A Hermenêutica Do Símbolo
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A hermenêutica do símbolo: Uma introdução às ideias do filósofo francês
Paul Ricoeur, mestre da fenomenologia e autor da trilogia Tempo e
Narrativa.
Roberto S. Kahlmeyer-Mertens1
Este artigo foi concebido como uma concisa introdução à filosofia de Paul
Ricoeur. Para tanto, tomou uma questão que perpassa sua obra em diferentes momentos,
trazendo a lume muito dos elementos desta figura filosófica. Ainda que não se possa
esperar completude de um texto tão resumido, estivemos ocupados em esboçar algumas
das intuições e teses responsáveis pelo movimento da filosofia recoeuriana, e a maneira
com que estas tangem temas fundamentais. Limitando-nos a notas biobibliográficas
sobre o filósofo, mas focando da maneira tão exata quanto possível os conceitos e as
suas derivações temáticas, tentamos apresentar aqui o que faz de Ricoeur um dos mais
distintos representantes da fenomenologia francesa.
Nascido na cidade de Valence, em 27 de fevereiro de 1913, Paul Ricoeur
desde cedo recebeu forte formação literária e humanística. Sendo sua família
completamente marcada pelo protestantismo, também o repertório dogmático do
luteranismo passou-lhe às primeiras letras, colaborando na formação do filósofo
previsto para mais tarde.
Embora iniciando pela filosofia neotomista, Ricoeur não se fechou ao
pensamento de sua época e, logo após terminar sua graduação em filosofia na
Universidade de Rennes, transferiu-se para a Universidade de Paris (Sorbonne) onde,
durante seu mestrado, tomou pela primeira vez contato com a fenomenologia de
Edmund Husserl2 por intermédio dos seminários de Gabriel Marcel. Nestes cursos,
Ricoeur aprendeu com seu mestre os rigores do método husserliano, bem como o
1 Doutor em filosofia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), membro da Sociedade Brasileira de Fenomenologia e autor do livro Heidegger e a Educação (Autêntica Editora, 2008).
2 Filósofo germânico, Edmund Husserl nasceu em 8 de abril de 1859, em Prossnitz, na Moravia, no antigo Império Austríaco (hoje Prostejov, na República Checa) e morreu em Freiburg, em 27 de abril de 1938. É o fundador da fenomenologia, corrente filosófica que pretende uma forma do conhecimento das essências partindo exclusivamente dos fenômenos. Husserl ensinou filosofia como livre docente em Halle de 1887 a 1901; em Göttingen, de 1901 a 1918; e, em Freiburg, de 1918 a 1928. Entre suas principais obras estão as Investigações Lógicas e as Ideias para uma Fenomenologia Pura.
necessário engajamento existencial na problematização dos dados e informações
auferidos pelo método. Tais exercícios fenomenológico-existenciais, somados às
entusiasmadas leituras do filósofo Jean Nabert3, forneceriam os primeiros esteios para
que Ricoeur pudesse, futuramente, propor suas ideias filosóficas autorais.
Após um curto período de exercício docente na Alsácia, Ricoeur se viu
convocado a servir ao exército francês na Segunda Guerra Mundial. Embora a Grande
Guerra tenha interrompido sua experiência com o magistério, ela não impingiu lacuna à
sua atividade filosófica. Capturado com seu destacamento pelo inimigo, Paul Ricoeur (à
época oficial militar) ficou detido até o fim do conflito, aproveitando este período para
traduzir o livro Ideias para uma Fenomenologia Pura, de Husserl. O resultado deste
empreendimento, gestado ao longo de anos, foi tanto a clássica tradução francesa da
obra, quanto uma interpretação filosófica original da existência, apenas facultada
pelas experiências-limite da prisão4, e pela maior clareza acerca do método
fenomenológico adquiridas ali.
O “ENXERTO HERMENÊUTICO” NA FENOMENOLOGIA
Passada a guerra, Ricoeur retomou a vida docente, investindo no
aprofundamento das intuições filosóficas que tivera no cárcere. Em 1948 (já professor
na Universidade de Estrasburgo) publicou Karl Jaspers e Gabriel Marcel, a obra,
dedicada aos dois principais representantes do existencialismo cristão em Alemanha e
em França, abordava temas de interesse à filosofia existencial da época (como a
indigência e o paradoxo típicos do existir humano). O ano em que se tornou doutor
(1950) foi também a data na qual apareceu na França sua tradução das Ideen de Husserl,
evento que tanto reforça a vinculação de seu pensamento com a escola fenomenológica
francesa, quanto à influência desta em sua obra, é o que se pode confirmar com seu
trabalho de doutoramento, editado nesta mesma época.
3 Jean Nabert foi um filósofo francês nascido 27 de junho de 1881 e morto em 14 outubro de 1960. Foi representante da filosofia reflexiva na França. Professor de filosofia no Lycée Henri IV, seu pensamento moral e metafísico teve influência decisiva sobre a geração filosófica de Paul Ricoeur. Durante sua vida, Nabert publicou três obras: Experiência Interior de Liberdade, Elementos para uma Ética, Ensaio sobre o Mal.
4 Algo similar se deu com o filósofo franco-lituano, de origem judaica, Emmanuel Lévinas (1906-1995). Antes da Segunda Guerra, Lévinas era comentador da obra de Husserl e Heidegger, mas, depois do período em que passara num campo de concentração, o filósofo desenvolveu sólido pensamento ético, conjugando elementos da fenomenologia e da doutrina do Talmude.
Em A Filosofia da Vontade (assim chamou-se sua tese de doutorado) temos
uma investigação sobre o voluntário e o involuntário no comportamento humano.
Entretanto, o que seria o tema principal acabou por ficar em segundo plano depois que
os rumos de suas pesquisas o colocaram diante da temática do mal. Tal achado obrigou
o filósofo a desenvolver uma problematização acerca daquilo que ficou conhecido como
a “simbólica do mal”. Neste primeiro momento, o filósofo descobre que a consciência
apenas tem acesso ao mal por meio das formas que o expressam, ou seja, através dos
seus símbolos. Indício que pode ser estendido a outros fenômenos humanos, pois, para
Ricoeur, as muitas significações do mundo da vida nos chegam por meio de uma rede
de símbolos na qual já sempre nos movemos, seja em atitude natural frente à cultura, ou
desde a visada estrita que as teorias nos fornecem. A partir daí, as formas simbólicas
dariam o que fazer ao pensamento do autor, já que, como vimos, seria o símbolo que
nos forneceria a significação dos fenômenos. Deste modo, passa a ser uma tarefa
filosófica saber o que é um símbolo e como este funciona.
Ricoeur se vê, assim, diante da necessidade de um recurso que permitiria
esclarecer como um dado (o símbolo) nos reporta a um outro próprio a si (a
significação), ou seja, busca “desvendar os textos a partir de outra coisa que não se
apresenta neles mesmos” (Figal, 2007, p. 107) A hermenêutica será o instrumento que
permitirá (mais adequadamente do que a fenomenologia husserliana e a filosofia de
matriz racionalista cartesiana presentes na obra de Ricoeur) a interpretação dos
símbolos e o libertar da significação do fenômeno que a entidade simbólica expressa.
Esta inserção do elemento hermenêutico em sua filosofia é o que o filósofo chama de
“enxerto hermenêutico”.
A interpretação em Ricoeur não fica mais restrita ao método, como nas
hermenêuticas tradicionais, trata-se de uma abordagem na qual a linguagem tem papel
primordial, justamente por subministrar o lugar desde o qual o símbolo se expressa em
sua íntima conexão com o existir humano. Aqui se evidencia que, para o filósofo
francês, uma investigação sobre o simbolismo do mal e a existência humana depende de
uma elucidação da linguagem enquanto discurso vivo. Compreender estes contextos
semânticos e existenciais no horizonte da linguagem será, doravante, tarefa de uma
hermenêutica do símbolo presente nas obras seguintes do autor (Ricoeur, 2008).
A DIMENSÃO HERMENÊUTICA IMPENSADA
As obras que Ricoeur publicou na segunda metade da década de 1950
favoreceram seu ingresso na Sorbonne, desta vez na condição de professor de filosofia
geral. É também nesse período que o autor se propõe a estudar o pensamento
de Sigmund Freud5. A hipótese de sua leitura filosófica da teoria psicanalítica freudiana
é que haveria na obra do psicanalista uma dimensão hermenêutica ainda a ser pensada.
Muito mais do que uma hermenêutica daquela metapsicologia, Ricoeur procurou
estabelecer uma interpretação sistemática dos textos de Freud para, por meio desta,
questionar como o austríaco contribui para se pensar sobre uma antropologia, uma
teoria do conhecimento e uma filosofia da subjetividade próprias à psicanálise (Ricoeur,
1977).
Segundo momento de suas pesquisas sobre a hermenêutica do símbolo, Da
interpretação: Ensaios sobre Freud (1965) situa a obra do fundador da psicanálise no
pano de fundo da história da filosofia e qualifica suas questões como dignas de serem
seriamente debatidas no cenário do pensamento contemporâneo. Sem que houvesse
enfaticamente o interesse clínico que Freud nutria em sua doutrina, os estudos de
Ricoeur sobre a psicanálise agregam a seu próprio favor a dimensão cultural trazidas
pelas análises do sentido do mito e do símbolo que, até então, suas leituras não
possuíam. Deste modo, não seria forçoso afirmar que, com Freud, Ricoeur tem sua
concepção de símbolo expandida, além de conquistar uma compreensão mais geral da
realidade humana (Silva, 1992).
Parte desta compreensão abrangente do humano se dá na crítica que
Ricoeur, partindo da fenomenologia de Husserl (aditivada pela hermenêutica) e ainda
impressionado pelos saldos da psicanálise de Freud, volve à ideia de sujeito. Para o
filósofo francês, Freud, com sua teoria do inconsciente, se apresentaria como um dos
que levantaram suspeita contra a noção de subjetividade sustentada pelas muitas edições
do racionalismo e do idealismo na tradição filosófica. A psicanálise de Freud
representaria, assim, ao lado do materialismo dialético de Marx e da filosofia da
vontade de poder de Nietzsche (e bem poderíamos acrescentar: do existencialismo de
5 Médico psiquiatra germânico, Sigmund Freud nasceu na Moravia, no antigo Império austrohúngaro (hoje, República Tcheca), em 1856, e morreu na Inglaterra em 1939. É o criador da psicanálise, teoria e método que pretende investigar a psique humana priorizando a faculdade do inconsciente. Freud clinicou ao lado de diversos expoentes de sua época, como Charcot. Entre suas principais obras está: A Interpretação dos Sonhos.
Kierkegaard) uma das tentativas de pensar a filosofia para além da falácia que a
subjetividade constituiria.
Partindo da evidência fenomenológica de que a consciência não seria um
objeto dado de antemão, Ricoeur coopera para superar a concepção hipostasiada de
sujeito destacando, uma vez mais, seu caráter intencional. Isso significa que, certo de
que toda consciência é sempre consciência de algo, o filósofo enfatiza o papel que o
objeto simbólico possuiria na constituição do cogito. Ao repensar o conceito de
consciência confrontando-a com o simbólico, Ricoeur reforça a premissa de que a
consciência não tem consistência em si mesma. Deste modo, qualquer ideia de si-
mesmo a partir deste momento estaria condicionada à mediação do outro que o símbolo
constituiria (Ricoeur, 1990). A consciência, portanto, é aberta ao mundo da vida;
dependente de uma determinação apenas conquistada na mediação do outro, trata-se de
uma consciência transpassada por objetividade e alteridade ou, nas palavras do filósofo,
de um a “cogito ferido” 6.
DO INTERMEZZO POLÍTICO ÀS INTERLOCUÇÕES PLURAIS
Após a publicação de seu Da Interpretação: Ensaios sobre Freud (1965),
Ricoeur foi nomeado professor na faculdade de letras de Nanterre. Envolvido com a
administração universitária desde 1967, Ricoeur sofreu duros ataques políticos durante a
refrega do maio de 1968. Esquivando-se dos efeitos daquele levante estudantil, o
filósofo preferiu afastar-se da cena intelectual francesa. Passou, assim, a professor
visitante na Universidade de Louvain (Bélgica), em seguida foi para os Estados Unidos,
onde lecionou em Yale e na Universidade de Chicago. Da experiência
americana7 Ricoeur tomou o elemento analítico que sua filosofia, doravante, passaria a
contar. O saldo deste intercâmbio pode ser apreciado em suas obras: O Conflito das
Interpretações (1970) e Do texto à Ação (1972).
O contato de Ricoeur com o pensamento anglo-saxão emulou aquilo que
ficou conhecido como sua grande filosofia da linguagem. Período que se expressa
primeiramente com A metáfora viva e, depois, com sua Teoria da interpretação (ambos
6 Tal temática, e muito da fundamentação de suas premissas, é o que encontramos tanto em O Conflito das Interpretações(1969), quanto em ensaios tardios do filósofo, por exemplo: Percursos do Reconhecimento (2004)
7 Mesmo depois de seu retorno a Nanterre em 1973, a retomada de sua cátedra não o impediu de cultivar os laços que travara com a filosofia belga, norte-americana e canadense. Passou mesmo a ser, a partir dali, uma exigência de seu projeto filosófico o diálogo com as filosofias desses centros de estudos.
de 1975). Tal ciclo de reflexões durará até a década de 1980, quando o autor, mesmo
depois de aposentado, nos oferece os três alentados volumes de Tempo e
Narrativa(1983-85).
SI-MESMO E NARRATIVIDADE
Ainda que separadas por quase duas décadas das pesquisas sobre Freud, as
noções de símbolo e de cogito ferido aparecem, num terceiro momento, refundidas no
âmbito da temática da identidade narrativa (reflexão que já contém as temáticas da
linguagem e da história). Reforçando as críticas existencialistas segundo as quais as
filosofias do sujeito se ocupariam demais de aspectos ontognoseológicos do sujeito e,
por isso mesmo, mantendo-se à margem da experiência viva da consciência e do seu si-
mesmo, Ricoeur se propõe a pensar a consciência e os processos de constituição da sua
singularidade. Para tanto, o filósofo novamente evidencia que qualquer consciência se
dá em um mundo, isso significa que sempre nos vemos lançados em determinadas
situações e ocorrências do mundo da vida. Nessas circunstâncias, o elaborar do si-
mesmo que somos estaria condicionado à apreciação dos atos, fatos e histórias que nos
pertencem e nos expressam.
Para Ricoeur, seria apreciando criticamente os sinais da existência cotidiana
que nos chegam através dos comentários dos outros a nosso respeito que construiríamos
nossa identidade pessoal, ou, em suas próprias palavras: “a narrativa é um convite para
ver nossa práxis como ordenada por tal ou qual enredo” (Ricoeur, 1985, p. 104).
Concordando com isso, Dartigues tem razão em dizer que: “A narrativa tem, pois, a
despeito das dificuldades de se achar um substrato identificativo, a virtude de manifestar
a identidade pessoal” (Dartigues, 1998, p.11). Diante dessas assertivas, contudo, é
preciso não subestimar o peso da interpretação nos enredos desta identidade, afinal, para
Ricoeur, tal identidade seria resultado do conhecimento interpretado, de modo que,
qualquer caminho para uma tomada de consciência já é deliberação de uma
compreensão de um sentido e de uma interpretação das significações do universo
simbólico que nos expressa (Ricoeur, 1985)
Mas, por meio de sua ideia de narrativa, Ricoeur não estaria propondo uma
concepção de passado similar àquela nietzschiana, segundo a qual o que se deu, por não
possuir qualquer facticidade, poderia ser moldado à perspectiva e relato do narrador?
Não padeceria a identidade narrativa de Ricoeur do relativismo típico de qualquer
discurso confessional? Ora, o filósofo sabe desses riscos, conhecia também o caráter
mimético dessa linguagem por meio de seus exaustivos estudos da Poética de
Aristóteles e das Confissões de Agostinho. Acautelando-se das possíveis críticas,
Ricoeur faz questão de distinguir duas funções da narração: a histórica e a ficcional.
Apresentadas em seus complexos pormenores no terceiro volume de
seu Tempo e Narrativa, poderíamos dizer simplificadamente que, com a função
histórica, estaríamos diante da evidência categorial dos fenômenos, ou seja, da descrição
de como estes conteúdos teriam objetivamente se manifestado; com a função ficcional,
teríamos a unidade narrativa mínima que dá conta da imaginação criadora no discurso.
Em contínua dialética, é possível identificar a interpenetração das duas funções nos atos
de narrar, o que significa dizer que a historiografia pode trazer o ficcional, bem como a
ficção trazer o histórico.
Se verdade, assim, que a consciência só se compreende ao narrar-se, é
preciso lembrar que tal enredo compreensivo não se faz sem a interpretação de
elementos históricos e ficcionais. Deste modo, fazer-se si-mesmo, por meio de uma
narrativa, reúne a história e a ficção (esta que conjuga o simbólico e o metafórico) de
nossa própria existência.
Mesmo tendo Paul Ricoeur morrido em 20 de março de 2005 (em Châtenay-
Malabry, França), seu pensar filosófico vigora como importante contributo à
contemporaneidade. Obras de maturidade como Si-mesmo Como um
Outro (1990),Leituras I-III (1991-93), A Memória, a História e o Esquecimento (2000)
e O Percurso do reconhecimento (2004) fomentam questões que nos colocam em
posições privilegiadas para interpretar a história do pensamento; ver e narrar o presente,
em seus múltiplos elementos simbólicos, e projetar-nos às demandas que o pensamento
do futuro evoca.
REFERÊNCIAS
RICOEUR, Paul. Da Interpretação – Ensaio sobre Freud. Trad. Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
_____________. Hermenêutica e ideologias. Trad. Hilton Japiassu. Petrópolis: Vozes, 2008. _____________. Soi-même comme un autre. Paris: Éditions du Seuil, 1990
_____________. Temps et récit. Vol. III. Paris: Éditions du Seuil, 1985.
DARTIGUES, André. Paul Ricoeur e a questão da identidade narrativa. In: Paul Ricoeur – Ensaios. Constança Marcondes Cesar (Org.). São Paulo: Paulus, 1998. p. 7-25.
FIGAL. Günter. Oposicionalidade – O elemento hermenêutico e a filosofia. Trad, Marco Antônio Casanova. Petrópolis: Vozes, 2008.
NUNES, Benedito. A tematização do tempo. In: O tempo da Narrativa. São Paulo: Ática, 2003.
SILVA, Maria Luisa Portocarrero Ferreira. A hermenêutica do conflito em Paul Ricoeur. Coimbra: Minerva, 1992.
Fonte8
8 http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/42/artigo290856-1.asp