A Guerra Fria e Era Vargas

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HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA II ALUNOS: JOÃO GUSTAVO DE OLIVEIRA, BRENDA PIMENTEL CURSO: 1 ANO DE JORNALISMO, 2° SEM.

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Este artigo apresenta a Guerra Fria e a Era Vargas nos seus respectivos conceitos: o que foram, quando aconteceu e consequências para a história. Foi redigido pelos alunos João Gustavo de Oliveira e Brenda Pimentel apresentado como nota parcial para a disciplina de História Contemporânea II do curso de Jornalismo da Universidade de Franca, em novembro 2011.

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HISTÓRIA

CONTEMPORÂNEA

DISCIPLINA: HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA IIALUNOS: JOÃO GUSTAVO DE OLIVEIRA,

BRENDA PIMENTEL

CURSO: 1 ANO DE JORNALISMO, 2° SEM.

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ÍNDICE ANALÍTICO

PARTE 1

GUERRA FRIA

Antecedentes .......................................................................................................... 4

Ideologia dos Titãs ................................................................................................. 4

Corrida armamentista e a “Paz Armada” ............................................................... 5

My name is bond, James Bond …………………………………………………….…… 6

Consequências da Guerra Fria …………..........................................................…… 6

PARTE 2

ERA VARGAS

Pai Patrão ............................................................................................................... 8

O quadro econômico ............................................................................................... 8

A política externa brasileira e a “boa vizinhança” ................................................... 9

O declínio do Estado Novo ..................................................................................... 10

Todos pela democracia ........................................................................................... 10

Queremismo …….......................................................................................……….. 11

“Publicidade” no Brasil …………………............................................................…. 12

A queda do poder e o suicídio de Vargas ................................................................ 13

Carta Testamento .................................................................................................. 16

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Bibliografia e referências ....................................................................................... 18

Guerra Fria

Na Europa e na América

Há um crescente sentimento de histeria

Condicionada para responder a todas as ameaças

Na retórica dos discursos soviéticos

O senhor Khrushchev disse, "nós vamos enterrar vocês"

Eu não aprovo seu ponto de vista

Isso seria uma coisa muito ignorante a fazer

Se os Russos amam suas crianças também (...)

(Sting. Russians, 1986)

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ANTECEDENTES

Com o fim da Segunda Guerra Mundial e, consequentemente, a “derrubada” de Hitler,

iniciou-se um período de forte tensão entre as emergentes potências EUA e URSS, que

instauraram no mundo uma espécie de “paz armada”. Essa disputa foi um embate que só ficou

no campo ideológico, mas trouxe como consequência diversos pontos positivos e, também,

negativos como, por exemplo, um desenvolvimento tecnológico muito acentuado.

A IDEOLOGIA DOS TITÃS

Com o pós-guerra iniciou-se um período que, ao contrário da falsa harmonia e o inicio de uma

nova belle époque, foi marcado por uma tensão que duraria até meados de 1986 entre os

Americanos e os Soviéticos, entendendo-se para o resto do mundo – que, por sua vez, ficaram

submetidos aos desejos de ambas as potências.

De um lado estava o EUA, que saiu da Segunda Guerra Mundial mais forte do que entrou.

Sua política imperialista e seu desejo de espalhar a influência do sistema capitalismo ao

mundo que, apesar de se mostra falho em meados de 29, mostrou ser um sistema que, apesar

das constantes crises, era capaz de crescer dos erros e se mostrava o mais útil sistema de

acumulação de capital (e consequentemente de poder). Os Estados Unidos também defendia o

direito da propriedade privada, a democracia e a política de mercado – base do sistema

capitalista.

Já a URSS, que como o próprio nome deixa implícito, defendia o socialismo. O socialismo –

hoje “fora dos trilhos” – era um sistema baseado na economia planificada. Esse sistema

econômico entra em contraste puro com a economia de mercado – vigente quase que em todo

o mundo atualmente –, que é à base do sistema capitalista, pois seria uma espécie de

economia baseada no planejamento e acompanhada por especialistas do Estado,

principalmente com relação aos meios de produção; esse sistema detém o poder sobre os

meios de produção e vai controlar as atividades econômicas, ao passo que a economia de

mercado baseia-se nos interesses individuais, onde a produção, distribuição, investimentos e

preços caberão única e exclusivamente ao proprietário privado, sem a intervenção do Estado.

Não sendo esta a característica exclusiva deste sistema socialista, o mesmo irá defender a

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existência de um partido político único (o comunismo) e, também, uma igualdade social

muito marcada. Estranho pensar que um sistema assim, onde é vigente a falta de democracia –

muito difundida como o sistema máximo de participação popular na política do Estado e que,

como sabemos, só funciona no imaginário – pudesse dar certo. Mas deu, em partes.

O fato de o socialismo surgir como uma nova ideia que possivelmente daria certo, reforçada

com a crise de 29 que deixou claro que os braços do “polvo capitalista” somente não

alcançavam a URSS, os Estados Unidos passou a temer sua perda de influência e, logo, inicia-

se uma corrida pela hegemonia dos sistemas: Os EUA com o Bloco Capitalismo e a URSS

com o Socialismo. Ambos tentando espalhar e aumentar suas áreas de influência.

CORRIDA ARMAMENTISTA E A “PAZ ARMADA”

Como citado, na busca pela disseminação de suas ideologias, os países em questão iniciou

uma corrida armamentista espalhando exércitos e armamentos em seus territórios e nos

territórios aliados1. Essa “paz armada” funcionou muito bem na prática e na teoria, pois uma

vez que houvesse o equilíbrio bélico entre as duas super potências – EUA e URSS – a paz

estaria garantida, já que a existência do ataque inimigo era iminente.

Nesse meio tempo, para defender os interesses militares de seus países e membros aliados,

tanto os EUA quanto a URSS criam dois blocos militares. Os EUA lideravam a OTAN

(Organização do Tratado do Atlântico Norte), que surgiu em 1949 e integrava o Canadá e os

países da Europa Ocidental. A OTAN tinha como objetivo assegurar uma manutenção coletiva

dos países aliados contra um possível ataque diretos dos soviéticos, contudo isso só funcionou

ideologicamente, pois nunca aconteceu. Já a URSS que liderava o Pacto de Varsóvia,

defendia militarmente os países que faziam parte do bloco socialista como, por exemplo,

Cuba, China, Coréia do Norte, Romênia, Alemanha Oriental, Albânia, Tchecoslováquia

e Polônia.

1 SUA PESQUISA. História da Guerra Fria. Disponível em: < http://www.suapesquisa.com/guerrafria/>. Acesso: 12 de outubro de 2011.

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MY NAME IS BOND, JAMES BOND.

James Bond, personagem fictício criado pelo agente de serviço secreto em Moscou nos anos

50, Ian Fleming, era o perfil e a imagem perfeita que as potências do ocidente gostariam de

transmitir ao mundo. Um agente bonito, irresistível às mulheres e, mais do que isto,

extremamente competente. Com suas armas de alta tecnologia, o Inglês “boa pinta”, Bond,

salvava o mundo constantemente do monstro soviético - quase sempre sem suar a camisa. A

propaganda anti-soviética feita de forma tão acentuada tinha um único propósito: estigmatizar

o comunismo e socialismo e mostrar que o capitalismo era a forma econômica mais benéfica

para o mundo. Outros heróis também entraram para o “cardápio” propagandístico de

Hollywood como Indiana Jones e Rambo (desenho que mais tarde entraria para o cinema

estrelado por Silvéster Stallone).

Contudo, isso não se restringiu apenas ao universo adulto, a ameaça comunista também era

uma realidade no mundo infantil. Temos como exemplo os desenhos do Capitão América, que

lutava incansavelmente contra a Caveira Vermelha. Wolverine, em um dos episódios da série

X-mens (1993 a 1997), enfrenta o terrível e indestrutível vilão Omega Red, um soldado

soviético criado para lutar ao interesses Russos.

Essa imagem “diabólica” do comunista foi algo que realmente surtiu efeito e até hoje as

pessoas têm certo receio quando tratamos de comunismo. Devemos isto à indústria

cinematográfica e aos quadrinhos da época.

CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA FRIA

Foram muitos as consequências que surgiram deste tenso conflito como, por exemplo, um

desenvolvimento bélico muito acentuado para garantir o equilíbrio armamentista. Entretanto

um ponto forte, se não o principal, foi o desenvolvimento tecnológico provido dessa disputa

de egos, com destaque para a produção de lixo atômico. A “corrida espacial” foi outro

importante fator deste processo, com destaque para o lançamento do primeiro satélite pelos

russos, assim como a construção de estações espaciais. Alem disto, temos o pouso dos

americanos à lua. Em suma, o medo e as incertezas sobre uma provável Terceira Guerra

Mundial foi o que vigorou neste período.

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ERA VARGAS

“Agora eu vou mudar minha conduta,

Eu vou pra luta

Pois eu quero me aprumar.

Vou tratar você com força bruta,

Pra poder me reabilitar.

Pois esta vida não está sopa

E eu pergunto: com que roupa,

Com que roupa eu vou

Ao samba que você me convidou?”

(Noel Rosa, Com que roupa, 1931)

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PAI PATRÃO

Getulio Vargas entrou para a história como o presidente mais popular de todos os tempos.

Amado pelas massas de nosso país, apesar do autoritarismo característico de seu governo,

Getulio chega ao poder em 1930, através de um golpe militar, e governaria o país ao longo de

quase 20 anos, deixando seu posto como desejava: morto, apenas. E de fato: Getulio se

suicida em agosto de 1954.

Deixando um vazio, ou não, para a história, o fato é que Getulio Vargas, apesar do alto grau

populista, não foi tão bom quanto se pensava. Seu autoritarismo, pouco sentido e camuflado

pelo sorriso gentil e pela lábia persuasiva, foi algo gradativo, que se intensificava conforme o

surgimento de revoltas e manifestações populares, como a de 34. Apesar dos “poréns”,

Vargas sem dúvida trouxe um progresso, até então inimaginável, para o país. Rompendo com

o passado, a República Nova agora crescia, tanto economicamente quanto “humanamente”

(ao que se diz respeito à classe operária).

O QUADRO ECONÔMICO

Podemos destacar a economia brasileira até a década de 1930, como um modelo

agroexportador, ou seja, a economia brasileira era voltada para o modo de produção rural:

café, tabaco, algodão, entre outros produtos que consolidaram a economia brasileira. Em

suma, o Brasil era um país que vendia matéria primas e gêneros tropicais e, no entanto,

comprava grande parte dos produtos industrializados de potências como a Inglaterra, EUA,

Alemanha e outros países europeus. Entretanto, com a crise de 1929, este quadro mudaria

consideravelmente, pois a retração do mercado externo, mediante a crise, obrigou o governo

brasileiro a voltar-se para o seu interior, estimulando atividades que pudessem substituir as

importações. Contudo, é a partir de 1937, com o Estado Novo, que se definiu a implantação

do modelo de substituição de importação, ou seja, através de uma intervenção econômica, o

Estado restringiu a importação de bens de consumo não duráveis e estimulou a importação de

bens de produção de produto e bens de consumo duráveis como máquinas, equipamentos e

automóveis.

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Não foi uma medida, de toda nacionalista. No mundo inteiro as trocas comerciais decaiam em

virtude da crise de 1929 e pela tendência monopolista do capitalismo mundial. Neste período,

o Estado populista direcionou seus investimentos para garantir a montagem de uma infra-

estrutura que permitisse a expansão do capitalismo nacional ao mesmo tempo em que socorria

o setor cafeeiro com a compra e a queima da produção de excedentes.

A POLÍTICA EXTERNA BRASILEIRA E A BOA VIZINHANÇA

Apesar da desastrosa crise, o Brasil soube tira certo proveito da situação. O Estado manteve

estreitas relações diplomáticas e econômicas tanto com o EUA quanto com a Alemanha.

Devido à indefinição do quadro internacional, no que se diz respeito aos benefícios que as

potências podiam oferecer, sem contar as divisões internas das alianças políticas brasileiras, o

país ficou limitado a qualquer relação direta com essas mesmas potências. Com a invasão da

Polônia pelas tropas alemãs, inicia-se, então, a Segunda Guerra Mundial, e, para o Brasil, este

era o momento de definições. Em 1942 sobre o pretexto de navios brasileiros terem sido

atingidos por torpedos alemães, Vargas declara Guerra às forças do Eixo. Entretanto, esta

aliança aos EUA não seria gratuita. O Estado Americano emprestaria ao país 20 milhões de

dólares para a construção de uma usina siderúrgica no país, em troca de utilizar o Brasil em

caso de necessidade militar.

Em abril de 1942, Vargas, inicia a construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN),

em Volta redonda. Em janeiro daquele mesmo o ano o governo rompeu relações, por

definitivo, com o Eixo e, quando os alemães atacaram as embarcações brasileiras, na prática,

o Brasil já não estava mais em uma situação de neutralidade. A intenção dos americanos, em

suma, com esta relação Brasil-EUA, era impedir que os alemães tivessem “livre transito” pelo

hemisfério sul. Segundo Flavio Campos e Renan Garcia2 “antes de entrar na guerra, os EUA

garantiram sua retaguarda com uma ampla ofensiva política, cultura e econômica que, alem

do Brasil, também se dirigiu a Argentina e ao México. Foi à política de “boa vizinhança”,

criada oficialmente a partir de 1940”.

Além da CSN, foi criada, também, em 1942, a Campainha do Vale do Rio Dose. Essas

empresas buscavam abastecer o mercado interno com matérias-primas, bens intermediários a

2 CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História: Política Externa Brasileira, pag. 524. 1.

ed. São Paulo: Escala Educacional, 2005.

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produção de outros bens e a diversificação industrial. Apesar dos avanços advindos desta

modernização e impulso da industrialização, tudo se fazia ao sigilo do autoritarismo e do

pragmatismo diplomático. Contudo, tal ambigüidade de Vargas teia o seu preço.

O DECLÍNIO DO ESTADO NOVO

Embora tivesse influências fortemente fascistas, a estrada do Brasil na guerra ao lado dos

Aliados expôs suas próprias contradições, enfraquecendo, assim, o governo varguista. Com os

avanços das forças aliadas, a partir de 1943, Vargas comprometeu-se a realizar eleições gerais

ao final dos conflitos militares. Com isto, o processo de democratização passaria a ser alvo de

intensa disputa. Com a iminente reabertura do poder legislativo, isto só se agravaria. O Estado

Populista teria de se adaptara a democracia representativa e os compromissos entre diversos

grupos sociais teriam que ser atualizado.

TODOS PELA DEMOCRACIA

Com a participação do Brasil na guerra, manifestações de contestações a ditadura varguista

foram ganhando forças. No aniversário de 13 anos da “Revolução” de 30, representantes da

oligarquia Mineira laçaram o “Manifesto dos Mineiros”, defendendo o estabelecimento da

normalidade democrática no País. Uma passeata de estudantes da Faculdade de Direito do

Largo São Francisco, no mesmo ano, em São Paulo, resultou na morte de dois jovens devido

à repressão. A mascara literalmente havia caído, e o governo autoritário, desnudo, mostrava,

agora, sua verdadeira face. Apesar da repressão, a UNE (União Nacional dos Estudantes)

levantou-se em todo o país contra a ditadura varguista. O estrago já estava feito. Estudantes,

intelectuais, jornalistas, advogados e artistas se uniram a favor da democracia. Pouco a pouco

a repressão ia perdendo força frente às manifestações e, até mesmo as representantes mais

conservadores como Góis Monteiro, pronunciava-se a favor das eleições. A ditadura tinha,

agora, seus dias contados.

Contudo, as promessas de uma nova eleição e um futuro democrático eram incertos, ao longo

de seus 15 anos de governo a população havia se acostumado a ditadura de Vargas. Desde o

início das manifestações pela democracia, em 1943, correram diversos conflitos entre

cidadãos, forças políticas, e prisões de liderança política. Entretanto, ainda sim, Vargas

prometia a democracia e afirmava que não concorreriam as eleições para presidência daquele

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ano, agora marcadas para dezembro de 1945. Mas o que era de se esperas, suas declarações

não eram tidas com muita credibilidade. Contudo, a oposição tentaria antecipar-se ao ditador.

QUEREMISMO

Em meio às inseguranças que cercavam as eleições, um fato surpreendeu a nação: Prestes, em

um comício, em São Paulo, defendeu a permanecia de Getúlio Vargas ao poder até a

elaboração de uma nova constituinte para o Brasil. O lema dos comunistas recém-libertados

das prisões do Estado Novo passou a ser “Constituinte com Getúlio”. Com o enfraquecimento

de seu poder frente ao Exército e Oligarquias, principalmente à oposição, Vargas buscou se

aproximar mais dos movimentos populares, na tentativa de equilibrar o poder.

Não demorou muito para a massa começar a exigir que Getúlio ficasse no poder nesta

transição ditadura-democracia. Seus manifestantes e seguidores passaram a ser conhecidos

por “queremistas”: queremos Getúlio!

Com o temor de que os grupos mais conservadores, sob influência das oligarquias e a pressão

norte-americana, tomassem o poder, o PCB seguiu orientações de Moscou para apoiar Vargas.

Sob a óptica de seus dirigentes, uma constituinte com Getúlio traria mais avanços à classe

trabalhadora. Todavia, um ato político-administrativo acabou por atrapalhar os planos de

Vargas.

O ex-tenente João Alberto, que desde agosto de 1945, daquele ano, tentava impedir, sem

sucesso, as campanhas e comícios queremistas, mais tarde, em 29 de outubro, comunicou seu

remanejamento da Chefia da Policia para a prefeitura do Distrito Federal. Horas depois do

comunicado, Góis Monteiro e seu Ministro da Guerra na ocasião e os chefes das Forças

Armadas depuseram Vargas. Como medida provisória, José Linhares, presidente do Supremo

Tribunal, assumiu a presidência da república. Apesar de tudo e do tumultuado momento,

manteve-se o calendário eleitoral, assim, em 2 de dezembro de 1945, Eurico Gaspar Dutra

ganha às eleições.

Apesar de deposto e recolhido a sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul, Vargas

ainda viria a exercer forte influência na política nacional.

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“PUBLICIDADE” NO BRASIL

Uma característica importante que podemos destacar do período populista no Brasil, que se

inicia com o rearranjo da democracia ao final do Estado Novo, por Vargas, e segue até a

ditadura militar, em 1964, no país, é a intensa participação das massas na política nacional.

Como artistas, os presidentes deste período arrastavam multidões em comícios e nutriam

verdadeira veneração em seus fãs, sobretudo Vargas, o presidente mais popular deste período.

O carisma e o forte poder de influência sobre as massas eram as características mais

marcantes em Vargas, contudo ele não foi único. Verdadeiros lideres carismáticos como Evita

Perón, na Argentina e Evo Morales, na Colômbia, também faziam essa linha de “pai dos

pobres”.

O populismo, em temos técnicos, foi um período em que o governo encontrava apoio nas

massas, utilizando-se disto para obter o apoio popular.

Esses líderes tinham a simpatia e feição da população muito facilmente, estabelecendo, assim,

laços emocionais e não racionais. Esse contato popular, muitas vezes era direto, desprezando,

assim, qualquer intermediário. E era esta aproximação que iria gerar o sentimento de feição e

simpatia do líder. Outras causas como, por exemplo, a intervenção que o Estado passou a ter

nas relações patrão-empregado, com o pacto populista, foi um fator que contribui muito para

essa proximidade. Vargas, assim, passou a ser conhecido como “pai dos pobres”. Sua

liderança carismática e sua contribuição para a aprovação de reformas trabalhistas que

favoreciam os operariados fizeram com que ele, fosse aclamado, ainda mais, pela população.

O movimento populista, como já citado, não foi um movimento exclusivamente brasileiro.

Podemos referir, no mundo, ao populismo russo no final do século XIX, que propunha uma

radical reforma agrária. Atualmente, podemos citar como exemplo de populismo o Hugo

Chávez, na Venezuela e, até mesmo no Brasil, o ex-presidente Lula, exemplo máximo de

carisma nos dias atuais e o que mais seguiu a “linha” varguista.

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A QUEDA DO PODER E SUICÍDIO DE VARGAS

Duas vezes presidente da Republica, sendo a primeira pela revolução de 30, e a segunda por

voto direto, em 1950, a missão de Vargas aparentava-se bastante longa. Após eleito em 1950,

Getúlio tomou o poder novamente no ano seguinte, em 31 de Janeiro de 1951, carregando

consigo todo nacionalismo e claro, o populismo característico de seu governo.

Amado pelo povo, mas já enfrentando problemas com grandes empresários por

consequências de aumentos do salário mínimo em 100%, o “pai dos pobres” caminhava para a

sua crise política.

Como se já não bastasse à insatisfação dos empresários, também, com as medidas que

levaram ao monopólio da exploração de petróleo no Brasil, Vargas enfrentou uma forte

pressão pela oposição sobre o envolvimento de Gregório Fortunato, comandante de sua

Guarda Pessoal, no atentado contra o Jornalista Carlos Lacerda que, diga-se de passagem, era

um ferrenho opositor ao governo getulista.

Diante de todos esses acontecimentos do governo de Getúlio em 1954, os militares reuniram-

se com o presidente e recomendaram-lhe que renunciasse. Por desventura desse pedido, a

história brasileira foi marcada pela fala de Getúlio como resposta aos militares: “Só morto

sairei do catete”.

Massacrado pela oposição, pela imprensa e não mais resistindo às pressões exercidas sobre

seu governo, Getúlio Vargas suicidou-se, com um tiro no peito, na madrugada de 23 para 24

de agosto do ano de 1954. Deixando como legado a famosa carta-testamento – parcialmente

exibida pelos jornais do dia seguinte como o Ultima Hora –. A publicação de que Vargas

havia se matado provocou um profundo espírito comoção na população brasileira. Seguiu-se

para as ruas multidões que depredaram e incendiaram vários lugares que supostamente eram

oposicionistas a Vargas. Ao serem noticiados pequenos fragmentos da carta, ações como

essas se multiplicaram pelo país e representam, até hoje, uma das maiores comoções nacionais

da história.

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3 Foto/divulgação: WEB

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CARTA TESTAMENTO

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Mais uma vez, as forças e os interesses contra o povo coordenaram-se e novamente se

desencadeiam sobre mim. Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me

dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu

não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os humildes.

Sigo o destino que me é imposto. Depois de decênios de domínio e espoliação dos grupos

econômicos e financeiros internacionais, fiz-me chefe de uma revolução e venci. Iniciei o

trabalho de libertação e instaurei o regime de liberdade social. Tive de renunciar. Voltei ao

governo nos braços do povo. A campanha subterrânea dos grupos internacionais aliou-se à

dos grupos nacionais revoltados contra o regime de garantia do trabalho. A lei de lucros

extraordinários foi detida no Congresso. Contra a justiça da revisão do salário mínimo se

desencadearam os ódios. Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas

através da Petrobrás e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma. A

Eletrobrás foi obstaculada até o desespero. Não querem que o trabalhador seja livre.

Não querem que o povo seja independente. Assumi o Governo dentro da espiral inflacionária

que destruía os valores do trabalho. Os lucros das empresas estrangeiras alcançavam até 500%

ao ano. Nas declarações de valores do que importávamos existiam fraudes constatadas de

mais de 100 milhões de dólares por ano. Veio a crise do café, valorizou-se o nosso principal

produto. Tentamos defender seu preço e a resposta foi uma violenta pressão sobre a nossa

economia, a ponto de sermos obrigados a ceder.

Tenho lutado mês a mês, dia a dia, hora a hora, resistindo a uma pressão constante, incessante,

tudo suportando em silêncio, tudo esquecendo, renunciando a mim mesmo, para defender o

povo, que agora se queda desamparado. Nada mais vos posso dar, a não ser meu sangue. Se as

aves de rapina querem o sangue de alguém, querem continuar sugando o povo brasileiro, eu

ofereço em holocausto a minha vida.

Escolho este meio de estar sempre convosco. Quando vos humilharem, sentireis minha alma

sofrendo ao vosso lado. Quando a fome bater à vossa porta, sentireis em vosso peito a energia

para a luta por vós e vossos filhos. Quando vos vilipendiarem, sentireis no pensamento a força

para a reação. Meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será a vossa bandeira de luta.

Cada gota de meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência e manterá a vibração

sagrada para a resistência. Ao ódio respondo com o perdão.

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E aos que pensam que me derrotaram respondo com a minha vitória. Era escravo do povo e

hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo

de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço do seu

resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado

de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha

vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no

caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.

(Rio de Janeiro, 23/08/54 - Getúlio Vargas)

Bibliografia e Referências

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CAMPOS, Flavio de; MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História. 1. ed. São Paulo:

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