A história da terra do galo
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Os caxienses contavam que havia
aparecido um mágico em Nova
Trento, muito famoso em todo o
Estado do Rio Grande do Sul.
O mágico propôs-se a cortar a cabeça do galo, com um cutelo e, após, empregando um líquido milagroso
especial grudaria novamente no corpo
do galináceo, fazendo-o caminhar pelo palco do teatro.
Diziam, também, que o velho Cine-Teatro Pró-Trento estava repleto de gente no dia do
espetáculo. Haviam pago uma entrada caríssima, só
para ver a façanha proposta
pelo mágico.
Conforme contavam, o mágico colocou o galo
sobre um cepo e chamou para o palco o
Intendente Municipal e o Delegado de Polícia.
Eles deveriam segurar o galo - um pela cabeça e o outro pelo restante do
corpo - e servir de testemunhas da
veracidade o fato que iriam presenciar.
Pegando o cutelo, bem afiado, o
mágico cortou o pescoço do galo,
separando a cabeça do corpo. A cabeça tinha
ficado nas mãos do Intendente e o restante do corpo
nas mãos do Delegado.
Após fazer diversos rituais e gestos,
acompanhados de sinais cabalísticos, o mágico pediu para
que se retirassem do palco por alguns instantes, com a
justificava de que ele iria pegar o líquido milagroso especial.
Logo em seguida, o mágico voltaria
para grudar a cabeça do
galináceo. Ao invés disto, ele saiu pela porta dos fundos do
teatro e levou todo o dinheiro
arrecadado com venda das entradas.
Fugiu com um cavalo bem veloz, deixando
todos os espectadores presentes a esperá-lo,
com cara de bobos. Em pé entre os
espectadores, em dialeto mantovano, teria dito: “Cuel gal lí lé piú que
mort, méi que mel dégui a mi quel pórti a cá, par far um bom brôd” (Este galo ali está mais que morto, é melhor dá-lo a mim, que
levo para casa, para fazer um bom caldo )
Por muitos anos, a população de Nova Trento ficava
ofendida, revoltada e irritada quando alguém mencionava a
história do galo ou contava como o faz o mencionado galináceo. Alguns iam às
brigas de fato, porém, com o correr do tempo e o
esclarecimento havido, a população se deu conta de que não adiantava protestar contra aquela invenção, que
já era tida como certa e verdadeira.
Como a vida lhes havia oferecido
um limão, a melhor maneira
seria transformá-lo numa gostosa limonada. Foi o
que fizeram. Adotaram o galo como símbolo de
nossa cidade.
E o que realmente aconteceu, com
grande êxito, foi que o galo tornou o
município conhecido por todo o Brasil e exterior. Mostrou a nossa bela, limpa, aconchegante e gostosa cidade
como lugar ideal para se morar.
Nos dias de hoje temos orgulho e contamos esta
história como verdadeira, para não prejudicar o mito que nos ajudou. Diante do
progresso atual, sentimos orgulho de termos nascido nesta bendita ‘TERRA DO
GALO’.
A história foi retirada do livro:
Memórias de um Neto de Imigrantes
Italianos,
de Claudino Boscatto