A História das Copas do Mundo

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A HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO Glória, tragédia, craques e cracks Junho de 2010 Edição revisada de acordo com o novo acordo ortográfico CH3 NEWS editora

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O CH3 publica a edição atualizada da história das Copas do Mundo. Os clichês e os mitos, as verdades e as mentiras. A história contada do começo até o fim, do Uruguai até a África do Sul.

Transcript of A História das Copas do Mundo

A HISTÓRIA DAS COPAS DO MUNDO

Glória, tragédia, craques e cracks

Junho de 2010

Edição revisada de acordo com o novo acordo ortográfico

CH3 NEWS

e d i t o r a

Vocês sabem, é difícil fugir dos clichês.

E durante a Copa do Mundo é mais difícil ain-

da. Nos próximos dias aposto que vocês vão

perder a conta da quantidades de vezes em

que irão ler essas palavras: “A Copa do Mundo

é nossa”.

Para quem não sabe, esta música foi

tema da conquista brasileira em 1958. Poucas

pessoas sabem que os compositores Maugeri,

Müller, Sobrinho e Dagô escreveram “a taça

do mundo é nossa”. E mal sabiam eles, que

uma frase inocente iria ser repetida a exaus-

tão por mais de 50 anos.

Porque? Porque nessa época qualquer

pessoa acha que qualquer coisa lhe dá direito

de achar que uma competição internacional

desse tamanho lhe pertence. Você verá pesso-

as utilizando a expressão a título de ironia, de

empolgação. Com exclamações, interroga-

ções, reticências e as mais varias pontuações.

Mas provavelmente, em nenhum outro

lugar você irá ler esse título a título do que

pretendemos. Ele está aí simplesmente pelo

clichê.

A história das copas é contada a cada

quatro anos, nos campos e nas publicações. E

essas histórias são cheias de clichês e repeti-

ções. São quase lendas urbanas. O heroísmo

brasileiro está em toda e qualquer situação,

se opondo a vilania estrangeira.

O CH3 resolveu então juntar todos es-

se clichês e contá-los de uma maneira diferen-

te, mas que provavelmente você já escutou

isso. Foi isso o que nós escrevemos quatro

anos atrás e agora repetimos o mesmo texto,

no cúmulo da picaretagem.

Só esperamos que vocês façam uma

boa leitura. Se quiserem vocês podem impri-

mir esse trabalho único de jornalismo. Se qui-

serem, podem fazer depósitos em nossas con-

tas correntes. Estaremos aguardando.

Página 2

A COPA DO

MUNDO É NOSSA

CH3 NEWS

Editorial

Numa hora dessas, vocês sabem, é

duro fugir dos clichês de sempre. E

das redundâncias também.

Índice

A história de cada copa está em sequência crono-

lógica a partir da próxima página, que no caso é a

página 3. Como o texto ainda não está pronto, e

aqui nós fazemos cada página de cada vez, não

temos certeza de como a disposição dos textos

ficará.

Expediente

CH3 NEWS é uma publicação experi-

mental do Blog CH3 na internet.

Redação: Guilherme.

Edição: Guilherme.

Diagramação: Guilherme.

Pesquisa histórica: Guilherme.

Celebridade: Gressana.

Presidência: Tackleberry.

Revisão: Cão Leproso.

Palpiteiro: Guilerme Original.

Fotografias: Internet.

Estagiário: Garoto Fabinho.

Mecenas: Jorginho de Ogum.

Repórter especial: Hanz.

Mestre Gourmet: Marcão

http://chtres.blogspot.com

CH3: mais que um blog, um estilo

de vida.

Edição Extra

Uruguai 1930

Viagens de navio demoravam meses, jogadores faziam provas de faculdade na hora do jogo e a bola era escolhida no apito inicial.

No tempo em que o

futebol era outro

muitos países temeram morrer

na praia, literalmente. E olha

que as praias uruguaias não

seriam o melhor lugar para se

morrer. Mesmo assim, morrer

de escorbuto no mar e ser joga-

do na água, não era uma ideia

mais animadora. Assim sendo,

apenas França, Iugoslávia, Ro-

mênia e Bélgica vieram da Eu-

ropa.

A primeira partida acon-

teceu entre França e México e

coube ao francês Lucien Laurent

marcar o primeiro gol da histó-

ria da competição. Foi um tor-

neio com formato estranho e

cheio de gols. O Brasil caiu

logo na primeira fase, elimi-

nado pela Iugoslávia. Os Es-

tados Unidos conseguiram

chegar às semifinais e a final

foi disputada por Argentina e

Uruguai. O fato de os ameri-

canos terem conseguido che-

gar as semifinais com um

time formado por índios, diz

muito sobre o nível técnico da

competição.

Diz a lenda que o primei-

ro tempo foi disputado com u-

ma bola argentina e o Placar foi

de 2x1 para os argentinos. No

Segundo tempo, com a bola u-

ruguaia, a Celeste fez 3 gols e

ganhou por 4x2. O que mostra

que o Uruguai conhecia melhor

suas próprias bolas.

O gol do título foi marca-

do por El Manco Castro,

um uruguaio que não tinha

uma mão. Sim, para eles

manco e quem não tem

mão. Aqui ele seria chama-

do de Maneta.

A vitória emocionou não

só os uruguaios. Empolga-

dos com o triunfo sul-

americano, jogadores boli-

vianos resolveram home-

nagear os campeões com a

mensagem “Uruguay Vi-

va!”. O problema é que um dos

11 jogadores, e consequente-

mente letra, resolveu faltar.

Mesmo assim a foto foi tirada,

para orgulho de Homer Simp-

son.

“A Copa do Mundo de

futebol é um evento esportivo

realizado a cada quatro anos,

em um país diferente. O torneio

surgiu porque a FIFA, Federa-

ção Internacional de Futebol,

desejava criar uma competição

mundial entre países. Esse de-

sejo se transformou em realida-

de quando o francês Jules Ri-

met assumiu a presidência da

federação na década de 20.

O nome da competição es-

colhido foi Copa do Mundo

(World Cup, em inglês), por-

que as seleções dos países

do Reino Unido disputavam

anualmente um torneio co-

nhecido como “Cup”, uma

vez que o troféu entregue

ao vencedor tinha o formato

de um copo. A FIFA queria

que o torneio fosse um

“Cup” envolvendo países do

mundo inteiro, o World Cup.

(Unzelte, 2002).”

Foi assim que eu co-

mecei a minha monografia de

faculdade, defendida no distan-

te ano de 2009, sobre o tema

“A imprensa e a identidade na-

cional durante a copa do mundo

de futebol” e é assim que come-

ço esse texto.

A primeira Copa do Mun-

do sofreu com alguns desfal-

ques. Como na época não exis-

tiam voos comerciais entre os

continentes, os países europeus

teriam que viajar até o Uruguai

de barco. Era uma viagem que

demorava mais de um mês e

Página 3

Artilheiro da copa, Stábile só jogou porque o titular

estava na semana de provas da faculdade

Brasil eliminou a Tchecoslová-

quia em dois jogos e encontrou

a Itália na semifinal. E os italia-

nos nos eliminaram. Depois os

brasileiros conseguiram o ter-

Com o torneio sendo dis-

putado novamente na Europa,

na França, apenas Brasil e Cuba

saíram das Américas. E os cu-

banos surpreenderam, elimi-

nando a Romênia no jogo extra

e depois perdendo para a Sué-

cia por 8x0. O herói cubano foi

Hector Socorro, que marcou

dois gols no torneio.

O Brasil fez sua melhor

campanha até então. Eliminou a

Polônia num jogo que terminou

6x5, com três gols de Leônidas

da Silva, o diamante negro (o

homem da pose sensual na foto

ao lado). Em um desses gols ele

estava sem chuteira, o que seri-

a teoricamente ilegal. Depois o

ceiro lugar, mas o futebol brasi-

leiro encantou o mundo e foi o

melhor time do torneio. Pelo

menos, é o que diria Galvão Bu-

eno se ele fosse vivo à época.

Na final a Itália bateu a

Hungria por 4x2. Dois gols de

Silvio Piola e dois gols de Gino

Colaussi.

As duas copas seguintes,

1942 e 1946 não foram dispu-

tadas, graças a um pequeno

evento mundial conhecido como

Segunda Guerra. A Copa de

1938 já continha sinais do con-

flito. Poucos meses antes do

torneio a Alemanha anexou a

Áustria. E acreditem, a Áustria

tinha um bom time a época.

Página 4

A glória de Mussolini

Outra vitória fascista

CH3 NEWS

larizado naquele vídeo da inter-

net.

O título italiano veio na

prorrogação. Detalhe que os

italianos tinham três argentinos

naturalizados no seu elenco.

A regra da competição

mudou. Os 16 times se enfren-

tavam direto em um mata-

mata. O bom desempenho de

alemães e italianos nessa com-

petição foi um aperitivo do que

se confirmaria anos depois na

segunda guerra mundial: eles

eram bons no mata-mata. Não

tanto como os soviéticos.

Pelo menos é o que dizem. Quem sou eu pra duvidar da história?

O torneio então se diri-

giu a Europa, na Itália. E o efei-

to inverso se deu. Apenas Bra-

sil, Argentina e EUA resolveram

atravessar o mar e, talvez can-

sados, foram eliminados logo no

primeiro jogo.

Os italianos conseguiram

o título em casa, para alegria de

Mussolini. Durante a competi-

ção eles eliminaram a Espanha

de Franco e enfrentaram na fi-

nal a Tchecoslováquia, que ha-

via eliminado a Alemanha de

Hitler. Hitler reagiu muito mal a

essa derrota, como ficou popu-

Itália 1934

Italianos gostavam de um mata-mata

França 1938

Imagino que deva ter sido bem chato para os outros países.

Edição Extra

Brasil tinha tudo para ganhar seu primeiro título. Mas a derrota para os uruguaios deixou marcas eternas no futebol brasileiro.

A tragédia de um povo

nas uma vitória. E ainda foram

humilhados e derrotados pelos

americanos, que tinham um ti-

me amador. O autor do gol, Joe

Gaetjens era um haitiano que

foi morto pela ditadura do psi-

copata Papa Doc.

Algumas ausências se

fizeram presentes no torneio.

Caso da destruída Alemanha e

também da Índia, que resolveu

não disputar o torneio porque a

FIFA proibiu os seus jogadores

de jogarem descalços, um cos-

tume do país. Imagine se lhes

fossem oferecido um churrasco?

A Índia nunca mais teve a chan-

ce de disputar uma Copa do

Mundo.

Pela única vez na histó-

ria o torneio foi decidido em um

quadrangular final, disputado

por Brasil, Uruguai, Suécia e

Espanha. O Brasil aniquilou os

seus adversários, enquanto o

Uruguai sofreu com placares

apertados. Os brasileiros seriam

campeões, essa era a óbvia im-

pressão do povo brasileiro.

Aproximadamente 200

mil pessoas compareceram ao

Maracanã na tarde do dia 16 de

julho de 1950 para apreciar e

comemorar a conquista do pri-

meiro título mundial brasileiro.

Para melhorar, o Brasil precisa-

va de apenas um empate. E pa-

ra melhorar ainda mais, a equi-

pe saiu na frente

com um gol de Fria-

ça. Só uma tragédia

reverteria a situa-

ção. Os jornais já

tinham suas capas

prontas para a co-

memoração, as fai-

xas de campeão já

estavam confeccio-

nadas.

Mas a 25 mi-

nutos do final, Schi-

affino empatou a

partida. O resultado

ainda dava o título

para o Brasil, mas

tensão já estava

presente. E a tragé-

dia se consumou

quando a 11 minutos do fim

Ghiggia virou o placar. “Gol do

Uruguai” dizia o incrédulo nar-

rador. Fim de jogo e o Uruguai

era campeão pela segunda vez.

O Maracanazzo traumati-

zou os brasileiros. Os vice-

campeões mundiais foram mar-

ginalizados pelo resto de suas

vidas. O Brasil também aposen-

tou suas camisas brancas e to-

dos pareciam ter a certeza de

que o Brasil jamais conseguiria

ser campeão um dia.

Hitler morreu, Mussolini

morreu, bombas caíram no Ja-

pão e a 2ª guerra mundial aca-

bou. Livres desses pequenos

aborrecimentos, a humanidade

pode finalmente voltar a se pre-

ocupar com o que realmente

importa: futebol. A Copa do

Mundo estava de volta em

1950, para acabar com as cha-

teações. E o lugar escolhido foi

o Brasil. A Europa estava relati-

vamente destruída

pela guerra e, além

disso, o torneio can-

celado de 1942 tam-

bém seria por aqui.

O Brasil era a esco-

lha lógica.

E nós nos

preparamos para

sermos campeões

pela primeira vez.

Construímos o Mara-

canã, então o maior

estádio do mundo,

com capacidade para

quase 200 mil pesso-

as amontoadas. Fora

isso, nós também

tínhamos uma equi-

pe talentosa, com

Zizinho e Ademir Menezes.

Outra novidade foi a par-

ticipação da Inglaterra, que pela

primeira vez aceitou disputar

uma Copa do Mundo. Como in-

ventores do futebol, os ingleses

achavam que não precisavam

participar do torneio que definia

a melhor seleção do mundo.

Eles simplesmente sabiam que

eram os melhores. Mesmo com

toda essa marra, eles tiveram

uma participação pífia, caíram

logo na primeira fase com ape-

Página 5

Brasil 1950

Ghiggia: apenas ele e o papa fizeram o Maracanã ficar em silêncio

Página 6

A Hungria tinha a melhor geração de sua história e impressionou o mundo. Só que os alemães são o Rocky Balboa do futebol.

CH3 NEWS

O milagre de Berna

ou essa teoria mesmo tendo

escutado os jogos apenas pelo

rádio.

Na época, os húngaros

utilizavam modernas táticas de

aquecimento. Consistia em... se

aquecer. Hoje pode parecer al-

go natural, mas até então nin-

guém tinha tido a ideia de que

uma corridinha antes do jogo

podia fazer os jogadores entra-

rem melhor em campo. E eles

sempre faziam pelo menos dois

gols até os 15 minutos do pri-

meiro tempo.

E foi assim que a Hun-

gria fez 2x0 na Alemanha com

apenas oito minutos de jogo.

Na primeira fase a Hungria ha-

via feito 8x3 nos mesmos ale-

mães e o começo arrasador deu

a expectativa de que um mas-

sacre aconteceria.

Mas, os alemães são co-

mo Rocky Balboa. Nunca são

derrotados duas vezes pelo

mesmo adversário. Eles cres-

cem na adversidade e podem

apanhar o tempo inteiro para

conseguir o nocaute no fim. E

assim foi.

O empate veio com certa

rapidez para espanto de todos.

E faltando cinco minutos para o

fim da partida, Helmut Rahn

marcou o gol do título, o pri-

meiro título alemão no jogo que

ficou conhecido como “O Mila-

gre de Berna” e virou filme. O

jogo desgraçou para sempre a

Hungria que nunca mais viu

nascer um único jogador razoá-

vel de futebol em seu solo.

Outro destaque da com-

petição foi o jogo entre Áustria

e Suíça, que terminou com um

placar de 7x5. Os 12 gols em

um jogo são um recorde de

competição. Hoje em dia as du-

as seleções precisam jogar a-

proximadamente dois anos inin-

terruptos para igualar a marca.

A Copa da Suíça entrou

para a história como a competi-

ção com a maior média de gols

da história. Certo que se anali-

sados hoje, os jogos da época

não se pareciam com o futebol

moderno. Era algo parecido. A

única preocupação era atacar. A

maior parte dos times jogava

com cinco atacantes e apenas

dois zagueiros. Ou seja, dois

tinham a função de marcar cin-

co. Imagino que ninguém esco-

lhia ser zagueiro na época. De-

via ser uma espécie de punição

imposta.

E nesse show de gols o

grande destaque foi a seleção

húngara. Não é possível saber

os motivos, mas esta foi a única

vez na história em que jogado-

res de futebol nasceram na

Hungria, e vários, e ao mesmo

tempo. Seria preciso estudar a

água da Hungria na época em

que eles foram gerados. Mas o

time de Puskás, Kocsis e

Czibor marcou incríveis

27 gols em 5 jogos, um

recorde.

Entre as vítimas

húngaras esteve o Bra-

sil, eliminado nas quar-

tas de final com uma

derrota por 4x2, na cha-

mada “Batalha de Ber-

na”. O jogo terminou em

pancadaria, briga cam-

pal com cadeiradas e

garrafadas distribuídas.

Ao final desse jogo Nel-

son Rodrigues decretou:

“O Brasil sofre de com-

plexo de vira-latas”. Ou

seja, se amedronta di-

ante de um adversário

de mais estirpe. Ele cri-

Suíça 1954

“Não importa o quanto você pode bater, mas o quanto você aguenta apanhar sem desistir”

Edição Extra

mulheres. Ele até comprovou

sua fama fazendo um filho na

Suécia.

As mudanças surtiram

efeito. Garrincha fez as jogadas

dos gols na vitória sobre a Uni-

ão Soviética, na partida que en-

trou para a história como o du-

elo do talento puro contra o fu-

tebol científico soviético (tai,

Rocky Balboa é uma metáfora

para qualquer situação da vi-

da). Pelé fez o único gol da vi-

tória sobre o País de Gales

(acreditem, País de Gales já

participou de uma copa).

Mais três gols de Pelé

contra a França garantiram a

participação brasileira contra a

Suécia na final. Era hora de en-

frentarmos os donos da casa.

Perderíamos novamente? Ou

seríamos os responsáveis por

um Rasundazzo? A resposta no

próximo parágrafo, senhoras e

senhores.

O Brasil saiu sem muita

expectativa para disputar a Co-

pa da Suécia. A imprensa tinha

certeza que o Brasil iria perder

no momento decisivo, que nos-

sos jogadores tinham sangue de

barata. Se Galvão Bueno fosse

narrador à época, o Brasil seria

provavelmente o pior lugar do

mundo para se viver. Ele pediri-

a muito o nosso apoio porque

teríamos uma parada dificílima.

A certeza

do fracasso au-

mentou quando

o Brasil empatou

com a Inglaterra

por 0x0. Esse

aliás, foi o pri-

meiro jogo sem

gols da história

de todas as co-

pas. O privilégio

coube aos inven-

tores do esporte

e aos futura-

mente reconhe-

cidos como do-

nos do melhor

futebol do mun-

do.

Mas foi

então que acon-

teceu a hora da mudança, tal

qual o roteiro de filme de Holly-

wood. O empate serviu para

promover mudanças que guia-

ram a equipe até a vitória. Zito,

Garrincha e Pelé substituíram

Dino Sani, Joel e Mazzola no

time titular.

Hoje pode parecer que o

treinador era um retardado

mental por deixar Garrincha e

Pelé no banco. Mas, na época

Pelé era uma criança e Garrin-

cha um abestado comedor de

Nem um, nem outro. O

Brasil conseguiu a vitória, com

requintes de crueldade—5x2,

com outros dois gols de Pelé,

mais dois de Vavá e até um de

Zagallo. Delirava Nelson Rodri-

gues com o fim do complexo de

vira-latas e Pelé era coroado o

rei do futebol.

Só que, ao que consta a

Suécia não ficou eternamente

traumatizada com a derrota.

Eles pensaram

“isso é só um

jogo de futebol”

e se preocupa-

ram em hoje ser

um dos maiores

IDHs do mundo.

Ok, eles foram

os responsáveis

pelo Abba tam-

bém. Mas isso

não tem nada

haver com a

derrota. Até ho-

je eles ainda u-

sam as camisas

amarelas de en-

tão e os vice-

campeões são

considerados

heróis nacionais

pela melhor desempenho sueco

na história das Copas.

A copa de 1958 também

ficou marcada pelo francês Just

Fontaine, artilheiro da competi-

ção com o recorde histórico de

13 gols. Fontaine, que não es-

crevia fábulas sobre formigas

trabalhadoras e cigarras pregui-

çosas, na verdade era marro-

quino e parou de jogar logo de-

pois, por conta de uma perna

quebrada. Depois teve uma car-

reira apagada como treinador.

Pelé e Garrincha são alçados ao time principal e o Brasil conquista o seu primeiro título mundial, subjugando adversários.

O mundo aos nossos pés

Página 7

Suécia 1958

Bellini ergue a taça do mundo que era nossa. E com brasileiro não havia quem pudesse

juiz deu apenas a falta. Na co-

brança o ex-húngaro Puskas fez

um gol de bicicleta que foi mis-

teriosamente anulado.

Enquanto isso, a Argen-

tina era eliminada na primeira

fase, o Chile avançava a base

da porrada e o colombiano Mar-

cos Coll marcava um incrível gol

olímpico contra a União Soviéti-

ca. Até hoje, esse é o único gol

de escanteio da história da

competição.

Nas quartas de final,

Garrincha começou a brilhar.

Marcou dois gols na Inglaterra.

Foi nesse jogo que o Mané so-

freu a maior humilhação de sua

vida. Um cachorro vira-lata in-

vadiu o campo e escapou de

vários jogadores que tentaram

o pegar. O próprio Garrincha

caiu de bunda no chão. A situa-

ção só foi resolvida quando um

Dessa vez o Brasil esta-

va confiante. A base do time

campeão em 1958 iria disputar

também a copa de 1962. Lá es-

tavam Gilmar, Djalma Santos,

Nilton Santos, Didi e, principal-

mente, Garrincha e Pelé. Ou

seja, o título estava garantido.

A estreia não foi muito

animadora, mas pelo menos

valeu os dois pontos. Ah sim,

caso você não saiba só em

1994 que a vitória passou a

valer três pontos. Vitória de

2x0 sobre o México, com gols

de Pelé e Zagallo.

No gol mexicano jogava

o lendário goleiro Carbajal. Ele

detém o recorde de participa-

ções em copas do mundo, ao

lado do alemão Lothar Mat-

thaus. Só que enquanto o ger-

mânico tem um título no currí-

culo, Carbajal tem apenas o

recorde de gols sofridos, 25. E

nos cinco torneios que dispu-

tou, conseguiu ganhar apenas

uma partida. Não queria estar

na pele dele.

Os problemas para o

Brasil começaram no segundo

jogo. Empates em 0x0 com a

Tchecoslováquia e Pelé fora da

Copa, com uma lesão muscular.

O Brasil já pensava “estamos

ferrados”. Mas eis que Amaril-

do, o seu substituto, marca os

dois gols na vitória sobre a Es-

panha que garantiu a classifica-

ção brasileira. Amarildo era co-

nhecido como “O Possesso”

Foi uma vitória polêmica

aliás. A Espanha teve um pênal-

ti (cavado) não marcado a seu

favor. Nilton Santos deu dois

passos para fora da área e o

inglês dominou o cachorro. E

sem fazer falta.

Depois, nas semifinais, o

Brasil enfrentou os chilenos. Em

um jogo tenso, o homem de

Pau Grande (distrito de Magé)

fez outros dois gols na vitória

por 4x2. Na outra semifinal, a

Tchecoslováquia derrotou a Iu-

goslávia num duelo de países

que já não existem mais.

O problema para o Brasil

é que Garrincha foi expulso no

fim do jogo contra o Chile. Mas

em uma ação misteriosa de

bastidores, as testemunhas de

sua expulsão desapareceram e

ele foi absolvido, podendo as-

sim disputar a final.

Garrincha entrou em

campo gripado. E a Tchecoslo-

váquia era o único país a não

ter perdido do Brasil na compe-

tição, aliás, não tomaram ne-

nhum gol. E logo no começo da

partida, o maior jogador tcheco

da história, Masopust, abriu o

placar. Para sorte do Brasil,

Amarildo, que não era pedrei-

ro, empatou o jogo logo depois

fazendo o mundo esquecer de

Pelé. Ou, nem tanto.

A virada veio apenas no

segundo tempo, com gols de

Zito e Vavá. Coube depois a

Mauro Ramos levantar a taça do

bicampeonato mundial. Euforia

nacional, novamente. Esta foi a

última vez que um time conse-

guiu ganhar duas copas do

mundo em sequência. O que

você aprende com isso? Não

chute no seu bolão que os es-

panhóis serão os campeões em

2014. Suas chances são consi-

deravelmente menores.

Página 8

Pelé saí machucado. Dúvidas se abatem sobre a seleção. E quem poderia nos ajudar? Sim, sobrou para Garrincha ser a estrela.

CH3 NEWS

Garrincha ganha a Copa

Chile 1962

Garrincha entortando sua mente

Edição Extra

anos voltaram para casa sobre

uma chuva de tomates) que

havia saído na frente por 3x0.

Eusébio marcou 4 gols e o jogo

terminou 5x3. Os norte-

coreanos voltaram para casa

como heróis, desfilaram em

carro aberto pelas ruas de

Pyongyang e tiraram fotos com

o ditador. Mas, poucos meses

depois eles foram denunciados

por supostos abusos na Ingla-

terra. Teriam fumado, bebido e

participado de festas. Foram

então presos e torturados.

A euforia portuguesa

terminou nas semifinais. Foram

eliminados pelos Ingleses. Pelo

menos, eles conseguiram o ter-

ceiro lugar contra a União Sovi-

ética.

A Inglaterra chegou a

final com uma campanha leve-

mente polêmica. A principal o-

correu no jogo contra a Argenti-

Depois do bicampeonato,

os brasileiros estavam confian-

tes. Aliás, confiantes mesmo.

Tão confiantes que a Confede-

ração Brasileira de Desportos

convocou 44 jogadores. Afinal,

haviam bons jogadores demais

por aqui. Mas no fim, a opção

foi por levar a base bicampeã

do mundo, com jogadores bem,

mas bem experientes.

Eles já estavam ficando

velhos, mesmo. Garrin-

cha a essa altura, já era

um jogador decadente,

alcoólatra e com os joe-

lhos estourados.

O Brasil até es-

treou bem nos campos

ingleses. Jogando em

Liverpool, conseguiu

uma vitória contra a

Bulgária por 2x0. Mas,

foi apenas isso. Depois,

duas derrotas contra

Hungria e contra Portu-

gal eliminaram o Brasil

da competição. Pela pri-

meira vez, o atual cam-

peão caia logo na pri-

meira fase. Se Garrin-

cha estava acabado, Pelé tam-

bém não pode ajudar muito. Os

portugueses o pararam na base

da porrada. Pelé teve que dei-

xar o gramado carregado.

Mesmo sendo violentos

inescrupulosos, que roubaram o

nosso ouro e nossa madeira, os

portugueses foram a sensação

do torneio. Com um time cheio

de moçambiquenhos, os lusita-

nos foram ganhando todos os

seus jogos, inclusive uma vira-

da sensacional contra a Coréia

do Norte (que havia eliminado a

Itália na primeira fase. Os itali-

na. Ratttin teria sido expulso

injustamente. Contrariado ele

sentou no tapete da rainha.

Na final, os ingleses en-

frentariam os Alemães. Helmut

Haller abriu o placar para a Ale-

manha, mas os ingleses vira-

ram o jogo. O título ficou bem

perto da Inglaterra e eles tive-

ram chances de decidir a parti-

da. Contudo, os ale-

mães confirmaram a

sua fama de Rocky Bal-

boa e empataram no

último minuto com um

gol de Wolfang Weber.

Assim sendo, o cotejo

se encaminhou para a

prorrogação.

Então veio o

lance polêmico. Geoff

Hurst recebeu na ponta

direita e chutou cruza-

do, a bola bateu no

travessão quicou em

cima da linha e saiu.

Isso foi o que o mundo

viu. O juiz resolveu va-

lidar o gol. Até hoje os

ingleses tentam provar

que a bola entrou. Rea-

lizam pesquisas, digitalizam a

cena, mudam a angulação. Mas

não conseguem provar o impro-

vável.

Os alemães partiram pa-

ra cima em busca de um novo

empate e no finzinho, o mesmo

Hurst marcou o quarto gol que

selou o primeiro e único título

inglês na competição, com a

ajudinha. No ano seguinte os

Beatles gravariam “With a little

help from my friends”. Mas um

fato não tem nada haver com o

outro. Pelo menos é o que se

acredita.

Os inventores do futebol finalmente conseguiram o seu título mundial. Mas isso não teria sido possível sem uma ajudinha.

With a little help from...

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Inglaterra 1966

Finalmente uma foto colorida, heim?

Rimet. A taça que levava o no-

me do mentor intelectual do

torneio seria dada ao primeiro

tricampeão.

Brasil e Uruguai faziam

um jogo tenso. Ao longo da se-

mana, todos se lembravam da

traumática derrota brasileira na

Copa de 1950. E o Uruguai ain-

da saiu na frente para aumentar

a uruguaifobia brasileira. Para

sorte do Brasil, Clodoaldo em-

patou a partida no final do pri-

meiro tempo. Foi o único gol do

volante com a camisa brasileira.

No vestiário, Zagallo

usou seu velho discurso patrió-

tico e a equipe voltou melhor.

Jairzinho e Rivelino garantiram

a vitória e Pelé quase fez dois

gols antológicos. Procure no

youtube.

Dessa vez os brasileiros

não estavam confiantes. O fra-

casso da última Copa contribuí-

a. E também a demissão de Jo-

ão Saldanha a poucos meses do

torneio. Zagallo assumiu em

seu lugar. As publicações pré-

copa apostavam que Inglaterra

e Uruguai eram os maiores fa-

voritos para o tí-

tulo.

No entan-

to, a seleção na-

cional havia mon-

tado uma grande

equipe para dispu-

tar a copa do Mé-

xico. Gérson, Jair-

zinho, Pelé, Riveli-

no e Tostão fazi-

am um grande

quinteto ofensivo.

E essa equipe

conseguiu um fei-

to, foi a primeira

seleção a ser

campeã ganhando

todos os seus seis

jogos disputados.

Tchecoslo-

váquia, Inglaterra

e Romênia foram

batidas na primei-

ra fase. O Peru caiu nas quartas

de final. As vitórias foram con-

vincentes e a cada jogo Pelé

quase marcava o gol mais boni-

to da história.

Nas semifinais, o Brasil

enfrentaria o Uruguai, enquanto

a Itália enfrentaria a Alemanha.

Dentre as quatro finalistas, três

equipes bicampeãs. Com isso,

eram grandes as chances de

que uma equipe conquistasse a

posse definitiva da taça Jules

Já a outra semifinal é

conhecida como a maior partida

da história do futebol. Os italia-

nos venceram por 4x3 na pror-

rogação em um jogo cheio de

reviravoltas. Este jogo imortali-

zou o alemão Beckembauer, o

Rambo dos gramados. Ele atu-

ou boa parte da partida com o

braço imobiliza-

do, graças a uma

clavícula desloca-

da.

Brasil e

Itália entraram

em campo para

decidir o título e

o futuro da taça.

O Brasil abriu o

Placar com Pelé,

o que era um

mau presságio.

Até então, em

todas as finais, o

time que abriu o

placar perdeu o

jogo. Boninseng-

na empatou o

placar, numa fa-

lha da zaga bra-

sileira. O jogo

aliás, era chato e

cheio de jogadas

grotescas.

No segundo tempo, os

italianos morreram e prevaleceu

o preparo físico brasileiro que

enfileirou gols para conseguir a

goleada por 4x1. A Jules Rimet

era nossa!!!(...)!!! Mas não para

sempre. Cerca de 10 anos de-

pois, ela foi roubada e derretida

para virar pulseirinha, corrente

e dente de ouro. Até hoje esse

título está no sorriso do povo

brasileiro.

Página 10

Com o tricampeonato, o Brasil conquista de vez a Taça Jules Rimet. Ela durou 10 anos, até ser derretida pra virar correntinha.

CH3 NEWS

A conquista definitiva

México 1970

Todos juntos vamos, pra frente Brasil, salve a seleção. É aquela corrente... opa

Edição Extra

gueiros atacavam e o goleiro

jogava com a camisa 8. Inven-

taram coisas como a marcação

por pressão, a linha de impedi-

mento e a correria tresloucada.

Foram conseguindo vitórias ex-

pressivas na competição, inclu-

indo um 4x0 sobre a Argentina.

Brasil e Holanda decidiri-

am a vaga na final. Zagallo dis-

se que a Holanda é que tinha

que ter medo do Brasil. Torce-

dores diziam que a Holanda era

um bando de peladeiros. Na en-

tão ainda jovem arrogância fu-

tebolística brasileira (tendência

que os brasileiros tem de achar

que só nós sabemos jogar fute-

bol) não deve ter faltado gente

que fez a piadinha “vamo es-

premê a laranja! Hehe”. E foi

um massacre. Cruyff, Nees-

kens, Kroll, Rep, Rensenbrink,

os holandeses apareciam de

todos os cantos e o 2x0 foi pou-

co no fim. Podia ter sido 5.

Os holandeses chegaram

como favoritos a final diante da

Alemanha capitalista. E come-

çaram exercendo seu domínio,

Tudo era novo na Ale-

manha Ocidental. Um novo tro-

féu em disputa (A Taça FIFA),

um novo formato de disputa

(haveria um quadrangular semi-

final, ao invés do simples mata-

mata). E também um novo fu-

tebol, bem mais pesado. Quem

assistir hoje um jogo dessa co-

pa, perceberá que a partida era

uma carnificina.

E o engraçado é

que os árbitros

da época são ho-

je comentaristas

que se revoltam

com qualquer

esbarrão.

Logo na

primeira fase,

um confronto

interessante. A-

lemanha Ociden-

tal x Alemanha

Oriental. Duelo

de doutrinas, sis-

temas políticos, sociais e econô-

micos. E os comunistas vence-

ram. Para muitos discípulos de

Marx, essa é a maior prova da

superioridade vermelha.

O Brasil fez uma campa-

nha pífia. Comandado por Za-

gallo, o time conseguiu ficar

sem marcar gols em 4 dos 7

jogos que disputou. E ainda

conseguiu terminar na quarta

posição. Dunga costuma a citar

essa equipe como a melhor se-

leção brasileira que ele já viu

jogar.

Mas, é impossível falar

dessa copa sem falar da Holan-

da. A Laranja Mecânica inven-

tou um novo estilo de jogo, em

que atacantes defendiam, za-

tocando a bola por um minuto

até sofrer um pênalti. Fizeram

1x0. E todos imaginavam que

seria mais um massacre.

Mas, ninguém massacra

os alemães e eles não tem me-

do de nada. Ainda mais porque

tinham o seu melhor time na

história com Sepp Maier, Bec-

kenbauer (sorrindo abaixo),

Gerd Muller e

Breitner. Vira-

ram o jogo ain-

da no primeiro

tempo e depois

se seguraram no

restante da par-

tida. Consegui-

ram seu segun-

do título, e pela

segunda vez so-

bre o time sen-

sação do tornei-

o. Nunca duvide

da Alemanha,

meus amigos.

Dessa vez a Holanda é que tinha sua maior geração. Encantou o mundo e revolucionou o futebol. Mas quem ganhou? Os alemães.

O Déjà Vu da Alemanha

Página 11

Alemanha Ocidental 1974

A Alemanha atropelou a Holanda sob o passivo olhar do juiz

mais violento da história do fu-

tebol. É um milagre que não

tenha acontecido nenhuma

morte. E seria milagre ter acon-

tecido algum gol. O jogo termi-

nou 0x0. E ninguém teve capa-

cidade matemática de fazer a

estatística do número de faltas.

Na última rodada a Ar-

gentina enfrentava o Peru preci-

sando vencer por 4 gols de dife-

rença para se classificar para a

final e, consequentemente, eli-

minar o Brasil. Os Argentinos

sofreram e só conseguiram fa-

zer 1x0 com 20 minutos de jo-

go. O 2x0 foi suado, no finzinho

do primeiro tempo. Parecia que

seria dramático. Mas na volta

do vestiários, os peruanos ape-

nas andavam em campo. Em 5

minutos o 4x0 já estava feito. E

o placar final foi de 6x0. Hoje é

praticamente comprovado que

os argentinos, aqueles porcos

sujos e desgraçados, compra-

A Argentina não poupari-

a esforços para ser campeã

dentro de casa. Foi ajudada pe-

lo fato de que os dois astros da

copa anterior não iriam partici-

par dessa edição. Beckenbauer

estava aposentado da seleção

alemã e Cruyff resolveu não

disputar, porque, diz a lenda,

ele não jogaria em um país co-

mandado por um ditador san-

guinário.

Foi uma copa sem muito

brilho individual. O Brasil tinha

uma seleção ainda mais chata

que a anterior, a Holanda tinha

um time instável e a Argentina

avançava a base da raça e da

ajuda da arbitragem.

O único jogo de desta-

que na primeira fase foi entre

Holanda e Escócia. A partida

ficou marcada pelo gol 1000 da

história da competição, marca-

do por Rensenbrink aos 34 mi-

nutos do primeiro tempo. Anos

depois, este se transformaria no

jogo mais cult da história ao ser

citado no cult filme Trainspot-

ting. Sim foi nesse jogo que Ar-

chie Gemmil marcou. Um belo

gol por sinal. A Escócia é um

país tão loser (nunca avançou a

segunda fase da copa em suas

oito participações) que este é

considerado o maior momento

da história do futebol escocês.

Mas os fatos realmente

interessantes aconteceram nos

quadrangulares semifinais. De

um lado, a Holanda cresceu e

conseguiu uma vaga na final,

superando Argentina e Itália.

Na outra chave, Brasil e

Argentina fizeram a chamada

“Batalha de Rosário”. O jogo

ram o jogo.

Restou ao Brasil brigar

pela terceira posição, consegui-

da num jogo diante da Itália, no

qual Nelinho marcou um gol an-

tológico. O Brasil foi o primeiro

país da história a terminar a

competição invicto e sem o títu-

lo. O técnico Cláudio Coutinho

resolveu se autoproclamar

“Campeão Moral”. A babaquice

pegou e até hoje esse termo é

utilizado no futebol até hoje.

Coutinho morreu afogado.

Argentina e Holanda fi-

zeram a final. Foi outro jogo no

qual a porrada comeu solta. Fo-

ram pelo menos quatro jogadas

dignas de prisão perpétua.

Os argentinos saíram na

frente e os holandeses empata-

ram. No último minuto do jogo,

um lance sensacional. Rensen-

brink divide com o goleiro e a

bola bate na trave e saí. Se a

bola entrasse a Holanda seria

campeã. Do ditador Videla até o

gandula, foi um trancamento

coletivo de toba.

Mas, como o “se” não

existe no futebol, a Argentina

conseguiu dois gols na prorro-

gação e se sagrou campeã. Para

a alegria do time, do técnico, do

ditador sanguinário, da seleção

do Peru e dos torcedores.

Fora a história do

“Campeão Moral” essa copa te-

ve um segundo péssimo legado

para o futebol. Os argentinos

popularizam a técnica de atirar

papel higiênico nos gramados.

Além de faltar papel pra limpar

bunda, deixa o campo sujo e

embolado. Pelo menos o papel

não é usado.

Página 12

Argentina confirma a sua fama de país mais sujo do planeta e obtém seu primeiro título comprando juízes e adversários.

CH3 NEWS

Uma vitória polêmica

Argentina 1978

Toda a amizade entre Brasil e Argentina

Edição Extra

com menos de um minuto de

diferença.

Na vitória da França so-

bre o Kuwait por 4x1 o juiz vali-

dou um gol para a França que

gerou protestos nos Kuaitianos,

que juravam terem escutado

um apito paralisando a partida.

Neste momento o sheik Fahid Al

-Ahmad Al-Sabah invadiu o

campo vestido a caráter. Con-

versou com o juiz, que achou

por bem anular o gol. Não se

sabe o que ele disse.

A Alemanha eliminou a

França nas semifinais. Foi a pri-

meira disputa por pênaltis da

história da competição. Um lan-

ce marcante do jogo foi quando

o goleiro alemão Schumacher

acertou uma voadora no francês

Patrick Battiston, que caiu no

A copa da Espanha será

eternamente conhecida pela

tragédia brasileira. O time deu

show, encantou os seres huma-

nos, mas aí pegou a desacredi-

tada Itália e perdeu com 3 gols

de Paolo Rossi. Sempre que se

fala dessa copa, um clima de

depressão é criado. Por isso,

vamos tentar evitar falar do

Brasil.

O carrasco Paolo Rossi

estava suspenso, até pouco an-

tes de o torneio começar. Ele

havia sido suspenso num escân-

dalo de manipulação dos resul-

tados. Na primeira fase, a Itália

não ganhou nenhum jogo e ele

não fez nenhum gol. Também

não marcou nenhum na vitória

contra a Argentina. Depois mar-

cou 3 no Brasil, 2 na Polônia e o

primeiro na final contra a Ale-

manha Ocidental. Foi o artilhei-

ro e craque da Copa.

A formula da disputa

mudou para essa edição do tor-

neio. Escolheu-se um número

de 24 times, que obrigou a uma

série de triangulares quadrifi-

nais. Uma confusão só. Foi nes-

sa fase em que o Brasil sofreu a

fatídica derrota no Sarriá.

A Hungria promoveu a

maior goleada da história das

copas ao derrotar El Salvador

por 10x1. O primeiro tempo ter-

minou com modestos 3x0. Ra-

mírez Zapata diminuiu o placar,

no momento para 5x1, e come-

morou como um título mundial

(foi o único gol do país na histó-

ria das copas). Talvez provoca-

dos pela comemoração os hún-

garos marcaram quatro gols em

cinco minutos. Incluindo 2 gols

gramado desacordado e sem

pulso. Por alguns momentos se

pensou que ele havia morrido.

Mas o saldo foi de uma lesão na

coluna e três dentes quebrados.

Schumacher ainda ironizou a

situação dizendo que pagaria a

dentadura do francês. Ah sim, o

juiz achou que o lance foi nor-

mal, mandou o jogo prosseguir

e ainda declarou a vitória por

nocaute de Schumacher.

Na final, a velha rivalida-

de entre alemães e italianos. A

Itália levou a melhor, com rela-

tiva tranquilidade. Abriu 3x0 e

depois a Alemanha descontou

com um gol de Breitner. Os ita-

lianos conseguiram seu terceiro

título mundial e se igualaram ao

Brasil, na ocasião. Paolo Rossi

até hoje é proibido de vir aqui.

Não era nenhum padeiro psicótico. Paolo Rossi marcou três gols que eliminaram o Brasil e se transformou em vilão nacional.

O destruidor de sonhos

Página 13

Espanha 1982

Até hoje existem brasileiros que tem pesadelos diários com Paolo Rossi

empolgar e foi eliminado nas

quartas de final diante da fran-

ça de Michel Platini. Os france-

ses, aliás, perderam nas semifi-

nais, novamente para a Alema-

nha demonstrando uma espécie

de freguesia histórica.

A Dinamarca surpreen-

deu o mundo ao ganhar todos

os seus primeiros jogos e mas-

sacrar o Uruguai por 6x1. Lide-

rados por Michael Laudrup, eles

ganharam a alcunha de Dina-

máquina. Mas, o sonho logo a-

cabou. Foram derrotados pela

Espanha nas oitavas. E foi uma

derrota humilhante por 5x1. O

maior legado dos dinamarque-

ses acabou por ser inaugurar a

era dos uniformes horríveis.

O jogo final foi estranho.

O ritmo era lento e a Argentina

conseguiu fazer 2x0 com facili-

dade na Alemanha Ocidental. O

título parecia definido, uma vez

que a Argentina tinha o melhor

jogador do mundial e os ale-

Na verdade está copa

deveria ser na Colômbia. Isso

mesmo, deveria. Menos de qua-

tro anos antes do começo da

copa as autoridades colombia-

nas falaram “olha, sinto muito,

não vai dar”. Faltou dinheiro, as

FARC não deixaram, não se sa-

be o motivo. Mas o fato é que a

FIFA teve que correr atrás de

um novo país e acabou esco-

lhendo o México, mesmo país

que recebeu a copa 16 anos an-

tes. Provavelmente os dirigen-

tes da FIFA gostam de comida

apimentada.

E então, nove meses an-

tes do começo da competição,

um terremoto atingiu o México.

Mas os mexicanos foram fortes

e organizaram o torneio assim

mesmo. Durante a copa, ne-

nhum narrador pode fazer a pi-

adinha de que tal estádio iria

tremer. Porque isso poderia a-

contecer literalmente.

Basicamente, foi a copa

de Maradona. Mesmo jogando

em uma seleção medíocre, ele

conduziu seu time até o título.

Para isso deu passes, fez um

gol driblando meio time adver-

sário e também fez um gol de

mão. Sim, os argentinos não

conseguiriam ganhar um título

sem pelo menos um pouco de

sujeira. Esses porcos malditos.

Foi uma copa de nível

técnico baixo. Muitos jogos com

placares apertados e disputados

em um calor infernal, por ques-

tões televisivas. O Brasil levou a

base da seleção que havia en-

cantado o país quatro anos an-

tes, mas o envelhecido time de-

sapontou. Até fez uma boa

campanha, mas não chegou a

mães faziam uma campanha

vagabunda, chegando aos tran-

cos e barrancos. Mas, vocês sa-

bem como os alemães são.

Em menos de cinco mi-

nutos eles conseguiram empa-

tar a partida em duas jogadas

de escanteio. Parecia que seria

uma nova virada germânica é-

pica. Mas, os alemães se em-

polgaram. Foram todos pra

dentro da grande área e em um

contra-ataque os argentinos

conseguiram o gol do título com

Jorge Burruchaga, no finzinho

do jogo.

Os argentinos consegui-

ram assim o seu segundo e últi-

mo título mundial. Maradona se

consagrou como o maior joga-

dor da sua geração e seguiu

uma carreira de sucesso no Ná-

poles. Logo depois ele se em-

polgou e começou a usar todos

os tipos de drogas existentes

até quase morrer. Hoje ele é

ator de comerciais vinculados

exclusivamente no Brasil.

Página 14

Na época ele ainda não era um louco drogado e conduziu uma seleção medíocre ao título. Para isso, ele fez até gol de mão.

CH3 NEWS

Maradona é campeão

México 1986

Esses shortinhos eram ridículos, não?

Edição Extra

minados com a derrota por 1x0

para Itália.

A única boa surpresa foi

a seleção camaronesa, que lide-

rada pelo vovô garoto Roger

Milla chegou até as quartas de

final com um futebol alegre,

ofensivo e descompromissado.

Perderam para a Inglaterra.

Nas semifinais, a Argen-

tina eliminou os donos da casa

nos pênaltis e a Alemanha

(unificada politicamente, mas

não futebolisticamente) tirou a

Inglaterra, também nos pênal-

tis.

Assim sendo, argentinos

e alemães reeditaram a final da

copa anterior. Foi um jogo pa-

voroso, medonho, ridículo. Pa-

recia que teríamos uma nova

prorrogação e depois uma outra

disputa por pênaltis de tão in-

competentes que os times e-

ram.

Se Deus gosta de fute-

bol, ele provavelmente se es-

queceu disso na copa de 1990.

Foi a pior Copa da história. Jo-

gos ruins, times medíocres,

poucos gols, muitos empates e

muitas bizarrices acontecendo.

O Brasil levou a sua, por

muitos assim considerada, pior

seleção da história. E mesmo

assim terminou a primeira fase

com a segunda melhor campa-

nha do torneio, atrás

apenas da Itália. E no

único jogo em que foi

razoavelmente bem,

acabou eliminado pe-

la Argentina. Os ar-

gentinos, por sua

vez, conseguiram ser

vice-campeões mun-

diais ganhando ape-

nas 2 jogos e mar-

cando apenas cinco

gols em sete jogos.

Eles conseguiram a-

vançar no torneio,

graças apenas ao go-

leiro Goycochea que

era horrível, mas pe-

gava muitos pênaltis.

Metade dos 16

jogos da fase de ma-

ta-mata acabaram indo para a

prorrogação e, destes, quatro

foram decididos nos pênaltis.

Um recordes. As seleções tinha

um enorme medo de ganhar.

O maior símbolo disso foi

a seleção irlandesa, que conse-

guiu chegar as quartas-de-final

mesmo sem ter ganho um único

miserável jogo e com apenas

dois malditos gols, anotados

ainda na primeira fase. Sim,

eles empataram seus quatro

primeiros jogos e só foram eli-

Mas, faltando apenas

cinco minutos para o fim do jo-

go, o juiz mexicano marcou um

pênalti inexistente para a Ale-

manha. Provavelmente ele es-

tava cansado e resolveu acabar

logo com aquele negócio. An-

dreas Brehme venceu Goyco-

chea para abrir o placar.

Uma vez que não havia

atacado durante o torneio intei-

ro, a Argentina não soube o que

fazer nos minutos

finais e a Alemanha

tocou bola até con-

quistar a vitória,

que sacramentou a

sua revanche. Fes-

ta na Alemanha e

festa no mundo in-

teiro. Finalmente

havia acabado.

O único lado

positivo do torneio,

é que a FIFA resol-

veu tomar uma sé-

rie de providências

para estimular o

desejo por vitória.

A partir da Copa de

94 as vitórias co-

meçaram a valer

três pontos ao in-

vés de dois. Também foi proibi-

do que os goleiros pegassem

com as mãos, bolas recuadas

com os pés. Sim, isso era uma

prática comum até então. Tudo

para evitar que o placar ficasse

em branco, assim como o espa-

ço abaixo.

Os deuses do futebol tiraram férias durante a copa de 90. Mesmo assim, a pior copa da história tem alguns fãs ao redor do mundo.

Não parecia ser futebol

Página 15

Itália 1990

Empate entre Holanda e Irlanda foi um jogo símbolo do torneio

zaga era intransponível.

Já a Itália sofreu na pri-

meira fase e sofreu em todos os

seus jogos. Se Roberto Baggio

não existisse, provavelmente a

Itália não teria passado da pri-

meira fase.

No meio do caminho fi-

cou a Argentina que havia en-

cantado na primeira fase, co-

mandada por um renascido Ma-

radona. No entanto, o argentino

comemorou seu gol contra a

Grécia correndo para a câmera

claramente aceleradaço na co-

ca. Ele foi pego em um exame

antidoping, acabando definitiva-

mente para o futebol.

O Russo Oleg Salenko

bateu o recorde de gols em u-

A copa de 1994 sofreu

um azar histórico. Ok, a final foi

horrível, terminou 0x0 e foi de-

cidida apenas nos pênaltis. O

Brasil jogava burocraticamente,

a Itália dependia apenas de Ro-

berto Baggio para marcar gols e

além disso, grandes potências

como Alemanha e Argentina

decepcionaram. Fora isso os

uniformes eram horríveis, ti-

nham marcas d’água em exces-

so. As camisas de goleiro feitas

pela Adidas eram todas quadri-

culadas. Enfim.

Poucas pessoas perce-

bem isso, mas o brilho da copa

esteve em seleções lado-b do

futebol mundial. Quem viu a-

quela copa não se esquecerá

jamais da Romênia de Hagi

(Deus supremo do futebol, para

quem este especial é dedicado),

Dumitrescu e Radociouiu. Ou a

Bulgária de Stoichkov, Letchkov

e Ivanov (mais belo jogador da

história). Tivemos ainda a Sué-

cia de Brolin e Keneth Ander-

son. A Nigéria de Yekeni, Amu-

neke e Amokachi.

Mas é aquela coisa. Na

hora da decisão em uma Copa

do Mundo, a camisa pesa. To-

das essas seleções ficaram pelo

caminho e na final lá estavam

os óbvios Brasil e Itália. Um jo-

go entre duas seleções chatas,

jogado no calor de 12h30 do

verão americano da Califórnia,

só poderia ser chato.

O Brasil havia feito uma

campanha... consistente, diga-

mos. Conseguiu vitórias aper-

tas, mas só sofreu mesmo na

partida contra a Holanda. Ro-

mário decidia várias partidas,

Bebeto era um bom parceiro e a

ma única partida. Fez cinco

contra Camarões e terminou a

copa artilheiro, ao lado de Stoi-

chkov, com 6 gols. Nunca mais

fez nada na vida. Nesse mesmo

jogo, Roger Milla fez um gol,

mesmo tendo impressionantes

42 anos.

Voltando a final. O Brasil

ameaçou mais, visto que a Itá-

lia estava acabada fisicamente.

Mas, o gol não saiu. A certa al-

tura, o goleiro Pagliuca soltou

um chute de Mauro Silva e a

bola bateu na trave e voltou

nas mãos do goleiro, que depois

beijou a trave. A trave e os

deuses do futebol não poderiam

deixar que Mauro Silva definisse

uma Copa do Mundo. O Brasil

chegou a apelar, colocando Vio-

la em campo.

As cobranças de pênalti

foram inevitáveis.

Para começar, Baresi

perdeu o primeiro para a Itália

e Márcio Santos o primeiro do

Brasil. Sim, estava difícil do gol

sair. Mas, na sequência, Alberti-

ne, Romário, Evani e Branco

converteram suas cobranças

para matar a vontade que Gal-

vão Bueno tinha de gritar gol.

Galvão estava quase

tendo um AVC com Taffarel,

que insistia em tentar adivinhar

o lado da cobrança. Pois, foi a-

divinhando que ele pegou a ba-

tida de Massaro. O capitão Dun-

ga fez o seu e socou o ar, colo-

cando o Brasil na frente. Era a

vez de Roberto Baggio. Ele ca-

minhou lentamente até a mar-

ca, parou e cobrou. E você sabe

como foi. Galvão deu seu brado

retumbante e se eternizou em

nossas mentes e corações.

Página 16

Até mais do que o título e o fim do jejum de 24 anos sem títulos, a copa de 1994 eternizou Galvão Bueno em nossas memórias

CH3 NEWS

Acabou! É tetra! É tetra!

Estados Unidos 1994

Dunga vocifera palavras de amor

Edição Extra

Nas semifinais, Brasil e

Holanda fizeram um jogo dra-

mático decidido apenas nos pê-

naltis. Os holandeses eram co-

mandados por Bergkamp, joga-

dor cerebral que jamais derra-

mou uma gota de suor e havi-

am passado pela Argentina num

outro jogo dramático. Assim

como foi dramática a vitória

brasileira contra a Dinamarca.

Nos dramáticos pênaltis, deu

Brasil. Galvão Bueno sobreviveu

dramaticamente.

E a França venceu a Cro-

ácia. Zidane estava em seu

quarto jogo na copa, depois de

ter pisado em um adversário. E

Apesar de ter acontecido

apenas 16 anos atrás, vista ho-

je, a Copa da França parece ter

sido em um século passado (ok,

realmente foi, mas entenda a

licença poética). O Zidane ainda

tinha cabelo, o Ronaldo era tão

magro que parecia

até ser anoréxico.

Mas, para compen-

sar, o Zagallo já era

um velho chato com

um discurso patrió-

tico babaca.

Foi uma

competição bem

disputada, com

poucas oportunida-

des para as zebras.

Exceção feita à Cro-

ácia, que disputan-

do sua primeira Co-

pa depois de ter se

separado da antiga

Iugoslávia, foi a ter-

ceira colocada e te-

ve Suker, o artilhei-

ro da competição. E

ainda sapecou na Alemanha.

Fora isso apenas a Espanha

(eliminada na primeira fase pela

intransponível defesa paraguai-

a) e a Inglaterra (caiu contra a

Argentina nas oitavas de final)

decepcionaram.

Aliás, essa foi a última

copa da Iugoslávia antes de

mudar de nome e sofrer novas

separações. Depois de todas as

rupturas, os países que se for-

maram nunca conseguiram bo-

as campanhas. Os goleiros fica-

ram na Eslovênia, os zagueiros

na Sérvia, os meias na Croácia

e os atacantes na Bósnia Herze-

govina e Montenegro. A pobre

Macedônia não ficou com nada.

até então, ele ainda não havia

feito nada, apesar de ser a

grande esperança dos anfitri-

ões. A Croácia saiu na frente

com Suker, que não era idiota.

A virada francesa veio com dois

gols de Thuram. Foram os úni-

cos 2 gols dele em

142 jogos pela

seleção francesa.

Aliás, depois da

copa de 98 ele

marcou apenas

mais um gol em

sua carreira que

ainda durou 10

anos.

A história

da final é conheci-

da. Em um está-

dio cheio de fran-

ceses cantando a

Marselhesa, o

Brasil entrou aba-

tido pela convul-

são sofrida por

Ronaldo na con-

centração. O ata-

cante surtou com a pressão. O

Brasil jogou tão mal que os

franceses se surpreenderam em

saber que ele havia passado

mal. Parecia que o time inteiro

havia sofrido uma convulsão.

A França aproveitou en-

tão para humilhar, destroçar,

triturar o Brasil. Zidane marcou

dois gols de cabeça e Petit fez o

terceiro no último lance da par-

tida. Tomar gol daquele france-

sinho fresco de cabelos loiros foi

sacanagem demais. Essa não

foi a última vez que Zidane aca-

bou com o Brasil e também não

foi a última vez que ele usou a

cabeça em uma final de copa do

mundo. Um cara previsível.

Zagallo ficava preocupado em contar os jogos que faltavam para o penta. Zidane marcou dois gols e acabou com a palhaçada.

Não faltava mais nada

“Partiu Cocu, saí que é tua Taffarel! Taffarel! Sai! Sai!

Sai! Sai! Sai que é tua

Taffarel! Taffarel!”

Página 17

França 1998

“Não era o dia do futebol brasileiro”, diria Galvão Bueno

sempre persistente Alemanha

que tinha uma de suas piores

gerações, enfrentou a Coréia do

Sul. Os sul-coreanos jamais ha-

viam vencido um único jogo em

suas participações anteriores.

E o Brasil, que saiu da-

qui destinado ao fracasso en-

frentou a Turquia, que nunca

fez nada antes e nem depois

desse torneio. Mas as surpresas

acabaram aí.

A final foi lógica. Brasil e

Alemanha ganharam os jogos

por 1x0 e se classificaram para

a decisão. Seria a primeira vez

que os dois times que mais ve-

zes disputaram a final do tor-

neio se enfrentariam na história

das Copas.

De um lado a família

Scolari de jogadores desacredi-

tados como Edmilson, Roque Jr,

Kleberson e Gilberto Silva, além

de Ronaldo e Rivaldo que esta-

Se poucas foram as sur-

presas em 98, a Copa de 2002,

a primeira disputada no conti-

nente asiático, foi cheia delas.

Não sei se foi o fuso horário, se

foram os cachorros servidos no

almoço, os incessantes flashes

das máquinas digitais. Mas, o

fato é que coisas estranhas a-

conteceram.

França e Argentina che-

garam como as duas grandes

favoritas ao título. Passaram os

quatro anos anteriores ganhan-

do jogos e dando espetáculos

futebolísticos ao redor do mun-

do. Pois ambas caíram na pri-

meira fase. A Argentina ainda

sofreu até o último minuto ten-

tando um gol salvador contra a

Suécia. Já os franceses fizeram

pior. Conseguiram a proeza de

não ganhar nenhum jogo e não

marcar um mísero gol. O pior

desempenho de um defensor de

título na história. Portugal que

tinha o então melhor jogador do

mundo eleito pela FIFA, Luís

Figo, também foi eliminado. Pe-

los Estados Unidos e pela Coreia

do Sul.

Nas oitavas de final foi a

vez da Itália ser eliminada num

jogo polêmico contra os sul-

coreanos. Depois num jogo ain-

da mais polêmico (se preferir,

roubado) foi a vez dos anfitriões

eliminarem a Espanha nos pê-

naltis. A Espanha teve dois gols

legais anuladas e um deles foi

tão absurdo que o narrador Clé-

ber Machado só percebeu sua

anulação um minuto depois. E

até hoje ninguém descobriu o

que o juiz egípcio marcou.

As semifinais reuniram

quatro seleções desacreditas. A

vam machucados até pouco an-

tes do torneio começar. Do ou-

tro lado, os alemães que tinham

jogadores pavorosos como Mar-

co Bode e Jens Jeremies. Os

alemães ainda jogariam a final

desfalcados do seu principal jo-

gador, Ballack, suspenso por

cartão amarelo. O Brasil era

forte no contra-ataque, tinha o

melhor ataque e superou inú-

meras derrotas antecipadas,

enquanto a Alemanha se garan-

tia nas defesas do goleiro Oliver

Kahn.

O primeiro tempo foi e-

quilibrado. A Alemanha tinha a

posse de bola, mas o Brasil era

mais perigoso no ataque e Kle-

berson, veja só, jogava muito.

O segundo tempo come-

çou com uma pequena pressão

alemã, mas logo o Brasil domi-

nou. E então veio lance que de-

cidiu o jogo. Cruzamento da es-

querda, Rivaldo cabeceia fraco,

Kahn defende e na tentativa de

pegar o rebote, Gilberto Silva

pisa em sua mão, provocando

um pequeno corte.

Alguns minutos depois,

Ronaldo toca para Rivaldo que

chuta uma bola fraca e fácil.

Kahn se abaixa para a simples

defesa, mas inseguro com o

machucado solta a bola nos pés

de Ronaldo que não perdoa.

A Alemanha então pres-

sionou, Marcos fez grandes de-

fesas. Até que em um contra-

ataque, em bola cruzado por

Kléberson, veja só, Ronaldo

marca o seu segundo gol. O gol

do título. Assim sendo, Ronaldo

conseguiu sair do inferno de

1998 para chegar até o paraíso

em 2002.

Página 18

Ele ainda não sofria de obesidade mórbida e usava um penteado ridículo. Mas, tido como acabado para o futebol, Ronaldo brilhou.

CH3 NEWS

A redenção de Ronaldo

Japão e Coreia do Sul 2002

Ok Ronaldo, como você explica esse cabelo?

Edição Extra

quatro expulsões. E várias

chances de gol, discussões, bri-

gas. Parecia que os jogadores

iam se matar assim que aca-

basse a partida.

Itália 2x0 Alemanha

90 minutos horríveis e uma

prorrogação absurdamente dis-

putada de maneira enlouqueci-

da. A Itália fez dois gols no fim

e garantiu uma vaga na final.

Fora isso, quase todos

os times eram modorrentos. A

Argentina fez apenas um jogo

bom, quando goleou a Sérvia

por 6x0. Isso foi o suficiente

para fazer várias pessoas se

masturbarem com seu futebol,

mesmo sendo um time mais

chato que uma entrevista cole-

tiva do Parreira. Ninguém era

homem para admitir isso. Por-

tugal fazia gols apenas por mi-

lagre. E Alemanha e Itália joga-

vam os seus futebóis caracterís-

ticos de sempre. Acabou que o

grande momento foi a final.

A arrogância estava de

volta. A nação tinha certeza de

que o Brasil iria ganhar a copa

facilmente com o chamado qua-

drado mágico, formado por Ka-

ká, Ronaldinho Gaúcho, Adriano

e Ronaldo. Mas no geral foi um

pesadelo. Jogadores gordos,

embriagados e cansados entra-

ram em campo e o Brasil jogou

mal. Perdeu novamente para a

França, que tinha Zidane em

seu último torneio antes de se

aposentar. O francês driblou

todos os jogadores brasileiros

ao menos uma vez e várias ve-

zes de maneira humilhante.

É impossível saber, mas

é bem provável que o francês

tivesse algum ódio especial pe-

los brasileiros. Talvez ele tenha

sofrido alguma espécie de bull-

ying de colegas brasileiros na

infância, sido reprovado em

matemática por um professor

daqui, ou até mesmo perdido

sua primeira namorada para

alguém do Brasil.

Zidane foi uma das pou-

cas coisas boas de um torneio

fraco. A maior parte dos gran-

des jogadores chegou desgasta-

da depois de uma temporada

cansativa. Foram vários jogos

truncados, estudados, cautelo-

sos, definidos com um gol ou

nos pênaltis. Os jogos eram tão

estudados que a metáfora mais

utilizada durante o torneio foi

“jogo de xadrez”. Nisso tudo,

apenas duas partidas foram re-

almente boas.

Portugal 1x0 Holanda

Jogo marcante pela violência

absurda e gratuita. Foram 16

cartões distribuídos no jogo,

Ou melhor, o grande

momento foi no dia 21 de junho

quando o empresário Thiago

Borges, vulgo Tackleberry, criou

o blog CH3. No dia imediata-

mente anterior ao jogo entre

Brasil e Japão pela última roda-

da da primeira fase do torneio.

Dito isso, o outro mo-

mento do torneio. A Final, afi-

nal.

Não que o jogo tenha

sido bom. Os primeiros 20 mi-

nutos foram ótimos, mas depois

disso as equipes se alternavam

na marcação do meio de cam-

po, muitas bolas roubadas no

meio, pouquíssimas chances de

gol. Estávamos de volta com a

velha metáfora do jogo de xa-

drez. É compreensível que al-

guém tenha dormido durante a

partida. Eu mesmo quase caiu

de cara no prato do almoço.

O grande momento mes-

mo, foi quando Zidane deu uma

cabeçada no peito de Materazzi.

O lance causou polêmica, fun-

dou novas religiões e gerou te-

ses de doutorado. Zidane foi

expulso no lance que gerou a

sua aposentadoria. Desde então

ele leciona técnicas de headbo-

xing. Já Materazzi sobrevive até

hoje com a ajuda de aparelhos

e sente as costelas estalarem

quando espirra.

O jogo acabou indo para

os pênaltis. Todos bateram com

enorme competência. Nenhum

goleiro conseguiu fazer uma

defesa. Para azar do francês

Trezeguet, ele acertou a trave e

o título ficou com os poucos en-

tusiasmados italianos, que até

hoje são vistos correndo por aí,

tresloucados.

Não houve brilho, não houve nada. Em uma copa marcada pelo nascimento do blog CH3, os italianos é que fizeram a festa.

Sobrou para a Itália

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Alemanha 2006

Grosso fez o gol do título e corre até hoje

Entre a Jabulani e as vuvuzelas, espanhóis superam sua rotina de fracassos e finalmente se sagram campeões em uma copa louca

Robben que estava caído em

campo, foi expulso e afundou

de vez a seleção.

Os outros dois semifina-

listas do torneio foram Alema-

nha e Uruguai. Os alemães jo-

garam um futebol rápido e efici-

ente e proporcionaram um dos

grandes momentos do torneio.

No jogo das oitavas de final

contra a Inglaterra, o inglês

Frank Lampard chutou uma bo-

la de fora da área, a pelota ba-

teu na trave e entrou meio me-

tro dentro do gol. Só que o juiz

não deu. Uma vingança históri-

ca ao erro do árbitro na final da

Copa de 1966 quando um não

gol inglês foi confirmado, em

situação muito parecida.

Os uruguaios também

protagonizaram outro grande

momento. Nas quartas de final

contra Gana, o jogo parecia ca-

minhar para os pênaltis. No úl-

O peso do fracasso sem-

pre esteve nos ombros dos es-

panhóis. Um campeonato dispu-

tado com dois dos clubes mais

ricos do mundo, os principais

jogadores do planeta atuavam

nos gramados ibéricos. Mas ne-

nhum deles era espanhol. Isso

até 2010.

Comandados por Xavi e

Iniesta, os espa-

nhóis confirma-

ram o favoritismo

adquirido com a

conquista da Eu-

rocopa de 2008 e

conquistaram a

Copa da África do

Sul. Não que te-

nha sido uma

conquista fácil.

Eles estrearam

com uma derrota

contra a Suíça e

avançaram a ba-

se de vitórias por

1x0, como na

grande apresen-

tação da semifinal

contra a Alema-

nha e no jogo do

título. Iniesta

marcou, no fim

da prorrogação o gol do campe-

onato contra a Holanda e tirou

o peso dos ombros espanhóis.

Holanda que assumiu o

papel de carrasco brasileiro da

vez. A equipe nacional coman-

dada por Dunga chegou ao tor-

neio com um bom retrospecto,

mas não conseguiu jogar bem.

Fez um grande primeiro tempo

contra os holandeses, mas so-

freu um apagão no segundo

tempo e viu Sneijder virar o

placar. Num lance marcante,

Felipe Melo pisou no holandês

timo lance da prorrogação, uma

confusão se estabeleceu na á-

rea celeste e o atacante Luis

Suárez salvou o gol africano em

cima da linha, com as mãos. Foi

expulso e Gana teve um pênalti

para garantir a classificação da

primeira seleção africana para

uma semifinal. Mas, Asamoah

Gyan cobrou a bola na trave em

um lance ina-

creditável.

Emoção

que foi uma

crescente no

torneio. A pri-

meira rodada

foi incrivelmen-

te entediante e

os aficionados

começaram a se

lembrar da te-

nebrosa Copa

de 1990. Feliz-

mente o torneio

pegou no breu a

partir de um

improvável jogo

entre Dinamar-

ca e Camarões

e os jogos se-

guintes tiveram

momentos de

muito interesse.

Outro grande destaque

foi a bola Jabulani. Feita de um

material revolucionário, ela pro-

vocou a ira de jogadores e de

goleiros que diziam que sua tra-

jetória era imprevisível. Muita

canelada e falta de habilidade

caiu nas costas da pobre Jabu-

lani, nome mais legal de bola na

história. Fora de campo,

as vuvuzelas, cornetas locais,

acabaram com a audição de tor-

cedores do mundo inteiro.

Quem viveu se lembrará.

África do Sul 2010

Felipe Melo assina a sua jogada de craque. Se quisesse, ele teria matado Robben

Espanha fatura a taça

Página 20 CH3 NEWS