A história do penteado

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A história do Penteado – Desde os tempos mais remotos até o dia de hoje. Introdução: O presente trabalho visa demonstrar como o penteado foi se desenvolvendo ao longo dos séculos e como influenciou desde as civilizações mais remotas arte os dias atuais, demonstrando o quão valorizado é o cabelo na sociedade. A história do penteado no Japão Consta no registro que no dia 20 de agosto de 1878 (ano 6 Meiji) o Imperador Meiji realizou o danpatsu (cortar o cabelo, desfazendo o chonmage, ou o penteado ao estilo antigo). Até então, ele usava o chonmage, que aos poucos foi perdendo o prestígio ante a acelerada onda de ocidentalização que assolou o Japão logo após a revolução de Meiji, levando as pessoas a cortarem o tradicional chonmage e trocar as vestimentas típicas japonesas às vestimentas e calçados ocidentais para serem mais chiques e modernos. Por outro lado, a tradição de 250 anos arraigada durante o Período Edo não se desfez tão facilmente. O danpatsu foi liberado em 1871 (ano 4 Meiji) mas antes disso, os altos funcionários do governo que eram enviados ou iam estudar nos Estados Unidos ou na Europa já adotavam o cabelo curto, surpreendendo os compatriotas ao regressar ao Japão. O corte ocidental se tornou comum entre os diplomatas e os ligados ao comércio exterior, tornando-se um símbolo do florescimento da civilização. Mas entre os populares ainda existiam os que usavam o chonmage. Dizem que devido a isso, até houve uma província que cobrasse impostos sobre o chonmage. Dizem também que os funcionários públicos percorriam toda a vila e, ao achar alguém com tal penteado, imediatamente cortavam-no. O Imperador Meiji também decidiu-se pelo danpatsu. Os penteados dos cabelos sofreram transformações com a época. Nos tempos primitivos, o penteado visto em mitologia ou nos amuletos em forma de bonecos é um penteado masculino chamado hamizuta, que consiste em dividir os cabelos ao meio da testa, amarrando-os nas laterais da cabeça acima de cada orelha em formato de 8. Desde o Período Nara (710 a 784 d.C.) até o final do Período Muromachi (1392 a 1573 d.C.) foi adotado o sistema de utilização de kanmuri ou eboshi (tipos de chapéu que indicavam a hierarquia). Como todos os homens utilizavam esses chapéus, seus cabelos ficavam invariávelmente amarrados no alto da cabeça, não tendo então alterações nas suas formas. No período Kamakura, com as contínuas guerras civis, os samurais utilizavam com freqüência o elmo, e para evitar que os cabelos da região sobre a cabeça provocasse excesso de umidade e calor começaram a raspá-los, dando início ao sakayaki. Depois de entrar na Era Edo, os protocolos da corte e demais classes sociais se tornaram rigorosos, determinando até as cores dos cordões com que amarravam os cabelos presos: violeta para a nobreza, vermelha para os shoguns (generais), branca para os guerreiros de classe inferior. Quando este costume

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A história do Penteado – Desde os tempos mais remotos até o dia de hoje.

Introdução:

O presente trabalho visa demonstrar como o penteado foi se desenvolvendo ao longo dos séculos e como influenciou desde as civilizações mais remotas arte os dias atuais, demonstrando o quão valorizado é o cabelo na sociedade.

A história do penteado no Japão

Consta no registro que no dia 20 de agosto de 1878 (ano 6 Meiji) o Imperador Meiji realizou o danpatsu (cortar o cabelo, desfazendo o chonmage, ou o penteado ao estilo antigo). Até então, ele usava o chonmage, que aos poucos foi perdendo o prestígio ante a acelerada onda de ocidentalização que assolou o Japão logo após a revolução de Meiji, levando as pessoas a cortarem o tradicional chonmage e trocar as vestimentas típicas japonesas às vestimentas e calçados ocidentais para serem mais chiques e modernos. Por outro lado, a tradição de 250 anos arraigada durante o Período Edo não se desfez tão facilmente. O danpatsu foi liberado em 1871 (ano 4 Meiji) mas antes disso, os altos funcionários do governo que eram enviados ou iam estudar nos Estados Unidos ou na Europa já adotavam o cabelo curto, surpreendendo os compatriotas ao regressar ao Japão. O corte ocidental se tornou comum entre os diplomatas e os ligados ao comércio exterior, tornando-se um símbolo do florescimento da civilização. Mas entre os populares ainda existiam os que usavam o chonmage. Dizem que devido a isso, até houve uma província que cobrasse impostos sobre o chonmage. Dizem também que os funcionários públicos percorriam toda a vila e, ao achar alguém com tal penteado, imediatamente cortavam-no. O Imperador Meiji também decidiu-se pelo danpatsu.

Os penteados dos cabelos sofreram transformações com a época. Nos tempos primitivos, o penteado visto em mitologia ou nos amuletos em forma de bonecos é um penteado masculino chamado hamizuta, que consiste em dividir os cabelos ao meio da testa, amarrando-os nas laterais da cabeça acima de cada orelha em formato de 8. Desde o Período Nara (710 a 784 d.C.) até o final do Período Muromachi (1392 a 1573 d.C.) foi adotado o sistema de utilização de kanmuri ou eboshi (tipos de chapéu que indicavam a hierarquia). Como todos os homens utilizavam esses chapéus, seus cabelos ficavam invariávelmente amarrados no alto da cabeça, não tendo então alterações nas suas formas. No período Kamakura, com as contínuas guerras civis, os samurais utilizavam com freqüência o elmo, e para evitar que os cabelos da região sobre a cabeça provocasse excesso de umidade e calor começaram a raspá-los, dando início ao sakayaki. Depois de entrar na Era Edo, os protocolos da corte e demais classes sociais se tornaram rigorosos, determinando até as cores dos cordões com que amarravam os cabelos presos: violeta para a nobreza, vermelha para os shoguns (generais), branca para os guerreiros de classe inferior. Quando este costume de raspar o alto da cabeça se espalhou entre os populares, surgiram os profissionais dessa atividade. Surgiram então em Edo centenas de kamiyuidoko, ou seja, barbeiros especializados.

Quanto ao cabelo feminino, na antiguidade usava-se cabelos lisos, amarrados ou soltos, mas no Período Nara, sob influência da China, passou a usar 2 birotes no alto da cabeça. Posteriormente, na Era Heian usou-se os cabelos lisos e soltos bem ao estilo japonês e, especialmente nas classes sociais altas o normal era tê-los com 2 metros de comprimento, sendo considerado ideal se estivessem por volta de 50cm mais longo do que a vestimenta. Porém, para as mulheres que trabalhavam, os cabelos longos não eram práticos, então prendiam-nos nas faixas ou nos cozes da vestimenta ou ainda na cabeça. Do Período Muromachi ao Período Edo, os cabelos ficaram mais curtos, e os penteados com cabelos presos passam a ser mais comuns. Essa moda começou a ser propagada pelas cortesãs, artistas de kabuki, e gravuras como ukiyo-ê, tendo perto de 300 tipos diferentes de penteado. Em 1885 foi fundada a Associação feminina de sokuhatsu (cabelos presos ao estilo ocidental) que, sob influências do danpatsu masculino defendia o fim do penteado estilo oriental e o uso do penteado ocidental. Devido a isso, até os anos 30 e 40 Meiji, a moda foi difundida desde as altas classes sociais até as camadas mais humildes. Nas Eras Taisho e início de Showa a vestimenta ocidental se generalizou e o permanente passou a ser moda no pós-guerra.

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Os cabelos sempre se constituíram como um perfeito adorno para nossos rostos. O cabelo significava, historicamente, para a mulher, símbolo de sedução e para o homem, demonstração de força. Isto pode ser verificado na mitologia grega, onde Afrodite cobria sua nudez com seus longos cabelos loiros e Sansão derrotou os filisteus quando recuperou seus fios preciosos. Nesse contexto, na Grécia antiga, oferecer as madeixas aos deuses significava um ato supremo, de grande sacrifico. No Egito os faraós diferenciavam-se socialmente pela forma de suas perucas, enquanto que, para os muçulmanos, manter uma pequena mecha no alto da cabeça representava o ponto para que Maomé os conduzisse ao paraíso. Na mitologia hindu os cabelos de Shiva revelavam as direções do espaço e do universo.

Perucas coloridas Antigo Egito Afrodite seus longos cabelos Sansão e suas sete tranças

Contudo, enquanto os cabelos estiveram associados à idéia de beleza e força, a calvície ficou ligada ao conceito de sabedoria. Sendo assim, os sacerdotes egípcios tinham a cabeça raspada como símbolo de desapego.

Na França, o Rei Sol Luiz XIV usava diariamente uma peruca para cobrir sua cabeça.

Rei Luiz XIV

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Atualmente, o conceito de força e status social, conferidos pelo cabelo, já não se aplicam mais. Contudo, o cabelo continua sendo importante para a beleza e a sedução.

OS PENTEADOS FEMININOS E SUAS ÉPOCAS.

Anos 40 – Ondas A moda ressurge do meio das cinzas do período de guerra e, não longe disso, reflete a situação econômica e política vigentes. As irmãs Carita inauguram o primeiro salão de beleza. São as pioneiras dentre as mulheres a exercer a profissão de cabeleireiro e a adentrar num mercado anteriormente dominado pelos homens.

1942 – Turbante

Até o final da década de 30, a profissão de cabeleireiro era exercida somente por homens. Com o advento da II Grande Guerra, muitos deles tiveram que se alistara no Exército para lutar. Esse fator, juntamente com à péssima qualidade dos produtos capilares da época, justifica o uso dos turbantes que tomaram conta das cabeças.

1947 – Cachos com grampos Apesar do número pequeno de cabeleireiros, os cabelos foram sempre um aspecto importante da moda. Muitas mulheres os tinham até os ombros, penteados com uma grande quantidade de ondas e presos com grampos.

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Anos 50 – Reflexos Nos anos 50 temos um maior desenvolvimento da indústria de cosméticos. Com isso, os produtos começam a fazer parte do dia-a-dia das mulheres, que passam a exercer um cuidado maior com elas mesmas. A beleza e a sensualidade passam a ser valorizadas. Na maquiagem, sobrancelhas arqueadas e escuras, muito batom e rímel, davam um tom sensual ao look. O advento da indústria cosmética também fez com que as tinturas se popularizassem, principalmente na forma de reflexos.

1952 – Helmet (Capacete) Nessa época, a mídia passa a exercer influência na moda, principalmente através do cinema, no comportamento das pessoas e, assim, na moda. O Helmet, cabelo utilizado por Doris Day, tornou-se referência para todas as mulheres que, na tentativa de obterem o visual igual ao da estrela, ficavam dependentes dos cabeleireiros.

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1958 – Chapéu Os chapéus tornam-se peças importantes para as mulheres da alta sociedade. Eram concebidos pela alta costura, que também produzia lingerie e perfumes famosos.

Anos 60 – Chignon Sob a influência dos cabeleireiros Alexandre de Paris e das irmãs Carita, os cabelos ganham volume. Os fixadores eram nada mais nada menos que uma esponja de aço como enchimento e cerveja e água com açúcar.

1962 – Laços Surge o Rock e com ele a revolução dos hábitos, a música das guitarras elétricas toma conta do mundo através de Elvis Presley, Beatles etc. Os cabelos passam a ser adornados com enfeites de proporções exageradas. Os homens, por sua vez, aderem aos cabelos longos.

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1963 – Volume e franja Banana) Surge o penteado banana, um clássico!

1963 – Escova Vidal Sassoon lança o “wash´n dry” (lavar e secar), criando o secador manual e a escova redonda. Enquanto outros cabeleireiros estavam dedicados aos cabelos volumosos com ornamentos, Vidal Sassoon defendia a importância do corte 976 –

1967 – Black Power Angela Davis torna-se símbolo do orgulho negro. Pessoas como Jimmy Hendrix e, no Brasil, Tony Tornado, também exemplificam esse estilo.

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Anos 70 - Hippie Movimento que expressava a liberdade, por meio da geração paz e amor. Na moda, muito jeans e coloridas batas. Os cabelos eram longos, sem compromisso, divididos ao meio, e ornados com faixas e flores.

1976 – Punk Movimento que nasceu na Inglaterra em meados dos anos 70, adotado por adolescentes, desempregados e estudantes, que queriam agredir a todos com suas roupas, acessórios, cores fortes e ousadas nos cabelos e uma releitura do estilo moicano.

1979 – Rastafari Nessa época o cinema também influencia o comportamento e a moda. Com o filme “Mulher Nota 10”, o cabelo de Bo Derek torna-se um ícone de estilo, ganhando, posteriormente variações e sendo utilizado até hoje por jogadores da NBA.

Anos 80 – Permanentes No Brasil temos a influência das novelas no comportamento e na moda. Os permanentes, que já existiam há muito tempo, ressurgem com toda a força. As mulheres procuram imitar as atrizes de novelas, como Irene Ravache, Regina Duarte e Elizabeth Savalla.

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1984 – Lady Di O corte de Lady Di marcou época e foi usado por diversas mulheres em todo o mundo. Com o advento dos anos 90 temos uma moda plural, longe da ditadura de estilos e seguindo-se mais o estado de espírito do que as tendências ditadas por grandes nomes. O que se vê são cortes curtos, médios e longos. Em 1998 encontramos mechas marcadas, cabelos lisos, sem volume, com mechas marcadas em três ou mais cores.

Anos 2000 - Atualidade As modificações a cerca da moda são extremamente rápidas, influenciando também nos cortes de cabelo e penteado. Acresce também que o profissional que desejar participar de concursos poderá apresentar criações de penteados de época, fugindo aos cansativos e inexpressivos concursos que temos assistido durante todos esses anos. Temos a absoluta certeza de que ao apresentar penteados de estilos de épocas, obterá sempre sucesso junto ao público presente.

OS PENTEADOS MASCULINOS E SUAS ÉPOCASDa mesma forma que apresentamos Os Penteados Femininos e suas épocas, também procuramos fazer um levantamento sobre as variações dos penteados masculinos em épocas diversas.Obviamente, não pudemos publicar todos os penteados de todas as épocas. Fizemos uma coleção criteriosa, para que o profissional brasileiro ao necessitar de uma idéia, possa basear-se.

AS LINHAS DE PENTEADOEm quase todos os países existem entidades organizadas por cabeleireiros, tanto na área masculina como também na feminina, a reunirem profissionais de gabarito e que periodicamente lançam, por intermédio destas Entidades, linhas de penteado que chegam à imprensa especializada com detalhes técnicos. São os Comitês Artísticos os responsáveis pela congregação e divulgação dessas idéias.

De todos esses agrupamentos o mais ativo e conhecido é o Comitê Artístico de La Coiffure Française com a abreviação CACF pois é que mais se dedica a transmitir à imprensa mundial as novidades da moda de cabelos. Também na França existe o ativo Syndical de La Haute Coiffure Masculine Française, que também tem tido uma dinâmica atuação no sentido de transmitir novidades na moda de cabelos masculinos.

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Curiosidades Interessantes Sobre Cabelos Os nativos de Fiji, têm cabelos crespos e negros que penteiam das formas mais extravagantes, que variam de acordo com a região. Às vezes branqueiam com cal ou os tingem com amarelo ou alaranjado.

Entre alguns ilhéus do Pacífico Sul, o cabeleireiro que penteia os cabelos do chefe, não pode pentear a mais ninguém, pois o seu trabalho é tido como sagrado. O trabalho por ser demorado, torna-se necessário, que alguém lhe dê de comer. Cada mecha recebe um tratamento especial e finalmente a enorme cabeleira, toma vulto. O comprimento do cabelo é de um metro de ambos os lados. Para não desmanchar a obra de arte, o infeliz dorme com a nuca apoiada sobre um pedaço de pau.

Em Kyoto no Japão, existe um templo maravilhoso. Os Materiais empregados em sua construção foram arrastados através das montanhas por cordas feitas de cabelo humano, oferecidas por mulheres devotas. Isto deve ter custado sacrifícios incríveis, pois o cabelo é o principal adorno da japonesa. Afirmam que as cordas de cabelo humano são tão velhas quanto às civilizações.

Em Kyoto no Japão, existe um templo maravilhoso. Os Materiais empregados em sua construção foram arrastados através das montanhas por cordas feitas de cabelo humano, oferecidas por mulheres devotas. Isto deve ter custado sacrifícios incríveis, pois o cabelo é o principal adorno da japonesa. Afirmam que as cordas de cabelo humano são tão velhas quanto às civilizações.Os romanos introduziram na europa a moda do cabelo cortado, pois os gauleses e britânicos não cortavam o cabelo nem a barba.

Os cabelos loiros dos saxônicos eram longos e repartidos ao meio, e a barba terminava em duas pontas.

Depois da conquista normanda da Inglaterra, os normandos abandonaram o hábito de rasparem a cabeça, imitaram o estilo do penteado em uso no país conquistado. Talvez isto tenha ocorrido, pelo fato de naqueles tempos, o cabelo cortado servir para identificar escravos.

Todos os anos milhões de jovens ao redor do mundo ingressam na vida militar, como voluntários ou conscritos, servindo a todo tipo de regime e continuando as mais diversas tradições militares. Porém, uma coisa todos têm em comum: o ritual de cortar os cabelos, significando o abandono de sua individualidade e a adesão a algo maior que eles mesmos. O que nenhum deles imagina é que esse ritual remonta aos romanos e tinha razão prática: o corte raspado, curto impedia que o inimigo agarrasse pelos cabelos no combate corpo-a-corpo.Homens e mulheres usavam adornos, como pulseiras, anéis e brincos. Estes adornos continham pedras preciosas e frequentemente amuletos, dado que os Egípcios eram um povo supersticioso, que acreditava por exemplo na existência de dias nefastos. Os dois sexos usavam também maquiagem, que não cumpria apenas funções estéticas, mas também higiênicas. As pinturas para os olhos eram de cor verde (malaquite) e negra. Óleos e cremes eram aplicados sobre o cabelo e a pele como forma de hidratação num clima seco e quente. Alguns egípcios raspavam completamente o cabelo (para evitar piolhos) e usavam perucas  ricamente ornamentadas e os faraós usavam ricas coroas de variadas formas.

Os cabelos na história do homem

A cabeleira humana parece ter se tornado, com a evolução, uma espécie de acessório fútil ou inútil do corpo humano do ponto de vista funcional. Mas, não é bem assim! Os cabelos conservam a função fundamental de emoldurar o rosto, servindo como cartão de apresentação pessoal de cada indivíduo.

Através de diferentes penteados, os cabelos nos permitem modificar o nosso aspecto exterior. Um corte ou um penteado inadequado podem transformar-se em uma tragédia (e isto é hoje reconhecido até pela Lei, visto que um cabeleireiro que erre, poderá ser denunciado por negligência e incapacidade profissional).

Com o “corte” certo, é possível, ao indivíduo comum, afirmar as suas próprias raízes, o seu próprio sexo, transmitir o próprio credo religioso, desafiar os professores, fazer novos amigos, provocar um escândalo, encontrar a alma gêmea, opor-se às convenções sociais e até mesmo ser posto para fora do emprego...

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Todos os povos da Terra, em todas as épocas, elaboraram complexos códigos de penteados variados com a tarefa de exprimir cada etapa de suas vidas, bem como, comunicar aos demais os seus respectivos papeis, seus status e as suas identidades culturais.

A história do homem é, por assim dizer, também a história do culto e do desprezo aos cabelos. Os romanos, por exemplo, pelavam a cabeça dos indivíduos considerados hierarquicamente inferiores (prisioneiros, escravos, traidores) para assim assinalar a condição de subordinados dos mesmos; os franceses, após a liberação da França, no pós-guerra, recorriam à mesma prática em relação às colaboradoras e companheiras dos alemães; os antigos egípcios se tornaram famosos pelo uso de perucas e pelos cultos relativos ao corte de cabelos, visto que temiam que estes pudessem ser usados para eventuais bruxarias; o Rei-sol francês era noto por suas extravagantes e longas perucas ás quais usava como símbolo de luxo e esplendor; o uso da tonsura clerical do cristianismo antigo tinha por fim tornar os monges menos atraentes sexualmente; já para os monges orientais, o crânio raspado se constitui símbolo de castidade; enquanto, para os primitivos sacerdotes das tribos da África Ocidental os cabelos seriam a sede de Deus, fato que talvez explique porque o mítico Sansão do Antigo Testamento tinha sua invencibilidade ligada a sua vasta cabeleira; os Masai, ainda hoje, possuem a magia de “fazer chover”;mas, para que En-Kai (deus da chuva) escute as suas preces não devem cortar nem a barba nem os cabelos.

Os cabelos são um meio de expressão real e, sabendo-os ler, podem revelar até mesmo aquilo que às vezes queremos esconder como a nossa idade, a etnia à qual pertencemos, o nosso credo político ou o nosso grau de instrução. Basta pensarmos ao fato de que, por exemplo, os jornalistas televisivos de todo o mundo usam o mesmo penteado anônimo por acreditarem que com o mesmo adquirem credibilidade.

Cabelos e Personalidade

Mas, tudo isto é ainda redutivo e não basta para explicar o fato de que desde sempre, al longo da história das civilizações, a cabeleira tenha representado um elemento fundamental da personalidade humana, sustentáculo da beleza, do fascínio, da sedução e, às vezes, até mesmo do poder e da força... e de como, nos dias atuais, a mesma cabeleira possa conservar ainda um profundo valor simbólico. O fato é que estamos ancestralmente habituados a considerarmos os cabelos como um “atributo sexual” e, se os cabelos não existem mais, podemos viver esta “condição” como uma regressão a um estado semelhante aquele infantil, no qual os sexos e os papeis a serem desempenhados, com os conseqüentes direitos e poderes que estes comportam, não estão ainda bem diferenciados.

A perda dos cabelos é, portanto inconscientemente vivida como uma espécie de castração, uma perda da virilidade, da força (mito de Sansão), da juventude, da masculinidade ou da feminilidade do indivíduo.

OS CABELOS NA HISTÓRIA Já na Pré-história, o homem das cavernas se esforçava para tratar e arrumar os cabelos. Achados arqueológicos de pentes e navalhas de pedra comprovam isso. O primeiro apogeu na arte de penteados ocorreu no velho Egito, há cerca de 5 mil anos. Perucas sofisticadas mostram a habilidade dos cabeleireiros que na corte dos faraós gozavam grandes prestígios.

No século II AC, na Grécia antiga, para encontrar um verdadeiro penteado requintado era conveniente dar asas à imaginação e ir até ao topo do Olimpo: espaço reservado aos deuses e deusas. Os penteados ostentavam algumas sobriedades e fantasias, prevalecendo os cabelos louros, frisados, com caracóis estreitos e discretos, com franjas em espiral.

Foram os gregos que criaram os primeiros salões de cabeleireiro (koureia), em Atenas, construídos sobre a praça pública, o Ágora. Lá, os Kosmetes ou "Embelezadores de Cabelo", escravos especiais, circulavam soberanos. Os escravos cuidavam dos homens e as escravas das mulheres. Vemos que os cabelos, em particular, tiveram o privilégio de um espaço próprio.

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Eram perfumados com óleos raros e preciosos, matizados com tons tintos ou descolorados, uma vez que a cor mais em voga era a loura. Nos penteados femininos, utilizavam-se faixas e laços por cima dos cabelos lisos e compridos. Mais tarde, a moda lançou os caracóis e os rolos de cabelos. Os penteados eram enriquecidos com pentes fiados em bronze ou marfim.

Na Grécia Antiga, a moda dos cabelos se mantinha por 2 a 3 séculos. A mudança era mais rápida na Roma Antiga, onde as esposas dos soberanos eram os exemplos, sendo seguidas por todas. A essa altura, no Império Greco-Romano, gregos e gregas faziam os cabelos dos romanos e penteavam as romanas. Nesses salões, discutiam-se novidades e propagavam-se as fofocas. Se antes existiam particularidades regionais, a partir de Luís XIV, a moda francesa dominou todas as civilizações.

No começo do século XVIII, as mulheres casadas usavam uma touca para esconder os cabelos e somente o marido delas poderia ver seus cabelos soltos. Maria Madalena, a pecadora, foi sempre representada com cabelos longos e soltos, ao contrário das Santas, que usavam toucas ou presos.

Jornais de moda, nos séculos XVIII e XIX, divulgavam os estilos por toda a Europa. Seguia-se o exemplo das casas reinantes de Paris e Viena, e também de todas elites européias. Os primeiros cabeleireiros para senhoras foram os Coiffures parisienses, Leonard, Autier e Legros Rumigny, que prestavam seus serviços à Rainha Maria Antonietta e recebiam altos salários.

Quando nos anos 20, a moda exigia cabelos "a la garçonne", os partidários do cabelo comprido polemizaram que cabelo curto era vergonha para a mulher. Entretanto, as mulheres, cada vez mais envolvidas na sociedade e no trabalho, não mais admitiam seguir tradições que remontavam à Idade Média. Compreenderam que a moda de penteados serve como espelho da mudança social, pois o cabelo reflete atitudes pessoais, artísticas, mundanas e religiosas.

Foram os gregos que criaram os primeiros salões de cabeleireiro (koureia), em Atenas, construídos sobre a praça pública, o Ágora. Lá, os Kosmetes ou "Embelezadores de Cabelo", escravos especiais, circulavam soberanos.

No século XX, surge a figura feminina nos salões de barbeiros, tanto no exercício da profissão quanto na clientela.

Na Grécia antiga, as imagens utópicas das divindades mitológicas assumiam um ideal de beleza e perfeição corporal. Essa preocupação estética levou à necessidade de um espaço exclusivo e adequado para o tratamento de beleza, incluindo o capilar. Assim, surgiram os primeiros salões de beleza e a profissão de barbeiro, exclusiva do sexo masculino. Já nessa época, os barbeiros completavam os penteados com falsos cabelos. Os calvos, usavam cabelos artificiais e cabeleiras (perucas).

Os homens pertencentes à nobreza e os guerreiros, apresentavam cabelos compridos, sustentados por faixas, correntes ou condecorações. Os adolescentes copiavam os penteados de Apólo e Arquimedes, enquanto os velhos e filósofos usavam cabelos longos e barbas densas, como símbolo de sabedoria.SOBRE CABELEIRAS, BARBAS E BIGODES

O corpo, único bem material que de fato possuímos enquanto vivos, tem sido alvo constante de nossa insatisfação através dos milênios. O ser humano não economiza esforços para modelá-lo a serviço de suas mais bizarras fantasias. E o que dizer do rosto a parte mais aparente do mapa humano? Mulheres e homens se lançaram com idêntica avidez à tarefa de embelezá-lo. Para isso nada melhor que esculpir pelos e cabelos, dúcteis defesas que a mãe natureza nos legou.

Procuremos ao acaso um capítulo de nossa história. Os romanos, por exemplo, senhores do império mais extenso que a antiguidade já conheceu.

A extrema simplicidade de suas vestimentas opõe-se à complexidade da maquiagem e ao tratamento dos cabelos. Comerciantes, políticos, atletas e guerreiros cortavam-nos curtos mas os cacheavam com chapinhas quentes e os perfumavam abundantemente. Por Ovídio sabemos que a calvície era considerada uma deformidade e insinua que Julio César usava a coroa de louros para escondê-la. Utilizavam-se apliques e ungüentos fabricados pelos hebreus, provavelmente os inventores das primeiras receitas estimuladoras do couro cabeludo.

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Quando Publius Ticinus Maena introduziu a profissão de barbeiro a barba caiu de moda. Só os filósofos, emulando seus mestres gregos continuaram a usá-la. Nem sempre os pelos eram raspados, por vezes eram arrancados um a um ou lançando mão de vários tipos de ceras de depilação para deixar o rosto mais macio, não obstante este costume fosse considerado efeminado pelos mais velhos. A barba voltou à moda, sob o reinado de Adriano que, conforme comentavam às más línguas, tentava esconder sob os pelos o queixo coberto de verrugas.

Cabelos e barbas perfumados e hidratados com óleos específicos emolduravam rostos femininos e masculinos tratados com cremes e loções fabricadas para reavivar cor e textura da tez. Os cosméticos eram caros e em geral importados. Por causa das matérias primas abundantes e o conhecimento adquirido durante o cativeiro no Egito, os hebreus foram fabricantes e fornecedores respeitados durante um longo período da história.

Na Alta Idade Média, época de cavaleiros intrépidos, os cabelos longos e soltos eram a marca de alta linhagem, assim como a barba, apanágio de uma condição social superior. Acariciar a própria barba era gesto de orgulho e podia também significar um juramento solene.

No século XII a Igreja, baseada em seu ideal da "totalidade cristã", iniciou uma verdadeira cruzada contra a moda masculina dos cabelos longos. Contam que Henrique I insurgiu-se contra as ordens dos eclesiásticos e entrou numa celebração religiosa com seus longos cabelos soltos e esvoaçantes. Serlo, o bispo normando, tirou da manga uma tesoura que levava escondida e, em plena cerimônia, cortou os cabelos do soberano. Logo o piso da catedral ficou coberto de madeixas de jovens nobres que seguiam o exemplo do rei. De nada adiantou, as longas cabeleiras reapareceram. No final do século, as chapinhas romanas para cachear voltaram à moda e os cabelos masculinos foram ornados com fitas de cores.

No vaivém de tendências chegamos ao começo do século XV quando o corte de cabelo estilo pajem se populariza e contagia o gosto dos jovens dos paises nórdicos até a França.

Quando os dois jovens mais poderosos do século XVI, Henrique VIII e Francisco I adotaram a barba, ela saiu do ostracismo. Barbas e bigodes bem cuidados, alisados ou cacheados invadiram a Europa. Chapéus foram adaptados para deixarem em evidência os cabelos bem cuidados. As abas impregnadas de perfume, algo inclinadas à direita ou esquerda, jogadas para trás, deixavam aparecer o rosto onde barba e bigodes com os extremos apontados para o alto, faziam a loucura das damas.

O final do século XVII vê nascer à moda das perucas inteiras masculinas. Um redator do London Magazine faz uma lista das formas de perucas disponíveis no mercado em 1753: "perucas em forma de asa de pombo, couve-flor, escadaria, vassoura, cometa, rinoceronte, pata de lobo" e muitas outras.

Penteadas e perfumadas espalhavam pó de arroz por onde seu orgulhoso dono andasse. Os ingleses com sua reconhecida praticidade inventaram um tipo de peruca recolhida na nuca num saquinho de seda preta. Evitavam assim, que as madeixas se desmanchassem e o pó se espalhasse sobre os ombros. Foram também os ingleses, desta vez as senhoras do período vitoriano, que criaram as toalhinhas de renda ou de crochê para cobrir os encostos das poltronas para evitar que os ungüentos e o óleo de macassar utilizados nos cabelos dos cavalheiros manchassem os custosos estofamentos.

No período romântico o homem cuida de sua aparência a extremos que beiram o ridículo e no entanto se esforça por demonstrar o oposto. Será nesse período que encontraremos uma das mais deliciosas descrições sobre o valor dos assessórios pilosos do rosto masculino. Em 1825 o poeta francês Châteaubriand escreve que o jovem que entra num salão ou passa pela rua deve ser notado "por uma certa desordem em sua aparência. Não deve aparecer com a barba totalmente raspada, nem longa, deve se ver como se ela tivesse crescido "involuntariamente" em um momento de desespero. Cachos cuidadosamente despenteados pelo vento, olhar vazio, fixo, olhos atônitos , sublimes, lábios curvos num rito de desprezo pela raça humana, coração entediado ao estilo Byron, submerso no desgosto e no mistério do porvir".

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E o povo, trabalhadores das cidades e do campo? Como usavam os cabelos? Documentos escritos e algumas pinturas pouco ou nada esclarecem. Em geral Igreja e Estado impunham o corte de barbas e cabelos através das leis suntuarias. Quando isto não acontecia o homem simples deixou-os crescer por praticidade. Desde a antiguidade prisioneiros libertados raspavam os cabelos que tinham crescido nos anos de reclusão assim que atravessavam os portões da prisão. Mas em certos períodos da história rostos escurecidos por barba e cabelos mal cuidados, esgueirando-se pelos beirais dos bairros pobres significou que mudanças sócio-políticas estavam por acontecer. A barba converteu-se num símbolo de luta em favor da justiça e da liberdade.

O cabelo muito comprido para os homens demorou a voltar. Foi sepultado na época de Napoleão com o corte estilo Brutus adotado pelo imperador. Tivemos que esperar os anos 60 do século XX para ver desfilar barbas e cabelos longuíssimos nas cabeças dos jovens que aderiram ao movimento de contra-cultura

optava por raspar todo o cabelo e utilizar perucas em seu lugar.

E se o assunto é peruca, a monarquia absolutista sabe muito bem como não ficar para trás. O século XVII adornou muitas cabeças masculinas com perucas brancas e volumosas, enquanto no século seguinte chegou a vez das mulheres extrapolarem: os fios ganharam o complemento de passarinhos empalhados, miniaturas de caravelas e outros tantos, compondo verdadeiras obras arquitetônicas que poderiam chegar a um metro de altura.

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Perucas são identidades cambiantes, por isso – em nosso imaginário – muitas vezes vêem-se atreladas à idéia da farsa, do personagem travestido. É complemento artificial [como se os outros não fossem…], o que leva o homem que, de repente, se descobre seduzido por um punhado de cabelos descompromissados a sentir-se ultrajado.

Isto porque cabelos femininos representam, em grande medida, sedução. Pode um homem sentir-se atraído pelo exótico brilho ruivo de misteriosa mulher ou adoecer de amores por nuances castanhas… O preto intenso pode hipnotizar seus sentidos e o loiro… ah, o loiro… Mas deve ser um tanto quanto desestabilizador perceber que o objeto de encanto e conquista não passa de… enfim, mero objeto.

Tamanho é o poder de sedução desta inigualável penugem humana que a história não cansou de passar tesouras a fim de punir prostitutas e adúlteras, além de fragilizar acusadas de bruxaria, como no famoso caso de Joana D´Arc [a donzela francesa, canonizada cinco séculos após tostar na fogueira]. Isto sem mencionar muçulmanos e judeus mais conservadores, que preferem escapar das tentações recomendando o uso de véus.

A História atribuiu aos cabelos o poder feminino de levar tantos homens a perderem o juízo. Nesta lógica, escondê-los é adequado, mas é preciso derrotá-los quando indômitos. Extraí-los equivale à violência de arrancar as presas de um leão. Jogar às ruas mulheres carecas equivale a expô-las à humilhação pública, frisando a verdadeira identidade que supostamente vê-se descoberta. vê-se descoberta.

Mulheres e seus cabelos muitas vezes contam histórias de mal e perdição. Que o diga Medusa, a ninfa que a todos enfeitiçava com seus doces cachos loiros. A bela pagou caro por se meter com quem não devia. Segundo as más línguas, foi a deusa Atena, enciumada, quem transformou a poderosa numa megera de cabelo rebelde. No lugar dos fios, multiplicaram-se cobrinhas nada simpáticas que petrificavam quem as fitasse. Isto sim é que é um estrago. Perto de Medusa, uma cabeça raspada é até consolo.

Alguns dados sobre a histologia da arte do Cabeleireiro.

PENTEADO

Na época de Luiz XIV uma peruca de cabelos humanos, custava de 2.000 a 3.000 francos. Em 1671 uma peruquera francesa inventou um novo tipo de penteado que consistia em pentear com bucles, fortemente enrolá-los e frisá-los em volta da cabeça, a este penteado se deu o nome de Hurluberlu.

A côrte ficou indignada com aquela inovação. A Sra. Sevigne, que em sua carta de 4 de abril daquele ano descrevia de um modo minucioso, como algo pouco inteligente, estava indignada com aquela invenção, mais tarde quando viu a cabeça da Duquesa Sully, a condessa ficou tão entusiasmada com o penteado, que desejou ser penteada da mesma forma. Usava-se também adornar o penteado com flores.

Em 1760, iniciou-se uma variação; o cabelo se levantava sobre a frente formando um alto topete e caía por detrás das orelhas em largos bucles, e caiam macios sobre o colo. Os penteados mais sofisticados requeriam a mão de um cabeleireiro.

O primeiro homem a pentear senhoras em Paris, foi Mr. Frison e compartilhou a celebridade com Sarseneur e Dagé, este último, conhecido especialmente por ter negado a pentear Pompadour.

Segros(Paris) em 1765, publicou uma obra sobre a arte de pentear a cada dama, seguindo-se traços distintos de cada caráter e abrindo ao mesmo tempo uma academia dividida em três partes (classes) aos desejosos de

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instruir-se nos segredos do ofício, O famoso Segros foi vítima de uma catástrofe em uma festa dada em Paris na ocasião das bodas de Maria Antonieta.