-nos de que se apenas comprássemos isto ou aquilo, nos sentiríamos mais felizes e seguros neste velho mundo.” (Idem, p. 212)

31 DEZ 2011

14 A lei e a cobiça