A História de Jerusalém
-
Upload
davi-stoner -
Category
Documents
-
view
28 -
download
0
Transcript of A História de Jerusalém
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 1/23
A História de Jerusalém
A História de Jerusalém
Mahdi Abdul Hagi
Mahdi AbdulHagi éProfessor Doutor emHistória eCiências
Políticas eautor deváriosestudossobre aPalestina.Vive emJerusalém efundou oFórum doPensamento Árabe em1977. Antes, foiSecretário
Geral doConselhoparaEducaçãoSuperior naCisjordânia. Atualmente,é presidentedaSociedade AcadêmicaPalestinapara oEstudo dosNegócios
Estrangeiros.
Jerusalém, al-Quds al-Sharif (a nobre cidade santa) tem
uma longa e rica história acentuada por seu significado
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (1 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 2/23
A História de Jerusalém
religioso, simbólico e estratégico. Ela permanece como
testemunha da vida e das culturas dos numerosos
povos que ali reinaram. A longa historia, sua importância
central e o imaginário espiritual da cidade deram origem
a uma vasta literatura sobre o passado de Jerusalém. E
graças à emoção que a cidade suscita, poucos autores
foram capazes de resistir a colorir seus trabalhos com
análises seletivas visando mostrar que grupos de
pessoas tem mais direito sobre a cidade. O resultado é
que agora se pode achar diversas fontes de apoio a
qualquer argumento, e que há pouco consenso acerca
dos longos períodos da história da cidade. Na verdade
há, provavelmente, poucos assuntos que tenham gerado
tantas pesquisas e análises mutuamente contraditórias.
Portanto, uma revisão geral da História de Jerusalém
não deveria se deter sobre detalhes mas, ao contrário,
tentaria detectar as linhas gerais que se combinam para
formar o legado de Jerusalém. A diversidade e a
santidade da cidade, bem como o seu potencial como
um centro de convergência de diversas civilizações e
intelectuais, são a grandeza de Jerusalém. É este
legado que nós, que lidamos com Jerusalém
presentemente, devemos lutar para proteger.
A terra, o seu povo e a sua história
Há mais de 5.000 anos, depois de um período de seca
que assolou a Península Arábica, os cananeus, tribos
dos árabes semitas, vieram se estabelecer nos
territórios a leste do Mar Mediterrâneo que formam hoje,
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (2 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 3/23
A História de Jerusalém
a Síria, o Líbano, a Jordânia e a Palestina. Os Jebusitas,
um sub-grupo cananeu, fundaram Jebus (Jerusalém) no
lugar onde hoje está localizada e edificaram o primeiro
muro ao seu redor, dotado de 30 torres e sete portões.
Aproximadamente 2.000 anos mais tarde, os filisteus,
vindos de Creta, chegaram na terra de Canaã.Misturaram-se com as tribos cananéias e viveram na
área sudoeste da moderna Palestina, sobre a costa do
Mar Mediterrâneo na área que agora se estende na
Faixa de Gaza até Ashdod e Ashkelon. Os cananeus
deram aos territórios que eles habitaram o nome bíblico
de "A Terra de Canaã", enquanto os filisteus deram-lhe
o nome de Filistina (Philistina) ou, Palestina.Os cananeus descobriram que estavam numa
localização estratégica e cercada por poderosos
impérios originários do Egito a sudoeste, através do Mar
Mediterrâneo a oeste, e Mesapotâmia e Ásia a nordeste.
Mais de um milênio antes do nascimento de Cristo,
egípcios, assírios, babilônios, persas, mongóis, gregos e
romanos cresceram ao redor da terra dos cananeus efilisteus e a governaram por variados períodos de
tempo. A posição geográfica da área significava que ela
servia tanto como uma ponte entre os vários impérios
regionais, como uma arena para lutas e conflitos entre
eles. Em conseqüência, os cananeus nunca puderam
estabelecer um estado forte e unificado, e suas
organizações políticas tomaram a forma de cidadesindependentes dotadas de governos ligados por
relações federativas. Entre as cidades costeiras mais
proeminentes dos filisteus, cananeus e fenícios que
habitaram a área da atual Palestina estavam Beirute
(Bairtuyus) Sidon, Tiro, Acre, Ashkelon e Gaza. As
cidades cananéias do interior incluíam Jericó, Nablus
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (3 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 4/23
A História de Jerusalém
(Shikim) e Jerusalém (Jebus). A religião dessas
primeiras civilizações da Palestina era centrada na
natureza: o céu era o Deus Pai e a terra era a Mãe
Terra. Esses povos semitas de Canaã formaram a base
do tronco do qual descendem os palestinos de hoje.
Em termos de geografia, demografia, sociedade,economia e vida cultural, Jerusalém tem sido o centro
da Palestina e o grande ponto de encontro de
importantes corredores leste-oeste, norte-sul. De fato,
desde os tempos das civilizações mais primitivas da
Palestina, Jerusalém tem sido a parte mais importante e
inseparável da Palestina. Assim, quem quer que
controle Jerusalém fica numa posição de dominaçãosobre a Palestina. Nela localiza-se a raiz da turbulenta e
conflituosa história da cidade de Jerusalém.
Por volta do século XVIII a.C., Abraão veio de Ur, no sul
da Mesopotâmia, para a terra de Canaã. Ele se
estabeleceu nas cercanias do Vale do Jordão. Visto quenem o velho e nem o Novo Testamento não haviam sido
revelados durante sua vida, Abraão não era nem judeu
nem cristão, mas um crente na unicidade de Deus. Ele é
descrito no Gênese como tendo adorado "o mais alto
Deus". O Corão menciona que ele era um "muçulmano",
não na acepção moderna de alguém que segue as leis
reveladas no Corão, mas sim no sentido de Ter entregue "sua submissão à vontade de Deus". Assim,
cristãos, muçulmanos e judeus ainda rogam por ele em
todas as suas preces, como acreditam que Deus lhes
exortou a fazerem. Agar, a concubina de Abraão, lhe
gerou seu filho Ismael, de quem os atuais muçulmanos
traçam sua descendência; entrementes, sua mulher
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (4 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 5/23
A História de Jerusalém
Sara gerou-lhe o filho Isaac, do qual os atuais judeus
traçam sua linhagem. Abraão se mudou para um lugar
perto de Hebron (al-Khalil), onde viveu pregando o
monoteísmo. Quando morreu, Ismael e Isaac
sepultaram-no na mesma cova onde sua mulher Sara foi
sepultada. Seu filho Isaac gerou Jacó (Israel) que viveu
na região de Harran (Aram).
Por volta de 1.300 a.C., os doze filhos de Jacó (Israel)
partiram para o Egito. Eles se integraram aos egípcios e
José, o mais jovem dos filhos de Jacó, casou com a filha
do sumo sacerdote. Originalmente um pequeno grupo
de pessoas, eles se multiplicara, e ganharam força
durante várias centenas de anos no Egito, tornando-seos israelitas. Foi no Egito que Moisés, o fundador do
judaísmo e o mais eminente legislador e também profeta
para as três religiões reveladas, nasceu e estudou
filosofia egípcia, tornando-se letrado em todas as
ciências dos egípcios. Moisés, juntamente com seu povo
(B'nei Israel) deixaram o Egito por volta do século XIII a.
C.. Vagaram durante quarenta anos no Sinai, e durante
esse tempo ele recebeu a lei divina judaica no monte
Sinai (Tur).
Após a morte de Moisés, Josué assumiu a liderança dos
israelitas e os conduziu para o oeste pelo rio Jordão até
Canaã. A primeira cidade cananéia que Josué
conquistou foi Jericó, destruindo-a juntamente com seus
habitantes. Depois, ele assumiu o controle de Yashuu(Bayt Ele) Likhish e Hebron, embora os filisteus tenham
bloqueado o avanço do povo de Moisés rumo à costa,
na área entre Gaza e Jafa, enquanto os cananeus
impediram-nos de conquistar Jerusalém. Quando
chegaram a Canaã, foram influenciados pelos cananeus
e imitaram seus ritos religiosos, especialmente na
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (5 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 6/23
A História de Jerusalém
apresentação de ofertas sacrificiais ao Deus Baal.
Nos cento e cinqüenta anos seguintes, os israelitas,
filisteus e cananeus controlaram, alternadamente,
porções da área da moderna Palestina, com os
cananeus (jabusitas) controlando Jerusalém. Mas
nenhum grupo foi capaz de consolidar o controle sobretoda a área. Houve numerosas lutas entre grupos,
sendo que cada um mantinha sua própria cultura e sua
própria independência.
Por volta de 1.000 a.C., o rei dos israelitas, Davi, pôde
subjugar os pequenos estados de Edom, Moab e Amon.
Durante sete anos ele fez de Hebron sua capital, mas
depois transferiu o centro do poder para Jerusalémpelos últimos trinta e cinco anos de seu reinado. Depois
dele, o poder passou para o seu filho Salomão, que é
famoso por ter erguido o lugar de adoração conhecido
como o Templo de Salomão. Para os judeus, esse
templo tornou-se o centro da vida religiosa e o símbolo
básico de sua unidade. Tornou-se ainda um ponto de
peregrinação emocional para o povo judeu.Com a morte de Salomão, seu reino foi dividido em dois:
o Reino de Israel, ao norte, composto por dez tribos,
com Samaria (Sabastia) como sua capital, e o Reino da
Judéia, ao sul, composto por duas tribos, com
Jerusalém como sua capital. Lutas crônicas entre os
dois estados e batalhas colocando-os contra os
cananeus e os filisteus, caracterizaram esse período dahistória do Oriente Próximo.
Por volta de 720 a.C. os assírios, sob o rei Sargão,
destruíram o reino israelita ao norte. Em 600 a.C. os
babilônios, sob o comando de Nabucodonozor,
conquistaram o reino israelita a sudeste, destruindo o
templo de Salomão em aproximadamente 586 a.C.. Em
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (6 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 7/23
A História de Jerusalém
ambos os casos, a maioria da população foi levada para
a Assíria e a Babilônia, na Mesopotâmia, como
escravos. Quanto a Jerusalém, tornou-se colônia
babilônica.
Por volta de 838 a.C., Ciro, rei dos persas, foi capaz de
conquistar o império babilônico (Mesopotâmia) eprosseguiu em suas conquistas até que ocupou a Síria e
depois a Palestina, incluindo Jerusalém, permitindo que
os escravos de Nabucodonozor retornassem à
Palestina, e o Segundo Templo foi concluído em 515 a.
C.
Quando o império grego floresceu (eles ainda
governaram Jerusalém durante sete anos) a Palestinacaiu sob o domínio do Egito (322-200 a.C.) e depois por
um certo período sob o governo dos selêucidas da Síria
de 200 a 142 a.C.. Nesse ano, o rei Antióquio IV, que
tinha danificado o Templo de Salomão forçou os judeus
a renunciarem ao judaísmo e a abraçarem o paganismo
grego. Por volta de 63 a.C., depois que os romanos
subjugaram os seldjúcidas na Síria, o general romanoPompeu assumiu o controle sobre Jerusalém. Com a
ajuda dos romanos, Herodes se tornou rei da Judéia no
ano 40 a.C. e seu reinado durou até à sua morte no ano
4 A.D. Durante esse tempo, o Templo de Salomão foi
reconstruído em Jerusalém e houve a perseguição, o
processo de crucificação de Jesus Cristo, depois do
que, sobreveio a propagação da fé cristã.Na era de Tito, cerca de 70 A.D., os romanos infligiram
aos judeus uma derrota devastadora. Tomaram
Jerusalém e queimaram o templo judeu de uma vez por
todas. Sob Adriano, várias décadas depois, os
remanescentes finais da população judaica foram
subjugados e expulsos da Palestina.
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (7 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 8/23
A História de Jerusalém
Os romanos ergueram uma nova cidade sobre as ruínas
de Jerusalém, a qual eles denominaram de Aelia
Capitolina, com referência ao imperador Aelius
Adrianus. Cerca de 395 A.D., Jerusalém tornou-se uma
cidade bizantina e cristã. Mas embora a Palestina e
seus habitantes se tornassem uma parte do impériobizantino política e religiosamente, a vida e a cultura dos
cananeus locais permaneceram voltadas para
Jerusalém.
Após um breve período de controle pela Pérsia, no
começo do século VII A.D. a Palestina e o resto da Síria
saíram do jugo dos romanos e caíram na esfera do
império árabe-islâmico. Jerusalém tornou-se a primeira
direção das preces dos muçulmanos (qibla) – "o primeiro
dos dois qiblas" – e a Palestina "os recintos que Deus
abençoou".
Em 638 A.D., o segundo califa, Omar ibn al-Khattab,
chegou a Jerusalém. É importante notar que
aproximadamente por mil e trezentos anos, desde a
chegada da civilização árabe-muçulmana à Palestina,
até ao século em curso, Jerusalém permaneceu árabe,
do ponto de vista da língua, da cultura e da demografia.
Omar acreditava que Alá ordenara respeito à santidade
da cidade de Jerusalém e o respeito por Ahl al-Kitab (O
povo do livro). De acordo com o Islã, a liberdade de
culto a Ahl al-Kitab em Jerusalém é uma dádiva de Deuse, por isso, não pode ser subtraída por mãos humanas.
Assim, Omar não tomou a cidade pela força, mas pelo
contrário, instituiu a Convenção de Omar, um acordo
que determinava o controle muçulmano sobre a cidade
mas reconhecia o direito inalienável à liberdade de
expressão para judeus e cristãos em Jerusalém.
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (8 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 9/23
A História de Jerusalém
Omar confiou a duas famílias árabes muçulmanas em
Jerusalém as chaves da Igreja do Santo Sepulcro. Ele
agiu assim a fim de mandar uma mensagem aos
muçulmanos de que a igreja era um templo sagrado que
não deveria ser danificado, desrespeitado ou violado de
nenhum modo, e como uma resolução para rixas entre
várias seitas cristãs sobre quem deveria controlar a
igreja. Das famílias árabes residentes na cidade,
algumas se converteram ao islã imediatamente,
enquanto outras mantém até hoje sua fé cristã. Entre
essas famílias árabes cristãs e muçulmanas da velha
Jerusalém estão os Khalidis, os Alamis, os Nuseibehs,
os Judahs, os Nassars e os Haddads.
A lei muçulmana vigorou em Jerusalém e na Palestina
desde o século VII A.D. até ao começo do século XX,
excetuando o período das Cruzadas. Os cruzados
capturaram a cidade em 1099 A.D., viram-na libertada
pelos aiúbidas sob Saladino em 1187 A.D., e depois
recapturaram-na em 1229 A.D. Cerca de 15 anos mais
tarde, os muçulmanos outra vez ali restabeleceram seu
governo, e a cidade não saiu mais do seu controle até a
ocupação britânica na I Guerra Mundial, em 1917.
As dinastias islâmicas, como os omíadas, abássidas,
fatimidas, seldjúcidas, aiúbidas, mamelucos, otomanos e
hashimitas, respeitaram o status qüo instituído na
Convenção de Omar ibn al-Khattab. Todos eles
participaram da reconstrução de Jerusalém,preservando a santidade de sua herança e
desenvolvendo seu legado islâmico e árabe. Essas
dinastias se esforçaram para reconstruir as mesquitas
da Abóbada da Rocha e de al-Aqsa, referenciadas no
primeiro verso da Sura XVII do Qur'na. Finalmente, os
governantes árabes estavam ansiosos para dar a
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (9 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 10/23
A História de Jerusalém
Jerusalém um status especial; o primeiro califa omíada,
Muaawiyah uniu sua identidade pessoal com Jerusalém,
denominando-se o califa de Bait al-Maqdis. O califa Abd
al-Malik ergueu, em 691, a magnífica abóbada (Qubbat
al-Sakhra) sobre a Rocha Santa de onde Maomé
ascendeu para falar com Alá e onde Abraão quase
sacrificou Ismael. Também ergueu a Mesquita de al-
Aqsa na parte sudeste da área de al-Haram, al-Sharif,
para substituir a construção em madeira da velha
mesquita. Estas duas última mesquitas foram
restauradas e embelezadas pelos governantes árabes
subseqüentes, mais recentemente pelo rei Fahd, da
Arábia Saudita, e o rei Hussein, da Jordânia.
A história moderna de Jerusalém: a judaização
A onda de nacionalismo que varreu a Europa no século
XIX chamou a atenção dos judeus e resultou no
surgimento do movimento sionista na Europa.
A judaização de Jerusalém e da Palestina tem sido o
tema principal do pensamento, da política e das práticas
judaicos e sionistas desde a origem do sionismo até ao
presente. O tema judaização pode ser tomado comoreferência aos programas ou processos para deslocar
judeus para áreas predominantemente habitadas por
palestinos. Isto foi realizado num processo em duas
etapas: primeiro, imigrantes judeus chegam à Palestina;
depois são integrados em colônias especiais.
Entretanto, tal política não pode ter êxito sem um
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (10 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 11/23
A História de Jerusalém
programa de despalestinização. O movimento sionista
tentou realizar isso primeiramente por meio (a) de um
controle sobre a terra, o trabalho, os recursos naturais, o
governo e a soberania palestinos, e (b) a desenraização
e expulsão dos palestinos da Palestina.
Os conceitos israelenses, sionistas e judaicos comrelação a Jerusalém e à Palestina, bem como suas
políticas e práticas se centraram nessas idéias, e as
implementaram em várias etapa:
s Como um parceiro ativo nosesquemas europeus demanipulação do mundo árabe;
s Como um elo, sob o Sistema deCapitulações, entre a Europa eseus interesses no mundo árabe;
s Como um movimento político natradição dos movimentoscolonialistas;
s Como um movimento políticoalinhado com os regimes coloniaistradicionais;
s Como a manifestação de umpoder que rivaliza e serve comoum sucedâneo para as potênciasimperialistas.
Um breve olhar sobre acontecimentos dos últimos
séculos ilustrará essas afirmativas.
A manipulação européia
Durante centenas de anos na Espanha e em Portugal,
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (11 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 12/23
A História de Jerusalém
os judeus prosperaram e formaram uma ponte cultural
entre o islã e a cristandade. E enquanto a civilização
árabe-islâmica dominou o Oriente Médio naquele tempo,
Jerusalém e a Palestina eram, amiúde, a encruzilhada e
o lugar de encontro de peregrinos religiosos e
intelectuais das três grandes religiões monoteístas.Mas o surgimento do colonialismo como força motriz na
política internacional durante o século XVII afetou os
interesses e as posições dos judeus. Personalidades
judaicas influentes cooperaram com os esquemas
imperialistas no mundo árabe das potências européias
onde viviam. Foi isso exatamente o que aconteceu, por
exemplo, durante a campanha de Napoleão contra ooriente árabe em 1798, quando Napoleão pediu aos
judeus para ajudá-lo nas conquistas, em troca de
retorno deles Jerusalém e da reconstrução do Templo
de Salomão. Os judeus o apoiaram e entusiasticamente
secundaram sua campanha, embora quando ele
fracassou em sua tentativa de reconquista da Palestina
e marchou em retirada de Acre, eles o tenhamacompanhado, permanecendo árabe a Palestina.
O sistema de Capitulações
No fim do século XVIII, o aumento do interesse dos
europeus no Oriente Próximo e o correspondente
declínio do império otomano levaram ao Sistema de
Capitulações, no qual as potências européias puderam
obter privilégios e pontos de apoio no Oriente Médio em
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (12 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 13/23
A História de Jerusalém
troca de propinas e favores ao sultão. Através da
proteção e orientação de consulados estrangeiros
(britânicos, franceses, austríacos e russos) grande
número de judeus e instituições judaicas (Moisés
Montefiori, a família Rotschild, a Allince Française)
puderam construir assentamentos judeus fora dos
muros de Jerusalém. Esses assentamentos se
tornaram, mais tarde, o embrião da parte judaica da
cidade. Incluíam o Assentamento Montefiori, construído
em 1859 a oeste do Portão de Jafa; Mishkanot
Shaananim, construído em 1860 em frente ao Portão de
Jafa; e Nahlat Shivva, também de 1860, na estrada de
Jafa. Entre os anos 1875 e 1878 surgiram Mea She'arim
e Ivan Israel. Em 1882 a comunidade judaica (Yishuv)
na Palestina residiu em quatro áreas urbanas, quais
sejam, Jerusalém, Hebron, Tibérias e Safa, e constituía
seis por cento da população palestina. Ela estava
reunida dentro de seis colônias cuja área total era de
25.000 dunums (um dunum = 0.618 acres). A população
judaica era composta basicamente de imigrantes russos
e romenos que chegaram depois dos eventos de 1881-
82 na Rússia.
Um dos colonos judeus expressou a natureza do
pensamento judeu durante esse período, dizendo: "a
meta final é realmente obter o controle da Palestina e
devolver ao povo judeu a independência política da qual
está privado há 2.000 anos".
Continuando a trabalhar sob orientação e proteção
estrangeiras, e inspirado em projetos comerciais e
financeiros europeus, Theodor Herzl (1860-1904) em
seu opúsculo O Estado Judeu (1896) defendeu um
movimento político copiando os movimentos
colonialistas europeus. Herzl queria que o movimento
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (13 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 14/23
A História de Jerusalém
sionista fosse um novo modelo para os movimentos
colonialistas, e ele o descreveu como sendo "uma parte
da trincheira européia contra a Ásia, um posto avançado
da civilização contra a barbárie". Ele descreveu seu
plano e os meios que precisaria empregar para colonizar
a Palestina com estas palavras:
"Que nos seja dada soberania sobre um pedaço de
terra... e cuidaremos do resto... o plano é simples em
sua forma, embora complicado em sua execução... duas
organizações ficarão com o controle da execução do
plano: a Sociedade Judaica e a Companhia Judaica."
Em seu diário, Herzl registrou a necessidade de se
expropriar terra na Palestina e "encorajar " a populaçãoao longo das fronteiras. Ele também acrescentou:
"Se algum dia capturarmos
Jerusalém, e ainda estivermos
vivos e capazes de fazer qualquer
coisa, então destruiremos tudo que
não for sagrado para os judeus ali ."
O pensamento político nacionalista judeu durante esse
período foi encorpado nos anúncios políticos do
movimento sionista, cristalizados no Primeiro Congresso
Sionista da Basiléia, em 1897. Outros desenvolvimentos
institucionais dentro do sionismo se seguiram logo
depois. Mas tais planos com vistas a estabelecer um
estado exclusivamente sionista judaico na Palestina
árabe e controlar Jerusalém falharam no essencial,mesmo após o término da Primeira Guerra Mundial,
quando funcionários coloniais britânicos patrocinaram a
primeira fase do movimento colonial sionista. De fato,
durante a primeira fase da atividade sionista, entre os
anos 1878 e 1918, a área de terra sobre a qual os
judeus ganharam controle na Palestina correspondia a
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (14 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 15/23
A História de Jerusalém
2,48% do total do país. Em 1918 o número de judeus na
Palestina não excedia 55.000, enquanto os palestinos
somavam 700.000, isto é, 8% da população era judia e
92% era palestina.
A judaização durante a ocupação britânica
s Em decorrência da revoltapalestina de 1929 foi proposta adivisão da Palestina em cantõesárabes e judeus.
s Em decorrência da revoltapalestina de 1936, a ComissãoReal Britânica Peel propôs adivisão da Palestina em doisestados, árabe e judeu, etornando Jerusalém um corpusseparatum, não vinculado anenhum dos dois estados.
s Seguindo-se à Conferência St.James em 1920, a Grã-Bretanha
emitiu o Papel Branco, que impôsrestrições à imigração judaica eprometia uma terra independentepalestina em dez anos.
s Em 1941 o plano Morrison-Gradyestabelecia uma curadoriabritânica sobre a federação deduas províncias autônomas, umaárabe e uma judia, bem como a leibritânica diretamente sobre osdistritos de Jerusalém e Neveg.
s Em 1947 Ernest Bevin, entãoSecretário de Relações Exterioresbritânico, propôs um estadounificado sob administraçãobritânica temporária com cantõesautônomos judeus e árabes.
s Em fevereiro de 1947, a Grã-Bretanha anunciou que nãoestava preparada para continuar
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (15 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 16/23
A História de Jerusalém
administrando a Palestina e pediuuma solução para as recém-criadas Nações Unidas. Ospalestinos e os cinco estadosárabes pediram o fim do mandatoe a independência da Palestina,mas a Assembléia Geral recusou-se a incluir esse pedido em suaagenda e ao invés disso, nomeouem maio de 1947 um comitêespecial (UNSCOP - ComitêEspecial das Nações Unidas paraa Palestina) para estudar aquestão palestina.
UNSCOP apresentou dois conjuntos de
recomendações. O relatório maior revivia a idéia de
partilha e recomendava a divisão da Palestina em (1)um estado judeu; (2) um estado árabe; e (3) um corpus
separatum sob administração internacional para as
cidades de Jerusalém, Belém e adjacências. O relatório
menor pedia uma união federal entre as regiões
autônomas árabes e judias, com Jerusalém como a
capital, mas com duas municipalidades separadas e
independentes, uma árabe e outra judia. O relatóriomaior, com algumas modificações, foi adotado pelo
Comitê ad hoc sobre a Questão Palestina, o qual fora
criado para estudar as recomendações do UNSCOP. O
relatório foi aprovado por dois terços de maioria na
Assembléia Geral da ONU como a resolução 181, de 29
de novembro de 1947. Os palestinos recusaram a
resolução da partilha por considerá-la injusta. A partilhaconferia ao proposto estado judeu 56% da área
Palestina, enquanto os judeus constituíam apenas 33%
da população e detinha apenas 6% da área não urbana.
Em 14 de maio de 1948, o mandato expirou e os
britânicos se retiraram da Palestina naquele mesmo dia.
Líderes sionistas aproveitaram a oportunidade para
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (16 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 17/23
A História de Jerusalém
declarar unilateralmente o nascimento do estado de
Israel em 14 de maio de 1948.
A resolução da partilha de 1947, da ONU, que incluía a
internacionalização de Jerusalém, nunca foi
implementada. Muitos fatores contribuíram para isso. O
fator mais óbvio é que os palestinos recusaram-naporque ela os prejudicava em benefício dos judeus. Era
importante, também, o fato de que o mundo árabe não
estava preparado para aceitar o plano, nem unificado e
forte o bastante para enfrentar efetivamente o
emergente estado judeu. Finalmente, a resolução da
partilha nunca foi implementada também por motivo do
sionismo, e, mais tarde, da política de Israel. Elesusaram a rejeição árabe ao plano como uma desculpa
para impulsionar seus planos de ocupação e judaização
de Jerusalém e da Palestina.
Bem-Gurion revela esse aspecto do sionismo ao
declarar:
" A questão de Jerusalém não é
uma questão de rearranjos ou de políticas. É, primeiro e acima de
tudo, uma questão de capacidade
militar:
"Teremos a força militar (a) para
ocupar a área da Cidade Velha; (b)
para ocupar um corredor largo
daqui (Telaviv) até Jerusalém, nãoapenas para atravessá-lo, mas
para nele formar uma faixa
colonizada que ligue Jerusalém ao
resto dos territórios do estado
judeu; e (c) destruir a Legião Árabe
na área triangular. Sem isso, não
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (17 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 18/23
A História de Jerusalém
se pode dizer que Jerusalém foi
ibertada".
Assim, os israelenses puseram em prática uma "teoria
de transferência", que significava desenraizar os
palestinos, quer matando-os, aterrorizando-os ou ainda
forçando-os a deixarem suas casas. Em 9 de abril de1948, por exemplo, o Irgun Zvai Leumi de Menachen
Begin massacrou os palestinos da aldeia de Deir Yassin,
localizada nos arredores orientais de Jerusalém,
matando 250 pessoas, a maioria, idosos, mulheres e
crianças. Em 28 de outubro de 1948, o 89º batalhão de
Moshe Dayan massacrou os palestinos de Dawaymeth,
uma vila no caminho entre Jerusalém e Ramallah,deixando 580 mortos. Begin considerou o massacre de
Deir Yassin tão crucial para os sionistas que ele
declarou: "não haveria Israel sem (o que ele chamou de)
a vitória de Deir Yassin. Em julho de 1948, o exército
israelense tentou ocupar toda Jerusalém, mas fracassou
graças à resistência das forças árabes. Em setembro de
1948, como o ministro da defesa, Bem-Gurion sugeriu oempreendimento de uma operação militar para ocupar
Latrun a fim de garantir uma "Jerusalém judaica". Em
1952, ele planejou ocupar toda Jerusalém e Hebron.
Porém outra vez os esforços palestinos e árabes
levaram ao fracasso as tentativas israelenses, com isso
preservando o caráter árabe de Jerusalém e da
Cisjordânia.
O entendimento do armistício de 1949 firmado entre
Israel e os Estados árabes declarava que "as linhas do
armistício não devem ser interpretadas em qualquer
sentido como uma barreira política ou territorial". Não
obstante isso, Israel não somente ultrapassou as
barreiras propostas no plano de partilha de 1947 da
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (18 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 19/23
A História de Jerusalém
ONU, mas também a linha do armistício em 1950 para
conseguir o controle sobre 77% das terras palestinas.
Em Jerusalém, Israel se apossou de 84,23% da
superfície municipal, deixando 11,48% nas mãos dos
palestinos. Os 4,39% restantes, se tornaram "uma terra
de ninguém" sob supervisão da ONU. Israel cercou os
assentamentos palestinos em Jerusalém Ocidental,
como Abu Tur, Baqah, a Colônia Alemã, e Katamon, e
trocou seus nomes para nomes hebreus: Abu tur se
tornou Giv'at; at Hannah; Baqah se tornou Ge'ulem; a
Colônia Alemã se tornou Rafa'im; e Katamon se tornou
Gonim. Novos assentamentos judeus foram montados
no meio e atrás dos mencionados assentamentos
palestinos: Talpiot, Nova Baqah, Nova Katamon,
Assentamento de Rasqo e Giv'at Mordechai. Vinte e
nove vilas palestinas ao redor de Jerusalém forem
destruídas, suas terras confiscadas, e seus habitantes
forçados a partir.
Quanto aos eventos demográficos que se seguiram ao
armistício de 1949, Israel abriu as portas para nova
imigração ao baixar a "Lei do Retorno" em 1950, a qual
concedia a qualquer judeu, onde quer que estivesse, o
direito de emigrar para Israel, de ali se estabelecer, e de
adquirir cidadania israelense. Assim, o número de
judeus em Jerusalém cresceu de 84.000 em 1948 para
103.000 em 1949, para 167.400 em 1961 e para
196.000 em 1967. Israel proibiu e evitou que refugiados
palestinos retornassem a seus lares, apesar da
resolução 194 da Assembléia Geral da ONU, que
proclamava (1) o direito dos refugiados palestinos ao
retorno a seus lares, (2) a devolução de suas
propriedades, e (3) compensação para aqueles que não
quiserem retornar a seus lares. Havia aproximadamente
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (19 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 20/23
A História de Jerusalém
700.000 refugiados palestinos vivendo fora da Palestina,
em decorrência dos entendimentos do armistício. Israel
chamou os palestinos vivendo em Jerusalém e na
Palestina ocupada como "árabes israelenses", ao invés
de "palestinos".
Para preparar um modo de se apossar das propriedadespalestinas e suprimi-las na Jerusalém ocupada em
1948, Israel baixou uma série de leis administrativas e
legislativas. São exemplos as Leis de Emergência com
respeito a "propriedades abandonadas", Suplemento B,
Número 10, de 23 de junho de 1948; as Leis de
Emergência relativas ao cultivo de terras ermas e ao uso
dos recursos hídricos (1948); as Leis de Emergência(Zona de Segurança) de 1949; e a Lei de Propriedade
dos Absentistas de 1950. Estas "leis" permitiram aos
israelenses confiscarem tanto bens palestinos móveis
como imóveis. Estima-se que chegaram a 80% os bens
privados palestinos usurpados por Israel .
Completando a política de transformar Jerusalém numa
cidade judia, em 11 de dezembro de 1949 Israeldeclarou Jerusalém sua capital e mudou a sede do
governo para ali. O histórico cemitério Mamilah foi
destruído e convertido em um parque. Foi construído um
novo cemitério para políticos israelenses, em
homenagem a Theodor Herzl, bem como construíram
ainda um novo museu e um novo campus para a
universidade Hebraica. Israel proibiu a menção àpalavra "Palestina" ou à história árabe-islâmica nos
currículos escolares, e restringiu a admissão de
palestinos às universidades. Foram impostos também
aos palestinos restrições no que tange a trabalho,
residência e deslocamento.
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (20 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 21/23
A História de Jerusalém
Israel como uma potência colonial
A judaização desde 1967
Depois da guerra de junho de 1967, Israel se apressou a
executar a Segunda etapa do seu plano de ocupação e
judaização do resto de Jerusalém e de toda a palestina.
Esse processo se deu com notável rapidez, e em todos
os campos: militar, administrativo, legislativo,demográfico, geográfico, religioso e histórico-
arqueológico. Seu fim último era a completa
desenraização e destruição da Palestina.
A despeito das políticas e medidas para judaizar e
despalestinizar Jerusalém desde 1948, 160.000
palestinos ainda vivem em Jerusalém, com instituições e
organizações palestinas tratando de todos os aspectosde suas vidas. Seis milhões e quinhentos mil palestinos
resistem à ocupação israelense, rejeitam suas "leis" e
"políticas", e defendem com firmeza seus direitos.
Consideram Jerusalém uma parte inseparável da
questão palestina e um elemento fundamental do
conflito palestino/israelense que não pode ser ignorado,
e nem colocado em qualquer agenda palestina.
Conclusão
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (21 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 22/23
A História de Jerusalém
Na busca de uma solução política para o conflito
palestino-israelense, a questão Jerusalém pode ser um
fórum aberto e a melhor via para uma saída. A primeira
lição que aprendemos da história de Jerusalém desde
os tempos antigos até ao presente é que mais de umgrupo tem reivindicações importantes e laços estreitos
com Jerusalém. A outra lição é que enquanto o conflito
sempre representou uma praga para a cidade, a
coexistência e a tolerância tem precedentes
significativos: desde que os israelenses começaram a
partilhar da cidade com os jebusitas sob o rei Davi, até
quando Omar reconheceu os direitos dos cristãos nacidade. De fato, embora a cidade esteja atualmente
dividida, muitos jerusalemitas de diferentes religiões
interagem construtivamente. Esta coexistência pode
evoluir rumo à paz e à estabilidade em Jerusalém e
realmente em toda a Palestina, desde que haja
compreensão e respeito mútuos e simultâneos entre
palestinos e israelenses baseados na tolerância e na justiça.
O problema de Jerusalém não será resolvido a menos
que todos os direitos de ambos os povos – israelenses e
palestinos – sejam reconhecidos no espírito da longa e
variada história dessa cidade santa. Reconhecer os
direitos coletivos de apenas uma população, os
israelenses, constitui uma justiça indefensável. Tentar expulsar a presença árabe que dominou Jerusalém por
1.300 anos é uma afronta aos palestinos, à humanidade
e ao legado de Jerusalém, contra os israelenses, árabes
e a comunidade internacional devem resistir com
firmeza. Todas as partes devem reconhecer que não há
justificativa legítima para um governo exclusivo sobre
ttp://www.alfredo-braga.pro.br/discussoes/jerusalem.html (22 of 23)15/5/2004 09:57:52
7/14/2019 A História de Jerusalém
http://slidepdf.com/reader/full/a-historia-de-jerusalem-56327cbfe6f73 23/23
A História de Jerusalém
toda a cidade. Isto tem de ser reconhecido substituindo-
se o modelo atual por outro baseado na partilha da
cidade: duas capitais, duas soberanias, duas
municipalidades e dois povos vivendo de modo
independente e próximo, numa cidade aberta e livre.
Devemos "separar e partilhar".
apoio ltural contato biblioteca discussões digressões ensaios rubaiyat contos textos poemas conexões fórum
orry, your browser doesn't support Java(tm).