A história não contada da psiquiatria - Drogas psiquiátricas Um assalto à condição humana -...

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DOIS ARTIGOS: A História Não Contada da Psiquiatria: Crueldade, Tortura, Eugenia e Dano Cerebral Drogas psiquiátricas: Um assalto à Condição Humana _________________________________________________ ____ A História Não Contada da Psiquiatria: Crueldade, Tortura, Eugenia e Dano Cerebral A entrevista do autor do livro MAD IN AMERICA, Robert Whitaker para o site The Street Spirit Entrevistado por Terry Messman (tradução: José C B Peixoto) Street Spirit: Quais razões levaram você a escrever um livro sobre a história de maus tratos da psiquiatria? Parece que quando você começou a trabalhar em uma

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DOIS ARTIGOS:

A História Não Contada da Psiquiatria: Crueldade, Tortura, Eugenia e Dano Cerebral

Drogas psiquiátricas: Um assalto à Condição Humana _____________________________________________________

 

  A História Não Contada da Psiquiatria:   Crueldade, Tortura, Eugenia e Dano Cerebral

 A entrevista do autor do livro

MAD IN AMERICA, Robert Whitaker para o site The Street Spirit

Entrevistado por Terry Messman (tradução: José C B Peixoto)

  Street Spirit: Quais razões levaram você a escrever um livro sobre a história de maus tratos da psiquiatria? Parece que quando você começou a trabalhar em uma história

para o Boston Globe se abriu uma porta inusitada. Robert Whitaker: Sim, essa foi uma história peculiar; tipo de uma entrada pela porta dos fundos, realmente. Em 1998, eu comecei a escrever sobre os problemas em testes clínicos de medicamentos psiquiátricos. Naquele ponto, eu decidi fazer uma série para o Boston Globe sobre os problemas na pesquisa psiquiátrica. Enquanto eu estava fazendo aquela série, eu acabei encontrando acidentalmente estudos de resultados que eu julguei surpreendente. Um desses estudos era da Organização de Saúde Mundial que mostrava que os outcomes (conseqüências, resultados) para as

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pessoas com problemas de saúde mental eram muito, muito melhores nos países mais pobres do mundo. A propósito, os resultados desse primeiro relatório eram tão surpreendentes, que eles repetiram tal estudo, mas eles apresentaram os mesmos resultados. Quando eu perguntei a pessoas o porquê disso, ninguém podia me dar uma boa resposta. Eles só diriam, "Oh, bem, as famílias são bondosas por lá," ou "essas sociedades são gentis." Realmente não parecia muito verdadeiro. Spirit: Nos países desenvolvidos, supostamente nós avançamos mais em terapias e medicamentos; e mesmo assim os resultados são piores aqui, com muito mais pessoas presas em uma crônica e eterna doença mental? Whitaker: Exatamente. Dessa forma isso realmente abriu uma questão interessante que ninguém estava respondendo. Uma outra coisa chamou minha atenção quando eu comecei a examinar aqueles estudos da Organização de Saúde Mundial. O que ninguém, e eu quero dizer: ninguém, mencionou era que o uso de drogas anti-psicóticas era muito menor nesses países pobres onde as pessoas acabavam com pouca freqüência continuando sob medicação.Então aqui você teve esta disparidade. Você tem nosso paradigma médico, aqui, neste país, que diz que o tratamento medicamentoso ininterrupto para alguém diagnosticado com esquizofrenia é absolutamente essencial. E mesmo assim os resultados e as taxas de recuperação são muito, muito mais altos nos países pobres onde eles não seguiram tal paradigma. Isso obviamente levanta uma pergunta: Existe algo errado com nosso paradigma? O outro estudo que se encaixa com os já relatados foi feito por pesquisadores da Escola Médica de Harvard que, em 1994, examinou para resultados ao longo de séculos para pacientes com esquizofrenia, e concluíram que os resultados realmente não melhoraram desde 1900, quando as terapias empregadas eram “terapias da água”. Novamente, isso era o oposto da história que nós contamos a nós mesmos. A história que nós contamos para nós mesmos é que nós estamos conseguindo drogas sempre

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melhores e nós estamos conseguindo sempre melhores entendimentos da "biologia" da doença esquizofrenia.  Spirit: Você é um dos poucos escritores que ousou desafiar a história medicamente aceita de que as drogas anti-psicóticas e os recentes medicamentos de última geração são o único caminho para tratar o que denominamos esquizofrenia.Whitaker: Foi isso que realmente me atraiu para essa história, o fato é que existe um sistema de crenças em pleno vigor - que a propósito, eu compartilhava desse sistema quando eu comecei este livro. Quando eu estava fazendo aquela série para o Boston Globe sobre pesquisa psiquiátrica, eu absolutamente acreditava no senso comum de que estas drogas anti-psicóticas realmente melhoraram as coisas e que elas totalmente revolucionaram a forma como nós tratamos a esquizofrenia. Tais pessoas costumavam ser presas para sempre, e agora embora talvez as coisas não fossem tão boas, já seriam muito melhores. Era uma história de progresso. Eu acreditei nisto, e eu acreditei que as drogas eram essenciais e eram "como insulina para diabete," porque foi assim que eu fui informado.  Spirit: O que levou você, então, a desenvolver uma crítica tão ampla da história inteira da psiquiatria? Whitaker: Eu fiz a série para o Boston Globe, e eu realmente não fiquei satisfeito com que eu entendi até aquele ponto porque existia um mistério lá fora que precisava ser explorado, e é por isso que eu fiz o livro.  Spirit: Uma das revelações de seu livro é o modo de que ele dá a voz para aos verdadeiramente sem voz. Os pacientes testemunham sobre os efeitos devastadores do eletro-choque, lobotomia, coma por insulina e drogas neurolépticas. Suas vozes são surpreendentemente diferentes daquilo que o establishment psiquiátrico reportou sobre tais terapias. Whitaker: Oh, isto é um grande ponto. Quando eu estava fazendo essa primeira série no Globe, tudo isso começou a ser publicado – de que a história do quão eloqüentes eram as terapias, o quão essenciais eram os medicamentos, isso não era

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compartilhado pelos próprios clientes. Então você imediatamente percebe que existia uma perspectiva diferente, uma compreensão diferente e uma história diferente a ser informada. Você fala sobre dar a voz aos sem voz. Quando eu comecei a ler histórias de psiquiatria, as vozes daqueles que eram tratados estavam absolutamente omitidas. Simplesmente não estavam lá! O que é atordoante. Você pergunta às pessoas por que tais vozes não estavam lá, e eles dizem, "Bem, eles são testemunhas inconfiáveis." Ou, "Eles nem sabem que estão doentes." Você sabe a história toda. Mas isto é obviamente incrivelmente ridículo. É realmente obsceno.  Spirit: Por que você acha "obsceno" que tais vozes foram omitidas das histórias que você pesquisou? Whitaker: Porque é como fazê-los não serem pessoas. Eles não contam. Sua experiência não conta. Nós sabemos quando você fizer algo semelhante para alguém, isto é um ato obsceno, se isso foi feito para judeus ou escravos ou qualquer pessoa oprimida. Nós viemos a entender que negar experiência de alguém, negar isto, é uma coisa obscena a ser feita. E ainda assim, para grupos como esse, como sociedade, nós ainda não permitimos que eles falem por si mesmos. Pense sobre quem fala atualmente sobre doença mental neste país. Raramente alguém denominado de mentalmente doente fala por isso. Quando eles fazem um artigo no jornal que será uma citação da NAMI [Aliança Nacional para Doentes Mentais] com o ponto de vista da família, ou então lá estarão as companhias farmacêuticas ou os médicos. Mas com que freqüência você realmente consegue o ponto de vista do paciente? É com muito pouca freqüência. Isso foi uma das coisas que eu resolvi fazer, examinar a história oficial através da história, porém contando o que os pacientes por si mesmos estão dizendo sobre tais terapias. E que seja permitido examinar, numa perspectiva histórica, qual grupo parece ser mais preciso, mais verdadeiro - em outras palavras, qual a história se sustentará com o passar do tempo. Por exemplo, se você lembrar-se dos pacientes submetidos ao eletro-choque nos anos 1940 que tiveram que ser arrastados para fora da mesa. Bem, naquele

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momento, claro, a história foi de que era isto seria bom para eles, certo? Mas o que nós sabemos hoje? Nós sabemos que isso foi tão abusivo quanto o inferno. Foi horrível.  Spirit: Naquele momento, os psiquiatras re-asseguravam ao público que aquilo era absolutamente indolor e que oferecia grande alívio aos seus sintomas; a despeito de que os pacientes freqüentemente tinham que ser arrastados, e iam esperneando e gritando para a sala do eletro choque... Whitaker: Exatamente. E existe uma lição para ser aprendida aqui: Se você ignorar a voz daqueles tão tratados, você faz corre um grande perigo de cometer um dano real. De fato, como nós vemos com o correr da história, a perspectiva que vai se comprovar como verdade, é quase inevitavelmente aquela daqueles que foram “tratados”. As histórias dos próprios pacientes, cada vez mais, se parecerão mais corretas e mais precisas, o que nos trará uma outra perspectiva desse processo histórico. Você questiona sobre dar vozes para aqueles sem direito de falar. Você não pode contar com precisão a história da psiquiatria, a história dos tratamentos para os mentalmente doentes neste país, sem dar escuta para aqueles que foram sujeito dos tratamentos. É altamente incompleto sem isto!  Spirit: Uma de suas surpreendentes percepções diz respeito a quantos tratamentos psiquiátricos deliberadamente utilizavam "terapêutica prejudiciais ao cérebro." Isto é uma linha comum que liga o eletro-choque, o coma por insulina, a lobotomia e as drogas neurolépticas. Estas terapias são propositadamente projetadas para danificar o funcionamento mais sofisticado do cérebro, e o público não conhece isto. Ainda atualmente, os psiquiatras admitem que estes tratamentos "trabalham" deliberadamente incapacitando funções mais elevadas do cérebro. Whitaker: Sim, e mais uma vez, isso parece assombroso. Existe uma linha comum entre os tratamentos e as intervenções médicas ao longo dos últimos 200 anos, a cada época, sempre pareciam funcionar. Se você fosse um médico e você estivesse dando uma destas terapias: vamos dizer que seja uma sangria, ou se você

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está prendendo alguém em uma “cadeira tranqüilizante” ou você está dando choques 50 vezes ou você está envenenando alguém com uma terapia convulsiva com metrazol - você precisa acreditar que tudo isso funciona. Então a linha comum que você começa a descobrir é como eles definem o que é eficiência ao lidar com um doente mental: a eliminação de sintomas. Abatendo os sintomas você não vê estes tipos de fantasias selvagens, e pelo menos eles não estão exibindo as alucinações e o comportamento que podem estar perturbando aos outros. Então como eles fazem isto? Bem, está posto que você pode derrubar aquelas alucinações, paranóia, pensamentos selvagens, ouvir vozes, etc. Você pode abater tudo isso diminuindo a função do cérebro, o que faz sentido porque o cérebro é necessário estar em operação para que os pensamentos funcionem deste modo. E isso que você vê de tempos em tempos repetidamente na psiquiatria - coisas do tipo que debilitam pessoas, coisas que derrubam os processos cognitivos mais elevados. Questões que realmente vieram a serem usufruídas na primeira metade do século 20, quando nós tivemos o florescente movimento da eugenia neste país, que desvalorizou completamente o mentalmente enfermo como ser humano, que os enxergavam como se fossem ameaças para a saúde social.  Spirit: A psiquiatria tentava “avançar" assaltando o cérebro com o eletro-choque ou a lobotomia, e agora com a mais nova geração de neurolépticos: as drogas atípicas - que são de fato um ataque ainda mais severo ao funcionamento químico das funções mais elevadas do cérebro e ao sistema de transmissão da dopamina. Whitaker: Nenhuma dúvida que sobre isto. E isso realmente foi conseguido na medida em que nós aprendemos mais sobre o cérebro a partir do início do século 20. Agora você vê a agressão, vamos dizer, nos anos 1940, tornando-se muito mais explícita. Se você voltar e ler os jornais médicos naquele tempo quando eles eram mais honestos, você verá pessoas que escrevem sobre as "terapêuticas prejudiciais ao cérebro" (“brain-damage therapeutics”). Era assim que era denominado.

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 Spirit: Essa é uma frase incrivelmente desumana. Whitaker: Mas eram as palavras da época, não são minhas palavras. E eles contariam sobre como eles tiveram essa evolução desde o eletro-choque. O que eles diriam sobre o eletro-choque é isto, que abatia as funções mais elevadas do cérebro para um breve período; entretanto como as pessoas se recuperavam desse trauma, as ilusões e as alucinações retornavam. Então eles diriam que você tem que fazer repetidamente o eletro-choque 30, 40, 50 vezes, então se estabelecia um dano cerebral, em essência, isso se tornaria permanente. Então nós conseguimos a lobotomia que, obviamente, estaria desconectando a maior parte do cérebro que nos torna um ser humano, o que nos distingue de primatas mais inferiores. Nós desconectamos essa região e nós sabemos que isto é um dano cerebral, mas o que eles diziam àquela época? Era tratado como uma milagrosa terapia do cérebro e o sujeito que inventou isto [Egas Moniz, um neurologista português] conseguiu o Prêmio Nobel em medicina. Mas era realmente curioso como eles falavam a respeito dos pacientes naquele tempo. Eles falavam sobre abater pessoas até um "nível mais baixo de Ser." Isso era considerado um bom resultado.  Spirit: Embora eles estivessem eliminando muita de sua personalidade, suas emoções, sua memória – até, às vezes, sua habilidade física para funcionar. Acabar em um estado vegetativo era racionalizado como um bom resultado? Whitaker: Exatamente.  Spirit: Como a psiquiatria declarou que isto era um benefício? Porque as pessoas ficavam mais sossegadas nos asilos psiquiátricos? Whitaker: Basicamente, essa é a resposta. Eles ficariam mais quietos nos asilos, mais fáceis de administrar, e isto foi realmente a resposta. Em resumo, é isso.  

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Spirit: E após uma lobotomia, talvez eles não tivessem tantas alucinações porque para tal se exige um intelecto além da capacidade de imaginação e das emoções para que alguém viva naquele mundo interno de fantasias. Whitaker: Exatamente. Na verdade, você veria Walter Freeman, que era o promotor pioneiro de lobotomia neste país, fazendo exatamente aquela declaração. Eles diriam: Correto, existiria um pouco de prejuízo nisso e as pessoas se tornavam menos criativas; elas, subitamente, não ficariam mais interessadas em tocar o piano. Ele falaria sobre como alguns de seus pacientes, que antes de lobotomia, amavam tocar piano, ou adoravam fantasiar sobre que a história, de como seria, digamos, se os índios americanos tivessem ganhado. Em outras palavras: pensamentos extraordinários, pensamentos interessantes, pensamentos criativos, pensamentos poéticos. E eles diriam: correto, você perde tudo aquilo; mas em compensação, nós conseguimos uma pessoa mais facilmente administrável. Freeman diria que eles não têm mais emoções fortes. Eles gostam de comer e eles engordam. Mas eles não se incomodam, e eles realmente não se importam com ter interações sociais, assim eles não são de fato, mais tristes, e isso era visto como muito bom. Eles eram mais fáceis de ser impedidos de fugir, e mais dóceis para as normas asilares, e provavelmente mais baratos também.  Spirit: As drogas anti-psicóticas foram, possivelmente, um caminho mais preciso para danificar o cérebro ao corromper o sistema de transmissão da dopamina. O que, basicamente, resultava era o mesmo: as funções mais nobres do cérebro eram subjugadas e o indivíduo se tornaria mais vegetativo. Essa seria a linha comum e é por isso que alguns pacientes comparam estas drogas como lobotomias químicas? Whitaker: Isso era uma linha comum, e não foram apenas os pacientes que chamaram as drogas de lobotomias químicas. Nos anos 50, quando as drogas entraram, a cirurgia da lobotomia ainda era vista como uma coisa positiva. Esse era o sistema de crenças da época, lembra? O inventor da lobotomia acabou por ganhar um Prêmio Nobel no início dos anos 50 quando estava

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sendo introduzidas tais drogas. Nós estávamos ainda usando repetidos eletro-choques. Nós ainda estávamos agarrando truculentamente os pacientes, perseguindo-os corredor abaixo, e os prendendo em amarras, e os forçando ao eletro-choque.Então as drogas entram em cena e é realmente fascinante a leitura da literatura médica daquele tempo, porque eles falavam sobre como as drogas como Thorazine (no Brasil: Clorpromazina, (Amplictil®)), Haldol e demais neurolépticos provocavam uma mudança num indivíduo -- uma mudança semelhante àquela obtida com a lobotomia. E isso era percebido de um modo muito positivo. As pessoas ficaram mais quietas, menos comprometidas emocionalmente com seu meio ambiente? Sim, e isso era visto positivamente. Eles se tornaram mais letárgicos em seus movimentos? Sim, e isso era visto como bom. Eles se importaram menos com eles mesmos, o que é uma função dos lóbulos frontais? Sim, e isso era visto positivamente. Fisiologicamente, ao perseguir esse aspecto, e nós conhecemos isso, realmente, é dessa forma que as drogas neurolépticas funcionam. Elas bloqueiam profundamente a transmissão de dopamina. Por exemplo, se você pegar um macaco e fizer uma lobotomia, e assistir como se comporta; e por outro lado, se nós dermos a outro macaco clorpromazina e bloquearmos a transmissão da dopamina do lóbulo frontal, você observará um comportamento bem semelhante. A diferença principal é que a lobotomia não danifica o controle motor, considerando que isso as drogas também fazem. É por isso que essas drogas resultam em sintomas da Síndrome de Parkinson, discinesia tardia, e todas aquelas outras deficiências orgânicas motoras que evoluem com o passar do tempo. De certa forma, os neurolépticos standards são mais amplos em suas capacidades de reduzirem a atividade mental do cérebro do que as lobotomias frontais.  Spirit: Incrível. Os elogiados neurolépticos são mais destrutivos do sistema motor do que as lobotomias? Whitaker: Bem, eles seriam absolutamente destrutivos ao sistema motor. Quando a clorpromazina e o haloperidol foram introduzidos, eles realmente afirmavam que você saberia que foi

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alcançada uma boa dosagem quando você começar a obter sintomas de Parkinson.  Spirit: Então sintomas do Parkinson seria o resultado desejado? Whitaker: Exatamente. Você manejaria as doses desses medicamentos até que um indivíduo estivesse conseguindo tremores e mostrasse dificuldades de iniciar os movimentos voluntários. Nesse ponto, eles diriam, "Ah! nós obtemos uma dose eficiente." Ocorreu uma conferência psiquiátrica famosa em 1956 em que eles disseram que isto é o sinal: nós aumentamos a dose até ser obtido o Parkinson. Agora por que nós conseguimos o Parkinson? Você chega ao Parkinson porque você está criando com as drogas a mesma deficiência na transmissão de dopamina que você consegue com a doença propriamente dita. Então não é realmente só um efeito colateral. O problema com o sistema motor é um efeito direto. Os sintomas de parkinson são absolutamente um efeito direto da queda da transmissão da dopamina. E nós já sabemos o quão profundo isso é. As drogas bloqueiam algo entre 70 a 90 por cento de um tipo particular de receptor de dopamina, o receptor D2. Dessa forma as drogas bloqueiam mais ou menos 80 por cento de seu nível normal de dopamina. E você consegue sintomas da Doença de Parkinson quando você perdeu mais ou menos 80 por cento dos neurônios dopaminérgicos no cérebro. Então você está criando a mesma deficiência. Não é um efeito colateral – é um efeito direto.  Spirit: Então os sintomas do Parkinson são efeitos deliberadamente pretendidos, uma vez que eles sabem que isso é inevitável? Whitaker: Bem, isso não só é inevitável, como é parte do tratamento! Realmente, esse é o meio de examinar os neurolépticos comuns. Primeiro, nós temos uma droga que, como um efeito direto, diminui sua capacidade de controlar os movimentos. Segundo, como um efeito direto, derruba a atividade no sistema límbico do cérebro onde nós estabelecemos as respostas afetivas para o mundo. É por isso que indivíduos sob

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uso de clorpromazina e haloperidol não estão muito comprometidos (com o meio ambiente).  Spirit: Eles são emocionalmente “planos”, freqüentemente muito distantes. Whitaker: Sim, porque você está subjugando essa parte do cérebro. Então finalmente, ao subjugar os lobos frontais, você tem pessoas que não estão muito motivadas, porque é nos lobos frontais o local onde nós nos importamos conosco mesmos e temos preocupação com o futuro. Portanto, esses são efeitos diretos. Então essa é a questão, seria como um efeito colateral, o que nós conseguimos como redução dos sintomas psicóticos, alucinações e vozes? Nós temos todas estas perdas: redução dos movimentos, redução dos sentimentos e afeto, redução da habilidade de gostar da si mesmo. É por isso que muitos pacientes odiavam estas drogas, Amplictil® e Haldol®. Absolutamente odiavam. Agora temos a próxima surpresa. Você iria pelo menos considerar cuidadosamente isto, você conseguiria uma redução dos sintomas almejados de psicose, especialmente considerando o quanto nós temos com todos esses efeitos negativos. Mas a coisa mais surpreendente é isto, com o passar do tempo, ao invés de obter uma redução na psicose nas pessoas tratadas com estas drogas e sob este paradigma, você realmente vê um aumento comparado ao grupo de pacientes tratados com placebo!Então, mesmo em relação aos sintomas alvo, que supostamente nós estamos derrubando com estas drogas, com o passar do tempo você percebe uma enfermidade ainda mais crônica. Isso completa este retrato do quanto é assombrosamente injusto esse paradigma. Nós conseguimos todos estes efeitos negativos sendo impostos às pessoas que tiveram o infortúnio de terem esses diagnósticos; mas no final, mesmo quanto aos sintomas alvo, você vê maior cronicidade na psicose. Você percebe o fracasso sob qualquer olhar que dirija a tal tratamento. Spirit: Você entende que deve ser por isso que os estudos da OMS mostraram que os pacientes nos Estados Unidos são mais propensos à uma esquizofrenia de longo curso em relação aos

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pacientes de países pobres onde não estão sendo prescritos neurolépticos pelo resto da vida dessas pessoas? Whitaker: Penso que seguramente essa é resposta correta. O que acontece, no curso natural daqueles diagnosticados com esquizofrenia, numa boa porcentagem, se não tratados com as drogas, é que eles melhoram ou se recuperam. Durante o estudo da OMS, só 16 por cento de pacientes em países subdesenvolvidos são mantidos sob uso de drogas, ainda assim eles tiveram aproximadamente 65 por cento na categoria dos melhores resultados. Até em nossos próprios estudos, se você reportasse aos tempos quando eram tentadas alternativas sem o uso de medicamentos, você veria mais de 50 por cento de bons resultados em follow-ups de dois anos a de três anos. Se você examinar para o espectro natural das pessoas diagnosticadas com esquizofrenia ou desordem esquizo-afetiva, e se você não os tratasse com drogas, algo ao redor de pelo menos 50 por cento, após um período de seis meses a um ano, se recuperaria e continuaria com suas vidas. Mas o que acontece uma vez que você os põe sob estas drogas, e os mantém sob essas drogas, você os empurra para uma cronicidade vitalícia! Eu acredito que existe acachapante evidência que mostra que é isto que realmente acontece. É por isso que a Organização de Saúde Mundial encontrou esta diferença nos resultados - crônicos nos Estados Unidos contra muitas pessoas que se recuperam nos países mais pobres.  Spirit: Seu livro documenta como essas drogas funciona ao induzir uma patologia no cérebro corrompendo um neurotransmissor, a dopamina. Atualmente o retrato que a psiquiatria apresenta ao público seria de que aquelas drogas anti-psicóticas realmente funcionam como “cura” à psicose, ou funcionam ao harmonizar uma química cerebral desorganizada. Você ficou surpreso com a amplitude de tais pretensões? Whitaker: Enquanto eu estava fazendo a pesquisa, poderia haver essas constantes surpresas, de maneira que eu não podia acreditar no que eu estava encontrando. Essa é uma delas, e isso é absolutamente assombroso. Ainda me assombra. É fraude médica – essa é a única maneira de se descrever isso.

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A história, como você disse, era que eles sabiam que essas drogas bloqueavam a atividade da dopamina, e de forma muito profunda. Então eles construíram a hipótese de que as pessoas com esquizofrenia deveriam ter dopamina demais em seu cérebro para ficar assim; e então ao bloquearem esse neurotransmissor, nós estaríamos ajudando a “equilibrar” a química do cérebro. Isto é a história que está ainda sendo divulgada, de que os neurolépticos são “como insulina para diabete.” Assim se construiu tal história, e você pode ler isto em livros de ensino médico nos anos 80. De maneira interessante, entretanto, ao mesmo tempo em que isso estava sendo dito, nos anos 80, toda a evidência mostrava exatamente o oposto. A evidência demonstrava que antes dos medicamentos, as pessoas com esquizofrenia não tinham uma química anormal da dopamina.Então os medicamentos neurolépticos bloqueiam o sistema da dopamina - em outras palavras, eles estão criando uma anormalidade neste importante neurotransmissor. Em resposta, o cérebro tenta lidar com aquele bloqueio de duas maneiras. Inicialmente, ele tenta liberar mais dopamina, e em seguida o cérebro começa a destruir a sua habilidade de fazer isto. Então ele cria de fato mais receptores de dopamina. Então se você olhar para o cérebro de uma pessoa que tem estado sob uso de neurolépticos, eles tem muito mais receptores de dopamina que o normal. Você realmente está criando o muito problema - muitos receptores de dopamina - que seria a explicação de como se iniciaria a esquizofrenia. Seu cérebro agora fica hipersensível à dopamina - em outras palavras, fica anormal. Nós já tínhamos descoberto por volta de 1979 como o seu cérebro, quando criava estes receptores extras de dopamina, realmente se tornava mais vulnerável para a psicose. Então em 1979 nós realmente tínhamos uma boa noção, na literatura de pesquisa, de que esta história toda de que as drogas normalizaram a química cerebral era uma mentira; e nós também já sabíamos que nós estávamos colocando o cérebro para fora de seu modo normal de funcionar, e que isso levaria à uma maior vulnerabilidade para a psicose.  Spirit: Mas eles não informaram ao público?

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Whitaker: Sabe, naquele momento, a obrigação moral de medicina era informar aquilo para os pacientes. Pelo menos você teria que ser honesto sobre isto, e você teria que investigar isto. Você está pronto para isso? Em 1998, essa é a peça final deste quebra-cabeça, a Universidade da Pennsylvania fez um estudo MRI em que eles estudavam pessoas medicadas com neurolépticos. Eles encontraram que realmente os cérebros daquelas pessoas muito tratadas começavam a exibir mudanças no volume cerebral. Então você começa a ver uma redução dos lobos frontais e um crescimento dos gânglios basais.Então agora nós estamos vendo mudanças morfológicas no cérebro. E aqui está a prova concludente: eles verificaram que aquelas mudanças no volume do cérebro eram associadas com uma agravação dos sintomas alvo. Então o quebra-cabeça agora todo se fecha, não é mesmo? Isso se coaduna com o estudo da Organização Mundial da Saúde. Isso informa porque as pessoas estão ficando crônicas - porque você está dando a elas um agente que causa uma anormalidade na função do cérebro, e essas mudanças causam no cérebro uma psicose ainda pior. Spirit: E isso prende os pacientes ao que se chama, a longo prazo, de “esquizofrenia medicada.” Whitaker: Oh, exatamente. O que acontece depois destas mudanças se estabelecerem é que você não pode sair destas drogas facilmente, porque você fica com um cérebro alterado. Então quando você largar dessas drogas, e você tem uma recaída e se torna psicótico novamente, eles dizem; “Ahá, veja, você precisa das drogas!” Mas na verdade, o que nós temos são pessoas que ficaram com mudanças cerebrais e é por isso que eles não estariam ficando bem quando eles fossem abruptamente retirados dessas drogas.  Spirit: Um dos efeitos colaterais do neurolépticos é a discinesia tardia, uma forma severa de déficit motor orgânico. Sua pesquisa mostrou como um cientista do NIMH, George Crane, advertiu sobre a discinesia tardia por anos, porém foi ignorado pela Associação Psiquiátrica Americana, que negligentemente

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recusou divulgar essa advertência. O que isso revela sobre “consentimento informado”? Whitaker: Nós estamos falando sobre a história em que você vê um grupo de pessoas de modo algum tratadas de acordo com os valores que nós habitualmente acreditamos.Primeiro, a discinesia tardia não é somente uma inaptidão motora. Isto é como parece; você percebe o movimento rítmico da língua constantemente se movendo em suas bocas e você verá desfigurantes tiques faciais, além de outros movimentos como tiques constantes das mãos e pés. Então isso se parece com sintomas físicos, mas muitos estudos verificaram que você está realmente tendo uma ampla e generalizada deficiência orgânica cognitiva, um tipo amplamente difundido de deficiência orgânica permanente no cérebro. Isto é a coisa mais horrível que pode acontecer com um ser humano. Agora me deixe falar sobre a história de como nós advertimos as pessoas sobre isso. Os primeiros sinais disso surgiram nos anos 1950. Os estudos e correspondências começaram a aparecer sobre este estranho acontecimento. Aproximadamente cinco por cento das pessoas colocadas sob essas drogas começavam a desenvolver a discinesia tardia ainda o curso do primeiro ano de uso.George Crane, um psiquiatra e pesquisador do Instituto Nacional de Saúde Mental (NIMH), começou a tentar dar o sinal de alarme sobre isso no final dos anos 1960. Ele comparava isso a doenças como doença de Huntington, que é uma doença horrível, uma enfermidade devastadora. Crane dizia que nós estávamos vendo aquele tipo de deficiência orgânica. Bem, a psiquiatria não queria ouvir sobre isto, o FDA não queria ouvir sobre isto. Eles não queriam nem mesmo colocar essa advertência nas embalagens desses medicamentos. Mas Crane continuou a bater nessa tecla, e finalmente você começou a ver o FDA disposto a colocar essa advertência. Mas agora a Associação Psiquiátrica Americana não está disposta a reconhecer isto; porque reconhecer isto é para reconhecer que seus populares medicamentos, dos quais eles são tão orgulhosos, estariam causando este abominável dano. E, claro, você tem

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processos judiciais prontos para criarem asas na espera de que eles admitam isso.Isso remonta até aos anos 1980s quando a APA decide enviar uma correspondência que adverte aos seus próprios membros. Eles estudam isto e promovem forças tarefa, mas eles continuam adiando e se escamoteando. Até que os processos começam a serem instalados de forma que a APA finalmente libera esse rótulo de advertência.  Spirit: Naquela altura, o senso comum acreditava que as drogas neurolépticas eram seguras e muito efetivas. Os psiquiatras e a mídia popular reportavam isso, repetidas vezes, por décadas. Whitaker: Pense sobre o engodo sob o qual estamos conversando. E você sabe que consegue os piores resultados em crianças e nas pessoas de idade avançada, que pareceram ser as mais vulneráveis para a discinesia tardia.  Spirit: E mesmo assim eles estavam dando estas drogas para os delinqüentes juvenis e assim criando adolescentes inválidos? Whitaker: Realmente, reflita sobre isto. E eles recebiam uma droga que numa certa porcentagem acabaria criando uma forma permanente de deficiência orgânica cerebral. E você também estava observando mortes precoces com estas drogas, morte súbita. A deslealdade com os seres humanos nesse momento é inominável. Spirit: Políticos soviéticos dissidentes confinados em instalações psiquiátricas daquele país descrevem que estiveram sendo involuntariamente medicados com neurolépticos, e que tinham nisso a pior forma de tortura. A mídia dos Estados Unidos e oficiais do governo ficavam horrorizados com esse tratamento e denunciavam isto como abuso aos direitos humanos, agora fica óbvio que fizemos exatamente aquilo que clamávamos contra pacientes aqui nos Estados Unidos. pois os neurolépticos seriam terrivelmente prejudiciais. Como nós falhamos em fazer essa conexão, de que a mesma coisa estava acontecendo por aqui? Whitaker: A capacidade que os poderosos têm em qualquer país, e para um grupo médico como os psiquiatras, de iludir a si

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mesmos é infinito. O poder governante e os médicos vêem a si mesmos como fazendo o bem, e é mais fácil ver pessoas em um país estrangeiro fazendo coisas ruins. Como você classifica isto? O New York Times, em reportagens com as audições relacionadas ao tratamento de dissidentes soviéticos, disse que dar essas drogas neurolépticas tornavam as pessoas vegetativas. O New York Times dizia que isso era uma forma de “câmara de gás mental.” Mas eles encobriram a pesquisa sobre o tratamento forçado com medicamentos às pessoas mentalmente doentes nos Estados Unidos e eles divulgarão sobre como as drogas são reconhecidas em serem amplamente eficazes. Como você pode dizer que o uso de neurolépticos como o Haldol® seria uma forma de tortura para dissidentes soviéticos, e ao mesmo tempo há pessoas nos Estados Unidos sendo tratadas sob uma forma sob as quais se poderiam fazer exatamente as mesmas acusações? Uma mesma droga, quando é dada para uma pessoa soviética, nós afirmamos que é uma tortura; mas quando essa droga é oferecida para alguém em nosso país, nós afirmamos que é uma benesse. É ultrajante. Então se diz que um enfermo mental “não sabe que isso é conveniente para ele.” Então eles são submetidos a ficarem uma vez mais sem voz! Nós respeitamos a visão de um dissidente, de como ele percebe essa questão, mas nós não respeitamos uma pessoa mentalmente enferma. Nós negamos seu ser. Nós negamos sua realidade subjetiva. Como uma sociedade, nós mentimos para nós mesmos. Nós nos iludimos de uma forma ou de outra, e a nossa capacidade de nos iludir é notável.  Spirit: Seu livro relata como os psiquiatras deram mescalina, LSD, e anfetaminas para pacientes não informados, o que deliberadamente piorava seus sintomas, mas mesmo assim não os informando desse perigo. Por que você acusa que tais experiências violam o Código de Nuremberg, que foi criado em resposta às experiências médicas nazistas? Whitaker: Isto foi minha iniciação em toda essa história. Eu cheguei acidentalmente a estas experiências projetadas para tornar as pessoas piores. Eu não poderia acreditar nisto. Aquilo não fazia sentido. O Código de Nuremberg emergiu frente às

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terríveis experiências nazistas realizadas naquela época na Alemanha. Basicamente, você não deveria causar qualquer dano a um paciente em tratamento médico; e mesmo que você o colocasse em perigo, a premissa fundamental é que deve ser permitido que eles tenham pleno conhecimento do que está acontecendo, e da forma mais honesta possível, você tem que informá-los de quaisquer riscos. Você não pode mentir para eles sobre o propósito de experiências, e você não pode mentir para eles sobre os riscos!  Spirit: Ainda hoje, e em repetidas vezes, tem sido isso o que psiquiatras dos Estados Unidos têm feito para com seus pacientes. Eles conduziram experiências muito arriscadas com drogas e lobotomias sem alertá-los sobre os riscos. Whitaker: Nenhuma dúvida que sobre essa questão. Eles diriam para si mesmos que eles só estavam tornando seus pacientes “um pouquinho piores” uma vez que lhes administrassem LSD, mescalina ou anfetaminas, na expectativa de que eles aprenderiam algo a mais sobre a química da doença, e isso valeria a pena. E eles ainda afirmariam que, de qualquer forma, estas pessoas são loucas, então como poderia ser possível informar-los o que o médico vai fazer? Foi assim que eles racionalizaram sobre isto em suas próprias mentes. Logo você percebe que você não está tratando tais pessoas como seres humanos. Você não está dando a eles os mesmos direitos ou aplicando o mesmo sistema de valor. Então está errado, está terrivelmente errado. Isso viola o Código de Nuremberg. Então você vê este padrão de exploração, nesse momento percebe o quão grotesco isso se tornou. Eles poderiam enumerar qual a porcentagem de pessoas já psicóticas que se tornaram ainda muito piores por usarem anfetaminas. Supostamente, isso poderia ensinar algo sobre o sistema de neurotransmissor. Isso ainda assim não seria a verdade, mas era isso que continuavam dizendo a si mesmos.  Spirit: Você descreveu um homem diagnosticado como um neurótico, não um psicótico, cujos sintomas eram tensão e inabilidade para relaxar. Ele recebeu mescalina

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deliberadamente para ativar as alucinações e o pânico, após isso ele foi lobotomizado e novamente dado mescalina. Isso é absolutamente chocante.Whitaker: Paul Hoch [diretor de pesquisa do Instituto psiquiátrico do Estado de Nova Iorque] descobriu que você poderia tomar uma pessoa neurótica e levá-las à psicose com LSD e mescalina. Então ele decidiu lobotomizar esses indivíduos para ver se eles ainda poderiam ficar psicóticos. Então ele os lobotomizou, e então deram a eles mescalina e LSD. Se ele não pudesse torná-los psicóticos, então ele confirmaria que uma psicose pode ser localizada em algum lugar do cérebro que você inutilizou. Reflita sobre isto! Ele acabou de sacrificar aquelas pessoas! Aquelas pessoas ficavam neutralizadas, como um honroso sacrifício para a pesquisa, tanto quanto você sacrificaria um gato. E ninguém se importaria. E você sabe o que é mais interessante? Após o livro ser publicado, imaginei que aconteceria algo junto a imprensa sobre isto. Mas ninguém se importou. Eu já dei muitas, muitas entrevistas, e você é uma das primeiras pessoas a me perguntar sobre isto.  Spirit: Você verificou que esses tipos de experiências continuaram por 50 anos? Whitaker: Em 1998, você podia ainda encontrar experiências onde eles tomariam pessoas agitadas em quartos de emergência, um primeiro episódio. Então vamos dizer que você tem uma criança, e ela está em grande dificuldade, e eles fariam uma experiência nela, ao invés de fazer algo que pudesse dar suporte e auxílio à sua perturbação afetiva. Pelo contrário, eles dariam a ele anfetaminas ou Ritalina®, para observar se isso o tornaria ainda pior. Imagine isto! Então, no final de contas, quando você olhar para o "consentimento informado" (informação de ficha de atendimento), às vezes eles diriam aos pacientes que eles estavam administrando medicamentos. Mas você nunca iria ver no "consentimento informado" de que eles estariam administrando um agente medicamentoso cuja expectativa é torná-los pior. Então esta pesquisa está sendo feita em uma arena

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de mentiras, a única maneira de fazer isso. É um sistema de crenças que não reconhece este grupo das pessoas como seres humanos.  Spirit: Este tratamento dados aos pacientes de saúde mental como humanos inferiores nos leva em sua pesquisa à eugenia. A filosofia da eugenia levou a Alemanha nazista a decidir que, certas raças ou grupos de indivíduos eram biologicamente inferiores, o que conduziu à eutanásia tanto os pacientes com doença mental tanto como indigentes, junto com indivíduos judeus e poloneses. Mas não teria sua pesquisa demonstrado que o movimento da eugenia na América desempenhou um papel importante na segregação do mentalmente inválido em instituições e promovendo uma esterilização contra a vontade deles, pois assim eles não podiam procriar? Whitaker: A história da psiquiatria leva você a uma história social surpreendente nos Estados Unidos propriamente, uma história que nós não discutimos muito entre nós mesmos. Então se você for a uma escola Americana, e eles lhe aborrecem ao ensinar sobre eugenia, isso será informado em associação com a história da Alemanha nazista. Você não ouvirá nada sobre isso em associação com os Estados Unidos. De fato, eu aposto que você pode perguntar a umas 100 pessoas nas ruas, e muito poucas terão qualquer noção de que os Estados Unidos tiveram seu período eugênico.  Spirit: É verdade que foi o movimento eugênico dos Estados Unidos que influenciou profundamente a Alemanha nazista? Whitaker: A eugenia efetivamente iniciou aqui mesmo nos Estados Unidos, não foi na Alemanha nazista. Ela foi iniciada como uma “ciência”. Foi aqui onde foram criados os primeiros passos das políticas sociais baseados na eugenia. Nós começamos ao dizermos que um doente mental não podia casar. Nós divulgamos que um doente mental teria um gene defeituoso, e que a doença mental seria um distúrbio causado por um gene recessivo, como os olhos azuis. Eles diziam que para manter esse "gene da loucura" aprisionado, além de evitar que eles se casassem, nós precisamos prendê-los.

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Então os asilos foram modificados, deixando de ser lugares onde, teoricamente, haveria abrigo e refúgio para que as pessoas pudessem ser cuidadas e retornar de volta à saúde, o que seria a idéia original dos idos dos anos 1800. Eles se tornaram lugares onde nós trancaríamos os doentes mentais porque nós não os queríamos nas ruas, onde eles poderiam ter filhos e legar seu "gene de loucura." Como parte disto, nós começamos a por as pessoas em asilos e não permitindo mais que eles saíssem de lá. Como nós fizemos isto? Nós começamos a acreditar que você não podia melhorar de uma doença mental. Considere que nos anos 1800, você veria que mais de 50 por cento das pessoas que entravam em um asilo mental seriam liberados nos próximos 12 meses, e muitos nunca mais voltariam. De repente você identifica que na primeira metade do século 20, as pessoas seriam colocadas em asilos e não seriam largados por anos ou décadas, até que eles ultrapassassem sua “idade reprodutiva”. E quem nós estamos prendendo? Bem, seriam os imigrantes os mais prováveis de serem postos nos asilos, são os pobres, são os afro-americanos. Então, em outras palavras, é quase todo mundo exceto a classe dominante, basicamente, que seria mais provável de ser rotulado e diagnosticado e ser preso nesses asilos por anos. Assim, seguindo essa linha para a frente e verificando como a eugenia absolutamente moldou e, de algum  modo, continua a moldar nosso modelo de tratamento, sempre desvalorizando essas pessoas. Sob as políticas da eugenia nós dissemos, “Eles são uma ameaça para nós.” Nós começamos a falar sobre o doente mental como um câncer social que precisa ser cortado fora do organismo político. De fato, foi aqui, neste país, onde os médicos pela primeira vez começaram a conceber a hipótese de matar um enfermo mental, uma morte por benevolência.  Spirit: Sim. Morte por clemência "com gases adequados" em "instituições eutanásicas" como um médico americano declarou. Whitaker: Sim, com gases apropriados. No longíquo 1921, a legislatura de Connecticut viaja a um asilo, e um homem que era algemado em uma cama de ferro foi exibido como um caso de "matar por clemência." E isto foi reportado no New York Times

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como absolutamente compreensível. Não existiria nenhuma afronta. Isto parecia ser plenamente correto antes de Hitler chegar ao poder.  Spirit: E psiquiatras proeminentes imitaram essa linha eugênica de que os pacientes mentais eram geneticamente deficientes e defendiam a esterilização compulsória? Whitaker: Exatamente! Com certeza essas esterilizações forçadas teriam muito apoio entre populares psiquiatras. Eu diria o seguinte, como o movimento da eugenia começou a tomar lugar nos anos 1920, e realmente deslanchou, você vai reconhecer que houve um grupo dissidente de psiquiatras que começa a dizer que aquilo era terrível. Então você realmente vê a psiquiatria se dividir entre as décadas de 1920 e 1930, e alguns começavam a protestar contra aquilo. Mas em geral, existiam certamente muitos psiquiatras que estavam dando suporte para esta idéia, de esterilização forçada, e efetivamente faziam isso. Spirit: Algumas destas práticas foram então emuladas na Alemanha nazista por seus psiquiatras e executadas com extrema energia.Whitaker: Sim, exatamente. Você percebe os dominós caírem adiante. O que aconteceu foi que o movimento nazista chega ao poder em 1933 e os eugênicos, que participam do governo de Hitler, mantém estreitas relações com os eugênicos Americanos. Eles até mesmo falavam sobre ir para a escola aprender com o programa de esterilização da Califórnia e - isto é fascinante - os nazistas alemães diziam que a Califórnia estava fazendo um bom trabalho de esterilização em seus doentes mentais, mas não existia suficiente proteção, não existia suficiente proteção legal no modo como a Califórnia fazia isto! Eles queriam ter certeza que existiria algum tipo de processo legal na Alemanha nazista. Eles realmente disseram que eles iriam fazer seu programa de esterilização, mas somente, com mais justiça. Ou seja, eles imaginaram que eles poderiam colocar em prática um programa mais humanitário e mais legal para a esterilização forçada. E finalmente eles começam a esterilizar pessoas em larga escala. Bem, no final os eugênicos americanos

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começaram a reclamar que os alemães estão nos ganhando em nosso próprio jogo.  Spirit: Nossos eugênicos realmente invejaram os nazistas pela sua eficiência em esterilizar os pacientes psiquiátricos? Whitaker: Realmente. Nossos eugênicos aqui estariam reclamando que eles estavam nos ultrapassando. Por isso nós acabamos por enviar pessoas para lá para estudar o quão a Alemanha nazista estava progredindo em seu processo de esterilização. Qual é o primeiro grupo que a Alemanha nazista finalmente mata? É o grupo dos mentalmente enfermos. Foi onde a eutanásia foi iniciada. Então, evidentemente, eles expandiram isso para judeus e outros, mas isso começou com os doentes mentais.Então você segue essa história adiante, e o que você tem aqui é a criação americana de um sistema de crenças que, terrivelmente, desvalorizava o mentalmente doente. E a partir daí você vê políticas sociais surgirem sobre essa desvalorização - esterilização forçada e segregação social. Então você vê a Alemanha nazista promover e implementar essas questões. E nos anos iniciais do Nazismo, 1933, '34, '35, você não vê a América dizendo que é horrível. Os eugênicos da América estavam dizendo que nós precisamos acompanhar os alemães! Outra coisa muito inquietante. Quando as esterilizações tiveram o apogeu neste país? Nos anos 1940 e 1950s. Como nós lutamos contra os nazistas nos anos 1940, nós não examinamos nosso próprio quintal e não percebemos que nossos próprios programas de esterilização eram parte integrante da mesma ideologia.  Spirit: Parte do mesmo sistema de valor que tratava com desprezo os pacientes mentais como se fossem seres inferiores? Whitaker: Exatamente. Então nós continuamos com nossas esterilizações depois que os alemães pararam. E, de fato, esta terapêutica prejudicial ao cérebro - eletro-choque forçado, terapia convulsiva com metrazol e lobotomia - eles definitivamente surgem dentro da era da eugenia onde você desvalorizava aquelas pessoas. Bem, os alemães, depois que a Segunda Guerra Mundial terminou, estavam tentando lutar contra seu passado

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nazista, e muitos alemães consideravam a lobotomia com um horror, porque eles viam isto como algo consistente daquele passado eugênico. Mas enquanto isso, nós estávamos tratando isto como uma forma medicinal de cirurgia cerebral. Nós estávamos ainda violentamente esterilizando pacientes, impondo eletro-choques, lobotomias - nós não examinamos nosso próprio passado eugênico, desgraçadamente.  Spirit: Você também documenta como os psiquiatras nos Estados Unidos têm um precário registro de acompanhamento que é desproporcionalmente maior nos diagnósticos de doença mental severa para americanos que fossem pessoas muito pobres ou africanas. Whitaker: Quando você conversa sobre diagnosticar alguém como esquizofrênico, por exemplo, um elemento subjetivo pode entrar em jogo porque você tem um médico com uma determinada visão de mundo, geralmente um branco, julgando outra pessoa. É muito claro ao longo do século 20 que a maioria daqueles que foram diagnosticados como esquizofrênicos seriam americanos pobres ou afros descendentes.Eles teriam feito um estudo onde eles teriam a descrição de um grupo de sintomas que seria mostrado para médicos, e a única coisa diferente na informação seria a cor da pele da pessoa. Quando eles fizeram isto, e o sujeito é um homem preto, é diagnosticado um esquizofrênico, entretanto se fosse um homem de pele branca é fornecido um diagnóstico mais aprazível. Um mesmo conjunto de sintomas, porém se for um indivíduo branco, que eles imaginam que eles estão avaliando, o diagnóstico se torna mais favorável. Existe muito elemento subjetivo no diagnóstico, e claramente existe um elemento político também, porque nós tendemos a dizer que aqueles que não compartilham nossas visões são insanos!  Spirit: E o pobre e sem teto, que pode perceber e agir diferentemente de nós, e estando lidando com estresse que nós não compreendemos exatamente, pode acabar parecendo um “alucinado”.

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Whitaker: Lógico. Às vezes se você examinar para aqueles diagnosticados como esquizofrênicos, o que você vê é que, muitas vezes, um rótulo é colocado em pessoas que possivelmente não sejam fisicamente atraentes. É incrível reconhecer isso. E se você for pobre, e você tem estresses e você não tem um abrigo, como você vai agir? Pense sobre isso. Como você vai agir se você tivesse uma criança para criar, mas você não tem qualquer trabalho, não tem qualquer lugar para ficar, não tem bons relacionamentos - você pode ser arruinado pelo estresse. Qualquer um sob tais circunstâncias poderá não conseguir se arranjar muito bem.  Spirit: Estressado, deprimido, hostil, são todas situações muito compreensíveis dadas às condições que eles enfrentam na rua, mas não talvez seja plenamente compreensível para alguém da classe alta, um psiquiatra branco que está à procura de sinais de doença mental. Whitaker: Exatamente, então você entra com roupas sujas ou algo assim e isso se adiciona negativamente ao quadro. E finalmente neste tópico, o que está acontecendo com crianças sob tutela hoje? Se você é colocado numa instituição infantil você no mínimo consegue um diagnóstico de doença mental. Em um estudo, 80 por cento das crianças sob cuidados institucionais estavam sendo medicados com antidepressivos, Ritalina® e anti-psicóticos. Neste país, nós praticamos chegamos à situação de que os pobres, ou egressos de famílias dissolvidas, onde você tem que ser colocado em um albergue, significa que você é, ao final, um doente mental. Você está obtendo esse diagnóstico que se anexa a você. É por isso que nós estamos vendo crianças com dois de idade sendo diagnosticados como psicóticos.  Spirit: E então a profecia se torna auto-infligida porque a medicação prenderá você neste padrão disfuncional. Whitaker: Dez anos atrás, as companhias farmacêuticas divulgaram que elas precisariam expandir seu mercado para as drogas psiquiátricas, e quem eles buscaram? As crianças, porque é mercado em aberto. E eles têm sido muito bem sucedidos nisto. Se você desenhar fizer um gráfico sobre o uso de drogas em

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crianças, verá que é explosivo. E o que nós temos hoje? Nós temos uma "crise" de crianças loucas, de enfermidades psiquiátricas no meio das crianças. Em outras palavras, 10 anos mais tarde, o uso de medicamentos em crianças não levou a menos problemas entre elas, pois existe uma grande demonstração de que os problemas psiquiátricos estão explodindo entre as crianças. O que só faz sentido se você entender que as drogas realmente causam anormalidades nas funções dos neurotransmissores, e quando você fizer eles usarem essas drogas, você fica com sérios problemas psicológicos e sentimentais. Então nós, de forma muito clara, conseguimos com este difundido uso de medicamentos psiquiátricos, criar uma população continuadamente em expansão de crianças que são psiquiatricamente transtornadas – e isso é conseguido a partir dos tratamentos.  Spirit: Vamos examinar esses novos anti-psicóticos atípicos que estão sendo chamados de drogas maravilhosas. Por décadas, a história oficial era que o eletro-choque e a lobotomia não causariam dor para os pacientes e melhoravam suas vidas. Só depois que se passaram muitos anos que o público reconheceu a extensão das amplas seqüelas que aquilo causou. Posteriormente o mesmo tipo clamor mundial foi feito contra os medicamentos nerolépticos, o que se seguiu à revelação dos seus terríveis efeitos colaterais. Você está preocupado que o mesmo padrão esteja agora sendo aplicado a partir das declarações de que os atípicos - drogas como Zyprexa®, Clozaril® e Risperidal® - sejam drogas maravilhosas? Whitaker: Claro que estou. Está óbvio que eles têm efeitos colaterais. Alguns pontos que nós precisamos saber sobre essas novas drogas, os atípicos. Em primeiro lugar, os testes clínicos que os examinaram foram totalmente falsos. Eles foram projetados para fazer as drogas antigas parecerem ruins e as novas drogas parecem boas. Isto está vindo à tona agora, pelo fato de que esses estudos pintaram um retrato exageradamente bom dos atípicos. Eles podem não ser tão eficazes; e eles parecem ter, por outro lado, tantos efeitos colaterais quanto o mais antigo dos neurolépticos. Dessa forma pode-se dizer que

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existe bastante razão para se preocupar. Agora que nós já os temos há oito ou dez anos, nós já estamos descobrindo todos os tipos de problemas. A boa notícia é que em algumas circunstâncias, em que estão sendo usadas dosagens mais baixas destes atípicos, e uma vez continuando com dosagens mais baixas, tais substâncias parecem ser menos problemáticas. Eles não subjugam de forma tão extrema o sistema da dopamina como as drogas mais antigas. Isso é bom e esperançoso.A parte negativa é o seguinte: eles claramente mentiram sobre que estas drogas fazem. Elas são drogas poderosas e elas trabalham em vários sistemas de neurotransmissores. E eles claramente são problemáticos. Com olanzapine [comercializada como Zyprexa®], você vai perceber isto. Tanto quanto a discinesia tardia, que acaba se instalando com o uso normal dos tradicionais neurolépticos, a diabete, em muitas vezes, está lá com o olanzapine. E a diabete é uma ameaça à vida, e reduz a expectativa de vida. Então você dá aquela droga para uma criança de 12 anos de idade, ou de 15 anos de idade, ou de 18 anos de idade e todos eles desenvolvem diabetes e ganham uns 40 quilos de sobrepeso - isto é uma coisa muito perniciosa.  Spirit: Eu ouvi advogados de saúde mental dizer que o imenso ganho de peso é um grande problema, mas eu não sabia que o Zyprexa estava ligado com a diabete e as altas taxas de açúcar no sangue antes de ler seu livro. Whitaker: Isto é demais. Deixe-me dizer a você o quão grave isto pode ser. Você percebe este ganho de peso de 40 quilos e, em um estudo recente, em seis semanas, três por cento inicia uma diabetes, o que é demais. É por isso que eu digo que isso está a sua espreita. Em primeiro lugar, ao ganhar 40 quilos em seis meses ou algo em torno disso, isto é um sinal de perturbação orgânica metabólica; você tem algo profundamente errado, algo em seu metabolismo que foi horrivelmente enlouquecido. Agora, a diabete que se desenvolve em seis semanas, isto é um problema real, certo? Agora, de forma muito curiosa, quem começou a divulgar isso? Seus competidores, pessoas que trazem novas drogas para

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comercializar, estão agora reunidas e diziam que com a olanzapina (Zyprexa) você está conseguindo um problema enorme como a diabetes (risos). Então, por exemplo, em Boston há pouco tempo atrás, ocorreu um destes jantares de fantasia onde os médicos vão ser treinados. Bem, era patrocinado por um dos competidores da Eli Lilly, e se levantava o problema da diabetes com olanzapina. Se você conversar com os psiquiatras que são honestos sobre isso, eles dirão que o problema com diabete e olanzapina é enorme. Agora nós temos um problema duplo. Uma vez que nós nos convencemos que a olanzapina é uma droga tão importante, e nós estamos dando isso para muitas pessoas, nós estamos agora expondo pessoas a uma deficiência orgânica metabólica, ganhos enormes de peso e diabete que claramente não são a "doença" ou a base dos problemas psíquicos que estavam se iniciando. Olhe para como nossa sociedade está abraçando a olanzapina, dando isto para crianças com dois anos de idade. Você pode conceber isso, dar a uma criança de dois anos um antipsicótico que pode torná-lo diabético e obeso? Bem, nós estamos fazendo isto!  Spirit: Esses são efeitos colaterais que podem encurtar em muito a expectativa da vida...Whitaker: Oh, claro! Quarenta quilos? Diabetes? Você está falando sobre uma sentença de morte. Sem dúvida. Existiria outro estudo sobre o qual ninguém quer conversar, em que as crianças submetidas ao olanzapina terminam com uma atrofia no córtex cerebral. Agora os pesquisadores disseram que isso seria um sinal do processo da doença. Bem, eu diria que, se você examina tais estudos o que você tem, não é nada menos que a mesma coisa que já conhecíamos com os antigos neurolépticos - você tem mudanças cerebrais, neste caso a perda de córtex cerebral que é associado ao inicio do uso de tais medicamentos. Spirit: Da mesma forma que os competidores do Zyprexa® estão assinalando seus defeitos, a mesma coisa aconteceu anteriormente com os neurolépticos. Os psiquiatras ignoraram as reclamações dos pacientes a respeito do uso de neurolépticos por quatro décadas, e até ignoraram as audiências do senador

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Birch Bayh, que em 1975 alertou a tais efeitos terríveis. Demorou até os anos 1990s quando finalmente se admitiu que dois terços dos pacientes sob uso de neurolépticos tinham "sintomas persistentes de Parkinson." Seu livro assinala que eles só admitiram isso porque os novos atípicos estavam sendo lançados e eles quiseram mostrar como eles eram superiores aos neurolépticos antigos. Whitaker: Certo. De repente se torna um incentivo econômico admitir o fracasso das drogas velhas. E é isso que estaria acontecendo novamente. Agora outros médicos estão sendo pagos para elogiar em demasia as novas drogas, e essas companhias claramente querem ter uma droga que é competitiva ao olanzapina, então existe um incentivo econômico para reconhecer que ela é associada com a diabetes. E eu garanto a você, o que quer nós dissermos sobre os riscos atuais, nós sabemos que é menosprezado. Spirit: Novas terapias podem ser tomadas como maravilhosos tratamentos porque eles não têm os efeitos ruins semelhantes aos antigos tratamentos; mas freqüentemente, o fato é que os efeitos colaterais são diferentes e levam anos para emergir. Naquele período anterior aos novos efeitos colaterais ficarem evidentes, as companhias farmacêuticas estariam livres para reivindicar que eles não têm qualquer efeito deletério.Whitaker: Você sabe o que mais, eu acredito honestamente que de certa maneira as novas drogas são piores. O que você está vendo são alguns benefícios sob dosagens mais baixas. Você poderia supor que eles seriam mais problemáticos porque eles estão agindo em um número maior de sistemas de neurotransmissores. Eles estão prejudicando a transmissão de serotonina, a transmissão de dopamina, eles afetam outros neurotransmissores. Elas são realmente drogas com uma ampla atuação.Pelo menos tão problemático é que a tentativa de sair do uso desses novos atípicos parece ser, talvez, mais difícil do que com as drogas mais velhas. Uma vez que estamos falando sobre múltiplos sistemas metabólicos sendo afetados, você tem que se

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perguntar se você vai passar por momentos ainda mais decisivos para uma morte precoce.Por outro lado, as pessoas estão sendo submetidas ao uso de quatro ou cinco drogas concomitantes. A razão de elas estarem sob quatro ou cinco drogas é porque uma primeira droga está causando tantos problemas, que eles precisarão receber um segundo, e prescreverão outros mais para mascarar ou antagonizar os efeitos ruins. Então, se torna comum nas prescrições atuais o uso de um antidepressivo e um atípico. Então o atípico derruba sua atividade da serotonina e o antidepressivo eleva essa atividade. Parece bizarro. É como prender um indivíduo em duas direções opostas.  Spirit: Clozaril é outro novo atípico extremamente elogiado, porém eu também já ouvi relatórios de que ele tem perigosos efeitos colaterais.Whitaker: Claro que quando o Clozaril® (no Brasil: Leponex®, NT), ou clozapina, foi desenvolvido inicialmente por volta dos anos 1970, eles não iriam destacar isto, porque ele era visto apenas como muito perigoso. O interessante com clozapina é, algumas pessoas dizem que essa substância parece produzir a melhor mudança em termos de agilidade mental e comportamento mental em um reduzido subgrupo de pessoas, embora se trate de uma droga terrivelmente sedativa. Você obtém ganho de peso com a clozapina, o que é claramente um problema. É profundamente sedativa. Você tem os mesmos sinais da olanzapina (Zyprexa®) de perturbação metabólica. Adicionalmente, você pode fazer uma depleção potencialmente fatal das células brancas do sangue (leucócitos). Ironicamente (rindo) - e isso mostra o grau de desenvolvimento que temos com as droga antipsicóticas - você podia redigir um artigo divulgando que a clozapina ainda é o melhor medicamento, a despeito de todos aqueles problemas!  Spirit: Parece que a psiquiatria ainda é um campo de estudos que precisa se transformar para se tornar em uma ciência real. Não produziu nadas exceto vários modos de tranqüilizar e

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transformar pessoas em vegetais. O “insight” verdadeiro não foi alcançado, as reais terapias não foram alcançadas. Não conseguiu ir além da capacidade de danificar o cérebro para aquietar certos sintomas. Whitaker: E finalmente, alguns dos homens fortes de certos jornais científicos estão dizendo exatamente isto. Eles admitem que desde a introdução das drogas psicotrópicas nos anos 1950, os resultados realmente não melhoraram; e em segundo lugar, os resultados à longo prazo (outcomes) realmente não melhoram mais do que eles já eram há 100 anos atrás. Em terceiro lugar, eles admitem que nós, de fato, não temos a menor idéia de por quais razões se inicia a esquizofrenia. Isto é realmente renovador, porque ao admitir que você não sabe nada, isso é um começo.  Spirit: Você documentou como a indústria farmacêutica, altamente lucrativa, corrompeu a independência do processo de testes com drogas, mesmo nas universidades. Whitaker: O dinheiro das empresas farmacêuticas flui para as universidades, ele financia aqueles que fazem pesquisa e aqueles que estudam sobre as drogas e emitem relatórios. Aqueles que recebem o dinheiro sabem que o jogo é mexer com a história para refletir positivamente essas drogas. E você distorce isto em todos os passos do processo, desde os passos iniciais de planejamento desses testes, o que resulta em completa corrupção do sistema. Spirit: Sua pesquisa verificou que as companhias farmacêuticas exaltam em demasia os benefícios e ignoram os efeitos colaterais dos medicamentos em suas apresentações e anúncios publicitários? Whitaker: Sim. O que leva a uma falsa história. Leva a uma história que exagera ou engana a eficiência das drogas e esconde os problemas. Isso só pode levar a uma medicina ruim, porque não dá um retrato acurado do medicamento.  Spirit: Um dos poucos momentos entusiasmantes do seu livro é a prática do "tratamento moral" em instalações humanitárias

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operadas por certos religiosos (Quakers) na Inglaterra e na Pennsylvania nos anos 1800. O que nós ainda podemos aprender nos dias de hoje com esse tipo de tratamento moral? Whitaker: Existem duas lições do tratamento moral. Uma é que simplesmente se tratando pessoas de um modo humanitário, tratando aqueles que nós chamamos de "mentalmente doentes" da mesma maneira que nós trataríamos qualquer outra pessoa, implicará em um benefício. As pessoas respondem positivamente para a afabilidade, ao exercício, e a boa comida. As pessoas respondem positivamente para um ambiente onde elas são estimadas. Então essas posturas são terapêuticas, e isso não deveria deixar-nos assombrados. No momento em que você diz que o "doente mental" é simplesmente parte da humanidade, eles são como nós, então, é óbvio que você espera que eles respondam favoravelmente, porque todos nós respondemos bem para esse tipo de situação - tendo um lugar para ficar, amizade e  amor. De fato, se você não tiver aquelas coisas, pessoas "normais" começam a ficar doentes. A segunda coisa que você aprende com tratamento moral do passado, é que nossa visão moderna de enfermidades mentais classificadas como sérias - "uma vez esquizofrênico, sempre um esquizofrênico" – ou seja: que isso é de alguma forma uma desordem física permanente, no final não é verdade. Muitas pessoas podem cair a uma psicose e melhorar, e ficando bem para o resto de suas vidas. Por isso você consegue esta diversidade de resultados nos anos 1800 que mostram que a história nós estamos contando para nós mesmos de que a esquizofrenia é uma perturbação permanente para qualquer pessoa - isto é uma mentira. Não é verdade. É uma mentira que remove a esperança de forma desnecessária das pessoas que caem a esse momento difícil, e isto é cruel.  Spirit: Qual tem  sido a reação do “establishment” psiquiátrico para com seu livro? Whitaker: A reação dos psiquiatras, de seu poder, tem sido hostil. Eu tenho sido menosprezado em diferentes publicações. Porém, tem sido ataques pessoais. Eles disseram que eu era um "bom jornalista que fiz bobagem," ou coisas do gênero. Eles não

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atacaram o que eu publiquei, os fatos, a verdade. Não houve ninguém que assinalou uma citação errônea ou um abuso do estudo - nada disto. Zero. Ponto. Nem mesmo quando eu escrevi sobre os testes corruptos com as medicações - nada. Nenhum desafio a isso. Zero. Então o fato é que eles me atacam, pessoalmente, mas não contestam o que eu escrevi propriamente e não dizem: "ele estava errado aqui." Isto é bastante esclarecedor. Existem alguns psiquiatras que são críticos da psiquiatria que se sentiram encorajados pelo livro. Mas isso tem sido uma minoria distinta de psiquiatras que reagiram desse modo (risos). Mas o que existe realmente é uma hostilidade.  Spirit: Foi uma experiência assustadora ser tratado com desprezo pelos poderosos? Whitaker: Não, tem sido absolutamente a experiência jornalística mais recompensadora da minha vida, sem dúvida. A razão é porque aqueles que haviam ficado sem voz, por assim dizer, com quem nós conversamos sobre isso, têm sido gratos e maravilhosos em deixar-me conhecê-los e apreciaram que alguém contasse suas histórias. Isto é uma coisa maravilhosa que aconteceu. É um privilégio ser capaz de poder contar essa história. Eu me sinto honrado por isto. É uma instância de fazer jornalismo onde você está afligindo o confortável e confortando o afligido. Finalmente, você conhece grandes pessoas. Pessoas que passaram por essas situações e retornam do outro lado da sanidade, com sua dignidade intacta, sendo surpreendentes seres humanos - e corajosos acima de tudo.  Spirit: Qual tem sido a reação da imprensa popular para seu livro? Whitaker: A reação da imprensa popular foi de mudez. A imprensa recebe realmente como legado um pouco de crítica em meu livro. As revisões nos jornais foram discretas, como: "Ele fez alguns bons pontos, porém ele foi longe demais."  Spirit: Como todos os profetas que foram longe demais.

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Whitaker: (Risos) O que você vê nessas revisões dos jornais é geralmente uma defesa do “status quo”.  Spirit: Não balance o barco. Whitaker: Você pode balançar isto um pouco, mas não balance demais. E realmente não balance esta história, este paradigma que nós nos convencemos de chamar de progresso. Os revisores não ousariam tratar os estudos da OMS; eles simplesmente não tratam disso em suas revisões. Isso mostra que eles tiveram uma necessidade de filtrar o que a história pode nos contar, e eles fazem isso não reportando qualquer evidência maldita.

Tradução: José Carlos Brasil Peixoto

Nota original do editor: Essa entrevista se foca no livro de Robert Whitaker “MAD IN AMERICA (Louco na América)”, e esclarece a história não contada de técnicas psiquiátricas de tortura e de crueldade, e mostra como aquelas técnicas anteriores evoluíram para o atual arsenal psiquiátrico. Essa é uma entrevista anterior que pré-dataria essa nova entrevista do Street Spirit com Whitaker sobre suas pesquisas mais recentes, intitulada "Drogas Psiquiátricas: Um Assalto à Condição Humana." Ambas as entrevistas foram divulgadas na edição de agosto de 2005 do Street Spirit porque, tomada juntas, elas fornecem uma avaliação completa de práticas de tortura da psiquiatria do passado e sua arriscada super confiança nas perigosas e tóxicas drogas da atualidade.  Street Spirit 1515 Webster St,#303 Oakland, CA 94612Phone: (510) 238-8080, ext. 303  © 2002-2005 Street Spirit. Todos os direitos reservados.Editor: Terry MessmanLink original: http://www.thestreetspirit.org/August2005/madinterview.htm 

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AGUARDE: "Drogas Psiquiátricas: Um Assalto à Condição Humana."

Nas próximas semanas nesse site!

=(veja abaixo, o artigo completo)=

Drogas psiquiátricas: Um assalto à Condição Humana

Loucura na América: Ciência ruim, Medicina ruim, e os contínuos maus tratos ao doente mental

Entrevista do The Street Spirit com Robert Whitaker Entrevistado por Terry Messman

Tradução: José C B Peixoto

Bob Whitaker é o autor do livro: Mad in America: Bad Science, Bad Medicine, and the Enduring Mistreatment of the Mentally III (Loucura na América: Ciência ruim, Medicina ruim, e os contínuos maus tratos ao doente mental).

O repórter investigativo Robert Whitaker, autor do impressionante livro MAD IN AMERICA, atualmente está engajado em uma fascinante linha de pesquisa: de que forma a gigantesca indústria de remédios psiquiátricos está colocando em risco a população americana ao encobrir os casos não relatados de sofrimento,

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angústia e enfermidade originados pelos medicamentos antidepressivos, amplamente prescritos, e os anti-psicóticos.

Whitaker expõe as massivas mentiras e encobrimentos que corromperam os processos de revisão de drogas que são realizados pelo FDA nos Estados Unidos, mostrando como são co-optados os testes de pesquisas com a finalidade de distorcer os resultados desses testes com esses medicamentos. Dessa forma escondem os sérios perigos, mesmo os efeitos colaterais mortais, de produtos com nomes conhecidos como Prozac®, Zoloft®, Aropax® e Zyprexa®.

A história se torna até mais assustadora quando nós olhamos para as táticas agressivas que estas poderosas companhias costumavam silenciar seus críticos proeminentes, difamando-os na imprensa, e usando seu dinheiro e poder para dispensar cientistas amplamente respeitados e eminentes pesquisadores médicos se ousarem assinalar os perigos e os riscos de suicídio e morte prematura causados por tais drogas.

Whitaker começa desconstruindo a exagerada eficiência dessas drogas amplamente divulgadas como medicamentos maravilhosos - antidepressivos como Prozac®, Zoloft® e Aropax®, e as novas drogas antipsicóticas atípicas como o Zyprexa®. Sua pesquisa mostra como eles de um modo geral são escassamente mais efetivos do que placebos no tratamento de desordens mentais e depressão, apesar da ampla adulação que eles recebem na mídia popular.

Porém ele prossegue fazendo mais declarações surpreendentes: estas novas drogas psiquiátricas contribuem diretamente para uma alarmante nova epidemia de doenças mentais induzidas por drogas. Medicamentos popularmente prescritos pelos médicos para estabilizar desordens mentais de fato estão induzindo mudanças patológicas na química cerebral e levando ao suicídio, a episódios maníacos e psicóticos, convulsões, violência, diabetes, falência pancreática, doenças metabólicas, e morte prematura.

Whitaker originalmente era repórter médico de grande reputação do Aihany Tirnes Union e também atuava para Boston Globe. Uma série que ele co-escreveu para o Boston Globe sobre os perigos da pesquisa em psiquiatria lhe deixou finalista ao Prêmio Pulitzer em

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1998. Quando ele começou a sua pesquisa investigativa em temas psiquiátricos, Whitaker ainda era um partidário da história sobre o progresso que a psiquiatria vinha informando ao público nas últimas décadas.

Ele disse, “eu absolutamente acreditava no senso comum de que estas drogas anti-psicóticas realmente melhoraram as coisas e que elas revolucionaram totalmente a forma como nós tratamos a esquizofrenia. As pessoas costumavam ser presas, afastados de suas casas para sempre, e agora talvez as coisas não sejam as ideais, mas seriam muito melhores. Era uma história de progresso.”

Tal história de progresso era fraudulenta, como Whitaker logo descobriu quando ele adquiriu novos insights a partir de suas pesquisas de práticas psiquiátricas de tortura como eletro-choque, lobotomia, coma por insulina, e drogas neurolépticas. Os psiquiatras informaram ao público que essas técnicas curavam psicose ao equilibrar a química do cérebro.

Mas, na realidade, a linha comum em todos estes diversos tratamentos foi a tentativa de suprimir a “doença mental” ao prejudicar deliberada mente as funções mais elevadas do cérebro. A atordoante verdade é essa, atrás de portas fechadas, o próprio stablishment psiquiátrico etiquetou estes tratamentos como “terapêutica prejudicial ao cérebro.”

A primeira geração de drogas anti-psicóticas criaram uma patologia droga-induzida no cérebro ao bloquear um neurotransmissor, a dopamina, em essência obstruindo muitas funções cerebrais elevadas. De fato, quando os anti-psicóticos como a clorpromazina e o halo pendo! foram inicia/mente introduzidos, os próprios psiquiatras disseram que estas drogas neurolépticas eram virtualmente indistinguíveis de uma lobotomia química.

Em anos recentes, a mídia tem alardeado a chegada de medicamentos de design especial como Prozac®, Aropax® e Zyprexa®, que deverão ser superiores e ter menos efeitos colaterais que os antigos antidepressivos tricíclicos e os primeiros anti-psicóticos. Os milhões de americanos que acreditaram nesta história têm enriquecido companhias farmacêuticas como a Eh LiIIy ao gastar bilhões de dólares anualmente comprando estes novos

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medicamentos.

A pesquisa do Whitaker nos casos trágicos de doença, sofrimento e as primeiras mortes causadas por tais drogas mostram que esses milhões de consumidores foram enganados por uma gigantesca campanha de mentiras, distorções, e pesquisas de remédios forjadas. Eminentes pesquisadores médicos que tentaram nos advertir dos perigos destas drogas foram silenciados, intimidados e difamados. Nesse processo, o FDA se tornou um cão de estimação para a poderosa indústria farmacêutica, e não um cão de guarda para a população.

Tha street spirit entre vistou Robert Whitaker sobre esta nova “epidemia” de desordens mentais, e como as companhias farmacêuticas lucraram ao venderem drogas que nos tornam mais enfermos.

A entrevista:

Street Spirit: Sua nova linha de pesquisa indica que existe um enorme aumento na incidência de doença mental nos Estados Unidos, apesar dos aparentes avanços na nova geração das drogas psiquiátricas. Por que você se refere a este aumento como uma epidemia? Robert Whitaker: Até mesmo pessoas como o psiquiatra E. Fulier Torrey, que escreveu isso recentemente em um livro, podem dizer que parece que nós estamos tendo uma epidemia de doença mental. Quando o Instituto Nacional de Saúde Mental publica seus gráficos sobre a incidência de doença mental, você vê estes crescentes números de pessoas mentalmente enfermas. Alguns relatórios recentes dizem que quase 20 por cento dos americanos estão mentalmente doentes na atualidade. Então o que eu quis fazer foi em dobro. Eu quis examinar exatamente o quão dramático é este aumento na doença mental, e principalmente na doença mental severa. Parte desta subida no número das pessoas ditas serem mentalmente doentes é apenas por redefinição.

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Atualmente nós concebemos um espectro muito grande onde lançamos todos os tipos de pessoas naquelas categorias de doença mental. Então, crianças que não ficam sentadas um tempo suficiente nas suas salas de aula parecem ter o Distúrbio de Déficit de Atenção e Hiperatividade (DDAH), além de nós criarmos uma nova enfermidade chamada de Distúrbio de Ansiedade Social.

Street Spirit: Então o que costumava ser chamada simplesmente de timidez ou ansiedade no relativo às pessoas, está agora sendo etiquetado como uma desordem mental, e você supostamente necessitará de um antidepressivo como a paroxetina para um tal de distúrbio de ansiedade social. RW: Exatamente. Ou você precisa de um estimulante como Ritalina® para DDHA.

Street Spirit: Isso aumenta os clientes em psiquiatria, como também não aumenta o número de pessoas para as quais essas gigantescas companhias farmacêuticas podem vender suas drogas psiquiátricas? RW: Evidente. Então parte do que nós estamos vendo é nada mais do que a criação de um mercado maior para tais medicamentos. Se você pensar sobre isto, uma vez que nós desenhamos um círculo tão grande quanto possível, ao expandir os limites da doença mental, a psiquiatria pode ter mais clientes e vender mais drogas. Então existe um incentivo econômico intrínseco para que se defina doença

mental nas mais amplas perspectivas possíveis, e dessa formar transformar situações ordinárias, emoções estressantes ou comportamentos que algumas pessoas podem não gostar, tudo isso poderia ser rotulado como doença mental.

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Street Spirit: Sua pesquisa também mostra que existe um aumento real nas pessoas que têm uma desordem mental severa. Agora, embora isso possa parecer contraditório, mas na verdade você acredita que muito deste aumento seria causado pelo excesso de uso de algumas dessas novas gerações de drogas psiquiátricas? RW: Sim, exatamente. Eu examinei ao número daqueles classificados como doentes mentais severamente inválidos -- pessoas que não estão trabalhando, ou que são de alguma maneira disfuncional por causa da doença mental. Então eu tentei classificar ao longo da história a porcentagem da população que é considerada como um doente mental incapacitado. Então, em 1903, nós vemos que aproximadamente 1 de cada 500 pessoas nos Estados Unidos era hospitalizada por doença mental. Em 1955, no começo da era moderna das drogas psiquiátricas, aproximadamente uma de cada 300 pessoas era inválida por doença mental. Mais tarde, vamos para 1987, o final da primeira geração de drogas anti-psicóticas; e de 1987 adiante nós alcançamos as drogas psiquiátricas modernas. De 1955 até 1987, durante esta primeira era de drogas psiquiátricas -- as drogas anti-psicóticas Amplictil® e Haldol® e os antidepressivos tricíclicos (como Tryptanol® e Anafranil®) -- nós verificamos que o número de doentes mentais incapacitados aumentar em quatro vezes, chegando ao ponto onde aproximadamente uma de cada 75 pessoas serem julgadas como inválidas por doença mental. Pois bem, ocorreu uma mudança na forma como nós cuidamos do doente mental entre 1955 e 1987. Em 1955, nós os estávamos hospitalizando. Porém, em 1987, nós passamos por uma mudança social, e a partir daí nós estávamos colocando essas pessoas em abrigos, casas de apoio, ou outro tipo de cuidado comunitário, além de dar a eles pagamentos da seguridade social (SSl/SSDI payments) por inaptidão mental. Em 1987, nós começamos a utilizar os supostamente melhores,

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medicamentos psiquiátricos de segunda geração como o Prozac® e os demais antidepressivos ISRS — inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Logo em seguida, nós recebemos essas novas drogas, os anti-psicóticos atípicos como Zyprexa® (olanzapine), Leponex® e Risperidal®. O que tem acontecido desde 1987? Bem, a taxa de inaptidão continuou a aumentar até chegar aos atuais: um para cada 50 americanos. Reflita sobre isto: um de cada 50 americanos é inválido por doença mental na atualidade. E isso ainda está num crescente. O número das pessoas mentalmente inválidas nos Estados Unidos tem aumentado na taxa de 150.000 pessoas por ano desde 1987. Isto é um aumento diário, ao longo dos últimos 17 anos, de 410 pessoas por dia ficando incapacitada por doença mental.

Street Spirit: Isso nos leva a pergunta óbvia. Se psiquiatria introduziu estas drogas tidas como maravilhosas como Prozac® e Zoloft® e Zyprexa®, porque a incidência da doença mental está subindo dramaticamente? RW: Essa é a questão. Isto é uma pergunta científica. Nós temos uma forma de atendimento onde nós estamos usando estas drogas de um modo cada vez mais inclusivo, como supostamente nós temos medicamentos melhores e eles são a base dos nossos tratamentos, conseqüentemente nós deveríamos ver taxas de inaptidão decrescente. Esse seria o cenário esperado. Mas ao contrário, de 1987 até o presente, nós vimos um aumento no número das pessoas mentalmente inválidas que passou de 3.3 milhões de indivíduos até os atuais 5.7 milhões nos Estados Unidos. Nesse período, nossos gastos com drogas psiquiátricas aumentaram a um nível surpreendente. Os gastos combinados com medicamentos antidepressivos e anti-psicóticos saltaram de algo ao redor de US$500 milhões em 1986 para quase US$20 bilhões

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em 2004. Por isso nós levantamos a questão: seria o uso dessas drogas que realmente, de algum modo, alavancou este aumento no número de doentes mentais? Quando você examina a literatura de pesquisa, você encontra um padrão claro nos resultados com todos esses remédios - você vê isto com os anti-psicóticos, os antidepressivos, as drogas anti-ansiedade e os estimulantes como Ritalina® usada para tratar ADHD. Todas estas drogas podem restringir um sintoma alvo de forma ligeiramente mais eficaz do que um placebo o faz, por um período pequeno de tempo, digamos seis semanas. Um antidepressivo pode melhorar os sintomas de depressão melhor do que um placebo por um curto prazo. Você verifica com qualquer classe dessas drogas psiquiátricas uma agravação do sintoma alvo de uma depressão ou psicose ou ansiedade a longo prazo, em comparação aos pacientes tratados com placebo. Então, mesmo nos sintomas alvo, existem maior cronicidade e severidade nos sintomas. E você vê uma porcentagem bastante significativa de pacientes onde sintomas psiquiátricos novos e mais severos são ativados pela própria droga.

Street Spirit: Novos sintomas psiquiátricos são criados pelas inúmeras drogas que as pessoas utilizam pois foram informadas que lhes ajudaria a recuperação? RW: Exato. O caso mais óbvio é com os antidepressivos. Uma porcentagem das pessoas colocadas sob uso de ISRSs, porque eles têm algum grau de depressão sofrerá ou um ataque maníaco ou psicótico —

induzido por drogas. Isto está bem reconhecido. Então agora, em vez de só lidar com depressão, eles estão lidando com mania ou sintomas psicóticos. E uma vez que eles apresentem um episódio maníaco induzido por drogas, o que acontece? Eles vão para um quarto de

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emergência, e naquele momento eles estarão sendo novamente diagnosticados. A partir de então serão informados de serem bipolares e lhes será adicionado um anti-psicótico ao uso do antidepressivo; E, naquele momento, eles estão movendo ladeira abaixo para uma incapacidade crônica.

Street Spirit: A moderna psiquiatria reivindica que esses medicamentos psicoativos corrigem uma química cerebral pato/á gica. Existe alguma evidência que suporte essa apologia de que uma química cerebral anormal é a culpada pela esquizofrenia e depressão? RW: Isso é o aspecto chave que todo mundo precisa entender. Realmente é a resposta que destranca este mistério do porque as drogas teriam aquele efeito problemático a longo prazo. Começamos pela esquizofrenia. Eles imaginaram que tais drogas trabalham corrigindo um desequilíbrio de um neurotransmissor: a dopamina no cérebro. A teoria seria que as pessoas com esquizofrenia teriam sistemas dopaminérgicos hiperativos; e esses medicamentos, ao bloquear a dopamina no cérebro, consertariam tal desequilíbrio químico. Dessa forma, você obtém a metáfora de que eles são como insulina é para a diabetes; eles estão consertando uma anormalidade. Com os antidepressivos, a teoria seria de que as pessoas com depressão teriam níveis muito baixos de serotonina; As drogas elevam os níveis de serotonina no cérebro e dessa forma eles estão equilibrando essa química no cérebro. Em primeiro lugar, essas teorias nunca surgiram de investigações sobre o que realmente estava acontecendo com as pessoas. Pelo contrário, como eles descobriram que os anti-psicóticos bloqueavam a dopamina eles teorizaram que tais indivíduos teriam um sistema dopaminérgico hiperativo. O mesmo aconteceu com os antidepressivos. Eles verificaram que os antidepressivos elevavam os níveis de serotonina; então, eles teorizaram

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que as pessoas com depressão deveriam ter níveis baixos de serotonina. Mas esse é o aspecto que eu desejaria que toda a América precisa saber e desejaria que a psiquiatria devesse esclarecer: Eles nunca puderam verificar que as pessoas com esquizofrenia teriam sistemas hiperativos de dopamina. Eles nunca puderam constatar que as pessoas com depressão teriam um sistema de serotonina hipoativo. Eles nunca provaram de forma consistente que quaisquer dessas enfermidades são associadas com qualquer desequilíbrio de substâncias químicas no cérebro. A história de que as pessoas com desordens mentais têm reconhecidos desequilíbrios químicos - isto é uma mentira. Nós definitivamente não sabemos. E algo dito apenas para ajudar vender tais drogas e ajudar a vender o modelo biológico das desordens mentais. Mas o ponto é esse. Nós sabemos, de fato, que estas drogas perturbam a forma como estes mensageiros químicos trabalham no cérebro. O paradigma real é: As pessoas diagnosticadas com desordens mentais não têm nenhum problema conhecido em seus sistemas de neurotransmissores; e estas drogas perturbam a função normal dos neurotransmissores.

Street Spirit: Então em lugar de corrigir um desequilíbrio químico, esses medicamentos infinitamente prescritos corrompem a química cerebral e a tornam enferma. RW: Com certeza. Stephen Hyman, um famoso neuro-cientista e antigo diretor do Instituto Nacional de Saúde Mental (INSM), escreveu um artigo em 1996 que avaliava como as drogas psiquiátricas afetam o cérebro. Ele escreveu que todas estas drogas criam perturbações em funções dos neurotransmissores. E ele observa que o cérebro, em resposta para esta droga externa, altera suas funções normais e interpõe uma série de adaptações compensatórias. Em outras palavras, tenta se adaptar para o fato que uma

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droga anti-psicótica está bloqueando as funções normais da dopamina. Ou no caso dos antidepressivos, tenta compensar o fato de que você está bloqueando a re-captação da serotonina. A maneira como ele faz isso é se adaptar no sentido oposto. Então, se você for bloquear a dopamina no cérebro, o cérebro tenta liberar mais dopamina e realmente aumenta o número de receptores de dopamina. Dessa forma uma pessoa colocada sob drogas antipsicóticas acabam tendo um número anormalmente alto de receptores de dopamina no cérebro.

Se você der a alguém um antidepressivo, e isso tenta manter os níveis de serotonina muito elevados no cérebro, ele faz exatamente o oposto. Ele cessa a produção da serotonina habitual e reduz o número de receptores de serotonina no cérebro. Então alguém que está sob uso de antidepressivo, depois de um tempo acaba com um nível anormalmente baixo de receptores de serotonina no cérebro. Assim o que Hyman concluiu sobre isso: Depois que estas mudanças aconteceram, o cérebro do paciente fica funcionando de um modo que é “qualitativamente tanto quanto quantitativamente diferente do estado normal.’ Então o que Stephen Hyman, antigo diretor do INSM, fez foi definir o presente paradigma de como estas drogas afetam o cérebro mostrando que elas estão induzindo a um estado patológico.

Street Spirit: Então o paradoxo é que não existe nenhuma evidência que suporte ao conclame da psiquiatria moderna de que existe algum desequilíbrio bioquímico patológico no cérebro que causa doença mental,

mas se você tratar pessoas com estas novas drogas espetaculares, então você cria esses desequilíbrios patológicos? RW: Sim, estas drogas corrompem a química normal do

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cérebro. Temos então aqui o real paradoxo! E a tragédia real é, que até que nós negociamos essas drogas como equilibradores químicos, fixadores químicos, quando na verdade nós estamos fazendo justamente o oposto. Nós estamos tomando um cérebro que não tem qualquer desequilíbrio químico sabidamente anormal, e ao colocar essas pessoas sob drogas, nós estamos instabilizando aquela química normal. Aqui é como Barry Jacobs, um neuro-cientista de Princeton, descreve o que acontece com uma pessoa que recebe um antidepressivo da família dos ISRSs. “Estas drogas,” ele disse, “alteram o nível da transmissão sináptica para fora de taxas fisiológicas alcançadas sob condições biológicas ambientais normais. Deste modo, qualquer mudança no comportamento ou fisiologia produzida sob essas condições deveria ser apropriadamente considerada patológica ao invés de refletir o papel biológico normal da serotonina.”

Street Spirit: Um dos antidepressivos ISRS que é amplamente creditado em ser uma droga maravilhosa é o Prozac®. Porém sua pesquisa verificou que o FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos Federal dos EEUU) tem recebido mais relatos de efeitos co-laterais sobre o Prozac® do que qualquer outro medicamento. Qual tipo de efeitos maléficos as pessoas estão relatando?

RW: Em primeiro lugar, o Prozac® e os demais sucessores da mesma família ISRSs, tem seu nível de eficácia sempre num caráter marginal. Em todos os testes clínicos dos antidepressivos, aproximadamente 41 por cento dos pacientes melhoram num curto prazo contra 31 por cento dos pacientes com placebo. Agora veja a advertência disso! Se você usar um placebo ativo nestes testes - um placebo ativo causa uma mudança fisiológica sem benefício, como uma boca seca - qualquer diferença no resultado entre o antidepressivo e placebo virtualmente

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desaparece.

Street Spirit: Os testes medicamentosos mais iniciais com o Prozac® foram tão pouco promissores que eles tiveram que manipular os resultados dos testes para conseguir a aprovação do FDA? RW: O que aconteceu com Prozac® é uma história fascinante. Desde o início, eles notaram uma eficácia discretamente acima de um placebo; e eles observaram que eles tiveram alguns problemas com suicídio. Existiriam aumentadas respostas suicidas comparadas ao placebo. Em outras palavras, as drogas estavam agitando as pessoas e tornando pessoas suicidas que não tinham potencial suicida prévio. Eles estavam obtendo respostas maníacas em pessoas que não tinham sido maníacas anteriormente. Eles estavam obtendo episódios psicóticos nas pessoas que não tinham quadros psicóticos prévios. Então você estava vendo estes efeitos colaterais muito problemáticos até ao mesmo tempo em que você estava observando alguma eficácia muito modesta, se alguma, maior do que um placebo para melhorar a depressão. Basicamente, o que a Eh Lilly (Fabricante do Prozac®) teve que fazer foi encobrir a psicose, encobrir a mania; e, dessa maneira, podia conseguir obter a aprovação para essas drogas. Um revisor do FDA até advertiu que o Prozac® parecia ser uma droga perigosa, mas seria aprovada de qualquer maneira. Nós aparentemente estamos sabendo de tudo isso somente agora: “Oh, o Prozac® pode causar impulsos suicidas e todos esses ISRSs podem aumentar o risco de suicídio.” O ponto é: isso não era nada novo. Aqueles dados já estavam documentados desde os primeiros ensaios. Você teve pessoas na Alemanha dizendo, “eu penso que esa é uma droga perigosa.”

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Street Spirit: Mesmo voltando ao final dos anos 1980, eles já eram conhecidos? RW: Antes do final dos anos 1980 - no início dos anos 80, antes do Prozac® ser aprovado. Basicamente o que a Eh Lilly teve que fazer foi encobrir os riscos de mania e psicose, ocultar que algumas pessoas estavam ficando suicidas porque eles estavam ficando com esta agitação nervosa do Prozac®. Essa foi a única maneira para obter aprovação. Existiriam várias maneiras que eles utilizaram para esse encobrimento. Uma seria simplesmente remover os relatos de psicose da base de dados. Eles também voltaram e recodificaram alguns dos resultados dos ensaios. Vamos dizer que alguém teve um episódio maníaco ou um episódio psicótico; em vez de assinalar isto, eles só apontariam para um retorno da depressão, ou coisa parecida. Então existia uma necessidade básica em esconder estes riscos desde o início, e isso foi feito. Então o Prozac® é aprovado em 1987, e é lançado em uma campanha de marketing surpreendente. A pílula propriamente foi apresentada na capa de várias revistas! É como a Pílula do Ano [risos]. E ele parece ser muito mais seguro: um remédio dos sonhos. Nós temos médicos dizendo, “Oh, o problema real com esta droga é que nós podemos agora criar qualquer personalidade que nós desejamos. Nós ficamos tão qualificados com essas drogas que se você quiser ter muito prazer o tempo todo, tome sua pílula!” Isso era uma tolice completa. As drogas eram apenas fracamente melhores do que placebos no alivio de sintomas depressivos no curto prazo. Você teve todos estes problemas; e nós ainda estávamos elogiando em demasia estas drogas, dizendo: “Oh, os poderes da psiquiatria são tais que nós podemos dar

a você a mente que você quer — projetamos uma personalidade! Era absolutamente obsceno. Entretanto, qual foi o medicamento, que depois de ser lançado, que

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mais rapidamente se transformou na droga com mais reclamações nos Estados Unidos? O Prozac®!

Street Spirit: Qual foi o índice de reclamações quando o Prozac® chegou ao mercado? RW: Nesta aferição, nós temos o Medwatch, um sistema de relato onde nós reportamos eventos adversos das drogas psiquiátricas ao FDA. A propósito, o FDA tenta manter estes relatórios negativos distantes do público. Então, em vez do FDA manter esses dados facilmente disponíveis para o público, para que você possa conhecer os riscos de tais medicamentos, é muito duro chegar a estes relatórios. Dentro de uma década, existiram 39.000 relatos adversos sobre o Prozac® que foi enviado para o Medwatch. Acredita-se que o número de eventos adversos enviados ao Medwatch represente só um por cento do número real de tais eventos. Então, se nós conseguirmos 39.000 relatos de evento adversos sobre o Prozac®, o número de pessoas que realmente sofreram tais problemas é estimado ser 100 vezes maiores, ou aproximadamente quatro milhões das pessoas! Isso faz do Prozac® o medicamento mais reclamado da América, sem dúvida. Existiram mais relatos de eventos adversos recebidos sobre o Prozac® em seus primeiros dois anos de mercado do que tinha sido reportado ao principal antidepressivo tricíclico em 20 anos! Lembre, o Prozac® foi lançado ao público Americano como uma droga maravilhosamente segura, e sobre o que as pessoas estão reclamando? Mania, depressão, psicose, nervosismo, ansiedade, agitação, hostilidade, alucinações, perda de memória, tremores, impotência, convulsões, insônia, náusea, impulsos suicidas. É uma grande variedade de sintomas graves. E aqui temos o surpreendente. Não foi apenas o Prozac. Uma vez que nós tivemos os demais ISRSs no mercado, como o Zoloft® e Aropax®, em 1994, quatro

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antidepressivos dessa família estavam entre os 20 “tops” de reclamação entre as medicações da lista do Medwatch do FDA. Em outras palavras, todas destas drogas trazidas para comercialização começaram a ativar esta amplitude de eventos adversos. E esses não eram eventos menores. Quando você fala a respeito de mania, alucinações e depressão psicótica estamos falando de eventos adversos graves. Prozac® foi lançado para o público americano como uma droga maravilhosa. Foi apresentado nas capas de revistas como tão seguras, e como um sinal de nossa habilidade maravilhosa de induzir o cérebro da forma como nós desejássemos. Na verdade, os relatórios estavam mostrando que nós poderíamos ativar muitos eventos perigosos, inclusive o suicídio e a psicose. O FDA estava sendo advertido sobre isto. Eles estavam recebendo uma inundação de relatórios de eventos adversos, e o público nunca foi informado sobre isso para um longo período de tempo. Levou uma década para que o FDA começasse a reconhecer o aumento de suicídios e de violência que pode ser ativados em algumas pessoas. Isso só mostra como o FDA traiu o povo americano. Isto é um exemplo clássico. Eles traíram sua responsabilidade em agir como um cão de guarda para o povo americano. Pelo contrário eles agiram como uma agência de encobrimento dos danos e riscos dessas drogas.

Street Spirit: Levando em conta o fracasso do FDA para nos advertir sobre Prozac®, qual foi sua recente negligência no assunto do risco de suicídio com os antidepressivos para crianças tratadas com remédios como o Aro pax®? Não seriam os oficiais de saúde mental da Inglaterra muito melhores que seus colegas americanos no FDA na advertência sobre os perigos de tentativas de suicídio quando esses antidepressivos foram administrados aos adolescentes? RW: Sim. A história das crianças é incrivelmente trágica.

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Também é uma história realmente sórdida. Vamos voltar um pouco para ver o que aconteceu às crianças sob antidepressivos, O Prozac® chegou ao comércio em 1987. No início dos anos 90, as companhias farmacêuticas que fabricavam estas drogas estão dizendo, “O que podemos fazer para expandir o mercado para os antidepressivos? Porque é isso que as companhias farmacêuticas fazem - elas querem chegar a um número sempre maior de indivíduos. Eles viram que eles tiveram um mercado em aberto com as crianças. Então vamos começar a vender essas drogas para crianças. E eles foram bem sucedidos. Desde 1990, o uso de antidepressivos em crianças subiu em torno de sete vezes. Eles começaram a prescrever por bem ou por mal. Atualmente, sempre que eles fazem testes pediátricos com os antidepressivos, eles verificam que tais drogas não são mais efetivas nos sintomas objetivos da depressão do que o placebo. Isso aconteceu repetidamente nos testes pediátricos com essas drogas antidepressivos. Então, o que isso informa é que não existe nenhuma razão terapêutica real para o emprego dessas drogas nesta população de crianças, porque as drogas nem mesmo os reduzem os sintomas alvo por um curto prazo de forma melhor do que o placebo; e além do mais eles estavam causando todos os tipos de eventos adversos. Por exemplo, em uma pesquisa, 75 por cento das crianças tratadas com antidepressivos sofreram algum evento adverso de qualquer espécie. Em um estudo pela Universidade de Pittsburgh, 23 % das crianças tratadas com um ISRS desenvolveu mania ou sintomas tipo maníaco; um adicional de 19 % desenvolveu hostilidade droga-induzida. Os resultados clínicos estavam lhe informando que você não conseguiu qualquer benefício na depressão; e você podia criar todos os tipos de problemas reais nas

crianças - mania, hostilidade, psicose, e você pode até induzir suicídio. Em outras palavras, não use estas drogas,

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correto? Isso foi totalmente encoberto.

Street Spirit: Como foi ocultado? RW: Nós tivemos psiquiatras – alguns desses obviamente receberam dinheiro das companhias medicamentosas – dizendo que as crianças estão sub-tratadas e eles estão em risco de suicídio e como nós poderíamos possivelmente tratar as crianças sem essas pílulas e que tragédia seria se nós não pudéssemos usar estes antidepressivos. Finalmente, um pesquisador proeminente na Inglaterra, David Healy, começou a fazer sua própria pesquisa na habilidade destas drogas em promover suicídio. Ele também conseguiu conseguir acesso a alguns dos resultados de pesquisas e ele “soou o alarme”. Ele primeiro soou esse alarme na Inglaterra e ele apresentou esses dados em revisões por lá mesmo. E eles verificaram que aparentemente essas drogas estão aumentando o risco de suicídio e não existe realmente nenhum sinal de benefícios nos sintomas objetivos de depressão. Então eles começaram a se mobilizar por lá para advertir os médicos a não prescrever tais drogas para a juventude. O que acontece nos Estados Unidos? Bem, foi só depois de existir muita pressão colocada sobre o FDA que eles captaram a mensagem. O FDA reclassificou o risco dessas drogas. Eles foram lentos até mesmo para por advertências, faixas pretas, nas caixas desses produtos. Por quê? As vidas das crianças não são um bem a ser protegido? Se nós sabemos que temos demonstrações científicas dos riscos que esses remédios apresentam ao aumentar suicídio, não deveríamos ao menos publicar uma advertência sobre isso? Mas o FDA foi negligente até mesmo para colocar essa advertência nas embalagens desses produtos.

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Street Spirit: Se o Prozac® é o remédio mais reclamado do país, se o Aropax® foi demonstrado ser um risco de suicídio para a juventude, como foi que esses antidepressivos continuaram a ter uma reputação tão mágica de curas para a depressão? E por que o FDA falhou em nos advertir sobre Aropax® e Prozac® para tanto tempo? RW: Existem algumas razões para isto. Os fundos do FDA se modificaram em 1990. Um decreto permitiu que muito dos fundos do FDA viessem das indústrias farmacêuticas: o decreto PDUFA (Prescription Drug UserFee Act— Decreto de Taxa de Usuário para Drogas de Prescrição). Basicamente, quando as companhias farmacêuticas solicitavam aprovação ao FDA eles teriam que pagar uma taxa. Esses honorários se tornariam grande parte dos recursos das revisões do FDA sobre as aplicações dos medicamentos. No final de contas, de repente, os recursos começaram a vir da indústria farmacêutica; não vinha mais do povo. Como esse decreto surgiu para renovação, basicamente os lobistas das fábricas de medicamentos estão dizendo que o trabalho do FDA não seria uma análise crítica das drogas, mas sim aprovar rapidamente essas drogas. E isso foi parte do pensamento de Newt Gingrich: seu trabalho era obter drogas para comercializar. Comece a ser parceiro da indústria farmacêutica e facilitar o desenvolvimento de medicamentos. Nós perdemos a idéia de que o FDA teria um papel de cão de guarda. Também, de um modo humano, muitas pessoas que trabalham para o FDA abandonam para acabar indo para trabalhar para as companhias de medicamentos. A piada velha é que o FDA é um tipo de vitrina para um futuro emprego na indústria farmacêutica. Você vai lá, você trabalha por algum tempo, então você sai para a indústria de remédios. Bem, se esse é a progressão que as pessoas fazem, em essência eles estão fazendo uma rede de relações de bons meninos, para tanto eles não vão ser

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tão severos com as companhias farmacêuticas. Então, é isso que realmente aconteceu nos anos 1990. O FDA receberia novas ordens de marcha. As ordens eram: “Facilite a obtenção de medicamentos para o mercado. Não seja muito crítico. E, de fato, se você quiser manter seus recursos financeiros, que a partir de então estavam vindo da indústria farmacêutica, tenha certeza que você entendeu essas lições de sobrevivência.”

Street Spirit: Então as gigantes companhias farmacêuticas têm um enorme poder de cozinhar os resultados dos testes das drogas, fazendo os pesquisadores e até o próprio FDA a se curvar para a sua vontade? RW: O FDA, em essência, foi submetido no início dos anos 90, e nós realmente vimos isto com as drogas psiquiátricas. O FDA se tornou um cão de colo para a indústria farmacêutica, e não um cão de guarda. É só agora isto se tornou de conhecimento público. Nós temos Marcia Angel(*), uma antiga editora do New England Journal of Medicine, escreva um livro em que ela diz que o FDA se tornou um cão de companhia. Agora está basicamente bem documentado esse declínio. Como editora do New England Journal of Medicine, o o mais prestigioso jornal médico que nós temos, Marcia AngelI é alguém que estava bem no coração da Medicina Americana, e ela concluiu que o FDA desaponta as pessoas americanas. E ela perdeu seu emprego no New England Journal of Medicine ao começar a criticar as companhias farmacêuticas.

Ela era a editora do jornal no final dos anos 1990 e havia um médico correspondente chamado Thomas Bodenheimer que decidiu escrever um artigo sobre como você não podia nem confiar no que era publicada nos jornais médicos por causa de toda a manipulação de resultados.

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Então eles fizeram uma investigação sobre como as companhias farmacêuticas financiavam todas as pesquisas e manipulavam os resultados dos ensaios científicos, então você não poderia realmente ter confiança no que você lê nesse tipo de publicação. Eles assinalaram que quando eles tentaram conseguir um perito para revisar a literatura científica relacionada aos antidepressivos, eles basicamente não conseguiram encontrar alguém que não tivesse recebido algum dinheiro das companhias farmacêuticas. Agora, o New England Journal of Medicine é publicado pela Sociedade Médica de Massachusetts que publica muitos outros jornais, e eles têm muita publicidade farmacêutica. Então o que acontece depois que aquele artigo ser publicado por Thomas Bodenheimer e um editorial acompanhado de Marcia AngelI sobre o estado deplorável da medicina americana a respeito disto? Ambos perdem seus empregos! Ela foi demitida e o mesmo aconteceu com Thomas Bodenheimer. Pense sobre isso. Nós temos o principal jornal médico demitindo pessoas, deixando-os partir, porque eles ousaram criticar uma ciência desonesta e o processo desonesto que estava envenenando a literatura científica. Então nós temos o FDA que está agindo como cães de companhia. Você não pode confiar na literatura científica. Tudo isso mostra como o público americano foi traído e não sabia sobre todos os problemas com estas drogas e por que foi ocultado deles. Isso tem a ver com dinheiro, prestígio e redes de velhos bons meninos”.

Street Spirit: Isso também a ver com o silenciamento dos críticos. A Eh Lilly usa a mídia para alardear benefícios do Prozac® e dar vantagens para médicos que freqüentam conferências para ouvir sobre seus benefícios, e suborna pesquisadores. Mas eles também não usam seu poder e dinheiro para silenciar seus críticos? RW: Um exemplo é Dr. Joseph Glenmullen, um psiquiatra

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que também trabalha para o Serviço de Saúde da Universidade de Harvard, e que escreveu um livro chamado Prozac Backlash (O Jogo Prozac) que advertia sobre os perigos do Prozac®. Ele entende que essas drogas estão sendo abusadas e que causam efeitos colaterais severos. Ele até levanta questões sobre os problemas de memória a longo prazo com as drogas e deficiência orgânica cognitiva. Bem, a Eh Lilly construiu uma campanha de marketing para tentar desacreditá-lo. Eles divulgaram notícias para a mídia questionando sua afiliação com a Escola Médica de Harvard, etc. Fazem tudo para silenciar os críticos. Se você cantar a melodia que as companhias de droga querem, aos mais elevados níveis, você é pago com muito dinheiro para voar pelo mundo e dar apresentações sobre as maravilhas dessas drogas. E aqueles que vêm, e não fazem quaisquer perguntas embaraçosas, conseguem jantares de lagosta e talvez eles obtenham honorários para freqüentar essa reunião educacional. Então se você quiser ser parte dessas vantagens, você pode. Você canta as maravilhas dessa droga, e você não fala sobre seus efeitos colaterais sórdidos, e você pode conseguir um generoso pagamento como um de seus locutores convidados, ou como um de seus peritos. Mas se você for um daqueles que estão dizendo: “E a respeito da mania, que tal a psicose? - Eles silenciam você. Olhe para o que aconteceu para David Healy. Healy é até o melhor exemplo. David Healy tem esta reputação de extrema qualidade na Inglaterra. Ele é o escritor de vários livros na história da psicofarmacologia. Ele é como um antigo Secretário da Associação de Psicofarmacologia de lá. Ele recebeu uma oferta de trabalho na Universidade de Toronto para encabeçar seu departamento de psiquiatria. Então enquanto ele está esperando assumir aquela posição na Universidade de Toronto, ele vai para Toronto e preparou uma conferência sobre o risco elevado de suicídio com Prozac® e alguns outros ISRSs. Quando

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ele volta para casa, a oferta de trabalho foi rescindida. Agora Eh Lilly doa algum dinheiro para a Universidade de Toronto? Absolutamente. Então, respondendo sua pergunta, sim, a Eh Lihhy silencia seus dissidentes também.

Street Spirit: Qual é a história por detrás do pagamento secreto entre Eh Lilly e os sobre viventes que processaram a companhia depois que Joseph Wesbecker atirou em 20 colegas de trabalho após ser colocado sob uso de Prozac®? RW: Durante esse julgamento em que a Eh Lihhy estava sendo processada, o juiz iria permitir a demonstração de evidências muito prejudiciais contra a Eh Lihhy. O juiz disse, “Vá em frente e apresente isso no julgamento.” Mas a próxima coisa você já sabe, eles não apresentaram essas evidências; e de fato, de repente, os demandantes não mais estão apresentando as evidências mais significativas para continuarem seu julgamento. Então o juiz pergunta-se por que eles não estão apresentando seu melhor testemunho. Isso cheira a sujeira. Ele suspeita que a Eh Lihhy pagou aos demandantes secretamente e parte do negócio era isso, os demandantes irão em frente com uma tentativa de fingimento de forma que a Eh Lihhy ganhará o litígio. Então a Eh Lihhy pôde conchamar, “Veja: nossa droga não faz as pessoas ficarem violentas.” E, realmente, foi isso que aconteceu. A Eh Lihhy sentiu que iria perder esse julgamento. Eles foram aos demandantes e disseram que lhes dariam muito dinheiro. Eles concordaram em ir em frente e arranjaram o caso, pois mantiveram os demandantes a irem até o final do julgamento. Desse modo a Eh Lilly pode publicamente reivindicar que eles ganharam a causa e que o Prozac® não causa dano.

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Street Spirit: Como ficamos sabendo disso? RW: Nós nunca teríamos conhecido essa história se não fosse por duas coisas. Uma, acredite nisto ou não, o juiz, em essência, apelou da decisão em seu próprio tribunal. Ele disse, sinto mau cheiro nisso.” E por isto, ele descobriu que existia esta determinação secreta e que era um processo de fingimento na sua continuação. Ele disse que era umas das piores violações à integridade do processo legal que ele já tinha visto. E segundo, um jornalista inglês chamado John Cornwell escreveu um livro chamado: Power to Harm: Mmd, Medicine, and Murder on Trial (Poder para prejudicar: Mente, Medicina, e Assassinato no tribunal). Ele escreveu sobre este caso, e ainda nos Estados Unidos, nós praticamente não obtemos quase nenhuma notícia sobre esta determinação secreta e esta ampla perversão do processo legal. Seri um jornalista inglês que estariaa expondo esta história. Meu ponto aqui é esse: eles silenciam pessoas como Marcia AngelI. Eles pervertem o processo científico. Eles pervertem o processo legal. Eles pervertem o processo de revisão de medicamentos do FDA. Está em todos lugares! E é por isso que nós como uma sociedade acabamos acreditando nestas drogas psiquiátricas. Você fez a pergunta há pouco tempo atrás, “Por que nós ainda acreditamos no Prozac?” Uma das razões é que a história sobre o Prozac é, na realidade, suportada. É publicamente suportada porque nós mantemos esse silêncio sobre essas questões. A outra coisa para lembrar é que algumas pessoas sob Prozac® se sentem melhores. Isto é verdade. Isso é o divulgado, mas da mesma forma algumas pessoas com o uso de placebos se sentem melhores. Mas aquelas são as histórias que são repetidas: “Oh, eu tomei Prozac e eu estou me sentindo melhor.” É aquele grupo seleto que faz melhor para que essa história seja a informada, sendo a história que o público ouve. Assim, é por isso que nós continuamos a acreditar na história de que essas drogas

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sejam uma maravilha, que sejam muito seguras, apesar de todo esse material sujo que ficou coberto.

Street Spirit: Vamos agora nos mover dos antidepressivos como Prozac® e considerar outro novo grupo de drogas supostamente maravilhosos - as novas drogas anti-psicóticas. Você escreveu que o uso a longo prazo de drogas anti-psicóticas — ambas, os originais neurolépticos, remédios como o Amplictil © e HaldoI© e os mais recentes “atípicos” como Zyprexa© e Risperidal© - causam mudanças patológicas no cérebro o que pode levar a uma agrava ção dos sintomas de doença mental. Quais mudanças na química do cérebro resultam dos anti-psicóticos, e como isso leva ao principal e mais assustador aspecto que você descreveu — a doença mental crônica que ao qual se fica preso por tais substâncias? RW: Essa é uma linha de pesquisa que atravessa 40 anos. Este problema de enfermidade crônica aparece de tempo em tempo repetidamente na literatura de pesquisa. Este mecanismo biológico está um pouco melhor compreendido agora. Os anti-psicóticos bloqueiam profundamente os receptores de dopamina. Eles bloqueiam entre 70-90 por cento dos receptores de dopamina no cérebro. Em resposta, o cérebro gera mais ou menos 50 por cento de receptores extra de dopamina. Tenta ficar hiper-sensível. Então, em essência você teria criado um desequilíbrio no sistema da dopamina no cérebro. É quase como se, em uma mão, você tem o acelerador - isto é: os receptores de dopamina extra. E a droga é o freio tentando bloqueá-los. Mas se você libera esse freio, se você abruptamente para com as drogas, você agora tem um sistema de dopamina que é hiperativo. Você tem muitos receptores de dopamina. E o que acontece? As pessoas que tentam abruptamente largar os medicamentos tendem a ter graves recaídas.

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Street Spirit: Então as pessoas que foram tratadas com estas drogas anti-psicóticas têm uma propensão maior para recaídas, e apresentar novos episódios de doença mental, ao invés das pessoas que tiveram outros tipos de terapias sem tais drogas? RW: Exatamente, e isso foi entendido em 1979, que você realmente estava aumentando a vulnerabilidade biológica subjacente para a psicose. E a propósito, nós já classificamos um entendimento de que se você mexe com o sistema de dopamina, que você podia criar alguns sintomas de psicose com anfetaminas. Então se você der a alguém doses suficientes de anfetaminas, eles ficam sob risco aumentado de psicose. Isto está bem conhecido. E o que as anfetaminas fazem? Eles liberam dopamina. Então existe uma razão biológica por que, se você for mexer com o sistema de dopamina, você está aumentando o risco de psicose. Isto é em essência o que estas drogas anti-psicóticas fazem, eles incrementam o sistema da dopamina. Veja aqui um impressionante estudo real sobre isso: pesquisadores da Universidade de Pittsburgh nos anos 90 tomaram pessoas recentemente diagnosticadas com esquizofrenia, e eles começaram a registrar imagens de ressonância magnética dos cérebros destas pessoas. Dessa forma nós conseguimos um retrato de seus cérebros no momento de diagnóstico, e então nós teremos imagens dos próximos 18 meses para verificar como esses cérebros se modificam. A partir daí durante 18 meses, eles estão sendo medicados com prescrições de anti-psicóticos, e o que os pesquisadores reportaram? Eles reportaram o seguinte, após este período de 18 meses, as drogas causaram um aumento dos gânglios da base, uma área do cérebro que usa dopamina. Em outras palavras, criaram uma mudança visível na morfologia, uma mudança no tamanho de uma área do cérebro, e isto é anormal. Isto é número um. Então nós temos uma droga anti-psicótica causando uma anormalidade no cérebro.

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Agora aqui temos o ponto chave. Eles verificaram que como aquela amplificação aconteceu, era associada com uma agravação dos sintomas psicóticos, uma agravação dos sintomas negativos. Então aqui você realmente tem, com uma tecnologia moderna, um estudo muito poderoso. Por processamento de imagens do cérebro, nós vemos como agente externo entra, corrompe a química normal, causa um aumento anormal dos gânglios da base, e aquele aumento causa uma agravação de muitos sintomas que deveria tratar. Agora isto realmente é, em essência, a história de um processo de doença - um agente externo causa anormalidade, dá origem a sintomas...

Street Spirit: Mas neste caso, o agente externo que ativa o processo de doença é o suposto tratamento para a própria doença! A droga psiquiátrica é o agente causador de enfermidade. RW: Isto é exatamente assim. É um atordoante, uma descoberta maldita. É o tipo de coisa que você diria, Oh Cristo, nós devíamos ter feito algo diferente. Mas você imagina que tipo de incentivo financeiro esse pesquisadores receberam, após eles fazerem tal descoberta?

Street Spirit: Não, qual? Eu imaginaria que eles conseguiram recursos para executar estes mesmos estudos em outras classes de drogas psiquiátricas. RW: Eles conseguiram recursos para desenvolver um implante, um implante no cérebro, que liberaria drogas como o Haldol® de forma contínua e ininterrupta! Um investimento para desenvolver um implante de liberação de medicamentos, dessa forma você poderia implantar isso nos cérebros das pessoas com esquizofrenia e assim eles até não teriam qualquer oportunidade para não tomar esses remédios!

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Street Spirit: Incrível. Projetar um implante para fornecer uma dose constante de uma droga que eles acabaram de descobrir ser causa de patologia na química do cérebro. RW: Certo, eles acabaram de verificar que eles estão causando uma agravação dos sintomas! Então por que você continuaria com um projeto de um implante permanente? Porque seria para isso que o dinheiro viria. E ninguém quis lidar com este achado horrível de um aumento nos gânglios da base causado pelas drogas, associado com a agravação dos sintomas. Ninguém quis lidar com o fato de que quando você examinar as pessoas medicadas com anti-psicóticos, você começará a ver uma redução dos lobos frontais. Ninguém quer falar sobre nenhuma dessas coisas. Eles pararam essas pesquisas.

Street Spirit: Que outros efeitos colaterais são causados por uso prolongado destas drogas anti-psicóticas? RW: Bem, você consegue a Discinesia Tardia (tardive dyskinesia), uma deficiência orgânica cerebral permanente; e a Acatisia, que seria uma agitação nervosa incrível. Você nunca fica confortável. Você quer se sentar, mas você não pode se sentar. É como se você estivesse rastejando fora de sua própria pele. E está associado com violência, suicídio e todos os tipos de coisas horríveis.

Street Spirit: Tais tipos de efeitos colaterais eram notórios com a primeira geração de drogas anti-psicóticas, como Amplictll®, Haldol® e Stelazine®. Mas, da mesma forma que com Prozac®, tantas pessoas estão ainda elogiando em demasia a nova geração de anti-psicóticos atípicos — Zyprexa®, Leponex® e Risperidal® - como drogas mágicas que controlam a doença mental com muito menos efeitos colaterais. Isto é verdade? O que você verificou? RW: Não, é apenas uma completa tolice. De fato, eu penso que as mais novas drogas podem ser

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eventualmente estabelecidas como mais perigosas do que as antigas drogas, se isso fosse possível. Como você sabe, os neurolépticos conhecidos como Amplictil® e Haldol® tinham um relato reiterado de malefícios como a discinesia tardia e acatisia no máximo. Então quando nós conseguimos as novas drogas atípicas, elas foram extraordinariamente badaladas como infinitamente mais seguras. Mas com essas novas atípicas, você consegue obter todos os tipos de deficiências orgânicas metabólicas. Vamos falar sobre Zyprexa®. Tem um perfil diferente. Ele pode não causar muita discinesia tardia. Pode não dar origem a tantos sintomas de parkinson. Mas ele causa um amplo leque de novos sintomas. Então, por exemplo, provavelmente causa mais diabete. E provavelmente cause mais distúrbios pancreáticos. Provavelmente cause mais obesidade e distúrbios no controle do apetite. Na verdade, pesquisadores na Irlanda reportaram em 2003 que desde a introdução dos antipsicóticos atípicos, a taxa de mortalidade em meio às pessoas com esquizofrenia dobrou. Eles tomaram as taxas de mortalidade das pessoas tratadas com neurolépticos clássicos e posteriormente eles comparam com as taxas de mortalidade das pessoas tratadas com anti-psicóticos atípicos, e essas taxas dobraram. Ela dobrou! Não houve redução dos perigos. De fato, nesse estudo de sete anos, 25 de 72 pacientes morreram.

Street Spirit: Quais eram as causas de morte? RW: Todos os tipos de enfermidades orgânicas, e isto é parte do ponto. Estamos ficando com problemas respiratórios, estamos tendo pessoas que morrem com taxas de incrivelmente elevadas de colesterol, com problemas de coração, com diabetes. Com olanzapina (Zyprexa®), um dos problemas é que você está realmente força de forma extrapolada o âmago do sistema metabólico. É por isso que você alcança estes enormes

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ganhos de peso, e você obtém uma diabetes. O Zyprexa® basicamente corrompe o “equipamento” que nós somos e que faz o processamento dos alimentos e da obtenção energética dessa comida. Então esse aspecto fundamental da função biológica humana é perturbado, e em algum momento você terá todos estes problemas pancreáticos, prejuízos da regulação da glicose, diabetes, etc. Isto é realmente um sinal que você é mexendo com algo muito fundamental para vida.

Street Spirit: Supostamente existe um aumento alarmante de doença mental sendo diagnosticada em crianças. Milhões são diagnosticados com depressão, sintomas bipolares e psicóticos, distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade, e distúrbio de ansiedade social. Essa explosiva nova pre valência de doença mental no meio das crianças é um aumento real, ou é uma campanha de marketing que enriquece a indústria de drogas psiquiátricas, uma bonança para tais corporações farmacêuticas? RW: Você está tocando em algo que realmente se trata de um escândalo trágico de proporções monumentais. Eu converso às vezes com classes de acadêmicos, classes de psicologia. Você não consegue acreditar qual é a porcentagem de jovens que foi estabelecida que seria mentalmente enferma desde crianças, de que algo estava muito errado com elas. É absolutamente fenomenal. É absolutamente cruel estar dizendo que tais crianças têm cérebros falidos e enfermidades mentais. Existem duas coisas que estão acontecendo aqui. Um, claro, é que é uma completa tolice. Quando nos lembramos de nós quando crianças, você tem energia demais ou você se comporta às vezes de modo que não é totalmente apropriado, e você tem esses extremos de emoções, especialmente durante seus anos de adolescência. Ambos, crianças e adolescentes podem ser muito sentimentais. Então uma coisa que está

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acontecendo é que eles tomam alguns comportamentos da infância e começam a definir os comportamentos que eles não gostam de patológicos. Eles começam a definirem emoções que são desconfortáveis como patológicas. Então parte do que nós estamos fazendo é “patologização” da infância com uma definição inepta de trivialidades. Nós estamos patologizando, criando sofrimento no meio das crianças. Por exemplo, se você for um filho de criação, e talvez você tenha recebido pouco conforto na loteria da vida e crescido em uma família disfuncional e você é colocado num orfanato, você sabe o que acontece hoje? Você muito provavelmente vai ser diagnosticado com uma desordem mental, e você vai ser colocado sob um medicamento psiquiátrico. Em Massachusetts, algo em torno de 60 a 70 por cento das crianças de orfanatos estão recebendo medicações psiquiátricas. Essas crianças não são mentalmente doentes! Elas conseguiram um tratamento injusto na vida. Elas acabaram em um lar de proteção, o que significa que eles estavam numa situação familiar ruim, e o que nossa sociedade faz? Eles dizem: “Você tem um cérebro defeituoso.” Não seria a sociedade que seria ruim e você não conseguiu uma situação justa. Não, a criança tem um cérebro defeituoso e tem que ser colocada sob drogas. É absolutamente criminoso. Deixe-me falar sobre desordem bipolar entre crianças. Como um médico disse, isso costumava ser tão raro que seria quase inexistente. Agora nós estamos vendo isso a todo momento. Os “bipolares” estão explodindo entre as crianças. Bem, em parte você poderia dizer que nós estamos apenas rotulando sem cautela as crianças mais freqüentemente; mas de fato, existe algo realmente acontecendo. Veja aqui o que está acontecendo. Você pega crianças e as coloca sob antidepressivo - que nós nunca costumávamos fazer - ou você as coloca sob uso de um estimulante como Ritalina®. Os estimulantes podem criar mania; os

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estimulantes podem criar psicose.

Street Spirit: E antidepressivos também podem causar mania, como você assinalou. RW: Exatamente, então a criança pode acabar com uma crise maníaca droga-induzida ou episódio psicótico. Uma vez que elas têm isto, o médico na sala de emergência não diz, “Oh, ele está sofrendo de um episódio induzido por medicamentos.” Ele diz que ele é bipolar! SS: Então eles dão a criança uma nova droga para uma desordem mental causada pela primeira droga? RW: Sim, eles dão a ele uma droga anti-psicótica; e agora a criança está sob um coquetel de drogas, e ela está em no curso de ficar inválido por toda a vida. Isto é um exemplo de como nós realmente estamos criando crianças doentes.

Street Spirit: É como se a sociedade ou suas escolas estejam tentando tornar eles manejáveis e eles acabam pondo as crianças em uma montanha russa química contra sua vontade. RW: Absolutamente.

Street Spirit: Existe um número surpreendente de crianças recebendo Ritalina® para tratar hiperatividade. Mas qual menino de 10 anos de idade confinado em um banco escolar não é hiperativo? Você descreve que o efeito da Ritalina® no sistema da dopamina é bem parecido com a cocaina e as anfetaminas. RW: Ritalina® é metilfenidato. De fato o metilfenidato afeta o cérebro exatamente do mesmo modo que a cocaína. Eles dois bloqueiam uma molécula que é envolvida na re-captação da dopamina.

Street Spirit: Então ambos aumentam os níveis de dopamina no cérebro?

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RW: Exatamente. E eles fazem isto com um grau semelhante de potência. Então o metilfenidato é bem parecido com a cocaína. Agora, uma diferença é se você está aspirando isto ou se está em uma pílula. Esse aspecto modifica o quão rápido é sua metabolização. Mas de qualquer forma, basicamente afeta o cérebro de igual forma. Veja, o metilfenidato foi usado em estudos de pesquisa para deliberadamente manipular a psicose em esquizofrênicos. Uma vez que eles descobriram que você podia tornar uma pessoa com uma propensão para psicose, dê a eles metilfenidato, e produza a psicose. Nós também descobrimos que as anfetaminas, como o metilfenidato, podiam criar psicose nas pessoas que nunca tinham sido psicóticas anteriormente. Então pense sobre isso. Nós estamos dando uma droga para crianças que é reconhecida em ter a possibilidade de ativar uma psicose. Agora, o estranho sobre o metilfenidato e as anfetaminas é o seguinte, em crianças, eles são reconhecidos de produzir um efeito paradoxal. O que a anfetamina faz nos adultos? Torna eles mais nervosos e hiperativos. Por alguma razão, para as crianças as anfetaminas as deixam realmente mais aquietam sua atividade; realmente as manterá em suas cadeiras e as tornam mais focadas. Então você captura as crianças em escolas tediosas. Os meninos não estão prestando atenção e eles são diagnosticados como DDHA e são colocados sob uma droga que é conhecida em promover psicose. A próxima coisa você já sabe, um número considerável delas não estarão funcionando bem quando elas tiverem uns 15, 16, ou 17 anos. Algumas daquelas crianças falarão sobre como se sentiam quando estando sob tais medicamentos a longo prazo, você começa a sentir como um zumbi; você não sente como se fosse você mesmo.

Street Spirit: Vazios, emoções embotadas. E isto está sendo feito com milhões de crianças.

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RW: Milhões de crianças! Pense sobre o que nós estamos fazendo. Nós estamos roubando das crianças o seu direito de ser criança, o seu direito de crescer, seu direito de experimentar uma ampla possibilidade de plenas emoções, e seu direito de experimentar o mundo no mais amplo leque repleta de matizes de cores. Isso é que é o crescimento, isso é viver a vida! E nós estamos roubando das crianças do seu direito de ser. E tão criminoso. E nós estamos falando sobre milhões de crianças que foram afetadas desse modo. Existem algumas escolas onde algo em torno de 40 a 50 por cento das crianças chegam com uma prescrição psiquiátrica.

Street Spirit: Parece um enorme mecanismo de controle social. A sociedade dá às crianças Ritalina® e antidepressivos para subjugá-los e o faz para eles se ajustarem. Por um lado, é tudo controle e conformidade social. Mas também tem um enorme marketing recompensatório. RW: Você está certo, cria clientes para os medicamentos, e clientes esperados serem praticamente para toda a vida. É assim que estamos sendo informados, certo? Eles são informados que eles vão estar sob essas drogas por toda vida. E num próximo estágio eles sabem, eles estarão sob mais duas ou três ou quatro drogas. É brilhante do ponto de vista capitalista. Também tem uma certa função de controle social. Mas você captura uma criança, e você a torna num cliente, e espero que ela seja um cliente vitalício. E brilhante. Atualmente nós gastamos com antidepressivos nesse país que o Produto Nacional Bruto de países de tamanhos médio como a Jordânia. Uma quantia surpreendente de dinheiro. A quantia de dinheiro que nós gastamos em drogas psiquiátricas neste país é mais que o Produto Nacional Bruto de dois terços dos países do mundo. Apenas sob esse paradigma mental incrivelmente lucrativo em que você pode consertar desequilíbrios químicos do

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cérebro com tais drogas. Isso funciona muito bem sob o ponto de vista capitalista para a Eh Lilly. Quando o Prozac® veio para o comércio, o valor da Eh Lilly na Wall Street, sua capitalização, era ao redor de 2 bilhões de dólares. Pelo ano 2000, o tempo quando Prozac era sua droga número UM, sua capitalização alcançou 80 bilhões de dólares - um aumento de quarenta vezes. Então, o que você necessariamente tem que examinar se você quer compreender porque as companhias farmacêuticas procuraram exaltar essa perspectiva com tamanha determinação. Trouxe bilhões de dólares em riqueza em termos de aumentos nos lucros para os donos e gerentes dessas companhias. Também se beneficia o stablishment psiquiátrico que se fortalece nas sombras dos medicamentos; eles fazem isso muito bem. Existe muito dinheiro que flui na direção daqueles que abraçaram essa maneira de tratamento. Existem anúncios que enriquecem a mídia. É tudo uma grande negociata. Infelizmente, o custo é a desonestidade na nossa literatura científica, a corrupção do FDA, e o dano absoluto feito contra as crianças neste país tratadas neste sistema, e um aumento de 150.000 pessoas inválidas a cada ano nos Estados Unidos nos últimos 17 anos. Essa é um registro impressionante do dano produzido.

Street Spirit: Todo mundo fica rico -- as companhias farmacêuticas, os psiquiatras, os pesquisadores, as agências de publicidade - mas os clientes tornam suas mentes drogadas e a danificadas por toda a vida. RW: E você sabe o que é mais interessante? Ninguém diz que a saúde mental do povo americano está melhorando. Pelo contrário, todo mundo diz que nós temos este problema num crescendo, eles culpam isto às tensões da vida moderna ou algo desse tipo, mas eles não querem examinar para o fato de que nós estamos produzindo

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doença mental.

(*)Márcia AngelI — é autora do livro “A verdade sobre os laboratórios farmacêuticos”, editora Record — faz parte dos livros sugeridos do site umaoutravisao.

(tradução: José C B Peixoto, médico)

Artigo do site www.umaoutravisao.com.br

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Fonte: www.umaoutravisao9.com.brUma Outra Visão

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